758 758RESENAS

Edouard Glissant, segin Phyllis Peres "acontinuing process of synthesis and accommodation, and not merely evidence of a momentary encounter of cultures" (46). Helrtrud Rumpf, por su parte, yuxtapone la versi6n de creolite desarrollada en Eloge de la creolite por Patrick Chamoiseau, Raphael Confiant y Jean Bernabe con Ia version de Glissant, una version de creolite que rechaza los momentos esencialistas del primero para concentrarse en la "opacidad ca6tica" de un proceso de fricci6n y renovacion (86). Lo que reclamo es una perspectiva critica que va ma's ally del caos posmoderno ya bastante familiar y comodo de Ia creolite de Glissant. 0 sea, ha llegado el momento de cuestionar la multiplicidad de discursos de criollizacion en el Caribe y en America Latina, de poner nuestra atencion en las especifidades histdricas y geo-politicas del criollismo (por ejemplo, la apropiacion de la africanidad en momentos oportunos, como en periodos de consolidaci6n nacional) y otros paradigmas complementarios y contestatorios, como mestizaje, transculturaci6n, e hibridez. Hay que notar, para dar solamente un ejemplo, que los discursos de cre'olite y mestizaje tal como se han desarrollado historicamente en el Caribe no incluyen, por razones obvias, a las culturas indigenas dentro de su marco identitario. Tampoco aharcan discusiones ma's recientes de la hibridez que se alejan de la raza como metfora organizadora para concentrarse en cuestiones de la globalizaci6n y de la cultura masiva. De ningtih modo quiero sugerir que no debamos usar modelos desarrollados en el Caribe para estudiar America Latina. Todo lo contrario. Un acercamiento a America Latina a traves del Caribe puede ser muy 'til,como sefala Phaf en su prefacio. Lo hnico que sugiero es que lo hagamos tomando en cuenta la historicidad del conjunto de discursos de criollizacion que existen en Ia region. Esta colecci6n de ensayos refleja muy bien las discusiones en el campo tal como se estaban desarrollando a traves de los 80 y a principios de los 90, y precisamente por eso, es muy itil. Ademas, los ensayos son lindos y bien escritos, y Ia gran diversidad regional y lingilistica que abarca el texto lo hace una contribuci6n definitiva a los estudios caribefos y latinoamericanos. La pregunta dave es: ipor d6nde vamos ahora?

Universidad de Alberta CATHERINE DEN TANDT

ENEIDA MARIA DE SOUZA, e WANDER MELO MIRANDA, organizadores. Navegar E Preciso, Viver: EscritosparaSilviano Sant'iago. Belo Horizonte: UFMG/Salvador: EDUFBA/ Niteroi: EDUFF, 1997.

Este livro-homenagem, dedicado ao critico, romancista e poeta mineiro Silviano Santiago por ocasiao de seus 60 anos, e dividido pelos seus organizadores em tres partes: "1.Depoimentos", "2. Sobre Silviano Santiago" e "3. Para Silviano Santiago". Trata-se de uma especie de Festschrift, cujos colaboradores, tambem criticos, ficcionistas e poetas aliais, na sua maioria, colegas, ex-alunos eamigos do homenageado- distribuem-se pelas diversas secoes do volume, cada qual conforme a sua especialidade ou relacionamento comn o autor. Ao titulo da coletanea, tomnado de emprestimo ao Livro do Desassossego,de Fernando Pessoa-se n~o tambdm, em forma alterada, ao fado "Os Argonautas" de - RESE1NAS 7595 vei sejuntar, na "Apresentacao" do livro (9), uma epigrafe coihida dos versos do proprio Silviano: "Tudo e movimento no universo do navegante./A caravelanao a casa, e a 'terceira margem' do mar...". Depreende-se disso, possivelmente, que aexperienciado descobrimento e tao fundamental quanto a descoberta, o processo de investigacao tao importante quanto o seu produto. Ou, na voz dos organizadores:

Como todo bor navegante -mineiro- [Silviano] sente a atracao irresistivel do mar, na busca do novo e do inesperado e, ao mesmo tempo, o apelo da terra sempre avista. Esse deslocamento confere ao olhar do viajante a perspicacia necessAria para discernir ajusta dimensAo das descobertas (9).

Entre os depoimentos da primeira segao do livro, figura ur poema de Lelia Coelho Frota, seguido de varios encomios, de relatos da vida do escritor e de sua residenciaeaviagens no Brasil e em outros paises, e de diversas apreciacoes da sua marcante atuacao intelectual nos ambitos literArio e docente dentro e fora do pais durante as Oltimas tres decadas. As colaboracoes incluem, alem do poema, escritos de Francisco Iglesias, Ezequiel Neves, Dionesio Toledo, Rui Mourao, Antonio Torres, Roberto Correa dos Santos e Evelina Hoisel. E na segunda parte do volume que se estriba a maior importancia da coletanea, a nosso ver. Italo Moriconi inicia a discussao da obra do romancista cor uma comparacao de Em Liberdade (1981) corn Respiracion artificial (1980), do argentino Ricardo Piglia. Raul Antelo caracteriza a poesia e a narrativa de Silviano como "fantasmagorias libertarias" que opOem aos "riscos da literalidade hierarquica" uma "lateralidade disseminada". Em "Olhares em Palimpsesto", Lucia Helena focaliza Em Liberdade e Viagem ao Mexico (1995) do ponto de vista do "diAlogo intertextual entre o critico e o romancista Silviano Santiago", ao passo que K. David Jackson, em "0 Carcere da Memoria", examina a reprodugau do real atravies da simulacao" no romance de 1981, tido por uma especie de "desaflo a composigao que 'encarcera' a memoria". Outros aspectos de Viagem ao Mexico sao estudados nos ensaios de Lucia Helena Vianna e Ivete Lara Camargos Walty. Patenteia- se naquela o interesse pelo periplo metafisico e espiritual empreendido pela dupla Artaud/ autor. Nesta, destaca-se a releitura pelo romancista de Viagem nao so da pro'pria obra narrativa e critica como tambem da historia da Ame~rica. No artigo, "Ich Bin Der und Der", de Ana Maria de Bulhoes Carvalho, a articulista invoca o conceito de alterobibliograjiae o de "olhar gay" para comentar os romances Em Liberdade, Viagem ao Me~xico e Stella Manhattan. Tambem a obra critica do autor vira topico de varios artigos da segunda parte: "A Critica Cultural na Universidade", de Rachel Esteves Lima; "Critica e Utopia", de Celia Pedrosa; "Leituras da Dependencia Cultural", de Eneida Leal Cunha; "Licoes de Leitura", de Marilia Rothier Cardoso; e "Nosso Mario de Andrade", de Maria Consuelo Cunha Campos; alem de uma breve nota do romancista Autran Dourado. Se o primeiro deles se esforca por situar a obra critica de Silviano dentro do contexto das ideologias esteticas prevalecentes nas faculdades de Letras cariocas e paulistas de maior vulto dos anos 50 ate a decada de 80,0o segundo prefere tracara historiada critica literaria brasileira no seculo XX para culminar na critica universitaria atual e na obra de Silviano Santiago e Roberto 760 760RESENAS

Schwarz. Vale ressaltar, alias, o ensaio de Cunha que, entre outras coisas, coteja o ensaio "Apesar de Dependente, Universal" (1982), de Silviano, cor "Nacional por Subtraco" (1987), de Schwarz, assim apontando as duas vertentes interpretativas antinOmicas da dependencia nas letras nacionais. 0 artigo de Cardoso versa sobre a cronica cultural redigida mensalmente por Silviano no caderno "Ideias" do JR de dezembro de 1995 ate setembro do ano seguinte. Ja Campos procura esclarecer os paralelos entre o papel catalisador de Mario de Andrade para osjovens autores de sua epoca e o desempenhado a partir dos anos 70 por Silviano coro mestre e orientador na formacAo das prireiras turmas de mestrandos e doutorandos na incipiente p6s-graduacao em Letras no Brasil. A terceira parte e uma miscelAnea no que diz respeito a teratica. Consiste em oito escritos de abordagem vAria, iniciando-se corn ur breve ensaio da autoria de Luiz Costa Lima intitulado "0 Critico e Seu NAo-Lugar". Aparece, a seguir, urn estudo da presenga de Sao Paulo e do na poesia de Mario de Andrade, escrito por Renato Cordeiro Gores, seguido de urn artigo de Ricardo Benzaquen de Aratjo sobre a genialidade e a melancolia na obra de Gilberto Freyre. Laura Cavalcante Padilha logo nos brinda cornur texto sobre os carinhos te6ricos do universo critico africano na epoca pos-colonial, enquanto urn artigo de Ana Lucia Almeida Gazolla enfoca o relato de Jean de Ltry sobre a sua viager ao Brasil em reados do seculo XVI. A narrativa de ficcao brasileira dos anos 80 e 90 e o t6pico de Therezinha Barbieri, que, apps comentar varios romances retalingiiisticos, concentra-se no Poligono das Secas (1995), de Diogo Mainardi. A penidtima colaboracao do volume ea da critica Marisa Lajolo, que nos relata, atraves de uia serie de cartas e telegraras trocados em 1916 por ilustres membros da Academia Brasileira de Letras corn altos funcionArios da Uniao, a tortuosa historia de ura tentativa de repatriar os restos mortais do rorancista Aluisio Azevedo, falecido na Argentina em 1913. A seco finaliza corn urn ensaio de Nadia Battella Gotlib voltado para a questAo da autobiografia na obra de . Alin dos supracitados artigos, o livro contem, nas folhas finais, urna cronologia do autor e uma extensa bibliografia da obra e sobre a obra dele, bern corno inforrnacOes biobibliogrAficas relativas aos diversos colaboradores do volume. Urna foto do autor aparece no ante-rosto e uma reproducao da irnagem "Metaesquerna" (1958), de Helio Giticica, adorna a capa. A qualidade das colaboracoes e alta e a abrangencia ternatica, no geral, e boa. Trata-se, pois, de uma obra preciosa emnedicao convidativa, cuja beleza grafica e ultrapassada so pelo seu valor enquanto livro de consulta e fonte de pesquisa literAria. 0 Anico reparo que poderiamos fazer ao livro, talvez, diz respeito a relativa escassez de interesse critico por obras de ficcao como Ste/la Manhattan, Uma Historia de Failia (1992) e Keith Jarrettno Blue Note (1996) ou obras poeticas corno Crescendo Durante a Guerra numa Provincia Ultramarina (1978) e Cheiro Forte (1993). No entanto, tal circunstAncia, a nosso ver, tira bern pouco da valia deste espkendido volume e deveria servir apenas de estirnulo para o critico que, como o "born navegante mineiro", sair em busca da terceira margern do mar.

Univrsit of ittsurg BOBBY.T. CHAMBERLAIN