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Educação 15(3):224-232, setembro/dezembro 2011 © 2011 by Unisinos - doi: 10.4013/edu.2011.153.07 A concepção de ética na Educação Popular e o pensamento de Paulo Freire1

The conception of ethics in the popular and ’s ideas

Patricia Serpa de Souza Batista [email protected]

Resumo: Este estudo tem como foco uma revisão teórica sobre o tema da ética da Educação Popular, com ênfase nas elaborações de Paulo Freire. Seu objetivo consiste em discutir a concepção freiriana de ética a partir de quatro temas inter-relacionados: a ética universal do ser humano, a ética da conscientização e da libertação, a ética do diálogo e da autonomia e a ética no ensino e na formação docente. O desenvolvimento do trabalho demonstrou o compromisso ético e político-pedagógico de Freire com a humanidade, por meio de seu trabalho de educador, escritor e, sobretudo, de ser humano comprometido com a conquista de um mundo melhor, isto é, mais justo e mais solidário.

Palavras-chave: : ética, Educação Popular, Paulo Freire.

Abstract: This article is focused ona theoretical review about ethics in , with emphasis on Paulo Freire’s work. The purpose is to discuss the Freirean conception of ethics based on four inter-related themes: the universal ethics of the human being, the ethis of conscientização and of liberation, the ethics of and autonomy, and the ethics of teaching and training. The development of this study demonstrated Freire’s ethical, political and pedagogical commitment with humanity through his work as an educator, writer, and, above all, as a human being committed with the dream of creating a better world, i.e, a world with more justice and solidarity.

Key words: ethics, Popular Education, Paulo Freire.

1 Parte deste estudo encontra-se na tese de doutoramento que desenvolvemos atualmente, cujo tema é ética na Educação Popular em Saúde. A concepção de ética na Educação Popular e o pensamento de Paulo Freire

Introdução contemporaneidade, em que as entretanto, o seu pensamento é relações humanas estão muito indi- permeado por um rigor ético em A ética é considerada por Vasquez vidualistas e competitivas, voltadas defesa da dignidade humana. Sua (1999) como a teoria ou ciência que para a lógica do mercado, para opção humanista se manifesta na estuda o comportamento moral do a concentração de renda; vivencia- ética da libertação e da solidarieda- ser humano, ou seja, o comporta- mos, portanto, um momento em que de, firmada no compromisso de lutar mento adequado diante dos valores o ser humano clama por respeito, pelo oprimido, pela justiça social socialmente aceitos pelos grupos dignidade, não violência, melhores (Streck et al., 2008). a que o ser humano pertence. Ao oportunidades de emprego, de saúde, Com base nessas considerações, comportamento moral são atribuí- ou seja, por melhores condições de motivamo-nos a desenvolver este dos valores, princípios, regidos por vida. Para tanto, faz-se necessário estudo, cujo objetivo é o de descrever uma sociedade em um determinado valorizarmos a ética, principalmente a concepção de ética na Educação momento histórico. na prática educativa, com o intuito Popular, a partir do pensamento de Atualmente, a ética tem sido de contribuir para o desenvolvimen- Paulo Freire. Para uma melhor com- enfocada por diferentes áreas do to de uma consciência ético-crítica preensão do estudo proposto, iniciare- conhecimento, ocupando espaço das pessoas, de modo que possam mos tecendo algumas considerações nas discussões sobre meio ambien- despertar para a luta por uma melhor conceituais sobre a Educação Popular, te, saúde, política, comunicação, qualidade de vida. seguidas de subtópicos inter-relacio- educação, entre outras. Isto decorre No âmbito da Educação, Goergen nados, os quais expressam o pensa- principalmente do crescente avanço (2005) ressalta que é essencial valo- mento de Paulo Freire no contexto da da ciência e da tecnologia, as quais, rizar a dimensão da ética no processo temática em questão. Esperamos que embora tenham trazido inúmeros educativo, com vistas à formação este trabalho possa contribuir para benefícios, trouxeram também de sujeitos críticos, conscientes de uma reflexão sobre a relevância da situações como agressão ao meio sua responsabilidade para com a ética no pensamento de Paulo Freire e ambiente, manipulação genética, construção de uma sociedade mais subsidiar o desenvolvimento de novos pesquisas com células-tronco, entre humana e justa. Uma reflexão sobre estudos sobre o assunto. outras. Procede também de grandes a ética, no contexto educacional, problemas, sobretudo provenientes remete-nos ao pensamento de Paulo Ética na Educação da política neoliberal, como desi- Freire, um educador que tanto con- Popular: destaque do gualdades socioeconômicas, exclu- tribuiu com os seus escritos e com pensamento de Paulo sões e injustiças sociais, os quais o seu exemplo de vida para o desen- Freire suscitam reflexões éticas sobre o agir volvimento de uma prática educativa do homem na sociedade. ética, condizente com propósitos A Educação Popular apresentou A educação de hoje não pode de conscientização e emancipação notoriedade no Brasil, principal- prescindir do exercício de pensar humana. Nesse sentido, merecem mente a partir da década de 1960, criticamente sobre estes problemas. destaque as palavras de Andreola tendo como seu principal represen- Conforme Freire (2000, p. 102), “[...] (2001, p. 337), o qual considera que tante Paulo Freire, que sistematizou quanto maior vem sendo a impor- a ética perpassa as obras de Freire o método de Educação Popular, tância da tecnologia hoje, tanto mais e a sua prática educativa: direcionado para a alfabetização de se afirma a necessidade de rigorosa jovens e adultos. Ele propunha uma vigilância ética sobre ela. De uma O que me parece importante é salientar educação dialógica e problematiza- ética a serviço das gentes, de sua a centralidade da reflexão ética em sua dora, voltada à conscientização e à vocação ontológica, a do ser mais”. obra e da fundamentação ética do seu emancipação das camadas empobre- Por conseguinte, faz-se necessário o discurso pedagógico-político, bem cidas da população (Fávero, 1983; como de toda a sua prática de maior desenvolvimento de uma consciência Paiva, 2003). Em seu método, Freire educador do século. A preocupação ética que implica uma reflexão sobre em salientar esta dimensão ética em partia do conhecimento popular, dos o ser humano como um ser de rela- Freire significa, da minha parte, um valores, dos costumes, da cultura de ções que precisa ser respeitado em convite a uma releitura de sua obra um povo, para ensinar a ler e a es- sua dignidade, em sua capacidade dentro desta ótica hermenêutica. crever. Era preciso ensinar a leitura de desenvolver suas potencialidades. da palavra, mas, principalmente, a 225 A ética é necessária à vida Freire não publicou um livro leitura do mundo. Compreenden- em sociedade, principalmente na específico sobre o tema da ética; do o ato educativo como um ato

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político, este educador fazia da ação política conscientizadora. Median- saber popular, pelo estímulo ao de- para ensinar uma ação cultural para a te a ética do diálogo, ela torna as senvolvimento da conscientização conscientização daquela população. pessoas mais fortalecidas, mais e da autonomia da população, entre Sendo assim, refere Paiva (2003, p. independentes e capazes de lutar outros aspectos. Vasconcelos (2006, 280): “[...] O realce do papel ativo coletivamente por sua emancipação. p. 294) afirma que, na Educação do homem sobre a realidade crian- Essa educação favorece a classe Popular, o termo popular refere-se do cultura, seria o conteúdo mais trabalhadora no enfrentamento de ao “[...] projeto político que orienta adequado para ajudar o analfabeto realidades desafiadoras do sistema sua proposta pedagógica: a busca a superar a sua compreensão má- capitalista, tendo em vista a cons- da construção de uma sociedade gica do mundo e desenvolver uma trução de outra lógica pautada em igualitária e justa por meios par- postura crítica diante da realidade”. princípios éticos que envolvem ticipativos, de forma que os mais Atualmente, o desenvolvimento o respeito ao ser humano e à sua oprimidos não sejam apenas be- de trabalhos norteados pela Edu- dignidade. neficiados, mas atores centrais do cação Popular tem sido realizado Em uma perspectiva humaniza- processo de mudança”. em diversos locais do Brasil. O dora, Calado (2008) afirma que a Na sociedade de classes em que ideário da Educação Popular con- Educação Popular consiste em uma vivemos, é preciso que se exercite tinua vigente em vários setores experiência de formação necessa- uma política de valoração de prin- da Educação de Jovens e Adultos, riamente vinculada ao processo de cípios que objetivem a força e o do trabalho social, profissional ou humanização, pois se contrapõe empoderamento de grupos historica- voluntário realizado em áreas urba- radicalmente ao modelo capitalista mente vulneráveis, como mulheres, nas e rurais. Encontra-se na expe- dominante da sociedade. Para o negros, idosos, povos indígenas, riência de grupos e de movimentos autor, trata-se de um processo que entre outros, com ações coletivas sociais associados a questões de pressupõe uma formação perma- em defesa dos direitos humanos, cidadania, direitos humanos, valo- nente, protagonizada por sujeitos como igualdade, justiça. Direitos res, etc. Essas vivências implicam a individuais e coletivos, visando ao estes que, por sua vez, vêm acompa- formação do sujeito como um ator desenvolvimento das mais distintas nhados da ausência de outros tipos crítico, criativo, solidário e partici- potencialidades e dimensões do ser de direitos, como, por exemplo, pante, sendo compatíveis com uma humano (biopsicossocial, ecológica, moradia, oportunidade de trabalho, educação cidadã (Brandão, 2002). ética, de relação com o sagrado), acesso ao serviço de saúde e edu- A Educação Popular pode ser cuja prática educativa aponta para cação de qualidade, saneamento considerada uma corrente de pensa- a construção de uma sociedade básico. Nessa perspectiva, a Edu- mento, a qual apresenta pressupostos economicamente mais justa, poli- cação Popular se transforma em um filosóficos, teóricos e metodológicos ticamente igualitária e socialmente instrumento fundamental direcio- que favorecem o desenvolvimento solidária. nado à busca dos direitos humanos, da pessoa humana e a sua emanci- A Educação Popular revela tam- fomentando a construção de uma pação. Conforme Melo Neto (2008), bém uma ética solidária. Esta se cidadania democrática, tecida na esse fenômeno educativo cultiva encontra firmada no desenvolvi- participação política de todas as valores éticos promovedores de mento da pessoa humana e também pessoas, pautada em princípios atitudes democráticas, direcionadas no fortalecimento da autoestima, éticos da igualdade, do respeito à para a igualdade e liberdade entre da autonomia e do protagonismo diversidade e à dignidade humana os homens, uma vez que apresenta de setores sociais que são exclu- (Melo Neto, 2007). uma base política libertadora que ídos pela lógica capitalista domi- A ética, portanto, compõe um favorece o empoderamento das nante (Holliday, 2006). A ética da dos pilares da Educação Popular pessoas e seus coletivos por meio da solidariedade é fundamental ao e constitui, em conjunto com o relação dialógica, do compromisso desenvolvimento da humanidade. É caráter epistemológico, pedagó- político e da transformação social. uma ética que se exercita em defesa gico e político, as bases do le- A prática pedagógica norteada dos oprimidos, estando ligada aos gado freireano em sua constante pela Educação Popular considera ideais de cidadania e de democracia. busca de coerência teórico-práti- a relação dialógica como essência A Educação Popular se desenvol- ca. Nessa concepção, a Educação 226 do processo de conhecimento, per- ve respaldada na intencionalidade Popular pressupõe compromisso mitindo o respeito à diversidade e o política do ato educacional, mediada ético na prática a favor dos opri- desenvolvimento de uma prática pelo diálogo, pela valorização do midos, visando à transformação

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social (Hurtado, 2006). Freire apresentou um sonho consciência, a acreditar na sua força Ressaltamos que Freire (2006) possível de uma ética humanista, na interior em busca de novas possibili- apresenta uma ética universal sua permanente preocupação com a dades de viver com dignidade. dos seres humanos, em defesa da libertação de homens e mulheres. São bastante frequentes as passa- vida e da dignidade humana. Uma Uma ética que tem como finalidade gens dos textos freireanos que situam ética relacionada com o desenvol- a realização plena da vida humana a ética como um dos valores axiais vimento de indivíduos capazes de em todas as suas possibilidades, com do ser humano, principalmente con- se libertar, mediante uma prática seus sonhos e utopias, e direcionada siderando a sua vocação ontológica educativa conscientizadora, a qual ao atendimento das necessidades de ser mais. O ser humano, historica- reconhece o homem como um ser ontológicas, políticas e éticas da mente situado, mostra-se perfectível, histórico e em permanente disposi- liberdade (Araújo Freire, 2001b). em permanente devir. É chamado a ção para ser mais. Esse educador falava de uma desenvolver suas potencialidades, Serão explicitados a seguir ética universal do ser humano, que exercitado pelo trabalho transforma- aspectos considerados éticos da se contrapõe à lógica dominante dor de si, do mundo e da História, Educação Popular, à luz do pensa- do capitalismo, uma vez que esta as quais o direcionam aos utópicos mento de Paulo Freire. última enaltece o poder e o lucro, rumos da liberdade. Deste modo, a contribuindo para o desenvolvi- educação integral do ser humano, tal A ética universal do ser mento de situações de exclusão, de como Freire a considera, cumpre um humano discriminação, de opressão, de ex- papel indispensável no processo de ploração da força do trabalho, entre desenvolvimento contínuo do ho- O estudo da dimensão ética, no outras. Sobre este aspecto, Freire mem na sociedade em que vive pensamento de Freire, faz refletir, (2006, p. 15-16) expressa: (Calado, 2001). inicialmente, sobre a sua concepção É oportuno destacar que essa de homem. Este autor apresenta o A ética de que falo não é a ética busca de ser mais deve realizar-se homem como um ser de relações, menor, restrita do mercado, que se de forma contínua e com os homens no mundo e com o mundo, conside- curva obediente aos interesses do em comunhão, unidos pelos laços rando-o um ser histórico, temporal, lucro. [...]. Falo, pelo contrário, da invisíveis da solidariedade, da ajuda capaz de interagir com as pessoas e ética universal do ser humano [...] que mútua, não se dando, portanto, em com a sociedade (Freire, 2007). condena a exploração da força de tra- relações antagônicas. Sobre esse Freire (2000) considera a histó- balho do ser humano. [...] A ética de aspecto, Freire (2005, p. 86) men- ria como tempo de possibilidade que falo é a que se sabe afrontada na ciona: “Ninguém pode ser, auten- e pressupõe o homem como um manifestação discriminatória de raça, ticamente, proibindo que os outros ser inconcluso, construtor de sua de gênero, de classe. É por esta ética sejam. Essa é uma exigência radi- própria história e, portanto, com inseparável da prática educativa, não cal. O ser mais que se busque no responsabilidade ética por suas importa se trabalhamos com crianças, individualismo conduz ao ter mais avaliações, rupturas e decisões em jovens e adultos, que devemos lutar. egoísta, forma de ser menos. De busca da construção de uma socie- desumanização”. dade mais justa e humanizada. A ética universal do ser humano Logo, na relação que se estabelece A ética permeia as relações hu- é uma ética de respeito à vida, à dig- entre opressores e oprimidos, a nega- manas nos diferentes espaços em nidade humana. Uma ética voltada ção ao homem do direito de ser mais que os seres humanos vivem. Como à conscientização do oprimido, me- explicita a “negatividade extrema, afirma Freire (2006, p. 18), “[...] a diante uma prática educativa crítica, sob os pontos de vista ético e onto- ética é absolutamente indispensá- com vistas à superação de situações lógico, da relação dialética opressor- vel à convivência humana”. Ela é de opressão e exploração vivencia- oprimido”. Isso significa a negação fundada no respeito entre diferentes das, gerando-se um processo de li- absoluta do compromisso humano que se enriquecem na diversidade bertação. Freire (1993, p. 91) afirma com a vida, pois não é possível afir- cultural. Está associada à criação das que a ética ou a qualidade ética da mar e realizar a vida, ser mais, com condições para a construção da vida prática educativa libertadora vem base na negação desse direito ao outro em plenitude, pois existir humana- da natureza humana, de sua própria (Andreola, 2001, p. 339). mente é vocação de todas as pessoas, necessidade e vocação para o ser A fim de proporcionar uma mu- 227 independentemente de idade, gêne- mais. A ação pedagógica conduz o dança nesta situação de opressão, ro, profissão (Souza, 2004). homem ao despertar da própria a educação proposta por Freire

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favorece o desenvolvimento das malvadamente estabelecidas pelos potencialidades do educando, me- dominantes na história, propondo a O que sobretudo me move a ser diante uma relação dialogada, a qual superação dessas distorções”. É por ético é saber que, sendo a educação, reconhece os sujeitos como seres meio da prática do diálogo que os por sua própria natureza, diretiva e política, eu devo, sem jamais negar protagonistas de sua própria história, homens como seres inacabados vão meu sonho ou minha utopia aos capazes de buscarem coletivamente formulando coletivamente os seus educandos, respeitá-los. Defender a melhoria de sua própria realidade. pensares para juntos construir o pro- com seriedade, [...] uma posição, uma cesso gradativo de conscientização preferência, estimulando e respei- A ética do diálogo e do e de ação libertadora da opressão. tando, ao mesmo tempo, o direito ao respeito à autonomia O diálogo, portanto, encontra-se discurso contrário, é a melhor forma inerente à práxis libertadora. Ele de ensinar. O diálogo “[...] constitui-se no permite que sejam construídas, elemento ético básico de toda a coletivamente, reflexões críticas Destarte, é na prática educativa formulação e exercícios educativos sobre a realidade opressora vi- que os educandos vão aprendendo freireanos”. Na Educação Popular, venciada, com vistas à realização que têm o direito de defender suas contribui para a superação das de ações coletivas direcionadas à formas de pensar, suas ideologias, formas de opressão, para a liber- transformação. mas cumpre-lhes saber que também dade da prisão da ignorância e da Cabe destacar que este diálogo são sujeitos que precisam respeitar inconsciência, numa pedagogia é realizado respeitando-se os co- o discurso e o direito do outro. É emancipatória, orientada pela inter- nhecimentos que cada pessoa traz na educação dialógica, pautada pretação do mundo, considerando consigo, que foram adquiridos no respeito mútuo, que as pessoas que todos se educam pelo diálogo, ao longo de sua história de vida. vão construindo sua autonomia intersubjetivamente (Melo Neto, Assim, ele favorece o compartilhar e direcionando-se para a emancipa- 2004, p. 95). de saberes, a partir das próprias ção individual e coletiva. Nesse sentido, o diálogo expresso vivências, sendo uma necessi- A ética na Educação Popular mediante a Educação Popular não dade da existência humana. Em também se refere à autonomia dos é qualquer diálogo que se constitui outros termos: mediante a relação sujeitos. Segundo Freire (2006), a entre pessoas, mas é um diálogo dialogada, todas as pessoas ensi- autonomia na prática educacional específico, diferenciado. Este pode nam e aprendem, viabilizando a é um imperativo ético; portanto, ser considerado um instrumento construção coletiva do conhe- deve ser respeitada pelo educador para a problematização da realidade cimento. Portanto, como refere em seu trabalho cotidiano. A auto- opressora, para o fortalecimento Freire (2001a), o diálogo é o en- nomia se relaciona com o direito das pessoas exploradas, para a contro entre os homens mediatiza- que a pessoa tem de decidir sobre construção de estratégias de en- dos pelo mundo e através do qual si mesma, de agir sem constrangi- frentamento e luta. Portanto, este eles ganham significação na sua mento de qualquer força externa. diálogo norteado pela pedagogia existência no mundo. Entretanto, a autonomia no contex- freireana pode ser compreendido Ressaltamos, ainda, que o diá- to da Educação Popular vai mais como um elemento ético, pois logo é condição essencial na tare- além, porquanto apresenta também está articulado à construção de um fa do educador, que, numa visão a intencionalidade política firmada novo porvir baseado nas ideias de dialética, deve participar dele de na luta diária coletiva empreendida emancipação e liberdade, esta forma autêntica, deixando que o em busca de melhores condições de última entendida como a busca da educando se pronuncie de maneira vida: emprego e renda, salário digno, libertação das condições sociais plena e, assim, exerça o seu direito à educação de qualidade, assistência e políticas injustas, desumanas, palavra. Dessa forma, a prática qualificada à saúde, etc. À medida opressoras, vivenciadas pelas educativa requer do educador que as pessoas vão se percebendo camadas empobrecidas da popu- uma conduta ética que envolva, mais autônomas, vão se sentindo lação. entre outros aspectos, o respei- mais fortalecidas para lutar etica- Conforme Araújo Freire (2001b, to às diferenças de ideias e de mente por aquilo em que acreditam. p. 78), a teoria da ação dialógica posições do educando, quando Portanto, a autonomia na Edu- 228 proposta por Freire diz respeito estas forem contrárias às dele. cação Popular é completamente a uma ética libertadora, porque Sobre esse aspecto, Freire (1997, diferente da autonomia propiciada “[...] parte das condições reais p. 78) afirma: pelo atual liberalismo, pois esta

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se encontra firmada na liberdade construindo sua própria história. acontece quando, transformada a individualista que as pessoas têm Sendo assim, a prática educativa realidade opressora, essa pedagogia de utilizar seus conhecimentos dialógica e firmada na autonomia deixa de ser a do oprimido e passa a e recursos para a consecução de está vinculada à intencionalidade ser a dos homens em processo per- benefícios e desejos individuais, política de conscientização do edu- manente de libertação. estando ligadas ao consumismo cando, ao fortalecimento dos ideais O filósofo Dussel (2007), ao dis- exagerado, à exploração de mão de de cidadania, de democracia e de correr sobre a ética da libertação, obra, à opressão dos mais fracos, emancipação popular. faz menção a Freire, considerando-o ao seu próprio bem-estar material, um educador da consciência ético- entre outros. A ética da crítica das vítimas, dos oprimidos, Podemos destacar que a autono- conscientização dos condenados da terra em comu- mia vai se constituindo aos poucos, e da libertação nidade. Segundo o autor, mediante a partir da experiência proporcio- a ação pedagógica voltada ao exer- nada pelas decisões que vão sendo Vivenciamos um sistema de cício da razão crítica das estruturas tomadas pela pessoa ao longo do dominação por meio do qual a que oprimem o educando, ocorre, tempo, sendo um processo, um vir valorização do lucro e do poder de forma progressiva, uma toma- a ser. A prática educativa favorece atende aos interesses das minorias, da de consciência. Desse modo, o a conquista da autonomia cotidiana- sendo necessária uma pedagogia ser humano começa a discernir, a mente, mediante ações que envolvem que conscientize o oprimido com partir da imaginação criadora (liber- aspectos como a valorização dos o desenvolvimento de uma consci- tadora), alternativas (possíveis) de diferentes saberes, o respeito à liber- ência crítica, de uma organização transformação em que este possa viver. dade de expressão, ao uso da palavra política e de uma atitude de altivos e A ação político-pedagógica pro- e às decisões da vida de outrem e, protagonistas. Assim, ele poderá posta por Freire se exerce nos sujei- principalmente, o estímulo à partici- problematizar e buscar compreender tos históricos responsáveis por sua pação ativa das pessoas nas decisões a sua realidade, sentindo-se capaz própria libertação. A natureza polí- da coletividade, no controle social. e em condições de lutar por seus tica da educação está na atuação do Além disso, a autonomia pressu- direitos e por uma melhor qualidade educador, que poderá favorecer uma põe responsabilidade, pois, segundo de vida. reflexão crítica do educando sobre a Freire (2006), é preciso também Daí decorre a necessidade de os sua situação concreta de vida. Nesse assumir responsavelmente, com homens, os oprimidos, passarem de sentido, Freire (2000, p. 58) asse- ética, as decisões na vida e as suas uma consciência considerada ingê- vera que a educação “[...] não pode consequências para si e para outrem. nua para a conquista de uma cons- jamais ser neutra; tanto pode estar a A autonomia e a responsabilidade ciência crítica, capaz de conduzi-los serviço da decisão, da transformação também acontecem quando são a um processo de libertação. Freire do mundo, da inserção crítica nele, identificadas as necessidades mais (2001a) refere que, na aproxima- quanto a serviço da imobilização, da prementes daquela população, como ção espontânea que o homem faz permanência possível das estruturas sociais, educacionais, de saúde, as do mundo, a posição frequente é injustas, da acomodação dos seres quais requerem uma atuação mais a de uma posição ingênua. Já a humanos à realidade”. firme da coletividade. A responsa- conscientização está associada ao Freire (1993, p. 92) ensina que a bilidade social promove compro- conhecimento crítico da realidade, educação para a libertação tem como metimento, inclusão, participação que implica uma atitude de ação- imperativo ético e político “a deso- coletiva nas decisões e implemen- reflexão permanente sobre essa cultação da verdade”. Sendo assim, tações de ações no âmbito comu- realidade, visando-se à transfor- a prática educativa, que não é neutra, nitário. mação. apresentará uma intencionalidade Assim, o desenvolvimento da Freire (2005) afirma que a pe- política voltada para a conscientiza- autonomia torna as pessoas mais dagogia do oprimido, considerada ção do educando sobre a verdadeira seguras, capazes de enfrentar desa- como humanista e libertadora, tem realidade que ele vivencia e que fios e de lutar pelos seus direitos, dois momentos: o primeiro ocorre pode envolver injustiças sociais, dis- sentindo-se protagonistas da própria quando os oprimidos vão desve- criminações, exclusões, entre outras vida. Numa atitude autêntica, as lando o mundo da opressão e se situações, com vistas à organização 229 pessoas vão se libertando aos pou- comprometendo com a sua transfor- e à luta contra a opressão. Como cos de sua condição de oprimidos, mação a partir da práxis; o segundo referem Vasconcelos e Oliveira

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(2009, p. 140): “Um ser humano radicalmente a democracia, sendo, prioridades do mercado” (Freire, que se conhece mais, que se re- portanto, uma atitude antiética de 2001c, p. 67). Segundo o autor, conhece histórico e social e que total desrespeito ao ser humano. o que mantém um vivo percebe as condições opressoras do Freire (2006, p. 32) destaca tam- como um educador libertador é a contexto em que está inserido tem bém, em seus escritos, que ensinar clareza política – condição para maiores possibilidades de libertar-se requer uma “[...] rigorosa formação se entender as manipulações ide- dessa opressão”. Nessa perspectiva, ética ao lado sempre da estética. ológicas que atendem ao mercado o indivíduo não aceita discrimi- Decência e boniteza de mãos dadas”. neoliberal para, então, agir de um nações ou injustiças de qualquer Revela, dessa forma, a importância modo que contribua para se criar natureza e tende a juntar-se aos de o professor associar a dimen- um mundo menos discriminatório e seus companheiros para lutar por são crítica e criativa na construção mais humano. seus direitos. do conhecimento com ações que A formação do educador deve Daí a importância de os edu- abrangem o despertar da consciência pautar-se no conhecimento e aná- candos receberem uma formação do educando, com metodologias lise crítica sobre a realidade, no adequada, condizente com a pro- que envolvem, por exemplo, o uso respeito à diversidade, na natureza posta freireana, ou seja, em con- da expressão artística, do teatro, ética das relações interpessoais, na sonância com a responsabilidade entre outros. De acordo com Freire participação social e, principal- ética de exercer uma prática edu- e Shor (2006), a educação é, por mente, na reflexão contínua sobre cativa de qualidade que privilegie a natureza, um exercício estético: os as ações (Vasconcelos e Oliveira, consciência crítica e a autonomia gestos, a entonação da voz, o cami- 2009). Deve ser entendida como dos sujeitos, que os conduz a um nhar, a postura e a consideração do um processo permanente, um processo de libertação. conhecimento como algo belo são exercício crítico daquilo que se aspectos pertinentes de serem valo- faz, da experiência prática, a fim A ética no ensino e na rizados pelo professor na formação de compreender verdadeiramente formação docente dos estudantes. o que significa ensinar (Freire e É importante ressaltar que o pro- Horton, 2003). No processo educativo, a res- fessor progressista deve realizar Tomando como base o pensamen- ponsabilidade ética permeia tanto uma atividade compatível com to de Paulo Freire, afirma Gadotti a formação para exercer a docên- o respeito aos direitos humanos, (2007, p. 12) sobre o professor do cia quanto o exercício da tarefa inclusive ao direito que homens século XXI: docente, em cujo cotidiano a ética e mulheres de classes populares deve nortear o professor desde a têm de participar na produção do Espera-se do professor do século escolha de conteúdos até o modo conhecimento. A educação em XXI que tenha paixão de ensinar, que de conduzir o processo educativo, direitos humanos “[...] é aquela que esteja aberto para sempre aprender, que deve ser de respeito aos edu- desperta os dominados para a ne- aberto ao novo, que tenha domínio técnico-pedagógico [...] Espera-se que candos (Freire, 2006). Portanto, cessidade da organização, da mobi- saiba pesquisar, que saiba gerenciar em qualquer lugar em que esteja lização crítica, justa, democrática, uma sala de aula, significar a apren- executando a sua tarefa junto aos séria, rigorosa, disciplinada, sem dizagem dele e de seus alunos. [...] estudantes, o educador precisa manipulações, com vistas à rein- Espera-se, sobretudo, que seja ético. pautar as suas ações com responsa- venção do mundo” (Freire, 2001b, Não é competente o professor que não bilidade pelo que faz, respeitando p. 97). é ético. A ética faz parte da natureza os estudantes e seus modos de pen- A dimensão da ética na obra de mesma do ser professor. sar, revelando abertura para aprender Paulo Freire também se expressa no com o diferente e valorizando a processo de formação de professo- A ética perpassa o ensino e a leitura do mundo mediante a rela- res. Nesse aspecto, é importante que formação do docente em todos ção dialógica, no ato de ensinar. os futuros professores e professoras os momentos. Está presente na Ademais, o respeito ao educando participem de uma discussão sobre educação dialógica, na constru- inclui rejeição a qualquer atitude que “[...] o que significa ser ético num ção coletiva do conhecimento, na denote exclusão ou discriminação. mundo que está tornando-se mais valorização do saber do educan- 230 Conforme o autor, a prática precon- profundamente aético, à medida que do, na reflexão sobre as próprias ceituosa sobre raça, classe, gênero e os seres humanos estão tornando-se ações, na luta por uma educação cultura ofende o ser humano e nega cada vez mais desumanizados pelas conscientizadora e transformadora.

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Considerações fi nais utopia libertadora” (Araújo Freire, protagonistas? In: L.T. LINS; V. de 2001a, p. 15). L.B. OLIVEIRA, Educação Popular e movimentos sociais: aspectos multi- O desenvolvimento deste estu- Por conseguinte, é importante estimularmos o desenvolvimento de dimensionais na construção do saber. do permitiu uma compreensão da João Pessoa, Editora Universitária, atividades norteadas pela Educação concepção da ética na Educação p. 225-242. Popular, a exemplo da ampliação Popular, considerando o pensamen- DUSSEL, E. 2007. Ética da libertação na to de Paulo Freire. Esse eminente de grupos de educação de jovens e idade da globalização e da exclusão. 3ª educador se reportava a uma ética adultos, do estímulo à articulação de ed., Petrópolis, Vozes, 671 p. universal, em defesa da vida e da movimentos sociais, do incremento FÁVERO, O. (org.). 1983. Cultura popular dignidade humana e direcionada à realização de pesquisas nesta área. e Educação Popular: memória dos anos ao desenvolvimento integral do ser Desse modo, estaremos contribuindo 60. Rio de Janeiro, Edições Graal, 283 p. humano e à transformação social. com o fortalecimento de uma prática FREIRE, P. 1993. Política e educação. São Paulo, Cortez, 119 p. Freire apresentou uma ética que educativa crítica, conscientizadora, FREIRE, P. 1997. Pedagogia da espe se contrapõe à ideologia dominante libertadora. Essas considerações sobre a rança: um reencontro com a pedagogia da sociedade capitalista, que enal- do oprimido. São Paulo, Paz e Terra, concepção da ética na Educação tece o individualismo, o poder e 245 p. o lucro de uma pequena parte da Popular nos fizeram perceber o com- FREIRE, P. 2000. Pedagogia da indignação: população, em detrimento de uma promisso ético e político-pedagógico cartas pedagógicas e outros escritos. 7ª parcela significativa de pessoas de Paulo Freire com a humanidade, ed., São Paulo, Editora UNESP, 134 p. que vivenciam a pobreza, a falta de em seu trabalho de educador, escritor FREIRE, P. 2001a. Conscientização: teo- emprego, a dificuldade de acesso à e, sobretudo, de ser humano compro- ria e prática da libertação. São Paulo, saúde e à educação de qualidade, metido com o sonho da conquista Centauro, 102 p. FREIRE, P. 2001b. Direitos humanos e entre outros. É por essas pessoas de um mundo melhor – mais justo, solidário e, portanto, ético. educação libertadora. In: A.M. ARAÚJO consideradas injustiçadas social- FREIRE (org.), Pedagogia dos sonhos mente que Freire lutou em toda a Referências possíveis. São Paulo, UNESP, p. 93-104. sua vida como educador e como FREIRE, P. 2001c. Educando o educador. cidadão. ANDREOLA, B.A. 2001. Radicalidade In: A.M. 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volume 15, número 3, setembro • dezembro 2011 Patricia Serpa de Souza Batista

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Patricia Serpa de Souza Batista Universidade Federal da Paraíba 232 Campus Universitário I, Castelo Branco III 58000-000, João Pessoa, PB, Brasil

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