Memória E Identidade Na Poética De Manoel De Barros
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CÍCERA ROSA SEGREDO YAMAMOTO MEMÓRIA E IDENTIDADE NA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS SÃO PAULO - SP 2016 12 CÍCERA ROSA SEGREDO YAMAMOTO MEMÓRIA E IDENTIDADE NA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras, da Universidade Presbiteriana Mackenzie/UPM, como requisito para a obtenção do título de Doutor. Orientadora: Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi SÃO PAULO - SP 2016 13 Y19m Yamamoto, Cícera Rosa Segredo. Memória e identidade na poética de Manoel de Barros / Cícera Rosa Segredo Yamamoto – São Paulo, 2016. 173 f.; 30 cm. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2015. Orientador: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi Referência bibliográfica: p. 165-173 1. Ars poética. 2. Discurso poético. 3. Exotopia. I. Título. CDD 809.13 14 TERMO DE APROVAÇÃO CÍCERA ROSA SEGREDO YAMAMOTO MEMÓRIA E IDENTIDADE NA POÉTICA DE MANOEL DE BARROS Tese aprovada como requisito para obtenção do título de Doutor no Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie / UPM, pela seguinte banca examinadora: Orientador: _____________________________________________ Profa. Drª. Marlise Vaz Bridi Universidade Presbiteriana Mackenzie/UPM _____________________________________________ Profª. Drª. Ana Lúcia Trevisan Universidade Presbiteriana Mackenzie/UPM _____________________________________________ Profª. Drª. Kelcilene Grácia Rodrigues Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS ___________________________________________ Profª. Drª. Maria Helena Fioravante Peixoto Universidade de São Paulo/USP ___________________________________________ Profª. Drª. Glória Carneiro do Amaral Universidade Presbiteriana Mackenzie/UPM São Paulo, 31/03/2016. 15 Dedico este trabalho ao meu esposo, Márcio Rios, e aos meus filhos, Gustavo Kioshi e Marcia Mayumi. 16 Meus agradecimentos À minha mãe, Maria Segredo Yamamoto ( in memoriam), e ao meu pai, Takeshi Yamamoto, meu amor e agradecimento por tudo. A toda a minha família e, em especial, aos meus irmãos, Joaquim Kioshi Yamamoto, que muitas vezes me levou à rodoviária e ao aeroporto, ou lá me foi buscar, e Roberto Yamamoto que me ajudou desde as séries iniciais até o término do ensino médio. À minha amiga e cunhada Gilvania Maria de Souza Yamamoto, por cuidar de minhas crianças em minha ausência, pelo apoio e incentivo sempre. Ao meu esposo, Márcio José Ferreira Rios, pelo incentivo, apoio e por cuidar de nossos filhos nos momentos em que precisei me ausentar para me dedicar aos estudos. A todos os integrantes do projeto Dinter, que concorreram para pôr em prática a execução desta importante parceria, que muito nos beneficiou. Aos professores que ministraram aulas no programa, tanto da Universidade de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas (UFMS), quanto da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Aos queridos colegas do Dinter. À minha amiga Silvana Alves da Silva Bispo, que compartilhou comigo momentos de alegrias e angústias durante as disciplinas, as viagens, os eventos e os hotéis. À professora Kelcilene Grácia-Rodrigues, pelo incentivo, apoio, amizade e pelos empréstimos de materiais e livros sobre Manoel de Barros para consulta. Às professores Ana Lúcia Trevisan e Maria Helena Fioravante Peixoto, pelas importantes sugestões no exame de qualificação. Ao professor e amigo Juarez, pelas sugestões, pelas palavras de conforto nas horas em que mais precisei. Às professoras Rosa Maria Sanches e Josefina Sanches Costa, pela amizade, pelas conversas e trocas de ideias, que muito enriqueceram meu trabalho. À professora Marlene Durigan, pelas valiosas contribuições na revisão textual. À minha orientadora, Marlise Vaz Bridi, pela amizade e pelo carinho com que sempre me recebeu em São Paulo. À Capes, pela contribuição em passagens, estágios e diárias. 17 A memória age como a lente convergente na câmara escura: reduz todas as dimensões e produz, dessa forma, uma imagem bem mais bela do que o original. Arthur Schopenhauer 18 RESUMO YAMAMOTO, Cícera Rosa Segredo. Memória e identidade na poética de Manoel de Barros. São Paulo, 2015. Tese (Doutorado, Letras) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, UPM. Manoel de Barros é poeta e, como se autodefine, “poeta da palavra”, cujos poemas guardam íntima relação com o Pantanal (sul-)mato-grossense, pondo à mostra a estreita relação entre a obra e o contexto. Procuramos responder, ao longo da tese, a três questões: se a “inspiração poética” de Manoel de Barros transcende sua experiência pessoal nos seus livros, ou se o lugar e o tempo de onde se pronuncia são tão presentes nas obras que acabam por inscrever nelas traços de autobiografia; se os traços que constituem o fazer poético do escritor podem (ou não) identificar em suas obras um poeta “do local”, ou uma poética universalizante; como o escritor mato-grossense, cronologicamente inscrito na “geração de 45”, articula tradição e inovação em sua construção poética. Ratificando ou desconstruindo “verdades” publicadas sobre a poética do autor e buscando novos construtos e efeitos estéticos nessa produção literária, temos como objetivos específicos: identificar regularidades e dispersões na forma e conteúdo dos poemas; discutir a relação entre local e universal, entre tradição e modernidade, entre memória e invenção e entre os eus/outros que convivem nas obras; buscar traços identificadores da poética do escritor. Para tanto, elegemos como corpus da pesquisa duas obras de Manoel de Barros: Poemas concebidos sem pecado (1937), primeiro livro do escritor, e Memórias inventadas: terceira infância (2008), procurando fazer uma ponte entre o primeiro e um dos últimos livros do poeta. O cumprimento dos objetivos propostos requer, no entanto, além de “enfrentar” a obra, munir-se de uma fundamentação teórica. Assim, valemo- nos de Candido (2000) para tratar da questão da dialética do local e do universal na descolonização literária, bem como da relação autor-obra-público. Para esclarecer conceitos ou princípios “técnicos” essenciais à análise, como tradição, influência e intertextualidade, recorremos a Nitrini (2000), a quem agregamos Bakhtin (2011), sobretudo para tratarmos de estilo, estética e exotopia, e Paz (1972; 1991). Para a compreensão do conceito de identidade, o apoio veio de Hall (2011) e de outros autores convocados para as reflexões sobre identidade e memória, como Gusdorf (1951, 1990, 1991), Bergson (2006), Halbwachs (2003), Ricoeur (2007) e Candau (2014). A esses autores de referência, alguns outros emergem oportunamente, porque indispensáveis à leitura da poesia de Manoel de Barros. Verificamos que Barros excluía de sua poesia qualquer propósito de descrever paisagens ou historiar costumes, pondo à mostra o diálogo, a aproximação e o distanciamento entre os eus, os tempos e os espaços. Barros atribuía seu lirismo a “um ermo dentro do olho” e, para expressá- lo, adotou um formato aparentemente autobiográfico, apenas como recurso de invenção, pois cantou “o que não fora”, mas do que tinha saudade “por não ter sido”, revelando-nos a exotopia de que fala Bakhtin (2011). De nossa leitura, ficou a memória não como representação, mas como "olho divinatório", em tom e versos inconfundíveis de Manoel de Barros. Palavras-chave: Ars Poetica ; Discurso Poético; Exotopia. 19 ABSTRACT YAMAMOTO, Cícera Rosa Segredo. Memória e identidade na poética de Manoel de Barros. São Paulo, 2015. Tese (Doutorado, Letras) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, UPM. Manoel de Barros is a poet and as defines itself, "word of poet", whose poems are closely related to the Pantanal (South) of Mato Grosso, putting on display the close relationship between the work and the context. We search to answer along the thesis, three questions: if the "poetic inspiration" by Manoel de Barros transcends his personal experience in his books, or the place and time where pronounced are so present in the works that ultimately enroll them autobiography traces; if the traits that make up the poetic writer can do (or not) identify in their works a poet "local" or a universalizing poetic; such as (South) Mato Grosso writer, chronologically enrolled in the "45 generation" articulates tradition and innovation in his poetic construction. Confirming or deconstructing "truths" published on the poetics of the author and searching new constructs and aesthetic effects that literary production, we have the following objectives: identify regularities and dispersions in the form and content of the poems; discuss the relationship between local and universal, between tradition and modernity, between memory and invention and among selves / others who live in the works; search identifying traits of poetic writer. To this end, we elected as corpus of research two works of Manoel de Barros: Poemas concebidos sem pecados (1937), the first book of the writer, and Memórias inventadas: A terceira infância (2008), searching to bridge the gap between the first and one of the last books the poet. Compliance with the proposed objectives requires, however, in addition to "face" the work, to provide himself with a theoretical foundation. Thus, we use of Candido (2000) to treat the issue of the location of the dialectic and universal literary decolonization, as well as the relationship of author-work-public. To clarify concepts or principles "technical" essential to the analysis, such as "tradition," "influence" and "intertextuality", we called to Nitrini (2000), to whom we add Bakhtin (2011), mainly to treat style, aesthetics and exotopy, and Paz (1972; 1991). For understanding the concept of identity, the support came from Hall