Quem Deu a Ciranda a Lia? a História Das Mil E Uma Lias Da Ciranda (1960-1980)

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Quem Deu a Ciranda a Lia? a História Das Mil E Uma Lias Da Ciranda (1960-1980) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Centro de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-Graduação em História Quem deu a ciranda a Lia? A história das mil e uma Lias da ciranda (1960-1980) Déborah Gwendolyne Callender França Recife, 2011 Déborah Gwendolyne Callender França Quem deu a ciranda a Lia? A história das mil e uma Lias da ciranda (1960-1980) Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Mestre em História. Orientadora: Isabel Cristina Martins Guillen Recife, 2011 Catalogação na fonte Bibliotecária Maria do Carmo de Paiva, CRB4-1291 F814q França, Déborah Gwendolyne Callender. Quem deu a ciranda a Lia? : a história das mil e uma Lias da ciranda (1960-1980) / Déborah Gwendolyne Callender França. – Recife: O autor, 2011. 203 f. : il. ; 30 cm. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins Guillen. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós Graduação em História, 2011. Inclui bibliografia. 1. História. 2. Cultura popular – Pernambuco. 3. Danças folclóricas. 4. Ciranda. 5. Indústria cultural. I. Guillen, Isabel Cristina Martins (Orientadora). II. Titulo. 981 CDD (22.ed.) UFPE (CFCH2011-122) Déborah Gwendolyne Callender França Quem deu a ciranda a Lia? A história das mil e uma Lias da ciranda (1960-1980) Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco Banca Examinadora Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins Guillen Departamento de História da UFPE Orientadora Prof.º Dr. Antônio Paulo Rezende Universidade Federal de Pernambuco Examinador Interno Prof.º Dr. Carlos Sandroni Universidade Federal de Pernambuco Examinador Externo Prof.ª Dr.ª Sylvia Costa Couceiro Fundação Joaquim Nabuco Examinadora Externa Recife, 2011 AGRADECIMENTOS Foram diversas as pessoas que contribuíram de algum modo para a realização desse trabalho. Colegas de turma com críticas e sugestões, amigos que indicavam livros e documentos para consulta, outros que nos momentos difíceis tentavam apenas me descontrair, funcionários do Arquivo Público Estadual e da Fundação Joaquim Nabuco, sempre solícitos em ajudar com a documentação. A todos muito obrigada. Nomearei alguns nomes de fundamental importância que comigo estiveram presente de forma mais direta nessa caminhada, ao mesmo tempo árdua e prazerosa. Isabel Guillen, minha orientadora, que com sua competência contribuiu para meu crescimento intelectual, suas observações foram de fundamental importância. Sylvia Couceiro que, desde minha iniciação na academia esteve presente e, como minha orientadora do Pibic, sempre depositou confiança na minha capacidade. Também devo a você muito do que sei hoje. Ao professor Carlos Sandroni, membro da banca de qualificação, sua contribuição e disponibilidade em estabelecer contato entre mim e Teca Calazans foram de grande importância. A Teca Calazans, pela cordialidade e presteza em colaborar com esse trabalho respondendo às minhas entrevistas. A minha amiga Tatiana Oliveira, um muito obrigada de coração pela paciência e competência com que fez a revisão. A minha família que escutou muitas vezes de mim: “Não posso ir, estou escrevendo um capítulo”, “não tenho tempo, estou fichando documentação.” A todos os almoços que faltei, aniversários, e tantos outros encontros, o meu pedido de desculpas por tantas ausências. Agradeço a compreensão que tiveram e aviso: Estou de volta, prometo agora estar mais presente. Agradeço a Cylene Araújo, cantora de forró que me recebeu tão bem em sua casa e me levou a Dona Duda que me contou várias histórias sobre a ciranda. Agradeço a cirandeira Lia de Itamaracá e a Dona Severina Baracho aos relatos a mim concedidos os quais compõem essa pesquisa. A Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco por ter me concedido o afastamento das minhas funções em sala de aula para que eu me dedicasse integralmente à pesquisa e a redação da dissertação. É preciso agradecer também a todos os professores da UFPE, em especial ao professor Antônio Montenegro, despertando em mim uma outra forma de pensar a história, promovendo deslocamentos “violentos” nos lugares mais cômodos de minhas certezas tão ingênuas. Ao professor Antônio Paulo, mostrando em suas aulas o lado mais belo da história, sem dúvida nenhuma vocês participaram do meu amadurecimento intelectual. Agradeço também a Sandra, secretária do Programa de Pós-Graduação da UFPE, sempre solícita em ajudar e ao apoio financeiro da Capes/CNPq pela concessão da bolsa. Finalmente, como não podia deixar de ser, devo agradecer a Edvaldo, meu marido e companheiro de todas as horas, que comigo vivenciou todas as fases desse trabalho, sempre presente com sua calma e confiança. Foi minha fortaleza nos momentos mais difíceis. Sem sua força e compreensão eu não poderia hoje sentir a sensação do dever cumprido. Agradeço a Deus por ter presenteado minha vida com tantas pessoas maravilhosas e com elas construir minha história. A todos muito obrigada! RESUMO A ciranda - manifestação cultural que compreende canto e dança – foi categorizada pelos estudiosos como sendo uma manifestação folclórica e “pertencente” ao “povo”, como trabalhadores rurais, pescadores e biscateiros. O ambiente em que se cantava e dançava cirandas restringia-se aos locais populares como as beiras de praia e pontas de ruas. Nos anos 1970, as rodas de cirandas se popularizaram entre a classe média, sendo deslocadas para espaços de lazer da cidade do Recife. A prática cultural metamorfoseou-se, apresentando-se com modificações na sua configuração, letras das músicas, sentidos e significados, transformando-se em um espetáculo no calendário turístico da cidade. A espetacularização das cirandas ocorreu, sobretudo, a partir dos Festivais de Cirandas, concursos nos quais os cirandeiros disputavam o título da melhor ciranda do ano. Esses festivais atendiam não apenas a indústria cultural que criava um mercado de produção, distribuição e consumo de bens culturais, mas também a indústria do turismo que buscava entreter turistas e parte da sociedade pernambucana com “shows de cirandas”. Na realização deste trabalho, dialogamos com diversas fontes documentais, desde os periódicos, os relatos de memória, a iconografia, passando pela análise da música enquanto fonte histórica, buscando estabelecer um diálogo polifônico entre as diversas vozes que delas ecoaram. Nessas fontes, buscamos compreender os sentidos e os significados da ciranda na vida dos cirandeiros (as), isto é, como esses os sujeitos sociais pensaram, agiram, vivenciaram e significaram os processos que metamorfosearam a prática cultural no período de 1960 a 1980. Através das mudanças operadas na manifestação cultural, buscamos compreender as relações que os diversos cirandeiros estabeleceram com instituições públicas, privadas, intelectuais e demais artistas, ou seja, como estes sujeitos sociais interagiram com as transformações que foram operadas nas rodas de cirandas, constituídas de sistemas de símbolos que articularam significados construídos dentro de um grupo-tempo-espaço. Cultura Popular. Ciranda. Indústria Cultural. ABSTRACT The ciranda - cultural event that includes song and dance - was classified by scholars as a folkloric manifestation and "belonging" to the "people", as peasants, fishermen and odd-job man. The environment on which it sang and danced cirandas was restricted to popular sites like the borders of beach and street ends. In the 1970s, the wheels of cirandas became popular in the middle class, being displaced to leisure facilities of the city of Recife. The cultural practice metamorphosed, presenting with modifications in its configuration, lyrics, senses and meanings, turning into a spectacle in the city's tourist calendar. The spectacularization of the cirandas occurred, mainly, from Cirandas Festivals, contests in which the singers vied for the title of the best ciranda of the year. These festivals not only met the cultural industry that created a market for the production, distribution and consumption of cultural goods, but also the tourism industry that sought entertain tourists and part of society from Pernambuco with "concerts of cirandas". In this work, we dialogued with several documental sources, from journals, narrative of memory, the iconography, passing through the analysis of music as a historical source, seeking to establish a dialogue polyphonic between the different voices that echoed them. In these sources, we seek to understand the meanings of the the ciranda in the life of the singers, that is, how these social subjects thought, acted, and experienced and meant the process that metamorphosed the cultural practice in the period 1960 to 1980. Through of the changes in the cultural manifestation, we sought to understand the relationships that the singers established with public and private institutions, with intellectuals and with other artists, that is, how the social subjects interacted with the transformations that were operated in the wheels of cirandas, constituted of simbols systems that articulated meanings constructed into a group-space-time. Key words: Popular Culture. Ciranda. Culture Industry. LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1. Xilogravura roda de ciranda. José Costa Leite (coleção do autor) - p. 46. 2. Quadro Cirandas de Maria Ezilda Goiana. Fonte: DP 11/11/1977 – p.82. 3. Fotografia da Ciranda Brasileira no Pátio de São Pedro. Fonte: Fundaj – p.89. 4. Capa do Lp Vamos Cirandar lançado em 1972. Fonte: MISPE – p.105. 5. Fábrica de Discos Rozenblit.
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