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Aluno(a): nº: Turma: Nota

Ano: 1º Ano EM Data: 10/12/2019 Trabalho de Recuperação

Professor(a): Tatiana Matéria: Literatura Valor: 20,0

01. Marque a alternativa que não corresponde a uma interpretação acertada do poema.

À moda da casa feijoada marmelada goleada quartelada José Paulo Paes a) Cotidiano b) Infância c) Medo d) Diversão e) Descrição

02. Leia o poema abaixo para responder à questão:

Traduzir-se

Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.

Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.

Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.

Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.

Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.

Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.

Traduzir uma parte na outra parte _ que é uma questão de vida ou morte _ será arte?

Todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto: a) O texto expressa a dualidade do próprio homem b) O texto é uma referência ao comportamento do homem que muda o tempo todo c) O texto reflete sobre o poder, o medo e a angústia existencial do ser humano diante de outro ser humano igual a ele. d) O texto é um espelho diante do leitor e) O eu lírico é extremamente explicativo, expondo por meio das partes o todo do homem.

03. Leia o poema abaixo para responder a questão:

Entre toiceiras de macegas passa uma suçuarana com sapatos de seda.

Raul Bopp

Mediante a leitura atenta do poema acima, assinale a única alternativa que não confere uma interpretação coerente ao poema: a) A repetição da letra /S/ no texto sugere o rastejar da cobra; b) Esse recurso fônico utilizado é muito comum na poesia; c) O escritor fez um jogo com a sonoridade das palavras para elaborar o poema; d) O eu lírico faz uma descrição do poema como uma testemunha ocular que tudo vê. e) É impossível mesmo em nível poético que uma cobra utilize sapatos, constituído uma incoerência do ponto de vista da linguagem.

Leia os poemas que seguem. As questões de 04 a 06referem-se a eles.

CAMPOS, Augusto de. In: Poesia concreta. : Abril Educação, 1982.

O bicho

Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

ESTRELA DA VIDA INTEIRA. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 1993. p. 201-202.

04. Os poemas de e de Manuel Bandeira tematizam a) a miséria, que, muitas vezes, tem como contraponto a riqueza de muitos. b) a questão da fome e da violência que se verifica nos grandes centros urbanos. c) o descaso social com relação aos menores abandonados e às crianças de rua. d) o desemprego, que ocorre sempre quando a demanda é maior do que a oferta. e) n.r.a

05.Para a criação do poema “Lixo”, o autor lança mão de estímulos visuais a) complexos. b) comutativos. c) concêntricos. d) contraditórios. e) n.r.a

06.Quanto aos aspectos semânticos, a leitura de ambos os poemas leva à a) reflexão. b) idealização. c) comicidade. d) objetividade. e) n.r.a

07. Leia o poema abaixo e assinale a alternativa INCORRETA:

um movi mento compondo além da nuvem um campo de combate

mira gem ira

de um horizonte puro num mo mento vivo (Décio Pignatari) a) Há completa abolição do verso tradicional. b) Os brancos da folha e a própria disposição das palavras no papel adquirem um significado. c) Exploração do significante, isto é, do aspecto material, concreto, da palavra: sua sonoridade, sua forma, como exemplifica o poema lido. d) Composição e montagem de palavras, a palavra torna-se um ícone. e) Há um tratamento clássico no poema, tanto na forma quanto no conteúdo.

08. Rubem Fonseca é autor de contos em que a violência das cidades brasileiras na atualidade é reportada de forma seca e direta, em seqüências de muita ação, nas quais o narrador evita comentários digressivos e julgamentos morais.

Está (estão) correta(s): a) Apenas I. b) Apenas II. c) I e II. d) Nenhuma delas.

Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou...

O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou... (...).

09. (UEG) Em 1967, no terceiro festival de MPB da TV Record, foram apresentadas as músicas “Alegria, alegria”, de , e “Domingo no parque”, de , inaugurando o Tropicalismo. Sobre o movimento tropicalista e sobre os aspectos poéticos e estruturais desse trecho da canção, é CORRETO afirmar: a) Não se tem, no trecho acima transcrito, nenhuma referência a fatos que aconteciam na época de sua composição. b) O Tropicalismo pode ser considerado um movimento musical de ruptura da música brasileira do final dos anos 60, influenciado pela contracultura hippie e pela Pop Art. c) Percebe-se, em “Alegria, alegria”, o verdadeiro sentido do Tropicalismo, um movimento musical descompromissado com a realidade do país e alheio aos rumos que o regime militar impunha à nação. d) Quanto à extensão dos sons que rimam, têm-se, ao final dos dois primeiros versos da primeira estrofe, exemplos de rimas . e) n.r.a

Considere os seguintes trechos de canções.

Texto I

Samba e Amor

Eu faço samba e amor até mais tarde E tenho muito sono de manhã Escuto a correria da cidade que arde E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente 'inda se ama E a fábrica começa a buzinar O trânsito contorna, a nossa cama reclama Do nosso eterno espreguiçar.

Texto II

Sampa

Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João. Caetano Veloso

10. Considere as seguintes afirmações, sobre os trechos destas canções.

I. Em Samba e Amor, encontra-se estabelecida uma situação em que o eu-lírico se entrega à arte e ao amor, em oposição ao movimento urbano que vai associado à velocidade e apelos ao trabalho. II. Em Sampa, o eu- lírico está imerso no quadro urbano, cruzando ruas e avenidas, ao mesmo tempo em que enuncia sua recusa e protesto contra a deselegância das meninas e a música da Rita Lee. III. Nas duas canções, o ambiente urbano faz contraste com as declarações do eu-lírico, que podem oscilar entre a crítica às más condições de tráfego e a idealização de símbolos cosmopolitas.

Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III

INSTRUÇÃO: Para responder às questões de Números 11 e 12leia o texto de .

O ENCONTRO Lygia Fagundes Telles

Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem nenhum cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que desolação. Tudo aquilo – disso estava bem certa – era completamente inédito pra mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias, a uma imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória? Voltei-me para o bosque que se estendia à minha direita. Esse bosque eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa dentro de uma névoa dourada. “Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?” Fui andando em direção aos penhascos. Atravessei o campo. E cheguei à boca do abismo cavado entre as pedras. Um vapor denso subia como um hálito daquela garganta de cujo fundo insondável vinha um remotíssimo som de água corrente. Aquele som eu também conhecia. Fechei os olhos. “Mas se nunca estive aqui! Sonhei, foi isso? Percorri em sonho estes lugares e agora os encontro palpáveis, reais? Por uma dessas extraordinárias coincidências teria eu antecipado aquele passeio enquanto dormia?” Sacudi a cabeça, não, a lembrança – tão antiga quanto viva – escapava da inconsciência de um simples sonho.

(Lygia Fagundes Telles, in "Oito contos de amor")

11. A frase “Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?” O uso das reticências sugere: a) Impaciência; b) Impossibilidade; c) Incerteza; d) Irritação; e) Inquietação.

12. Podemos inferir que o trecho enquadra-se como sendo: a) Descritivo; b) Narrativo; c) Científico; d) Dissertativo; e) Jornalístico.

INSTRUÇÃO: Para responder às questões de números 13 e 14, leia o texto de Lygia Fagundes Telles.

Que se chama solidão Chão da infância. Algumas lembranças me parecem fixadas nesse chão movediço, as minhas pajens. Minha mãe fazendo seus cálculos na ponta do lápis ou mexendo o tacho de goiabada ou ao piano; tocando suas valsas. E tia Laura, a viúva eterna que foi morar na nossa casa e que repetia que meu pai era um homem instável. Eu não sabia o que queria dizer instável mas sabia que ele gostava de fumar charutos e gostava de jogar. A tia um dia explicou, esse tipo de homem não consegue parar muito tempo no mesmo lugar e por isso estava sempre sendo removido de uma cidade para outra como promotor. Ou delegado. Então minha mãe fazia os tais cálculos de futuro, dava aquele suspiro e ia tocar piano. E depois, arrumar as malas. – Escutei que a gente vai se mudar outra vez, vai mesmo? perguntou minha pajem Maricota. Estávamos no quintal chupando os gomos de cana que ela ia descascando. Não respondi e ela fez outra pergunta: Sua tia vive falando que agora é tarde porque a Inês é morta, quem é essa tal de Inês? Sacudi a cabeça, não sabia. Você é burra, Maricota resmungou cuspinhando o bagaço. (...) – Corta mais cana, pedi e ela levantou-se enfurecida: Pensa que sou sua escrava, pensa? A escravidão já acabou!, ficou resmungando enquanto começou a procurar em redor, estava sempre procurando alguma coisa e eu saía atrás procurando também, a diferença é que ela sabia o que estava procurando, uma manga madura? Jabuticaba? Eu já tinha perguntado ao meu pai o que era isso, escravidão. Mas ele soprou a fumaça para o céu (dessa vez fumava um cigarro de palha) e começou a recitar uma poesia que falava num navio cheio de negros presos em correntes e que ficavam chamando por Deus. Deus, eu repeti quando ele parou de recitar. Fiz que sim com a cabeça e fui saindo. Agora já sei. (Lygia Fagundes Telles, Invenção e Memória.)

13. De acordo com o texto, entende-se que o chão da infância da narradora é marcado: a) pela incômoda viuvez da tia. b) pela ausência do pai. c) pelo convívio com família e pajens. d) pelo medo da escravidão. e) pela indiferença das pajens.

14. Entende-se que a relação da narradora com a pajem baseia-se: a) na tolerância entre elas, embora a narradora quase não consiga conter sua raiva com os descasos da pajem. b) na tensão entre elas, embora a pajem deva respeito à narradora, pois tem uma relação profissional com a família. c) na indiferença entre elas, pois tanto a narradora deixa de responder como a pajem deixa de atender-lhe o pedido. d) na rivalidade entre elas, fato que se comprova pela agressividade da pajem que sonhava estar no lugar da narradora. e) na proximidade entre elas, pois a pajem, por exemplo, externa seus sentimentos de desagrado, quando se vê incomodada por algo.

15. (Unb) A partir das informações do poema “Beba Coca Cola”, julgue V (verdadeiro) e F (falso) os seguintes itens, e marque a sequência correta:

( ) Pode-se inferir que o texto foi, originalmente, uma propaganda encomendada para divulgar as qualidades do principal produto de uma fábrica de refrigerantes. ( ) O poema foi construído a partir de alterações semânticas decorrentes de inversões fônicas de um grupo pequeno de fonemas. ( ) Os vocábulos "babe" (v.2), "caco" (v.5) e "cloaca" (v.7) têm em comum um sentido negativo. ( ) Uma síntese possível do texto é BEBA COCA, BABE COLA E EXCRETE CACO PELA CLOACA. a) V, V, V, V. b) F, F, F, F. c) V, F, F, F. d) F, V, V, V. e) F, F, V, V.

De acordo com a obra de Caio Fernando Abreu, responda:

16. Qual o estilo literário de Caio Fernando Abreu. Justifique sua resposta. ______

17. Quais suas características literárias? Explique. ______

O menino e o arco-íris

Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino (que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro. Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra. Conheceu o peru, a galinha-d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e continuou entediado como sempre. Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade. Quando pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível, ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal. O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema, não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas! Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio. E daí? (GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris. São Paulo: Ática, 2001. p. 5)

18. Como você descreveria o menino? ______

19. Por que o menino sempre abandonava as coisas que encontrava? ______

20. Movimento concretista no Brasil tem traços originários na revista Noigandres, publicada em 1952. Contudo, como movimento literário, passou realmente a ganhar força a partir da Exposição Nacional de Arte em São Paulo. Dessa forma, explicite os conhecimentos de que dispõe acerca das características que o demarcaram.

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