Manoel De Barros: O Demiurgo Das Terras Encharcadas – Educação Pela Vivência Do Chão –
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Universidade de São Paulo Faculdade de Educação Maria Cristina de Aguiar Campos Manoel de Barros: O Demiurgo das Terras Encharcadas – Educação pela Vivência do Chão – São Paulo-SP 2007 1 Maria Cristina de Aguiar Campos Manoel de Barros: O Demiurgo das Terras Encharcadas – Educação pela Vivência do Chão – Tese apresentada à área de Cultura, Organização e Educação da Faculdade de Educação da Uni- versidade de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de doutora, sob a orientação da Profª Drª Maria do Rosário Silveira Porto. São Paulo-SP 2007 2 FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) C198m Campos, Maria Cristina de Aguiar Manoel de Barros: o demiurgo das terras encharcadas – Educação pela vivência do chão / Maria Cristina de Aguiar Campos. – São Paulo: [s.n.], 2007. 412 f. : il. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação. Orientador(a): Profª Drª Maria do Rosário Silveira Porto. 1. Educação. 2. Antropologia Educacional. 3. Cultura. 4. Imaginário. 5. Literatura Mato-grossense. I. Título. CDU 37:821.134.3(817.2) 3 Agradecimentos À Deusa e ao Deus. À Profª Drª Maria do Rosário Silveira Porto, pela orientação e paciência de não arrebentar a linha deste anzol enroscado em saranzal bravo. A Ramon Carlini, Elaine Caniatto, Téo de Miranda e toda a equipe da Editora Tanta Tinta, pela superforça na editoração, tratamento de imagens e acompanhamento estético deste trabalho. Aos meus pais e familiares, poita-suporte de retaguarda; e a Daniel, meu raio de sol molhado de chuva. Aos que colaboraram com apoio, sugestões, bibliografia, informações: Profª Drª Cláudia Callil, Ms. Luiz Vicente da Silva Campos Filho, Profª Drª Yasmin Jamil Nadaf, Profª Drª Lúcia Helena Vendrúsculo Possari, Prof. Dr. Marcos Ferreira San- tos, Profª Drª Maria Cecília Sanches Teixeira, Profª Drª Lucy Azevedo Almeida, Ruth Albernaz, Eliana Martinez, Rogério Lenzi, Maria Teresa Carrión Carracedo, Ricardo Carrión Carracedo, Wlademir Dias Pino, Prof. Ms. Paulo Morgado Rodri- gues, Prof. Dr. Marcelo Marinho. Aos fotógrafos Mario Friedländer, José Luiz Medeiros, Helton Bastos, Marcos Vergueiro e Wieslaw Jan Syposz. Aos internautas, amigos de Manoel de Barros, que compartilham dados e o prazer de navegar por águas pantaneiras virtuais. Aos andarilhos, velhos companheiros sem eira nem beira que, como diria Silva Freire, enrolam o pano da estrada tecido nos pés; e, como diz Ricardo Dicke, aos esquecidos, aos perdidos da sorte, aos levados pelo tempo... Aho! 4 Tem força de minadouro o pantaneiro. Vive em estado de árvore E há de ser uma continuação das águas. Manoel de Barros 5 Resumo Esta tese, partindo da noção de acoplamento estrutural, de Humberto Matu- rana e Fagundes Varela (2002), e de trajeto antropológico, de Gilbert Durand (1989), circulariza as relações entre a natureza geofísica dos pantanais mato-grossenses e as culturas que secularmente os habitam, caracterizando-os de forma imbricada. Apre- senta a vida e a obra do poeta Manoel de Barros no contexto da tradição oral do homem pantaneiro, no seio da qual a práxis educacional da cuiabania historicamen- te se constituiu. Seleciona, da obra poética deste autor, imagens simbólicas que espelham as relações entre o meio, o homem e o imaginário. Por meio de imagens poéticas como o barro, a concha, a lata, a pedra e a árvore, e do interesse que o poeta manifesta por gente estranha, mendigos, loucos e andarilhos, essas imagens são relacionadas à figura mítica do Puer Aeternus e também do regional Pé de Garrafa, e ancoradas no arquétipo da Grande Mãe. A leitura simbólica é feita prin- cipalmente com base nas teorias bachelardiana, junguiana e durandiana. Finalmen- te, diante do fato de que Manoel de Barros é um autor muito trabalhado nas escolas de Mato Grosso, são feitas reflexões sobre o ensino de Literatura Mato- grossense, propondo o contato dos alunos com a poética barreana a partir de novas metodologias, como Laboratórios de Sensibilização. Palavras-chave: Manoel de Barros, cultura pantaneira, educação, mito, Literatura Mato-grossense. 6 Abstract This thesis, based on the notion of structural coupling, of Humberto Maturana and Fagundes Varela (2002), and anthropological itinerary, of Gilbert Durand (1989), circularizes the relationships among the geophysical nature of the pantanais mato- grossenses, the centennial cultures that have been inhabited them which also characterizing them of imbricate forms. It presents Manoel Barros’s life and thoughts in the context of the pantaneiro man’s oral tradition, during a period of time in which the cuiabania educational praxis historically was constructed. Based on the author’s poetic work, this study selects symbolic images that reflect the relationships among the environment, the man and the imaginary. Through poetic images, as the mud, the shell, the can, the stone and the tree, and of the interest that the poet manifests for strange people, beggars, lunatics and wanderers, these images are related to Puer Aeternus’s mythical illustration and the regional Pé de Garrafa, anchored in the Great Mother’s archetype. The symbolic reading is constructed mainly based on the bachelardian, jungian and durandian theories. Finally, facing the fact that Manoel of Barros is a kind of author exceptionally read at the schools in the state of Mato Grosso, some reflections regarding the teaching of Mato-grossense Literature in this study were done, proposing the students’ contact with the Barros’ poetic of starting from new methodologies, as Laboratories of Sensitivity. Keywords: Manoel of Barros, pantaneira culture, education, myth, Mato-grossense Literature. 7 Lista de Figuras Figura 1. Configuração Junguiana da Psique ............................................................... 30 Figura 2. Cruz das Funções ............................................................................................ 38 Figura 3. Os Pantanais Mato-grossenses ..................................................................... 86 Figura 4. Esboço Simples da Morfodinâmica Pantaneira ........................................ 87 Figura 5. Bacia do Alto Paraguai: Províncias Fitogeográficas e Áreas de Influências................................................................................... 89 Figuras 6 e 7. Representações do Pantanal como Paraíso edênico ...................... 101 Figura 8. Ilustração do Trajeto Marítimo Fluvial entre o Rio de Janeiro e as Cidades de Cuiabá e Cáceres.............................. 115 Figura 9. Manoel de Barros e Bernardo da Mata ................................................... 256 Figura 10. O nascimento de Vênus, de Odilon Redon (1912) ............................. 267 Figura 11. O Mundo Barreano .................................................................................... 355 Figura 12. Elegância........................................................................................................ 356 Figura 13. Pé de Garrafa, de Marcelo Velasco .......................................................... 374 Figura 14. Papel de fibra vegetal, de Ruth Albernaz................................................ 393 Figura 15. Espelho de Rogério Lenzi ......................................................................... 394 Figuras 16, 17 e 18. Colagens de Eliana Martinez.................................................... 397 8 Lista de Tabelas Tabela 1. Eras e Períodos Geológicos. .......................................................................... 62 Tabela 2. Cronologia da Obra de Manoel de Barros. .............................................. 184 9 Lista de Abreviaturas 1937 — Poemas concebidos sem pecado – (PCP) 1942 — Face imóvel (FI) 1956 — Poesias (P) 1960 — Compêndio para uso dos pássaros (CUP) 1966 — Gramática expositiva do chão (GEC) 1974 — Matéria de poesia (MP) 1982 — Arranjos para assobio (AA) 1985 — Livro de pré-coisas (LP) 1989 — O guardador das águas (GA) 1990 — Poesia quase toda (PQT) 1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves (CCASA) 1993 — O livro das ignorãças (LI) 1996 — Livro sobre nada (LN) 1998 — Retrato do artista quando coisa (RAQC) 1999 — Para encontrar o azul eu uso pássaros (PEAUP) 1999 — Exercícios de ser criança (ESC) 2000 — Ensaios fotográficos (EF) 2001 — O fazedor de amanhecer (FA) 2001 — Poeminhas pescados numa fala de João (PPFJ) 2001 — Águas (A) 2003 — Memórias inventadas – A infância (MI) 2003 — Cantigas para um passarinho à-toa (CPA) 2004 — Poemas rupestres (PR) 2006 — Memórias inventadas – A segunda infância (MI-SI) 10 Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................13 ROTEIRO DE PERCURSO ...........................................................................15 O BAILADO TEÓRICO .............................................................................................. 17 Psicologia Analítica...................................................................................................... 27 Inconsciente Pessoal e Coletivo ......................................................................... 35 Figuras Míticas........................................................................................................ 39 Fenomenologia da Criação Poética ......................................................................... 41 A Metafísica da Imaginação ................................................................................ 43 O Método Fenomenológico ..............................................................................