Com O Mar Entre Os Dedos É Seu 5º Título), MAR O Macuco, Olho No Olho
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ANTÔNIO LOPES ANTÔNIO Buerarema é topônimo de origem tu- pi-guarani que se refere a um gênero de árvore, identificado pelos antigos índios ANTÔNIO LOPES da região como pau d’alho, ou guarare- ma. Antes, foi Macuco – denominação dada por um certo príncipe Maximiliano d’Áustria, que por esta região se metera, em aventuras pré-ecológicas, há mais de um século. O nome é lembrança de uma Há muitas maneiras de rir. Os franceses têm a ex- grande ave, então abundante na área, su- pressão rire aux anjes, que significa rir distraidamente, perior, como carne, à galinha. Isto teria sem motivo. Nós, modestos brasileiros de Buerarema sido a causa de sua fama e desgraça. ou de Ilhéus, temos todos os motivos para rir. Rin- Antônio Lopes, que se gaba de ter do, porque não adianta mesmo manifestar a nossa ira, sido apresentado a um dos últimos re- parecemos mais felizes, perdemos um pouco daque- manescentes do macuco num viveiro da le medo de morrer sem ter apelado para a vingança COM O Fazenda Conceição, de Ulisses Dórea, em do riso escarninho. Esta é lição de outro francês, La Buerarema, diz que não sabia da impor- Mesmo tendo publicado pouco (este Bruyère. tância daquele momento histórico, ele e Observador atento da realidade, testemunha audi- Com o Mar Entre os Dedos é seu 5º título), MAR o macuco, olho no olho. “Se soubesse, o autor reuniu importante fortuna críti- tiva e visual de tantas tolices ditas, escritas e praticadas teria inventado ali o famigerado selfie”, ca. Sua escrita foi publicamente aprovada nestes Brasis em que as Brasílias dos oligarcas e as Bue- brinca. Fato é que os caçadores chegaram raremas dos sofredores anônimos foram enfiadas no por intelectuais do nível de Hélio Pólvora, ENTRE OS antes do Ibama e dos ambientalistas, de Margarida Fahel, Jorge de Souza Arau- mesmo saco, Antônio Lopes ri e faz rir. Ótimo. Quereis tal sorte que hoje a ave está reduzida a jo, Gerana Damulakis, Aleilton Fonseca, exercício mais salutar? um monte de saudades e uma gravura na Cyro de Mattos, Gustavo Felicíssimo, Baí- parede. Mas ficou Buerarema. sa Nora, Marcos Santarrita, dentre outros. Hélio Pólvora Pois é com Buerarema na lembrança DEDOS Pensando nas dificuldades que teve que Lopes, depois de longo exercício em na infância, Lopes diz ter “sobrevivi- jornal, rádio e televisão, olha o mundo e do” – graças ao irmão mais velho, que o parece não gostar do que vê. Com ar de me- criou. Reconhece que, por ínvios cami- morialista e repórter, seu tempo é o ontem nhos, a vida lhe deu muito, deu a própria e o agora, de onde extrai crônicas cheias de vida. Pai de “duas filhas ótimas” e avô de humor, ironia e forte pitada de crítica so- “um samburá de netos adoráveis”, aos 74 cial. De seu tugúrio (é tipo assumidamente anos, Lopes ainda especula sobre o futu- Apresentação: reservado), o cronista fustiga deuses nus Aleilton Fonseca ro: “Se outra encarnação houver, eu pre- com a arma destruidora do riso. Riso quase tendo aparecer por aqui como um negro nunca escrachado, mas, frequentemente, saxofonista de jazz – quem sabe reencar- sutil, à Machado de Assis, às vezes traindo nado em Coleman Hawkins, Ben Webs- influências de José Cândido de Carvalho e ter ou Charlie Parker”. Stanislaw Ponte Preta (o Sérgio Porto). COM O MAR ENTRE OS DEDOS Universidade Estadual de Santa Cruz GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA RUI COSTA - GOVERNADOR SECRETARIA DE EDUCAÇÃO OSVALDO BARRETO FILHO - SECRETÁRIO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ADÉLIA MARIA CARVALHO DE MELO PINHEIRO - REITORA EVANDRO SENA FREIRE - VICE-REITOR DIRETORA DA EDITUS RITA VIRGINIA ALVES SANTOS ARGOLLO Conselho Editorial: Rita Virginia Alves Santos Argollo – Presidente Andréa de Azevedo Morégula André Luiz Rosa Ribeiro Adriana dos Santos Reis Lemos Dorival de Freitas Evandro Sena Freire Francisco Mendes Costa Guilhardes de Jesus Júnior José Montival Alencar Júnior Lurdes Bertol Rocha Lúcia Fernanda Pinheiro Barros Nelson Dinamarco Ludovico Rita Jaqueline Nogueira Chiapetti Samuel Leandro Oliveira de Mattos Sílvia Maria Santos Carvalho ANTÔNIO LOPES COM O MAR ENTRE OS DEDOS Ilhéus-Bahia 2015 Copyright © 2015 by ANTÔNIO LOPES Direitos desta edição reservados à EDITUS - EDITORA DA UESC A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98. Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004. PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Arnold Coelho e Fátima Oliveira REVISÃO Maria Luiza Nora FOTO DO AUTOR Ceres Marylise Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) L864 Lopes, Antônio. Com o mar entre os dedos / Antônio Lopes. – Ilhéus, BA : Editus, 2015. 173 p. ISBN: 978-85-7455-393-1 1. Crônicas brasileiras. 2. Literatura brasileira. I. Título. CDD 869.94 EDITUS - EDITORA DA UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Rodovia Jorge Amado, km 16 - 45662-900 - Ilhéus, Bahia, Brasil Tel.: (73) 3680-5028 www.uesc.br/editora [email protected] EDITORA FILIADA À Em memória de Hélio Pólvora (1928-2015) Manuel Lins (1937-1975) Mário Augusto Ferreira (1937-2005) Marcos Santarrita (1941-2011) e Telmo Padilha (1930-1997) ESCLARECIMENTO Os textos a seguir (a maior parte, se não todos) foram “ensaiados” no blog Pimenta na Muqueca, a partir de 2010, em experiência muito estimulante que vivi. “Provocado” pelo escritor Aleilton Fonseca, dei- xei a voluntária clausura, convenci-me (talvez num surto de imodéstia) de que estes escritos poderiam ter algum interesse. Revisei-os e, agora abrigados em li- vro, os (re) apresento ao respeitável público. Agradeço aos diretores do Pimenta (jornalistas Davidson Samuel e Ricardo Ribeiro), ao citado Aleil- ton Fonseca (intelectual que eleva a região cacaueira), à Editus/UESC, mais uma vez generosa com este pro- vinciano fazedor de crônicas, e, claro, aos leitores. Re- ais ou potenciais, eles são o maior motivo deste exer- cício (quase) literário. Muito obrigado a todos. (A. L.) ÍNDICE NAS ÁGUAS DA BOA PROSA – Aleilton Fonseca ...................11 UM RIO SEM CARAVELAS ..........................................................15 BILHETE A UM JOVEM JORNALISTA ......................................18 COM AS VEIAS ABERTAS ............................................................21 CUIDADO! AS PALAVRAS SÃO ERÓTICAS ............................23 CONVERSA DE HOMEM E ÁRVORE ........................................25 SIMONE DE BEAUVOIR E A FORÇA DA COISA ....................28 SE EU ME CHAMASSE AMPHILÓPHIO ...................................31 CREIAM, JÁ DERRUBEI BASTILHAS ........................................34 DA QUE MATOU O GUARDA ....................................................37 A FALTA QUE FAZ UM DICIONÁRIO “POÉTICO” ...............40 EMÍLIO COM A VOZ ADOCICADA ..........................................42 DE APOSENTADOS E GIRAFAS .................................................45 COISA QUE DÁ SUOR, VERTIGEM E FRAQUEZA ................48 A CHINA INENARRÁVEL ...........................................................51 CONTEMPLADORES DO UMBIGO ...........................................54 A LUXÚRIA EQUIVOCADA ........................................................57 ENTRE O DESDÉM E A SOLIDARIEDADE ..............................60 O CAOS NOS NOMES PRÓPRIOS ..............................................64 NÃO TENHO MEDO DE MIM ....................................................66 SONETO GRAVADO A FOGO .....................................................69 A JUSTA CRÍTICA DOS AMIGOS ...............................................72 PISANDO NA BOLA .....................................................................74 QUEDA PARA PIEGUICES RIMADAS ......................................77 O TRABALHO COMO CASTIGO ................................................80 OS ANJOS TAMBÉM AMAM .......................................................83 O TINHOSO CHUPANDO CANA ..............................................86 O INCINERADOR DE NAVIOS ...................................................89 MULHER FATAL CANTANDO À BEIRA DO MAR ................92 UM JORRO DE LÁGRIMAS..........................................................95 FAZER OS DEVERES É DEVER DE TODOS ..............................98 MUITO CUIDADO COM O POVO ..........................................101 NA SOLIDÃO DOS AUTÓGRAFOS .........................................103 O CHEIRO E O TOC-TOC ...........................................................105 BOM O HOMEM, MÁ A VIDA ..................................................108 DESABAFO E DESATINO EM QUASE REPENTE .................111 EM BUSCA DE OUVIDOS PERDIDOS .....................................114 A PAIXÃO PELA MÁQUINA .....................................................116 D. QUIXOTE EM PIGALLE .........................................................119 ENTRE O KAFKIANO E O ESTÚPIDO ....................................123 ESCRITA COM BEMÓIS E SUSTENIDOS ................................125 O PAGADOR DE MICOS ............................................................128 CONTRA O ESTUFA E OUTROS EFEITOS .............................131 DE VINÍCIUS A VALDELICE .....................................................133 HUMPHREY BOGART CANASTRÃO .....................................136 EXCESSO DE QUEIJOS E VINHOS ...........................................139 EU TAMBÉM NÃO SEI QUEM SOU .........................................141 PENA MOLHADA EM VENENO .............................................144 PARA ESCREVER, USE AS ORELHAS .....................................147 UMA ARANHA METIDA A BESTA..........................................150 SE FICOU VELHO, DEIXOU DE SER