Processos De Criação Em Debate
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PROCESSOS DE CRIAÇÃO EM DEBATE Cecilia Almeida Salles Sílvia Maria Guerra Anastácio (Organizadoras) PROCESSOS DE CRIAÇÃO EM DEBATE Cecilia Almeida Salles Sílvia Maria Guerra Anastácio Organizadoras PROCESSOS DE CRIAÇÃO EM DEBATE Salvador UFBA 2018 Ficha Técnica Organização Cecilia Almeida Salles Sílvia Maria Guerra Anastácio Edição e Revisão Sílvia Maria Guerra Anastácio Flávio Azevêdo Ferrari Marieli de Jesus Pereira Raquel Borges Dias Sandra Cristina Souza Corrêa Shirlei Tiara de Souza Moreira Sirlene Ribeiro Góes Apoio CNPq Sistema de Bibliotecas – SIBI/UFBA Processos de criação em debate / Cecilia Almeida Salles, Sílvia Maria Guerra Anastácio, organizadoras.- Salvador: UFBA, 2018. 400 p. ISBN: 978-85-8292-165-4 1. Semiótica e literatura. 2. Criação (Literária, artística, etc.) 3. Crítica textual. I. Salles, Cecilia Almeida. II. Anastácio, Sílvia Maria Guerra. CDU – 801.73 CDD - 801.95 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 7 GÊNESE E CENSURA: POR UM ESTUDO CRÍTICO E GENÉTICO DA 9 PRODUÇÃO DRAMATÚRGICA DO AMADOR AMADEU Carla Cecí Rocha Fagundes e Rosa Borges NEWSGAME: O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM JOGO 23 JORNALÍSTICO Carla Miranda B. de Freitas e Cecilia Almeida Salles ESTUDO CRÍTICO E GENÉTICO DE HISTÓRIA DA PAIXÃO DO SENHOR 37 Dâmaris Carneiro dos Santos e Rosa Borges DE LA VOZ A LA ESCRITA: (AUTO) TRADUCCION Y (RE) CREACION 47 EN LA POESIA BILINGÜE (CHAIMA-ESPAÑOL) DE DOMINGO ROGELIO LEON Digmar Jiménez Agreda UNIVERSOS PLURAIS, DIVERSAS MÍDIAS E AS POÉTICAS 61 INTERMÍDIAS NA EXPERIMENTAÇÃO CONTEMPORÂNEA Eliane Cristina Testa APONTAMENTOS SOBRE O MANUSCRITO MODERNO E SUA 73 REMEDIAÇÃO PARA OUTRAS MÍDIAS Elisabete da Silva Barbosa A NAU DOS INOCENTES DE JOSUÉ GUIMARÃES: O SILÊNCIO E O 81 DIÁLOGO Elisângela de Britto Palagen e Miguel Rettenmaier UMA ÉPOCA, UMA VIDA, NA BAHIA – 1928/1962: ESTUDO GENÉTICO 91 DE DATILOSCRITO DE MANOEL PINTO DE AGUIAR Elizete Leal Candeias Freitas e Arivaldo Sacramento de Souza MONTEIRO LOBATO EDITOR: JARDIM SECRETO DE FRANCISCA DE 105 BASTO CORDEIRO (1875-1969) Emerson Tin ELEMENTOS FÍLMICOS NÃO ESPECÍFICOS: MULTIPLICIDADE DE 113 DIÁLOGOS Eva Cristina Francisco e Edina Regina Pugas Panichi RECRIANDO A GUERRA DOS MUNDOS, DE H. G. WELLS: A DINÂMICA 125 CRIADORA DE AUDIOLIVROS BRASILEIROS A PARTIR DE ROMANCES E CONTOS DE LÍNGUA INGLESA Flávio Azevêdo Ferrari A POTÊNCIA ARQUIVÍSTICA DA ESCRITA DE JUDITH GROSSMAN 137 Henrique Julio Vieira e Evelina Hoisel ABORDAGEM PROCESSUAL NA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA 151 Janaína Sarah Pedrotti O MOVIMENTO CRIATIVO EM QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA 163 UM PONTO DE LISETE NAPOLEÃO MEDEIROS Jaqueline Lima da Silva e Márcia Edlene Mauriz Lima POEMAS DO GRANDE SERTÃO: DISCUTINDO A “ABSOLUTA 173 FIDELIDADE” DE RENATO CASTELO BRANCO Lia Raquel Rodrigues de Sousa e Márcia Ivana de Lima e Silva "A ESCULTURA DE PALAVRAS TAMBÉM TEM SUAS BELEZAS": 185 MÁRIO DE ANDRADE LEITOR DOS PARNASIANOS Ligia Rivello Baranda Kimori ENTRELAÇANDO DOCUMENTOS: MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA 197 BAHIA NA REDE Lívia Borges Souza Magalhães e Alícia Duhá Lose GÊNESE, SÍMBOLOS E CORES: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE 209 CRIAÇÃO DA CAPA DO LIVRO PAREMIOLOGIA NORDESTINA, DE FONTES IBIAPINA Lueldo Teixeira Bezerra e Márcia Edlene Mauriz Lima O ARQUIVO PESSOAL DE ARIOVALDO MATOS NO HORIZONTE 221 CONTEMPORÂNEO DA CRÍTICA TEXTUAL Mabel Meira Mota A ESCOLHA OU O DESEMBESTADO: A CONSTRUÇÃO DE UMA 235 TEATRALIDADE Mabel Meira Mota e Rosa Borges O SHOW DO EU: A CONSTRUÇÃO FICCIONAL NA 249 CORRESPONDÊNCIA DE CAIO FERNANDO ABREU Mara Lúcia Barbosa da Silva CONEXÕES E INTERAÇÕES DO PROCESSO DE CRIAÇÃO NO ENSINO 261 DE DESIGN DO PRODUTO: MODOS DE DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO Marcelo José Oliveira de Farias SOM E FÚRIA: O PROCESSO CRIATIVO DE UMA MÍDIA TELEVISIVA 271 A PARTIR DA LINGUAGEM TEATRAL Marieli de Jesus Pereira CARTAS DE UM EREMITA EM PARIS: ANOTAÇÕES À MARGEM DO 281 EPISTOLÁRIO DE ITALO CALVINO (1940-1985) Maurício Santana Dias TROCANDO O PALCO PELO MICROFONE: DIRIGINDO A PEÇA 291 RADIOFÔNICA A MÁQUINA DO TEMPO Mirela Dornelles Gonzalez Paz e Sílvia Maria Guerra Anastácio A INFLUÊNCIA DA REDE SOCIAL FACEBOOK NA PRODUÇÃO DE 303 CORDÉIS Nilson Oliveira Moura e Aparecido José Cirillo A ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL FOTOGRÁFICO DE OTTO 317 STUPAKOFF: O OLHAR DO FOTÓGRAFO SOBRE A SUA PRODUÇÃO Patricia Kiss Spineli e Edson do Prado Pfützenreuter DA COSTA E SILVA: CARTA/POEMA À AMADA 331 Raimunda Celestina Mendes da Silva e Marcos Antonio de Moraes CRÍTICA GENÉTICA E HUMANIDADES DIGITAIS: UMA INTERFACE 345 POSSÍVEL Sandro Rogério Silva de Carvalho e Sergio Romanelli GILBERTO FREYRE EM DIÁLOGOS EPISTOLARES DO 359 MODERNISMO: FACETAS DA CORRESPONDÊNCIA COM ALFREDO FREYRE, GUSTAVO CAPANEMA, MANUEL BANDEIRA E OLIVEIRA LIMA Silvana Moreli Vicente Dias A DESCRIÇÃO DOCUMENTAL DOS CADERNOS DE ANOTAÇÕES 373 PESSOAIS DO JORNALISTA PIAUIENSE JOEL DE OLIVEIRA Solange Hiller Herthz Santos ENTRE DORES E AMORES: O CROCHÊ COMO LINGUAGEM NO 387 CADERNO DIÁRIO DE REGINA RODRIGUES Tatiana Campagnaro e Aparecido José Cirillo SOBRE AS ORGANIZADORAS 401 7 APRESENTAÇÃO A Coletânea online Diversidade dos estudos de processo do século XXI nos levou a observar, primeiramente, a ampliação crescente do número de pesquisadores dedicados à análise de processos de criação com uma ampla variedade de metodologias e objetivos. Essa expansão se concretiza em um grande número de grupos de estudos de processo espalhados pelo país, que têm gerado tantas pesquisas de iniciação científica, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Ao pensar no modo de apresentação dos textos da presente coletânea, cogitamos em títulos que dessem conta de possíveis agrupamentos temáticos ou das linguagens discutidas nos artigos. Como todas as tentativas, contudo, pareceram ineficientes, decidimos optar pela ordem alfabética que, talvez, seja mais fiel à riqueza das relações estabelecidas em muitos textos e, especialmente, à ausência de fronteiras nítidas entre humanidades digitais, palavra e imagem, entre literatura e tradução, artesanato e design, palavra do escritor e testemunho de seu acervo ou arquivo, filologia e crítica genética, processo de criação, ensino e inclusão social, autorias colaborativas de processos disseminados pelas redes sociais, mídias audiovisuais e artes plásticas, bem como tantas outras formas de criar que, hoje, somos capazes de registrar. O fato é que todas essas questões e tais estudos de caso nos levam à constatação de um campo de experimentação de pesquisas em efervescência, cujos processos guardam narrativas genéticas inusitadas. De modo que os desafios desses estudos genéticos se tornam cada vez mais complexos e acolhem um leque imenso de registros em suportes jamais pensados pelos estudos de crítica genética tradicionais. Propomos, então, um breve passeio por esse universo genético que nos apresenta questionamentos e considerações múltiplas, sempre apostando em novos campos de estudo e de pesquisa. Não há dúvida de que a era digital ainda nos guarda muitas surpresas e inquietações no campo das pesquisas de processo em que o quadro conceitual dos estudos genéticos se encontra ainda em franco desenvolvimento. 9 GÊNESE E CENSURA: POR UM ESTUDO CRÍTICO E GENÉTICO DA PRODUÇÃO DRAMATÚRGICA DO AMADOR AMADEU Carla Cecí Rocha Fagundes1 Rosa Borges2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Brasil, entre 1964 e 1985, viveu sob Regime Militar, com cerceamento à liberdade de expressão. Os setores artísticos, de modo geral, sofreram restrições; no teatro houve cortes e vetos às produções dramatúrgicas. Nesse contexto de censura, surgiu o grupo Amador Amadeu, atuante na Bahia, de 1975 a 1978. Entre os textos dramatúrgicos do grupo, destacam-se Gran Circo Raito de Sol ou Gran Circo Latino Americano, escrito em 1976, e O Cabaret O Segredo de Laura apresenta: Xô, galinha show, produzido e encenado em 1978. Tais textos se relacionam no tocante aos seus processos de criação. Face a isso, nos lugares da Filologia e da Crítica Genética, através de um estudo desses textos, pretende-se analisar o processo criativo do grupo Amador Amadeu durante a ditadura na Bahia. FILOLOGIA E CRÍTICA GENÉTICA: POR UM ESTUDO CRÍTICO A Filologia é uma disciplina que apresenta dificuldades para os que queiram defini-la de modo preciso e simplista. Conforme Borges e Souza (2012), entre as possíveis razões para tal destacam-se aspectos como: a senilidade da Filologia e a pluralidade de atividades classificadas como “filológicas”. Isso fica comprovado quando se faz remissão a uma definição proposta por um dos filólogos mais renomados, Erich Auerbach, que conceituou a Filologia como um: [...] conjunto das atividades que se ocupam metodicamente da linguagem do Homem e das obras de arte escritas nessa linguagem. Como se trata de uma ciência muito antiga, e como é possível ocupar-se da linguagem de muitas e diferentes maneiras, o termo filologia tem um significado muito amplo e abrange atividades assaz diversas [...] (AUERBACH, 1972, p. 11). 1 Doutoranda na Universidade Federal da Bahia. 2 Professora Doutora na Universidade Federal da Bahia. 10 Diante dessa diversidade de atividades, pode-se eleger a principal delas, a edição de textos, através da qual a filologia busca evidenciar uma cultura apresentada a partir da materialidade dos textos que atualiza. Contudo, sabe-se que o trabalho filológico vai muito além da edição, dado o seu caráter interpretativo, no que tange a aspectos tanto culturais quanto literários, todos considerados a partir do texto. Nessa direção, conforme Santos (2012, p. 19), “[...] a filologia tem por objeto o texto, manuscrito, datiloscrito, digitoscrito ou impresso, oral ou escrito, tomado para