Peregrinação Da Poesia Por Um Conhecimento Natural
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LITERATURA MESTRADO EM TEORIA DA LITERATURA E LITERATURA BRASILEIRA ELISA DUQUE NEVES DOS SANTOS MANOEL DE BARROS: PEREGRINAÇÃO DA POESIA POR UM CONHECIMENTO NATURAL NITERÓI 2015 ELISA DUQUE NEVES DOS SANTOS MANOEL DE BARROS: PEREGRINAÇÃO DA POESIA POR UM CONHECIMENTO NATURAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos da Literatura da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Brasileira. Área de Concentração: Estudos da Literatura. Orientador: Prof. Dr. ADALBERTO MÜLLER JR. Niterói 2015 FICHA CATALOGRÁFICA ELISA DUQUE NEVES DOS SANTOS MANOEL DE BARROS: PEREGRINAÇÃO DA POESIA POR UM CONHECIMENTO NATURAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos da Literatura da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Brasileira. Área de Concentração: Estudos da Literatura. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________________ Prof. Dr. ADALBERTO MÜLLER – Orientador ______________________________________________________________________ Prof. Dr. ALBERTO PUCHEU Universidade Federal do Rio de Janeiro ______________________________________________________________________ Prof. Dr. LUIS MAFFEI Universidade Federal Fluminense SUPLENTE Prof. Dr. ERICK FELINTO – Universidade Estadual do Rio de Janeiro Niterói 2015 Em memória de Manoel de Barros, por me lembrar da generosidade. AGRADECIMENTOS Aprendi com a escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís que a última inocência é a compaixão e “que por ela, aqueles que são pequenos em sabedoria serão chamados à casa dos doutores. É este o caso”. Tomo suas palavras como expressão do que sinto: gratidão desmedida por, mesmo pequena, ter podido conviver com pessoas de minha grande admiração. Agradeço à Universidade Federal Fluminense pelo acolhimento nesta casa que, desde 2002, tem me oferecido preciosos encontros. Por tantos que conheci e pelo tanto que venho aprendendo, meu “muito obrigada”... À minha família (pai, mãe, irmão e Marshmallow) por me alimentarem, diariamente, de amor. Às minhas avós (Sylvia – in memoriam, e Nília), tios e primos, pela torcida e carinho. Ao Alex, por ficar ao meu lado, por não desistir. Pela torcida de sua família (Abigail, Marcos, Ester, Jéssica). À Katia, por cuidar de mim. À Nilma Lacerda e Sabrina Vianna pelo primeiro apoio, tão fundamental. Ao professor e orientador Adalberto Müller, por confirmar que há espaço para a generosidade na Academia. Pelas portas abertas, pelo imenso carinho e cuidado. A Hernán Ulm, pela ajuda e amizade incomensuráveis. A Alex Martoni, Júlia Scamparini, Naiana Mussato Amorim, Carolina Leal, Laís Martins, Solange Wajnman, Bia Dias, pelas trocas sinceras. A Joel Pizzini, pela contribuição e apoio carinhosos. Aos professores doutores que me acompanharam neste percurso: Ida Alves, Dalva Calvão, Fernando Muniz, e, em especial, a Erick Felinto, por compartilhar de seu gosto por mistérios. Às contribuições dos Prof. Drs. Eduardo Losso, Alberto Pucheu, Paschoal Farinaccio e Luis Maffei. Às diretoras e colegas professores da Escola Municipal Machado de Assis, pela torcida e paciência, confiança e amizade. Aos meus alunos, pelos desafios, alegria, esperança. Aos meus queridos Ana Carolina de Assis e Aderaldo Souza Filho pelos benditos encontros e reencontros do afeto. Ao meu amigo Paulo Braz, pela troca diária, por lutar por mim. A tantos outros que torceram, acompanharam, entenderam, esperaram. Ao poeta Manoel de Barros, minha profunda reverência e gratidão. A Deus, pela ajuda de todos os dias. Logo dou aos caracóis ornamentos de ouro para que se tornem peregrinos do chão. Eles se tornam. É uma bênção. Até alguém já chegou de me ver passar a mão nos cabelos de Deus! Eu só queria agradecer. Manoel de Barros RESUMO A poesia de Manoel de Barros peregrina pelos campos da palavra, da imagem, da memória e do Ser buscando um Conhecimento Natural, o qual ecoa na proposta de comunhão mística, que se dá na anulação das hierarquias entre os seres e seus modos de associação. Assim, propôs-se pensar nos procedimentos de comunhão, como a incorporação, a transubstanciação, a fusão e suas implicações na poesia de Manoel de Barros. Esta dissertação investiga, sobretudo, a sobrevivência de um vínculo de encantamento, que faz fronteira com o sagrado, em íntima troca com a natureza. O objetivo é perguntar se, por meio de um Conhecimento Natural determinado por uma lógica-eco, a poesia de Manoel de Barros tem uma proposta de religação de potência sagrada do homem ao mundo. O sagrado, de acordo com Bataille, é o que nos coloca diante de uma continuidade imanente. Esta dissertação, portanto, caminha por três vias de acesso: a primeira via, considera o tripé palavra-imagem-memória na poesia de Manoel de Barros (abordando principalmente a perspectiva de Henri Bergson), indicando a participação de um corpo perceptivo, intuitivo e sensível, bem como sugerindo o poema como imagem. Além disso, considera-se o olhar delirante e transgressivo (“transver”) do poeta; a segunda via sugere pensar em uma relação eco-lógica da poesia de Barros. Para este poeta, a natureza é lugar-fonte de sua poesia, o que determina tanto um arejamento filosófico (ético e político) que permite diálogos com o pensamento teórico de Felix Guattari, Michel Maffesoli, Gabriel Giorgi e Georges Bataille, quanto uma interatividade ecológica e visual entre o observador e o ambiente (diálogos com Michel Collot). Das perspectivas de Jacques Maritain e Giordano Bruno sobre o Conhecimento Natural, a poesia de Manoel de Barros corresponderia a uma tentativa de restaurar o vínculo entre o homem e o sagrado. Finalmente, a terceira via se concentra no conceito de “natência” (potência de fazer nascimentos com a linguagem poética) como um caminho vital e alegre que faz fronteira com a imanência sagrada. Convocamos da poesia de Manoel de Barros os temas da infantia, comunhão, eucaristia, metamorfose, mística e mito, erotismo, e santidade; os aspectos da incompletude e “devir” (Gilles Deleuze); e da relação da poesia moderna com a secularização e profanação do sagrado, com o auxílio de Walter Benjamin, Jean-François Lyotard, Giorgio Agamben, Octavio Paz, Clément Rosset, São Francisco de Assis, entre outros pensadores. Palavras-chave: Manoel de Barros, poesia brasileira, literatura e mística, imagem e memória, sagrado e profano, erotismo e poesia, conhecimento natural. ABSTRACT The poetry of Manoel de Barros peregrinates to word, image, memory and existential fields, seeking for a Natural Knowledge that echoes the proposal of mystical communion in the annulment of the hierarchies between beings and their association modes. Thus, it is relevant to this research to think of communion procedures, such as incorporation, transubstantiation, fusion and their implications in Manoel de Barros’ poetry. This paper investigates, in the poetry of Barros, the remaining of an enchantment bond which borders the sacred in intimate exchange with nature. The goal is to ask whether, through a Natural Knowledge from an ecological stance, the poetry of Manoel de Barros has a sacred proposal for rewiring man to the world. The sacred, for instance, according to Georges Bataille, is what put us in front of an immanent continuity. This dissertation, therefore, walks through three access routes: the first way, the word-image-memory tripod in the poetry of Manoel de Barros (mainly addressing Henri Bergson’s perspective), indicating the participation of a perceptive, intuitive and sensitive body, as well as placing the poem as an image. Also, it considers the delusional and transgressive glance (“transver”) of the poet; the second way suggests thinking of an eco-logical relationship between Barros’poetry and nature as the source of it, which determine both a philosophical aeration (ethical and political) that allows dialogues with some theoretical thoughts of Felix Guattari, Michel Maffesoli, Gabriel Giorgi and Bataille, and an ecological and visual interactivity between the observer and the environment (dialogues with Michel Collot). From Jacques Maritain and Giordano Bruno’s perspective on the Natural Knowledge, Manoel de Barros’s poetry would correspond to an attempt to restoring the bond between man and the sacred. Finally, the third way focus on the concept of “natência” as a vital and joyful path that borders the sacred immanence. Manoel de Barros’ poetry summons to think on the topics of infantia, communion, eucharistia, metamorphosis, mysticism and myth, eroticism, and sainthood, the aspects of incompleteness and “becoming” (Gilles Deleuze) and the relationship of modern poetry with the secularization and profanation of the sacred, with the help of Walter Benjamin, Jean-François Lyotard, Giorgio Agamben, Octavio Paz, Clément Rosset, St. Francis of Assisi, among others thinkers. Keywords: Manoel de Barros, Brazilian poetry, literature and mystics, image and memory, sacred and profane, eroticism and poetry, Natural Knowledge. LISTA DE LIVROS – ABREVIAÇÕES (Poesia Completa, Editora Leya, 2010 e 2013) Poemas concebidos sem pecado [1937] – PCSP Face imóvel [1942] – FI Poesias [1947] – P Compêndio para uso dos pássaros [1960] – CUP Gramática expositiva do chão [1966] – GEC Matéria de poesia [1970] – MP Arranjos para assobio [1980] – AA Livro de pré-coisas [1985] – LPC O guardador de águas [1989] – GA Concerto a céu aberto