Tese ULHT Versão Final Clovis Britto.Pdf
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CLOVIS CARVALHO BRITTO “NOSSA MAÇÃ É QUE COME EVA”: A POÉTICA DE MANOEL DE BARROS E OS LUGARES EPISTÊMICOS DAS MUSEOLOGIAS INDISCIPLINADAS NO BRASIL Orientador: Prof.º Doutor Mário Caneva de Magalhães Moutinho Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Lisboa 2019 Clovis Carvalho Britto “Nossa maçã é que come Eva”: a poética de Manoel de Barros e os lugares epistêmicos das Museologias Indisciplinadas no Brasil CLOVIS CARVALHO BRITTO “NOSSA MAÇÃ É QUE COME EVA”: A POÉTICA DE MANOEL DE BARROS E OS LUGARES EPISTÊMICOS DAS MUSEOLOGIAS INDISCIPLINADAS NO BRASIL Tese aprovada em provas públicas para a obtenção do Grau de Doutor em Museologia na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no dia 13 de fevereiro de 2019, perante o seguinte júri: Presidente Prof.º Doutor Manuel de Azevedo Antunes – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Por delegação do Reitor) Arguentes Prof.º Doutor Pedro Jorge de Oliveira Pereira Leite – Investigador do Centro de Estudos Sociais / Universidade de Coimbra Prof.ª. Doutora Maristela dos Santos Simão – Investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares / Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Vogais Prof.º Doutor Manuel Serafim Fontes Santos Pinto - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Por delegação da direção do curso) Prof.ª Doutora Maria das Graças de Souza Teixeira – Universidade Federal da Bahia Prof.º Doutor Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias / Universidade Federal da Bahia Prof.º Doutor Vladimir Sibylla Pires - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Orientador Prof.º Doutor Mário Caneva de Magalhães Moutinho – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia Lisboa 2019 2 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Instituto de Educação / 3.º Ciclo de Museologia Clovis Carvalho Britto “Nossa maçã é que come Eva”: a poética de Manoel de Barros e os lugares epistêmicos das Museologias Indisciplinadas no Brasil Aliás era tolice não entender. ‘Só não entende quem não quer!’, pensou ousado. Porque entender é um modo de olhar. Porque entender, aliás, é uma atitude. Como se agora, estendendo a mão no escuro e pegando uma maçã, ele reconhecesse nos dedos tão desajeitados pelo amor uma maçã. Martim já não pedia mais o nome das coisas. Bastava-lhe reconhecê-las no escuro. E rejubilar-se, desajeitado. E depois? Depois, quando saísse para a claridade, veria as coisas pressentidas com a mão, e veria essas coisas com seus falsos nomes. Sim, mas já as teria conhecido no escuro. Clarice Lispector (1998, p. 295-296) 3 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Instituto de Educação / 3.º Ciclo de Museologia Clovis Carvalho Britto “Nossa maçã é que come Eva”: a poética de Manoel de Barros e os lugares epistêmicos das Museologias Indisciplinadas no Brasil AGRADECIMENTOS Não me recordo quando Manoel de Barros ingressou em minha vida. O fato é que os museus e as Museologias ingressaram por meio da poética dos museus-casas de literatura, especialmente os de poetas. Talvez seja esta a minha principal lente para enxergar a vida, visualizando como Meu quintal é maior do que o mundo. Nestes agradecimentos mesclo minha voz aos versos e aos títulos das obras de Manoel Barros: “aprendi com os passarinhos a liberdade”. O poeta concluiu o poema “As bênçãos” com um verso que resume meu sentimento ao finalizar esta etapa: “Logo dou aos caracóis ornamentos de ouro/ para que se tornem peregrinos do chão./ Eles se tornam./ É uma benção./ Até alguém já chegou de me ver passar/ a mão nos cabelos de Deus!/ Eu só queria agradecer”. Coloco-me como um peregrino desta Gramática expositiva do chão, imagem poética que, a meu ver, evoca as Museologias. Esse itinerário pelos ‘desvãos’ e ‘deslimites’ do conhecimento só foi possível graças ao encontro com outros caracóis cujos ornamentos de ouro fizeram mais leve minha travessia. Eles se tornaram inspiração na tarefa de ‘desaprender’ e desconstruir disciplinamentos, transformaram-se na macieira cujos frutos reconheci no escuro. Portanto, assim como o poeta, eu só tenho que agradecer. Agradeço aos professores Mario Moutinho e Mario Chagas – guardadores de mar e rio - pelas importantes trocas de conhecimento e de poesia que aqui reverberaram. Ambos foram decisivos ao estimular a pesquisa, propor a rota inversa das naus e proporcionar a liberdade necessária para ‘desformar’ o mundo. Agradecimento ampliado aos professores e professoras Judite Primo, Marcelo Cunha, Maria das Graças Teixeira, Maristela Simão, Manuel Antunes, Manuel Serafim, Pedro Pereira Leite e Vladimir Sibylla pelas valiosas leituras durante os júris prévio e/ou final, fundamentais para o delineamento deste Tratado geral das grandezas do ínfimo. De modo especial, sou grato às professoras Suely Moraes Cerávolo e Ana Karina Rocha de Oliveira pelas incontáveis provocações no intuito de pensar museologicamente a Museologia. Elas foram responsáveis por minha sede ter desembocado, de foz a nascente, no olho d’água das teorias museológicas. Aos colegas do III Curso de Estudos Avançados em Museologia pela construção de um ambiente de carinho, estudo e cumplicidade, “tenho abundância de ser feliz por isso”. Minha gratidão a Álisson Castro, Ana Karina Oliveira, Carla Cassel, Cynthia Taboada, Deborah Santos, Denise Xavier, Idemar Guizzo, Janaína Couvo, Jaqueline Gallina, João Paulo Vieira, Leandro Mageste, Lucas Sgorla, Maria Amélia Mamede, Mariana Várzea, Neide Gomes, Patrícia Muniz, Ricardo Rodrigues, Silmara Kuster, Vânia Gondim e Walmir 4 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Instituto de Educação / 3.º Ciclo de Museologia Clovis Carvalho Britto “Nossa maçã é que come Eva”: a poética de Manoel de Barros e os lugares epistêmicos das Museologias Indisciplinadas no Brasil Pereira. Agradecimento ampliado a Simone Flores Monteiro e Lucas Sgorla de Almeida, por terem acalorado os dias frios de Porto Alegre, metamorfoseando-os em um Concerto a céu aberto para solos de ave. Sob o olhar do poeta “caracol é uma casa que se anda”. Em minha sina de andarilho, sou grato aos amigos, amigas e colegas do Programa de Pós-Graduação em Museologia da Universidade Federal da Bahia, e do curso de Museologia da Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília. Unir as experiências da primeira e da terceira capital brasileira foi como atravessar um jardim dobrado em meia lua, tal qual os que encontrava sob o céu estrelado nas terceiras margens dos sertões de Goiás. Salvador sempre foi ‘matéria de poesia’ nos momentos de insulamento no Nordeste e Brasília consistiu em sustentáculo para que pudesse “destronar os sentidos do mundo”. Reconhecimento extensivo aos alunos, alunas, orientandos e orientandas que diariamente me ensinam a ser um professor e um ser humano melhor: “aprendi com eles a ser disponível para sonhar”. Os capítulos iniciais desta tese foram escritos em meio às turbulências que enfrentei no curso de Museologia da Universidade Federal de Sergipe. Esses obstáculos fizeram fertilizar meu “olho parvo” e ter a certeza de que queria transver os museus e as Museologias. Aos amigos e amigas, alunos e alunas da Museologia em Sergipe minha sincera gratidão e um ensinamento extraído dos versos de Manoel de Barros: “reta é uma curva que não sonha”. Meu reconhecimento aos diversos pesquisadores e pesquisadoras que sensivelmente contribuíram para o acesso às diferentes e fragmentárias fontes aqui urdidas. O auxílio generoso tornou mais leve a tarefa “difícil de carregar silêncios”. Agradecimento simbolizado nas contribuições da professora Maria Célia Teixeira de Moura Santos, que no Seminário de Investigação me estimulou a eleger Manoel de Barros como referencial teórico, e do professor Ivan Coelho de Sá, que prontamente compartilhou diversas fontes imprescindíveis a este trabalho. Ao professor Mario de Souza Chagas faltam-me palavras para retribuir toda a confiança e radicalidade poética. A ele dedico o verso de Manoel de Barros: “era o próprio indizível pessoal”. Aos amigos, amigas e familiares, por integrarem as minhas Memórias inventadas. Minha dívida de gratidão à Goiás e aos que continuam sendo água para minha sede. Sentimento resumido em três pessoas-paradigmas de minha poética: Cesar Carvalho Britto (In Memoriam), matéria de poesia que me acompanha na terceira margem; Ana Maria Seixo de Brito, poesia que me sustenta nesta travessia; e Fernando Britto Engel, meu “fazedor de amanhecer”. 5 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Instituto de Educação / 3.º Ciclo de Museologia Clovis Carvalho Britto “Nossa maçã é que come Eva”: a poética de Manoel de Barros e os lugares epistêmicos das Museologias Indisciplinadas no Brasil RESUMO A tese investiga as tendências do pensamento museológico que orientam as Museologias no Brasil e os debates em torno de seus fundamentos epistemológicos. Propõe um esboço de uma 'história social da emergência dos problemas' tendo como metodologia o exame da ‘teoria da prática’ das Museologias Indisciplinadas. Efetua uma leitura metalinguistica ao pensar museologicamente as Museologias tendo como referencial teórico a poética do escritor brasileiro