A Trajetória Dos Mutantes
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UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP DANIELA VIEIRA DOS SANTOS NÃO VÁ SE PERDER POR AÍ: a trajetória dos Mutantes ARARAQUARA – SÃO PAULO. 2008 Daniela Vieira dos Santos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Sociologia. Linha de pesquisa: Cultura, Representações Simbólicas e Pensamento Social. Orientadora: Profª. Drª. Eliana Maria de Melo Souza. Bolsa: FAPESP. ARARAQUARA – SÃO PAULO. 2008 Santos, Daniela Vieira dos Não vá se perder por aí: a trajetória dos Mutantes / Daniela Vieira dos Santos – 2008 177 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara 1 Orientador: Eliana Maria de Melo Souza l. Tropicalismo (Movimento musical). 2. Contracultura. 3. Industria cultural. I. Título. Daniela Vieira dos Santos NNNÃÃÃOOO VVVÁÁÁ SSSEEE PPPEEERRRDDDEEERRR PPPOOORRR AAAÍÍÍ::: AAA TTTRRRAAAJJJEEETTTÓÓÓRRRIIIAAA DDDOOOSSS MMMUUUTTTAAANNNTTTEEESSS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Sociologia. Linha de pesquisa: Cultura, Representações Simbólicas e Pensamento Social. Orientadora: Profª. Drª. Eliana Maria de Melo Souza. Bolsa: FAPESP. Data da defesa: 21/ 08/2008 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: Orientadora: Profª. Drª. Eliana Maria de Melo Souza UNESP/Faculdade de Ciências e Letras. Membro Titular: Prof. Dr. José Adriano Fenerick UNICAMP/ Universidade Estadual de Campinas. Membro Titular: Prof. Dr. José Roberto Zan UNICAMP/Universidade Estadual de Campinas. Local: Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Letras UNESP – Campus de Araraquara A meus pais, Otávio e Maria, que me escolheram para a vida com amor. AGRADECIMENTOS Ao lembrar das pessoas e das instituições que contribuíram ao desenvolvimento desta pesquisa, sou intensamente grata à minha orientadora Profª. Drª. Eliana Maria de Melo Souza, pela grande liberdade concedida na realização do trabalho, pois, indicou os caminhos mas não fez destes os únicos possíveis. Comigo desde o início da graduação, apresenta notável importância na construção da minha formação acadêmica. Um especial agradecimento ao amigo Profº. Drº. José Adriano Fenerick, presente tanto no exame de qualificação quanto na defesa, pela paciência em agüentar os meus vários desconfortos, me dando sempre apoio intelectual e emocional nos momentos em que pensava em desistir e, sobretudo, sem a estada dele na FCL jamais teria contato com o estudo da música popular brasileira nos moldes propostos pelo trabalho. Valeu Zé, muito obrigada! Ao Profº. Drº. Marcos Napolitano, também membro do exame de qualificação, pelas significativas intervenções para a continuidade desta pesquisa, sempre solícito a me ajudar. Ao Profº. Drº. José Roberto Zan, presente na defesa, cuja leitura atenta ao meu trabalho desanuviou alguns pontos importantes que eu ainda não conseguia perceber. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela concessão à bolsa de pesquisa, possibilitando que durante esses dois anos eu me dedicasse integralmente ao trabalho. Não poderia deixar de citar a ajuda, a compreensão e o conforto das amigas Aline Pedro, Carolina Gonçalves, Patrícia Leite e Flávia Leite. Agradeço aos colegas Bruno Cortina e Carlos Eduardo Paiva e a grande amiga Letícia Borges que gentilmente sempre me concedeu moradia em São Paulo para a realização empírica deste trabalho. Ao amigo Bruno de Castro Rubiatti pelas intensas discussões, muitas vezes virtuais e outrora em mesas de bar, sempre disposto a ouvir as minhas dúvidas e inquietações de toda ordem. O apoio e a preocupação das colegas do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Vanessa Daufenback e Elisângela dos Santos, pelas conversas e desabafos durante a realização do mestrado. Essas pessoas junto a mim tornaram essa empreitada mais leve. Também sou grata aos funcionários do Arquivo do Estado de São Paulo pela ajuda e pela compreensão com a pesquisadora de primeira viagem. RESUMO Essa pesquisa, com base numa abordagem sócio-histórica da canção, examina a produção musical dos Mutantes, conjunto de pop rock formado em 1966 por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Em especial, o nosso objetivo é o de entender o significado histórico do experimentalismo na trajetória do grupo entre fins da década de 1960 e meados da década de 1970, a fim de perceber o motivo da mudança sonora ocorrida no conjunto a partir de 1971. Além disso, procuramos perceber como essas “experimentações” estavam vinculadas aos aspectos mais evidentes da sociedade no período, como, por exemplo, a (re) estruturação da Indústria Cultural Brasileira. Tomamos como referência maior o movimento da contracultura que engendrou, não só no exterior como também no Brasil, significativas transformações na sociedade nos âmbitos moral, comportamental, político, cultural e ideológico. Ainda que possa parecer contraditório, entendemos que foi justamente a reorganização da Indústria Cultural Brasileira que contribuiu para que os Mutantes pudessem realizar as suas várias experimentações sonoras. Contudo, dada a configuração social no campo da música popular brasileira no período posterior à decretação do AI-5, destacando-se nesse campo o fechamento do mercado fonográfico à inventividade sonora e o fim dos festivais da canção, os Mutantes enveredaram para a vertente do rock progressivo, perdendo, portanto, a sua notável peculiaridade musical. A padronização dos instrumentos musicais a partir dos anos 70 também contribuiu substantivamente para que as suas músicas se tornassem pastiche dos grupos de rock anglo-americanos, em detrimento do aspecto paródico que caracterizou os seus primeiros trabalhos. Palavras-chave: Mutantes. MPB. Tropicalismo. Experimentalismo. Contracultura. Indústria Cultural. ABSTRACT This research, which was based on a socio-historical approach of the popular song, examines the musical production of the Mutantes, a pop rock group created in 1966 by Rita Lee, Arnaldo Baptista and Sergio Dias. In particular, our goal is to comprehend the historical meaning of “experimentalism” in the trajectory of the group during the period between the end of the sixties and the mid-seventies, in order to identify the reasons for the resonant change which took place in the group from 1971 on. Furthermore, we try to understand how these “experimentations” were linked to the evident aspects of the society of the period, such as the reorganization of the Brazilian Culture Industry. We considered as reference the large countercultural movement, which not only abroad but also in Brazil led to important moral, behavioral, political, cultural and ideological transformations in society. Although it may seem contradictory, we believe that it was precisely the reorganization of the Brazilian Cultural Industry that contributed to the Mutantes’ achievements in their various musical experimentations. However, given the social scenario in Brazilian popular music of the period after the AI-5 Bill, which led, among other things to the closing of the phonographic market in its inventiveness, and to the end of the “Song Festivals”, the Mutantes head for progressive rock, thus losing their remarkable musical peculiarities. The standardization of the musical instruments as from the 70’s resulted on the Mutantes’ poor imitation of American-English rock, loosing their parody aspect which characterized their early records. Keys-words: Mutantes. MPB. Tropicalismo. Experimentalism. Counterculture. Cultural Industry. LISTA DE FOTOS Foto 1 Mutantes apresentando a canção Mágica p.21 Foto 2 Mutantes com Gilberto Gil ensaiando p.26 Foto 3 Mutantes e Guitarra Elétrica p. 27 Foto 4 Mutantes e Contracultura p. 41 Foto 5 Apresentação de Dom Quixote p. 43 Foto 6 Apresentação de Dois mil e Um p. 44 Foto 7 Programa Divino Maravilhoso p.45 Foto 8 Comercial da Shell p. 49 Foto 9 Contracapa do LP A Divina Comédia... p. 55 Foto 10 Rita Lee p. 58 Foto 11 Mutantes acompanhando Caetano Veloso p. 63 Foto 12 Mutantes no III FIC p. 72 Foto 13 Os Mutantes p. 73 Foto 14 Mutantes apresentando Caminhante Noturno p. 79 Foto 15 Mutantes no festival p. 80 Foto 16 Mutantes ensaiando p.99 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................. 9 1 Contracultura e Mercado Musical: os Mutantes em contexto....19 1.1 Anos 60: Mutantes em cena........................................................................19 1.1.1 Anos 70: a cena Mutante..........................................................................40 2 Do bom humor ao hedonismo: tropicalismo e rock’n’roll ...........62 2.1 It´s very nice pra xuxu: a experiência tropicalista dos Mutantes .................62 2.1.1 Loucura pouca é bobagem: rock’n’ roll & tecnologia.............................84 3 Aspectos da Canção......................................................................105 3.1 Panis et circenses: a experimentação mutante...........................................105 3.1.1 Dom Quixote: o procedimento tropicalista.............................................108 3.1.2 Ando meio desligado: rock’n’roll & contracultura.................................122 3.3 Tudo explodindo: a “grandiosidade” mutante............................................133