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Do Horário Nobre à Sessão da Tarde: a Reprise de na Discussão do Agendamento e do Espetáculo Midiático1

Keila Mara dos Reis2 Ricardo Ramos Carneiro da Cunha3 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

Resumo

Este artigo visa propor uma reflexão acerca da novela O Rei do Gado e sua contextualização temática nas temporalidades da primeira exibição e da terceira reprise. Fundamentados teoricamente nos conceitos de agendamento (MAXWELL & McCOMBS, 2009) e de “sociedade do espetáculo”(DEBORD, 1997), estabelecemos um comparativo da abordagem feita em relação as questões fundiárias e políticas nos gêneros telejornalismo e teledramaturgia. Enquanto na década de 90, a reforma agrária era pauta constante nas manchetes jornalísticas, em 2015 a reapresentação da novela expõe o assunto a gerações mais novas e resgata a memória afetiva da antiga audiência.

Palavras-chave

Telejornalismo; teledramaturgia; agendamento; novela; espetáculo.

Introdução

Na sociedade mediatizada, as tênues fronteiras entre o real e a ficção dialogam entre si e convidam a audiência para diferentes temporalidades, resgatando histórias, debates e vivências. A reprise em 2015 de um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira ajuda a entender essa reflexão. Ao abordar temáticas já não mais tão factuais no jornalismo, a novela O Rei do Gado desperta a discussão acerca do agendamento midiático e da espetacularização das notícias. Nos primeiros meses deste ano, ao reprisar pela terceira vez a , a Rede Globo reapresenta a temática fundiária num momento em que o assunto já não pauta o jornalismo com o mesmo impacto que agendou a mídia em 1996, quando foi exibida a versão original da trama. Na época, a audiência vinha mobilizada pelos trágicos desdobramentos da morte de 19 trabalhadores sem-terra no Pará e via, nas cenas do horário nobre, uma representação dramática do tema em evidência naquele instante. Em 2015, a

1 Trabalho apresentado no GP Telejornalismo, XV Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Mestra em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – (PUCRS). E-mail: [email protected] 3 Mestre em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – (PUCRS). E-mail: [email protected]

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reprise, na TV aberta, durante as tardes da semana, pode não atrair pela factualidade das histórias, mas sim pelo apelo afetivo fomentado no imaginário do público. Desta maneira, pretende-se realizar um cruzamento teórico analítico entre os gêneros da televisão – telejornalismo e teledramaturgia4 - no intuito de refletir sobre as categorias entretenimento e informação (Souza, 2004, p. 92) na abordagem de um tópico em comum: atuação do Movimento Sem Terra na luta pela reforma agrária e os atores nela envolvidos (políticos, proprietários rurais e trabalhadores). Busca-se ainda, apontar como os assuntos orbitam entre os gêneros e entre as mídias, ampliando o alcance das narrativas a diferentes públicos.

A Vida Real

A luta pela terra no Brasil está associada historicamente à sua colonização, quando, por volta de 1530, surgiram as capitanias hereditárias e, logo, em seguida, o sistema de sesmarias (grandes glebas distribuídas pela Coroa portuguesa a quem se dispusesse a cultivá-las dando em troca um sexto da produção), originando os primeiros latifúndios do país. De lá para cá, a questão fundiária tornou-se, sobretudo, uma disputa política e ideológica, especialmente quando se inseriu no debate da sociedade (entre 1950 e 1960), com o aparecimento das Ligas Camponesas no Nordeste. Essas Ligas, criadas em 1945, brigavam pela distribuição de terra e foram intensamente combatidas durante o período militar. Contraditoriamente, ao mesmo tempo em que perseguia as Ligas Camponesas, o governo militar do general Humberto de Alencar Castello Branco deu o primeiro passo em direção à reforma agrária no Brasil, com a edição do Estatuto da Terra, em 1964, que regulamentou os “direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução de Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola”5. Obra do regime ditatorial instalado pelo golpe de 31 de março de 1964, o documento (assinado por Castello Branco) foi uma resposta às lutas camponesas daquela época. Sua criação (oito meses depois do golpe) estava ligada ao clima de insatisfação no meio rural e ao temor do governo e da elite conservadora de uma revolução no campo.

4 Embora se reconheça a distinção, neste trabalho os gêneros teledramaturgia e novela serão tratados como sinônimos a fim de referenciar uma produção ficcional de televisão. 5 Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de 1964: “dispõe sobre o Estatuto da Terra e dá outras providências”. Essa legislação conceitua reforma agrária e inaugura a discussão sobre as funções sociais da propriedade da terra, que são: bem-estar dos proprietários e trabalhadores, manutenção dos índices de produtividade, conservação dos recursos naturais e observação das disposições legais trabalhistas. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4504.htm >. Acesso em 26 out. 2014.

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Com o fim do regime militar e início do processo de redemocratização do país, a partir de 1985, a temática da reforma agrária reapareceu na agenda pública. Durante a Nova República (1985-1989), a questão agrária esteve quase sempre no centro do debate político do país. De acordo com Mattei (2005), contribuíram para isso a conjuntura política nacional que se estabelecia, além do aparecimento de movimentos sociais organizados, tanto a favor da reforma agrária – caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) – como os contrários – caso da União Democrática Ruralista (UDR) e das grandes cooperativas agropecuárias, as quais alimentavam o debate continuamente e, em muitas situações, provocavam confrontos. Segundo o autor, do ponto de vista institucional, a elaboração da nova Constituição do país (1986-1988), aliada à promulgação do I Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), manteve viva parte das contradições da sociedade brasileira, as quais ganhavam grande expressão por meio dos segmentos sociais agrários (MATTEI, 2005, p. 170).

Com relação ao tratamento dado pelos governos brasileiros à temática da reforma agrária, salienta-se a formação de diferentes ministérios no decorrer da história. O primeiro associado diretamente a essa problematização foi criado no governo de João Baptista Figueiredo, em 1982, como herança das ideias de Castello Branco. Então, foi instituído o Ministério Extraordinário para Assuntos Fundiários (Meaf), por meio do Decreto nº. 87.457, o qual também cuidava do Programa Nacional de Política Fundiária do país. Três anos depois, o presidente José Sarney criou o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário (Mirad) através do Decreto nº. 91.214 de abril de 1985. O Mirad era uma proposta que integrava o programa de governo de Tancredo Neves (morto antes de assumir a presidência da república, naquele mesmo ano), e funcionou até janeiro de 1989, quando a Medida Provisória nº 29 o extinguiu. No ano seguinte, durante o mandato do presidente Fernando Collor de Mello, o Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário foi incorporado ao Ministério da Agricultura. Paralelo às ações governamentais, surge o Movimento dos Sem Terra (MST6). Criado na década de 1960 e formado por famílias que questionavam o modelo de concentração fundiária, o MST foi ganhando força ao longo do tempo. A primeira vez que se ouviu falar em reforma agrária foi durante o governo do presidente João Goulart, que

6 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2015.

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prometia implantar as reformas de base, entre as quais estava a distribuição de terras para aquelas pessoas que haviam migrado para as cidades e desejavam retornar ao campo. No regime militar (1964-1985), o movimento permaneceu ativo e ganhou o apoio da ala progressista da igreja católica. No governo do presidente Castello Branco, foi criada a primeira Lei de Reforma Agrária. Ganhou o nome de Estatuto da Terra, no entanto, nunca chegou a ser colocada em prática. “Entre os anos de 1965 e 1981, foram realizadas em média oito desapropriações de terra por ano” (MST, 2015). Nas décadas seguintes, vários conflitos foram registrados envolvendo os sem-terra e os produtores rurais, inclusive com mortes dos envolvidos. Segundo o MST, no Brasil atualmente existem 130 mil famílias acampadas e 370 mil assentadas. “A reforma agrária, se ampla e acompanhada de instrumentos adequados, é essencial para redefinir a estratégia de desenvolvimento de um país” (MALUF, 2007, p. 134). Nas décadas de 80 e 90, assim como no início dos anos 2000, o tema reforma agrária pautou os noticiários dos mais diferentes veículos de comunicação do país. O MST foi um dos poucos movimentos sociais que conseguiu permanecer durante tanto tempo em destaque na mídia. Mérito das lideranças do MST que na época promoviam ações “espetaculares” de invasão de propriedades rurais ou manifestações nos grandes centros urbanos que serviam para chamar a atenção dos brasileiros sobre o assunto. Ao realizar os protestos os trabalhadores rurais sem-terra estavam influenciando a atividade jornalística, uma vez que “na seleção diária e apresentação de notícias, os editores e diretores de redação focam nossa atenção e influenciam nossas percepções naquelas que são as mais importantes questões do dia” (MAXWELL & McCOMBS, 2009, p.17). Essa estratégia dos veículos noticiosos ficou conhecida como agenda setting7. Outra tática de agendamento da mídia usada pelo MST era disponibilizar os líderes do movimento como fontes de entrevistas, embora retaliassem, não atendendo os jornalistas dos veículos que questionavam suas ações. No jornalismo, “as fontes são um fator determinante para a qualidade da informação produzida pelos meios de comunicação de massa” (WOLF, 2012, p.233). Ainda que fossem integrantes ou representantes do grupo, eles tinham a capacidade de fornecer dados fidedignos sobre a organização das atividades, embora há de se reconhecer que as fontes “não são desinteressadas” (TRAQUINA, 1999, p.172). Ao contribuir para a produção de notícias a partir de seus protestos, os sem-terra

7 Uma interpretação do conceito agenda-setting defende a ideia de que os consumidores de notícias tendem a considerar mais importante os assuntos que são veiculados na imprensa, sugerindo que os meios de comunicação agendam nossas conversas, ou seja, a mídia nos diz sobre o que falar (PENA, 2012, p.142).

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deram visibilidade midiática ao movimento e contribuíram para que a causa da redistribuição de terras, visando diminuir as desigualdades sociais no país, chegasse às discussões do grande público via veículos de comunicação. Se aparentemente fica a ideia de que a imprensa e o movimento mantinham uma relação harmônica, é preciso desfazer esse pressuposto já que “para o MST a mídia era parte da burguesia que usava os meios de comunicação para ganhar dinheiro e para controlar o que o povo deveria assistir e ler” (STÉDILE, 2005). Um dos pontos de atrito foi sempre o uso do termo “invasão” por parte dos jornalistas, enquanto que os coordenadores do movimento referiam-se a “ocupações”, uma vez que diziam não tomar a propriedade de ninguém, mas sim executavam táticas com o intuito de chamar a atenção das autoridades para o problema fundiário. Independente da conceituação, a relação foi conveniente para as ambas as partes. Para o MST porque, através da imprensa, comunicava-se com as massas e para a mídia porque precisava diariamente de fatos novos para chamar a atenção do seu público. “A ação midiática só é possível pelo contexto atual da sociedade midiatizada e, em decorrência, da política midiatizada” (MELO, 2007, p.82). Legitimado pela imprensa, o MST concentrou suas ações nos anos 80 e 90 em uma série de invasões/ocupações de fazendas que eram a principal forma de pressão do movimento. Junto com esses atos, novos símbolos foram incorporados ao dia a dia dos brasileiros, que passaram a associar o movimento às bandeiras vermelhas, às cenas de agricultores caminhando por estradas e ruas das cidades carregando enxadas e foices e aos acampamentos cobertos com lonas plásticas pretas erguidos ao longo das rodovias. Por um momento a causa da reforma agrária ganhou apoio da sociedade civil que passou a entender que a redistribuição de terras era uma necessidade premente. No entanto, o recrudescimento de ações com violência e o cerceamento do direito de ir e vir dos cidadãos, que ficavam impedidos de se locomover por conta dos bloqueios de estradas, despertaram nos brasileiros um sentimento de desaprovação do MST. A superexposição da temática nos noticiários também acabou contribuindo para que o assunto deixasse de ter tanto interesse pelo público, afinal de contas “a luta pela terra e a questão da reforma agrária não são em si notícia no Brasil. Por um lado porque ela é a mesma há muitos anos e, assim, não corresponde ao critério de ser notícia” (BERGER, 1998, p.109). As mudanças sociais identificadas em meados do ano 2000 levaram o MST a buscar novos tipos de ações para pressionar o governo em relação a reforma agrária e recuperar o apoio da sociedade. Se as invasões/ocupações não chamavam mais a atenção para a causa,

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as lideranças concentraram seus protestos em duas temáticas que envolviam as grandes propriedades rurais: a biotecnologia e o plantio de eucalipto para produção de celulose. Contra os transgênicos a manifestação mais “espetacular” aconteceu em 2001, na cidade gaúcha de Não-Me-Toque onde ficava uma das áreas de experiências com a soja geneticamente modificada da empresa americana Monsanto. O protesto foi organizado pelo movimento e contou com a presença do sindicalista francês, Joseph Bové, que estava no Brasil para participar do Fórum Social Mundial. Contrário a globalização, Bové comandou a destruição de uma área de dois hectares plantada com soja transgênica. O assunto foi destaque não só no Brasil, mas ganhou também espaço nas mídias internacionais. Em 2006, em uma ação do grupo Via Campesina, liderado por mulheres sem-terra, foi a vez do laboratório agroflorestal da empresa Aracruz Celulose, ser destruído na cidade gaúcha de Guaíba. O ato teve como objetivo criticar o estímulo que estava sendo dado aos agricultores para plantarem eucalipto no sul do Brasil. Os dois exemplos trazidos para este artigo justificam a ideia que o MST nas décadas de 80, 90 e início dos anos 2000, pautou os veículos de comunicação e chamou a atenção da sociedade para sua causa, a partir de representações midiáticas. “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens” (DEBORD, 1997, p.14). O conceito de “sociedade do espetáculo” foi desenvolvido pelo teórico francês Guy Debord (1997) e seus companheiros da Internacional Situacionista. Em 1960, eles preconizavam que a mídia e a sociedade de consumo eram organizadas em torno da produção e consumo de imagens, mercadorias e eventos culturais. Também criticavam o uso da imagem na transformação do homem em um ser passivo em relação aos valores do capitalismo. Aplicando essa teoria ao tema em análise, conclui-se que o MST, como uma representação da sociedade contemporânea, expressava-se, preferencialmente, a partir do espetáculo midiático. Tomando como referência para análise a invasão/ocupação de terra numa zona rural e mostrada nos noticiários da televisão, reconhece-se a condição de passividade do telespectador ao tomar contato com a informação, no entanto se a notícia apresentada na TV for um protesto do movimento na cidade e que afetou a vida do cidadão, ele rompe a condição de consumidor passivo e coloca esse tema na agenda da discussão com familiares e amigos, estabelecendo o chamado laço social. Assim, este artigo não busca analisar a condição do telespectador no espetáculo promovido pelo MST, mas sim perceber que as

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ações dos seus integrantes agendavam o debate em torno da reforma agrária. Favoráveis ou contrários à causa, os brasileiros emitiam opiniões sobre o assunto, confirmando que o espetáculo é uma relação mediatizada entre as pessoas (DEBORD, 1997). Se hoje o espetáculo encontra maior repercussão nas novas plataformas comunicacionais, como a internet, por exemplo, não podemos esquecer que a TV, por seu caráter popular e democrático, foi uma mídia preferencial para a promoção do espetáculo (KELLNER, 2006). Na televisão, onde a sedução do público é feita pela imagem, a temática fundiária, no período em análise, passou a dominar os telejornais, principalmente pelas cenas impactantes que as ações produziam. “Os produtos jornalísticos são produtos culturais e, nessa condição, fazem o seu próprio espetáculo para a plateia” (BUCCI, 1997, p.29). Com essa lógica e se valendo do fator surpresa e ineditismo o MST pautou suas ações que durante muito tempo foram destaques nos principais telejornais do país. No ápice do agendamento da questão fundiária, o assunto se estendeu para outros gêneros televisivos Na programação das emissoras brasileiras quase sempre os telejornais antecedem as novelas. Bucci (1997) usou a expressão “ensanduichar” para dizer que o hábito da população em assistir ao noticioso na TV está diretamente associado ao costume de ver ficções seriadas. Sendo assim, o espetáculo não estava mais restrito ao jornalismo, mas se expandia para a teledramaturgia. Para o autor, as novelas nada mais eram do que uma síntese do Brasil. O novelão das oito trabalha com tramas fictícias, por certo, mas alimentando-as, movendo-as estão as tensões reais vividas pelo telespectador. O diálogo entre a realidade do cidadão e o enredo imaginário sugerido pela novela produz obras que comportam vários níveis de entendimento – e de eficiência. É ingenuidade supor que novelas não passem de roteirinhos à toa. Há nelas, obrigatoriamente, uma complexidade que apenas se apresenta superficial. Sem essa complexidade (que constitui o âmago da difícil arte do novelista), ela deixa de atrair o público (BUCCI, 1997, p. 32).

Paralelo ao “efeito sanduíche” (BUCCI, 1997), a “sociedade do horário nobre” (HAMBURGER, 2005, p. 24) valoriza as produções fictícias, espetacularizando a realidade através da dramaturgia. Assim, roteiristas e novelistas adotam a estratégia de abordar problemas sócio-econômicos brasileiros, no intuito de aproximar-se de sua audiência, mas também a fim de inserir temas polêmicos no debate da sociedade8.

8 Entende-se que muitos outros fatores determinantes influenciam os roteiros, a produção e a exibição das novelas (como econômicos, ideológicos, etc.). Contudo, este artigo não visa explorá-los, mas sim justificar o agendamento de temas reais em ficções seriadas.

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A Ficção

A telenovela é um gênero da televisão, incluída na categoria entretenimento (SOUZA, 2004). Estudos sobre as culturas contemporâneas indicam que na América Latina ela “tem uma função simbólica chave na vida de milhões de pessoas” (MCANANY; LA PASTINA, 1994, p. 19), pois provoca reações que vão da dependência econômica e cultural a questionamentos e mudanças em termos sociológicos e demográficos. As primeiras datam de meados dos anos 50, tanto no Brasil quanto no México, Venezuela e . A produção brasileira é mundialmente conhecida pela riqueza na sua elaboração e pela aceitação junto à audiência9. Entre os anos 1970 e 1980, durante a fase de consolidação da indústria televisiva nacional (sob o domínio da Rede Globo), as novelas passaram a ocupar a posição de um dos programas mais populares e lucrativos da televisão, e é por seu intermédio que as emissoras competem pela audiência.

Durante os anos 1970 e 1980, a novela se consolidou como repertório compartilhado entre os segmentos mais diversos do público; nos anos 1990, ligeiramente enfraquecida pela redução da audiência, ela continuou a captar e expressar noções contraditórias sobre as relações entre domínios como masculino e feminino, público e privado, política e intimidade, notícia e ficção, mas a segmentação de audiências, de produtores e programadores colocou em questão a possibilidade de uma representação nacional (HAMBURGER, 2005, p. 38).

De acordo com McAnany e La Pastina (1994), o Brasil inovou ao incorporar preocupações sociais e políticas. Exemplo é a novela O Rei do Gado que abordou pela primeira vez a reforma agrária e a disputa (ideológica e política) pela terra no país. Produzida pela Rede Globo, ela foi ao ar pela primeira vez entre 17 de junho de 1996 e 14 de fevereiro de 1997, em 209 capítulos. A história de amor do pecuarista Bruno Mezenga (interpretado pelo ator Antônio Fagundes) e da boia-fria e sem-terra Luana (Patrícia Pillar), descendentes de famílias rivais de imigrantes italianos (os Mezenga e os Berdinazi), alcançou recordes de audiência naquele período (52 pontos em média) e se tornou um dos maiores sucessos da teledramaturgia nacional (segundo pesquisadores e críticos da área). A novela foi reprisada três vezes: em versão reduzida (110 capítulos) na sessão Vale a Pena Ver de Novo, às tardes na Rede Globo, de março a agosto de 1999; em edição completa no Canal Viva, de fevereiro a novembro de 2011; e a mais recente, novamente no

9 Cabe destacar que a audiência das telenovelas é diversa e não se restringe somente a mulheres de classes econônimas e sociais mais baixas (MCANANY; LA PASTINA, 1994).

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Vale a Pena Ver de Novo. Conforme publicações especializadas em televisão10, a última reapresentação – de 12 de janeiro a 07 de agosto de 2015 – alcançou picos de audiência inéditos para o horário (média de 14 a 26 pontos, essa última é mais que a soma da pontuação das outras três emissoras em canal aberto). Escrita por Benedito Ruy Barbosa, a trama original trouxe à tona provocações sociais que ultrapassavam a ficção – conflito entre agricultores e latifundiários e a corrupção na política – no exato momento em que o MST intensificava suas manifestações em todo o país. A morte de 19 trabalhadores sem-terra em confronto com a polícia militar, em Eldorado do Carajás (Pará), no dia 17 de abril de 1996, foi um triste marco na história brasileira, pois acionou – e acirrou – o debate acerca do tema. O conflito ocorreu quando aproximadamente 1,5 mil integrantes do MST, que estavam acampados às margens da rodovia PA 150, ocuparam a via para protestar contra a demora na desapropriação de terras. A polícia foi encarregada de promover a desobstrução da estrada que liga a região sul do Estado à capital, Belém (INSTITUTO HUMANITAS, 2015). Uma semana depois do episódio, o governo federal confirmava a criação do Ministério da Reforma Agrária. Exatamente dois meses depois do fato ocorrido em Eldorado do Carajás, em 17 de junho de 1996, a Rede Globo de Televisão exibia, em horário nobre, a novela O Rei do Gado, que trazia em sua trama, entre outras temáticas, a questão da disputa pela terra e da reforma agrária. Pela primeira vez, o Movimento Sem Terra deixava os noticiários jornalísticos para figurar na cena da teledramaturgia brasileira.

A Reforma Agrária, a vida dos trabalhadores do Movimento dos Sem Terra (MST) e a luta pela posse de terras foram amplamente discutidos na novela e tiveram grande repercussão na mídia e na sociedade em geral.[...] ‘A novela ajudou a fazer as pessoas nos olharem de maneira diferente. Nos deu status de cidadãos, disse na época o presidente do MST, João Pedro Stédile (XAVIER, 2015).

O autor da novela, Benedito Ruy Barbosa, defendeu que “num país que precisa abrir o olho para sua realidade, uma novela não pode ser alienante, deve informar o público, ser algo útil à sociedade” (SALUM, 1996), confirmando que a dramatização de fatos reais faz parte da “sociedade do espetáculo”. Barbosa sempre investiu na composição da realidade-

10 Disponíveis em: < http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2015/04/tres-licoes-que-o-rei-do-gado-pode- ensinar-a-babilonia-4734249.html >; < http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/02/1582950-reprise-de-o-rei-do- gado-chega-a-bater-novelas-ineditas-em-audiencia.shtml > e < http://famososnaweb.com/o-rei-do-gado-bate-recorde-de- audiencia-na-tarde-desta-segunda-210715/ > Acesso em 22 jul. 2015.

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ficção11, trazendo para o centro da sala das famílias debates do cotidiano. Em O Rei do Gado, além da reforma agrária foram discutidos tantos damas privados (adultério, violência contra a mulher, gravidez fora do casamento) quanto referências públicas (ética e política). Ao fazer o link entre a vida real e a vida encenada na televisão, a telenovela proporciona ao telespectador um olhar lúdico a eventos sérios, ampliando a leitura jornalística através da dramatização. É como se terminasse a edição diária do Jornal Nacional (que antecede a novela, agora, das 21 horas, na Rede Globo) e as notícias continuassem no espetáculo que reúne os universos reais e ficcionais (o efeito-sanduíche abordado anteriormente). McAnany e La Pastina (1994) oferecem um sumário de 26 estudos realizados na América Latina entre 1970 e 1993 onde antecipavam que as audiências: são ativas e derivam uma variedade de significados das telenovelas; utilizam material ficcional em suas vidas; reconhecem a característica ficcional do gênero e o funcionamento de suas regras; e que suas reações incluem as variações contextuais de família, classe, gênero, vizinhança, etc. “Os telespectadores falam sobre a telenovela e fazem uma variedade de aplicações dessas histórias para suas próprias vidas. Isto não quer dizer [...] que a relação entre exposição aos meios e mudança de atitudes seja direta e clara” (MCANANY; LA PASTINA, 1994, p. 25). Deste modo, percebe-se o valor da teledramaturgia para a audiência, que, ao contrário do que pregavam as primeiras pesquisas a respeito, nem sempre é passiva ou indiferente às informações subliminares ou não que recebem através da novela. Segundo McAnany e La Pastina (1994), os telespectadores julgam as histórias como relevantes em suas vidas: para compreender ou inserir-se em uma posição social, como roteiro para entender papéis assumidos por classe e gênero ou, ainda, assumir um senso de solidariedade ou abrir a oportunidade para falar a respeito de problemas pessoais delicados (às vezes, até, íntimos) abordados na televisão. Entretanto, “as audiências, ao mesmo tempo que utilizam mensagens das telenovelas em suas vidas diárias, não têm dificuldade em contar que as telenovelas são ficção e muitas vezes distantes da própria situação de classe e cultura” (MCANANY; LA PASTINA, 1994, p. 26). McAnany e La Pastina (1994) destacam, ainda, o tratamento jornalístico dado ao gênero, que também faz parte da cultura popular, especialmente na América Latina.

11 Benedito Ruy Barbosa escreveu a primeira telenovela educativa da televisão brasileira, em 1971: Meu pedacinho de chão, um drama rural que transmitia ensinamentos úteis aos trabalhadores e à população do campo. Foi considerada a pioneira entre as novelas das 18 horas, exibida também pela Rede Globo.

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Hamburger (2005) concorda com a influência da teledramaturgia na constituição de práticas e relações sociais. A autora resgata a cena de O Rei do Gado em que o senador Roberto Caxias, interpretado pelo ator , retribui a homenagem que o, então senador “de verdade”, lhe prestara em duas das suas colunas semanais no jornal Folha de São Paulo. Ou seja, realidade e ficção novamente se cruzam, envolvendo a audiência.

Além de gerar uma discussão entre políticos e ativistas políticos e intensificar a presença da política institucional nas seções de televisão e de jornais diários, O Rei do Gado trouxe assuntos políticos até mesmo para a revista Contigo [em uma matéria sobre filhas de sem-terra]. [...] Ao intervir em um conflito social contemporâneo, O Rei do Gado trouxe um gênero muitas vezes considerado ‘menor’, e, como tal, associado pejorativamente ao universo ‘feminino’, para seções políticas, editoriais e econômicas dos jornais diários (HAMBURGER, 2005, p. 142).

E a polêmica envolveu outros políticos reais na época: na trama da TV, o senador Caxias fazia um discurso emocionado sobre os sem-terra, e no plenário estavam apenas três colegas – um cochilando, outro lendo jornal e o terceiro falando ao celular. No dia seguinte, o então senador, Ney Suassuna, foi à tribuna do Senado para protestar contra o que classificou como “distorção da realidade”, e porque a cena induzia a população a desacreditar nos senadores honestos. Mais de uma década depois da primeira exibição (e após a primeira reprise), o autor da novela, em entrevista a um blog rebateu que escreveu a cena inspirado em sua experiência como repórter em Brasília, quando testemunhou políticos discursando sozinhos no plenário (BERNARDO, 2010). A vida misturou-se com a arte também quando os senadores da época, Eduardo Suplicy e Benedita da Silva atuaram no funeral do senador Caxias, transmitindo a sensação de veracidade a um fato fictício. Os elementos da realidade deram mais credibilidade à cena criada, reforçando a dramatização da rotina social. A partir do instante que a novela suscita a polêmica em torno da política e da ética, com a inserção de personagens reais, vê-se o “espetáculo” do campo jornalístico expandido para o entretenimento. Isso porque a mesma discussão percorre os noticiários semanalmente, até hoje, e quando levada para a arena da ficção não perde o caráter de seriedade, mas ocupa outros espaços entre a audiência. Afinal, a sociedade é espetaculista, e o espetáculo é sua principal produção (DEBORD, 1997). Ainda, “no mundo em que o espetáculo impera e parece definir os rumos da conjuntura, o que permanece invisível às vezes vale tanto ou mais que o visível”

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(HAMBURGER, 2005, p. 45). Por isso, mais uma vez, o autor da novela reafirma que a trama perpassava o cotidiano brasileiro, mostrando-se sua relevância independente do período vivido. Na entrevista de 2010, questionado sobre a morte de um senador sem a revelação do assassino na novela, Barbosa respondeu:

Vieram me perguntar: ‘Como você mata um senador da República e ninguém fica sabendo quem matou? Os assassinos não serão punidos?’ Aí, eu perguntava: ‘Mas, onde estão os assassinos dos Carajás? Vocês já sabem onde estão? Eles já foram punidos?’. Quando vocês me disserem se foram punidos, eu também digo quem matou o senador Caxias... (BERNARDO, 2010).

E não só na mídia política O Rei do Gado teve espaço. Hamburger (2005) salienta que, entre 1996 e 1997, a novela apareceu também nas seções de economia e negócio de jornais impressos, como por exemplo, na seção de negócios agrários da Gazeta Mercantil, “no título de um artigo que discutia o perfil de um fazendeiro empreendedor que poderia ser considerado um ‘rei do gado’”(HAMBURGER, 2005, p. 142). Nota-se, então, o apelo social da referida telenovela, ao questionar, ao contemplar e ao encenar dramas da esfera pública e privada. Percebe-se a atualidade das ideias, quase 20 anos depois da sua estreia, embora, hoje, a maioria delas agendem o jornalismo em maior ou menor escala, se comparada à primeira exibição de O Rei do Gado. O mesmo exemplo da ética política (explorada no senador Caxias), atualmente está em cheque nas centenas de manchetes da “Operação Lava Jato”12, ao passo que a figura do sem-terra andando em protesto pelas rodovias, bandeira vermelha em punho, já não tem mais tanto destaque na mídia como nos anos 90. Assim, “a novela é produto de uma sinergia imprevista entre diferentes agendas criativas, políticas e comerciais” (HAMBURGER, 2005 p. 40). Nesse sentido, o êxito de audiência repetido pela terceira reprise, demonstra que o conteúdo de forte apelo social ainda cativa o telespectador. Apesar de os temas não figurarem de maneira mais frequente na pauta jornalística diária, eles despertam a curiosidade das gerações que não “os vivenciaram” e seguem gerando opiniões entre aqueles que assistiram a telenovela em 1996/1997.

12 Investigação realizada no Brasil pela Polícia Federal, que iniciou em 17 de março de 2014, com o objetivo de apurar esquemas de corrupção e “lavagem de dinheiro”, envolvendo a Petrobrás (maior estatal brasileira). Disponível em: < http://lavajato.mpf.mp.br/entenda-o-caso > Acesso em 30 jun. 2015

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Conclusão

A televisão como um meio que reproduz o espaço público, influenciando-o e por ele sendo influenciada, é permeada de realidade e ficção. Assim como ela informa, também diverte e sensibiliza sua audiência. Os temas da vida real são apresentados de forma concreta pelo telejornalismo e extrapolam a tela, emocionando o público com a sua representação fictícia. Nesse sentido, a teledramaturgia acrescenta elementos para a construção de significados que ocorrem a partir do cotidiano trazido pelo telejornalismo. Em função do caráter contraditório, ambíguo e transitório do “espetáculo”, ele pode ser o responsável pela hierarquização das notícias, dando ênfase a este ou àquele assunto, igualmente como ocorreu com o MST. Se o Movimento Sem Terra hoje não está presente na mídia com a mesma frequência que nas décadas de 80 e 90, isso não significa que tal agenda social não é mais importante para o telejornalismo. O que ocorre é uma substituição de atores neste ambiente: enquanto no passado, os sem-terra ocupavam as manchetes principais, hoje o jornalismo em TV abre espaço para outras questões, como por exemplo, quilombolas e indígenas. O agendamento como uma prática do jornalismo encontra lugar também no entretenimento. A reprise de O Rei do Gado é um exemplo, pois mesmo a temática fundiária não circulando nas notícias televisivas, a sociedade estabelece um vínculo com a questão, recuperando o debate entre o público e reforçando o conceito do laço social. Em outras palavras, os gêneros telejornalismo e teledramaturgia se retroalimentam através do agendamento mútuo, independente da temporalidade. Prova disso é que, embora o conteúdo não esteja em evidência no telejornalismo, a terceira reexibição ultrapassou os níveis de audiência da atual e inédita novela do horário nobre da Rede Globo (Babilônia). “Deus, quando criou o mundo, não deu terra pra ninguém, porque todos que os que aqui nascem são seus filhos. Mas só merece a terra aquele que a faz produzir para si e para o seus semelhantes. O melhor adubo da terra, é o suor daqueles que trabalham nela”13. O texto em legenda, utilizado na última cena do capítulo final de O Rei do Gado, expressa a preocupação com a temática fundiária. Tanto que, na sequência dos créditos, a câmera foca os personagens principais Bruno Mezenga e Geremias Berdinazi (centro do conflito) em uma conversa infindável, que sugere que a história – disputa pela terra – pode recomeçar.

13 Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=wjwUZHKBddw > Acesso em 23 jul. 2015.

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Do mesmo modo, a reforma agrária, entre outras questões sociais apontadas na novela, ainda é uma agenda pendente no jornalismo brasileiro.

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