Os Mutantes Ainda Vivem Chrisfuscaldo
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ZH 2º CADERNO LIVRO ZERO HORA | SEGUNDO CADERNO 5 TERÇA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2018 Autora também canta e compõe Não bastasse o livro sobre os para samba-rock. Mutantes, pesquisado, escrito e Mundo Ficção, que abre o disco, editado com muita competência, também é um pop que vira tan- Chris Fuscaldo revela-se também go. Você Não Serve Pra Mim (Re- DISCO- uma compositora e cantora talen- nato Barros), antigo sucesso de BIOGRAFIA tosa, como mostra seu álbum de Roberto Carlos, é um tango mais FLORIANO BORTOLUZZI, BD, 24/03/1969 BD, BORTOLUZZI, FLORIANO MUTANTE estreia, Mundo Ficção, cujo forma- explícito com guitarras fortes. De Chris to físico também está saindo agora. Também sucesso antigo e de ou- Fuscaldo É basicamente uma parceria dela tro autor, Dalto, Muito Estranho é Lançamento com o músico argentino (radica- MPB pop. Parceria com Hyldon Garota FM do no Rio) Juan Cardoni, que toca com ele cantando junto, Enigma Books, R$ 80 em www. (muito bem) todos os instrumentos (Entro no seu jogo) é um reggae. chrisfuscaldo. em quase todas as faixas. Tem rock, Selfie-se Quem Puder, com.br. Escritas com inspiração e boas ritmo regional, o coco De Repente Nas livrarias, ideias, as letras de Chris são tão na Cidade, de Taís Sales. Fecham R$ 100. abertas quanto as canções. “Ma- o álbum, duas canções de domí- nifestantes e artistas/ homens- nio público, emendadas: Se Essa -bomba, terroristas/ Comem na Rua Fosse Minha, que Chris canta minha mão/ O povo da TV, do rá- meigamente, e Pombinha Branca, dio, do PT... Que auê/ Comem na tornada quase um hardcore, com minha mão, ela canta em Minha interpretação ríspida. Bela sur- Menina, Não, um pop com queda presa. (Juarez Fonseca) TATYNNE LAURIA, DIVULGAÇÃO Sérgio Dias, Rita Lee e Arnaldo Baptista Lee em 1969 e na capa do primeiro disco de 1968 MUNDO (no detalhe) FICÇÃO De Chris Fuscaldo Garota FM Music, R$ 20 em Os Mutantes ainda vivem chrisfuscaldo. com.br Escritora, cantora e compositora, Chris lança primeiro disco LIVRO DESTALHA TRAJETÓRIA da banda nos 50 anos do primeiro disco JUAREZ FONSECA* 1966, no programa O Pequeno mergulhou fundo na pesquisa. Mundo de Ronnie Von, na TV E escreve muito bem. Os dis- vestido de noiva com Record – o nome da banda (que cos analisados são Os Mutan- que Rita Lee apare- antes se chamava Os Bruxos) tes (1968), Mutantes (1969), A ceu no Festival Inter- foi sugestão de Ronnie, que es- Divina Comédia ou Ando Meio nacional da Canção, tava lendo o livro O Império dos Desligado (1970), Build Up (solo Oem 1968, para defender com os Mutantes, de ficção-científica, de Rita, 1970), Tecnicolor (gra- Mutantes a música Caminhante gênero de que também gosta- vado em 1970 em Paris, só lan- Noturno, foi uma ideia da atriz vam. Depois, Chris situa o trio çado em 2000), Jardim Elétrico Leila Diniz, que o usara na tele- na Tropicália. (1971), Mutantes e Seus Cometas novela O Sheik de Agadir e o se- A convivência com Gilberto no País do Baurets (1972) e Ho- parou para Rita no guarda-rou- Gil, Caetano Veloso, Tom Zé e o je é o Primeiro Dia do Resto da pa da TV Globo. O vestido seria maestro Rogério Duprat, entre Sua Vida (solo de Rita mas com usado ainda em outro festival e outros, e o ambiente dos festi- participação de todos, 1972). Aí está até hoje com Rita. Essa é vais formaram o caldo de cul- vem o fim do casamento com uma das minúcias do livro Dis- tura para que eles descobrissem Arnaldo, ela deixa a banda e vi- cobiografia Mutante – Álbuns seu próprio estilo. Ao examinar ra estrela. que revolucionaram a música os discos, Chris vai reunindo Mas Chris considera que não brasileira, da jornalista, mestre elementos sobre as personali- terminou ali. Inclui o disco so- em Letras, cantora e composito- dades de Arnaldo, Sérgio e Rita lo de Arnaldo, Loki? (1975), e os ra carioca Chris Fuscaldo, auto- (eram muito diferentes), sobre demais feitos sem Rita e sem Ar- ra da Discobiografia Legionária os processos da criação, as rela- naldo (entre 1974 – 2016), com (2016), sobre a Legião Urbana, ções com o mercado musical, as um som completamente dife- que já tem pronta a biografia loucuramas da época etc. Eles rente, restando somente o nome de Zé Ramalho e trabalha na de viveram o lema sexo, drogas e Mutantes. Sem falar que a banda Belchior. rock’n’roll. A atenção clínica da original se tornou referência in- Bilíngue português-inglês, o autora para os detalhes é im- ternacional. Ela justifica: livro conta a história da banda pressionante. Ficamos sabendo, – Acredito que o desejo de através de seus discos, lançados por exemplo, que o que Rita Sérgio, de manter os Mutantes a partir de 1968. Como tudo co- veste na foto da capa do primei- vivo, torna ele um eterno Mu- meçou, na verdade, dois anos ro disco é “uma toalha de mesa tante. É legítima a retomada antes, Chris faz uma introdução que sua mãe havia comprado da banda que ele fez em 2006 para situar os passos iniciais dos em um bazar beneficente”. (com Zélia Duncan, no disco irmãos Sérgio e Arnaldo Dias As historinhas “pequenas” gravado em Londres) e mantém Baptista e de Rita Lee. Os ma- dão sabor extra ao relato, o vi- até hoje. Não à toa, os shows nos com sua turma, Rita com a vificam. Chris obviamente, que- dessa nova formação seguem dela, começaram com grupos ria estar lá. Diante da impossi- arrastando multidões. adolescentes típicos. A primeira bilidade, pois nasceu em 1980, apresentação como Os Mutan- oito anos depois da separação * Jornalista, crítico musical e colunista tes deu-se em 15 de outubro de dos Mutantes originais, ela de Zero Hora.