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Nã Batalha Pelo Direito De Imagem E De Voz, As Estrelas Brigam Em Brasília

Nã Batalha Pelo Direito De Imagem E De Voz, As Estrelas Brigam Em Brasília

Oby JORNAL DO BRASRASIH i\itfCs 2 o CADERNO B o segunda-feira, 25/7/88 Artistas x Constituinte Nã batalha pelo direito de imagem e de voz, as estrelas brigam em Brasília

BRASILIA — A vitória mais importante artista vende o seu produto (a arte) para a conseguida pelos artistas no primeiro turno de empresa e esta, como proprietária da votação da Constituinte, a nova mercadoria, pode fazer dela o que bem regulamentação ao direito autoral sobre entender". Se prevalecer o que foi conseguido imagem e voz reproduzidas em obra coletiva, no primeiro turno, os artistas terão corre o risco de ser anulada no segundo turno. assegurado participação nos ganhos das Os artistas começam a se mobilizar para emissoras de rádio e TV e dos estúdios de evitar que tenham êxito as emendas cinema e fotografia, assim que sua imagem for supressivas apresentadas pelos deputados Luiz comercializada. Ameaçados por essa Eduardo e Ângelo Magalhães, ambos do PFL baiano e respectivamente Jilho e irmão do possibilidade, os artistas se articulam. ministro das Comunicações, Antônio Carlos Planejam ir a Brasilia defender o que Magalhães. consideram uma lei mais justa, com o poder "Eu entendo, diz o deputado Ângelo de fogo de estrelas apoiando para que no final Magalhães, que numa emissora de televisão o possam aplaudir a sua vitória.

M agosto do ano passado a Custódio Coimbra atrizLuma de Oliveira conse­ Fernanda E guiu retirar das ruas do Rio, São Paulo e Niterói centenas de Montenegro outdoors, em que aparecia vertida llO direito autoral fica num maio da marca Gota D'Agua, f »sempre a critério da porque a firma não tinha autoriza­ empresa produtora. Você ção para usar sua imagem fora do é apenas comunicado, não estado do Ceará, onde ela fizera as pode acompanhar o traje­ fotos. O ator Francisco Cuoco rece­ to do negócio. Esse é mais beu quase Cz$ 7 millhões da editora um dos desvãos do poder Blocn, acionada porque a revista no Brasil, tentando tirar o Sétimo Céu publicou uma fotono- poder legal da maioria. vela contando sua vida através da Existe todo um movimento montagem de fotos suas e da famí­ m Acho isso uma espo- subterrâneo do verdadei­ lia. Mas a questão dos direitos auto- f \ liação. Tirar o direi­ ro poder que se estabele­ riais no Brasil nem sempre resulta to do artista criador. É o ceu nesse país que impede em favor do artista. Atualmente, que eu chamaria de "as­ a divisão justa. Está tudo por exemplo, a advogada Eny Mo­ salto a mão constitucio­ dentro do espírito desta reira está com dois processos cor­ nal". Logo agora que eu coisa que está no ar. In­ rendo na Justiça, ainda sem solu­ estava esperando que es­ felizmente as forças ção: o do ator Carlos Vereza que sa emenda passasse para ocultas não são tão comprou uma briga contra o produ­ cobrar o que estão mm ocultas assim, mas mm tor do filme Memórias do Cárcere, são grandes forças, wm de Luiz Carlos Barreto, onde inter­ me devendo por aí. ww preta o escritor , 3ue cedeu um fotograma seu para Dilmar Cavalher Divulgação ustrar a capa do livro original, a Beatriz Segall Lucélia Santos partir da 16a edição, e outro do fotógrafo Carlos Abrunhosa. O fotó­ W Não é só esse o ab- grafo, autor de um trabalho vence­ f \ surdo que vai acon­ dor num concurso internacional em tecer na segunda etapa 1970 durante a Copa do Mundo — da Constituinte. Outros Pele comemorando o gol da vitória também se aproximam. contra a Tcheco-Eslováquia pulan­ As forças reacionárias do no ar com o punho fechado — vão colocar as unhas de teve sua foto incluída no filme Isto fora para acabar tam­ é Pele reproduzida na capa do invó­ bém com os direitos das lucro do videocassete sem crédito e m Só posso definir mulheres, das emprega­ pagamento nenhum e totalmente f \ uma emenda dessas das domésticas. Não mutilada. Os dois processos estão com a palavra desonesti­ quero nem imaginar o na Justiça desde julho do ano pas­ dade. É desonesto al­ que esses caras vão fazer sado. guém, usar sua imagem na segunda etapa. Se de­ A advogada Eny Moreira, que gratuitamente sem que pender dos filhos do An­ cuida de grande parte dos casos dos você não tenha nenhum tônio Carlos Magalhães, artistas brasileiros, çstá revoltada controle sobre ela. Todas estaremos de mal a com a emenda de Ângelo e Luiz as novelas que fiz foram pior. Esse é apenas um Eduardo Magalhães e assegura que vendidas para o exte­ aspecto de tantos pro­ a dupla está agindo de encomenda rior e o que recebi || blemas que devem como legítima representante do po­ foi irrisório. WW ser examinados. W der econômico. Segundo ela, uma emenda desse tipo é uma "mons­ truosidade" que só pode sair da Zezé Motta Maria Padilha cabeça de homens desse naipe. — Mas não acredito que ela passe porque ainda temos homens H Esses filhos do An- decentes na Constituinte. Além do f \tônio Carlos Maga­ mais, acredito no bom senso dos lhães são chocantes co­ que participam dela. Eles sabem mo ele. As pessoas vivem ue o Brasil está precisando se ver dizendo que a coisa mais 2vre desse tipo de gente, que não chocante deste país é o passam de assaltantes legalizados. Sarney, mas eu acho São eles que atrapalham o desen­ muito mais chocante ter volvimento brasileiro sempre com­ um homem desses no go­ pactuando com a indecência e imo­ verno. Depois de tudo ralidade. que a gente passou... Agora mesmo a advogada está Não tenho palavras pa­ com um processo criminal contra a ra interpretar essa TV Manchete que utilizou músicas p A tentativa de reti- emenda. Mas sou uma da pesquisadora Marie Thèrèse f % rar essa emenda é pessoa a favor da espe­ Odette Dias, da Universidade de mais um voto para a cor­ rança. Acho que a classe Brasília, na trilha sonora de duas rupção nesse país. tem que se mobilizar e novelas: Dona Beija e Marquesa de Além de um des-1 lutar pelos seus di- mm Santos. respeito ao artista. WW reitos cada vez mais. WT. A vice-presidente do Sindicato dos Artistas, Alice Viveiros de Cas­ tro, explica que existem três emen­ Marco Antônio Teixeira Marco Antônio Teixeira das pedindo a retirada total da Cristina Pereira questão do direito autoral na Cons­ tituição. Existem outras 11 emen­ das que mantêm o direito autoral, mas retiram a questão da fiscaliza­ m o direito autoral é o ção pelos sindicatos. Terça-feira, f \ patrimônio do artis­ uma comissão presidida pelo presi­ f M É evidente que eu ta. E fundamental que dente do sindicato, Sérgio Sanchez, \ quero ter o direito saibamos exatamente o irá a Brasília conversar com os de fiscalizar meus direi­ que a gente tem, o que constituintes e fazer corpo a corpo. tos. É preciso que exista está acontecendo com o Para a classe o assunto é de vital um órgão normativo — trabalho que se fez. E importância já que envolve direitos no nosso caso, o sindica­ mais do que justo que imensos como, por exemplo, o da to — para ser o media­ tenhamos ganhos sobre televisão. "O artista nunca sabe dor. Eu, como e enquan­ nosso trabalho. Infeliz­ sequer para onde foi vendido seu to artista, vou lutar por mente nunca se sabe o trabalho nem em que condições foi isso. Já tive vários traba­ valor das vendas. Acho vendido. As emissoras apresentam lhos vendidos para o ex­ que precisamos nos or­ o papel e pagam um percentual terior — O astro, Baila ganizar para conseguir arbitrado por elas. Por isso é essen­ comigo, Pai herói, Che­ atuar melhor. Pressin­ cial que exista a fiscalização, única ga mais, Selva de pedra to que vamos ter de me­ coisa que poderá garantir o direito e recebi pagamen- mm xer muito nesse MM do artista*, diz Alice. tos irrisórios. WW caldeirão. ##