第第第三第三三三屆立法會屆立法會 第第第三第三三三立法會期立法會期(((二零零(二零零七七七 – 二零零八八八)八))) 第一組 第第第 III ---74 期期期 III LEGISLATURA 3a SESSÃO LEGISLATIVA (((2007-2008))) I SÉRIE N o III ---74

Data: 7 de Novembro de 2007 Ordem do Dia: 1. Apresentação, discussão e votação na generalidade da proposta Início da reunião : 15 horas de lei intitulada “Altera o Decreto-lei n. o 25/96/M, de 27 de Maio”. Fim da reunião : 17 horas e 45 minutos 2. Apresentação, discussão e votação na generalidade da proposta de lei intitulada “Alteração ao regime jurídico do seguro de Local : Sala do Plenário do Edifício da Assembleia Legislativa, sito acidente de trabalho e doenças profissionais”. nos Aterros da Baía da Praia Grande, na Praça da Assembleia Legislativa em . Sumário : No período de antes da Ordem do Dia usaram da palavra os Srs. Deputados Leong Iok Wa, Lao Pun Lap, Ng Kuok Cheong, Presidente : , , Tsui Wai Kwan, Leong On Kei, Iong Weng Ian, Ho Teng Iat (intervenção apresentada em seu nome e Vice-Presidente : Lau Cheok Va em nome dos Deputados Kou Hoi In e Cheang Chi Keong), Lei Pui Lam, José Maria Pereira Coutinho, , Kwan Tsui Primeiro-Secretário : Hang, Ung Choi Kun, Leong Heng Teng e Chan Chak Mo (intervenção apresentada em seu nome e em nome do Deputado Segundo-Secretário : Kou Hoi In Ieong Tou Hong).

Deputados presentes: Susana Chou, Lau Cheok Va, Leonel Alberto Já no período da Ordem do Dia foram apresentadas, discutidas e Alves, Kou Hoi In, Philip Xavier, Leong Heng Teng, Kwan Tsui aprovadas na generalidade as propostas supramencionadas. Hang, Ho Teng Iat, Chui Sai Cheong, Iong Weng Ian, Ng Kuok Cheong, Vitor Cheung Lup Lwan, Tsui Wai Kwan, Chan Chak Mo, Acta: Leong Iok Wa, Cheang Chi Keong, Au Kam San, Ung Choi Kun, Lei Pui Lam, Lao Pun Lap, Ieong Tou Hong, José Maria Pereira Presidente: Srs. Deputados: Coutinho, Chui Sai Peng José, Sam Chan Io, Leong On Kei, Chan Meng Kam e Lee Chong Cheng. Boa tarde.

Deputados ausentes: . e Chow Kam Fai David. Vamos iniciar a reunião de hoje.

Convidados: Inscreveram-se 16 Srs. Deputados para usar da palavra, no período Florinda Chan, Secretária para a Administração e Justiça; de antes da Ordem do Dia, de modo que vamos demorar, com Tam Pak Yuen, Secretário para a Economia e Finanças; certeza, mais de uma hora. Assim, vamos prolongar a sessão o tempo José Chu, Director da Direcção dos Serviços de Administração e que for preciso. Função Pública; António Félix Pontes, Administrador da Autoridade Monetária de Tem a palavra a Sr.ª Deputada Leong Iok Wa. Macau Ao Ieong Kei, Directora-Adjunta do Gabinete Jurídico; Leong Iok Wa: Obrigada, Sr.ª Presidente. José Pinheiro Toress, Assessor do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça; Sr.ª Presidente, Caros Colegas: Ku Mei Leng, Sofia, Assessora do Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça. Há dias, dois funcionários públicos da área da enfermagem pediram-me ajuda por terem sido alvo de queixas do público, quando se encontravam no exercício das suas funções. Como a legislação N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 2 vigente não dispõe de qualquer norma que regule situações dessas, se deparam e resolvê-las adequadamente, por forma a demonstrar o não receberam qualquer apoio por parte do serviço a que pretencem, seu carinho para com a equipa de funcionários públicos. e como a remuneração que auferem ultrapassa o limite para requerimento de apoio judiciário, tiveram de ser eles a pagar os Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado lao Pun Lap. honorários do advogado, o que os deixou desesperados. Lao Pun Lap: Obrigado, Sr.ª Presidente. Esse problema coloca-se a todo o pessoal da função pública. A prestação de serviços à população é responsabilidade dos Sr.ª Presidente, Caros Colegas: funcionários públicos, mas durante a prestação desse serviço podem ser, eventualmente, alvo de queixas. Se algum funcionário se vir Os sectores do jogo e do turismo têm-se desenvolvido envolvido numa acção judicial, tem de aguentar grande pressão rapidamente nestes últimos anos, o que levou ao aumento constante psicológica até tomar conhecimento da respectiva sentença, e o pior da procura de recursos humanos e também dos salários dos é que não se sabe quando é que isso acontecerá, isto para juntar à já trabalhadores dos sectores em causa. A atractividade dum emprego grande pressão proveniente do seu próprio trabalho. Como não na função pública, com estabilidade salarial e boas regalias, já não é existem mecanismos de apoio, têm de ser os próprios funcionários a a mesma, isso já deixou de ser o único desejo da generalidade da suportar os custos com os honorários dos advogados. Alguns são de população. Por seu turno, com o progresso e desenvolvimento social opinião que a inexistência desses mecanismos é uma injustiça, pode constantes, tanto a Administração como o público exigem, cada vez agravar ainda mais a pressão e, consequentemente, afectar o moral mais, um alto nível de qualidade dos serviços prestados pelos dos funcionários. funcionários públicos. Não se pode negar que o stress entre os funcionários públicos da linha da frente e os das categorias inferiores Prevê-se na Lei n.º5/2006 que, em casos devidamente é cada vez maior, dando origem a algum desequilíbrio psicológico. fundamentados, pode o Chefe do Executivo, sob proposta do director, determinar que os preparos, as custas e o patrocínio judiciário do Para além da necessidade de considerar a situação que já referi, pessoal demandado civil ou criminalmente, ou que demande civil ou deve ainda ter-se em consideração que os funcionários públicos são criminalmente terceiros, por actos praticados no exercício das suas uma parte relevante dos recursos humanos de Macau. Só com uma funções, seja custeado pela Polícia Judiciária. Quanto aos restantes equipa estável de funcionários públicos é que será possível articular trabalhadores da Função Pública, podem apenas requerer o apoio esforços com o Governo da RAEM para a implementação das ideias judiciário previsto pelo Decreto-lei n.º41/94/M para assegurar e políticas preconizadas nas LAG, prestando assim serviços de serviços gratuitos prestados pelos advogados e a dispensa, total ou qualidade e impulsionando o desenvolvimento sustentável de Macau. parcial, do pagamento de preparos ou custas. Tendo em conta que o Nestes últimos anos a inflação tem sido contínua, com o resultante objecto da aplicação do apoio judiciário é presumido na lei para as aumento dos preços dos diversos produtos, agravando os encargos da pessoas que carecem de capacidade económica, os funcionários população. Com uma tendência de aumento progressivo dos salários públicos não podem obter apoio judiciário se a soma do seu dos trabalhadores dos diversos sectores, julgo que é oportuno o rendimento individual e poupanças ultrapassarem o limite para Governo da RAEM proceder ao ajustamento dos vencimentos dos requerer apoio judiciário. Isto quer dizer que, segundo os actuais funcionários públicos, ajustamento esse que deve ser grande, por mecanismos, é difícil os funcionários públicos obterem apoio se forma a estabilizar o pessoal. Na realidade, os vencimentos dos forem evolvidos em acções por motivo do exercício das suas funções, funcionários públicos sofreram apenas dois ajustamentos depois da precisando de contratar advogados a expensas próprias. Se bem que transferência de soberania. É compreensível a atitude prudente do o pessoal em causa até possa sair vencedor da acção e exigir ao juiz Governo, mas numa perspectiva científica e de longo prazo, é que as custas fiquem a cargo da parte vencida, nos termos da lei necessário estabelecer mecanismos de ajustamento salarial, de modo vigente tem de ser ele próprio a suportar a parte dos custos com o a que os trabalhadores da Função Pública possam, a exemplo dos advogado. trabalhadores dos diversos sectores, correr juntos os mesmos riscos e avançar de mãos dadas, tanto perante a estagnação económica como Os trabalhadores da Função Pública, quando exercem as suas perante a partilha dos resultados em tempos de prosperidade. funções não o fazem em nome individual, estão antes a cumprir o seu dever de servir a população, em nome do Governo. Assim, face O desenvolvimento socioeconómico de Macau tem sido próspero, às acções levantadas contra trabalhadores no exercício das suas nestes quase 8 anos que se seguiram à Transferência, facto que não funções legais, o Governo não deve cruzar os braços, deixando que fica apenas a dever-se aos esforços do Governo e dos residentes de sejam os funcionários a enfrentar sozinhos o processo de acusação. Macau, mas também ao inegável contributo dos funcionários Proponho ao Governo que tome por referência o actual “Regime de públicos. E acredito que o aumento adequado dos salários dos Acesso ao Direito” criado para o pessoal da Polícia Judiciária e que funcionários só poderá ter efeitos positivos. Face às transformações crie um mecanismo de apoio para todos os trabalhadores da Função do mercado de recursos humanos, ao contínuo aumento da pressão e Pública que se virem envolvidos em acções por motivos do exercício das exigências dos residentes, a adopção de medidas de incentivo das suas funções, e que determine que os honorários com a adequadas para os funcionários públicos permitirá manter o pessoal contratação de advogados e as custas sejam pagas pelos respectivos qualificado, bem como aumentar o sentido de pertença dos serviços, por forma a que os funcionários envolvidos em processos funcionários públicos tanto no emprego como na sociedade, consigam obter os devidos apoios. aumentar o seu empenho e moral, por forma a que consigam trabalhar com o “coração”, servir o público com o “coração”, pois só O Governo, na sua qualidade de empregador, deve envidar assim é que se poderá elevar a qualidade da equipa de funcionários esforços para criar bons regimes e um ambiente de trabalho saudável públicos. para os seus trabalhadores. O Governo deve dar a devida atenção às constantes dificuldades com que os trabalhadores da Função Pública Para além da actualização dos salários, é ainda premente que se 2 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 3 proceda à reforma do regime jurídico da função pública, habitações sociais destinadas às famílias com dificuldades nomeadamente do regime das carreiras, visto que o regime existente económicas e por habitações económicas, com divisórias e está em vigor desde a época da administração portuguesa e muitas acabamentos normais para evitar o esbanjamento de recursos normas estão já desactualizadas. Por exemplo, muitos serviços públicos na construção de alojamentos com a única finalidade de dar públicos diferenciam ainda o pessoal em “pessoal do nas vistas, destinadas às camadas de base ou a todos aqueles que quadro” e “pessoal contratado além do quadro”, o que origina queiram levar uma vida modesta. situações de “trabalho igual, salário diferente” e, consequentemente, situações de indiferença perante o trabalho, por parte de alguns Implementação e desenvolvimento do regime de salário mínimo - funcionários do quadro. Proponho então ao Governo da RAEM que para além de se assegurar a plena implementação do salário mínimo uniformize as categorias e carreiras, ou seja as designações “pessoal nos contratos de adjudicação de serviços por forma a permitir que os do quadro” e “pessoal contratado além do quadro” passarem trabalhadores gozem efectivamente dos seus benefícios, deve a “funcionários públicos”, por forma a que os direitos e deveres consagrar-se, em cumprimento da determinação imposta nas Bases sejam iguais para todos. Assim criar-se-ia um regime justo e Gerais da Política de Emprego e dos Direitos Laborais, o regime de imparcial e acabar-se-ia com as diferenças entre os funcionários salário mínimo, e assumir o compromisso de aplicar em 2008 esse públicos, aumentando, por conseguinte, a cooperação em prol do regime a determinados sectores de actividade, designadamente às desenvolvimento da RAEM e da execução das LAG do Governo. E actividades de segurança privada, de limpeza e à indústria para os funcionários cujo desempenho seja excelente e que de forma manufactureira. contínua procurem a auto-valorização, devem reforçar-se os prémios e louvores e importar novos mecanismos de estímulo e incentivo, Congelar a importação de trabalhadores indiferenciados e por forma a elevar o moral dos nossos funcionários públicos. incentivar as empresas do jogo a acabarem com a discriminação em razão da idade – cerca de 3/4 dos trabalhadores importados são Obrigado a todos. trabalhadores indiferenciados. O aumento do número de trabalhadores indiferenciados importados não contribui em nada para Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Ng Kuok Cheong. o aumento da qualidade das actividades sectoriais de Macau, antes pelo contrário, está a afectar as regalias e as condições de trabalho Ng Kuok Cheong: Obrigado, Sr.ª Presidente. dos trabalhadores locais, colocando-os numa situação de miséria devido aos baixos salários que auferem. Portanto, o Governo deve Caros Colegas: congelar de imediato a importação de trabalhadores indiferenciados, e reduzir gradualmente os 18 mil trabalhadores não residentes Sendo o jogo uma actividade predominante, é natural que, indiferenciados que estão a trabalhar no sector do jogo (parte desses atendendo ao desenvolvimento económico, surjam situações de trabalhadores podem ser transferidos, de forma adequada, para as acentuado crescimento do Produto Interno Bruto, de brusco aumento PME locais), e incentivar as empresas do jogo a acabarem com a das receitas do Governo e de impossibilidade duma partilha discriminação em razão da idade e a contratarem mais residentes de equitativa dos frutos da prosperidade económica. Regista-se um meia idade. alargamento do fosso entre ricos e pobres e uma subida gradual da inflação, e quem mais sente os respectivos efeitos são as camadas Criar um regime de aposentação que permita aos residentes sociais mais desfavorecidas, por isso é que, na minha opinião, a aposentarem-se aos 60 anos de idade - O Governo deve criar um Administração deve criar, de imediato, um mecanismo de regime de aposentação para os residentes, permitindo que estes, ao redistribuição de recursos, transparente e estável, visando completarem os 60 anos de idade, possam aposentar-se e receber as principalmente aliviar as dificuldades dos empregados pobres e diuturnidades e a pensão de velhice do Fundo de Segurança Social. incutir a preocupação de se viver à custa do próprio trabalho. Assim, Claro que o valor da pensão de velhice não pode ser inferior ao lanço um apelo à Administração para que responda a tudo isto nas índice mínimo de subsistência (risco social). Quanto aos que LAG para 2008 e no respectivo Orçamento Financeiro. recebem essa pensão mas têm ainda capacidade para o trabalho, não devem ser impedidos de trabalhar para poderem melhorar as suas Política fiscal que beneficie os residentes de Macau que têm condições de vida. Tem de se garantir que a alteração do regime de habitação própria - a Administração deve ajustar com determinação segurança social não afecte os interesses dos beneficiários do Fundo as taxas dos impostos e contribuições, para que os objectivos de Segurança Social. públicos sejam alcançados. No mercado imobiliário coexistem as habitações de luxo destinadas ao investimento estrangeiro e as Ajustar o índice mínimo de subsistência (risco social) e criar um habitações destinadas aos residentes, cujos preços dispararam nestes regime de apoio financeiro flexível - Deve rever-se o índice mínimo últimos anos devido ao preço dos imóveis de luxo, assim sendo, de subsistência (risco social), ajustando-o até 1/3 do salário mediano devem reduzir-se para metade as taxas de contribuição predial que de Macau, aumentar de 2.000 para 2.500 patacas o montante de incidem sobre as fracções destinadas a habitação própria dos apoio financeiro às famílias com apenas um elemento. Para residentes, sem ter de se mexer, para evitar a subida dos preços dos incentivar as pessoas subsidiadas a trabalharem e ajudar as famílias imóveis, nas taxas que incidem sobre os imóveis de luxo destinados com baixos rendimentos, deve ajustar-se o índice até 1/2 do salário ao investimento estrangeiro. mediano, permitindo aos elementos das famílias com baixos rendimentos que trabalhem e, ao mesmo tempo, recebam apoio Concentração de recursos para a disponibilização de habitações financeiro não superior ao índice mínimo de subsistência, e deixando sociais e económicas – em termos de política de habitação, deve que as famílias compostas por apenas um elemento aufiram haver uma orientação clara para honrar, o mais rápido possível, o mensalmente 3.750 patacas. Esse regime pode ser, de certa forma, compromisso da disponibilização de 19 mil habitações públicas. considerado como um tipo de subsídio às PME para pagamento dos Assim, os recursos em habitações públicas devem ser compostos por salários dos seus trabalhadores. 3 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 4

referido terreno. Na resposta de 26 de Julho de 2007, dada pela Presidente: Sr. Deputado Ng Kuok Cheong: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em conformidade com as instruções do Chefe do No 2º parágrafo do seu texto deve dizer-se a “política fiscal”, ao Executivo, o Director Jaime Roberto Carion admite que o prazo de invés de “política de arrendamento” como o Sr. Deputado leu. arrendamento do terreno em questão tinha caducado em 2000 e, de Portanto, a acta a redigir mantém a expressão “política fiscal”. acordo com as previsões da Lei de Terras, a concessão não podia ser renovada se se ultrapassasse o prazo de 25 anos para Tem a palavra o Sr. Deputado Au Kam San. desenvolvimento do terreno. Refere-se na mesma resposta que “nesta Direcção está a ser dado prosseguimento ao pedido da Au Kam San: Sim, obrigado, Sr.ª Presidente. concessionária para renovação da concessão ou reconcessão nas condições estipuladas no contrato de concessão inicial”. Como não Caros Colegas: fiquei satisfeito com a resposta, interpelei mais uma vez sobre a matéria no passado dia 31 de Agosto do corrente ano. Perante o facto Em Maio de 2006, apresentei uma interpelação oral sobre um de o terreno em questão não ter sido alvo de desenvolvimento no terreno na Baixa da Taipa, constituído por várias parcelas e com uma prazo fixado, o prazo de concessão não pode ser renovado. Então área total de mais de 60 mil metros quadrados, terreno esse que até como é que podem responder que “nesta Direcção está a ser dado 2005 ainda se encontrava por aproveitar, apesar da sua concessão prosseguimento ao pedido da concessionária para a renovação da remontar a 1980. É que, segundo a Lei de Terras em vigor, o terreno concessão ou reconcessão nas condições estipuladas no contrato de poderia ser retomado, uma vez que o contrato de concessão caducou concessão inicial”? Porque é que o Governo não procedeu, nos ao fim de 25 anos, sem hipóteses de renovação. Contudo, a termos da lei, à reivindicação desse terreno para novo planeamento e Administração e a concessionária chegaram a um acordo, no sentido a uma nova concessão por concurso público? Em relação a esse desta “apresentar um pedido ao Chefe do Executivo requerendo a terreno, com uma área total de 55.652m2 (cinquenta e cinco mil declaração da extinção do referido contrato” para que o terreno seiscentos e cinquenta e dois metros quadrados), o Governo apenas pudesse, logo após essa declaração, ser novamente concedido, sem recebeu um prémio da ordem dos 578 milhões de patacas. A concurso público, às empresas indicadas pela concessionária. Se o Administração não me respondeu porque é que o terreno foi referido terreno fosse posto à venda em hasta pública poderia repetidamente concedido à mesma empresa com dispensa de representar uma receita de vários milhares de milhões de patacas concurso público. Essa prática de recorrer a jogos de magia deixa- para os cofres públicos, só que seguindo o método de cálculo do nos bastante indignados, uma vez que provoca grandes prejuízos prémio, a concessionária teve apenas de pagar um prémio adicional para a sociedade e está a transformar-se num método para a de 735 milhões de patacas. Este jogo merece uma séria repreensão. A concessão de terrenos. resposta do ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long, a essa minha interpelação é surpreendente. Na altura Em Março de 2006 foi autorizada a alteração de industrial para afirmou que se tinha decidido por aquele método, a declaração da comercial da finalidade dum terreno com uma área superior a 60 mil extinção do contrato, para se poder depois conceder o terreno ao m2, situado na zona norte de Macau, cujo valor do prémio é 914 mesmo promotor sem concurso público, para evitar que a retoma do milhões de patacas. No entanto, em menos dum mês o terreno por parte do Governo pudesse vir a ser objecto de acção concessionário vendeu em Hong Kong 80% das suas quotas por 8 judicial e arrastar-se anos, protegendo-se assim melhor os interesses biliões e 480 milhões de dólares de Hong Kong. A sociedade da sociedade. É simplesmente ridículo afirmar que a Administração alvoroçou-se, achando que se trata dum exemplo de cedência de não se atreve a retomar o terreno, nos termos da lei, pelo facto de o interesses. O Chefe do Executivo explicou-nos, numa reunião na AL, sistema judiciário não funcionar, o que bem demonstra que também que o facto se devia à prática daquela empresa de Hong Kong, que é a Administração perdeu a confiança nos órgãos judiciais. Felizmente, cotada na bolsa. É evidente que tal explicação originou algum rancor. os governantes não têm vergonha de prestar esclarecimentos Quanto às novas concessões dos terrenos da zona de aterro junto ao absurdos e os responsáveis do sistema judiciário também não ficam Parque da Concórdia, que interesses é que foram cedidos? corados perante tal explicação. Contudo, é pena que o referido jogo se tenha transformado num método especial para a concessão de De acordo com a notícia do dia 4 de Abril de 2007 do terrenos, neste caso dum terreno com mais de 50 mil metros Jornal “Hong Kong Economic Times”, uma empresa de Hong Kong quadrados, sito nos Aterros da Concórdia. cotada na bolsa que detém um terreno de finalidade industrial, situado na zona de aterro junto ao Parque da Concórdia, em Coloane, Em 1975, o então Governo Português de Macau concedeu, a favor vai construir habitações de qualidade com uma área total de 8 da “Empresa de Fomento Industrial e Comercial Concórdia, milhões 570 mil pés2. (A área total do terreno concedido S.A.R.L.” (actualmente “Empresa de Fomento Industrial e efectivamente para finalidade habitacional é de apenas 445 mil e 735 Comercial Concórdia, S.A.”), um terreno com 337.220m2 (trezentos m2, isto é cerca de 4 milhões e 450 mil pés2). De acordo com os e trinta e sete mil duzentos e vinte metros quadrados), destinado a cálculos, 1.300 patacas é o custo por pé quadrado daquele terreno, indústria e equipamento social; em 1993, através do Despacho tendo por base o custo da construção mais o custo do terreno. E n.º172/SATOP/93, o Governo autorizou a alteração do plano de sabe-se ainda que o preço por pé2 das habitações circunvizinhas construção do parque industrial, cujos terrenos se dividiram em três ronda as 3.200 patacas (de acordo com o preço de mercado no 1.º partes, entre as quais o terreno com uma área total de 55.652m2 semestre de 2007). Se numa primeira fase se destinarem para fins (cinquenta e cinco mil seiscentos e cinquenta e dois metros habitacionais 80% da área total de 1 milhão e 500 mil pés2, os lucros quadrados) que se manteve a favor da “Sociedade do Parque podem vir a atingir um bilião e 500 milhões, montante calculado de Industrial da Concórdia, Limitada” para a construção de um parque acordo com o preço do mercado, com um desconto de 20%. Se de residencial, constituído por 14 lotes. Todavia, ao longo destes anos, acordo com o plano de investimento, isto é, se a área total for 4 desde 1975 até 2007, não se verificou qualquer desenvolvimento do milhões e 450 mil pés2, a empresa de desenvolvimento poderá obter, 4 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 5 com a concessão daquele terreno, lucros superiores a 4 biliões e 500 necessários e respectiva taxa de concretização. Por exemplo, para a milhões, enquanto a RAEM recebe apenas 578 milhões de prémio. emissão de certidão comprovativa de inscrição dos técnicos, Trata-se dum exagero, duma loucura de cedência de interesses. empresas e construtores civis são necessários 5 dias úteis e a taxa é de 90%, para a emissão de plantas de alinhamento oficial são A par disso, ainda há pouco tempo recebi a resposta da necessários 30 dias e a taxa alcançada 95%, etc.. A taxa de Administração à minha interpelação sobre a concessão de um novo concretização dos serviços constantes da Carta de Qualidade é de terreno conquistado ao mar, que fica ao lado da ponte Governador 90%. Nobre de Carvalho, no lado de Macau, com uma área de 8.000 metros quadrados. Sabe-se que se trata dum terreno concedido a uma Não podemos afastar a hipótese desse ter sido, outrora, o nível de empresa, sem concurso público, mas cujo processo de concessão está eficiência dos trabalhos da DSSOPT, só que o público mantém as ainda em curso. Segundo os dados que me foram fornecidos em suas reservas, uma vez que nestes últimos anos se avolumaram as Abril do corrente ano, “o concessionário teria de pagar um prémio críticas acerca dos compromissos assumidos na Carta de Qualidade no total de 146 milhões de patacas”. Contudo, no dia 23 de Janeiro estarem longe de poder ser realizados. do corrente ano, a Asia Times anunciava que o grupo empresarial estrangeiro New Orisol iria participar com um capital no valor de um Queixou-se-nos um residente de estar já há meses à espera da bilião 466 milhões e 500 mil patacas na aquisição de 75% das acções emissão de uma planta de alinhamento para a reconstrução do seu de uma empresa local, para conseguir obter aquele terreno. Esta prédio, sendo em princípio uma tarefa fácil, por não haver nas suas empresa a quem a Administração prometeu a concessão de um redondezas qualquer património cultural classificado ou património terreno (cujo processo está ainda em curso) vendeu 75% das suas a preservar, mas todas as vezes que pede para saber do andamento do acções, tendo já conseguido um lucro de um bilião 466 milhões e processo, a resposta é sempre a mesma: aguarde. 500 mil patacas. Sabe-se que o terreno irá ser concedido em breve e que a empresa conseguiu já obter mais de um bilião de patacas, o Um outro pequeno empresário, ao ver que muitos prédios antigos que leva a que, neste momento, ninguém possa impedir a aquisição da Vila da Taipa iam sendo demolidos uns a seguir aos outros, do referido terreno. Foi uma transacção que não exigiu qualquer adquiriu então um prédio antigo para entretanto o demolir investimento, foi apenas efectuada através de documentos e resultou legalmente, segundo os critérios definidos pelas Obras Públicas. Só em lucros superiores a um bilião de patacas. Macau é, de facto, que passou já mais de um ano e o que se conseguiu fazer foi apenas muito diferente das restantes regiões. a mera entrega de documentos e o tratamento das formalidades nos respectivos serviços. Após a revelação do caso Ao Man Long, verificou-se a existência de sérias lacunas na concessão de terrenos. É o público que tem Actualmente são muitos os pequenos investidores a viver lançado suspeitas e levantado sérias dúvidas sobre a concessão problemas similares, não são apenas os dois que referi. E sempre que mútua de interesses e sobre os benefícios concedidos pela falam desses problemas, queixam-se do Governo, que só sabe Administração aos empresários, o que acaba por pôr em causa o oferecer facilidades às grandes empresas sem ligar nenhuma aos prestígio da governação de Macau. A única solução à vista é a pequenos investidores locais. reforma da Administração, criando-se mecanismos capazes de colmatar as lacunas existentes para assim se restituir a confiança da Segundo a prática das Obras Públicas, qualquer operador da população no Governo da RAEM. Todavia, a Administração insiste construção civil que queira iniciar a construção dum pequeno em não melhorar os mecanismos, e em apresentar razões edifício tem de contar, no mínimo, com três anos até concluir todo o incompreensíveis para continuar a vender os terrenos a preços processo, desde o requerimento da planta de alinhamento oficial até irrazoavelmente reduzidos, permitir a concessão mútua de interesses à licença. entre o poder público e os empresários menosprezando, assim, a indignação dos residentes. Talvez sejam apenas opiniões individuais de alguns operadores do sector, todavia, são muitas as críticas à eficácia e ao desempenho da De acordo com a Lei Básica, todos os terrenos de Macau DSSOPT. O Edifício “La Baie Du Noble”, localizado na Estrada da pertencem ao Estado, assumindo o Governo da RAEM apenas a Areia Preta, está ocupado há mais de um ano, e o trânsito não é ainda responsabilidade de os administrar, utilizar, explorar e arrendar ou permitido nas vias públicas circundantes, apesar de as instalações conceder aos indivíduos e às pessoas colectivas para utilização ou viárias já estarem prontas desde Setembro do ano passado. De exploração. A venda de terrenos a preços irrazoavelmente reduzidos acordo com as informações dos pequenos proprietários deve a é o mesmo que vender bens públicos e sacrificar o interesse público. DSSOPT responsabilizar-se por isso, uma vez que não procedeu à Quem ama verdadeiramente o nosso país e a nossa terra deve vistoria atempada das instalações. Apesar de os proprietários de lojas insurgir-se contra este tipo de actos, deve impedir que se ponha à e residências terem apresentado várias queixas junto dos serviços venda o nosso país e a nossa terra. competentes, a vistoria continua por fazer. Nem vale a pena pensar como será o caso dos investidores particulares! Obrigado. No que diz respeito ao desempenho e à eficácia administrativa da Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Chan Meng Kam. DSSOPT, há quem refira que se espera uma infinidade até obter autorizações, nomeadamente para a demolição de prédios. Tem-se Chan Meng Kam: Obrigado, Sr.ª Presidente. destacado, neste último ano, uma postura de alguns trabalhadores dos serviços mencionados que é a de “quanto mais se trabalha mais Ao abrir a página electrónica da Direcção dos Serviços de Solos, erros se cometem, por isso, o melhor nem é trabalhar menos, é não Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) podemos ter acesso à lista trabalhar”. Se a situação se mantiver, os problemas só se agravarão - dos serviços integrados na Carta de Qualidade, com os tempos os investidores serão dissuadidos de investir em Macau e o 5 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 6 desenvolvimento das obras públicas sofrerá o respectivo impacto proponho à Administração o reforço das políticas de distribuição de negativo. riqueza entre a população, de forma a realizar o desejo colectivo de partilha conjunta dos frutos económicos. O Chefe do Executivo realçou nas LAG para o corrente ano que “o Governo irá potenciar o papel estratégico do modelo “one Nos primeiros meses de 2006, para alcançar uma meta semelhante, stop”. Iremos criar uma estrutura centralizada com funções de a Administração de Singapura atribuiu uma verba extremamente fiscalização interna e capacidade de resposta rápida às contingências, avultada para ser distribuída de uma só vez aos seus cidadãos, a designada por Centro de Informações da Administração, a funcionar título de “dividendos do crescimento económico”. Foi essa a atitude segundo o modelo “one stop”. Iremos instalar centros de prestação da Administração de Singapura, num momento de retoma da de serviços nos vários bairros e desenvolver o modelo “one-stop”, no economia, para que todos os cidadãos pudessem partilhar dos sentido de congregar serviços de organismos e áreas diferentes. Estes frutos daí resultantes. Quanto menos rendimentos auferissem, dois tipos de centros irão oferecer serviços de alta qualidade, que maiores os dividendos atribuídos. O espírito subjacente a esta sejam acessíveis em termos temporais e espaciais, em resposta às atribuição directa, com reais benefícios de partilha dos frutos necessidades reais do público, e também assegurar trabalhos de económicos, não é “distribuir dinheiro” mas sim retribuir, a todas as auscultação da opinião pública. Esta medida constitui uma referência camadas sociais, especialmente às que, eventualmente, não importante para orientar as reformas dos organismos públicos, no conseguiriam usufruir dos benefícios resultantes da transformação sentido de representar uma integração orgânica das reformas das económica. É bom aproveitar para frisar que copiar uma política em diferentes vertentes da Administração Pública, garantindo a sua prática no exterior e aplicá-la em Macau pode não ser adequado, mas celeridade e eficácia.”. pelo menos podemos aproveitar o espírito e as virtudes subjacentes a essas políticas para talhar as que melhor se adeqúem às Face ao exposto, podemos verificar que a Direcção dos Serviços características de Macau. de Solos, Obras Públicas e Transportes não procedeu a nenhuma reforma dos seus serviços e trabalhos de auscultação de opinião Enquanto porto franco e zona de baixa tributação, Macau não pública, verificando-se, antes pelo contrário, um retrocesso. Daqui a cobra impostos alfandegários, por isso, o Governo não pode fazer uns dias vão ser apresentadas as LAG para o próximo ano. Como é muito em relação à redução dos preços. Quanto ao apoio pecuniário, que o Governo vai resolver estas questões? método directo e realista adoptado em Singapura, a redução permanente dos encargos dos residentes, sobretudo dos das classes Macau é uma cidade internacional cujo desenvolvimento social sociais mais baixas, exige outras medidas de médio e longo prazo. deve seguir em frente, e o seu desenvolvimento contínuo depende do Quanto às de curto prazo, houve deputados que já sugeriram mais investimento, tanto interno como externo. Assim, o Governo tem isenções e redução de vários impostos. Também sugeri ao Governo necessariamente de elevar a eficiência, acabar com a burocracia e que actue partindo do apoio às condições básicas, por exemplo, com o individualismo, e servir a população de Macau. Só assim é atribuir durante um determinado período de tempo subsídios de que se conseguirá concretizar a reforma administrativa. apoio para as despesas com a electricidade, água e combustíveis dos utentes domésticos, podendo a percentagem dos subsídios ser Obrigado. definida tendo em conta o nível de rendimentos da família; actualizar o valor dos apoios aos idosos e famílias desfavorecidas; e estender a Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Tsui Wai Kwan. política de subsídio para transporte público aos idosos, estudantes e pessoas desfavorecidas. Resumindo, adoptar uma série de medidas Tsui Wai Kwan: Obrigado, Sr.ª Presidente. para ajudar os cidadãos a ultrapassarem o actual período de inflação, no sentido de lhes permitir uma partilha efectiva dos frutos do Caros Colegas: desenvolvimento económico.

Com a constante subida dos preços dos bens essenciais nestes O ambiente económico de Macau é influenciado pelos mais últimos anos, tudo ficou mais caro, situação que o público tem de variadíssimos factores externos, nomeadamente pelos rendimentos aguentar, sem remédio, só que isto representa encargos acrescidos provenientes do imposto do jogo. Uma vez que não se tem falado na para as famílias com baixos rendimentos. Embora a população em estabilidade económica de Macau a longo prazo, e atendendo à geral não beneficie dos frutos resultantes do brusco crescimento necessidade de se poupar, por forma a prevenir uma eventual crise económico, são significativos, contudo, os seus contributos para as económica, deve estudar-se, com a prudência necessária, o modelo finanças públicas. Com o aumento em larga escala das receitas de criação de políticas de benefícios sociais. É inegável que a provenientes dos impostos sobre o jogo, as contas públicas distribuição adequada da riqueza entre a população constitui conheceram no ano passado um saldo de 9 mil e 800 milhões de elemento indispensável para a manutenção da harmonia e patacas, que levou ao aumento dos saldos acumulados até aos 30 mil estabilidade social e, bem assim, para a melhoria da qualidade da e 600 milhões de patacas. Apenas nos primeiros nove meses deste vida da população. Mas os preços aumentam constantemente, e esse ano, as receitas, depois de deduzidas as despesas, somavam 10 mil e aumento vai ser, com toda a certeza, transferido para os 910 milhões de patacas, ultrapassando já, de longe, o saldo consumidores. Contudo, quero aproveitar a ocasião para apelar aos registado no ano passado. empresários de todos os sectores que não pensem apenas em aumentar os preços, sejam mais honestos, procurem controlar melhor As receitas aumentaram, mas a população continua a enfrentar esse aumento e mantenham-no num nível razoável, em vez de dificuldades no seu dia a dia, devido à carestia de vida. O fosso entre quererem aproveitar esta oportunidade para enriquecerem com a ricos e pobres, consequência da estrutura económica em que se cobrança de determinadas tarifas desnecessárias. Isso acaba por regista dependência duma única indústria, não vai conhecer, sobrecarregar cada vez mais os consumidores, os pobres ficam mais segundo as previsões, melhorias a curto prazo. Assim sendo, pobres e, ao mesmo tempo, assustam-se os turistas, o que só 6 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 7 prejudica o desenvolvimento turístico da Região. pelas três partes e não sejam interrompidas quando o trabalhador muda de emprego. Proponho ao Governo que continue com os Obrigado. estudos para definir o plano e o calendário para a implementação do Fundo de Previdência Central Obrigatório. Presidente: Tem a palavra a Sr.ª Deputada Leong On Kei. Obrigada. Leong On Kei: Obrigada, Sr.ª Presidente. Presidente: Tem a palavra a Sr.ª Deputada Iong Weng Ian. Finalmente, o Governo divulgou há dias o texto sobre o regime de segurança social para consulta pública onde, para além de alguns Iong Weng Ian: Obrigada, Sr.ª Presidente. ajustamentos ao actual regime, foram introduzidas muitas matérias novas que vão permitir à população ficar a saber como se vai Caros Colegas: desenvolver esse regime no futuro. Em princípio concordo com essas mudanças, mas creio que o regime de segurança social deve ser O Chefe do Executivo, Edmund Ho, visitou há dias as instalações transformado num fundo geral de previdência obrigatório, em que as da Associação de Reabilitação “Fu Hong” e da Associação dos contribuições sejam pagas pelas três partes e não sejam Jovens Cristãos, para se inteirar das dificuldades e necessidades interrompidas quando o trabalhador muda de emprego. Portanto, enfrentadas por esses organismos. Ouviu as opiniões dos seus algumas partes do referido texto merecem ser estudadas com maior responsáveis e prometeu aumentar os recursos a atribuir a esse tipo cautela. de organismos bem como aos assistentes sociais. Uma boa notícia, tanto para os deficientes como para os organismos de reabilitação. O desejo dos trabalhadores de Macau é que o âmbito de protecção Espero que com esta promessa os serviços registem plenas melhorias do regime de segurança social seja alargado por forma a abranger e progresso efectivo. toda a população. Creio que todo o texto deve ser redigido de modo a que se possam criar condições para implementar, no futuro, um É verdade que nestes últimos anos a Administração tem vindo regime de segurança universal. Os residentes permanentes e os a aumentar os apoios para as diversas associações cívicas, mas para trabalhadores por conta própria que tenham completado os 22 anos que as políticas de reabilitação possam ser plenamente de idade foram incluídos no âmbito do novo regime, só que isso não implementadas há que reforçar os apoios aos organismos que é justo para os trabalhadores por conta própria menores de 22 anos. prestam esses serviços. Os deficientes físicos e motores e os Deve ponderar-se sobre a adopção da idade mínima para o trabalho organismos que prestam serviços de reabilitação ainda enfrentam definida na lei laboral vigente, para que o novo regime possa dificuldades e problemas, como os que passo a citar: salvaguardar, efectivamente, o direito de aposentação de todos os trabalhadores legais de Macau. 1. Nem todos os deficientes beneficiam dos apoios concedidos pelos organismos que prestam serviços de reabilitação, pois De acordo com a actual realidade social, algumas pessoas com de acordo com os dados estatísticos dos Intercensos 2006, a idade inferior a 65 anos e baixo nível de habilitações académicas são população com deficiência física e/ou mental ascendia às obrigadas ao desemprego, por não se adequarem ao célere 8.298 pessoas, das quais apenas 1.741 tinham condições desenvolvimento social e às mudanças do desenvolvimento para obter apoio económico e material e apenas 808 podiam económico. A alta taxa de inflação dificulta ainda mais a vida dessas ter acesso a cuidados domiciliários. Para além disso, pessoas. Com os actuais saldos abundantes no Cofre do Governo, há utilizaram serviços de reabilitação 4.667 pessoas contra necessidades reais para se reduzir a idade para atribuição da pensão 1.928 que nunca o fizeram. de velhice. Espero que isso seja feito o mais rápido possível, por forma a pôr em prática a ideia de melhor servir os cidadãos, 2. Há falta de lares para idosos com deficiência, pois segundo preconizada nas LAG. os dados disponíveis apenas 10% dessas pessoas tinham acesso a cuidados domiciliários. Mesmo os lares existentes, Propõe-se no novo projecto que a contribuição mensal da parte para além de lutarem com insuficiência de camas para patronal aumente, de forma progressiva, das actuais 30 para 190 satisfazerem as necessidades, não estão concebidos para patacas. Se assim for, os empregadores vão ainda optar pela atender às especiais necessidades dessa população. participação no Fundo de Previdência Central Não Obrigatório? Sem a participação dos empregadores nesse Fundo, essa proposta perde o 3. Dificuldades de emprego enfrentadas pelos deficientes seu significado, uma vez que o objectivo de assegurar uma vida mais mentais. Apesar de alguns terem capacidade para o trabalho, condigna na aposentação não será alcançado. Por forma a que a nova a sua inserção no mercado laboral não é fácil. política produza efeitos e se alcancem os objectivos definidos, o Governo deve proceder a uma avaliação científica, adoptando 4. Dificuldade de as instituições optimizarem os seus serviços medidas para incentivar e promover a participação dos empregadores de reabilitação devido à insuficiência de verbas para nesse Fundo, assegurando assim a viabilidade desse novo Sistema de funcionamento. Dada a insuficiência de financiamento, não Segurança Social, constituído por dois níveis e definido numa é possível a valorização, tanto ao nível de hardware como perspectiva científica. Só o Fundo de Previdência Central de software, dos centros que prestam serviços de Obrigatório pode proporcionar protecção aos trabalhadores na reabilitação, daí a impossibilidade de melhorar os serviços aposentação e assegurar uma vida condigna. Logo, deve haver uma para os deficientes. orientação clara nesse novo Sistema de Segurança Social, por forma a possibilitar a transformação dum Fundo com carácter não 5. Grande pressão exercida sobre os assistentes sociais. Como obrigatório num obrigatório, em que as contribuições sejam pagas são baixos tanto o reconhecimento social da profissão como 7 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 8

os salários, a perda de pessoal é grande. Face às crescentes exigências da sociedade em relação aos serviços, os Obrigada. assistentes sociais devem actualizar os seus conhecimentos profissionais para satisfazerem as necessidades do seu Presidente: Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ho Teng Iat. próprio desenvolvimento profissional. Ho Teng Iat: Obrigada, Sr.ª Presidente. Por isso, espero que o Governo, sob a atenção e apoio do Chefe do Executivo, avalie as insuficiências existentes nos serviços de Esta é uma intervenção conjunta em nome dos Srs. Deputados reabilitação e eleve a qualidade geral dos mesmos, por forma a Kou Hoi In, Cheang Chi Keong e em meu nome. permitir que os deficientes usufruam de serviços de qualidade, e a criar uma sociedade onde seja verdadeira a coexistência de gente Sr.ª Presidente, Caros Colegas: saudável e deficientes. Gostaria de apresentar as seguintes sugestões: Os sectores do jogo e do turismo têm assistido nos últimos anos a 1. Elaborar um plano de médio e longo prazo, criar mecanismos um desenvolvimento próspero, o número de turistas tem aumentado de comunicação entre o Governo e as instituições que prestam e batido já vários recordes, daí o aumento contínuo das receitas do serviços sociais, conhecer atempadamente as dificuldades que Governo. No entanto, por detrás desses resultados positivos temos as as instituições de reabilitação e os assistentes sociais de pequenas e médias empresas a sofrer, com resignação. Segundo primeira frente enfrentam, auscultar amplamente as diversas muitos empregadores, as PME não só não conseguem partilhar dos opiniões e sugestões, elaborar atempadamente as políticas frutos do desenvolvimento como se deparam com o perigo de necessárias para os serviços de reabilitação e implementá-las. virem a ser eliminadas, em virtude da concorrência. Para além disso, têm de suportar elevados rendas e preços dos diversos bens, e ainda 2. Reforçar o auxílio às famílias com deficientes mentais. Criar e enfrentar a falta de recursos humanos, vivendo, portanto, em generalizar a atribuição de subsídio de subsistência aos constante pressão. Muitas empresas vão entrando sucessivamente em deficientes, de modo a elevar as suas condições de vida. falência, e alguns empregadores sentem-se desesperados face ao futuro. 3. Aumentar o número de camas nas instituições que abrigam deficientes, sobretudo para satisfazer as necessidades de Para resolver as dificuldades com que as PME se deparam neste habitação dos deficientes mentais adultos. Muitos pais de momento, o essencial é melhorar as suas condições de exploração. deficientes preocupam-se que o avançar da idade não lhes Na nossa opinião, antes da conclusão do reordenamento das zonas permita cuidar dos seus filhos, daí a necessidade de lhes antigas deve proceder-se à remodelação e aperfeiçoamento das prestar auxílio social, criar lares para idosos deficientes e instalações municipais nessas zonas e criar um ambiente benéfico ao aperfeiçoar os serviços para este grupo. desenvolvimento das PME, bem como definir medidas e mecanismos que permitam a sobrevivência dessas empresas. Há que 4. As instituições médicas públicas prestam cuidados de saúde encontrar soluções temporárias para os problemas urgentes, mas o gratuitos aos doentes mentais ou doentes com doenças graves, mais importante é resolvê-los radicalmente. Para promover o mas nem todos os deficientes mentais conseguem beneficiar desenvolvimento das PME, esperamos que o Governo da RAEM crie disso. Os encarregados de educação manifestaram que as um sistema e defina um plano polivalente, em conformidade com o despesas com as deslocações ao hospital são elevadas, e que desenvolvimento socioeconómico de Macau, a longo prazo. por vezes é difícil controlar o estado emocional dos deficientes mentais enquanto aguardam, durante muito tempo, Entendemos que as dificuldades que as PME estão a enfrentar não pelas consultas. Espero que a Administração pondere sobre as lhes dizem apenas respeito, estão também directamente relacionados necessidades destes doentes e que não exija tantos requisitos com a estabilidade social e a harmonia entre as associações, a para a obtenção de cuidados de saúde gratuitos. Para além Administração e os cidadãos. Assim sendo deve o Governo da disso, deveria ser emitido um cartão para acesso fácil aos RAEM ponderar todas as questões, do ponto de vista da manutenção cuidados de saúde, para que os deficientes não tenham de da prosperidade e estabilidade a longo prazo e da construção duma esperar tanto tempo pelas consultas. sociedade estável, assim como deve desempenhar melhor o seu papel de coordenação. 5. Devem ser criadas as condições de apoio necessárias para o acesso dos deficientes mentais ao emprego. Neste âmbito, Embora desde a transferência de soberania a Administração tenha deve a Administração adoptar medidas de incentivo, através reforçado o seu apoio ao desenvolvimento das PME, não se sabe até da concessão de benefícios fiscais, atribuição de subsídios, que ponto esse apoio foi ou não suficiente. Será que as medidas etc., às empresas que contratem deficientes. A par disso, pode adoptadas foram as mais eficazes para o apoio às PME? De facto, o ainda colaborar com determinadas instituições, por forma a apoio prestado deveria ter resolvido, em primeiro lugar, o problema criar empresas comunitárias, onde os deficientes tenham da falta de recursos humanos. É certo que desde que o Gabinete de prioridade no acesso ao emprego, no sentido de que possam Recursos Humanos entrou em funcionamento as formalidades ter mais oportunidades de participar nos assuntos sociais. administrativas para a importação de mão-de-obra não residente simplificaram-se e o tempo para as respectivas apreciação e Por último, deve estudar-se a viabilidade de criação dum sistema autorização encurtou. Contudo, as formalidades relativas aos pedidos de atribuição de subsídios aos assistentes sociais, por forma a de autorização de mão-de-obra não residente em Macau, estabilizar esta equipa de profissionais e elevar não só os seus nomeadamente de pessoas provenientes da China Continental, são conhecimentos profissionais mas também a sua capacidade técnica, ainda muito complicadas e morosas. Isto é, mesmo que as empresas para que possam prestar melhores serviços aos deficientes mentais. obtenham o despacho de deferimento do requerimento para 8 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 9 importação de mão-de-obra não residente, que é emitido pelo imperfeito, entre outros. Alguns impactos são resultantes de Gabinete de Recursos Humanos, os trabalhadores recrutados têm de alterações sociais, por exemplo, a insuficiência de alunos devido à aguardar cerca de três meses ou mais, até obterem uma autorização baixa taxa de nascimentos, o retrocesso no ambiente de formal para poderem trabalhar. Esperamos que a Administração aprendizagem e da idoneidade moral dos alunos, o surgimento entre em contacto e que negoceie com os serviços competentes da gradual de uma nova “ideia de inutilidade do estudo”, a perda de China Continental, no sentido de encurtar o tempo dessas docentes, etc.. Os velhos problemas estão ainda por resolver formalidades. enquanto aumentam, continuamente, os novos problemas e conflitos. Face à nova conjuntura, as exigências da sociedade são cada vez Por outro lado, as formalidades para a contratação de mais elevadas no que respeita à educação. De que forma o sector da trabalhadores não residentes estão a afunilar-se nos Serviços de educação consegue encontrar uma solução eficaz? Como é que o Migração da PSP, onde, com o constante aumento do número de Governo da RAEM ajusta as suas políticas? Estas questões trabalhadores não residentes, se regista frequentemente uma grande constituem o ponto crucial para o sucesso da reforma e do afluência de pessoas, o que torna o ambiente pouco ventilado desenvolvimento educativos. Na realidade, é um facto inegável que afectando não só a saúde dos funcionários que lá trabalham como se registou progresso relativamente ao anterior desempenho, em também os trabalhadores não residentes que ali se encontram. A fila termos tanto das orientações políticas como das acções de espera no exterior daqueles Serviços afecta também a imagem de desenvolvidas. Todavia, a Administração necessita ainda de reforçar Macau enquanto cidade turística. Esperamos que o Governo procure o seu conhecimento sobre a actual situação da educação bem como a melhorar a situação, eventualmente através da ampliação das sua interacção com o sector da educação. Espero pessoalmente que, instalações, ou do tratamento das formalidades em diferentes locais, aquando da elaboração e implementação das novas políticas, o consoante uma classificação pré-definida. Espera-se que com a serviço responsável pela educação preste atenção aos três aspectos introdução das devidas melhorias a eficiência aumente, de modo a seguintes: que os empregadores possam contar, em tempo útil, com o suplemento de trabalhadores não residentes de que necessitam. 1. Acompanhar a evolução da Educação e conquistar o reconhecimento dos docentes Obrigada. Sempre que se toca nas questões de política educativa e nos Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Lei Pui Lam. métodos de trabalho, a imagem predominante entre os docentes de Macau é que os serviços de educação são uma entidade conservadora, Lei Pui Lam : Obrigado, Sr.ª Presidente. subjectiva e burocrática, que não consegue responder às necessidades dos docentes. Se os serviços de educação têm feito Caros Colegas: tanta coisa, porque é que essa imagem se mantém entre os docentes? Por exemplo, recentemente, os Serviços de Educação encarregaram a Nestes últimos dois anos o Governo da RAEM tem adoptado Universidade Normal de Pequim da realização de um estudo sobre a algumas medidas importantes no âmbito do ensino não superior, que situação do pessoal docente de Macau, e a conclusão expressa no passo a citar: 1. A definição da Lei de Bases do Sistema Educativo respectivo relatório é que a pressão dos docentes de Macau se Não Superior que regulamenta e salvaguarda o desenvolvimento encontra num nível moderado. Muitos docentes discordaram de saudável da educação; 2. A criação do Fundo de Desenvolvimento imediato dessa conclusão, e acusaram os Serviços de Educação de Educativo, que assegura, em termos de recursos financeiros, o não ter efectiva consciência da situação dos docentes e de estar a desenvolvimento sustentado da educação. 3. A implementação do inventar. Os docentes não concordam com o resultado do relatório. ensino gratuito para os 15 anos de escolaridade, aliviando assim os Não obstante os factores subjectivos, essa discordância reflecte, de encargos dos encarregados de educação com o pagamento das certa forma, que o volume de trabalho dos docentes é de facto propinas, ao mesmo tempo que assegura o direito à educação para grande. Muitas vezes o volume de trabalho é idêntico à pressão, mas todos. Neste momento o Governo da RAEM coloca a educação no neste momento são grandes as divergências entre os serviços de topo das prioridades de desenvolvimento e considera-a pedra basilar educação e os docentes no que respeita à pressão. Assim sendo, será para o desenvolvimento sustentado de Macau. Esta visão bem como que as autoridades da educação não necessitam de reflectir um pouco a determinação da Administração merecem o nosso reconhecimento. acerca da questão? O que existe é uma divergência entre governantes e governados, cada um insiste no seu ponto de vista, não havendo, Se bem que Macau esteja a atravessar um período de grande por conseguinte, qualquer espaço para cedências. Se a situação se desenvolvimento socioeconómico, a verdade é que as profundas mantiver os conflitos só se vão agravar, o que em nada contribui para mutações registadas tanto a nível interno como externo trazem-nos os trabalhos pedagógicos. Se os Serviços de Educação, enquanto vantagens e preocupações, bem como oportunidades e riscos. órgão da Administração Pública, não tiverem conhecimento da real Também as diferentes camadas sociais têm sofrido o impacto desse situação tanto da educação como dos docentes, e não conseguirem desenvolvimento no seu dia-a-dia, e também o sector da educação obter o apoio do pessoal docente para a concretização das políticas e não escapou a essas influências negativas. Com efeito, o sector da medidas educativas, como é que consegue desempenhar a sua função educação tem enfrentado sérias dificuldades, sendo certo que alguns de liderança? As necessidades ao nível da educação estão dos problemas que agora enfrenta tenham sido herdados do passado. constantemente a mudar, portanto é indispensável que o Governo Contudo, outros há, mais actuais, que passo a citar: as escolas crie mais meios para a recolha de opiniões, acompanhe a evolução privadas deparam-se com falta de recursos financeiros, enquanto os dessas necessidades e conquiste o reconhecimento dos docentes. Só docentes enfrentam volumes de trabalho enormes, para além da assim é que ambas as partes, serviços de educação e docentes, questão da salvaguarda da sua aposentação estar ainda por resolver. conseguirão que a educação de Macau se desenvolva de forma Por outro lado, a carreira docente não está ainda devidamente saudável. definida, a par dum sistema de avaliação dos alunos ainda muito 9 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 10

2. Aceitar as opiniões predominantes e a diferença de opiniões importante o papel desempenhado pelo Governo e pelas associações educativas, sobretudo na definição das orientações e políticas e no Tanto a sociedade como os docentes entendem que é fraco o aumento da capacidade de gestão, tarefa que acaba por ser diálogo entre o Governo e os docentes e que o Governo não dá concretizada pelo pessoal docente. A qualidade geral e a atitude dos importância às opiniões daqueles. Creio que se verifica algum mal docentes face ao trabalho afectam directamente os resultados, os entendido no meio disto tudo. Desde o estabelecimento da RAEM docentes devem estar cientes do seu sentido de responsabilidade que o Governo começou a ter encontros com a Associação de social e da glória que a sua profissão lhes atribui. Portanto, ao lutar Educação, Associação das Escolas Católicas e com os representantes pelas garantias de remuneração e de regalias, devem tomar a das escolas, a fim de ouvir as suas opiniões e de lhes dar a conhecer iniciativa de aumentar a qualidade e a confiança na educação, por os projectos que pretende desenvolver. Durante estes anos o Governo forma a responderem ao ambiente educativo que vem sofrendo foi aceitando muitas opiniões, que foi concretizando pouco a pouco, mudanças e renovação. Os docentes devem ainda conhecer bem a por exemplo, as turmas reduzidas, a promoção de Modelos de sua relação com as autoridades educativas enquanto parceiros, Colaboração Escola-Família, a redução do rácio professor/turma e devendo fiscalizá-las mas também colaborar, defendendo as boas professor/aluno, e o reforço de matérias ligadas ao patriotismo e à políticas, indicando e corrigindo os erros das políticas desfavoráveis moral. Mesmo assim o mecanismo de auscultação adoptado pelo ao desenvolvimento. Caso surjam conflitos de interesse entre os Governo ainda não está amadurecido, os meios de auscultação são docentes e as entidades de educação, devem os docentes pesar a poucos, o modelo é antigo, o Governo leva muito tempo importância e fazer opções tendo em conta o plano global. A a “digerir” as opiniões recolhidas, que não são atempadamente profissão de docente é divina e de consciência, e o seu exercício transmitidas aos dirigentes superiores, podendo assim originar deve contemplar em primeiro lugar o desenvolvimento dos alunos e situações de desadaptação das políticas à realidade, o que só o desenvolvimento social. A educação nunca pode ser um negócio. prejudica os seus efeitos. É importante dispor dum mecanismo de Os docentes devem ser tolerantes para com os alunos, pais, auscultação completo, criar mais canais para a recolha de opiniões, escolas...... aceitar as opiniões predominantes e a diferença de opiniões, pois só assim é que se conseguem elaborar e promover melhores políticas Presidente: Sr. Deputado Lei Pui Lam, tinha que ser… uma vez educativas. Para além disso, muitas opiniões foram já expressas há que a duração de intervenção está programada para 10 minutos... O muito tempo pela população, e muitas delas são, de facto, microfone desligou-se sozinho, eu não o desliguei. Srs. Deputados, construtivas, por isso, o Governo deve ponderar, quanto antes, acerca para a próxima vez, organizem melhor o vosso tempo, pois a da aplicabilidade dessas opiniões, seleccionar as que são boas e duração de intervenção é limitada automaticamente. concretizá-las no devido tempo. Tem a palavra o Sr. Deputado Pereira Coutinho. 3. Determinar os princípios para resolver os problemas e distinguir quais são os mais urgentes a resolver José Pereira Coutinho: Muito Obrigado, Sr.ª Presidente.

Os problemas na área da educação variam muito, podem ser A população de Macau, continua muito preocupada, com o graves ou leves, e a sua resolução ser fácil ou difícil. Portanto, não é desenfreado desenvolvimento económico de Macau. No final do ano, possível nem necessário resolvê-los duma só vez, e aplicar a mesma o número de visitantes muito provavelmente, vai atingir cerca de solução a todos ou actuar precipitadamente, o que só vai resultar no vinte e cinco milhões. A inflação que neste momento está prestes a contrário. As soluções aplicadas devem obedecer a princípios. Os atingir os cerca de 6%, muito provavelmente, ultrapassará a barreira problemas de menor importância e de fácil resolução devem ser dos 7% ou 8% no final do corrente ano. resolvidos o mais rápido possível e os grandes problemas, mesmo que de difícil resolução, devem também ser resolvidos o mais rápido A maioria dos trabalhadores da Administração Pública de Macau possível, devido à sua importância e ao que representam em termos (APM), incluindo o pessoal da linha de frente pertencente às Forças de globalidade. A gravidade dos problemas e o grau de dificuldade de Segurança de Macau (FSM) têm lutado com enormes dificuldades da sua resolução são factores que não podem deixar de ser para manter a sua qualidade de vida, incluindo a qualidade de vida ponderados, mas não são estes os principais factores que determinam dos seus familiares que foi agravada com a eliminação das reformas a prioridade da resolução. A prioridade deve ser dada tendo em conta e das pensões de sobrevivência. a ordem de importância e premência, por exemplo, sabe-se que existem grandes dificuldades técnicas na definição da carreira Não obstante o Produto Interno Bruto (PIB) per capita ter docente, que implica estabilidade e aumento da qualidade da equipa duplicado nos últimos cinco anos, a maioria da população, docente, mas face ao ambiente educativo cada vez mais complicado, principalmente os que auferem baixos rendimentos, os que vivem é premente que essa definição se faça não devendo a sua conclusão com doenças crónicas, os deficientes, os idosos e as famílias ser adiada, como acontecia antigamente. Merecem a nossa atenção monoparentais, e todo pessoal da linha de frente da Administração os projectos sobre o “Enquadramento do sistema do pessoal docente Pública de Macau, têm enfrentado enormes dificuldades de das escolas particulares” (carreira docente) e o “Programa da sobrevivência, devido principalmente aos seguintes factores; Reforma da Administração Pública”, expressamente classificados como projectos de prioridade. Porém, passou já cerca de um ano e a) em primeiro lugar, assistimos todos os dias, à subida vertiginosa estes encontram-se ainda em fase de análise no Conselho de dos principais bens essenciais e a constante pressão no pagamento Educação, daí a necessidade de acelerar o passo para responder às das despesas fixas, tais como, a subida do preço da carne de porco, solicitações e expectativas dos docentes. galinha, vegetais, energia, água gasolina e gás, e outros bens essenciais de consumo, contraposto com os baixos salários e A educação de Macau tem pela frente desafios e oportunidades. subsídios de velhice e o constante perigo dos trabalhadores locais Para encarar os desafios e agarrar as oportunidades é muito serem substituídos pela mão-de-obra não residente; 10 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 11

b) em segundo lugar, temos as elevadas rendas de habitação fora i) Muito do que referimos, acontece, porque teremos de conviver do alcance da maioria da população, incluindo a classe média, cujos forçadamente com o actual deficiente sistema político de salários não têm acompanhado estes mesmos aumentos, começando representatividade deste hemiciclo, bem como as lacunas da actual a multiplicar casos cujas amortizações serão no final pagas pela lei eleitoral que permitem muitas situações de corrupção eleitoral segunda geração. Será isto, a tal prometida e desejada qualidade de activa e passiva. vida que o Governo tem vindo a apregoar nos últimos quase oito anos? Será justo, que tenhamos de pagar, o preço deste desenfreado j) Do muito que foi dito, acontece, porque, não temos cá em desenvolvimento económico, que somente tem aproveitado uma Macau, um sistema credível e eficiente de assumpção de pequena minoria previligiada? responsabilidades políticas dos titulares dos cargos políticos e públicos, a começar pelo Chefe do Executivo e os titulares dos c) logo a seguir, temos a manifesta insuficiência de casas sociais e principais cargos do Governo de Macau. (Secretários) que deviam económicas, em que, pela primeira vez, até os trabalhadores da ser os primeiros a dar o bom exemplo. Administração Pública de Macau requerem casas sociais e económicas no Instituto de Habitação ou alternativa terão de passar a O que acontece normalmente, é vão empurrando “a bola” da residir nas regiões adjacentes a Macau, deixando de viver no seu responsabilidade, para os directores, subdirectores, Chefes de lugar de nascimento, passando a viver em Zhuhai, contra a sua Departamento, Chefes de Divisão e Sectores e Chefes de Secção, própria vontade. que não são nada mais, que meros executores da lei e cumpridores das instruções emanadas pelas respectivas tutelas, e chefes de d) para complicar ainda mais a vida dos nossos cidadãos, temos o gabinetes. deficiente sistema de protecção social, especialmente a protecção na velhice, deficientes e famílias mono parentais, onde somente o Alguns destes últimos, actuam aberta e descaradamente como se sistema obrigatório de previdência social tripartido (Governo, fossem uns autênticos vice-secretários, mas sistematicamente fogem entidade patronal e trabalhadores) será a real e efectiva solução para ou demitem do cumprimento das suas responsabilidades com toda a resolver a médio e longo prazo a efectiva exitência de uma velhice impunidade, quando alguma coisa corre mal ou não é do seu tranquila, feliz e saudável. interesse pessoal.

e) Para sobrecarregar ainda mais os sofrimentos dos nossos Mas são estes mesmos vice-secretários, os primeiros da “fila”, a trabalhadores, notamos um Governo complacente e inerte com a colherem louros sempre que as coisas correm bem nos serviços actual arcaica e deficiente legislação laboral, onde é costume, os públicos, mesmo muitas vezes em situações em que teve pouca ou trabalhadores serem sistematicamente prejudicados nos seus limitada intervenção. legítimos direitos e interesses, incluindo a altamente prejudicial demora na tramitação burocrática dos processos laborais que levam Assim, e face ao exposto, sugiro ao Governo de Macau, a adopção anos a resolver as disputas e os litígios. das seguintes medidas para as Linhas de Acção Governativa referente ao ano financeiro de 2008; f) A manter-se o conluio entre o Governo e as entidades patronais, vamos continuar a assistir com toda a calma, à ausência de lei 1. Face aos índices de inflação e à carestia da vida, deverá ser sindical e negociação colectiva destinada à protecção dos mínimos actualizado, o actual regime salarial geral dos índices da função direitos e interesses da generalidade dos trabalhadores e assistir no pública, incluindo a actualização salarial referente a todos os futuro aos fictícios acordos laborais firmados entre a entidade contratos individuais de trabalho e outros de natureza análoga, patronal e os trabalhadores que não têm outra alternativa senão aumentando para 60 o actual índice multiplicador, com efeitos rubricarem sob pena de serem eventualmente despedidos ou retroactivos a partir de 1 de Janeiro de 2008. marcados como “ovelhas negras”. 2. Actualização e extensão do subsídio de residência a todos os g) Teremos ainda que conviver com o deficiente sistema público trabalhadores da Administração Pública de Macau, aproximando aos de assistência médica e medicamentosa, onde, por exemplo, no valores reais das actuais rendas das fracções habitacionais. banco das urgências do hospital público, devido à falta de espaço e de camas suficientes, os doentes são obrigados a acamar-se mesmo Actualização dos subsídios de diuturnidades, família e outros ao lado ou em frente dos lavados, e obrigados a inalar o subsídios que se encontram neste momento manifestamente nauseabundo cheiro proveniente do interior destes mesmos lavabos, desfasados da realidade. ficando ainda mais doentes do que antes de darem entrada para o banco das urgências. 3. Conforme foi prometido muitas vezes pelo Secretário da Segurança, deve ser apresentado com a máxima urgência na AL, o E espantoso, tudo isto, continua a acontecer, mesmo quando há projecto de lei de alteração dos índices do pessoal de linha de frente dinheiro para tudo e mais alguma coisa, num reinado de tanta fartura. das FSM, passando de 195 a 260 da tabela indiciária constante do ETFPM. h) Parece que até 2009, teremos de assistir resignados, com contínua má distribuição da riqueza gerada pelos recursos naturais 4. Alteração da legislação no sentido de estender o direito de que pertencem a todos os cidadãos de Macau (terrenos concedidos a bonificação de 20% sobre o respectivo tempo de serviço, a todo o preço de uva estragada) e a assistir ao desbarato dos fundos públicos pessoal militarizado e do Corpo de Bombeiros das FSM, de ou à distribuição privilegiada dos subsídios aos amigos privilegiados investigação criminal da Polícia Judiciária e os guardas prisionais do e compadres (Fundação Macau); EPM, à semelhança dos seus colegas de trabalho, que ingressaram na 11 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 12 função pública antes de 1 Janeiro de 1990. que emitem nas reuniões da Assembleia Legislativa, devem referir factos fundamentados. Creio que o Sr. Deputado tem factos, mas 5. Apresentação imediata na AL do projecto de lei respeitante à foram referidos cinco chefes dos gabinetes, então, foram todos os revisão de carreiras de enfermagem, médica e auxiliares de cinco? Quanto a isso, quero chamar-lhe a atenção para o facto de enfermagem e técnicos superiores de saúde, e técnicos de estarmos num local solene... espero que os Srs. Deputados…foi diagnóstico e terapêutica, cuja prometida reforma se iniciou em 1995 usada a palavra “descaradamente”, na minha opinião, isso é e até hoje muito foi prometido mas quase nada foi feito. discutível, mas não faço julgamentos nem tomo decisões. Talvez tenha factos, mas como foram mencionados os cinco, então, a qual Caso contrário, talvez teremos, a oportunidade de ver estes deles se refere? Macau é uma cidade muito pequena, tem factos? mesmos profissionais no final do corrente ano, a deambular pelas Revele-os. Qual deles? Caso contrário, amanhã, os jornais vão ruas de Macau, com cartazes nas mãos a reivindicar os famigerados noticiar… qual deles actua descaradamente? Esta é a minha opinião. rebuçados que o Governo distribuiu, da mesma forma, como fizeram os professores do ensino secundário, no passado dia 1 de Outubro. Pereira Coutinho: Obrigado pela oportunidade dada pela Sr.ª Como dizia um velho ditado “Quem avisa meio amigo é”. Presidente para esclarecer o assunto. Na minha intervenção, eu disse: alguns dos chefes dos gabinetes dos secretários. A 5. Imediata revisão geral do Estatuto de Pessoal do Instituto para palavra: “alguns” é suficiente para dizer que não foram todos. Em os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), cujos trabalhadores se segundo lugar, esta não foi a primeira vez em que levantei esta encontram revoltados neste momento, por se encontram muito mal questão, aliás, já tinha levantado esta questão no passado. Só que não remunerados, quando comparado com os índices salariais dos houve nenhuma evolução positiva nesta matéria. O facto é que o trabalhadores de outros serviços públicos, com categorias e funções comportamento deles causou descontentamento do pessoal das idênticas. direcções de serviços subordinadas, especialmente o pessoal da “linha da frente”. E daí que alguns directores dos serviços se 6. Por último, que haja consciência e moral no seio de algumas tenham queixado de ter problemas com os seus subordinados tutelas e directores dos serviços públicos, que exploram diariamente da “linha da frente”. E quem se responsabiliza por isso? Face a o suor do trabalho de muitos trabalhadores da linha de frente, não isso… sim, tal como a Sr.ª Presidente referiu: são cinco, mas qual autorizando o pagamento das suas horas extraordinárias, alegando deles? Desconheço. Mas tendo em conta o bom relacionamento entre que não dispõe de orçamento, mas, contudo têm verbas para fazer o Governo e a AL, o Governo pode contactar-me directamente e obras de luxo no interior das instalações de serviços e/ou na então posso revelar os factos concretos. Obrigado, Sr.ª Presidente. aquisição exagerada de bens e equipamentos. Presidente: Penso que hoje não é uma ocasião para tratar desse Assim, proponho que sejam de imediato eliminados os limites assunto. Se os Srs. Deputados têm na mão casos concretos, podem de pagamento de horas extraordinárias aos condutores, pessoal de apresentá-los ao Governo. Agora, se o Governo recusasse actuar, relações públicas e outros trabalhadores, que, pela sua natureza, seria diferente. Penso que a tradução está correcta. Segundo o seu tenham de trabalhar com muita frequência, para além do horário texto: “…aqueles vice-secretários…” não é minha intenção normal de expediente, devido principalmente ao volume de trabalho contrariar o Sr. Deputado, porque tem liberdade de expressão, sem e à falta de pessoal. limitações. Aliás, não vejo que do Regimento da Assembleia Legislativa constem disposições que me atribuam competências para Solicito que a minha intervenção seja enviada ao Senhor Chefe do fazer algo em relação ao seu texto. Mas, como no seu texto foram Executivo. empregadas expressões como “… actuam aberta e descaradamente, como se fossem uns autênticos vice-secretários, mas fogem ou Muito Obrigado. demitem-se do cumprimento das suas responsabilidades”. Concretamente, do que se trata? A minha pergunta é muito clara: são Presidente: Sr. Deputado Pereira Coutinho: cinco, a qual deles se refere? Não foi identificado... Espero que sejam revelados só os factos. Caso contrário, isto podia causar aos Eu, pessoalmente não julgo nem comento as intervenções outros…o Sr. Deputado disse que aquele chefe do gabinete sabia proferidas no período de antes da Ordem do Dia. Nessa intervenção, bem do que se trata, no entanto, a população desconhece, tendo sido o senhor falou nos chefes dos gabinetes dos secretários. Ora bem, publicado esse texto. Eu agora desconheço também qual desses temos cinco chefes de gabinete. O Sr. Deputado empregou a cinco é que actua descaradamente... Qual deles arruinou o interesse expressão: “…actuam aberta e descaradamente…mas público em favor do interesse pessoal? Esta é a minha ideia, não sistematicamente fogem ou demitem-se do cumprimento das suas estando a criticá-lo. Como já disse antes: podiam ter feito chegar ao responsabilidades com toda a impunidade, quando alguma coisa Sr. Deputado algumas reclamações. Para esses casos, é necessário corre mal ou não é do seu interesse pessoal”. Não vou comentar. Há ouvir os dois lados. Espero que o Sr. Deputado venha apresentar só cinco, se tem factos, então, revele esses factos. A meu ver, uma esses casos ao Governo. Caso o Governo ou o chefe do executivo se expressão como essa não é positiva para a AL. O que é importante é recusem a tratar desses casos, sem fundamento, então, o Sr. ter factos para basear as suas afirmações. O Sr. Deputado Deputado pode divulgá-los por vários canais. A questão que se referiu “que os chefes de gabinetes actuam como se fossem uns coloca é o emprego da palavra “descaradamente”. Se eu fosse um autênticos vice-secretários”. É preciso fazer uma excepção em desses cinco chefes dos gabinetes, o que diria era: não cometi erros, relação ao chefe do gabinete do Chefe do Executivo, uma vez que o porque razão disse que actuei descaradamente? Sim, podia dizer, Chefe do Executivo não é secretário... Portanto, temos só cinco quem fez isso sabia bem. Penso que percebeu a minha ideia, porque secretários. Então, qual deles actua em prol do seu interesse pessoal? são cinco. Também não é possível dizer-se que há 500, há apenas E o que fez? Que tipo de favores obteve? Espero que… embora os cinco. Não estou a chamar-lhe mentiroso, mas como disse no seu deputados não respondam judicialmente pelas declarações e votos texto a palavra “descaradamente”, que repercussão isso teria na 12 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 13 sociedade? Como desconhecemos isso, e penso que nem todos os Srs. O “shuttle bus” é apenas um dos meios para as operadoras de jogo Deputados sabem qual deles foi, então, vamos todos especular. Esta angariarem os seus clientes, pois perante a concorrência, em vez de é a minha ideia, não estando a julgá-lo. oferecerem cupões para desconto na alimentação e alojamento, as operadoras passaram a oferecer, nos diversos postos fronteiriços, Pereira Coutinho: Quero prestar um esclarecimento adicional à cupões para troca de fichas de jogo. Porque os destinatários dessas intervenção da Sr.ª Presidente. Se puder agendar um encontro ofertas não são submetidos a um despiste rigoroso, muitos desses com “aquele secretário”, estou disponível, uma vez que não há cupões acabam nas mãos dos residentes que, aliciados pela ideia maneira de o contactar. Quero também esclarecer o seguinte: ao do “lucro limpo”, vão tentar a sua sorte nos casinos, disseminando-se longo destes últimos 8 anos, enviei cartas ou fiz chamadas assim gradualmente o hábito do jogo na nossa sociedade. É assim telefónicas para um secretário para marcar um encontro sobre uns que, segundo me constou, muitos residentes foram adquirindo o assuntos, mas até ao presente, não tive essa oportunidade. Obrigado, hábito de jogar uma vez por dia, e com as cada vez maiores Sr.ª Presidente. oportunidades de contacto com o jogo, acabam por ficar viciados, aumentando-se assim o risco de se transformarem em jogadores Presidente: Se tivesse revelado no seu texto que aquele secretário compulsivos. Esta situação merece toda a nossa atenção. se recusou a tratar das reclamações apresentadas pelo Sr. Deputado, bem como que se recusou a recebê-lo pessoalmente... já me fiz Com o desenvolvimento explosivo do sector do jogo, a entender, não vou perder mais tempo com esse assunto. Penso que Administração aplicou, neste último ano, muitos recursos com a percebeu bem a minha ideia. Acho que se um dos cinco actua prevenção do jogo compulsivo e com os apelos às operadoras para o assim…será adequado o emprego dessa expressão? Bem, trata-se de conceito de “jogo responsável” que, em contrapartida, distribuem assunto seu, não vou comentar nada. São cinco…bem, não vou nos postos fronteiriços cupões para troca de fichas de jogo, perder mais tempo com isto, mas quero solicitar aos Srs. Deputados fomentando assim o jogo na sociedade. Isto é, no mínimo, ridículo. que intervenham com factos concretos: que tipo de reclamações? À falta de um regulamento de fiscalização, tanto a sociedade como Que facto presenciaram? Tenho dito. Alguém ergueu o braço? Não? o sistema rodoviário estão já a sentir os efeitos negativos resultantes do brusco aumento do número de “shuttle buses” e do caos que Tem a palavra o Sr. Deputado Lee Chong Cheng. provocam. Se a Administração não reforçar, com a maior brevidade possível, as normas de fiscalização sobre os meios de promoção Lee Chong Cheng : Obrigado, Sr.ª Presidente. utilizados pelo sector do jogo, os seus efeitos negativos poderão vir a ser estendidos à sociedade, e os custos que a sociedade vai ter de Face à cada vez mais acesa concorrência imposta pela gradual suportar vão ser elevados. entrada em funcionamento dos diversos casinos, as operadoras de jogo tiveram de adoptar meios mais activos para angariar clientes, Assim sendo, tendo em atenção os efeitos negativos das daí o surgimento do serviço de “shuttle bus” para transporte directo e desordenadas actividades promocionais das operadoras do jogo, gratuito dos clientes até aos recintos de jogo. Com a força do tanto para a sociedade como para a disseminação do jogo, espero que mercado, os “shuttle bus” passaram, em menos de dois anos, a um a Administração produza o mais rápido possível, normas para importante “conjunto” no seio do sistema de transportes de Macau, regulamentar as actividades de promoção do sector, de forma a passando mesmo a dispor, tanto nas Portas do Cerco como no garantir que as suas obrigações para com a sociedade sejam Terminal Marítimo do Porto Exterior, de uma frota com carreiras e cumpridas e a evitar que os interesses dos moradores e da sociedade itinerários muito mais diversificados do que os autocarros comuns. em geral sejam afectados.

O “shuttle bus” constitui, de facto, uma alternativa para os Obrigado. visitantes, pois é mais rápido e cómodo do que os transportes públicos, e um meio essencial para os casinos angariarem clientes. Presidente: Tem a palavra a Sr.ª Deputada . Contudo, devido à falta da respectiva fiscalização, o número de “shuttle buses” cresce a um ritmo galopante, o que não só cria o Kwan Tsui Hang : Obrigada, Sr.ª Presidente. caos junto aos postos fronteiriços e uma má impressão junto dos visitantes, mas também agrava a pressão sobre o sistema rodoviário. Caros Colegas:

Num modelo económico orientado pelo mercado, a Com o desenvolvimento acelerado da economia, os trabalhadores disponibilização de serviços de transporte gratuito pelas operadoras não residentes de Macau ultrapassam já os 80.000, e parece que a de jogo para angariar clientes não deve ser, em princípio, alvo de importação de mão-de-obra é a política fundamental da censura, pois se esses serviços ficassem sujeitos a uma fiscalização Administração para resolver a escassez de recursos humanos. Prevê- adequada, as operadoras de jogo poderiam até contribuir com isso se na Lei de Bases da Política de Emprego e dos Direitos Laborais para aliviar a pressão dos transportes públicos. À falta de qualquer que a importação de mão-de-obra serve para suprir a insuficiência de fiscalização sobre a operação desses serviços, o brusco crescimento trabalhadores locais. Através do regime de quotas de trabalhadores do número de “shuttle bus” está já a exercer os seus efeitos no não residentes, o Governo pode, tomando em conta o normal funcionamento dos transportes públicos. É que a desenvolvimento económico e a actualidade do mercado laboral, concorrência, quando desordenada, faz desviar a atenção das proceder ao ajustamento e controlo dos recursos humanos, empresas sobre os interesses gerais da sociedade e pode também salvaguardando que os postos e salários dos trabalhadores locais não gerar, a qualquer momento, concorrência viciosa, sendo portanto sejam postos em causa pela importação de mão-de-obra. perniciosos os efeitos para o próprio sector e para a sociedade em geral. Actualmente, para além dos despachos 12/GM/88 e 49/GM/88 que regulamentam a importação de trabalhadores e as condições de 13 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 14 trabalho dos actuais 80.000 trabalhadores não residentes, verificam- chinês abusem daquelas normas para fugirem às limitações de se ainda diversos regimes especiais que permitem a importação de apreciação e controlo dos pedidos de importação de mão-de-obra. trabalhadores não residentes para trabalharem e prestarem serviços em Macau. Caso se registem abusos na utilização desses regimes, a Recentemente, alguns trabalhadores não-residentes duma empresa ordem do mercado laboral será perturbada e a parte patronal terá um da China Continental andam aí por todo o lado a pedir apoio para escudo para fugir à assunção das devidas responsabilidades. reivindicarem compensações pela prestação de trabalho em dias de feriado e por parte de salários por receber. Entre Dezembro de 2003 Primeiro, prevê-se no Regulamento sobre a Proibição do Trabalho e Novembro de 2005 trabalharam em estaleiros públicos e privados Ilegal que, em situações excepcionais, os trabalhadores não na qualidade de trabalhadores não-residentes, mas em Dezembro de residentes podem ser dispensados do requerimento de autorização 2005 a empresa cancelou repentinamente os seus documentos de para trabalhar no caso de prestação de serviços de direcção, controlo identificação e foi tratar do título especial de permanência, por forma de qualidade ou exercício de actividades religiosas e desportivas. a que conseguissem continuar a trabalhar em Macau. Apesar de o tal Tendo em conta a existência de lacunas no âmbito da fiscalização, título os identificar como engenheiros, segundo informações dos tem-se desde sempre abusado desse regime. No início de Agosto, próprios trabalhadores, limitavam-se a fazer o que faziam os outros alguns residentes de Hong Kong, contratados em conformidade com operários da construção civil. Pode então verificar-se que, de facto, esse regime para trabalharem em Macau, deslocaram-se à Direcção se abusa do referido regime. dos Serviços para os Assuntos Laborais para se queixarem contra a parte patronal devido à recusa do pagamento das devidas Os factos demonstram que as normas e regras especiais só criam indemnizações rescisórias. Todavia, esses trabalhadores foram prejuízos, podendo ainda constatar-se a falta de fiscalização e o alegadamente acusados pela Administração de trabalhadores ilegais, abuso daquelas normas. A empresa não só violou a legislação da uma vez que o prazo máximo de 45 dias para a prestação de trabalho RAEM como também prejudicou os direitos dos trabalhadores e a tinha sido ultrapassado. Perante esta situação, que responsabilidades imagem do país. Então, porque é que o Governo da RAEM continua é que devem, afinal, ser assumidas pela parte patronal? Não sabemos. a permitir normas e regras especiais? As irregularidades desses trabalhadores, alegadamente acusados Neste momento o Governo tem é de construir uma sociedade de “trabalhadores clandestinos”, não seriam detectadas se os harmoniosa, justa e imparcial. Assim, deve necessariamente ser justo empregadores não tivessem participado à polícia. Depois de ter perante todas as empresas e entidades que participam nas actividades detectado a situação, o Governo encarou a questão e procedeu a comerciais de Macau, sejam elas empresas públicas da China algum estudo acerca das medidas a adoptar para colmatar as lacunas? Continental, empresas de capitais públicos, empresas criadas por Também não sabemos. simples residentes, empresas de capitais de Hong Kong, de capitais do exterior ou de capitais locais, o Governo deve ser justo perante Segundo, o Decreto-lei aprovado em 1984 permite que os todas, não podendo conceder poderes especiais consoante a natureza motoristas, portadores de salvo-conduto e de carta de condução da empresa ou o seu volume de capital. emitidos pela República Popular da China, prestem serviços de transporte de passageiros e mercadorias entre Macau e a China, O Governo tem de rever as normas excepcionais e especiais, por depois de concluídas algumas formalidades simples. Já em 2004 forma a criar um regime perfeito e correspondente ao espíirito critiquei os abusos da licença especial de condução para a prestação legislativo inicial, bem como fiscalizar rigorosamente a aplicação de serviços de transporte de passageiros e mercadorias entre Macau e das normas respeitantes ao trabalho e serviço prestado por a China. Depois de ter apresentado queixas a situação melhorou, mas trabalhadores não-residentes, por forma a prevenir o descontrolo do o problema ainda não foi efectivamente resolvido e está a agravar-se. mercado de recursos humanos, uma vez que isso só vai prejudicar a Muitos motoristas de autocarros de turismo afirmam que essa estabilidade e o desenvolvimento da nossa sociedade. situação ameaça a sua subsistência. Obrigada. Terceiro, aproveitar o título especial de permanência para fugir às normas de importação de mão-de-obra. De acordo com o Presidente : Tem a palavra o Sr. Deputado Ung Choi Kun. Regulamento Administrativo n.º 18/2003, o Título Especial de Permanência (TEP) é emitido a favor de todos os indivíduos que Ung Choi Kun : Obrigado, Sr.ª Presidente. prestam serviço na RAEM como funcionários das representações oficiais do Governo Popular Central e das empresas públicas e de Sr.ª Presidente, Caros Colegas: capitais públicos, da RPC. Trata-se dum regime específico que visa facilitar a vida do pessoal destacado por representações oficiais e Após quase 8 anos de retorno à Pátria, Macau entrou numa nova empresas da China Continental para trabalharem e viverem em fase de desenvolvimento económico sem precedentes. Com as Macau, visto que estão isentos das formalidades previstas para os bruscas mudanças sociais, as aspirações da sociedade são cada vez trabalhadores não-residentes. Para a obtenção do TEP, necessitam mais diversificadas, evidenciando-se, como não podia deixar de ser, apenas de entregar à PSP um requerimento específico e alguns o método de distribuição razoável dos frutos resultantes do documentos emitidos pelo “Gabinete de Ligação do Governo desenvolvimento socioeconómico, ou seja, como se realiza a partilha Popular Central na RAEM” e pelo “Comissariado do Ministério dos desses frutos. Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM”, bem como o respectivo ofício e salvo-conduto. Por forma a respeitar a soberania do país, Perante as mais diversas solicitações dos mais variados quadrantes, concordo plenamente que seja o Governo da RAEM a emitir a posição e as formas de resposta da Administração, embora não documentos específicos para o pessoal das representações oficiais do uniformes, pelo menos, como podemos constatar, vão no sentido de nosso país que vêm para Macau desenvolver as suas actividades, no reconhecer basicamente a necessidade de criar uma sociedade de entanto, não se deve permitir que algumas empresas de capital previdência. No passado dia 3 de Abril, o Chefe do Executivo, 14 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 15

Edmund Ho, afirmou na sessão de perguntas e respostas, que “para desenvolvimento social. É totalmente compreensível que os atingir a estabilidade social, a criação de uma sociedade de funcionários públicos fiquem insatisfeitos e descontentes se o previdência razoável é já uma tendência geral, aliás o único meio aumento salarial for inferior à taxa de inflação. para que esta geração possa sentir que está a partilhar dos frutos do desenvolvimento económico”. Todas as sociedades se deparam com o problema da limitação de recursos e das infinitas aspirações do ser humano. É natural que as De facto, a Administração tem desenvolvido nestes últimos anos pessoas se preocupem quando a sociedade se transforma numa muitas acções para a criação duma sociedade de previdência, sociedade de previdência, devido ao excesso de políticas de âmbito nomeadamente através da actualização constante do índice mínimo social. Isso também me preocupa. Sabe-se que a equipa de de subsistência e da pensão de velhice e dos planos de redução para funcionários é muito importante para a concretização dos os 60 anos da idade para atribuição da pensão de velhice, da criação princípios “um país dois sistemas” e “Macau governada pelas suas de um sistema de segurança social com dois níveis, da consolidação gentes” consagrados nas políticas do Governo. Assim, face à do actual sistema de segurança social e da introdução do regime de realidade social de Macau e à tendência mundial das sociedades de previdência central não obrigatório. São todas medidas para, através previdência, um Governo responsável e objectivo deve, em resposta da distribuição dos frutos do desenvolvimento, criar uma sociedade às exigências da sociedade, dar a devida atenção às aspirações de previdência e para dar respostas às solicitações do público. racionais dos funcionários públicos, dando-lhes respostas atempadas.

É certo que o Governo está a dar importância às necessidades da Na minha opinião, o desenvolvimento socioeconómico de Macau população, mas parece que está a reagir lentamente em relação às fica também a dever-se ao contributo de todos os funcionários necessidades dos funcionários públicos, uma equipa importantíssima públicos. Uma vez que a situação financeira do Governo é para a concretização dos princípios “um país dois satisfatória, o Governo deve atempadamente aumentar sistemas” e “Macau governada pelas suas gentes”. adequadamente o salário dos funcionários, aliviar as pressões dos funcionários tanto no trabalho como na vida, reforçar o sentido de Nos últimos dois anos, as associações de trabalhadores da função pertença dos funcionários públicos tanto na sociedade como no pública têm manifestado continuamente, através de diversos meios, Governo, por forma a reforçar a equipa de funcionários públicos, as suas necessidades, entendem essas associações que o Governo, facto que é benéfico para a concretização dos princípios “um país para além de criar novos benefícios sociais, deve também deixar que dois sistemas” e “Macau governada pelas suas gentes” consagrados os funcionários públicos partilhem, de forma razoável, dos frutos do nas políticas do Governo. sucesso da nossa economia. Embora alguns funcionários públicos estejam beneficiados por algumas políticas de beneficência de longo Obrigado. prazo, a maior parte acha que é urgente ponderar as questões relativas às suas regalias, especialmente os salários, porque estes já Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Leong Heng Teng. não conseguem acompanhar a inflação. E como as condições de trabalho e o aumento da pressão estão a agravar-se, muitos Leong Heng Teng: Obrigado, Sr.ª Presidente. funcionários optam por abandonar a função pública, situação essa que tende a continuar. O Governo deve então dar a devida Caros Colegas: importância a esses problemas e estar devidamente alertado. Se o Governo só se afligir e procurar soluções quando os funcionários A protecção ambiental é tema quente em todo o mundo, sendo públicos repetirem o que fizeram os docentes, ou seja, saírem à rua ainda pedra basilar indispensável para Macau assegurar o para manifestarem o seu descontentamento, o resultado ficará, desenvolvimento sustentado da economia e a melhoria da qualidade naturalmente, muito aquém do desejado. de vida dos residentes. O recente desenvolvimento económico cria muitas oportunidades de negócio mas também dificulta os trabalhos Na altura do estabelecimento da RAEM, o valor de cada ponto da de protecção ambiental. tabela indiciária dos funcionários públicos de Macau era 50 patacas, valor esse que nos últimos 8 anos registou dois ajustamentos, Com o aumento constante da população e turistas, bem como a um aumento de 2,5 patacas de cada vez, representando 5 e 4,76% elevação do poder de compra dos residentes em geral, regista-se respectivamente. Esses dois ajustamentos acumulados totalizam um também uma quantidade elevada de artigos abandonados. O trânsito, aumento de 9,76%. Entre 1993 e 2003 Macau encontrava-se numa as obras de infra-estruturas, os processos de incineração e tratamento situação de deflação, mas desde 2004 até Setembro deste ano, a taxa de águas poluem o ar. Por seu turno, as construções e o de inflação acumulada atingiu 15,73%, ou seja, se a esta subtrairmos desenvolvimento resultam na redução de áreas arborizadas, cuja área a taxa de deflação, verifica-se uma diferença de 6,06%. em 2006 era já inferior ao índice internacional de zonas arborizadas Naturalmente, o índice inicial e o valor das horas extraordinárias de per capita. O problema da poluição de Macau está a agravar-se, algumas carreiras sofreram, em maior ou menor grau, ajustamentos, devido a variados factores. A Administração deve preocupar-se com mas o nível geral dos vencimentos dos funcionários públicos de o equilíbrio entre o desenvolvimento da cidade e a defesa do Macau ainda não acompanha o aumento da taxa de inflação. ambiente e os trabalhos de arborização, de modo a garantir a qualidade de vida dos residentes, reduzindo os prejuízos para a saúde Os funcionários públicos também são seres humanos! Depois da e proporcionando espaços arborizados favoráveis onde viver. transferência, a economia de Macau entrou numa era de desenvolvimento acelerado. Os funcionários públicos também Os trabalhos de protecção ambiental são da responsabilidade de desejam partilhar dos resultados económicos e ter aumentos salariais diversos serviços públicos, nomeadamente o IACM e o Conselho do nunca inferiores à taxa de inflação. De facto, se esse aumento for Ambiente. Este último limita-se a emitir pareceres, não dispondo de superior à taxa de inflação pode ajudar a impulsionar o qualquer poder de execução, e o IACM limita-se a desenvolver os 15 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 16 trabalhos relativos às zonas verdes e jardins, não tendo qualquer sempre local de visita para os turistas e um local importante para os poder para definir políticas. De acordo com as informações do crentes. Em 2005, com o grande apoio do Governo Central, o Centro IACM, no 1.º semestre de 2007 as queixas sobre problemas Histórico de Macau foi reconhecido pela UNESCO como património ambientais continuam a limitar-se a determinadas zonas da cidade, e mundial, no qual se inclui o Templo de A-Má. Portanto, quer pela são queixas contra a proliferação de ratos, poluição atmosférica, sua história quer pelo seu valor cultural, o Templo de A-Má não é devido a fumos, e poluição sonora, não se tendo registado queixas apenas uma parte do Centro Histórico de Macau, é património de sobre problemas mais graves que prejudiquem o meio ambiente. todos os residentes de Macau, património e recurso cultural de toda a Devido à falta de um serviço para coordenar todos os trabalhos de população chinesa, e até mesmo uma riqueza da civilização humana. protecção ambiental, à falta de medidas e propostas rigorosas de Por isso, os conflitos entre uma minoria de pessoas não podem carácter vinculativo e à desactualização dos indicadores de qualidade prejudicar e afectar o seu normal funcionamento. do ambiente, comparativamente aos indicadores internacionais, ainda há muito a fazer no âmbito da protecção ambiental. A protecção do património mundial é um grande contributo para a civilização humana e para o desenvolvimento sustentável, por isso, o Sendo assim, sugiro: Governo da RAEM deve e tem a responsabilidade de proceder aos trabalhos de preservação e protecção dos pontos paisagísticos do 1. A criação de uma Direcção de Protecção Ambiental, no sentido património mundial, incluindo o Templo de A-Ma, com o intuito de de melhorar a coordenação e a integração das atribuições dos preservar o bom estado das construções e evitar que o valor cultural serviços desta Direcção e a implementação da “Lei de Bases do seja prejudicado. Ambiente”, onde se possam consagrar as políticas de desenvolvimento sustentado a longo prazo, no âmbito da A gestão do património cultural envolve factores políticos, protecção ambiental. jurídicos e sociais, ao mesmo tempo que exige muito capital e quadros qualificados. Tomando como referência as experiências de 2. A criação de mais zonas verdes, através da introdução de vários países do mundo, a protecção do património cultural deve ter Indicadores de controlo ambiental - como o GDP verde - no suporte legislativo. A França foi o primeiro país a avançar com esse sentido de assegurar que as áreas verdes possam dispersar-se tipo de legislação, com a criação da lei de protecção do património equitativamente. cultural em 1913, e os Estados Unidos da América seguiram-lhe o exemplo, criando a sua lei em 1916. O sucesso da candidatura do 3. A criação de um imposto de ambiente, que pode ser aproveitado Centro Histórico de Macau a Património Mundial teve lugar no para impulsionar os trabalhos de protecção ambiental. segundo semestre de 2005 - já passaram cerca de 2 anos - sendo por isso necessário criar legislação para regulamentar a protecção do 4. Promover a utilização de “transportes públicos verdes”, por património mundial. forma a não prejudicar tanto o ambiente. Para isso deve também encurtar-se o prazo para a inspecção dos veículos, no sentido de A lei tem uma função muito importante que é “definir normas travar o seu aumento. claras para evitar conflitos”. Na China antiga deu-se um caso que ilustra bem essa função – andava uma multidão a tentar caçar um 5. A criação dum ambiente favorável à exploração e venda de coelho sem dono, enquanto ninguém ligava aos coelhos que se produtos reciclados, no sentido de reduzir os desperdícios de encontravam, em abundância, no mercado. Porquê? Porque a lei já recursos. tinha determinado quem era o dono dos coelhos. Por isso, para conseguir resolver os conflitos de gestão do Templo de A-Má há que 6. Elevar a sensibilização, junto da população, para as questões da aperfeiçoar a gestão patrimonial. Assim, sugerimos o seguinte: protecção ambiental e da poupança de energia, através de campanhas de divulgação que sirvam de incentivo aos cidadãos Deve criar-se, num curto prazo e com predominância do Governo, para participarem nos assuntos da protecção ambiental, por uma comissão especializada composta por representantes do forma a concretizar a construção duma “cidade verde.” Governo e individualidades sociais que não tenham conflitos de interesses e sejam filantropos, por forma a resolver os actuais Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Chan Chak Mo. conflitos, evitando o reaparecimento de acções perturbadoras resultantes de disputas sobre o direito de gestão. Chan Chan Mok: Obrigado, Sr.ª Presidente. Há que definir leis para resolver a questão da gestão e protecção Sr.ª Presidente, Caros Colegas: das zonas incluídas na lista de património mundial, incluindo a zona onde se situa o Templo Á-Má, ou seja, aperfeiçoar as leis e os Esta intervenção é feita em nome do Sr. Deputado Ieong Tou regulamentos relativos ao património cultural e criar um regime de Hong e em meu nome. gestão administrativa próprio para esse património, por forma a protegê-lo, através da clarificação do direito de gestão. Há dias, surgiu um conflito relacionado com a gestão do Templo de A-Má, o mais antigo e famoso templo de Macau, que devido a Por último, a gestão do património cultural está igualmente esse conflito se viu obrigado a encerrar temporariamente as suas necessitada de recursos financeiros e a sua manutenção e divulgação portas ao público. Esse incidente foi alvo de atenção de toda a depende da existência de quadros qualificados. Neste contexto, população. devem os serviços competentes envidar esforços para, em conjunto com os cidadãos de Macau, definir mecanismos eficazes para a O Templo de A-Má é um dos monumentos históricos famosos de protecção do património cultural. Macau, e conta com uma história de mais de 400 anos. Foi desde 16 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 17

Tenho dito, obrigado. Lei n. o 8/2006, resultam em benefício dos herdeiros dos trabalhadores dos níveis 1 a 4 que se encontrassem em Presidente: Srs. Deputados: efectividade de funções em 1 de Janeiro de 2007 e tenham aderido ou venham a aderir ao Regime de Previdência, bem Terminou o período antes da Ordem do Dia. Por favor como dos que tenham optado por não aderir, aos quais mantenham-se nos vossos lugares. Vamos passar já à Ordem do Dia. continua a ser aplicável o Decreto-lei n. o 25/96/M.

(A Secretária para a Administração e Justiça e outros dão entrada 6. Em relação aos herdeiros do pessoal de nível 5 a 9, tendo em na Sala do Plenário) conta o artigo 40. o da Lei n. o 8/2006, beneficiarão, também das alterações propostas, mas apenas se o trabalhador Presidente: Srs. Deputados: falecido tiver optado por aderir ao Regime de Previdência, nos termos do n. o 1do artigo 25 o da referida Lei, isto é, dentro Prossigamos a reunião. do prazo de 180 dias a contar do dia 1 de Janeiro de 2007 (ou seja, antes de 29 Junho de 2007). Em qualquer dos casos, Da Ordem do Dia constam dois pontos. O primeiro é a desde que a morte ocorra depois do dia 1 de Janeiro de 2007. apresentação, debate na generalidade e votação da proposta de lei sobre a “Alteração ao Decreto-lei n.º 25/96/M, de 27 de Maio”. Termino aqui a minha apresentação. Antes de passar a palavra ao Governo, em nome da AL, quero agradecer a presença dos Srs. Membros do Governo. Vou convidar o Muito Obrigada Senhora Presidente. Muito obrigada Senhores Governo a fazer a apresentação, faça favor. Deputados.

Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan: Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Pereira Coutinho. Obrigada, Sr.ª Presidente. Pereira Coutinho : Obrigado, Sr.ª Presidente. Ex. ma Sr. a Presidente, Ex. mos Srs. Deputados: Sua Ex. a a Secretária, Srs. Membros do Governo: 1. Vou apresentar à Assembleia Legislativa a Proposta de Lei que “Altera o Decreto-lei n. o 25/96/M, de 27 de Maio” que Quero conhecer melhor essa alteração. A lei 8/2006 entrou em assegura determinados direitos sociais ao pessoal operário e vigor há quase um ano e agora é introduzida uma alteração a essa lei. auxiliar em regime de assalariamento fora do quadro dos De facto, os trabalhadores dos níveis 1 a 4 manifestaram há muito serviços e entidades públicas (ou seja, os trabalhadores de tempo esta revindicação. Além desta revindicação, recordo-me que nível 1 a 4) e lhes atribui, em determinadas circunstâncias, os manifestantes levaram com eles bandeiras onde estavam escritas uma compensação pecuniária aquando da sua cessação outras revindicações, durante a manifestação realizada em 1 de Maio definitiva de funções. do ano passado, porque com a entrada em vigor da lei nº 8/2006, os prémios de antiguidade deixaram de ser considerados no cálculo 2. De acordo com a artigo 7. o do referido Decreto-lei, essa para efeitos de aposentação. Por outras palavras, os referidos compensação é atribuída quando a cessação de funções trabalhadores não vão receber o dinheiro já descontado, por mais derivar de uma das seguintes três situações: 1) limite de idade; trabalho que façam, porque este dinheiro vai ser depositado numa 2) incapacidade para o trabalho; e 3) não renovação do conta especial. Esta é a razão do protesto deles. Esse dinheiro foi contrato de assalariamento por parte da Administração. Mas uma compensação pelo trabalho prestado à Administração Pública, nele não se considera a possibilidade de atribuição dessa porque não estão abrangidos pelo Fundo de Pensões de Macau nem compensação em caso de morte do trabalhador. inscritos no Fundo de Segurança Social, nos termos do Decreto-lei nº 25/96/M. Agora, parou, e esse dinheiro não cresce mais, sendo 3. Por essa razão, a presente Proposta de Lei propõe a alteração obrigatoriamente depositado numa conta especial. Acha o Governo ao artigo 7. o do Decreto-lei n. o 25/96/M, introduzindo a morte que isto é uma injustiça para eles? Quero conhecer…eles só podem do trabalhador nas causas de cessação definitiva de funções mexer nessa conta especial aos 65 anos de idade. Porém, desde a em que há lugar à compensação pecuniária prevista no data da sua inscrição no Regime de Previdência não vão ter mais referido Decreto-lei. Quanto ao destino da compensação em prémios de antiguidade. Este período todo não é calculado para caso de morte do trabalhador, propõe-se que a mesma entre efeitos de aposentação, mas o dinheiro está na mão do Governo, só para o cômputo da herança, solução idêntica à consagrada no que eles não são autorizados a levantar esse dinheiro livremente, preceito da Lei n. o 8/2006 relativo à restituição dos montantes dado que há ainda outras duas contas para investimento. Eles só a que o trabalhador tenha direito de acordo com o Regime de podem movimentar essas duas contas aos 65 anos de idade. Perante Previdência. esta revindicação, que explicação vai dar o Governo a tanta gente? Poderá o Governo explicar-nos por que razão quer guardar esse 4. Por outro lado, considerando os efeitos da aplicação do dinheiro? Decreto-lei n. o 25/96/M no âmbito do Regime de Previdência, propõe-se que as alterações propostas produzam efeitos desde Obrigado. o dia 1 de Janeiro de 2007, data da entrada em vigor da Lei n. o 8/2006. Presidente: Desconheço os assuntos relativos aos trabalhadores da função pública, mas parece que a intervenção do Sr. Deputado 5. Desta forma, se a presente Proposta de Lei for aprovada, as Pereira Coutinho não tem nada a ver com o artigo alterado, ora em alterações agora propostas, conjugadas com o artigo 39. o da debate. Segundo o meu conhecimento, esta é uma alteração parcial 17 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 18 introduzida à Lei nº 25/96/M, e não uma alteração integral. Embora informação que recebemos é esta: cerca de 8 mil trabalhadores esta alteração tenha a ver com toda a lei em causa, não estou a aderiram a este regime. Pode afirmar-se que o Decreto-lei nº perceber: o assunto sobre o qual o Sr. Deputado acabou de intervir 25/96/M, ora em debate, não tem uma relação directa com o Regime não tem a ver com a esta alteração relativa à compensação devido à de Previdência, mas sim uma relação indirecta, o que fez com que, morte de trabalhadores da função pública…como não tem nada a na apresentação, fosse referido também o regime de previdência. ver…Sr. Deputado Pereira Coutinho, se quiser pronunciar-se sobre este Decreto-lei… mas não vamos debater hoje a alteração integral A Sr.ª Presidente fez uma pergunta: além da alteração introduzida deste diploma! Estou convicta de que haverá ainda muito por ser ao artigo 7º do Decreto-lei nº 25/96/M, sobre a morte do alterado no âmbito deste Decreto-lei, para além do artigo em causa, trabalhador…ou seja, além das três situações constantes do agora alterado. O Governo já explicou o porquê do aditamento a este Decreto-lei 25/96/M, e mais esta atribuição de compensação artigo. Quanto a este Decreto-lei, não estou a discordar da sua pecuniária devida à morte do trabalhador dos níveis 1 a 4, haverá opinião, também não posso afirmar que este Decreto-lei seja um ainda outras alterações? A resposta é: até ao presente, não diploma perfeito; creio que ainda haverá muito para ser alterado. É tencionamos proceder a mais alterações, a não ser esta. Pois, o de frisar que a sessão de hoje não se destina a debater a alteração objectivo desta alteração ao Decreto-lei nº 25/96/M foi alcançado, integral deste Decreto-lei. O Sr. Deputado exigiu a alteração deste satisfazendo as exigências necessárias à implementação do Regime diploma, sim penso que se pode iniciar o processo de introdução de de Previdência. É aditada esta situação: quando o trabalhador se mais alterações. Tem algo a dizer? Faça favor. desliga do serviço sem ser por sua vontade, é-lhe atribuída uma compensação pecuniária prevista no artigo 8º do Decreto-lei Pereira Coutinho: Quero prestar um esclarecimento adicional. nº 25/96/M. Agradeço a questão da Sr.ª Presidente. A alteração ora Não estou a discordar da alteração introduzida pelo Governo. Estou submetida é a única alteração ao Decreto-lei nº 25/96/M. Obrigada. completamente de acordo! Só que não queria que as alterações fossem feitas de tal forma como se estivesse a apertar uma pasta de Presidente: Srs. Deputados: dentes, saindo um pouco de cada vez. Espero que sejam introduzidas as alterações duma só vez, para resolver os problemas. Sei o porquê Em relação ao debate do artigo na generalidade… de facto, há desta alteração, que o Governo fez à pressa. Isto foi devido à morte pouca matéria para debater. Alguém quer pronunciar-se sobre este de alguns trabalhadores dos níveis 3 a 4 da função pública. Estou de assunto? Tem a palavra a Sr.ª Deputada Kwan Tsui Hang. acordo, mas queria saber se o Governo já ponderou ou não introduzir uma alteração geral? Obrigado. Kwan Tsui Hang : Obrigada, Sr.ª Presidente.

Presidente: Bem, cada um tem opiniões diferentes. Recordo-me Não tenho mais questões a levantar, querendo apenas afirmar a que a Sr.ª Deputada Kwan solicitou ao Governo, no período de antes minha posição a favor. Tal como a Sr.ª Secretária disse, o Regime de da Ordem do Dia, que fizesse alterações, sempre que a situação o Previdência vigora há apenas uns meses. Estou convicta de que, nos aconselhasse. De facto, entre os Srs. Deputados, as opiniões próximos tempos, é necessário que o Governo venha a rever este divergem. Lembro-me bem que pouco tempo antes, a Sr.ª Deputada diploma. Porém, a tónica neste momento é tratar esta questão: houve Kwan perguntou: porque é necessário esperar para se proceder à mais de três… ao que julgo saber, muitos trabalhadores dos serviços alteração global de uma lei importante? Bem, isto também não públicos fizeram chegar suas opiniões à nossa associação: não se contraria a questão colocada pelo Sr. Deputado Pereira Coutinho, só desligaram do serviço por sua livre vontade, mas não tinham direito que hoje estamos a debater apenas este artigo com a alteração a uma compensação nos termos do diploma em vigor. Penso que o introduzida. Sim, o Sr. Deputado quer pronunciar-se sobre este mais urgente agora é resolver tal problema. Na minha opinião, Decreto-lei e não impedi que manifestasse a sua opinião. Se tem introduzir alterações aos artigos, um por um, pode rapidamente dar sugestões sobre a alteração deste diploma, pode apresentá-las ao resposta a esta necessidade. Obrigada. Governo, mas espero que o debate deste diploma… o Sr. Deputado exigiu fazer uma alteração total…estou a ver alguns Srs. Deputados Presidente: Quero saber se mais alguém pretende opinar, na a acenar a cabeça negativamente…bem, não vamos entrar nesse generalidade, sobre este diploma? Caso contrário, vamos votar. debate. O Sr. Deputado Pereira Coutinho colocou uma questão: Procedam à votação. pensou o Governo proceder a uma alteração integral ao Decreto-lei em causa? A resposta que vai dar pode ser só: sim ou não, sem (Decurso da votação) enumerar artigo por artigo. De seguida, os Srs. Deputados podem manifestar as suas opiniões. Presidente: Votação terminada – aprovado.

Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan: Agradeço a presença da Sr.ª Secretária e os Srs. Membros do Obrigada, Sr.ª Presidente. Agradeço as questões do Sr. Deputado Governo. Agradecia aos Srs. Deputados que aguardassem nos vossos Pereira Coutinho. lugares, pois, temos ainda um outro assunto na Ordem do Dia.

Quero referir que o Regime de Previdência dos Trabalhadores dos (Saída da Secretária Florinda Chan e outros; dão entrada Serviços Públicos (doravante designado por regime de previdência) Secretário Tam e outros na Sala do Plenário) vigorou a partir de 1 de Janeiro deste ano. Embora tenha sido aprovado a 15 de Agosto de 2006 pela AL, foi preciso um período Presidente: Srs. Deputados: transitório de 6 meses para a adaptação. Portanto, este diploma começou a ser aplicado só a 1 de Janeiro. O período transitório foi de Vamos prosseguir a reunião. Antes de apresentação pelo Governo, 180 dias, para os trabalhadores decidissem se aderiam ou não a este agradeço a presença do Sr. Secretário Tam e dois Srs. Membros do regime. O período transitório terminou em 29 de Junho deste ano. A Governo. Passo agora a palavra ao Governo. Faça favor. 18 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 19

De acordo com a apresentação feita pelo Governo, a alteração ao Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: regime jurídico do seguro de acidentes de trabalho e doenças Obrigado, Sr.ª Presidente. profissionais é oportuna. Mas, tenho umas dúvidas a levantar sobre a alteração ao n.º 4 do artigo 28.º : “ Os limites previstos no n.º 2 devem Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: ser avaliados em cada ano… tendo em conta o desenvolvimento social, os valores de inflação e os pareceres da Direcção dos Com vista a responder ao contínuo desenvolvimento socio- Serviços para os Assuntos Laborais e da Autoridade Monetária de económico, é necessário e oportuno actualizar os limites Macau. ” Na apresentação, o Sr. Secretário Tam revelou que esses os indemnizatórios do seguro de acidentes de trabalho e doenças limites são avaliados no espaço de cinco anos, mas o diploma em profissionais, no sentido de assegurar que os trabalhadores que, vigor prevê que os limites sejam avaliados de dois em dois anos, o infelizmente, passem por essas situações, bem como as suas famílias, que torna a sua aplicação impraticável, de modo que foi introduzida consigam obter do seguro as devidas e mais razoáveis esta alteração ao referido diploma. Assim, fico preocupada com o indemnizações. facto de não se definir a obrigação de avaliar os limites de dois em dois anos, tendo em conta apenas os pareceres da Direcção dos Depois de discussão aprofundada no seio do Conselho Permanente Serviços para os Assuntos Laborais. Do regime jurídico em causa de Concertação Social e da consulta efectuada ao sector dos seguros, consta a obrigação por parte do Governo de rever de dois em dois as partes patronal e laboral chegaram a um consenso, isto é, o anos os limites previstos na lei, mas, segundo a experiência no montante de indemnização será aumentado, de forma progressiva e passado, os referidos limites não foram avaliados. Agora, esta dividida em 5 fases, até determinado nível, no prazo de 5 anos. Por obrigação não está prevista, o que me preocupa que não sejam exemplo, o limite máximo da indemnização por morte causada por avaliados os limites em causa, caso os pareceres da Direcção dos acidente de trabalho ou doença profissional será elevado, Serviços para os Assuntos Laborais e da Autoridade Monetária de gradualmente, de quatrocentas mil patacas para um milhão de Macau assim o aconselhem. Portanto, que medidas o Governo vai patacas, enquanto o limite máximo da indemnização para a tomar ou que ideias tem, para que os limites previstos na lei sejam incapacidade permanente e absoluta para o trabalho será elevado, avaliados regularmente, tendo em conta o desenvolvimento socio- gradualmente, de quinhentas mil patacas para um milhão duzentos e económico? cinquenta mil patacas. Obrigada. O Governo já procedeu, na primeira fase, à actualização dos limites indemnizatórios referentes ao ano de 2007, através da Ordem Presidente: Sr. Secretário Tam, faça favor. Executiva n.º 48/2006 e 49/2006. Tendo em conta o referido consenso, é necessário avançar este ano com a segunda fase de Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: actualização dos limites indemnizatórios. Agradeço as questões da Sr.ª Deputada Leong Iok Wa. De facto, durante a revisão deste diploma, debatemos muito sobre o prazo para No entanto, de acordo com o Decreto-lei n.º 40/95/M, que aprova avaliação dos limites do seguro, previstos na lei. Em última análise, o regime jurídico da reparação por danos emergentes de acidentes de achamos que esta versão que propomos agora é mais adequada, trabalho e doenças profissionais, os limites indemnizatórios respondendo melhor às necessidades reais de Macau para actualizar previstos são actualizáveis de dois em dois anos, facto que constitui atempadamente os limites, com mais flexibilidade. Ora bem, vou um obstáculo para a concretização do consenso social de actualizar apresentar o seguinte: embora esteja previsto que …tendo em conta anualmente, num período de 5 anos, os limites indemnizatórios. os pareceres da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e da Autoridade Monetária de Macau (AMM), antes de Assim, apresentamos à Assembleia Legislativa a presente proposta emitir pareceres, a DSAL ouve o Conselho Permanente de de lei, sugerindo que esta altere o Decreto-lei n.º 40/95/M, sobretudo Concertação Social (CPCS), ao passo que a AMM vai auscultar o quanto ao regime de actualização dos limites indemnizatórios do sector dos seguros. Esta é a prática habitual dos dois organismos. seguro de acidentes de trabalho e doenças profissionais, e elimine a Sempre que haja necessidades, o CPCS actualiza os limites disposição do Decreto-lei que prevê que a actualização apenas seja indemnizatórios do seguro, de forma contínua, depois de as partes possível de dois em dois anos, por forma a que o Governo possa laborais e patronais, no âmbito do CPCS, terem debatido actualizar atempadamente os limites indemnizatórios, tendo em amplamente esta matéria, que é do seu interesse. conta o desenvolvimento social e considerando a taxa de inflação como factor de referência. Já ponderamos anteriormente esta redacção: “actualizar os limites uma vez por ano”, por ser mais prático, ficando previsto que a Termino por aqui a apresentação da proposta de lei, que se actualização fosse anual. Mas, decidimos propor que os limites submete agora à apreciação da AL. sejam actualizados uma vez por ano, durante os próximos cinco anos. É de frisar que não se exclui, até lá, a hipótese de fazer uma actualização de dois em dois anos, se as taxas de inflação e o Obrigado, Sr.ª Presidente. desenvolvimento social assim o aconselharem. Outras situações

excepcionais podem exigir uma actualização em menos de um ano. Presidente: Tem a palavra a Sr.ª Deputada Leong Iok Wa. Aquela formulação tem falta de flexibilidade. Acharam que, no

passado, não foram actualizados os limites indemnizatórios do Leong Iok Wa: Obrigada, Sr.ª Presidente. seguro, mas é de lembrar que no passado estávamos em situação de

deflação e nos termos do diploma vigente, a DSAL e a AMM só Ex. mo Sr. Secretário, Srs. Membros do Governo: podem considerar as taxas de inflação, para emitir pareceres. No

âmbito deste diploma, não se pode considerar outra coisa a não ser 19 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 20 as taxas de inflação. Assim, não havia fundamentos para actualizar os limites em causa. Mas, com esta alteração, aditamos mais factores Aceito a opinião do Sr. Deputado Pereira Coutinho, quanto à a considerar: o desenvolvimento social, os valores de inflação. Por apresentação que fiz hoje. No futuro, vamos preparar, na medida do outras palavras, mesmo que estejamos em situação de deflação, caso possível, uma versão na língua portuguesa, antes de apresentar o desenvolvimento social nos aconselhe, actualizaremos os referidos propostas na AL. Apresento as minhas desculpas. Acontece que a limites indemnizatórios do seguro, ao contrário do que acontecia no apresentação ficou finalizada só hoje à tarde, após ponderação passado, quando só podíamos ter em mente as taxas de inflação, sem aprofundada. No futuro, vamos melhorar isso, na medida do possível. poder considerar o desenvolvimento social. Acho que esta alteração permite ao executivo uma maior flexibilidade para fazer Da minha apresentação constam principalmente os fundamentos actualizações, em termos de tempo. Além disso, isso ainda permite da alteração introduzida, ora em debate. Foi exactamente a pergunta ao Governo ter mais fundamentos para actualizar os limites em causa. que o Sr. Deputado Pereira Coutinho fez: por que razão propusemos Assim, por um lado, os limites em apreço podem ser avaliados esta alteração? Vejamos que a proposta de lei…o Decreto-lei nº atempadamente e, entretanto, as vozes da sociedade são auscultadas. 40/95/M prevê que a actualização dos limites indemnizatórios do Estamos dispostos a auscultar as valiosas opiniões dos Srs. seguro de acidentes de trabalho e doenças profissionais seja Deputados, no debate na especialidade. Esta é uma proposta de lei efectuada de dois em dois anos, tendo em conta os valores da mais adequada, na nossa opinião. Estamos dispostos a auscultar os inflação e os pareceres da Direcção dos Serviços para os Assuntos Srs. Deputados. Obrigado. Laborais e da Autoridade Monetária de Macau. Nos termos da lei, a actualização só se faz de dois em dois anos, tendo em conta os Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Pereira Coutinho. valores da inflação, sem ponderar o desenvolvimento social. Nestes termos, propusemos alterar este diploma: a disposição de “de dois a José Pereira Coutinho: Muito obrigado, Sr. Presidente. em dois anos” é eliminada e é aditado ao artigo o seguinte: o Executivo pode actualizar atempadamente os limites indemnizatórios, tendo em conta o desenvolvimento social e os valores de inflação. Sr. Secretário, Membros do Governo: Deste modo, o Governo tem maior flexibilidade para actualizar os

limites indemnizatórios em termos temporais. Este é o objectivo da Confesso que ainda consegui perceber o porquê da apresentação alteração ao artigo em causa. Esta é a nossa ideia. desta alteração. Talvez as minhas dificuldades de entendimento se prendam com o facto de não ter tido acesso à versão portuguesa. É Por que razão propusemos esta alteração? Visto que o assunto foi que eu só recebi a versão chinesa e não a portuguesa! Quando for debatido no âmbito do CPCS e chegaram a um acordo em proceder à assim, agradecia me fosse providenciada, também, a versão actualização dos limites indemnizatórios de forma faseada e anual, portuguesa. no espaço de cinco anos. Por exemplo, a indemnização de acidentes

de trabalho ou doenças profissionais que resultem em morte passa de Relativamente à alteração propriamente dita, apraz-me dizer que 400 mil patacas para um milhão. Claro que isto não é de um ano para se trata de uma obrigação por parte do Governo de rever, de dois em o outro, mas em cinco anos. Depois de ouvido o sector dos seguros, dois anos, os limites previstos na lei. Compreendo perfeitamente as quer por parte laboral, quer por parte patronal, os membros do CPCS explicações do Sr. Secretário, sobretudo atendendo ao acharam viável proceder a esta actualização. Basicamente, tendo desenvolvimento económico e social de Macau nos últimos anos. obtido o consenso do sector dos seguros, quer por parte patronal, Com efeito, qualquer alteração que se pretenda introduzir deve quer por parte laboral, e nos termos da legislação em vigor, adequar-se o mais possível à realidade local. Ainda assim gostava de propusemos proceder a esta alteração em 2007. Em conformidade colocar a seguinte pergunta: que dificuldades encontrou o Governo com o diploma em vigor, depois de proceder à actualização em 2007, que levaram à decisão de aqui vir solicitar esta alteração? só podemos fazer outra actualização em 2009, dois anos depois.

Assim não poderíamos proceder à actualização anual, tendo em vista Termino por aqui a minha intervenção! consenso obtido. Ou seja, nos próximos 4 anos, não poderíamos

proceder a uma actualização. De modo que apresentámos esta Muito obrigado. proposta de lei, para que a AL permita ao Governo que proceda a uma actualização anual no espaço de 4 anos, tendo em conta o Presidente: Sr. Secretário Tam: consenso a obter. Assim, no final do quinto ano, serão definidos os limites indemnizatórios, tendo em conta o consenso social. Esta é a O Sr. Deputado Pereira Coutinho tem razão em pedir uma versão nossa intenção, ao proceder a esta alteração, o que foi igualmente na língua portuguesa, pois só nos foi fornecida a versão na língua referido na minha apresentação. chinesa. Espero que nos forneça também a versão na língua portuguesa, uma vez que alguns Srs. Deputados não sabem ler chinês. Presidente: Tem a palavra Sr. Deputado Lee Chong Cheng. E os nossos tradutores podem não conseguir acompanhar o ritmo da leitura da sua apresentação. Penso não trouxeram a versão na língua Lee Chong Cheng : Obrigado, Sr.ª Presidente. portuguesa, trouxeram? Espero que o Sr. Secretário nos repita, mais uma vez, a sua apresentação. Por que razão nos entregou só agora, se Sr. Secretário: já tinha a apresentação feita? Como o Sr. Deputado Pereira Coutinho não percebeu, pode intervir de forma mais clara? Quero pronunciar-me sobre essa alteração, dando uma sugestão ao Sr. Secretário, para referência. Segundo a nota justificativa, o Sr. Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: Secretário afirmou que esta alteração visa proceder a uma Obrigado, Sr.ª Presidente. Agradeço a questão do Sr. Deputado actualização com maior flexibilidade, para a fundamentação da Pereira Coutinho. política a traçar. Na minha opinião, a redacção poderia ser mais 20 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 21 flexível da forma que se segue: tendo em conta as necessidades, já não é uma obrigação. E por que razão foi eliminada esta obrigação enquanto se procede à alteração atempadamente, mantém-se a de se proceder a uma actualização de dois em dois anos? E por que obrigação de se proceder a uma revisão de dois em dois anos. Assim, razão, em 8 anos depois do retorno à Pátria, não foram actualizados não seria mais adequado? Este diploma, que sofreu várias alterações os referidos limites? Obrigado, Sr. Secretário. desde 1995 até agora, não apresenta grande flexibilidade. Mas, para ser mais flexível, é preciso definir um prazo, para dar melhor Presidente: Essa pergunta já foi colocada pela Sr.ª Deputada garantia às partes laboral e patronal, na minha opinião. Leong Iok Wa e o Governo já respondeu: não foram actualizados de dois em dois anos, devido à deflação verificada no passado. Uma vez Segundo o Sr. secretário, o CPCS foi ouvido, durante a recolha de que o Decreto-lei em causa prevê “tendo em conta os valores de opiniões. E se fosse integrado na redacção da nova lei, “o CPCS é inflação”, mas não prevê “ tendo em conta o desenvolvimento ouvido”, para aumentar a transparência deste diploma? Espero que o social”. Se eu não explicar bem, Sr. Secretário pode…segundo o que Sr. Secretário queira ponderar a minha sugestão. Obrigado. percebi, os limites serão actualizados anualmente no espaço de cinco anos, tendo em conta os pareceres do CPCS. Nos termos do diploma Presidente : Sr. Secretário, faça favor. em vigor, os limites são actualizados de dois em dois anos, tendo em conta os valores de inflação. O Sr. Secretário já deu a respectiva Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: resposta à pergunta colocada pela Sr.ª Deputada Leong Iok Wa. Agradeço as opiniões e sugestões do Sr. Deputado Lee Chong Cheng. Como no passado, se verificava uma deflação, isso conduziu à não actualização dos limites em causa. Não houve inflação, nos últimos Para melhor redacção desta proposta…mas se todos aceitarem o anos. Sr. Secretario Tam, está certo? Segundo o que percebi, o Sr. espírito da proposta, nada impede que a redacção seja revista, em Deputado Lee Chong Cheng referiu “de dois em dois anos”, tal sede de especialidade. Ouvido o Sr. Deputado Lee Chong Cheng, como o Sr. Deputado Pereira Coutinho. Uma coisa precisa de ser percebi que o espírito desta proposta foi bem aceite. Portanto, nada esclarecida: a fórmula “de dois em dois anos” vai ser eliminada? Nos nos impede que seja revista em sede de especialidade. Se há termos do diploma em vigor, a actualização de dois em dois anos é necessidade de incluir expressamente a obrigação de “actualizar de obrigatória? A actualização quer dizer aumentar os limites. Na minha dois em dois anos” ou “ o CPCS é ouvido”? Esta matéria foi já opinião, o Decreto-lei em vigor não prevê a actualização obrigatória, estudada, mas nos termos da lei orgânica do Conselho Permanente uma vez que é preciso ter em conta os valores de inflação. de Concertação Social, uma das suas atribuições é pronunciar-se Compreendo a preocupação dos dois Srs. Deputados que levantaram sobre a política sócio-laboral, mas não se prevê que o CPCS se a questão, achando que o diploma em vigor prevê a obrigação de pronuncie sobre os limites indemnizatórios do seguro. Repito, actualizar os limites indemnizatórios de dois em dois anos. compete ao CPSC pronunciar-se sobre a política sócio-laboral, Levantaram esta questão. A redacção agora passou a não ter esta nomeadamente na sua vertente do regime de trabalho. De facto, a obrigação, assim, o Governo poderia ficar inerte durante 10 anos! fundamentação jurídica é suficiente para definir os limites Esta é preocupação manifestada: a fórmula “de dois em dois indemnizatórios, no que diz respeito à auscultação do CPSC. A anos” não é a questão de flexibilidade, visto que o Governo no revisão dos limites indemnizatórios do seguro envolve a política das passado não actuou. Quanto a isso, o Governo já respondeu: a relações laborais. Como há legislação prevendo que o CPSC é inércia foi devido à deflação. Agora a questão que se coloca é saber ouvido, entendemos desnecessário aditar isso a esta proposta de lei. qual a intenção do Governo com esta alteração, os limites podem ser Nesta matéria, o Director da DSAL é ouvido, na qualidade de actualizados quando quiser? O Sr. Secretário Tam acabou de adiantar coordenador. É evidente que estamos dispostos a auscultar também que no espaço de cinco anos… os Srs. Deputados, no sentido de melhorar a redacção desta proposta. Repito, continuaremos dispostos a ouvi-los. Deixe-me acabar primeiro. De acordo com o parecer do CPCS, serão actualizados os limites cinco vezes no espaço de cinco anos. Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Pereira Coutinho. Mas, agora, a actualização é efectuada de dois em dois anos. Assim, não é possível proceder-se a uma actualização uma vez por ano. Pereira Coutinho: Obrigado, Sr.ª Presidente. Deixo que o Sr. Secretário explique primeiro, se o Sr. Deputado tiver mais dúvidas…não só o Sr. Deputado tem dúvidas, o Sr. Deputado Sr. Secretário: Lee Chong Cheng também se referiu à questão “de dois em dois anos”. Espero que o Sr. Secretário dê uma resposta de uma vez por Já estou a perceber melhor…do Decreto-lei que sofre alteração todas. Os Srs. Deputados ficaram preocupados com esta alteração. A consta já a disposição que obriga a que CPCS seja ouvido, tal como redacção inicial era: proceder-se à actualização de dois em dois anos, a sua lei orgânica assim define. Portanto, percebi que, depois de mas agora esta redacção foi alterada. Ou seja, poder-se-á proceder ouvido o CPCS, o Governo submete agora esta proposta. Mas, ainda mensalmente a uma actualização, se assim se entender. De qualquer continuo a não perceber uma coisa: do Decreto-lei consta a forma, os Srs. Deputados ficaram com esta dúvida: segundo o obrigação de se proceder a uma actualização de dois em dois anos, diploma em vigor, procede-se à actualização de dois em dois anos, mas nesta proposta de lei foi eliminada esta obrigação. Quero saber mas com essa alteração, ficará o Governo parado? Esta é a dúvida. qual foi o problema... Há 8 anos, desde o retorno à Pátria, nunca foram actualizados os limites em causa, de dois em dois anos. Nem Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: sequer antes do retorno à Pátria, até hoje. Desta proposta de lei Agradeço as questões do Sr. Deputado Pereira Coutinho. Estou a consta só mais o “desenvolvimento social”. Tal como o Sr. compreender a preocupação dos Srs. Deputados. Respondendo à Secretário disse, a sociedade está muito desenvolvida, agora, e a pergunta do Sr. Deputado Pereira Coutinho, desde o retorno à Pátria maior obrigação é proceder-se a uma actualização de dois em dois até 2006, não foi efectuada nenhuma actualização. A razão prende-se anos. O que me preocupa é a eliminação desta “obrigação” conduzir com as taxas de deflação verificadas nestes largos anos, tal como à inércia do Governo, podendo escolher o prazo que quiser, porque referiu a Sr.ª Presidente. Como não houve inflação, não foi efectuada 21 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 22 actualização neste sentido. assumido esse compromisso. De qualquer forma, estamos dispostos a auscultar os Srs. Deputados, penso que foi bem aceite o espírito Voltando à questão “de dois em dois anos”, essa questão já foi desta proposta. O Sr. Deputado Pereira Coutinho pronunciou-se ponderada, mas, entendemos que se já está previsto que “tendo em sobre a matéria, reconhecendo a inclusão da condição do conta os valores de inflação e o desenvolvimento social”… já desenvolvimento social. Penso que todos estão bem esclarecidos chegámos a um acordo com o CPCS que nos próximos 4 anos, ou acerca do espírito da revisão em causa. seja até 2011, será efectuada uma actualização uma vez por ano, sem que seja necessário efectuar uma actualização “de dois em dois Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Chan Chak Mo. anos” ou “anualmente”. Este é o compromisso que o Governo assumiu! Após 2011, será necessário aditar à redacção da lei “de dois Chan Chak Mo: Obrigado, Sr.ª Presidente. em dois anos”? Será necessário marcar um prazo “de dois em dois anos” ou “uma vez por ano”? Qual prazo será melhor, “de dois em Sr. Secretário: dois anos” ou “uma vez por ano”? Quanto a isso, as opiniões divergiram. Se fosse definido de dois em dois anos, perguntariam: O esclarecimento do Sr. Secretário foi bem explícito, mas tenho Porque não uma vez por ano? De modo que o Governo já adoptou certas reticências sobre o artigo que sofreu alteração. O Decreto-lei esta redacção: serão avaliados os limites indemnizatórios, tendo em vigente prevê “de dois em dois anos”, agora foi feito um quadro que conta os valores de inflação e o desenvolvimento social. É da obriga a que, teoricamente, depois de 2011, não seja efectuada responsabilidade do Governo ponderar o desenvolvimento social e nenhuma actualização. Está bem, não há problema. A partir de 2012, os valores de inflação, e não é definir um prazo. A ponderação do será feita uma avaliação anual, mas, por que razão não passou a Governo foi: com esta alteração, a lei é mais eficaz do que um prazo redacção do nº 4 do artigo para esta forma: “anualmente, tendo em fixo “de dois em dois anos” ou “uma vez por ano”. Caso se conta o desenvolvimento social e os valores de inflação”? Na minha verifiquem valores de deflação, nos anos após 2011, com a opinião, o aditamento da palavra “anualmente” torna a redacção sociedade mais estável, e tendo em conta as necessidades em relação mais clara. aos seguros, o Governo não ficará sujeito a um prazo definido, podendo efectuar uma actualização de dois em dois anos, por Não estou a perceber o seguinte: do quadro apresentado constam exemplo. Desta proposta de lei constam já situações que carecem da já os valores calculados até 2011. Mas como sabemos a situação dos ponderação do Governo: se voltar a verificar-se uma deflação e próximos anos? Como sabemos as futuras taxas de inflação? Se mudanças sociais significativas, o Governo não ficará sujeito a um defender que se trata de índices de referência, os valores não podem prazo definido. Obrigado. ser inferiores a…compreendo isso, mas acho que os índices apresentados foram apenas uma previsão sobre o que se poderá Presidente: Tem a palavra Sr. Pereira Coutinho. verificar em 2009 e 2010, sem ter em mente as futuras taxas de inflação . Como sabemos agora as taxas de inflação que se vão Pereira Coutinho: Obrigado, Sr.ª Presidente. verificar daqui a três anos? Como será a sociedade? Se calhar, as taxas de inflação vão atingir 25%! Este quadro não serve. Não é Sr. Secretário, a diferença é bem grande! No diploma em vigor, assim? Sei que, caso agora não fossem definidos os valores está prevista a obrigação de se proceder a uma actualização de dois indemnizatórios, seria uma situação difícil para o Governo e para o em dois anos, tendo em conta os valores de inflação e o sector dos seguros, quanto às contribuições e indemnizações. Eu desenvolvimento social. O que me preocupa é que, sem este prazo compreendo isso. No entanto, como foram calculados esses valores? estabelecido, esta actualização pode não ser efectuada. Assim, irá o E as taxas de inflação anual a verificar no segundo e terceiro ano? Governo tomar alguma iniciativa? A redacção anterior é: compete à Como foi feito esse quadro? Se é só para referência, tudo bem, DSAL e AMM emitir pareceres, que são submetidos ao Chefe do porém, com este aumento anual, e a inclusão de “tendo em conta o Executivo e ao qual cabe decidir se faz ou não a tal actualização. desenvolvimento social e valores de inflação”, os problemas não Mas com essa alteração, estes dois organismos podem ficar ficam resolvidos, na minha opinião. impedidos de actuar! Quem tomaria a iniciativa de se proceder à tal revisão, tendo em conta os valores de inflação e o desenvolvimento Obrigado. social? Quanto a isso, tenho certas dúvidas. Fico preocupado com isto: se no futuro os valores de inflação aumentarem para 1% ou 2%, Presidente: Sr. secretário Tam, faça favor. podem entender que o aumento é pequeno, decidindo não agir, mesmo que se verifique um aumento de 2% ou 3%, visto que, com Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: Sr.ª esta alteração, estes organismos deixam de ter a referida obrigação, Presidente, agradeço as questões do Sr. Deputado Chan Chak Mo. ficando livres. Esta é a minha preocupação. Obrigado, Sr. Secretário. Quanto aos pormenores sobre a melhor forma de redigir este Presidente: Sr. Secretário Tam faça favor. artigo, estamos dispostos a auscultar os Srs. Deputados. Mas, nota-se que a revisão em causa foi bem acolhida por todos. Continuo a Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: É repetir, estamos dispostos a auscultar os Srs. Deputados, quanto ao compreensível a preocupação dos Srs. Deputados. É de frisar que aperfeiçoamento da redacção do artigo em questão. No seguimento com boa fé, o Governo efectuou atempadamente esta revisão, tendo do debate no seio do CPCS, e tendo sido ouvido o sector dos seguros, em conta os valores de inflação e o desenvolvimento social. Se propusemos que, desta forma, se faça uma revisão nos próximos interpretar esta revisão como sendo feita de boa-fé, compreendem cinco anos. A opinião manifestada na altura foi muito simples, a que o Governo vai assumir esta responsabilidade. Quanto ao saber, proceder-se à actualização dos valores indemnizatórios dos estabelecimento de um prazo, no fundo a actualização faz-se uma seguros de acidentes de trabalho e doenças profissionais de 400 mil vez por ano, em vez de dois anos, visto que nos próximos anos, está patacas para um milhão. Estão muito claros acerca desta ideia: 22 N.° III – 74 - 7-11-2007 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 23 aumentar para um milhão de patacas. Durante a nossa ponderação Deputados, tendo isso sido reconhecido no debate na generalidade. sobre esta actualização, o CPCS e o sector dos seguros foram Vamos debater com os Srs. Deputados na especialidade, no sentido ouvidos pela DSAL e entenderam que se os valores fossem de aperfeiçoar a redacção. Estamos dispostos a isso. actualizados num espaço de um ano para um milhão de patacas seria precipitado e dificilmente aceite pelo sector em causa. De modo que Presidente: Gostava de saber se mais alguém pretende opinar propuseram elevar de 400 mil patacas para um milhão no espaço de sobre a alteração ao Regime Jurídico do Seguro de Acidentes de cinco anos. Esta alteração foi feita, tendo em conta as opiniões das Trabalho e doenças Profissionais, na generalidade? Caso contrário, partes laboral e patronal, bem como do sector dos seguros. Embora vamos votar. Srs. Deputados, procedam à votação. seja marcada uma actualização anual…a actualização é efectuada anualmente, e não é uma vez para os cinco anos. Também não (Decurso da votação) compete ao Governo efectuar a actualização desta forma. No espaço de cinco anos, será efectuada uma actualização anual até para elevar Presidente: Votação terminada – aprovado. o valor para um milhão de patacas, tendo o consenso do CPCS. É de salientar que, nos próximos dois ou três anos, sempre que se Agradeço a presença do Sr. Secretário Tam e dois Srs. Membros registem mudanças significativas ou elevadas taxas de inflação, não do Governo. se exclui a hipótese de actualizar os valores antes de 2011. Já chegámos a um consenso com o sector dos seguros, e a actualização Declaro encerrada a reunião. é efectuada anualmente, tendo em conta o referido consenso. Portanto, não se exclui esta possibilidade. Disse bem que esta Intérpretes-Tradutores: Gabinete de Tradução proposta menciona índices de referência. Os limites previstos nesta Redactores: Gabinete de Registo e Redacção proposta obtiveram consenso. Logo que se registem mudanças significativas ou elevadas taxas de inflação, poderemos debater o assunto novamente.

Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Ng Kuok Cheong.

Ng Kuok Cheong: Obrigado, Sr.ª Presidente.

Não quero levantar questões, vou expressar-me apenas a nível do debate na generalidade. A meu ver, a apresentação do Sr. Secretário e o plano de actualização a fazer no futuro pelo Governo significam que a prática aconselha-nos a proceder-se a uma actualização anual, no futuro, pelo menos nos próximos 4 ou 5 anos. Acho que este diploma deve ser revisto tendo em conta a necessidade. Considerando que esta futura actualização anual, pelo menos nos anos mais próximos, foi o resultado do estudo levado a cabo pelo Governo desde o estabelecimento da RAEM, acho mais adequado, se a redacção fosse: pondera-se proceder-se a uma actualização anualmente. Acho que já temos a prática como suporte. Esta é a minha opinião pessoal. Sou a favor da aprovação desta proposta de lei na generalidade . Obrigado.

Presidente: Tem a palavra o Sr. Deputado Pereira Coutinho.

Pereira Coutinho : Obrigado, Sr.ª Presidente.

O Sr. Deputado Ng já disse o que eu queria dizer! Na verdade, estamos então perante um quadro que não tem força vinculativa, pois, cada parte pode recuar. Esta proposta de lei está submetida à AL para debate e essa alteração foi feita de acordo com este mapa. Está bem assim, sou a favor de uma actualização anual. Quanto à obrigação de fazer a revisão “ de dois em dois anos”, gostava de saber se o Governo vai submeter esta matéria à AL para apreciação... Há de facto uma grande discrepância entre o artigo original e este artigo alterado. Obrigado.

Presidente: Sr. Secretário Tam, faça favor.

Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam: Sr.ª Presidente:

O espírito desta proposta de lei foi bem aceite pelos Srs. 23