Universidade Federal Do Rio De Janeiro Jonathan Gomes

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Universidade Federal Do Rio De Janeiro Jonathan Gomes UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO JONATHAN GOMES HENRIQUE A UNIDADE POÉTICA DE RADUAN NASSAR Rio de Janeiro 2014 JONATHAN GOMES HENRIQUE A UNIDADE POÉTICA DE RADUAN NASSAR Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura (Poética), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do titulo de Mestre em Ciência da Literatura (Poética). Orientador: Eduardo Mattos Portella Rio de Janeiro 2014 JONATHAN GOMES HENRIQUE A UNIDADE POÉTICA DE RADUAN NASSAR Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura (Poética), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do titulo de Mestre em Ciência da Literatura (Poética). Aprovada em 27/02/2014 ___________________________________________________________________________ Presidente, Prof. Doutor Eduardo Mattos Portella – PPG em Ciência da Literatura, UFRJ ___________________________________________________________________________ Prof. Doutor Ricardo Pinto de Souza – PPG em Ciência da Literatura, UFRJ ___________________________________________________________________________ Prof. Doutor Ricardo Roclaw Basbaum – Instituto de Artes, UERJ Rio de Janeiro Fevereiro de 2014 HENRIQUE, Jonathan Gomes. A unidade poética de Raduan Nassar. / Jonathan Gomes Henrique. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Letras, 2014. 179f.: il; 2cm. Orientador: Eduardo Mattos Portella. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro / Faculdade de Letras / Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura, 2014. Referências bibliográficas: 161 – 165. 1. Literatura brasileira contemporânea. 2. Raduan Nassar. 3. Ethos. 4. Incitação. 5. Poética. 6. Corpo. 7. Humores. I. PORTELLA, Eduardo Mattos. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura. III. Título. Dedico a Ana Maria Vasconcelos Martins de Castro, cujo nome eu um dia sussurrei em cada canto da minha casa Agradecimentos Ao Professor Eduardo Mattos Portella, pelos melhores presentes que uma orientação talvez pudesse me conceder: a mais tranquila confiança e senso de humor. Ao Professor Ricardo Roclaw Basbaum e Professor Ricardo Pinto de Souza, pela coragem no escuro. A meus pais Joaquim Henrique de Souza e Eliete Gomes Henrique, por suportarem o amor ingrato desse seu filho impiorável. A meu irmão Janderson Gomes Henrique, cuja abundância e escassez são invertidas com as minhas, o que deixa nossas mãos livres de disputas. Mais mil vezes por Ana Clara. A Eliandro Kienteca Penteado, por nada de bom que preste: do talhar de cacos pra furar qualquer assunto ao Bolo Yeung sempre pedindo. A Leandro Mangia Rodrigues, pela revolta do ovo no bolso (que teve o que merecia). E mais mil vezes por Mirela. A Cristiano Antunes, pelo lombo, pela bifa, pelo óleo e pelo belo desprezo pelo cabelo pego de mão cheia e arrancado fora. A Leonardo Mangia Rodrigues, bodo miserável que jogou chorume no juruna e fez crer ter sido o Mi. A Jorge Augusto Paschoal Pires, por cagar cuspe na cabeça de quem cospe caca nas nossas. E mais mil vezes por Mayara e uma só tá bom pelo Matheus, mentira, te amo. A Fernando Abbade Dutra Mendes, o Deus vivo que disse: “depoimentos, assim, é muito importante sabe... legal pra cralho, assim vc coloca as coisas sabe... maneiro...” A Amaro, por seu exemplo em segredo a ser ainda inventado. A Renan de Araújo Rodrigues e Rodrigo Carqueja de Menezes, por falarem e ouvirem do enjôo de uma gravidez de vida toda. Ao Professor Luiz Júnior, o Lince, que reuniu e armou o maior bando de Bangu: seus crimes nunca prescreverão. A Paulo Henrique, o Nagual, aquele que para sempre escarrou na cara de um pirralho e o fez se decompor em vômitos. Ao Professor Dau Bastos, por ser tudo aqui efeito ainda daquele seu rolar de dados. Ao Professor Ivair Coelho Lisboa, pelo tumulto festivo e cruel que causa na mata noturna dessa vida besta. Ao Professor Antonio Jardim, que diante da militarização das bancas e demais torturas acadêmicas sempre abre janelas de ar fresco: “não é pra sofrer o curso, é pra fazer o curso”. A Vladimir Pereira Seixas, pelo pique na Presidentes Vargas e por todos os Pinho Sóis que um dia vou negar no tribunal terem estado sempre naquela nossa mochila. A Rodrigo Ségges Ferreira Barros e Mariana Marques de Oliveira, pelo ensolarado bonito na lua de minha vida, por onde seus raios a mim mais indiretos no entanto chegam. Ao Jardim Bangu e suas antiguidades: do extinto horizonte de eucaliptos deixando o gericinó mais remoto; da desabalada corrida atrás do ônibus para a escola que minha mãe regia todas as manhãs; das tardes inteiras em fliperamas da Mary e da Baiana; do incessante futebol na quadra em times trocados entre os meninos cobradores das kombis; da sujeira em pés de jamelão; das aulas de meu pai no caminho dos ossos; das aventuras solitárias contra o medo na casa dos morcegos; do pique esconde noturno valendo até o cemitério dos caminhões; das rãs caçadas nos brejos atrás da quadra cinco; do céu de pipas, dos carnavais de clóvis e dos festivais de balões; do quintal infinito com meu irmão: os ossos quebrados na descida do muro, a grade de garrafas virada, a escalada ao terraço, a cesta de basquete roubada, a mesa de ping pong lotada; e, na varanda, a mais minha, a velha monark bmx sussurrando “Avenida 2”, “Piquirobi”, “Palazzo”, “Araquém”, “Catiri”, “Bangu”... Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de estudos que me foi concedida. Resumo HENRIQUE, Jonathan Gomes. A unidade poética de Raduan Nassar. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em Ciência da Literatura)- Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Raduan Nassar nos intriga de vários modos: por já ter abandonado a escrita quando publicou seu primeiro livro; por comparar a criação literária a uma criação de galinha; por desenvolver suas narrativas no esteio de suas memórias e leituras; por produzir narradores protagonistas que comungam uma certa visão de mundo, a saber: afastando-se das noções de humanidade em progresso e de homem moderno; guardando-se atrás de silêncios e dissimulações; sendo dados a um princípio contemplativo da natureza e da vida; defendendo duramente suas reservas e sua postura; acusando o fracasso e a inutilidade da comunicação; invocando o corpo como base de experiências e de formação de valor. A presente dissertação propõe uma abordagem da produção de Raduan Nassar tentando dar a esses múltiplos traços a unidade de uma ação singular de onde se extrairiam e se produziriam ulteriormente: uma unidade poética. Palavras-chave: Raduan Nassar; corpo; imaginação; poética; ethos; incitação. Abstract HENRIQUE, Jonathan Gomes. A unidade poética de Raduan Nassar. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em Ciência da Literatura)- Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Raduan Nassar intrigues us in various ways: he give up to write when he has published his first book; he makes a comparison between literary creation and hen farming; he developes your narratives among own memories and readings; he produces characters- narrators that share certain vision of world, namely: keeping himself away from the notions of humanity in progress and modern man; guarding himself behind silences and dissimulations; letting himself under contemplation’s principle of nature and life; defending severely their reserves and posture; accusing the failure and the inutility of communication; invoking the body as basis of experience and value formation. This thesis proposes an approach to the work of Raduan Nassar attempting to provide the unit of a unique action from where these multiple traces would be extracted and produced by inside: a poetic unit. Keywords: Raduan Nassar; body; imagination; poetic; ethos; incitement. Ilustrações Diagrama 1: Fronteiras dos protagonistas de Nassar .................................................... 29 Diagrama 2: A jornada da grande indiferença .............................................................. 44 Sobre as abreviações Para agilizar a referência às diferentes obras de Raduan Nassar, e também porque devo fazê-lo de modo intermitente, retomando e comparando passagens, personagens e operações de textos diversos, recorrerei, sempre que possível, às seguintes abreviações: CC = Um copo de cólera (novela);1 LA = Lavoura arcaica (romance); MC = “Menina a caminho” (conto);2 HM = “Hoje de madrugada” (conto); VS = “O ventre seco” (conto); TT = “Aí pelas três da tarde” (conto); MS = “Mãozinhas de seda” (conto). 1 Utilizo a edição do Círculo do Livro, que compila num único volume as duas obras: NASSAR, Raduan. Um copo de cólera / Lavoura arcaica. São Paulo: Círculo do Livro, 1980. 2 Todos os contos serão citados pela edição: NASSAR, Raduan. Menina a caminho e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Sumário INTRODUÇÃO: A unidade sob suspeita .................................................................... 1 1. Os fios da atmosfera ................................................................................................ 11 1.1. A torre de marfim ................................................................................................. 11 1.2. O fora dos livros ................................................................................................... 13 1.3. A planta da infância .............................................................................................
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