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Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I VOLUME

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2009 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO FACULDADE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE PARANAVAÍ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL–PDE

UNIDADE DIDÁTICA

LEITURA LITERÁRIA: DA ESCOLA PARA A VIDA

ÁREA: LÍNGUA PORTUGUESA

PROFESSORA PDE: Olga Antonia Pestana dos Santos

Paranavaí/Paraná 2009/2011

1 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE PARANAVAÍ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

LEITURA LITERÁRIA: DA ESCOLA PARA A VIDA

Por

Olga Antonia Pestana dos Santos

Plano de trabalho apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná sob a orientação da Professora Mestra Elmita Simonetti Pires.

Paranavaí/Paraná 2009/2011

2 SUMÁRIO

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ...... 04

2. MONTAGEM E DESENVOLVIMENTO DE UNIDADE DIDÁTICA ...... 05

2.1. INTRODUÇÃO E METODOLOGIA...... 05

2.2. CONTEÚDO ...... 07

2.3. MATERIAL ...... 07

2.4. OBJETIVOS ...... 08

2.5. PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS ...... 09

• Determinação do Horizonte de Expectativas ...... 09

• Atendimento do Horizonte de Expectativas ...... 10

• Ruptura do Horizonte de Expectativas ...... 11

• Questionamento do Horizonte de Expectativas ...... 13

• Ampliação do Horizonte de Expectativas ...... 14

3. CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO ...... 18

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 19

3 PDE – PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1.1.TEMA: Leitura e Literatura 1.2. TÍTULO: Leitura Literária: da Escola para a Vida 1.3. ÁREA: Língua Portuguesa 1.4. PROFESSOR PDE: Olga Antonia Pestana dos Santos 1.5. PROFESSORA ORIENTADORA: Profª Ms. Elmita Simonetti Pires 1.6. INSTUTUIÇÃO: FAFIPA/UEM 1.7. ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Carlos Gomes EFM 1.8. PÚBLICO- ALVO: Professores do Colégio Estadual Carlos Gomes EFM 1.9. MUNICÍPIO: São João do Caiuá 1.10. PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Início: 01/08/2010 Término: 31/10/2010

4 2. MONTAGEM E DESENVOLVIMENTO DE UNIDADE DIDÁTICA

2.1. INTRODUÇÃO E METODOLOGIA

Esta unidade didática pretende mostrar uma proposta de leitura da Literatura que visa ao contato profundo que o texto literário pede. Embasa-se na teoria da estética da recepção de Jauss, mais especificamente no método recepcional de Bordini e Aguiar, que concebe o ensino da Literatura como um processo de interação entre o leitor e o texto, fundamentado na exploração da leitura literária, formação e desenvolvimento da compreensão. Este método enfatiza a leitura receptiva emancipatória, promovendo a contínua reformulação das exigências do leitor no que se refere à Literatura e aos valores que orientam suas experiências do mundo. O planejamento de unidades didáticas através desse método prevê etapas a serem desenvolvidas pelo professor, conjuntamente com os alunos: a determinação, o atendimento, a ruptura e o questionamento de horizonte de expectativas, e para finalizar, a ampliação desse horizonte. Com base nessa concepção de estudo da obra literária, apresentamos, na sequência, um exemplo de unidade de ensino, a nível de 2º ano do Ensino Médio, com breve fundamentação teórica, objetivos e etapas de sistematização e desenvolvimento em sala de aula. Em uma sociedade onde os meios de comunicação de massa invade desenfreadamente o espaço da leitura, é necessário que se busquem alternativas para o resgate do texto literário. Os alunos e os professores são os atores que agindo significativamente, procuram encontrar caminhos para transformar esse contexto. O texto deve ser colocado em seu momento cultural, e cabe à escola, dar ênfase a um vasto acervo de leituras oferecendo textos desde os mais fáceis aos mais complicados, de maneira graduada, começando pelo mais fácil na quinta série e ir dificultando gradualmente nas demais. Assim, ao chegarem ao segundo grau, não terão dificuldade para trabalhar com uma literatura mais elaborada, pois o Ensino Médio tende à sistematização teórica do conhecimento literário, que tem seu fundamento na leitura prévia dos textos. Através das teorias linguísticas e literárias o professor pode mudar o contexto tradicionalista, pois o sistema educacional mostra-se muitas vezes omisso em oferecer alternativas. Para que haja a transformação de uma sociedade reprodutora e desumanizadora

5 para uma sociedade democrática, humana e libertadora, compete ao professor mudar a sua atuação, através de metodologias eficientes e libertadoras, proporcionando um ensino de Literatura mais atraente e significativo. O Método Recepcional elaborado por Bordini e Aguiar, abre novos caminhos para o ensino da Literatura, de modo diferenciado, proporcionando a interação entre leitor e texto. Conscientes de que o estudo e a análise do tema é de extrema importância no que concerne à reflexão e à crítica, apresentamos um trabalho com textos que evidenciem a influência feminina na sociedade, desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, como um ser que sofreu e sofre discriminações, analisando também os diferentes tratamentos direcionados a ela em todas as partes do mundo. A MULHER é um tema que convida os alunos a explorarem as várias faces e possibilidades das agruras, conquistas e transformações do universo feminino. Este trabalho aborda o tema MULHER, situando-a no contexto histórico e social em épocas diferentes, representada em diversas formas, em atividades com variados gêneros literários. A MULHER é uma temática que vem sendo muito discutida e divulgada na atualidade, visto que as transformações ao longo da história através do estabelecimento de valores são muito fortes e que é uma fatia da sociedade que provoca muitas discussões e tomadas de atitudes, haja vista o seu desempenho progressivo em uma sociedade altamente machista.O tema tende agradar a faixa etária do Ensino Médio, pois é passível de análises, estudos, debates e tomadas de posições pelo valor que a mesma hoje representa na sociedade e também por ser frequentemente destaque nos noticiários midiáticos, face à violência que a mesma vem enfrentando no seio familiar. Desde os registros mais remotos, analisando a partir da Bíblia, a mulher vem representando papéis destacáveis, tanto positiva como negativamente, mas é objeto de discussão no mundo todo, tanto pela sua importância na geração da humanidade, quanto pelo desmerecimento com que muitas vezes fora e ainda hoje é tratada.E nada mais substancial que a Literatura para mostrar à sociedade as transformações e os conceitos sobre a vida feminina, e ao mesmo tempo, as consequências destas transformações ao universo contemporâneo. Temos registro da atuação dessas mulheres, muito além do que podemos imaginar. Neste trabalho, serão estudados alguns textos com registros sobre a representação da mulher na Bíblia, nos textos literários dos séculos XIX e XX, e atualmente, mostrando a trilha que ela tem percorrido, visto e analisado através da Literatura. Esta unidade prioriza a MULHER retratada nos textos literários, seja nos gêneros

6 romance, conto, poesia, música e vídeos, fazendo uma comparação e análise do tratamento que lhe é direcionado desde os tempos mais remotos até nos dias atuais e ainda a luta pela conquista do seu espaço e o desempenho do seu papel na sociedade como geradora e condutora de toda humanidade, e procura levar o aluno a uma análise e debate, considerando as desigualdades estabelecidas entre homem e mulher e a necessidade de evitar a discriminação, tratando-a com o respeito, a dignidade e o merecimento que lhes são cabidos, não levando em consideração a classe social ou econômica a qual pertencem. E com isso, procura através de um encaminhamento metodológico disciplinado, maneiras de incentivar os alunos a descobrirem o gosto pelo texto literário.

2.2. CONTEÚDO

Textos e excertos de textos, poemas e letras de música e imagens representativos da visão da MULHER nas diferentes épocas, a busca da sua identidade e autoafirmação. A função social da mulher na Literatura e outras Artes.

2.3. MATERIAL

ALENCAR, José de . Senhora (excerto) In: Tufano, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 4. ed. rev. e ampl. : Moderna, 1990.

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martin Claret, 2004.

BLÍBLIA SAGRADA.Gênesis, 29:15-30. Jacó encontra-se com Raquel . In: ABAURRE, Maria Luiza; Marcela Nogueira Pondara, Tatiana Fadel: Português-Língua e Literatura. Volume único. 1. ed., Moderna.

CORALINA, Cora. Todas as vidas. (poema). In: Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 13. ed. São Paulo: Global Editora, 1986.

7 FERRAZ,Salma. Dicionário machista. Londrina: Campanário, 2002. 182p.

______Entrevista de Jô Soares com Salma Ferraz sobre o Dicionário Machista(vídeo). Disponível em: . Acesso em: 14 abr. 2010.

HOLANDA, de: Mulheres de Atenas. Disponível em: Acesso em 18 nov. 2009.

LEE, Rita: É cor-de-rosa-choque. Vídeo. Disponível em: . Acesso em: 25 fev. 2010.

MEIRELES, Cecília: Retrato. Poema. Disponível em: . Acesso em: 14 abr. 2010.

TAUNAY, Alfredo de Scagrinolli. Inocência. Excerto. In: Cereja, William Robert e Thereza Cochar Magalhães. Português: linguagens. vol.2: ensino médio. 5.ed. São Paulo: Atual, 2005. p. 160-161.

TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos de / seleção de . 12. ed. São Paulo: Global, 2003.

______. Pomba enamorada ou uma história de amor. Conto. In: Oito Contos de Amor. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.

______. Venha ver o pôr-do-sol (conto). Disponível em: http://www.auniao.pb.gov.br . Acesso: 17 jun. 2010.

2.4. OBJETIVOS

1— Oportunizar experiências de leitura do texto literário, com uma dinâmica de interação entre leitor e texto, onde o aluno se perceba como sujeito de uma leitura criadora.

8 2— Proporcionar possíveis formas de conceber a leitura como necessidade básica mais prazerosa, desenvolvendo sua capacidade crítica da leitura do texto literário.

3— Propiciar experiências de leitura, através de um trabalho voltado para o uso da linguagem como prática social, relacionando situações reais às das personagens apresentadas nos textos literários.

4— Possibilitar, por meio de discussões, a capacidade de manifestação sobre o tema estudado, para a ampliação dos horizontes com a leitura.

2.5. PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS

• Determinação do Horizonte de Expectativas

Com base no método recepcional de Bordini e Aguiar, o primeiro passo será a sondagem na turma a ser trabalhada, determinando o horizonte de expectativas dos alunos, isto é, o professor traz para a sala de aula uma quantidade de textos que versam sobre os temas “mulher”, “amor”, “violência”, como recortes de romances, poesias e letras de músicas. Propõe-se o trabalho sobre a “mulher”, por ser o tema que mais tem atraído a atenção da classe. Organiza uma sessão de leitura livre em que cada um pode escolher o texto que mais lhe interesse ou que deseja ler. Enquanto os alunos lêem, o professor circula entre eles, observando os assuntos escolhidos para leitura, bem como os comentários e as reações dos leitores durante o desenvolvimento da atividade. Terminada a leitura, o professor promove um debate informal sobre o tema lido e suas implicações. Desse debate extrai-se o assunto que apaixonou a classe inteira e que será motivo das próximas aulas de literatura. Dentre as várias histórias ou opiniões que versam sobre a mulher, o que mais os atraírem e os levarem a opiniões contrastantes, será sugerido pelo professor que comentem, que façam um levantamento das que mais os tocaram. Poderão aparecer figuras de mulher com suas histórias de vida, seus anseios, suas lutas pela liberdade, pela superação de “ser inferior ao homem”, suas transformações, as provocações por ela sofridas bem como as guerras por elas provocadas, os variados papéis que ela vem granjeando

9 ao longo da história para a obter seu espaço no meio social. Esse levantamento poderá ser feito através de um relato por escrito e entregue ao professor. As atividades acima, serão desenvolvidas em um encontro. • Atendimento do Horizonte de Expectativas

Para atender aos interesses dos alunos serão apresentados os materiais selecionados. Esta atividade é direcionada de uma maneira lúdica. A reação e a leitura que se extrair, servirão de parâmetros para que o professor possa dar continuidade nas demais atividades. Para que a classe se sinta mais à vontade e para provocar debate, o professor lerá para a turma algumas das citações do Dicionário Machista, de Salma Ferraz (FERRAZ, 2002), observando a reação dos alunos. Passa o vídeo com um recorte da entrevista de Jô Soares com Salma. Em seguida, distribuirá outras citações em forma de tira para cada aluno, solicitando a leitura oral para toda a classe. Este dicionário é uma coletânea que reúne citações e frases, as mais absurdas e abusivas sobre a mulher, demonstrando o descaso e a humilhação que perpassam a mentalidade de muitos homens e também de algumas mulheres a respeito da condição feminina. Após a leitura das tiras para a classe, o professor questiona os alunos sobre o que acharam dessas citações. A classe será dividida em cinco grupos, que escolherão uma citação e registrarão um comentário por grupo. Esse registro é importante para que o professor possa orientar-se no trabalho das etapas seguintes. No passo seguinte, serão distribuídos aos alunos o texto: “Jacó encontra-se com Raquel”- Gênesis, 29:15-30, texto extraído da Bíblia, onde a personagem Raquel é uma mulher sem liberdade de escolha, e como as demais mulheres daquela época, fora prometida por seu pai a Jacó em troca de favores. O professor lerá para a classe, fazendo a seguir um breve comentário sobre a condição feminina que se infere do texto. Divide então a classe em grupos, distribuindo textos aos grupos. Em seguida, entrega a letra de música “Mulheres de Atenas”, de Chico Buarque de Holanda, que apesar de ser um texto mais atualizado, o compositor sugere que as mulheres sigam o exemplo daquelas de Atenas que são fiéis e dedicadas, temerosas, que se conformam com tudo, servindo sempre a seus maridos, e enfatiza estas as virtudes “necessárias” para fazer o seu homem feliz, valores que são idênticos aos medievais. É uma crítica de cunho social, insinuando que a evolução da mulher ocidental descaracterizou o papel feminino convencional em relação ao homem. O professor solicita a leitura desta letra e pede para o grupo que faça anotações sobre as personagens, respondendo: — A linguagem é

10 complicada para a sua compreensão? O que foi mais interessante para você neste trecho narrado? Você conhece casos de mulheres que viveram esta mesma situação? Durante a leitura, você se identificou com alguma personagem ou identificou a personagem com alguém que você conhece? O que têm em comum as Mulheres de Atenas e Raquel da Bíblia? Distribui a seguir, os poemas “Todas as Vidas”, de Cora Coralina, e “O Retrato” de Cecília Meireles, que serão lidos em forma de jogral. Após essa leitura, o professor questiona à classe, se essas personagens têm algo em comum com as duas anteriores e se a linguagem dos textos é de fácil ou difícil compreensão. Pede para que justifiquem as respostas oralmente, ou por escrito. Exibe a seguir, o clipe do poema: Retrato. Essas atividades serão desenvolvidas em dois encontros.

• Ruptura do Horizonte de Expectativas

A ruptura do horizonte de expectativas será feita com a introdução de atividades de leitura que abalem as certezas e os costumes dos alunos no que se refere ao texto literário. Esta ruptura, como o próprio nome sugere, pressupõe um rompimento com a visão inocente do leitor. Ele deve inquietar-se com o que lê. Um conjunto de elementos textuais será revelado com a atividade do interrogatório, os elementos predominantes atraídos pelos leitores levarão a um meio de transição para uma literatura esteticamente mais elaborada. O leitor precisa perceber que o texto literário carrega uma crítica intensa a qual em muitas leituras, não conseguimos identificar. Aqui, espera-se que os alunos entendam que a mulher está sendo elevada para um outro patamar. São textos que exigem mais dos alunos, por discutir a realidade desbancando os estigmas preconceituosos socialmente vigentes e por utilizar linguagem também mais esmerada, abalando as certezas e costumes dos alunos em termos de estética e vivência cultural. Nesta etapa, serão distribuídos os excertos de “Senhora”, de José de Alencar, “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo e “Inocência”, de Visconde de Taunay. “Senhora”, retrata a personagem Aurélia, mulher bonita, de origem humilde e órfã de pai, que foi rejeitada pelo namorado por causa de um dote. Apaixonada, calma e impassível ante o abandono do amado, surge daí uma nova mulher que dá a volta por cima. Após uma inesperada herança do avô, torna-se uma das mais disputadas moças do Rio de Janeiro, rica e formosa. Para a época, uma mulher já emancipada, embora a sociedade não o admitisse. Governava a sua casa e conduzia seus atos como bem entendesse, contudo não se agradava com

11 as bajulações dos admiradores, antes indignava-se com a humilhação dessa gente ante a sua riqueza. Determinada e ferida em seu orgulho, mesmo amando resolve vingar-se, “comprando” esse amor. Casados, finge para a sociedade, ser feliz com seu marido, mas vivem separados dentro de casa. Além das críticas à sociedade da época, que era interessada somente na riqueza das pessoas e não na sinceridade dos sentimentos, ressalta-se nesse romance a análise do drama íntimo de uma mulher, dividida entre o orgulho ferido e o amor, cujo enredo desenvolve-se como uma transação comercial, o que, aliás, é sinalizado pelos títulos das quatro partes em que se divide o romance: preço, quitação, posse e resgate. “O Cortiço”, dentre as suas variadas personagens femininas, retrata Rita Baiana, uma mulher de classe social marginalizada, sensual, “uma fêmea no cio”. Mulata, boa de coração, e de cama, ajudava a todos que precisassem e acolhia os rejeitados do cortiço. Era uma mulher forte e decidida e muito independente para a época, não se deixando dominar por ninguém. Divertida e provocante, atraía para si tanto elogios quanto insultos, especialmente de quem era traído por ela. Sempre alegre e animada, dançava, cantava e dizia-se sincera. Sua casa vivia sempre cheia. Era volúvel divertindo- se com vários homens e mandava ir pro diabo quem se incomodasse. Enquanto estava saindo com o Firmo, perguntavam-lhe por que não casava com ele, ao que ela respondia que não era escrava, que não iria arranjar cativeiro e que marido era “pior que o diabo”. Andava se rebolando, era cortês com todos e tinha uma frase específica para cada pessoa que dela se aproximasse. Apoiava as mulheres independentes, defendia os sofredores e humilhados, porém provocava brigas horríveis entre os homens e tumultos no cortiço, verdadeiras “guerras”, pelo seu enorme poder de sedução. “Inocência”, de Visconde de Taunay, narra a história de amor impossível entre Inocência e Cirino. A personagem representa a mulher recatada, a moça do sertão, simples, bela e frágil. Era meiga, carinhosa, delicada e obediente até apaixonar-se por Cirino. Pode-se dizer que era também corajosa, pois mesmo com as atitudes violentas do pai e do rapaz a quem estava prometida, encontrava-se às escondidas com Cirino por quem se apaixonou. Além disso, recusava-se ao casamento com Manecão a quem era prometida pelo pai. A realização amorosa entre os jovens é inviável, porque Inocência fora prometida em casamento pelo pai a Manecão Doca e também porque Pereira, pai de Inocência, exerce forte vigilância sobre a filha, pois de acordo com seus valores (lembrando que o romance foi escrito no século XIX), ele tem que garantir a virgindade de Inocência até o dia do casamento. Os alunos farão a leitura dos três excertos, confrontando as três personagens: O que elas têm em comum? A Aurélia “comprou” o marido. Que atitude esperava-se da mulher daquela

12 época? E a Rita Baiana? É uma mulher livre? Por quê? O que as difere da personagem “Inocência”, de Taunay? Esta era determinada? Por quê? E a “Raquel”, do Gênesis? O professor pede que os grupos tracem um paralelo por escrito dessas quatro personagens e exponham em cartazes. A história dessas mulheres é importante não só como literatura, e sim um estudo crítico simbolizando a mulher na sociedade em duas épocas distintas: romantismo e realismo/naturalismo. Este confronto deverá ser feito pelo professor que incitará os alunos a relatarem histórias semelhantes de seu convívio social, que apresentem essas características, com o cuidado de não nomear pessoas. Em seguida, o professor pede como atividade extraclasse, para que os alunos façam a releitura desses excertos e tragam anotadas para o próximo encontro, as suas impressões a respeito das personagens estudadas: O que esperavam ao iniciarem a leitura? O que mais lhe surpreendeu? Que características essas mulheres possuem em comum? Espera-se que os alunos percebam a determinação como fator comum nas três personagens, embora cada uma haja de forma diferente. Para finalizar, exibe o vídeo com a música: “É cor-de-rosa choque”, de . Essas atividades serão desenvolvidas em dois encontros.

• Questionamento do Horizonte de Expectativas

Nesta etapa os alunos retomarão a leitura dos três textos da etapa anterior. O professor orienta-os para que façam uma leitura crítica dos mesmos; que observem e analisem a linguagem empregada; as intenções do autor; a análise das intenções conformadoras ou convencionais dos textos (quando as personagens têm atitudes convencionais, conservadoras, preconceituosas e quando têm atitudes inovadoras, emancipadoras). E ainda como a busca da identidade é tratada nos textos literários de diferentes épocas. O professor divide a classe em dois grupos, organiza um seminário onde cada grupo vai, depois de uma análise das personagens dos textos trabalhados até aqui, expor suas opiniões e decidir quais textos, através do tema e de suas construções, exigiram um nível mais alto de reflexão, e quais trouxeram um maior grau de satisfação. Um grupo vai refletir sobre o que foi visto no atendimento e outro, o que foi visto na ruptura. Há então o debate da classe sobre o seu próprio comportamento, detectando as dificuldades e processos de superação dos problemas com os textos. Cada grupo escolhe uma personagem feminina estudada até aqui e faz-se representar por um aluno que dramatizará alguns gestos e falas da personagem selecionada. No final, cada grupo confronta a personagem

13 representada com aquelas dos textos anteriormente lidos e anotam quais as mudanças ocorridas no andamento das atividades, o que foi excesso e o que faltou neste trabalho. Essa etapa será realizada em um encontro.

• Ampliação do Horizonte de Expectativas

A ampliação do horizonte de expectativas é o resultado da reflexão anterior. Os alunos devem ter consciência das mudanças ocorridas. Eles serão desafiados para leituras de obras esteticamente mais elaboradas. Para isso serão trabalhados os contos de Lygia Fagundes Telles. Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923, em são Paulo. Filha de um advogado e de uma pianista, passou a infância em uma cidade do interior. É formada em Direito e Educação Física. Casada pela segunda vez e tem um filho. De forte influência machadiana, começou a escrever muito cedo, aos 15 anos. “Ciranda de Pedra” (1954) foi o marco de sua maturidade intelectual. Tem sua obra é comprometida com a condição humana. Recebeu muitos prêmios literários e é reconhecida internacionalmente como escritora. A autora trabalha com as partes mais delicadas da condição humana, apresentando seus personagens cínicos, amargos e cruéis. Morte, loucura, passado irreversível são seus temas mais freqüentes, envolvendo na maioria das vezes personagens femininas, mulheres envolvidas em tramas amorosos que as levam por caminhos de amargura, sofrimento, solidão, arrependimento, lembranças e saudades, emancipação feminina e as conseqüências desta condição. É o cotidiano da mulher em um sistema em que ainda permanece a submissão, apesar dessa emancipação banalizada. Enfatiza em sua obra as relações sociais, especialmente amorosas e familiares. Suas narrativas são agitadas, suas histórias ou nos assustam ou nos surpreendem, as personagens contam sua própria história, os diálogos são cuidadosamente articulados e sinalizados com finais em aberto para instigar a imaginação do leitor. Suas narrativas não são comuns, com começo, meio e fim, como na maioria dos contos. Jamais se aproxima da cultura descartável. Mesmo colocando todas as mazelas que perpassam o ser humano, há implícito em sua obra um fundo de otimismo, querendo demonstrar que as coisas ainda podem ter concerto quando se busca o outro lado da vida. Divide-se a classe em quatro grupos e distribui: “Pomba Enamorada ou uma História de Amor”, para um grupo, “Venha Ver o Pôr-do-Sol” para outro, “Apenas um Saxofone” para outro e, “A Confissão de Leontina” para o quarto grupo. O conto “Pomba Enamorada ou uma História de Amor”, conta a história de uma moça

14 que se apaixonou por um rapaz chamado Antenor. A personagem deste conto cujo nome não é revelado, assina sempre como Pomba Enamorada ou P.E. É uma mulher apaixonada, obsessiva, mas bobalhona sem perspicácia, fraca de espírito, pois confunde gentileza com interesse e tenta até o suicídio. Além de tudo é muito supersticiosa, acreditando em tudo o que lhe ensinam para conquistar o homem que ama: magias, simpatias, horóscopos e macumbas, enquanto que ele não acredita em nada. A sua persistência faz com que este homem que ela busca, que corre atrás, torne-se para ela cada vez mais agressivo, grosseiro e intolerante. Ela se apaixona ainda na adolescência por Antenor, uma pessoa grosseira e ríspida. Foi assim que ela seguiu atrás dele. Telefonava até ele dizer que se quisesse algo, ele mesmo ligaria; mandava presentes feitos por ela, e também cartas assinadas como Pomba Enamorada. Tentou macumbas e nada conseguiu. Quando soube que ele ia se casar, desmaiou, depois mandou um presente desejando felicidades. Tomou soda cáustica... Com o passar do tempo, diz-se amadurecida e que não iria mais incomodá-lo, porém continua escrevendo cartas, e mesmo na noite de núpcias não esquece Antenor, inclusive escreve contando o seu casamento com Gilvan e até envia notícia de seus filhos. Com filho já casado, vai à cartomante e esta depois da previsão, aconselha-a que vá à rodoviária onde iria aparecer um grande amor para entregar-se a ela. Ela acaba indo ao terminal com a certeza de encontrar Antenor. O conto “Venha ver o pôr-do-sol”, apresenta Raquel, uma mulher ingênua, leviana, ambiciosa e medrosa, que mesmo depois do rompimento do namoro com Ricardo e tendo outro relacionamento com um homem rico, aceita o convite para um reencontro que ele marca em um local nada adequado: o cemitério. Raquel vai relutando, tentando desvencilhar-se, chamando-o para irem embora, mas ele a envolve com muita conversa e a conduz até o jazigo, dizendo que era de sua família. Ricardo não passa de um psicopata, que, abandonado por Raquel, sente-se humilhado e decide acabar com a vida dela de um modo macabro: trancando-a em um jazigo onde ninguém ouviria seu pedido de socorro. Trata-se de um problema recorrente em nossa sociedade: a violência contra a mulher, provocada por ex-companheiros inconformados com o término do relacionamento. No conto “Apenas um Saxofone”, a autora apresenta uma mulher, Luisiana —assim ele a chamava — velha e rica, dizendo-se “uma puta erudita”, fechada em seu mundo, solitária, fútil, infeliz, emotiva, bêbada, que chorava facilmente. Apesar de possuir o que sonham muitas mulheres, como jóias, tapetes, mansão; um velho rico que a sustentava e lhe cobria de luxo; um jovem que lhe dava prazer e um professor de filosofia, que também a levava para a cama, ela não conseguia ser feliz. Vivia na solidão e na triste lembrança de um tempo em que amou e

15 chantageou um homem pobre —Xenofonte — assim ela o chamava. Desmantelado, mas caprichoso com o seu saxofone, atendia todos os desejos de Luisiana, apesar de pobre, chegando ao ponto de varar noites e noites tocando para conseguir satisfazer os caprichos da amada. Ele tocava com paixão o saxofone para mantê-la. Ela exigia tanto de Xenofonte, ao ponto de pedir-lhe que morresse por ela. Mas o presente a machuca, as feridas doem e por mais que tenha conseguido da vida, encontra-se desprezada e sozinha. É ciente de que pode ter o dinheiro para comprar tudo e mesmo realizar muitas plásticas, mas a sua juventude não volta. Saudosa, lamenta o tempo em que pensava ser a riqueza a sua felicidade, “despachando” o saxofonista. Desfia então, os objetos preciosos que gostaria que fossem trocados por uma música do saxofone. Este conto representa a solidão, o arrependimento, o medo e o abandono. A personagem faz uma “viagem” ao seu interior, refletindo sobre sua vida, sobre seu passado, desprezando o conforto, o luxo em que vive, valorizando a juventude e menosprezando tudo o que é considerado de valor pela sociedade. Em “A Confissão de Leontina”, a autora narra o drama de Leontina, menina pobre, filha de uma lavadeira e órfã. Nascida em uma cidade pequena, vive imaginando como seria o seu pai. Preterida, pois a atenção materna é voltada para seu primo Pedro, criado como irmão. Sofre as agruras da pobreza e também do desprezo, pois sua mãe dedicava-se totalmente ao sobrinho, esperando retorno quando ele se formasse médico. Leontina fica à mercê da sorte. E esta não permanece a seu lado. Mais tarde, perde a mãe, a seguir a irmãzinha e a cachorra, e seu primo a abandona. Foge para a cidade grande. Semi-analfabeta, vai trabalhar como dançarina de aluguel. Sofre tudo quanto é tipo de amarguras e desilusões da cidade grande, indo parar em uma penitenciária de onde narra toda a sua trajetória. Dançarina de aluguel, prostituta, seria também assassina?... Seu desabafo seria mais que uma confissão, onde não encontra voz nem vez para se defender como ser humano. Pobre e inculta, mal sabe ler e escrever, reclama por não ter em quem confiar na cidade grande. Lembra do primo que a desprezou depois de formado e faz de tudo para esquecer seu passado pobre, da irmã criada ali como um vegetal, das perdas, da mulher perversa com quem trabalhou como empregada levada por um padre, onde era tratada como animal; do primeiro “amor” de sua vida, já como dançarina de aluguel, o Rogério, marinheiro, que lhe ensinou hábitos de higiene, com quem ela se “perdeu” e que não permaneceu a seu lado por não conseguir prender-se a mulher alguma; do seu primeiro vestido, aquele que vestiria sua mãe para enterrá-la e que foi deixado como herança, lembra de seus outros “amores”. Tinha esperança de encontrar alguém que a levasse dali, que mudasse sua

16 vida. Ela decai e em uma pensão lotada de artistas de circo conhece Rubi e passa a trabalhar em “inferninhos” onde “nunca dizia “não” pro freguês”. É tentada ainda a se aproximar do irmão médico e este lhe vira as costas mais uma vez. Ao admirar um vestido em uma vitrine, é assediada por um velho rico que lhe compra o vestido cobiçado. Ele percebe que Leontina não sente a atração que esperava dela e a agride violentamente. Vendo que ia ser morta, Leontina apodera-se de um ferro tentando defender-se. Parte dali para a loja onde deixara seu vestido velho e encontra a polícia. É reconhecida pela vendedora. A linguagem deste conto é bem descontraída e esteticamente inovadora, aproximando-se da fala, parecida com a que se usa no dia-a-dia, coerente com a pessoa marginalizada, em situação degradante. Narra a história de uma prostituta acusada de assassinato, descrevendo tudo o que aconteceu com ela desde sua infância até a chegada na cadeia. É o retrato falado da condição humana de milhões de pessoas, ofendidas em sua dignidade, privadas de seus direitos básicos. É a descrição fiel de muitas mulheres brasileiras. Cada grupo, após a leitura e discussão do conto recebido, elabora uma personificação da personagem feminina, e apresenta à classe. Observação: Como esses contos de Lygia Fagundes Telles são histórias longas, o professor pode pedir a leitura dos mesmos como atividade extraclasse, um conto por grupo, e no encontro seguinte cada grupo seleciona um excerto para representar. A representação anterior possivelmente levará à constatação de que a diferença entre problemas e comportamentos das mulheres das histórias está relacionada à sua posição social, e também apresentará um panorama de como a mulher é vista socialmente em cada época da história da humanidade. Cada grupo registrará por escrito essas constatações. Essas anotações são mostradas ao professor para verificar a aprendizagem e a argumentação sobre o tema. A seguir, o professor pede a elaboração de uma paródia musical a cada grupo sobre a personagem feminina representada, para ser cantada no próximo encontro. Pode haver necessidade de dar prosseguimento ao assunto. O professor propõe que se busquem mais leituras sobre o tema, sugerindo outros autores ou compositores que retratem a mulher. Esta etapa será realizada em dois encontros. Desta forma, proporciona-se uma reflexão sobre a situação problemática em que vive a mulher desde os tempos mais remotos, até hoje ainda, quando muitas são subjugadas, humilhadas e submetidas a condições de desigualdade em relação aos homens, bem como a violência contra a mulher, presumivelmente já banalizada na atualidade. Cria-se também a oportunidade de reflexão e análise das mudanças pelas quais estão passando as mulheres, tornando-se independentes e determinadas, caminhando rumo à sua ascensão humana, econômica, política e social. E também com essa dinâmica de leitura, o aluno percebe-se como

17 sujeito de uma leitura criadora, emancipadora, conscientizando-se de que as histórias apresentadas pelos autores, conforme o grupo que lê e dependendo do interesse de cada época, são suscetíveis de transformações.

18 3. CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

DESCRIÇÃO DAS ETAPAS JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO O UTU BRO 1.Pesquisa e seleção de textos para montagem da x x unidade didática

2.Elaboração da unidade didática x x

3.Determinação do horizonte de expectativas x

4.Atendimento do horizonte de expectativas x 1º encontro 2º encontro 5.Ruptura do horizonte de expectativas x 1º encontro 2º encontro 6.Questionamento do horizonte de expectativas x

7.Ampliação do horizonte de expectativas 1º encontro x 2º encontro

19 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, Vera Teixeira de e Maria da Glória Bordini. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

ALENCAR, José de. Senhora (excerto) In: Tufano, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1990.

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martin Claret, 2004.

BLÍBLIA SAGRADA. Gênesis, 29:15-30. Jacó encontra-se com Raquel. In: ABAURRE, Maria Luiza; Marcela Nogueira Pondara, Tatiana Fadel: Português-Língua e Literatura. Volume único. 1. ed., Moderna.

CORALINA, Cora. Todas as vidas. (poema). In: Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 13. ed. São Paulo: Global Editora, 1986.

FERRAZ, Salma. Dicionário machista. Londrina: Campanário, 2002. 182p.

______Entrevista de Jô Soares com Salma Ferraz sobre o Dicionário Machista (vídeo). Disponível em: . Acesso em: 14 abr. 2010.

HOLANDA, Chico Buarque de: Mulheres de Atenas. Disponível em: Acesso em: 18 nov. 2009.

LEE, Rita: É cor-de-rosa-choque. Vídeo. Disponível em: . Acesso em: 25 fev. 2010.

MEIRELES, Cecília: Retrato. Poema. Disponível em: Acesso em: 14 abr. 2010.

TAUNAY, Alfredo de Scagrinolli. Inocência. Excerto. In: Cereja, William Robert e Thereza Cochar Magalhães. Português: linguagens. vol. 2: ensino médio. 5. Ed.São Paulo: Atual, 2005. p. 160-161.

TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos de Lygia Fagundes Telles / seleção de Eduardo Portella. 12. ed. São Paulo: Global, 2003.

______Pomba enamorada ou uma história de amor. Conto. In: Oito Contos de Amor. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.

______Venha ver o pôr-do-sol (conto). Disponível em: Acesso em: 17 jun. 2010.

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