第二屆立法會 第四立法會期(((二零零四(二零零四 – 二零零五))) 第一組 第第第 II - 125 期期期 II LEGISLATURA 4. a SESSÃO LEGISLATIVA (((2004-2005) I Série N. o II - 125

Data: 29 de Julho de 2005 2) Discussão e votação na especialidade do projecto de lei intitulado “Alteração à Lei n.º 6/96/M, de 15 de Julho”; Início da reunião: 15 horas 3) Discussão e votação na especialidade do projecto de lei intitulado “Regime Probatório Especial para a Prevenção e Investigação da Fim da reunião: 19 horas e 05 minutos Criminalidade”.

Local: Sala do Plenário da Assembleia Legislativa, situada nos Sumário : No período de antes da Ordem do Dia usaram da palavra os Aterros da Baía da Praia Grande, na Praça da Assembleia Legislativa Srs. Deputados Tong Chi Kin (independentemente do de . desenvolvimento social, todos devem ter em mente os pobres); (o crescimento económico parece estar apenas a oferecer Presidente: condições de vida piores do que as de há dez anos); Ng Kuok Cheong (o Governo deve definir um plano concreto sobre a matéria no Vice-Presidente: Lau Cheok Va relatório das LAG/2006, e a auscultação universal sobre o regime democrático deverá ser levada a cabo em 2006); Chan Chak Mo (o Primeiro-Secretário: Leonel Alves Governo tem a responsabilidade de disponibilizar condições físicas que favoreçam a implementação da passagem alfandegária durante 24 Segundo-Secretário: Kou Hoi In horas); João Bosco Cheang (o Governo deve tudo fazer para reduzir a importação de mão-de-obra para o sector do jogo, e propor que sejam Deputados presentes: Susana Chou, Lau Cheok Va, Leonel Alberto envidados maiores esforços no apoio aos desempregados); Jorge Alves, Kou Hoi In, Hoi Sai Iun, Tong Chi Kin, Philip Xavier, Leong Manuel Fão (tem-se constatado que os desejos da população de Heng Teng, , Kwan Tsui Hang, , Chow Macau estão em constante crescimento em matéria de participação Kam Fai David aliás , Chui Sai Cheong, Iong Weng Ian, cívica e em termos de luta pela democracia); Iong Weng Ian (uma vez Ng Kuok Cheong, Vong Hin Fai, Vitor Cheung Lup Kwan, João que a indústria de convenções exige a construção de muitas infra- Bosco Cheang, Jorge Manuel Fão, Tsui Wai Kwan, Chan Chak Mo, estruturas, o Governo deve estudar se é necessário que determinados Leong Iok Wa, Cheang Chi Keong e . serviços assumam funções de coordenação); Leong Iok Wa (é necessário proceder à fiscalização periódica da qualidade do ar no Deputados ausentes: Au Chong Kit aliás Stanley Au, José Manuel interior e nas imediações dos auto-silos, no sentido de reduzir o de Oliveira Rodrigues, Cheong Vai Kei. impacto junto dos residentes); Au Kam San (até agora não foi implementada a escolaridade gratuita no secundário complementar, Convidados: Florinda Chan, Secretária para a Administração e como seria de esperar) e Chow Kam Fai David (as elevadíssimas Justiça; tarifas de electricidade foram sempre um pesadelo, tanto para Cheong Weng Chon, Assessor da Direcção dos Serviços de Assuntos comerciantes como para cidadãos). de Justiça; Chu Lam, Assessor da Direcção dos Serviços Administração e Chegados ao período da Ordem do Dia, foram analisados, debatidos e Função Pública; aprovados, na especialidade, a proposta de lei “Auxílio a prestar pela Chan Io Chao, Assessor do Gabinete do Secretário para a Segurança Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês para manter a ordem pública ou acorrer a calamidades” e o projecto de lei Ordem do Dia : “Alteração à Lei n.º 6/96/M, de 15 de Julho”. O projecto de lei 1) Discussão e votação na especialidade da proposta de lei intitulada “Regime Probatório especial para a Prevenção e Investigação da “Auxílio a prestar pela Guarnição em Macau do Exército de Criminalidade” não foi aprovado. Libertação do Povo Chinês para manter a ordem pública ou acorrer a calamidades”; Acta:

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 2

Presidente : Srs. Deputados: Analisando a população activa de Macau, não são poucos os Vamos iniciar a sessão de hoje. trabalhadores que auferem rendimentos reduzidos. Segundo os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, referentes ao Inscreveram-se dez deputados para usar da palavra no período de primeiro trimestre de 2005, segundo uma classificação por ramo de antes da Ordem do Dia. É sabido que em termos regimentais, se uma actividade, a média das remunerações mensais registada na “indústria hora não for suficiente, vamos prorrogar o dito período. transformadora” situa-se nas 3.092 patacas, a qual abrange um universo de 36.400 trabalhadores. Subtraindo-se os 12.600 Vou convidar o Sr. Deputado Tong Chi Kin a usar da palavra. Faça trabalhadores não residentes, existem, nessa mesma indústria, cerca favor. de 23.800 trabalhadores locais. Portanto, cerca de 12.000 trabalhadores auferem rendimentos não superiores a 3.000 patacas; na Tong Chi Kin : Muito obrigado. secção de “alojamento, restaurantes e similares”, a média é de 4.483 patacas, com um universo de cerca de 25.100 trabalhadores, dos quais O rápido desenvolvimento económico é um fenómeno que quase 3.500 são trabalhadores não residentes, logo, mais de 10 mil representa apenas o progresso da economia na sua totalidade, não se pessoas auferem rendimentos não superiores a 4.500 patacas. tratando, portanto, de uma melhoria da qualidade de vida da população. Na verdade, muitos cidadãos das camadas mais Segundo a “classificação das ocupações profissionais”, a média dos desfavorecidas não conseguem ainda partilhar dos frutos do rendimentos mensais dos “trabalhadores não qualificados” situa-se desenvolvimento social, continuando a deparar-se com dificuldades nas 3.375 patacas, e dum universo de 37.800 trabalhadores, quase de sobrevivência. 17.000 pessoas, ou seja, metade, auferem rendimentos não superiores a 3.400 patacas; a média dos rendimentos mensais dos “operadores de O desenvolvimento dos sectores do turismo e do jogo tem sido instalações e máquinas, condutores e montadores” situa-se nas 3.283 bastante notório nestes últimos anos. Sob o impulso desses sectores, patacas, e dum universo de 26.600 trabalhadores, metade, ou seja, alguns ramos de actividade a eles ligados vêem as suas condições de 13.000 pessoas, aufere rendimentos não superiores a 3.300 patacas. exploração melhoradas sem, no entanto, se registar qualquer melhoria Por outras palavras, os trabalhadores pertencentes às duas ocupações concreta, no tocante aos outros sectores. A absorção de grande profissionais referidas, que auferem rendimentos não superiores a quantidade de trabalhadores pelo sector do jogo tem conduzido à falta 3.400 patacas, representam cerca de 15% da população activa de de recursos humanos no mercado. Que se saiba, há até uma certa Macau. Tal questão não deixa de merecer a nossa atenção. pressão para que sejam aumentados os salários dos trabalhadores do sector do jogo. Caso tal se verifique, a diferença salarial entre o O Governo tem vindo a prestar apoio às camadas sociais mais pessoal desse sector e o dos demais sectores vai agravar-se, o que desfavorecidas, através de diversos serviços sociais, nomeadamente constituirá factor principal para o alargamento do fosso entre ricos e no âmbito da habitação, cuidados de saúde, previdência social e pobres. educação, com vista à redistribuição da riqueza e à redução do desequilíbrio entre ricos e pobres. No entanto, faltam medidas gerais, De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e como sejam políticas no domínio fiscal, económico e de emprego que Censos, o grau de concentração das receitas por agregado familiar, assegurem a partilha, por parte da população desfavorecida, dos em 02/03, avaliado pelo índice de Gini, foi de 0,45, o que representa resultados do crescimento económico. Com o contínuo um aumento ligeiro de 0,2%, em comparação com a percentagem desenvolvimento económico, a distribuição da riqueza tenderá para (0,43) apurada em 98/99. Há peritos que prevêem que, para este ano, um maior desequilíbrio. Se essa diferença entre ricos e pobres essa percentagem possa subir até aos 0,46%. Tudo isto reflecte que o aumentar e se agravar, o impacto social será, necessariamente, grande. fosso entre ricos e pobres está a alargar-se cada vez mais. E quanto à Na altura, todos nós teremos de suportar as consequências nefastas distribuição das receitas totais, segundo o quintil dos agregados daí decorrentes. Creio que este alerta não é só para assustar as pessoas. familiares ordenados por percentagem das receitas mensais, verifica- se que, em 02/03, a receita auferida pelos agregados familiares no Obviamente, que o Governo precisa de lançar mão às políticas quintil mais baixo (primeiros 20%) foi de 3.316 patacas, enquanto a sociais, no sentido de estudar medidas para reduzir o desequilíbrio receita dos agregados familiares no quintil mais alto (últimos 20%) entre ricos e pobres, por forma a atenuar as dificuldades das camadas foi de 37.792 patacas, ou seja, dez vezes mais. mais desfavorecidas. Acho que é necessário rever todo o sistema de segurança social de Macau, no sentido de aperfeiçoar a rede de Ainda em 2002/2003, por escalão de receitas, observa-se que protecção social vigente, a par do reforço da eficácia dos serviços 23,1% dos agregados familiares obtêm receitas anuais iguais ou sociais prestados. Afigura-se, também, indispensável apoiar o superiores a 240.000 patacas (ou seja 20.000 patacas por mês), 2,2 emprego dos trabalhadores de meia idade, com baixas habilitações pontos percentuais face a 98/99. Em contrapartida, o escalão das literárias e profissionais. O estudo sobre a fixação do salário mínimo receitas anuais inferiores a 48.000 patacas abrangeu 12,2% do total de pode, inclusivamente, ser uma das soluções viáveis. agregados, isto é, cresceu 1,4 pontos percentuais em relação a 98/99. Tudo isto também nos demonstra que a diferença entre os O Governo da RAEM já iniciou o estudo sobre a elevação da rendimentos dos agregados familiares de Macau é cada vez mais qualidade de vida da população. Como é que isso vai ser concretizado? acentuada. A nível de toda a sociedade? Como tornar possível a partilha dos resultados do desenvolvimento económico e da riqueza da sociedade Como, nos últimos dois anos, a economia de Macau se tem pelos grupos carenciados é uma questão importante na elevação da desenvolvido de forma acelerada, o fosso entre ricos e pobres é cada qualidade de vida, e constitui factor determinante para a harmonia vez maior.

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 3 social. Tudo isto requer esforços conjugados de todos os elementos da sociedade. O PIB é um indicador económico, mas o seu rápido crescimento não equivale a um desenvolvimento equilibrado da sociedade. Por Independentemente de quão rápido o desenvolvimento social e isso, são totalmente justos os pedidos dos trabalhadores para uma quão modernizada a sociedade, espero que todos tenham em mente as partilha justa dos resultados, a melhoria das condições e pessoas pobres, as crianças pobres! remunerações, o combate aos trabalhadores clandestinos, a limitação da importação de mão-de-obra e a garantia do direito ao emprego. Obrigado. Porém, estes pedidos justos são denegridos, porque exigem sacrifício nas boas relações laborais e na harmonia social. Presidente : Sra. Deputada Kwan Tsui Hang. A harmonia das relações laborais e a estabilidade social dependem Kwan Tsui Hang : Muito obrigado, Sra. Presidente. do respeito e entendimento mútuos, e não, em absoluto, da concessão ou sacrifício unilaterais. Se o crescimento económico não acompanha No ano passado o PIB de Macau cresceu 28%, atingindo os 82,7 o progresso social acaba por alargar o fosso entre ricos e pobres e biliões de patacas, o que corresponde a 180 mil patacas per capita. De aumentar os rancores. É precisamente este alargamento do fosso entre acordo com o PIB per capita registado, Macau ultrapassou já ricos e pobres que estremece as bases para uma sociedade harmoniosa. Singapura e colocou-se no terceiro lugar entre os países e territórios asiáticos, sendo já considerada uma região rica. No entanto, esses Perante esta grande dinâmica, não posso deixar de perguntar se o belos dados estatísticos do progresso económico não contribuíram crescimento económico não permite maior acesso ao emprego, nem para melhorar a situação económica de muitos cidadãos, nem para os beneficia os trabalhadores, antes pelo contrário, oferece-lhes deixar trabalhar com mais tranquilidade. Pelo contrário, muitos condições de vida piores do que as de há dez anos. Que significado sentem que o seu nível de vida está a baixar devido ao aumento das tem então este crescimento económico? rendas, dos preços do imobiliário e dos preços dos produtos indispensáveis para o dia a dia. Algumas pessoas até acham que a sua Tenho dito. vida era melhor quando o crescimento económico era negativo. Qual o porquê desta situação? Trata-se de uma questão que merece a nossa Obrigada. ponderação. Presidente . Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, queira intervir. Segundo a lógica, quando se verifica um aumento do PIB a situação do emprego melhora e o salário dos trabalhadores aumenta. Ng Kuok Cheong : Muito obrigado. Sra. Presidente. Esta é uma das regras da economia. No entanto, pode-se verificar que a situação do emprego e o ajustamento do salário estão ainda muito Dentro de mais ou menos dois meses iniciar-se-á a nova aquém de acompanhar o actual aumento do PIB. Legislatura da Assembleia Legislativa da RAEM. Tem-se verificado, ultimamente, um forte entusiasmo nas candidaturas à eleição por Em 2000, o PIB atingiu os 48,9 biliões e em 2004 os 82,7 biliões, sufrágio directo. Nos anos 80 e 90 já os residentes de Macau um aumento da ordem dos 69%. Após a transferência de soberania, a participavam nas diversas eleições, quer legislativas quer municipais, taxa de desemprego era superior a 6% e, neste momento, continua nos daí que tenham já adquirido alguma experiência em matéria de 4,2%, o que é uma grande contradição. Se continua a haver falta de eleições. Os nossos residentes já têm treino e preparação suficientes mão de obra, então significa isso que o Governo não trabalhou bem para acolher eleições universais. Este é o momento oportuno para no que respeita à resolução das questões laborais. desenvolver um sistema político democrático. A RAEM deve iniciar atempadamente esse processo, a fim de podermos eleger directa e Além disso, com excepção do sector do jogo, as médias das universalmente o nosso Chefe do Executivo e os nossos deputados. remunerações registadas em 2004, nos principais ramos de actividade, designadamente na indústria transformadora, construção civil, Num sistema político democrático, o Chefe do Executivo e os comércio por grosso e a retalho e restaurantes, situam-se, deputados devem ser eleitos por sufrágio directo, e os titulares dos respectivamente, nas 2.992, 4.965, 4.550 e 4.276 patacas. Apesar principais cargos do Governo devem assumir as suas desses valores representarem um ligeiro aumento em relação ao ano responsabilidades sob o comando de um Chefe do Executivo eleito de 2003, estão ainda aquém das médias registadas em 1998, altura em por sufrágio directo. A implementação desse sistema político que as médias registadas na construção civil, comércio por grosso e a democrático não significa que, através da eleição por sufrágio retalho e restaurantes, se situavam, respectivamente, nas 5.007, 4.980 universal, se substituam todos os dirigentes que integram o sistema e 4.341 patacas, embora o valor do PIB, na altura, tenha sido apenas político e que não foram eleitos por essa via. Antes pelo contrário, a de 49.3 biliões de patacas. Difícil de imaginar, ainda, é o facto de, em maioria deles deve pôr de lado o seu actual estatuto, sujeitando-se à 2004, o salário dos trabalhadores da indústria transformadora ser fiscalização da população e lutando pelos apoios desta, no sentido de inferior a 3.111 patacas, valor registado em 1993. Com o aumento do melhor servir o Governo através da participação num sistema político índice dos preços no consumidor, os encargos das camadas mais baseado na eleição por sufrágio directo, o que só favorecerá o serviço desfavorecidas aumentam, sendo, também, cada vez mais forte a à sociedade e o desenvolvimento sustentado desse mesmo sistema. Se sensação de que a vida está pior do que no passado. Acresce-se a de entre essas pessoas alguém puder dar o seu apoio técnico mas não discriminação, em razão da idade, no mercado de trabalho, o que se quiser candidatar a uma eleição por sufrágio directo, poderá dar o torna difícil o emprego das pessoas de meia idade. Porque é que essas seu contributo através da sua integração nos diversos mecanismos pessoas, que deram grande contributo para o rápido desenvolvimento estabelecidos pelo Governo da RAEM, quer nos que participam na económico de Macau, não podem usufruir dos resultados alcançados? tomada de decisões, quer nos de natureza consultiva, através de

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 4 eleições por sufrágio directo ou indirecto no seio dos diversos Governo. Gostaria de exigir ao Governo da RAEM que procedesse, sectores, ou através de nomeação. quanto antes, aos referidos trabalhos preparatórios. Para além disso, o Governo deve definir um plano concreto sobre a matéria no relatório O único método a que se deve recorrer para a formação de políticos das LAG/2006, e a auscultação universal sobre o regime democrático de qualidade é a participação em eleições por sufrágio directo, deverá ser levada a cabo em 2006. transformando-os assim nos mais directos representantes da população. O referido sistema político deve proporcionar, à nova Muito obrigado. geração, uma plataforma para que possam adquirir experiência, através da participação em eleições por sufrágio directo. Após o Presidente : Sr. Deputado Chan Chak Mo, faça favor. estabelecimento da RAEM, a extinção dos dois órgãos municipais, eleitos por sufrágio directo, constituiu, efectivamente, um retrocesso Chan Chak Mo : Muito obrigado, Sra. Presidente, do processo democrático, cujo resultado foi a nova geração ter perdido oportunidades de participar em eleições por sufrágio directo. Caros colegas:

Assim, para além das metodologias para a escolha do Chefe do A fim de alargar e aprofundar os resultados da cooperação no Delta Executivo e para a constituição da Assembleia Legislativa, o Governo do Rio das Pérolas, o Governo Popular Central criou, no princípio do da RAEM deve proceder a uma reforma do sistema político, criar Verão passado, um mecanismo de cooperação na região do Grande diversos meios que permitam o envolvimento de individualidades da Delta do Rio das Pérolas,. Passado um ano de exploração e sociedade civil nos diversos mecanismos criados pelo Governo, quer implementação da chamada fórmula “9+2”, e com a iniciativa e nos que participam na tomada de decisões, quer nos de natureza importância dada quer pelo Governo Central quer pelos Governos das consultiva, através de modelos pluralistas de participação, como as províncias envolvidas, os resultados alcançados são satisfatórios. eleições directas e indirectas no seio dos diversos sectores, e as nomeações. Em concreto, o Governo da RAEM deve realizar eleições A fórmula de cooperação envolve várias províncias das três zonas por sufrágio directo, em cada freguesia, para a constituição de uma económicas do Este, Centro e Oeste do Continente chinês, incluindo assembleia para os assuntos cívicos, com vista a supervisionar o as economicamente mais desenvolvidas ou ricas em recursos trabalho do IACM; criar lugares para representantes do pessoal humanos ou materiais. Face aos efeitos irradiantes das economias de docente eleito por sufrágio directo no Conselho de Educação; criar Hong Kong e Macau, enquanto centros económicos e portos francos lugares para representantes dos assistentes sociais eleitos por sufrágio regionais e internacionais, e às prioridades das diversas províncias e directo no Conselho de Acção Social; transformar o Conselho regiões que o Governo Central integrou, de forma científica, racional Consultivo da Reforma da Saúde em conselho permanente para os e prospectiva, as indústrias predominantes e a economia global de assuntos da saúde, e criar lugares, nesse conselho, para os Macau sairão beneficiadas desta cooperação regional. representantes dos profissionais da medicina e da enfermagem, eleitos por sufrágio directo. Através das eleições por sufrágio directo, os O 2.º Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento do Grande membros desses órgãos poderão participar directamente na vida Delta do Rio das Pérolas, que teve lugar em Chengdu no início desta política, a um nível médio, e nesse seu papel de representantes podem semana, e o conteúdo e filosofia das Bases do Projecto de Cooperação conseguir mais apoios da população, que lhes permitam participar na Regional do Grande Delta do Rio das Pérolas, elaboradas vida política, a um mais alto nível. conjuntamente pela fórmula “9+2”, constituem factores favoráveis para o sector do turismo e a diversificação do desenvolvimento Por forma a que, com base numa consulta abrangente e com a económico de Macau. O factor mais importante é o limite do plano participação constante do Governo Central, os trabalhos preparatórios quinquenal de cooperação do Grande Delta do Rio das Pérolas, cujo relativos ao desenvolvimento do regime político possam decorrer sem objectivo é promover o turismo inter-regional; libertar os obstáculos sobressaltos, e atendendo ao disposto no artigo 75.º da Lei Básica da ao turismo; desenvolver, inter-regionalmente, as infra-estruturas dos RAEM, em que se define que os projectos de lei e de resolução que transportes aéreo, ferroviário e marítimo, conjugadas com a envolvam o regime político apenas podem ser apresentados pelo cooperação na área do investimento na indústria, comércio, Governo, o Governo da RAEM tem o dever inalienável de assumir informação e assuntos laborais, o que levará ao alargamento do esses trabalhos preparatórios, por forma a impulsionar o espaço para o desenvolvimento da economia global de Macau. desenvolvimento do regime político. Quanto ao desenvolvimento do regime político da RAEM, o Governo deve proceder, quanto antes, Como todos sabem, ao longo destes seis anos desde o aos respectivos trabalhos de consulta pública, nomeadamente, à estabelecimento da RAEM, o Governo da RAEM tem-se empenhado recolha pública de sugestões, à preparação das soluções, à obtenção no desenvolvimento do sector do jogo, transformando-o no sector da homologação do Governo Central acerca do arranque do regime, e predominante da nossa economia, o que veio estimular o investimento à elaboração duma proposta de lei, após efectuada uma ampla estrangeiro e acelerar o desenvolvimento económico global da RAEM. auscultação. Neste contexto, o sector do jogo é uma vantagem de Macau. Também o encontro das culturas chinesa e portuguesa é uma das vantagens de Ao responder à minha pergunta, na sede da Assembleia Legislativa Macau, tendo “o Centro Histórico de Macau” sido oficialmente em finais de 2004, o Chefe do Executivo reconheceu que o titular do inscrito, em meados deste mês, como Património Mundial da cargo de Chefe do Executivo da RAEM tem o dever de proceder, no UNESCO. O sucesso desta candidatura a património mundial tem um prazo do 3.º mandato, a uma auscultação universal sobre o regime sentido significativo e de longo alcance. Ao nível das vantagens que democrático, tendo mesmo realçado que esse trabalho não seria isso traz para o turismo de Macau, há a referir que o Centro Histórico iniciado em 2005 e que a referida proposta de lei não seria de Macau, enquanto recurso humano e cultural de Macau, atrai quer apresentada no último ou penúltimo ano do actual mandato do as gentes locais, quer os turistas provenientes de vários países ou

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 5 regiões, com culturas e formação diferentes, para aqui sentirem e hotelaria, o turismo, o comércio a retalho, a restauração, etc.. Ao experimentarem o valor deste nosso património. O êxito da mesmo tempo, com o aumento do número de trabalhadores no sector candidatura a património mundial veio favorecer o desenvolvimento do jogo aumenta também o rendimento médio de Macau; Com o diversificado do sector turístico de Macau, o que também não deixa aumento do rendimento global de Macau, aumenta também a de conferir a Macau o estatuto de “cidade cultural histórica”. capacidade de consumo dos residentes, o que origina uma reacção em cadeia, ou seja, um incentivo ao desenvolvimento próspero de todos Sendo Macau uma cidade pequena com uma estrutura económica os sectores. Partindo deste fenómeno de reacção em cadeia, percebo a encabeçada pelos sectores do jogo e do turismo, torna-se cada vez relação directa entre o desenvolvimento do sector do jogo e a mais premente a criação de mecanismos que permitam a passagem prosperidade ou declínio dos outros sectores. Assim sendo, as alfandegária de pessoas e mercadorias durante 24 horas, a exemplo do políticas adoptadas para o sector do jogo implicam, directa ou que já acontece nos outros territórios vizinhos, por forma a dar indirectamente, com o desenvolvimento económico de Macau. resposta às actuais necessidades do desenvolvimento económico. Face ao alargamento da economia de Macau, os benefícios dessa Recentemente, têm-se ouvido as mais diversas opiniões sobre a passagem alfandegária durante 24 horas serão maiores do que os importação de mão-de-obra para o sector do jogo. Pessoalmente, prejuízos. Isso já acontece entre Hong Kong e Shengzhen e também entendo que devemos encarar a questão na perspectiva da vida da se pode verificar a fluidez da passagem alfandegária entre Macau e população de Macau. A importação de mão-de-obra para o sector do Hong Kong. No entanto, tal não é ainda possível entre Macau e jogo vem gerar, novamente, o pânico, como já aconteceu, Zhuhai, o que constitui um obstáculo à passagem terrestre de pessoas anteriormente, no sector do vestuário, o que resultou na generalizada e mercadorias entre Macau e a China Continental. Esta situação só perda de confiança no futuro, por parte dos residentes de Macau. poderá trazer prejuízos para as relações comerciais e empresariais entre Macau e a China Continental, e se a situação se mantiver, Por outro lado, o actual aumento global das receitas deve-se Macau será, provavelmente, marginalizada. principalmente ao grande número de residentes que se dedica ao sector do jogo. Se se importar mão de obra, o rendimento global dos Macau deve criar e reforçar as suas potencialidades em residentes será prejudicado. O rendimento é o alicerce do consumo e consonância com as novas tendências, e para isso deverá promover o consumo é a força motriz para o desenvolvimento dos diversos alguns factores de produtividade, tais como, a circulação fácil, rápida sectores. Elevar os rendimentos dos residentes é uma medida eficaz e livre de pessoas, mercadorias e capitais. Assim, a política do para a dinamização da economia de Macau e para a melhoria do nível Governo deve incluir os necessários ajustamentos para que a de vida da população. Assim, a importação de mão de obra para o passagem alfandegária possa ser feita durante 24 horas; só assim, é sector do jogo vai desencadear uma série de reacções que que se conseguirá reforçar a cooperação regional, liberalizar o suspenderão o desenvolvimento de diversas actividades, o que terá mercado, incentivar o investimento e atrair clientes com elevada grande e profundo impacto no futuro. capacidade de consumo. O único fundamento para a importação de mão de obra no sector do Naturalmente que a abertura das fronteiras durante 24 horas jogo é a escassez de recursos humanos. Devemos, em primeiro lugar, envolve Macau e Guangdong, daí a necessidade de se planear e verificar se em Macau há mesmo escassez de recursos humanos. encetar negociações, atempadamente. Por exemplo, pode Perante os processos de recrutamento das diversas e grandes implementar-se, a título experimental, a passagem alfandegária das empresas do sector do jogo e o número de residentes que se candidata mercadorias, a passagem das pessoas apenas nos feriados e fins de aos cursos de formação do sector do jogo, pode-se verificar que semana, ou apenas a passagem dos turistas que chegam ao Aeroporto existem em Macau recursos humanos suficientes para o sector do de Macau, provenientes do Continente Chinês em excursões de baixo jogo. Assim sendo, é fraco o fundamento que se alega para justificar a custo, o que permitirá avaliar a eficácia real e a aceitação social de tal importação de mão de obra. medida. Em suma, para manter, alargar e desenvolver as prioridades de Macau face ao desenvolvimento futuro, o Governo tem a Para além disso, desde a transferência da soberania que se têm responsabilidade de disponibilizar, o mais cedo possível, condições registado, sucessivamente, novidades favoráveis para a economia de físicas que favoreçam a implementação da passagem alfandegária Macau, por exemplo, o sucesso da candidatura de Macau a durante 24 horas. Património Mundial vai captar a atenção do mundo e vai atrair grande número de turistas. Como o sector do jogo é um sector pioneiro, os Tenho dito. casinos são, com certeza, os locais mais visitados pelos turistas, logo, a qualidade dos trabalhadores do sector do jogo vai afectar, Obrigado. directamente, a imagem de Macau enquanto cidade turística. A importação de mão-de-obra vai fazer dissuadir as empresas do jogo Presidente : Sr. Deputado João Bosco Cheang, faça favor. de continuar com a organização de cursos de formação para os funcionários, paralisando assim o desenvolvimento quer dos João Bosco Cheang : Muito obrigado, Sra. Presidente. trabalhadores, quer do sector do jogo em si, e prejudicando ainda o desenvolvimento da RAEM, a longo prazo. Senhora Presidente, Ajudar os residentes de Macau a ingressar no sector do jogo será a Caros Colegas: solução efectiva para resolver a escassez de recursos humanos e melhorar a vida dos residentes. Desde a liberalização do jogo que o desenvolvimento do sector tem vindo a impulsionar a prosperidade do sector de serviços, tais como a O desemprego em Macau é estrutural, e o apoio prestado aos

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 6 desempregados concentra-se essencialmente nos cursos de formação e na atribuição de subsídios. No sentido de se conseguir um Relativamente, ao desempenho dos meus colegas desta Câmara, desenvolvimento contínuo e de longo prazo, e de acelerar o ritmo de dispenso-me, naturalmente, de fazer qualquer comentário. Todavia, coadunação aos padrões internacionais, a Administração deve criar sobre a composição da Assembleia Legislativa, gostaria, realmente, cursos que dêem resposta às necessidades do desenvolvimento de de emitir algumas opiniões e de apresentar algumas sugestões. Macau, deve esforçar-se por formar profissionais na área do jogo e dar todo o apoio aos cidadãos para que estes consigam integrar-se no A metodologia para a constituição da Assembleia Legislativa da sector. Região Administrativa especial de Macau, estabelecida no Anexo II da Lei Básica de Macau, não define a distribuição, nem tão pouco o Quero então manifestar a minha forte oposição à importação de número de assentos que deve resultar das eleições dos deputados por mão de obra para o sector do jogo, e propor que sejam envidados via dos sufrágios directo e indirecto e por nomeação, para o ano de maiores esforços no apoio aos desempregados, nomeadamente na 2009, ou seja, para a quarta legislatura. Porém, se prestarmos atenção realização de mais cursos de formação, a fim de se poder à presente situação, poderemos concluir que o aumento de mais dois proporcionar um melhor futuro a todos os cidadãos de Macau. assentos, por via do sufrágio directo para a próxima legislatura, constitui, afinal, o motivo da grande azáfama a que agora se assiste, Tenho dito. contribuindo, de forma directa, para uma maior concorrência entre um cada vez maior número de listas participantes nestas eleições e Obrigado. servindo, também, como o principal elemento responsável pelo contínuo e acentuado aumento de eleitores. Na verdade, o sistema Presidente : Sr. Deputado Jorge Fão, faça favor. parlamentar constitui-se, hoje em dia, como uma das pedras basilares e mais estruturantes do processo de desenvolvimento democrático de Jorge Manuel Fão : Muito obrigado. qualquer sociedade. Por esta razão, é meu desejo que o Governo e a Assembleia Legislativa venham a trabalhar em consonância, num Está levantado o véu acerca da contenda eleitoral para uma nova futuro próximo, no sentido de aumentar o número de assentos para a legislatura, o que significa que a segunda legislatura da Assembleia legislatura no ano de 2009. No pressuposto de que o número de Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau vai terminar assentos venha a ser numericamente igual ao da terceira legislatura, em breve. Por isso, julgo ter chegado o momento para anunciar, propunha a extinção do sistema de deputados nomeados pelo formalmente, que não serei candidato às eleições da terceira Governo e, em sua substituição, o aumento do número de deputados legislatura. eleitos por sufrágio directo, perfazendo-se, assim, um total de dezanove eleitos, para além de se proceder à alteração do processo de Da minha parte, reconheço que aprendi muito, mas também não eleição por via do sufrágio indirecto, com vista à concretização posso deixar de referir o quão significativo foi o meu contributo nos progressiva das aspirações democráticas da população de Macau, últimos quatro anos. Dei sempre, na medida do possível, o melhor de rumo às eleições por via do sufrágio directo e universal para todos os mim próprio em todos os trabalhos parlamentares e julgo não ter assentos. deixado desapontados os meus apoiantes, Assim, nesta hora de despedida, gostaria de apresentar algumas opiniões e de fazer A Assembleia Legislativa de Macau é o forum , por excelência, para sugestões sobre o futuro desenvolvimento do nosso sistema político- a discussão e debate de todos os assuntos de interesse para o território, democrático. sendo os seus deputados, que mais não são que representantes da vontade popular, equiparáveis a deputados de Macau à Assembleia Segundo revelaram as mais recentes estatísticas, encontram-se Popular Nacional, com estatuto igualmente idêntico aos membros de inscritos para as eleições legislativas/2005 um total de 220.618 Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do eleitores, o que, em comparação com os 159.813 cidadãos inscritos Povo Chinês, ainda que os membros que compõem estes dois últimos no ano de 2001, revela um aumento de 60.805 eleitores, ou seja, um órgãos não sejam eleitos por sufrágio directo e universal. No entanto, acréscimo na ordem dos 38,05%, estabelecendo-se, assim, um novo recai sobre todos a responsabilidade de veicular e de exprimir a voz registo em termos de número de inscrições para as eleições em Macau. da opinião pública. Por isso, ouso advogar a criação de mais Daqui se pode inferir que os desejos da população de Macau estão em gabinetes de apoio em Macau, para que os referidos deputados da constante crescimento em matéria de participação cívica e em termos Assembleia Popular Nacional e membros do Comité Nacional da de luta pela democracia. De acordo com os resultados num inquérito Conferência Consultiva Política do Povo Chinês os possam utilizar designado por “Plano de Estudo da Internet de Macau” e revelados como veículo de comunicação entre os cidadãos de Macau e o recentemente, incidindo, entre outros, sobre o grau de confiança da Governo da República Popular da China, proporcionando-lhes, assim, população de Macau em relação à sociedade em que se insere, plena oportunidade para poderem expressar os nossos pontos de vista. verificou-se que o Governo obteve a mais alta pontuação, ao passo Por outro lado, e em conjugação de esforços com os deputados eleitos que o grau de confiança nos deputados da Assembleia Legislativa da Assembleia Legislativa, ocupar-se-iam das questões de Macau, nem sequer conseguiu equipara-se à pontuação obtida pelos podendo, desta forma, desempenhar melhor a sua função de elo de empresários, ocupando aqueles, desta forma, o último lugar na ligação entre o Governo da República Popular da China e a população respectiva classificação. A lamentável conclusão a que se chegou, fez- de Macau. me reflectir seriamente sobre a questão, interrogando-me sobre se este mau resultado deriva – ou não – de uma eventual ineficiência da O alegado complexo de “Grande Hong Kong e Pequeno Macau” nossa parte, ou seja, da parte dos deputados ou, por outro lado, se se foi uma particularidade generalizada antes da transferência da estaria perante um problema estrutural da própria Assembleia soberania de Macau para a República Popular da China. Porém, Legislativa. mercê de uma Administração competente, a Região Administrativa

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Especial de Macau depara-se, hoje em dia, com um surto económico bem como no respeitante ao seu aperfeiçoamento. esocial invejáveis, acreditando-se que tenha ultrapassado Hong Kong em determinadas áreas. Na realidade, os cidadãos de Hong Kong têm 1. Para criar uma boa imagem da cidade turística de Macau, e estado a manifestar uma maior apetência por um sistema mais elevar a fama e a influência do centro histórico de Macau, o Governo democrático do que aquele que já é garantido aos habitantes de deve reforçar a educação cívica no que diz respeito à cultura de Macau. Em contraponto, desfrutando Macau de uma comunidade Macau. Todos os cidadãos devem assumir o papel de embaixador de mais harmoniosa e estável do que Hong Kong, é caso para perguntar turismo, permitindo-lhes divulgar Macau junto dos turistas, e também por que é que Macau não poderá dar passos mais largos do que Hong ficar a saber que devem preservar e apreciar o precioso património Kong no que se refere à alteração da estrutura política e do mundial de que dispomos, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do sistema democrático, implementando reformas desenvolvimento e progresso do turismo e da economia. que venham a servir de exemplo a seguir pela Administração de Hong Kong. Por conseguinte, devemos estabelecer, também neste particular, 2. Deve reforçar-se a formação dos profissionais da área do turismo. um calendário para o processo da democratização progressiva de Há falta de guias turísticos e, para satisfazer as necessidades, são Macau, rumo à realização das eleições para a Assembleia Legislativa necessários mais 1.500 a 2.000 guias. No entanto, apenas 800 por via do sufrágio directo e universal. Já agora, porque não também, possuem licença, e muitos deles não estão a exercer a função de guias, para a eleição do Chefe do Executivo pela mesma via? especialmente os que dominam duas línguas. Como também os sectores da hoteleira e restauração necessitam de mais recursos É esta hoje a minha última intervenção nesta Câmara, mas prometo humanos para responder às suas necessidades, é urgente adoptar estar atento e acompanhar a par e passo todo o seu trabalho, medidas para formar mais pessoas nessas áreas. Só que, com as particularmente ano que se refere ao acto eleitoral que se vai realizar condições de que dispomos, é impossível atingir tal objectivo. Por em breve. Por isso, exorto os serviços competentes e o Comissariado isso, o Governo tem de reforçar as condições e incentivar mais contra a Corrupção para que fortaleçam todas as acções de pedagogia pessoas, com habilitações mais elevadas, a integrar esses sectores, a cívica junto dos eleitores, em especial junto dos novos inscritos, em fim de se poder responder às necessidades do mercado. prol de uma eleição justa e limpa. 3.O Governo deve considerar as necessidades de desenvolvimento Por último, faço votos para que as eleições para a próxima de Macau, tomando ainda em conta o futuro plano de legislatura decorram com a maior normalidade e aos meus estimados desenvolvimento, tais como a estrutura demográfica, a energia, a colegas desta Câmara, interessados em se recandidatarem, daqui vão distribuição de recursos humanos, etc., para definir uma política os meus votos de sucesso para todos. demográfica que se adapte à realidade. É conveniente importar profissionais de alta qualidade que possam de facto satisfazer as À Senhora Presidente e a todo o pessoal de apoio desta Assembleia necessidades reais, a fim de compensar a insuficiência ao nível da Legislativa e aos profissionais da Comunicação Social, que com formação de pessoal. O Governo deve proceder a uma avaliação muita dedicação vêm cumprido a sua espinhosa missão, endereço científica às reservas de recursos para o turismo e à capacidade de também os meus sinceros agradecimentos. acolhimento, no intuito de equilibrar o desenvolvimento do turismo e a manutenção da qualidade de vida dos residentes, melhorando ainda Muito obrigado. a estratégia do desenvolvimento turístico de Macau.

Presidente : Sra. Deputada Iong Weng Ian, faça favor. 4. Com o desenvolvimento do sector do turismo de Macau, prevê- se que, nos próximos 3 a 5 anos, o número total de turistas ultrapasse Iong Weng Ian : Muito obrigada, Sra. Presidente. os 30 milhões por ano. O Governo deve, quanto antes, melhorar as infra-estruturas complementares nas diversas zonas turísticas, por O sector do turismo está a ser beneficiado, com a liberalização do exemplo, a falta de lugares de estacionamento nos pontos turísticos, jogo e a implementação da política de visto individual, e nestes problema que necessita de ser resolvido. O Governo deve considerar, últimos anos tem registado um espectacular progresso. No ano o mais cedo possível, o planeamento da construção de auto-silos de passado visitaram Macau 16,6 milhões de turistas, mais do dobro do grande envergadura nos arredores da cidade, por forma a satisfazer as registado há cinco anos. Devido aos investimentos, locais e externos, necessidades resultantes do desenvolvimento a longo prazo. injectados nos sectores do jogo e do turismo, um grande número de gigantescos projectos estão ainda em fase de construção; nos 5. O volume de trânsito de Macau já atingiu o seu auge. O futuro próximos 3 a 5 anos Macau vai dispor de mais de 10 novos hotéis, desenvolvimento do turismo aumentará o fluxo de trânsito. O uma oferta total, incluindo os actuais, de 26 mil quartos, no futuro Governo deve, quanto antes, proceder à revisão do planeamento de próximo. Observando o desenvolvimento do sector do turismo, e trânsito e dos transportes; melhorar o actual sistema de trânsito; juntando a isso os efeitos do reconhecimento do centro histórico de aperfeiçoar a rede de transportes colectivos e evitar que Macau atinja Macau pela UNESCO, o crescimento do sector vai ser assustador. o caos do congestionamento de peões e veículos.

Para dar resposta a esse crescimento, o Governo da RAEM deve 6. Considerando a diversificação das indústrias, Macau está a elaborar, atempadamente, um plano de desenvolvimento global e de impulsionar, activamente, o desenvolvimento do sector de longo prazo, que permita um maior controlo e fiscalização do sector convenções. O Governo deve proceder ao planeamento e orçamento do turismo; pode ainda implementar políticas e medidas concretas relativos ao desenvolvimento deste sector. Para além da construção de para que os operadores do sector possam aproveitar melhor as pavilhões, é ainda necessário realizar muitas acções de divulgação, oportunidades e desenvolverem-se, de forma sã, sendo também aderir a organizações internacionais e participar em diversas importante planear ao nível dos equipamentos e instalações turísticas, actividades internacionais. O desenvolvimento das relações

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 8 internacionais exige investimento contínuo e merece uma avaliação isolar, com eficácia, as substâncias prejudiciais à saúde. Só com a sobre os recursos necessários. Tendo em conta que o desenvolvimento limpeza e manutenção regular das respectivas instalações é que pode da indústria de convenções exige a construção de muitas infra- reduzir-se o impacto para os trabalhadores e utentes dos auto-silos, estruturas, o Governo deve estudar se é necessário que, no futuro, bem como para os residentes das imediações. Para além disso, a determinados serviços assumam funções de coordenação. vistoria das obras públicas, efectuada pelo Governo, reveste-se de grande importância, contribuindo para o bom funcionamento de tais Obrigada. instalações.

Presidente : Sra. Deputada Leong Iok Wa, faça favor. Espero que o Governo dê atenção às questões referidas e que resolva as actuais deficiências. aquando da concepção e vistoria aos Leong Iok Wa : Muito obrigada, Sra. Presidente. auto-silos, deve o Governo tomar como referência as experiências do estrangeiro. É necessário definir padrões de qualidade do ar nos auto- Com vista a dar resposta à questão da insuficiência de lugares de silos e procedimentos de vistoria, para assegurar que as instalações estacionamento, a Administração vai construir, em Macau e na Taipa, correspondam aos critérios definidos. É ainda necessário proceder à 10 silos para estacionamento público, que disponibilizarão alguns fiscalização periódica da qualidade do ar no interior e nas imediações milhares de lugares de estacionamento. De acordo com as dos auto-silos, no sentido de reduzir o impacto junto dos residentes. informações obtidas, a maior parte desses silos vão ser subterrâneos, semelhantes ao silo do Jardim de Vasco da Gama. Muito obrigada.

A área de Macau é pequeníssima por isso, os silos subterrâneos são Presidente : Sr. Deputado Au Kam San, faça o favor. a melhor forma para maximizar a utilização dos terrenos. Mas como esses silos são quase que herméticos, é possível a concentração de Au Kam San : Muito obrigado, Sra. Presidente. gases tóxicos, por isso, deve dar-se maior importância ao sistema de ventilação, ter em atenção o bom funcionamento e manutenção desse Embora o Governo da RAEM tivesse manifestado expressamente sistema e ponderar também as influências que possa vir a ter para os que, no decurso do corrente ano, não iria implementar a escolaridade habitantes que vivem nas proximidades do respectivo exaustor. gratuita nem no secundário complementar, nem no pré-escolar, os dirigentes dos serviços competentes, em representação do Conselho Nos últimos dias vários cidadãos manifestaram a sua preocupação de Educação, sublinharam, várias vezes, a importância, a urgência e o sobre os futuros silos; estão preocupados se vai acontecer o mesmo consenso reunido quanto à extensão da escolaridade gratuita ao pré- problema de má ventilação registado no subterrâneo nas Portas do escolar. Como o Governo da RAEM nunca assumiu qualquer Cerco, e se irão ser afectados pelos gases tóxicos emitidos pelos promessa quanto ao assunto, não é possível concretizar tal objectivo. veículos. Esses cidadãos desejam que o Governo dê a maior importância ao sistema de ventilação e que seja cuidadoso quanto à Um Governo com forte aceitação junto da população deve apreciar- escolha do local para instalação do exaustor. se a si próprio, e deve ainda obedecer à vontade da população quanto à implementação das diversas reformas, no sentido do progresso De facto, os residentes de Macau, para além de apanharem com os contínuo da sociedade. Contudo, a actuação do Governo da RAEM é gases poluentes na cara, têm ainda de aguentar o mau cheiro. A precisamente ao contrário. Mesmo que na sociedade sejam muitos os frequente inalação de gases poluentes, emitidos pelos veículos apelos sobre as diversas reformas, o Governo da RAEM só efectua motorizados, e que contêm grandes quantidades de dióxido de pequenos reparos aos problemas com que se depara ou concede carbono, de anidrido sulfuroso, de monóxido de carbono, partículas alguma pequena graça aos cidadãos, mas ao longo destes seis anos poluentes, etc., constituem uma séria ameaça à saúde dos cidadãos, não se verificou qualquer reforma que pudesse impulsionar, pois podem originar diversas doenças, tais como, dores de cabeça, verdadeiramente, o progresso da sociedade. Antes pelo contrário, o asma, bronquite, outras doenças relacionadas com as vias Governo da RAEM aproveitou a sua forte aceitação junto da respiratórias, etc.. No ano passado, quando o silo do Jardim de Vasco população para negligenciar as aspirações dos cidadãos, protegendo de Gama entrou em funcionamento, como o sistema de ventilação não interesses adquiridos e encobrindo o conluio entre dirigentes dos foi devidamente instalado, os gases poluentes emitidos pelos veículos serviços públicos e operadores, o que deu origem a muitos factores de acabavam por se espalhar também pelo próprio parque e afectar a instabilidade social. qualidade do ar de toda aquela zona habitacional, pondo em perigo a saúde pública. Posteriormente, a Administração aceitou todas as Face às fortes solicitações da sociedade civil no sentido da extensão sugestões apresentadas para proceder à melhoria da situação, o que da escolaridade gratuita ao secundário complementar, os dirigentes resultou também em desperdício de erário público! dos serviços públicos salientaram que era mais importante estende-la ao pré-escolar, e apontaram, sem ponderação da realidade, que a Um perito salientou que, aquando da concepção do sistema de rentabilidade social seria assim muito maior. Trata-se de um ventilação dos parques de estacionamento, é necessário prestar fundamento incorrecto ao qual a Administração recorreu para recusar atenção à capacidade e frequência do ar ventilado, bem como ao rácio responder à implementação da escolaridade gratuita no secundário ar fresco/ar emitido, sendo ainda necessário proceder à avaliação complementar. Contudo, o dirigente responsável afirmou que, uma sobre o eventual impacto, para os residentes, da localização dos vez que o Governo da RAEM nunca assumiu qualquer promessa respectivos exaustores. O mesmo perito acrescentou ainda que a quanto à implementação da escolaridade gratuita ao pré-escolar, tal instalação de um sistema adequado de ventilação pode, para além de não iria ser feito neste momento, nem se iriam adoptar quaisquer reduzir o ar poluente acumulado, assegurar a qualidade do ar nos medidas quanto à concessão de subsídios para propinas. auto-silos. Adequadas instalações para filtragem podem também

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O Conselho de Educação tem sido, desde sempre, um palco. Antes da transferência foi um palco para as políticas de educação do Reparei que, recentemente, algumas pessoas com dificuldades Governo. Todas as políticas que iam para o Conselho de Educação económicas requereram o subsídio especial junto da Administração, para estudo foram simplesmente estudadas; as opiniões manifestadas para poderem continuar os seus estudos, mas a resposta só foi dada nunca foram traduzidas em números; aquando da recolha de pareceres em Setembro. Para os dirigentes do Governo, se é Julho, Agosto, não foi necessário revelar os respectivos critérios; e o Governo Setembro ou Outubro não tem importância, mas para os alunos tomava decisões a seu bel prazer, com base na chamada “auscultação pobres é extremamente importante saber se podem continuar os seus de opiniões” do Conselho de Educação. Este Conselho não passa de estudos e quando é autorizado e atribuído o subsídio especial. As uma mera marioneta. No entanto, estabelecendo a comparação com a despesas escolares, tais como a reserva da vaga, as propinas, as situação actual, o controlo do Governo da RAEM sobre o Conselho despesas diversas, e as despesas com os livros, não são pagas no mês de Educação é uma magia fantástica. O Governo da RAEM entrega o de Setembro. Ora, a continuação dos estudos desses alunos depende anteprojecto sobre a implementação do ensino gratuito infantil ao da decisão da Direcção dos Serviços da Educação e Juventude (DSEJ) Conselho de Educação; este analisa e discute de forma calorosa esse quanto à atribuição do subsídio especial, mas as escolas têm de cobrar plano, e os dirigentes concluem que se chegou a um “consenso”, para ficarem a saber se os alunos continuam ou não os estudos; e mostrando-se firmes quanto à implementação do referido plano. No estes, como não sabem o seu destino, só podem informar as escolas entanto, foram muitas as críticas da sociedade em relação àquele que estão a aguardar a resposta da DSEJ. Contudo, como isso só “consenso” do Conselho de Educação, e alguns dos seus membros acontece depois de Setembro, significa que, no dia de abertura do ano foram alvo de críticas. Alguns deles envidaram esforços para explicar escolar, os alunos que necessitam do subsídio especial para esse “consenso” mas as pessoas continuam a achar que são prosseguimento dos seus estudos não sabem ainda se podem ou não injustificáveis e forçadas as justificações que alegaram. Após terem fazê-lo. Esta situação demonstra que há problemas com esse subsídio chegado ao referido “consenso”, os principais responsáveis especial e também a dificuldade do Governo da RAEM em cumprir recusaram-se a implementar o ensino gratuito infantil e até a remediar promessas, devido à burocracia existente. É fácil dizer que é preciso a situação, alegando que o Governo não se tinha comprometido a “dar grande importância à população”, mas a prática é sempre “dar implementar tal plano. Afinal, o “consenso” do Conselho de grande importância aos dirigentes”. Educação é apenas um instrumento para fazer troça da população e da sociedade em geral. As pessoas entendem que o Conselho de Não obstante as fortes vozes da população, não foi até agora Educação é um órgão representativo das diferentes forças sociais na implementada a escolaridade gratuita no secundário complementar, o procura de consensos alargados relativamente ao desenvolvimento da que é de lamentar. Porém, continuo a apelar à Administração para que, política educativa. Na verdade, este Conselho é de tal forma mesmo não sendo essa implementação possível durante este ano, controlado pelo Governo que ultrapassa as fronteiras do ridículo! pondere a questão partindo da perspectiva do “utilizador”, ajudando-o a resolver problemas, por exemplo, através da criação de mecanismos De qualquer forma, o Governo pode dizer que “aquele veado não é eficazes e decidindo, o mais cedo possível, a atribuição do subsídio um veado, mas sim um cavalo”, no entanto, são ainda muitas as especial, no sentido de assegurar o cumprimento da promessa de exigências e aspirações da população quanto à importância da nenhum aluno perder, devido a pobreza, a oportunidade de continuar extensão do ensino gratuito ao secundário complementar. Assim, os seus estudos no secundário complementar. aquando da revisão da “Lei - Quadro do Sistema Educativo ” há toda a necessidade de ter em conta as exigências da sociedade, isto é, Obrigado. estender com a maior brevidade possível o ensino gratuito ao secundário complementar. Isto sim, é o “consenso” da população, que Presidente : Sr. Deputado Chow Kam Fai, faça o favor de dizer. está em consonância com a tendência mundial. Chow Kam Fai David : Muito obrigado, Sra. Presidente. Aquando da discussão sobre a implementação da escolaridade gratuita no secundário complementar, o Chefe do Executivo (CE), os Tal como diz o velho provérbio, a lenha, o arroz, o sal, o molho de secretários e directores responsáveis garantiram publicamente que soja, o vinagre e o chá são produtos indispensáveis na casa de não iriam deixar que um único aluno abandonasse os seus estudos por qualquer família. Porque é que a lenha vem em primeiro lugar? motivos económicos. O CE prometeu também, publicamente e na Porque é que a lenha é tão importante? Isso tem a sua razão de ser. A Assembleia Legislativa, a atribuição de um subsídio especial para lenha é o combustível de antigamente, equivalente à energia eléctrica assegurar que nenhum aluno perca a oportunidade de continuar os da vida moderna. Na verdade, independentemente da lenha de seus estudos no secundário complementar devido a pobreza. Na antigamente ou da energia de agora, trata-se de coisas essenciais na minha opinião, este regime de subsídio não permite alcançar o vida do ser humano. A sua importância é de tal modo relevante que objectivo de os alunos das classes sociais mais baixas poderem aceder, não podemos viver sem ela, sobretudo os empresários que precisam de forma geral, ao ensino secundário complementar, e considero que de electricidade para o exercício das suas actividades, logo, a a generalização da escolaridade gratuita é um direito de todos. Sendo electricidade é um encargo básico que os empresários têm que a assistência social destinada aos desfavorecidos, o subsídio para suportar. Em suma, a energia eléctrica e os combustíveis são pagamento de propinas e o subsídio especial desempenham papéis elementos essenciais na vida moderna. diferentes e um não pode substituir o outro. A atribuição de um subsídio especial para justificar a recusa da implementação da A minha intervenção de hoje tem a ver precisamente com a escolaridade gratuita ao secundário complementar é, realmente, um electricidade. Creio que todos nós concordamos que as tarifas de absurdo. No entanto, como não está ainda implementada essa electricidade praticadas em Macau são elevadíssimas. Para além de gratuidade, o cumprimento da promessa dessa atribuição de subsídio constituírem um grande encargo para a população, trata-se de uma especial continua a ser bem-vinda. questão que impede o desenvolvimento dos sectores comercial e

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 10 industrial. Já, por várias vezes, coloquei esta questão neste hemiciclo. definido no contrato, a CEM pode definir tarifas elevadas, que Precisamente por ser um assunto que diz respeito à vida da população, desfavorecem a subsistência e o desenvolvimento dos diversos não me importo de o salientar por mais de uma vez. Neste momento sectores. particular, em que a economia está a passar por uma fase de reconversão e de rápido desenvolvimento, os preços e as rendas dos As tarifas de electricidade são fixadas de acordo com os custos de imóveis estão a subir e os custos com os salários dos trabalhadores exploração, enquanto a percentagem do limite de lucro é calculada de estão igualmente a subir, as elevadíssimas tarifas de electricidade acordo com os activos totais da CEM. Esta pode recorrer ao aumento constituem uma sobrecarga para os empresários. Essas tarifas do investimento e dos activos para aumentar o limite dos lucros e ter elevadíssimas têm causado grande descontentamento tanto no seio da um pretexto para aumentar as tarifas de electricidade. Gostaria de população em geral como na esfera dos empresários, em particular. saber, então, se os encargos com a colocação dos cabos eléctricos, Por isso, espero conseguir chamar a atenção de todos para que, com suportados pelos utentes, estão incluídos nos activos da CEM. Espero os esforços conjugados, lutemos pela resolução da questão das tarifas que a CEM respeite o princípio da transparência, no que respeita ao eléctricas elevadíssimas. aumento dos activos. Se a CEM inclui os encargos dos utentes nos activos da própria empresa, estamos, sem dúvida, perante um Nas minhas intervenções nos plenários da AL, tentei já várias vezes comportamento enganoso e uma injustiça. apresentar as minhas opiniões, apresentando fundamentos, a fim de conseguir reduzir de forma adequada as tarifas de electricidade. Isso é Embora o contrato de exclusividade da CEM ainda não esteja a já um consenso e uma exigência da sociedade. Assim, nos últimos 5 terminar, pode-se ainda considerar e alterar as cláusulas que se anos, as tarifas de electricidade sofreram uma redução da ordem dos entenderem injustas e inadequadas, tendo em consideração os 10%. No entanto, essa redução não é ainda satisfatória, pelas interesses da sociedade em geral. seguintes razões: primeiro, apesar dessa redução, as tarifas continuam altas, visto que os utentes não conseguem ainda suportar esse encargo; Macau encontra-se numa fase de próspero desenvolvimento em que, segundo, face aos lucros obtidos pela CEM, há ainda espaço para a com a motivação dos sectores do turismo e do jogo, são oferecidas redução das tarifas. Assim sendo, acho que tenho de continuar a oportunidades a outros sectores com estes relacionados. Face ao envidar esforços para conseguir que essa redução se concretize. interesse dos investidores e ao desenvolvimento progressivo dos Espero que o Governo consiga, através da revisão dos Acordos de diversos ramos de actividade, a procura de energia eléctrica será, Controlo dos Lucros das Empresas Concessionárias, definir naturalmente, maior, alargando-se, assim, o respectivo mercado. As adequadamente normas relativas a lucros. Devem ainda estudar-se as perspectivas de desenvolvimento da CEM serão inúmeras, pelo que formas de cobrança relativas à instalação de contadores de não há que ter preocupações, de modo algum, com a retribuição dos electricidade e de cabos eléctricos, adoptando medidas adequadas investimentos feitos. Neste contexto, a CEM, enquanto empresa de para aliviar os encargos dos utentes. grande dimensão, deve pensar mais na sociedade. Caso a CEM reduza as tarifas de electricidade, indo ao encontro da opinião pública, será Recentemente, segundo algumas informações obtidas nas notícias, uma medida win-win, porque, com a redução das tarifas, as condições serão tomadas novas medidas quanto às despesas com a instalação de de investimento serão melhores, o que irá contribuir para o cabos eléctricos, ou seja, vão ser reduzidas para metade, a partir do desenvolvimento económico. Consequentemente, alargar-se-á o corrente mês. Esta é uma boa notícia, fruto dos esforços envidados mercado de consumo de energia eléctrica, acabando a CEM por por todos os sectores. Mas, na realidade, as despesas com instalação continuar a ser o maior beneficiário de todo o processo. de cabos eléctricos estão ainda inadequadas, uma vez que as despesas com a ligação dos cabos eléctricos devem ser incluídas nos custos de Recentemente, o Conselho Administrativo de Hong Kong autorizou exploração da CEM. A exemplo do que acontece nos restaurantes, em os planos financeiros apresentados pelas duas empresas de que este disponibiliza tigelas e pauzinhos aos seus utentes e não lhes electricidade, ou seja, essas duas empresas podem, daqui a três anos, exige o pagamento das despesas com os talheres; e como por exemplo aumentar, anualmente as tarifas de electricidade em cerca de 3%. a CTM, que instala cabos telefónicos até casa dos utentes para Esse aumento foi rigorosamente discutido por todos os sectores de fornecimento dos seus serviços de telecomunicações. Hong Kong, que entendem que essas empresas se esforçam por atingir o máximo de lucros até ao fim do prazo estipulado no acordo Apesar da maioria dos actuais contratos ter sido definida nos sobre o controlo dos lucros; as organizações ligadas à protecção passados 50 anos, continuamos a cumpri-los sem proceder a ambiental acusaram essas empresas de serem desonestas, porque só alterações, tendo em conta a realidade. No passado, o Governo pensam no aumento das tarifas sem fazerem qualquer esforço para precisou de depender do investimento da concessionária CEM para reduzir os poluentes emitidos. Embora as tarifas sejam mais baixas do resolver o fornecimento de energia eléctrica a Macau. Devido à falta que em Macau, o referido aumento ainda deu lugar a grande de concorrência naquela altura, a empresa assumiu uma posição insatisfação por parte da população da cidade vizinha. De facto, a predominante, em comparação com a do Governo. Verificam-se, por rejeição do aumento das tarifas de electricidade, manifestada pelo isso, determinados fenómenos injustos uma vez que as condições público, tem o seu fundamento. Por exemplo, os comerciantes que constantes do contrato favorecem a operadora. Por exemplo, o exploram restaurantes em Hong Kong manifestaram que as despesas contrato permite que a empresa concessionária tenha um limite com a electricidade ocupam grande peso nos seus custos de máximo de 14.5% de lucro, o que é imensamente alto e representa um exploração, uma vez que o ar-condicionado, os aparelhos de cozinha, desequilíbrio no actual ambiente empresarial. O mais importante é a iluminação, etc., gastam muita electricidade. Se as tarifas de que as tarifas de electricidade ocupam uma grande proporção dos electricidade aumentarem, as dificuldades de exploração aumentarão custos de operação dos diversos sectores e as altas tarifas de e, provavelmente, elimina-se o seu espaço de sobrevivência. electricidade aumentam, naturalmente, os encargos de exploração suportados por esses mesmos sectores. Devido ao limite de lucro As elevadíssimas tarifas de electricidade foram sempre um

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 11 pesadelo dum encargo, tanto para comerciantes como para cidadãos, e Guarnição. O que foi aceite pelo Governo que posteriormente é um factor prejudicial ao desenvolvimento económico de Macau. Na apresentou à AL uma nova versão. qualidade de deputado e tendo em conta o bem-estar da população, tenho toda a responsabilidade de lutar para que essas tarifas sejam Tendo sido apreciada a proposta de lei, o parecer da Comissão é reduzidas para valores justos. Assim, apelo para que sejam reduzidas basicamente positivo, sendo os pormenores constantes do respectivo as tarifas de electricidade. Entretanto, seja qual for o futuro, vou parecer. continuar a acompanhar o assunto, e, através de todos os meios possíveis, a lutar pela redução das referidas tarifas. Obrigado.

Muito obrigado. Presidente : Srs. Deputados:

Presidente : Srs. Deputados: Vamos proceder ao debate na especialidade sobre esta proposta de lei. Em virtude de constar apenas de seis artigos, vamos debater e Terminou o período de antes da Ordem do Dia. votar um a um.

Peço aos Srs. Deputados para aguardarem nos seus lugares. Façam o favor de debater o artigo 1.º. Queria perguntar aos Srs. Deputados se alguém pretende pronunciar-se sobre este artigo? Caso (Entrada da Secretária para a Administração e Justiça Florinda contrário, vamos passar à fase de votação. Senhores Deputados, Chan e outros) façam a sua votação.

Presidente : Srs. Deputados: (No decurso da votação)

Vamos agora passar ao 1.º ponto da Ordem do Dia. O 1.º ponto da Presidente : Votação terminada – Aprovada. Ordem do Dia é sobre a apresentação, o debate e a votação na especialidade da proposta de lei intitulada “Auxílio a prestar pela Srs. Deputados: Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês para manter a ordem pública ou acorrer a calamidades”. Vamos debater o artigo 2.º. Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, faça favor. Antes de passar a palavra ao Presidente da Comissão, para fazer uma apresentação realizada pela Comissão, em nome da AL, Ng Kuok Cheong : Obrigado, Sra. Presidente. agradeço a presença da Sra. Secretária Florinda Chan e os Srs. membros do governo. Excelentíssima Senhora Secretária,

Vou agora convidar o Presidente da Comissão a fazer uma Srs. membros do Governo, apresentação. Caros Colegas: Faça favor. Relativamente àquele artigo que prevê que o Chefe do Executivo Leong Heng Teng : Obrigado, Sra. Presidente. possa pedir o auxílio à Guarnição em representação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), mantenho a mesma Sra. Secretária, posição já manifestada, quer na votação na generalidade, quer na apreciação no âmbito da Comissão: não está aperfeiçoado. Sim, pede- Srs. membros do Governo, se auxílio…no seguimento da autorização do Governo central, há uma série de tarefas a fazer. Creio que no articulado desta proposta de Caros Colegas: lei está previsto o direito à informação da população. Não obstante, mantenho mesma posição: estando concluído o acto de submeter um No seguimento da aprovação na generalidade, a 2.ª Comissão foi pedido de auxílio da Guarnição ao Governo Central, ou seja, quando incumbida de apreciar a presente proposta de lei. No âmbito da a RAEM tomar uma decisão de tal pedido, a população deve ser Comissão, foi efectuado o debate sobre o conteúdo da presente informada mediante divulgação pública ou da AL. A minha opinião já proposta de lei, com a participação dos representantes do Governo, foi manifestada no debate na generalidade e nas reuniões da onde trocaram mutuamente opiniões. Comissão e agora no Plenário, continuo a manter a mesma posição.

A Comissão entendeu que esta proposta de lei é basicamente Obrigado. adequada, em termos técnicos. Entre os juristas e os técnicos de ambas as partes, foi efectuado um debate muito detalhado, sobre os Presidente : Gostava de perguntar aos Srs. Deputados se ainda títulos e algumas redacções da proposta de lei. Para finalizar, a versão pretendem opinar sobre o artigo 2.º E a Sra. Secretária Florinda Chan, em português do n.º 1.º do artigo 2.º sofreu alterações de carácter tem algo a acrescentar? Sim? técnico. Faça favor. Após a análise, a Comissão propôs ao Governo o preceito de comunicar ao público, na conclusão do auxílio prestado pela

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Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan : Obrigada, Sra. Presidente. Srs. Deputados:

Obrigada também ao Sr. Deputado Ng Kuok Cheong. Passemos ao debate do artigo 4.º na especialidade. Alguém pretende debater? Caso contrário, vamos passar à fase de votação. Vou responder a esta questão, que já foi discutida em pleno na Senhores Deputados, façam a sua votação. Comissão. Porém, como o Sr. Deputado Ng Kuok Cheong levantou hoje esta questão, acho necessária uma explicação. (No decurso da votação)

Caso seja aprovada esta proposta de lei…ao abrigo do disposto no Presidente : Votação terminada – Aprovada. artigo 3.º da Lei do Estacionamento de Tropas na Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China Srs. Deputados: (adiante designada por Lei do Estacionamento), com as razões estipuladas no artigo 2.º, o Chefe do Executivo pode pedir ao Passemos ao debate do artigo 5.º na especialidade. Alguém Governo Popular Central o auxílio da Guarnição em Macau quando pretende opinar? Caso contrário, vamos passar à fase de votação. os recursos humanos ou materiais do Governo da RAEM se Senhores Deputados, façam a sua votação. revelarem manifestamente insuficientes e ineficazes para alcançar o objectivo previsto nas alíneas 1), 2) e 3). O Chefe do Executivo (No decurso da votação) obriga-se a fazer isso, nos termos da presente proposta de lei e da Lei do Estacionamento. Este pedido de auxílio só se faz quando se revelar Presidente : Votação terminada – Aprovada. uma necessidade, e quando o Chefe do Executivo entender também ser necessário. Por isso, não é obrigatório…isto é, depois de Srs. Deputados: apresentado um pedido de auxílio, o resultado não depende do Chefe do Executivo. Por isso, entendemos que antes e depois da Passemos ao debate do artigo 6.º na especialidade. Se ninguém apresentação de um pedido de auxílio, se o público fosse informado pretende opinar, vamos passar à fase de votação. Senhores Deputados, deste pedido, poderia causar inquietação ou mal-entendido à façam a sua votação. população. Porque anunciaríamos enquanto não sabemos o resultado? A autorização dependerá só do Governo Central! Só depois de (No decurso da votação) concedida a necessária autorização, poderemos iniciar outras tarefas. Tendo a autorização do Governo Central, nos termos desta proposta Presidente : Votação terminada – Aprovada. de lei, o Chefe do Executivo tem a obrigação de mandar publicitar esta autorização com antecedência ou através dos mais expeditos Na sequência da aprovação dos seis artigos, esta proposta lei está meios de comunicação social, para que toda a população de Macau aprovada. fique informada. Ou seja, quando um pedido passar a ser um facto real e, neste contexto, não for possível ser publicitado antes da missão Aproveito este momento para agradecer a presença da Sra. de auxílio da Guarnição em Macau, é necessário publicitá-lo através Secretária Florinda Chan e dos Srs. membros do Governo. Passemos dos mais expeditos meios, de forma a permitir que toda a população ao 2.º ponto da Ordem do Dia. tenha conhecimento disso, garantindo assim o direito à informação. Sra. Secretária Florinda Chan, faça o favor. Tenho dito. (Saída da Sra. Secretária Florinda Chan para a Administração e Obrigada, Sra. Presidente. Justiça e outros)

Presidente : Queria perguntar aos Srs. Deputados se alguém Presidente : Srs. Deputados: pretende pronunciar-se sobre o artigo 2.º? Caso contrário, vamos passar à fase de votação. Senhores Deputados, façam a sua votação. Passemos ao 2.º ponto da Ordem do Dia. O 2.º ponto da Ordem do Dia é o debate e votação na especialidade sobre o projecto de lei (No decurso da votação) intitulado “Alteração à Lei n.º 6/96/M de 15 de Julho”.

Presidente : Votação terminada - Aprovada. Sr. Deputado Leong Heng Teng, faça favor.

Srs. Deputados: Leong Heng Teng : Obrigado, Sra. Presidente.

Passemos ao debate do artigo 3.º na especialidade. Queria Queria pedir à Sra. Presidente que faça um intervalo de 10 minutos. perguntar aos Srs. Deputados se alguém pretende pronunciar-se sobre o artigo 3.º? Caso contrário, vamos passar à fase de votação. Senhores Presidente: Vamos fazer um intervalo de 10 minutos. Façam o Deputados, façam a sua votação. favor de regressar 10 minutos depois.

(No decurso da votação) (Intervalo)

Presidente : Votação terminada – Aprovada. Presidente : Srs. Deputados:

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Vamos prosseguir a sessão de hoje. A proposta em concreto de alteração da moldura penal prevista no actual artigo 28.º da Lei 6/96/M vai no sentido de uma elevação muito Passemos ao 2.º ponto da Ordem do Dia que é o debate e votação significativa daquela moldura penal e trata-se de uma alteração que a na especialidade sobre o projecto de lei intitulado “Alteração à Lei n.º Comissão entende que não está conforme ao princípio da 6/96/M de 15 de Julho”. uniformidade e da harmonia do Direito Penal. De acordo com este princípio, aos diversos valores jurídicos protegidos pelas normas Vou convidar o Sr. Presidente da Comissão a apresentar os criminais corresponde uma certa hierarquia que tem de estar traduzida trabalhos realizados pela Comissão. convenientemente nas molduras penais. Nesse sentido, é incompreensível que a pena agora proposta para a fraude de Fong Chi Keong : Obrigado, Sra. Presidente. mercadorias seja superior à que corresponde ao crime de furto (pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa) e mais severa do que a Srs. Deputados: que corresponde ao crime de furto qualificado (pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias para o caso de coisa móvel A 1.ª Comissão Permanente desta Assembleia Legislativa foi com valor superior a MOP 30, 000.00, ou no caso de furto com incumbida do processo legislativo relativo ao projecto de lei introdução em casa habitada). intitulado “Alteração à Lei n.º 6/96/M, de 15 de Julho” e, de acordo com o relatório já submetido à Senhora Presidente, a maioria dos É consabido que a agravação abstracta das penas não produz por si membros desta Comissão entendeu que não estavam reunidas as os resultados pretendidos em matéria de prevenção e dissuasão da condições para a produção do respectivo parecer. prática de crimes. Sem o empenhamento e eficácia na aplicação da lei, de nada serve aumentar as penas. Aproveitando esta ocasião, a Comissão apresenta e elucida o Plenário da sua posição e fundamentação. Os proponentes pretendem também, com esta elevação da moldura penal para crime de fraude mercadorias, inserir esse tipo de crime no A Lei n.º 6/96/M, de 15 de Julho, que aprovou o “Regime jurídico âmbito das competências exclusivas da investigação da Polícia das infracções contra a saúde pública e contra a economia” foi Judiciária (PJ). No entendimento da Comissão, este objectivo distorce objecto de uma alteração no decurso da presente legislatura, em 2002 esta questão. Na verdade, esta matéria é regulada pela lei orgânica da - através da Lei n.º 2/2002, nos termos da qual se elevou a moldura PJ no âmbito da sua competência exclusiva. penal para o crime de fraude de mercadorias, previsto no artigo 28.º desta lei, de até 1 ano de pena de prisão ou com pena de multa até 120 Não faz sentido que se tente contornar este eventual problema dias, para uma pena até 3 anos ou com pena de multa até 120 dias. através da agravação da pena para o crime de fraude de mercadorias. Um problema de competência não pode ser resolvido através de uma Tratou-se de uma alteração significativa e muito recente. De resto, elevação de uma moldura penal. De resto, é tudo menos líquido que a convém recordar que, na altura, muitos Deputados exprimiram as PJ não possa, ao abrigo do artigo 4.º do DL n.º 27/98/M, investigar suas dúvidas perante a bondade daquela solução, na medida em que este tipo de criminalidade. diversos sectores da Administração e até o Ministério Público chamaram a atenção para o facto de na matéria das chamadas “lojas O n.º 2.º do proposto artigo 28.º (pena de prisão de 2 a 10 anos e de negras”, eventualmente, o maior problema não residir numa multa até 800 dias), bem como o n.º 2.º do artigo 28.º-A, coloca um insuficiência legislativa, mas antes num problema de deficiente problema muito sério: sabe-se que as penas mistas devem ser evitadas execução e cumprimento da lei. por dificultarem a reintegração do agente na sociedade, daí o conteúdo da norma do n.º 1.º do art. 40.º do Código Penal, segundo o De todo o modo, a referida alteração foi editada pela Lei n.º 2/2002. qual “A aplicação de penas e medidas de segurança visa a protecção de bens jurídicos e a reintegração do agente na sociedade”. Ora, Em 2004, pretendem os proponentes proceder a nova alteração ao precisamente neste sentido, o sistema jurídico-penal da RAEM é texto da lei em vigor, quer no sentido de aumentar novamente a informado por um princípio de repúdio das penas mistas de prisão e moldura penal para aquele crime de fraude de mercadorias – passando de multa – repare-se que deste modo fica implicado o pagamento de a ser punido com uma pena de prisão até 5 anos ou de multa até 600 uma percentagem dos rendimentos do condenado ao mesmo tempo dias – quer, entre outras alterações, criar um novo tipo criminal: o que, privando-o da liberdade, lhe retira a possibilidade de os angariar. crime de fraude de serviços previsto no artigo 28.º-A do projecto de lei em análise. Quanto à proposta de aditamento do artigo 28.º-A (Fraude de serviços) entende a Comissão que faria mais sentido proceder à Esta pretensão de elevar aquela moldura penal prevista para o unificação dos crimes do artigo 28.º (Fraude de mercadorias) e do crime de fraude de mercadorias para uma pena de prisão até 5 anos ou artigo 28.º-A (Fraude de serviços). de multa até 600 dias coloca sérias reservas. A utilização de expressões vagas, “com indicação de preço de Desde logo, a Comissão chama a atenção para o facto de não ter forma a que lhe possa causar confusão”, “sem prejuízo dos usos e sido elaborado qualquer estudo sério sobre a eficácia da alteração costumes do comércio”) no texto dos artigos 28.º e 28.º-A coloca legislativa produzida e editada em 2002, para apurar a oportunidade igualmente problemas, quanto à sua aplicação em concreto, na desta iniciativa legislativa. Antes de legislar é imperioso conhecer a medida em que podem dificultar a interpretação e aplicação dessas realidade sobre a qual se vai fazer incidir novos comandos jurídicos mesmas normas. ou alterar os que já estão em vigor;

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Este conjunto de problemas técnicos detectados no projecto de lei de alteração à Lei nº. 6/96/M implicaria que a Comissão tivesse de Termina a minha proposta. Façam o favor de a apreciar. proceder a um cuidadoso estudo e à auscultação de diversas entidades, no sentido de apurar quais são os reais problemas de aplicação Presidente : Creio que já foi recebida a proposta do Sr. Deputado daquela lei e qual seria a melhor solução para a sua proposta. Tong Chi Kin. Agora, vão distribuí-la a todos.

Ora a maioria dos membros da Comissão entende que a A proposta do Sr. Deputado Tong Chi Kin é para o n.º 2 do artigo aproximação do fim da sessão legislativa coloca uma pressão 28.º do artigo 1.º do projecto de lei. Ou seja, propus eliminar o n.º 2 temporal incompatível, quer com uma reflexão cuidada sobre esta do artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei, aprovado na matéria, quer com a produção do competente parecer jurídico. generalidade no ano passado pela AL. Por outro lado, foi sugerido também passar o n.º 2 do artigo 28 º do artigo 1.º da lei vigente para Em conclusão: este projecto de lei contém soluções técnicas que substituir o n.º 2 do artigo 28.º deste projecto de lei. Quanto à colidem com os princípios fundamentais do direito penal da RAEM. redacção concreta, presumo que todos a têm já na mão. Certamente que não era essa a intenção dos subscritores, mas a verdade é que se este projecto de lei for aprovado estar-se-á: Sr. Deputado Jorge Fão pediu o uso da palavra? Faça favor.

A introduzir alterações em traves-mestras do nosso direito penal, Jorge Manuel Fão : Senhora Presidente, se fosse possível, gostaria quando manifestamente a sede para uma intervenção dessa de obter alguns esclarecimentos adicionais. profundidade e alcance não pode ser este projecto de lei. Presidente: Sobre este artigo, Sr. Deputado? Não se conseguirão alcançar os objectivos pretendidos, na medida em que muitas das soluções técnicas são desadequadas e Jorge Manuel Fão : Sobre a matéria que se pretende agora votar! provavelmente criarão mais problemas do que aqueles que pretendem resolver. Presidente: O Sr. Deputado refere-se ao artigo 1.º?

Obrigado, Sra. Presidente. Jorge Manuel Fão: Não. Refiro-me ao texto que o Presidente da Comissão acaba de nos apresentar. Tenho dito. Presidente: Já estou a perceber, Sr. Deputado! Presidente : O projecto de lei intitulado “Alteração à Lei n.º 6/96/M de 15 de Julho” já foi aprovado na generalidade, porém, aquando do Jorge Manuel Fão: Como disse, antes de passarmos à votação debate na especialidade, tiveram mais problemas e dúvidas com o gostava de obter esclarecimentos sobre outros aspectos que também artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei, e o artigo 28.º – A do me parecem importantes, uma vez que considero o relatório do Sr. artigo 2.º proposto de lei. Por isso, vamos debater em primeiro lugar Presidente pouco elucidativo. estes dois artigos. Façam o favor de se pronunciarem na especialidade sobre o artigo 28.º do projecto de lei. Muito obrigado.

Sr. Deputado Tong Chi Kin, faça favor. Presidente : Sr. Deputado Jorge Fão:

Tong Chi Kin : Obrigado, Sra. Presidente. Já procedemos ao debate da redacção do artigo 1.º, e o Sr. Deputado Tong Chi Kin apresentou já uma proposta para proceder a Srs. Deputados: uma alteração. Ou seja, propôs a eliminação e o aditamento. Porém, se não ficaram elucidados com a apresentação do presidente da A intenção legislativa dos subscritores deste projecto de lei Comissão, podem colocar as vossas perguntas. Portanto, se o Sr. intitulado “Alteração à Lei n.º 6/96/M de 15 de Julho” visa combater Deputado Tong Chi Kin não se importar, vamos debater a sua as “lojas negras”. Aquando do debate no âmbito da Comissão, reparei proposta seguida do esclarecimento que o Sr. Deputado Jorge Fão que todos os Srs. Deputados têm a mesma intenção que é combater as pediu. Mas, esta situação não é normal, uma vez que já entramos no “lojas negras”, porém, as opiniões de carácter técnico foram debate dos artigos. Se considerar que o relatório do Sr. Presidente da divergentes. Sem dúvida, toda a população de Macau exige também Comissão é pouco elucidativo…espero que os Srs. Deputados não que sejam combatidas as “lojas negras” com maior rigor. Tendo em venham a…esta vez deixo assim, mas, para a próxima vez, não conta a apreciação do referido projecto de lei na especialidade na AL, coloquem dúvidas aquando do debate do artigo 2.º gostava de apresentar uma proposta. Sr. Deputado Jorge Fão, deseja intervir? Presidente : É o artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei. Jorge Manuel Fão : Peço desculpa, Sra. Presidente, não sabia que Tong Chi Kin : A proposta para o artigo 28.º que vou apresentar é V. Exa. se preparava para apresentar uma proposta de deliberação de o cancelamento do n.º 2 constante deste projecto de lei e aditar um alteração, caso contrário teria levantado a mão antes do Sr. Deputados outro n.º 2. Ou seja, como o n.º 2 da Lei n.º 6/96/M e n.º 2 do artigo Tong Chi Kin! A avaliar pelas palavras da Sra. Presidente, deduzo que 28 º da Lei 2/2002 são iguais, portanto, esse n.º 2 passa a ser o n.º 2 se trata de um caso inédito na história da AL Verifiquei que a do artigo 28º deste projecto de lei que prevê que “Havendo justificação do Sr. Presidente da 1.ª Comissão Permanente é muito negligência, a pena é de um ano de prisão ou multa até 60 dias.” mais detalhada do que o relatório há pouco apresentado, cujo

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 15 conteúdo confesso não ter compreendido na íntegra. No meu entender, sofreu naturalmente uma alteração pontual do decurso desta o texto do relatório pouco esclarece, ao contrário das explicações do legislatura por iniciativa da própria AL. Isto só para mostrar que a Sr. Presidente da Comissão que são suficientemente elucidativas. Não concepção diplomas de natureza penal encerram em si a definição de obstante, gostava de colocar duas perguntas: Em primeiro lugar, uma política criminal que deve ser adoptada e apresentada, ou, pelo gostava de saber quantas reuniões dedicou a 1.ª Comissão Permanente menos, acolhida pelo Governo, pois que é o Governo que vai executar da AL à análise e discussão dos dois projectos em referência, desde 8 a política criminal.... Portanto, das quatro reuniões tidas e dos de Julho de 2004 à data da apresentação do relatório, a 15 de Julho de contactos que se foram mantendo entre membros de Governo e os 2005? Em segundo lugar, que entidades oficiais foram auscultadas membros da Comissão gostava de saber qual é a opinião final do por esta Comissão e quais as que se pronunciaram sobre as referidas Governo em relação a questões tão simples como a “elevação da propostas de lei moldura penal de três para cinco anos”, uma vez que, tal como disse o Sr. Presidente, e muito bem, outros crimes há com penas menos Muito obrigado. severas, designadamente o crime de “furto qualificado”. Portanto, neste caso, pretende-se que a pena deixe de ser de três e passe a ser de Presidente : Sr. Deputado Fong Chi Keong quer responder? cinco anos, o que, sem dúvida alguma, faz parte de uma opção de política de combate à criminalidade. Assim sendo, gostava de saber Fong Chi Keong : A Comissão reuniu-se já quatro vezes, entre as qual é a posição do Governo face ao agravamento das pensa? Mais quais, duas delas em que os especialistas foram ouvidos. As quatro importante ainda. O Código Penal, que está a ser alterado fixa, se nõa reuniões foram muito rigorosas! Em primeiro lugar, aquando da me engano, o limite máximo de 360 dias de multa...Peço desculpa, análise de todos os respectivos dados, recebemos do órgão qual é o máximo de dias de multa? judicial…o despacho do Chefe do Executivo diz: tendo em conta a não-coordenação entre o articulado do presente projecto de lei e o Obrigado. Direito Material, o Governo iria elaborar uma proposta de alterações a submeter à AL, com a colaboração dos serviços aplicadores da lei. Paulo Taipa, Assessor jurídico da Assembleia Legislativa : São Antes de recebermos a referida proposta entregue pelos serviços 800 dias. competentes, a 2.ª Comissão fez o levantamento dos dados antes da elaboração deste projecto de lei. De facto, encontramos muitas Leonel Alves: Muito obrigado pela informação. contradições. Portanto, o limite máximo fixa-se nos “800 dias”? Muito bem! A minha explicação pode ser insatisfatória, no entanto, é preciso Passa-se, salvo erro, dos “120 dias” para “600 dias”, o que constitui frisar o seguinte: a AL é o representante da vontade da população, um salto significativo! Se não me engano, a lei prevê que por dia o cuja elaboração das leis representa o pedido do cidadão, pelo que as máximo estabelecido possa atingir as “10 mil patacas”, o que não leis são aplicadas aos próprios. Portanto, aquando da elaboração das deixa de ser uma quantia significativa! Isto não é nenhuma crítica à leis, a AL deve procurar salvaguardar o interesse do cidadão. e nem sequer estamos aqui a discutir diplomas desconformes à , mas sim, a procurar definir uma política criminal, para a qual Por que levantei esta questão? Porque reparamos que a alteração da o envolvimento do Governo é determinante. Como disse no início, moldura penal não está conforme aos princípios do que falei. Sendo também a AL tem competência nesta matéria, só que, neste caso, não Deputados, com poder público, não devemos facultativamente alterar se trata de avaliar competências, mas de se adoptarem políticas as leis, em particular a moldura penal, por causa das situações criminais. E a política de alteração das molduras penais desta provisórias verificadas na sociedade. natureza tem ou não o acolhimento expresso por parte do Governo?

Creio que a minha explicação pode não ser aceite por todos. Agradecia uma resposta que me dessem.

Obrigado, Sra. Presidente. Obrigado.

Presidente : Sr. Deputado Leonel Alves, faça favor. Presidente : Sr. Deputado Fong Chi Keong.

Leonel Alves : Senhora Presidente Quer responder à questão colocada pelo Sr. Deputado Leonel Alves?

Srs. Deputados. Fong Chi Keong : Sra. Presidente:

Na sequência da resposta dada ao pedido de esclarecimento do Sr. O Sr. Deputado Leonel Alves colocou várias questões. Segundo os Deputado Jorge Fão, gostava de dizer o seguinte: não há dúvida que a nossos contactos com o Governo, nomeadamente com aquela Assembleia Legislativa é o órgão competente para aprovar as especialista penal, ela acha inadequada a elevação da moldura penal. questões de natureza penal; é a que o diz! Todavia, a questão Ela falou deste aspecto. que aqui se coloca não é de natureza constitucional, mas de definição de política criminal que, normalmente, são definidas pelo Governo, Presidente : Relativamente às questões que o Sr. Deputado Leonel ou seja, o Código Penal e os principais diplomas de natureza penal Alves colocou, creio que... eu participei nas reuniões da Comissão, são sempre da lavra do Governo, sendo que o órgão com competência não em todas reuniões, mas quase todas. Presumo que, quanto a este constitucional para aprovar propostas de lei é, ainda hoje, a aspecto, o governo não tenha dado uma resposta muito explícita: sim Assembleia Legislativa. A Lei N.º 6/96/M que agora se pretende ou não. Como vêem, o Governo tem dados não oficiais e deu-os aos alterar teve origem numa proposta do Governo da altura. Lei que subscritores, aquando da elaboração deste projecto de lei, ou seja, no

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 16 período preparatório. Não sei como a 2.ª Comissão teve acesso lei, em termos legais, ao qual dou todo o meu apoio, mas acho que há àqueles dados. A 2.ª Comissão realizou um debate sobre este projecto mesmo problemas técnicos! Bem, de qualquer forma, há mesmo de lei e seis deputados assinaram-no e submeteram-no à AL. Na “lojas negras” em Macau? Há! Há mesmo! Até são tirânicas! O mais sequência da aprovação deste projecto de lei na generalidade, foi importante é se Governo tem que actuar a sério! A AL tem incumbida a 1.ª Comissão de apreciar, na especialidade, este projecto competência para proceder a alterações, independentemente de ter ou de lei. Durante este período, fui solicitada pelo Presidente da 1.ª não a cooperação do Governo...Tal como os três grandes códigos, se Comissão para pedir alguns dados ao Governo. Pedi ao nosso o Governo não os aplicar, temos de os reconhecer na mesma. A isto secretário-chefe que solicitasse os respectivos dados ao Governo. se chama política, se chama AL! Independentemente de as “lojas Porém, é lamentável… posso dizer-vos que a 1.ª Comissão não negras” serem tirânicas, de a tarefa ser complicada, temos de o fazer recebeu os respectivos dados do Governo. Acho que todos os na mesma! Gostava de dizer uma palavra do fundo do meu coração: Deputados da 1ª Comissão tomaram o conhecimento disso. Por isso, a antes de me ir embora, quero deixar aqui o desejo de ver este projecto 1.ª Comissão... os dados deles... Aquando dos trabalhos preparatórios de lei aprovado. Dou todo o meu apoio aos proponentes, quer no da 2.ª Comissão, sobre a elaboração deste projecto de lei, penso que, debate na generalidade, quer na especialidade. Quanto a isso, espero durante um ano, as opiniões recolhidas junto dos serviços do Governo obter o apoio do Governo, mesmo que não sejam aprovados todos os não foram muito concentradas, nem foram oficiais. Eu passei estas artigos... Compete ao Governo aplicar as leis. Há mesmo estas “lojas opiniões aos membros da 1.ª Comissão. Portanto, ao longo deste negras”, não podemos negar a sua existência! tempo todo, o Governo não se pronunciou expressamente sobre este projecto de lei. É com esta parte que queria complementar, dado que Obrigado, Sra. Presidente. tenho conhecimento das situações até a 1.ª Comissão ficar com estes trabalhos. O presidente da 1.ª Comissão pediu-me por várias vezes o Peço as minhas desculpas, Sra. Presidente. Permite que me retire fornecimento de dados. E eu enviei o secretário-chefe para os pedir, para a consulta médica? mas a resposta obtida foi: não se pode fornecer, por se tratar de documentos internos! Agora, não estou a atribuir a responsabilidade a Obrigado. ninguém, somente estou a dizer o que aconteceu durante aquele período. No tocante às questões do Sr. Deputado Leonel Alves, tem Presidente : Sr. Deputado Leong Heng Teng. ou não o acolhimento expresso por parte do Governo quanto a este projecto de lei? Eu sei, porque participei nas reuniões. A 1.ª Comissão Leong Heng Teng : Obrigado, Sra. Presidente. convidou uma especialista penal para elucidar a matéria. Creio que a opinião dela não pode representar a opinião do Governo porque, por Caros Colegas: final, o Governo não nos disse claramente a sua opinião. Uma especialista penal disse na 1.ª Comissão que há conflito entre o Quanto à apreciação na especialidade, nomeadamente no que diz a Código Penal e o Código de Processo Penal. Acho que a opinião dela respeito ao artigo 28.º, o Sr. Deputado Tong apresentou uma proposta não pode representar a opinião do Governo. para cancelar esse artigo.

Já apresentei o ponto de situação realizado neste período de tempo. Presidente : Sr. Deputado Leong Heng Teng: Não sei se o Sr. Deputado Leonel Alves ainda tem...neste contexto...faça o favor de usar da palavra, Sr. Deputado Chow Kam Como o Sr. Deputado Tong Chi Kin apresentou uma proposta ao Fai, David, porque ergueu o braço. submeter este projecto de lei…porém, outros Deputados ainda querem opinar sobre outra matéria, pode ou não… Faça favor. Leong Heng Teng : Sim, vou abordar essa questão. Quanto às Chow Kam Fai, David : Obrigado, Sra. Presidente. questões colocadas pelo Sr. Deputado Leonel Alves, uma vez que…

Tenho uma consulta médica marcada, estou adoentado. Gostava Presidente: Então, quer dizer que ainda não chegou a vez do artigo muito de mostrar a minha posição... mas, sou um membro da 28.º? Comissão também… Leong Heng Teng : Há pouco foi referido… Vou falar das situações do passado. Em 2000, eu e o Sr. Deputado Jorge Fão já tínhamos reparado nos problemas das “lojas negras”, Presidente : Porque há vários Deputados que pretendem saber mais pelo que submetemos um projecto de lei, sendo uma parte aprovada e na sequência da apresentação do Sr. Presidente da Comissão. Ainda outra chumbada. De entre a parte aprovada, consta também a não estamos…por isso, voltamos para atrás. O que o Sr. Deputado elevação da moldura penal. Quanto à elevação da moldura penal, Tong Chi Kin propôs relativamente ao artigo 28.º do artigo 1.º do comunicamos com o Governo, afirmando-lhe que não era necessário projecto de lei é bastante concreto, mas as questões que os Srs. apresentar um relatório. Na minha opinião, o Governo entendeu que Deputados Jorge Fão e Leonel Alves colocaram são questões ainda… não era viável a sua aplicação na prática. Portanto, a elevação da Ou seja, eles pretendem saber mais sobre o ponto de situação da moldura penal produz apenas a eficácia dissuasória. Na sequência da análise realizada pela Comissão. Se pretender abordar esta questão, assinatura dos seis colegas que se esforçaram muito nos respectivos eu… trabalhos, independentemente de ser membro ou não da Comissão, dialoguei com os funcionários públicos que me deram informação de Leong Heng Teng: Gostava de … que não reuniram as devidas condições para aplicar o projecto de lei, em termos técnicos. Os seis Deputados submeteram este projecto de Presidente : Faça favor.

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dois Srs. Deputados levantaram as questões, relativamente aos Leong Heng Teng : Peço desculpa, Sra. Presidente, mas a resposta trabalhos realizados pela Comissão…levantaram as questões e às que o Chefe do Executivo deu à Sra. Presidente da AL, no que se quais foi respondido. Já foi aprovado na generalidade há muito tempo. refere aos dois projectos de lei submetidos pelos nossos proponentes, Vamos agora proceder ao debate na especialidade dos artigos. refere que nos termos do disposto no artigo 75.º da Lei Básica: Segundo as regras, se já foi aprovado na generalidade, “…deve obter prévio consentimento escrito…”. Agora ficamos agora…gostava que não voltassem falar dos artigos no período da informados que esta matéria envolve estrutura política, por isso, generalidade. Já está aprovado! Acho que é possível, se os Deputados devemos apresentá-la ao Chefe do Executivo. No 2.º parágrafo, pretenderem obter mais informações sobre os trabalhos realizados correspondente à resposta do Chefe do Executivo, tem-se em conta pela Comissão, mas não se pode regressar ao debate na generalidade, que alguns artigos constantes do projecto de lei intitulado Regime em relação à elaboração deste projecto de lei. Espero que os Srs. Probatório Especial para a Prevenção e Investigação da Criminalidade Deputados cumpram estas regras, incluindo o Sr. Presidente da se viola o regime penal e os princípios consagrados. Na resposta só se Comissão. É necessário cumprir as nossas regras. Já foi aprovado na referiu a este aspecto, sem levantar objecção sobre este projecto de lei generalidade…agora, vamos concentrar-nos no debate dos artigos, que altera à lei n.º 6/96/M. Esta é a resposta do Chefe do Executivo. E porque já foi…isto também foi inédito: não tendo o parecer da a seguir, o Chefe do Executivo disse…não vou continuar a ler… isto Comissão, temos de votar os artigos um por um no Plenário, nos serve de informação. termos do artigo 118.º do Regimento da Assembleia Legislativa. Portanto, se não ficaram satisfeitos com os trabalhos realizados pela Em segundo lugar, notei que a Comissão fez estudos aprofundados Comissão, façam todas as perguntas de uma vez por todas e não e que foram ouvidos os especialistas. O Sr. Presidente da Comissão vamos debater na generalidade, porque na última sessão já o fizemos fez uma apresentação, revelando a realização de análises. Porém, suficientemente. queria dizer…sendo um dos proponentes, na última apresentação, respeitante à mesma matéria, citei alguns dados como referência Já vi que o Sr. Deputado Jorge Fão ergueu o braço várias vezes. previstos no Código Penal. Creio que estes dados são úteis para este Espero que não volte a falar dos trabalhos da Comissão. Já debate na especialidade. Gostava apenas de complementar com estas perguntaram e não façam mais estas perguntas. Se regressássemos ao informações. debate na generalidade, violavam-se as nossas regras. Não faz sentido hoje, se debatermos na generalidade, porque este projecto de lei já foi Obrigado. aprovado na generalidade no ano passado.

Presidente : Sr. Deputado Fong Chi Keong. Quer usar da palavra? Sr. Deputado Jorge Fão, faça o favor.

Fong Chi Keong : Sim, muito obrigado. Jorge Manuel Fão : Muito obrigado, Sra. Presidente.

Queria intervir em representação da Comissão. A alteração Em total respeito pelas instruções de V. Exa., não quero aqui principal constante deste projecto de lei à Lei n.º 6/96/M consiste em discutir nenhum aspecto técnico ligado ao projecto que subscrevemos, elevar a moldura penal. Na opinião da Comissão, o âmbito de nem tão pouco comentar as objecções da parte de alguns membros em aplicação e o grau das penalizações estão directamente ligados à vida, relação aos articulados, mas a explicação que nos foi dada não foi corpo, família, liberdade, bens e reputação do cidadão, por isso, trata- suficiente. Até porque não tivemos, ou eu pessoalmente, não tive se de matéria de grande importância. Quanto às questões de grande oportunidade de poder explicar, de viva voz, no seio da Comissão importância, o legislador deve ponderar e analisar com prudência, presidida pelo Sr. Fong Chi Keong, os motivos que teriam levado os sendo impossível elevar a moldura penal à toa. Dado que o legislador proponentes para apresentar este projecto. Por conseguinte, gostava deve fazer representar a justiça e a igualdade. Portanto, ao elaborar de poder explicar, em função daquilo que ainda há pouco foi referido uma lei e direito penal, deve-se estipular as penalizações até por V. Exa., os seis subscritores do projecto tiveram dificuldade correspondentes ao crime praticado equilibradamente. Os critérios porque a Administração não tem uma só voz; nós ouvimos, por acaso, equilibrados têm a ver com o sentido de valor do tempo. Isto é vários departamentos, entre os quais se destacam a Polícia Judiciária, bastante importante! Não podemos alterar as penalizações, elevar a as Forças de Segurança, o Ministério Público, a Direcção dos medida penal, devido aos casos isolados ocorridos em circunstâncias Serviços de Justiça, entre outros serviços e, precisamente, porque especiais, porque isto está muito ligado directamente ao cidadão. temos consciência de que a Administração não tem uma só voz, Tenho a certeza que os 27 Deputados aqui presentes não vendem estivemos incumbidos na melindrosa missão de se fazer uma opção produtos falsificados, nem usam aqueles meios ilegais para ganhar política. Acredito perfeitamente que em termos de alteração do lucro. Porém, temos de ser compreensíveis para com a classe média e Código Penal ou em termos de política penal é da competência da baixa que, às vezes, tenta arriscar-se, por não haver outra forma de Administração ou do Governo e, porque assim se constata, decidimos sobrevivência. pedir autorização à Administração para legislar nesse sentido. Já agora repiso numa questão que já foi esclarecida pelo Leong Heng Tenho dito. Teng, o Governo autorizou-nos. Melhor dizendo, o projecto ora analisado e discutido não mereceu, parece-me, qualquer objecção por Obrigado. parte da Administração! Segundo a resposta da Administração, que tenho comigo agora, o Governo não fez qualquer objecção a este Presidente : Srs. Deputados: projecto, mas a outro aqui também hoje discutido relativo ao “Regime Probatório especial para a prevenção”. No segundo parágrafo da Creio que este projecto de lei já foi aprovado na generalidade há resposta do Sr. Chefe do Executivo ele diz textualmente que: “Tendo bastante tempo, há mesmo muito tempo. Por isso, espero que…os em conta que alguns artigos constantes do projecto de lei intitulado

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Regime Probatório Especial para a Prevenção e Investigação da que não é possível a aplicação de um projecto de lei, claro que não Criminalidade, viola o regime penal e os princípios consagrados...”, podemos fazê-lo. Quanto a este projecto de lei, o Governo não nos etc., o que quer dizer que, em princípio, aquilo que agora se discute, emitiu um parecer final. Sim, até agora o Governo não disse que sim ao contrário, mereceu a concordância por parte da Administração. No nem que não. O governo já deu o consentimento, e nós decidimos entanto, também reconheço que, provavelmente, este projecto por nós quantos anos de prisão ou quais as penalizações. Acho que todos têm subscrito e apresentado não seja o melhor; é capaz de conter algumas conhecimento disso. Espero não voltar para trás, vamos fazer o que irregularidades ou aponte injustiças, ou até viole os direitos humanos... temos de fazer hoje. penso que é o que foi ventilado pela imprensa! Muito bem. Só que nós os proponentes nunca nos foi dada a oportunidade de explanar os Sr. Deputado Au Kam San: motivos que levaram à sua feitura. Porque eu tenho em frente de mim um parecer da própria Direcção dos Serviços de Justiça, assinado pelo Vi que ergueu o braço já várias vezes. Espero que não pretenda seu Director, Cheung Weng Chong, e que nos foi enviados a 20 de debater as questões na generalidade. Maio de 2004, é a própria direcção a informar que não concordar com o Ministério Público, que, por sua vez, tem uma opinião diferente da Au Kam San : Sim, obrigado, Sra. Presidente. Direcção dos Serviços de Justiça, do que se depreende que, colocando frente a frente um grupo de três juristas, teremos, muito Não vou levantar questões na generalidade. Gostava de fazer um possivelmente, três opiniões distintas. Por conseguinte, ou fazíamos esclarecimento e explicar…sendo membro da 1.ª Comissão, vou ou não fazíamos! Optando por fazer, corremos o rsico de apresentar explicar o backgroud dos respectivos dados. algo que, no fundo, não sabíamos se estava ou não bem elaborado, por isso falava há pouco da “opção melindrosa” que fizemos. A opção Em primeiro lugar, queria esclarecer o seguinte: o Sr. Presidente da foi fazer! Penso que aceitamos, aliás, sempre foi este o modus Comissão disse que estava a falar em nome da Comissão, na sua operandis desta Assembleia, que, quando os projectos baixem às última intervenção. Na realidade, não representa a Comissão, pelo comissões estas possam sugerir alterações e, eventualmente, menos não me representa, dado que discordo de uma parte da sua poderíamos ter aceite as sugestões e opiniões que nos tivesem intervenção. colocado, o que não se concretizou dado que não fomos “tidos nem achados” neste processo! Daí a razão de ser das duas perguntas que Em segundo lugar, é sobre o referido backgroud . Dou sempre apoio coloquei há pouco, que entidades terão sido ouvidas. Sei que duas a este projecto de lei e creio que este não é problemático, uma vez foram ouvidas e mais uma que não sei se apresenta em nome da que o Chefe do Executivo já emitiu um consentimento. Nos termos da Administração ou em representação da sua própria pessoa, que Lei Básica, a apresentação de projectos de lei e de proposta que disseram ser, como há pouco ouvimos, uma especialista que, na envolvam a política do Governo deve obter prévio consentimento minha opinião, se limitou a expressar a sua douta opinião e não a da escrito do Chefe do Executivo. Isto é um mecanismo para garantir Administração. De resto, a opinião da Administração em relação ao que os projectos de lei elaborados pela AL são viáveis, do ponto de referido projecto, que nos foi enviada pelo Sr. Chefe do Executivo, é vista administrativo. Tendo obtido o consentimento do Chefe do favorável, dado não ter colocado nenhuma objecçào mas sim em Executivo, creio que o presente projecto de lei é viável. O relação a outro que será ainda hoje discutido. Era este aspecto que consentimento escrito emitido pelo Chefe do Executivo refere apenas tinha para esclarecer, para não dificultar, depois, a votação do que alguns artigos constantes do projecto de lei intitulado Regime articulado. Probatório Especial para a Prevenção e Investigação da Criminalidade violam o regime penal e os princípios consagrados, mas não colocou Muito obrigado. objecções ao projecto de lei que se discute agora. Porém, é nossa vontade ouvir o Governo! Na realidade, insisti muito na Comissão Presidente : Espero que todos os Srs. Deputados cumpram as que fossem convidados representantes do Governo a participar no nossas regras. debate deste projecto de lei, o que deveria ser a expectativa do Chefe do Executivo. Não obstante, foi pena…não percebi por que razão, Creio que como foi elaborado este projecto de lei, como chegamos quando pedimos o envio de representantes ao Governo para debater a este ponto, nós todos os Deputados sabem muito bem. A 1.ª este projecto de lei (o consentimento demonstra a vontade de Comissão não chegou a apresentar uma versão com as alterações, por participar nas reuniões da Comissão por parte dos representante do falta de consenso. O Plenário tem a última palavra: será aprovado? Governo, quando necessário, de forma a aperfeiçoar este projecto de Será alterado? Não adianta nada se insistirem em interrogar por que lei), deslocou-se à Comissão uma representante do Governo, mas ela razão a Comissão não fez isto ou aquilo! Espero fazer o que se deve logo reiterou que a opinião dela não representava a opinião do fazer hoje: debater na especialidade! Devido à falta de consenso da Governo, mas sim a sua. Isto foi uma desilusão para todos nós. Na Comissão, temos de debater os artigos um por um. Quanto às verdade, o Governo não emitiu parecer nenhum! O que não questões na generalidade, tais como: como foi elaborado o projecto corresponde à expectativa do Chefe do Executivo. de lei? Como decorreu? O que está feito, está feito! O nosso objectivo de hoje é debater na especialidade e não é debater a adequação ou não Uma outra questão é, segundo o referido consentimento, será da elaboração deste projecto de lei. Tal como o Sr. Deputado Leonel apresentada à AL uma proposta para alterações a elaborar pelos Alves referiu que a AL tem competência na matéria, o que ele queria serviços públicos competentes, para referência. Porém, não saber é qual foi a atitude do Governo, o que não quer dizer que a AL apresentaram nada. O que dificultou muito a apreciação da 1.ª esteja sujeita à vontade do mesmo, em matéria de elaboração de Comissão! Como fazer o necessário ajustamento para situações em projectos de lei. A nossa AL pode actuar sozinha às vezes. Sim, que os princípios consagrados são violados? Aquela jurista disse aquando da elaboração de um projecto de lei, é necessário ouvir o apenas a opinião dela, afirmando que isto ou aquilo não é adequado, Governo, para se saber qual a sua atitude. E se o Governo responder mas quando questionada, não conseguiu dar-nos uma resposta ou deu

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 19 uma resposta pouco esclarecedora. Foram estes factores que artigo 28.º O número proposto acrescentar passa a ser o n.º 2.º ou n.º dificultaram a apreciação, conduzindo à impossibilidade da conclusão 3.º Caso o n.º 2 não seja eliminado, então o número proposto do relatório. Porém, de qualquer forma, gostava de ver este projecto acrescentar passa a ser o n.º 3. É proposto acrescentar mais um de lei aprovado. número. Presumo que os Srs. Deputados têm agora na mão a proposta de eliminação do n.º 2 do artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei, Obrigado. apresentado pelo Sr. Deputado Tong Chi Kin. Srs. Deputados, vamos proceder, nos termos regimentais, ao debate da proposta de Presidente : Sr. Deputado Cheung Lup Kwan, faça favor. eliminação.

Cheung Lup Kwan : Obrigado, Sra. Presidente. Leonel Alves : Se me dá licença, Senhora Presidente, o n.º 2 da proposta de alteração apresentado pelo Sr. Deputado Tong Chi Kin é, A Sra. Presidente reiterou que o projecto de lei já foi aprovado na salvo erro, igual ao actual n.º 2 do Artigo 27.º, o que é visível na generalidade, a meu ver, devemos continuar. Como já foi aprovado e versão portuguesa: “havendo negligência a pena é de um ano de do debate realizado pela Comissão nada resultou, então como prisão com multa até 60 dias”. Portanto, não foi apresentada qualquer prosseguir o debate? Não nos foi dado nenhum relatório! Por isso, à alteração em concreto! Parece-me que o que se pretende agora alterar cautela, é melhor procurar-se novamente uma solução para se é a redacção n.º 1 do artigo 28.º! proceder a uma revisão. O Governo adiou as resoluções da AL e nós temos de as fazer na mesma. Mas porquê? Por exemplo, os Obrigado. medicamentos produzidos pelas farmácias americanas são sempre os melhores do mundo, dizem eles, mas, decorridos três anos, foram Presidente : Sr. Deputado Leonel Alves: detectados problemas e mandaram parar a venda destes medicamentos e recolhê-los do mercado. Por isso, não se deve Agora vamos debater a proposta de eliminação. O Sr. Deputado afirmar que pelo facto de ser aprovado este projecto de lei na Tong Chi Kin propôs eliminar o n.º 2. do artigo 28.º do artigo 1.º do generalidade, temos que continuar com o debate. Se assim fosse, proposto de lei submetido por seis deputados e aprovado na aqueles medicamentos…sim, se o projecto de lei fosse aprovado com generalidade. Depois de efectuada a eliminação, ele ainda propôs negociações, quem seriam as vítimas, aquelas pessoas! Tal como acrescentar o n.º 2 do artigo 28.º da lei vigente ao projecto de lei que referiu o Sr. Deputado Fong Chi Keong: não são aqueles que aqui se discute agora. Bem, vamos debater a proposta de eliminação do n.º estão presentes, mas são aqueles comerciantes lá fora. A meu ver, 2 do artigo 28.º do artigo 1.º da versão já aprovada na generalidade. acho isso injusto! Na minha opinião, tendo em conta a justiça, deve- Ou seja: “A pena de prisão é de 2 a 10 anos e de multa até 800 dias”. se obter o consentimento do Governo, no que diz respeito ao Código Penal, depois disso, é que se pode legislar uma lei. Bem, se fosse Gostava de perguntar aos Srs. Deputados se alguém quer aprovado agora, seria impossível a sua aplicação. Pergunto: para que pronunciar-se sobre a eliminação do dito número? Sr. Deputado serve aprovar este projecto de lei? Seria um dispêndio de dinheiro do Leong Heng Teng. cidadão! Espero que quando os Deputados proporem uma proposta, tenham em mente o interesse do cidadão, não se pode decidir Leong Heng Teng : Obrigado, Sra. Presidente. simplesmente tendo em conta a boa vontade. Quanto à eliminação do respectivo número, tenho a seguinte Obrigado. opinião a dar:

Presidente : Vamos parar com isso! Vamos apreciar os artigos em Segundo os documentos que nos foram dados, incluindo os causa, porque o Regimento da Assembleia Legislativa prevê: “No pareceres da DSAJ, fizeram uma análise sobre o n.º 2.º do artigo 28.º, caso das comissões não apresentarem os seus relatórios, os projectos lembrando a necessidade de proceder a um tratamento prudente, entre de lei são submetidos à discussão e votação na especialidade em o presente projecto de lei e os princípios consagrados no regime penal Plenário”. Nesta conformidade, aprovar ou não o presente projecto de vigente. Há pouco, os proponentes já discutiram o assunto... claro que lei depende apenas da decisão dos 27 deputados. É esta a situação em não se pode afirmar ter-se chegado a um consenso, porém, a maior que se encontra a Comissão. O Regimento da Assembleia Legislativa parte dos proponentes apóiam a eliminação do número em causa. É já prevê tal caso: a Comissão não apresentou parecer, por falta de esta a opinião que eu queria dar, no que diz respeito a este assunto. consenso. Neste caso, o projecto de lei é submetido a Plenário. Agora, Tendo como base os documentos a que tivemos acesso: os vou deixar o Sr. Deputado Tong Chi Kin…o Sr. Deputado Tong Chi documentos emitidos pela Direcção dos Serviços de Assuntos de Kin já leu a sua proposta, que já fora distribuída aos Srs. Deputados. Justiça (DSAJ) anexos aos nossos dados assinados pela Sra. Vamos agora debatê-la, nos termos regimentais. O Sr. Deputado Tong Presidente da AL, eu e uma parte dos proponentes concordamos com Chi Kin apresentou uma proposta de eliminação do n.º 2 do artigo a eliminação, por considerarmos ser mais prudente. 28.º do artigo 1.º do projeto de lei. Por outras palavras, o n.º 1 do artigo 28.º do artigo 1.º deste projecto de lei, submetido por seis Obrigado. deputados e aprovado na generalidade…perdão, n.º 2. O Sr. Deputado Tong Chi Kin propôs a eliminação deste n.º 2. Além disso, o Sr. Presidente : Srs. Deputados: Deputado Tong Chi Kin propôs também que caso a eliminação do n.º 2 do artigo 28º do artigo 1.º deste projecto de lei proposto por seis Se ninguém colocou objecções à proposta de eliminação deputados seja aprovada…bem, ainda não se sabe se vai ser aprovada apresentada pelo Sr. Deputado Tong Chi Kin, vamos proceder à ou não... caso seja aprovada a eliminação do n.º 2, neste caso, o Sr. votação. Senhores Deputados, façam a vossa votação. Deputado Tong Chi Kin propôs ainda acrescentar um número ao

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(No decurso da votação) Ok. Obrigado.

Presidente : Votação terminada – Aprovada Presidente : Sr. Deputado Leonel Alves, faça favor.

Srs. Deputados: Leonel Alves : Muito obrigado, Sra. Presidente.

O n.º 2.º do artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei já foi Vou-me abster que é para não dizer que vou votar contra, uma vez eliminado. Agora procedamos à votação sobre a proposta apresentada que, tal como em relação ao n.º 2 do artigo, a punição é muito severa. pelo Sr. Deputado Tong Chi Kin, segundo a qual é proposto Mas em relação à redacção da alínea b) é muito vaga e em matéria acrescentar o n.º 2 do artigo 28.º da lei vigente ao projecto de lei penal quanto mais precisas forem as definições tanto melhor. Se o aprovado na generalidade que se discute agora. Vamos... parecer nada elucida o mesmo se pode dizer em relação à Nota Justifica que, talvez, seja útil apenas para efeitos interpretativos. Leonel Alves : Porque é que se pretende votar algo que já consta da Pressupõe-se que vai passar pois já saiu o resultado da anterior, mas lei e que já foi publicado em Boletim Oficial! É que isso já consta do alguém deveria esclarecer os objectivos desta alínea b) para em sede BO! de interpretação deste artigo haver menos dúvidas.

Presidente : Sim, sei, mas, quando o projecto de lei foi aprovado na Não estamos a falar da alínea b) do artigo 28.º-A ? generalidade, não constava deste número, por isso, em virtude de... Presidente: Da alínea b) ou da alínea 2)? Leonel Alves : Até nova publicação em BO. Leonel Alves : Estamos a falar do n.º2? Presidente : Concordo consigo, Sr. Deputado. Presidente: Sim, Sr. Deputado! Srs. Deputados, para que não haja mais confusões, este é um ponto que não vai ser submetido a votação, na medida em que já consta da Leonel Alves : Então evito ter que repetir e, daqui a pouco... lei vigente. Presidente : Bem, estão todos esclarecidos. O n.º 2.º do artigo 28.º Leonel Alves : Sra. Presidente, isso quer dizer que não é preciso da lei vigente continua a estar em vigor. votar? Vamos debater o artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei na Obrigado. especialidade. Gostava de perguntar aos Srs. Deputados... o n.º 2.º foi eliminado, e agora vamos proceder ao debate e votação na Presidente : Assim sendo, posso concordar. Na altura em que o Sr. especialidade do artigo 28.º do projecto de lei aprovado na Deputado Tong Chi Kin elaborava o projecto de lei... este projecto de generalidade. Façam o favor de opinar sobre este artigo. Caso lei foi aprovado na generalidade sem constar este número. Agora foi contrário, Senhores Deputados, façam a vossa votação do artigo 28.º referido este número por mera questão de ênfase. Assim sendo, do artigo 1.º do projecto de lei. concordo. O Sr. Deputado Tong Chi Kin pode também...creio que ele irá...faça favor. (No decurso da votação)

Tong Chi Kin : Obrigado, Sra. Presidente. Presidente : Votação terminada – Aprovada.

O Sr. Deputado Leonel Alves tem razão. A minha ideia era apenas Srs. Deputados: colocar no n.º 2.º seis pontos, o que significa que o n.º 2.º da lei vigente se mantém. Queria só substituir esta redação com seis pontos Vamos agora debater na especialidade o artigo 28.º - A do artigo 1.º ou colocar a redação dentro dos parênteses. Pretendia que todos do projecto de lei. Sr. Deputado Tong Chi Kin. percebessem por que razão o número 2.º se mantém inalterado. A redação dentro de parênteses é igual à da lei vigente. Porém, devido à Tong Chi Kin : Obrigado, Sra. Presidente. falta do tempo, foi feito isto. Bem, não seria melhor apresentar uma proposta? Pensei eu. Na realidade, na folha que têm na mão deviam Com a mesma fundamentação, proponho eliminar o n.º 2.º do estar apenas os seis pontos, com a redação igual à da lei em vigor. Sra. artigo 28.º - A - Fraude relativa a serviços, deste projecto de lei. Presidente, se for necessário, posso retirá-la. Presidente: A minha segunda proposta de alteração é acrescentar Presidente : Sim, retire-a. aqui o n.º 2.º do artigo 28.º da lei vigente n.º 6/96/M, utilizando o mesmo método que usamos para o artigo 28.º aprovado há pouco. Em Tong Chi Kin : Aquele aditamento... devem perceber que o n.º 2.º suma, proponho uma proposta de eliminação e outra de alteração. do artigo 28.º da lei vigente... Srs. Deputados: Presidente : Continua a estar em vigor. Quanto ao artigo 28.º-A do artigo 2.º do projecto de lei, temos Tong Chi Kin : Mantém-se inalterado. agora duas propostas do Sr. Deputado Tong Chi Kin: a 1.ª proposta é eliminar o n.º 2.º; a 2.ª proposta é…bem, atendendo a que o artigo

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28.º-A é um artigo novo, se for eliminado o n.º 2.º…ora bem, a eliminação do n.º 2.º vai ser aprovada ou não…o Sr. Deputado Tong Obrigado. Chi Kin tem uma proposta de alteração que é passar o n.º 2.º do artigo 28.º da lei vigente para o presente projecto de lei. Presidente : Estamos a debater o n.º 2.º do artigo 28.º-A do artigo 2.º do projecto de lei. O Sr. Deputado Tong Chi Kin apresentou uma Gostava de perguntar…vamos debater primeiro a proposta de proposta de alteração, uma vez que a eliminação do n.º 2.º já foi eliminação. Façam o favor de opinar sobre a proposta. Gostava de aprovada há pouco. Quanto a isso, se ninguém tem objeções, perguntar aos Srs. Deputados se alguém pretende pronunciar-se sobre passemos à fase de votação. Aquela redação é igual à do n.º 2.º do a eliminação do n.º 2.º do artigo 28.º-A. Quem quer opinar? Sr. artigo 28.º da lei vigente. Srs. Deputados, façam a sua votação. Deputado Leong Heng Teng. (No decurso da votação) Leong Heng Teng : Obrigado, Sra. Presidente. Presidente : Votação terminada – Aprovada Caros Colegas: Agora voltemos à redação do artigo 28.º-A do artigo 2º. do projecto Pelos mesmos motivos, a maioria dos proponentes apóia esta de lei. A eliminação do n.º 2.º já foi aprovada, a alteração do n.º 2.º do eliminação. artigo 28.º- A também foi aprovada, estando neste artigo contidas as alíneas a) e b). Obrigado. Sr. Deputado Leonel Alves, pode usar da palavra. Presidente : Srs. Deputados: Leonel Alves : Muito obrigado, Sra. Presidente. Vamos proceder à votação sobre a proposta de eliminação do n.º 2.º do artigo 28.º-A do artigo 2.º do projecto de lei. Sra. Presidente, eu julgo que a Assembleia Legislativa é soberana, não é? O meu receio é que uma norma destas muita haja que vá parar Srs. Deputados, façam a vossa votação. à cadeia! Designadamente no caso dos hotéis que ostentam a designação de hotel de 5 estrelas, mas que acaba por não prestar o (No decurso da votação) serviço a esse nível, move-se então em processo no tribunal e continua a manter as 5 estrelas, vai ter que se justificar e haverá Presidente: Votação terminada – Aprovada. muitos processos. Este é o meu receio e penso que não é muito adequada à realidade de Macau. Vamos debater a proposta apresentada pelo Sr. Deputado Tong Chi Kin, em relação à alteração ao n.º 2.º do artigo 28.º-A do artigo 2.º do Obrigado. projecto de lei. Em relação ao projecto de lei, Srs. Deputados, façam o favor de opinar. Presidente : Queria perguntar quem pode dar uma explicação mais pormenorizada? Sr. Deputado Leonel Alves, faça favor. Sr. Deputado Leong Heng Teng, faça favor. Leonel Alves : Peco desculpa, Sra. Presidente antecipei-me. É que a achega que eu fiz era em relação à alínea b) do n.º 1, mas vou deixar Leong Heng Teng : Vamos comparar os dois artigos: o artigo 28.º para mais tarde. Em relação à alínea 2) nao tenho quaisquer dúvidas. refere-se à fraude mercantil e o artigo 28.º-A refere-se à fraude relativa a serviços. Aquando do debate, detectamos que às vezes a Obrigado. fraude mercantil pode não se relacionar com mercadorias. Por exemplo, tomam-se compromissos, alegando que os serviços são Presidente : Sim, Sr. Deputado. prestados com qualidade mas, na realidade, não são prestados a esse nível. Este era um conceito abrangente e muito vago. Nesta Queria perguntar ao Sr. Deputado Leonel Alves...agora estamos a conformidade, nós redigimos um parecer sobre a redação, juntamente debater o artigo 28.º-A. O n.º 2.º do artigo 28.º-A já foi eliminado. com os colegas dos nossos Serviços de Apoio. Por isso, o Sr. Deputado Tong Chi Kin propôs passar o n.º 2.º do artigo 28.º-A da lei vigente para este projecto de lei. Repito, o n.º 2.º Basicamente foi esta a ideia. Podemos ainda fazer uma achega dos do artigo 28.º. demais aspectos, porque os nossos colegas juristas, Sr. Pedro e o Sr. Lei Hon Lam, colaboraram connosco. Os nossos colegas começaram Leonel Alves : Sra. Presidente, tanto a alínea a) como a alínea b) a elaborar este projecto de lei desde 2002 e, quando debatíamos esta contêm conceitos vagos. Aliás, também o Presidente da Comissãim matéria, propomos aditar esta parte. Não obstante, em relação àquela aquando da apresentação dos trabalhos de análise dos projectos, salvo redação, o Sr. Deputado Leonel Alves disse, e bem, que de facto era erro, refere-se a “expressões vagas” e, como ainda há pouco disse, em necessário estudar cuidadosamente esta matéria para haver melhorias. matéria penal convém evitar ao máximo a utilização de conceitos Falando da explicação...eu já expliquei este aspecto. Espero que vagos. No pressuposto de que isto vai ser aprovado, se fosse possível, possam contribuir com sugestões e opiniões os proponentes, os deveria haver quem se dignasse em esclarecer ou pormenorizar em colegas dos Serviços de Apoio e os colegas da AL, de forma que se Plenário os objectivos porque isso pode ser muito útil em sede de possa melhorar o trabalho. interpretação futura.

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Presidente : Sr. Deputado Leong Heng Teng: como referiu o Sr. Deputado Cheung, vou viajar em excursão, e todos dizem que é uma excursão de luxo, mas como definir este luxo? A sua intenção é ou não convidar os outros deputados ou os dois Quanto aos hotéis de cinco estrelas, a fronteira é mais clara, uma vez colegas que colaboraram na elaboração do projecto de lei a que um hotel de cinco estrelas é reconhecido por instituição explicarem-se melhor? internacional. Bem, dizem todos que a excursão é de luxo, afinal, findo a viagem, acham que a qualidade dos serviços prestados foi Leong Heng Teng : Eu já dei uma explicação bem esclarecedora inferior: o transporte incómodo e a comida de fraca qualidade. Mas, em relação a esta questão. Em termos de chinês escrito, por exemplo, não é possível confundir um hotel de quatro estrelas com um hotel de a alínea b), tal como o Sr. Deputado Leonel Alves referiu: “Cobrar cinco estrelas! O exemplo que dei é de uma simples excursão... este é despesas com serviços, mediante a indicação de preços de forma que o primeiro ponto. O segundo é: eu tenho um negócio de restauração lhes possa causar confusão”. Quanto a isso, a nossa opinião é que esta em Macau, o negócio seria muito difícil! Porquê? Porque dizem, com redação é bem clara. Claro que é possível que seja ainda mais clara. certeza, que aquele restaurante é luxuosamente decorado, de espaço Creio que os colegas que elaboraram o projecto de lei podem dar uma muito confortável e limpo e com um serviço de boa qualidade, etc. ajudinha na explicação, se ainda se recordarem bem do assunto. Não há ninguém que não promova o negócio desta forma! Mas, quando chegaram àquele restaurante, o que encontraram era tudo Obrigado. inferior! Então, é um espaço confortável? Há quem costume frequentar restaurantes luxuosamente decorados no valor de mais de Presidente: Gostava de perguntar qual é o Sr. Deputado que dez milhões de patacas e depois? Portanto, acho que a aplicação desta pretende acrescentar mais alguma coisa? lei é muito difícil, causando muita controvérsia e dificuldade na sua exploração. Vejam a alínea b): “Cobrar despesas com serviços, Sr. Deputado Cheung Lup Kwan: mediante a indicação de preços de forma que lhes possa causar confusão”. Bem, vou falar em primeiro lugar na tabela de preços. Agora estamos a debater um artigo concreto. Tenho negócios em Macau há muito tempo, nunca me apresentaram uma tabela de preços aceitável. É verdade! Acho uma confusão, Cheung Lup Kwan : O que queria...quanto à fraude relativa a sempre que me apresentaram uma tabela de preços sobre uma serviços, pretendem uma explicação pormenorizada? Então, acho que actividade ou obras de decoração! Poderia considerar-se “causar é muito...por exemplo, há serviços que são classificados em 1.ª confusão”, se eu acho que o nível não é suficiente; ou foi intencional categoria e em 2.ª categoria, mas como definir esta 1.ª categoria? para extorquir dinheiro; ou o nível é inferior devido ao facto de ser Como definir a fraude? Em relação a estes critérios, eu classifico uma empresa pequena; ou não conseguiu satisfazer as exigências por estes serviços em 1.ª categoria, porém, estes podem ser classificados não saber como apresentar uma tabela de preços; ou a mesma tabela em 1.ª categoria na China Continental e em Hong Kong, mas com tem falta de qualquer coisa? De certo que são cobradas despesas com critérios diferentes. Há igualmente uma diferença entre os hotéis de serviços, depois da apresentação de uma tabela de preços. E depois? cinco estrelas de Macau e os de Hong Kong. Então, como definir a A meu ver, isto faria com que se perdesse mais do que se ganhasse! fraude? Por exemplo, vou “Iam cha”, acho que a sopa que me Pretende-se corrigir certas situações e acaba-se por causar muitos e serviram está sem sal, foi-me trazida outra sopa mas salgada, não muitos problemas. Perante esta situação, ninguém sabia actuar acho bem. Considera-se isto uma fraude? Então, toda a gente cometia correctamente! Quanto à “fraude relativa a serviços”, acho isso pouco fraudes, ninguém fazia negócio e fechavam-se as portas. Pensem: praticável. Por exemplo, pretende-se elevar a qualidade de serviços, todos os deputados presentes seriam fraudulentos! Ou seja, nós os dá-se treino ou formação aos empregados para recomendar comida à deputados estaríamos sempre a enganar os cidadãos! Por isso, clientela, elogiando o paladar da mesma. Finalizada a refeição, o elaborar uma lei como esta não é correcto, sem um ponderação cliente diz: Mentiu-me! A maneira de recomendar a comida não está cuidadosa. correcta! Foi-me recomendada a “garoupa tigre”, mas não estava saborosa! E depois? Haveria via legal para recorrer? A polícia Presidente : Sr. Deputado Leonel Alves, faça favor. aceitaria a participação? E ainda tinha de comparecer perante o juiz. Acho que situações como estas iriam aparecer. É importante melhorar Leonel Alves : Sra. Presidente, a negligência também é punível e a redação do artigo 28.º-A - “Fraude relativa a serviços”, de modo a não apenas a intenção. Quer dizer, também os “factos negligentes” permitir a sua aplicação e a exploração dos negócios com menos são puníveis. dificuldade.

Obrigado. Obrigado.

Presidente : O Sr. Deputado Chan Chak Mo deseja usar da palavra? Presidente: Srs. Deputados:

Chan Chak Mo : Vou intervir em torno da matéria abordada pelos Atendendo a que a 1.ª Comissão não apresentou proposta de Srs. Deputados Cheung e Leonel Alves. Ou seja, em torno do artigo alteração hoje em Plenário, espero que os proponentes ouçam as 28.º-A – Fraude relativa a serviços. A meu ver, este artigo contém diversas opiniões. Claro que qualquer membro da 1.ª Comissão ou expressões muito vagas e a sua aplicação é muito débil! Já levantei qualquer Deputado pode contribuir com as suas opiniões para que a esta questão, dando vários exemplos, aquando da aprovação deste redação fique mais explícita e viável, dado que alguns deputados projecto de lei na generalidade. Não seria melhor utilizar-se a apresentaram as suas dúvidas sobre o artigo 28.º-A. Os deputados expressão “Fraude relativa ao método de exploração”, em vez de usar colocaram dúvidas sobre a redação desse artigo. a expressão de “Fraude relativa a serviços”? Dado que o método...não sei se esta ideia é melhor ou não, mas foi o que me ocorreu agora. Tal Sr. Deputado Leong Heng Teng.

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Uma camisola na China pode ser eventualmente mais cara do que Leong Heng Teng : Antes de os colegas se pronunciarem, vou noutros sítios, devido à diferença fiscal. A isso chama-se fraude? Da tentar dar uma explicação. mesma forma, a loja A vende produtos mais baratos do que a loja B... acho que foi uma explicação parcial. Se a base legal é tão débil, seria Relativamente às alíneas a) e b) do artigo 28.º-A, vamos fazer uma inútil legislar este projecto de lei! Uma vez que todas as pessoas comparação com o artigo 28.º: as mercadorias e os serviços são estariam na prisão por serem facilmente acusadas por tudo e por nada. assimétricos, porém, têm ambos uma relatividade. Além disso, o n.º Por isso, a meu ver, esta matéria carece de muita prudência da parte 1.º prevê claramente que sem prejuízo dos usos e costumes do de todos nós. comércio, quem prestar serviços utilizando as seguintes formas. Atenção: as seguintes formas! Estipula ainda uma condição crucial: Obrigado. “com intenção de enganar os consumidores nas relações negociais”. Com intenção! Pergunta-se se faz confusão “as seguintes formas?” Presidente : Sr. Deputado Leonel Alves, faça favor. Até à presente data, não temos alternativas, pelo menos...tendo em conta a precisão do texto, nós, sendo proponentes, após a recepção Leonel Alves : É que eles podem aproveitar-se disso para fazer deste parecer, não procedemos imediatamente...porque não chantagem. recebemos os respectivos dados, pelo que não reunimos condições para proceder ao tratamento necessário. Peço imensas desculpas. Obrigado.

Vamos ver se os colegas têm algo a esclarecer... Presidente: Gostava de perguntar aos Srs. Deputados, uma vez que os dois Srs. Deputados responsáveis pela elaboração do presente Presidente : Faça favor, Sr. Deputado.. projecto de lei já tentaram explicar a intenção inicial, se podemos proceder à votação na especialidade do n.º 1.º do artigo 28.º-A, já que Vong Hin Fai : Sra. Presidente. os outros já foram aprovados. Alguém quer opinar? Sra. Deputada Kwan Tsui Hang. A nossa principal intenção na elaboração da alínea b) do artigo 28.º- A já foi explicada pelo Sr. Deputado Leong Heng Teng. Será Kwan Tsui Hang : Sra. Presidente: ambígua ou confusa a expressão “as seguintes formas? ” Bem, vejamos a alínea c) do n.º 1.º do artigo 28.º correspondente, que há Gostava de explicar o background da expressão: “Com indicação pouco foi aprovada. A alínea c) do n.º 1.º do artigo 28.º prevê-se que de preço que lhe possa causar confusão”. Recordo-me que, nessa mercadorias com indicação do preço ou da unidade de medida, de altura, acontecia, com frequência, no sector do turismo em Macau o forma que lhes possa causar confusão. Quando elaborávamos esta seguinte: estão colocadas as plantas da medicina chinesa com os alínea b) do n.º 1.º do artigo 28.º- A, que se discute agora, tivemos em preços indicados, mas a forma desta indicação leva facilmente os mente a redacção daquela alínea c). Na realidade, durante a consumidores a pensarem que aquele preço era por um cate mas, só elaboração deste artigo, recordamo-nos de que, nos anos anteriores, depois de terem sido cortadas as referidas plantas, (atenção: o os aplicadores de lei estiveram presentes na AL para discutir esta consumidor ainda não pagou, mas depois de serem cortadas as plantas, matéria: de facto, verificam-se com frequência fraudes relativas a o consumidor não pode recusar-se a pagar) é que foi dito ao mercadorias e serviços. Como poderão causar confusão? Cada consumidor que aquele preço indicado não era por cate, mas sim por situação insere-se num espaço concreto e real! Esta é a razão pela tael. Presumo que foram estes incidentes que levaram a 2.ª Comissão, qual adoptámos esta redacção. Para melhor esclarecimento, repito que aquando do debate, a regular tal situação. Já que estes são esta redacção da alínea b) corresponde à alínea c) do n.º 1.º do artigo expressamente uma fraude! De facto, os preços não são indicados de 28.º. uma forma clara e as informações fornecidas levam as pessoas a entenderem, por falta de conhecimento, a forma do cálculo. Porém, Para esta matéria, os colegas podem ainda complementar com mais quando sabem dos preços reais, estas plantas da medicina já foram dados. cortadas. Portanto, aquele artigo foi elaborado, tendo como base estes incidentes ocorridos. Agora, se acham que a redacção não é clara… Presidente : As questões colocadas pelos Srs. Deputados Na realidade, a redacção foi redigida com base nos referidos relacionam-se não só com a alínea a), como também com a alínea b): incidentes. Se pretendem uma explicação, então, limitamo-nos a como definir? As mercadorias são palpáveis, mas os serviços são explicar que o artigo em causa foi elaborado devido àquela situação. flexíveis. Vários deputados colocaram a mesma questão: acha que os A nossa ideia inicial era que a Comissão fizesse alterações durante o serviços prestados foram bons, e considero que foram muito bons, debate, mas, como não foi possível que a respectiva Comissão podia até achar muito maus. Portanto, trata-se de uma questão pessoal. fornecesse as condições necessárias para proceder a Em relação ao mesmo assunto, as pessoas têm critérios diferentes, em alterações…portanto a matéria ficou agendada para ser debatida hoje termos de veracidade do mesmo. Presumo ser esta a ideia em Plenário. Creio que foi por causa disso que surgiu este tipo de generalizada das questões levantadas pelos deputados. Por isso, situação. Confesso haver vícios neste projecto de lei, não obstante, a espero que...vi o Sr. Deputado Cheung Lup Kwan erguer o braço. nossa intenção não foi tão simples como os exemplos fornecidos pelo Pretende opinar em relação a quê? colega, relativos aos hotéis de 5 estrelas. O respectivo critério não foi definido com base nos exemplos dados, mas, sim, em factos muitos Cheung lup Kwan : Sra. Presidente: concretos! É muito fácil encontrar exemplos deste género, dado que ocorreram estes incidentes na realidade. Acho que a explicação dele é parcial, já que este assunto já foi discutido anteriormente. As mercadorias são também assimétricas! Obrigada.

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Gostava de ser elucidado, acerca deste respeito. Talvez não tenha Presidente : Srs. Deputados: ouvido bem, parecendo-me que foi dito que se considera crime a violação de todo o artigo. Presumo que o objectivo da colocação das respectivas questões dos Deputados foi para que fossem esclarecidos, claramente, quanto à Presidente : Sr. Deputado Cheang Chi Keong: intenção legislativa inicial, antes da votação. Quanto à redacção, é precisa uma explicação dos proponentes para os deputados ficarem Faça favor. elucidados. Para isso, espero que seja bem esclarecida a intenção inicial legislativa na altura da elaboração, no caso de haver Cheang Chi Keong : A meu ver…obrigado, Sra. Presidente. Deve ambiguidade, para que não dê origem a situações pouco claras no ser compreensível a preocupação de todos relativamente ao artigo futuro. 28.º- A “fraude relativa a serviços”. Os serviços são muito abstractos. Por exemplo, na alínea a) do artigo 28.º- A está estipulado o seguinte: Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, quer dar uma explicação? Faça “prestar serviços de natureza diferente ou de qualidade ou quantidade favor. inferiores às afirmadas…” Há armadilhas espalhadas em todo o lado! Porém, talvez fosse melhor, que houvesse somente o n.º 1.º. do artigo Ng Kuok Cheong : Obrigado, Sra. Presidente. 28.º- A, uma vez que o n.º 1.º define a intenção de “quem”. Logo no início do n.º 1.º do artigo 28.º-A, está estipulado: “quem” tem a Tendo em conta o artigo 28.º, foi aditado o artigo 28.º - A. A intenção de cometer a seguinte fraude…”, então este “quem” é intenção inicial legislativa, durante a nossa participação, foi: punido. Agora, o problema prende-se com o aditamento do n.º 2.º! estávamos conscientes de que hoje em dia se verifica uma situação Tal como os nossos colegas referiram, com o aditamento do n.º 2.º, a mista, em termos de fornecimento de mercadorias e de prestação de negligência também é punida. Como punir um acto por negligência? serviços. Nessa altura, trocamos opiniões com os juristas que nos Um ano de prisão? Não sei se esta questão foi ou não ponderada pelos deram colaboração e detectámos que, perante esta situação mista, é proponentes, aquando do aditamento deste n.º 2.º. Sabemos que o mais apropriado aditar um artigo destinado a regular uma fraude aditamento do n.º 2.º não foi a proposta dos proponentes, o que os relativa a serviços. Após estudo pormenorizado e debate por mais de proponentes sugeriram foi as alíneas a), b) e c) do n.º 2.º inicial. um ano, no âmbito da Comissão, há algumas questões com as quais Dados que os proponentes não ponderaram esta questão, não era ficámos preocupados e debatemo-las, daí, descobrimos que, tal como possível referir...foi colocada uma questão há pouco: a negligência é o artigo 28.º, não se pode interpretar parcialmente este artigo. Ou seja, punida. Se assim for, então, é controverso! O n.º 1.º do artigo 28.º - A não se pode interpretar que se eu violar o disposto numa das alínea a), já nos preocupou. Para quem tem intenção de…é compreensível, b), c), sou punido; mas sim, só sou castigado se violar todo o artigo, porque tem um propósito e vai…mas, não deve ser um problema para incluindo “…com intenção de enganar os consumidores nas relações quem não tem o intuito de enganar os outros. No entanto, a comerciais, sem prejuízo dos usos e costumes do comércio”. E esta negligência é punida! Esta questão é uma questão bem grave! forma de “enganar” está estipulada nas alíneas a), b) e c), ou a) e b). Presumo ser necessário esclarecer bem o disposto nos n.ºs 1.º e 2.º do Só é punido quando o “enganar” for praticado seguindo as formas artigo 28.º- A. Dado que o n.º 2.º inicial foi substituído por este n.º 2.º. estipuladas nas alíneas a), b) e c). Não se pode interpretar Este n.º 2.º é igualzinho ao n.º 2.º do artigo 28.º Isto para mim é parcialmente, tem de se ter em mente todo o artigo! Esta situação preocupante. assemelha-se ao artigo 28.º Estou também preocupado, porque na altura da elaboração deste projecto de lei, propusemos inicialmente Presidente : Sr. Deputado Cheung Lup Kwan. eliminar o n.º 2.º do artigo 28.º, ficando assim excluída a “negligência”. Porém, agora há pouco levantei objecção contra…sim, Cheung Lup Kwan : Dou todo o meu apoio ao Sr. Deputado foi aditado agora um novo texto relativo à negligência. Portanto, Cheang Chi Keong…ele próprio ficou também nervoso, por ser pergunto: o texto inicial relativo à intenção de enganar os proveniente do sector da banca, onde é possível verificarem-se consumidores não ficaria afectado pelo aditamento desse texto situações em que um grande número de consumidores seja enganado relativo à negligência? Isso preocupa-me um pouco. Não obstante, por negligência, uma vez que há uma diferença na taxa de juro para não vi nada de problemático na nossa intenção inicial legislativa, depósito de dinheiro e empréstimos. Só este tipo de situação já é aquando da elaboração deste projecto de lei. muito problemático. Caso seja aprovado este projecto de lei, todos aqui presentes estariam numa situação muito perigosa. Presidente : Sr. Deputado Leonel Alves. Presidente : Sr. Deputado Tong Chi Kin. Ergueu o braço? Não? Sr. Deputado Chan Chak Mo, quer intervir? O Sr. Deputado Leonel Alves, quer intervir? Chan Chak Mo : Obrigado, Sra. Presidente. Leonel Alves : Peço imensa desculpa, Sra. Presidente. Não volto a Relativamente à intervenção do Sr. Deputado Ng Kuok Cheong, repetir... gostava de ser esclarecido. Talvez não esteja bem elucidado, no que diz respeito a esse texto. Por exemplo, a fraude de mercadorias Obrigado. prevista no artigo 28.º: “sem prejuízo dos usos e costumes do comércio”. Sim, está bem clara a definição da intenção de enganar os Presidente : Sr. Deputado Tong Chi Kin, faça o favor de dizer. consumidores. Há pouco, o Sr. Deputado Ng Kuok Cheong explicou que se considera crime a violação das todas as alíneas a), b) e c), mas, Tong Chi Kin : Sra. Presidente: a meu ver, bastava violar uma delas, por exemplo, a). É ou não é?

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Gostava de propor um intervalo de 15 minutos. Percebeu ou não? Com o mesmo raciocínio, antes do intervalo, o Sr. Deputado Leonel Alves referiu ser desnecessário votar o n.º 2.º do Presidente : Está bem. Vamos descansar 15 minutos. artigo 28.º nesta Casa. Agora o raciocínio é igual, o artigo 8.º já consta da lei vigente, para quê alterar agora a lei vigente? Este artigo Tong Chi Kin: Já se levantou antes da autorização da Sra. já consta da lei actual, pelo que a sua existência é desnecessária. Presidente? Leong Heng Teng : O que já consta da lei vigente, nós, os (Intervalo) proponentes vamos retirar. Quer dizer que é desnecessário votar. Sendo proponentes, devemos retirá-los. Presidente : Srs. Deputados: Presidente : Sr. Deputado Leong Heng Teng: Vamos prosseguir a sessão. Percebeu a minha explicação? Vamos proceder à votação do n.º 1.º do artigo 28.º - A. Leong Heng Teng : Peço desculpas, Sra. Presidente, podemos Srs. Deputados: trocar opiniões?

Vamos proceder à votação na especialidade do n.º 1.º do artigo O artigo 8.º foi proposto pelos proponentes para alterar. O artigo 8.º 28.º- A. Srs. Deputados, façam a sua votação do n.º 1.º do artigo 28.º - original dizia respeito à atenuação especial ou dispensa de pena. Este A do artigo 2.º do projecto de lei. Façam a vossa votação. artigo proposto diz que pode dar lugar à atenuação especial ou à dispensa de pena se forem infringidos os artigos 20.º, 21.º e 28.º. Ou (No decurso de votação) seja, a atenuação especial é sujeita a certas premissas. Estou a dizer que se forem retirados o artigo 8.º e o artigo 28.º…há pouco foi Presidente : Votação terminada. levantada uma questão: o artigo 28.º passou a ter mais o n.º 2.º onde se prevê que a negligência é punida. A lógica inicial foi que a Srs. Deputados: negligência é punida. Vamos ver o artigo 8.º proposto: “…não é punido, se o infractor remover voluntariamente o perigo por ele O n.º 1.º do artigo 28.º- A do artigo 2.º do projecto de lei não foi causado e espontaneamente reparar o dano causado”. Tendo isto aprovado. Nestas circunstâncias…há instantes, votámos primeiro, em como base, concordo incluir o artigo 28.º no artigo 8.º. Se os termos regimentais, a proposta de eliminação, seguida da proposta de proponentes os retirarem, então a votação deste artigo é escusada. alteração. A proposta de alteração respeitante ao n.º 2.º do artigo 28.º- Caso contrário, seria necessário votar este artigo 8.º proposto. Na A foi aprovada, porém, o n.º 1.º do artigo 28.º- A não foi aprovado, votação, na especialidade, podemos retirá-lo? nestes termos, temos de votar o n.º 2. do artigo 28.º- A para o revogar. Uma vez que o n.º 1.º. do artigo 28.º - A não foi aprovado, não faz Presidente : Podem, podem. sentido existir o n.º 2.º. De qualquer forma, vou colocar em Plenário a votação do n.º 2 do artigo 28.º- A para o revogar. Srs. Deputados, Leong Heng Teng : Retiramos tudo? façam a vossa votação. Presidente : Após a aprovação, na generalidade, podem na (No decurso de votação) especialidade…

Presidente : Votação terminada - aprovada. Leong Heng Teng : Não colocaria em causa aquela questão se for tudo retirado? Mas, na especialidade…se o Regimento da Assembleia Atendendo a que o n.º 1.º do artigo 28.º- A não foi aprovado, vou Legislativa não permite, pretende-se então propor a eliminação. Após colocar o artigo 8.º do artigo 1.º do projecto de lei…a lei vigente essa eliminação, o que está na lei vigente continua em vigor. Posso consta já deste artigo, incluindo o artigo 28.º também. Nesta interpretar assim? Sim ou não? O meu receio é, revogando este artigo, conformidade, é desnecessária a existência do artigo 8.º. Entenderam? colocaria em causa os artigos 20.º e 21.º. Se a eliminação não Repito: como o artigo 8.º já consta da lei vigente, vamos votar a sua implicar esta questão, não temos objecções. exclusão. Uma vez que a lei vigente já consta deste artigo e do artigo 28.º, que foi aprovado há pouco. Não faz sentido votar um artigo que Presidente: Sr. Deputado Leong Heng Teng: já consta da lei vigente. Não sei se ficaram todos esclarecidos…o artigo 8.º foi elaborado com base nos artigos 20.º e 21.º…mas a lei Há apenas uma diferença que é: constam da lei vigente os artigo vigente já consta deste artigo e do artigo 28.º Existe já este artigo e 20.º, 21.º e 28.º. Esta é a única diferença! Se vocês…o projecto de lei não faz sentido votar…ainda têm dúvidas? Caso contrário, foi aprovado na generalidade com a exclusão dos artigos 28.º. Agora, vamos…Sr. Deputado Leong Heng Teng, tem dúvidas? o que estava a explicar é: se entenderem que o artigo 28.º está abrangido pelo artigo 8.º, não existe o artigo 28.º, porque já consta da Leong Heng Teng : Francamente não percebi. Não se importa de lei vigente. Se os proponentes insistirem em dizer que o artigo 28.º repetir mais uma vez? fala da atenuação e dispensa, isso é outra questão. Não sei se me expliquei bem ou não…porque ouvi há um pouco que pretendia Presidente : Como este artigo já consta da lei vigente, tal como foi incluir o artigo 28.º …este artigo 28.º já consta da lei vigente. referido pelo Sr. Deputado Leonel Alves, o n.º 2.º do artigo 28.º já consta da lei vigente, por isso, escusamos de aditar mais alguma coisa.

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Leong Heng Teng : Nós, os proponentes, não fazemos nada em relação ao artigo 8.º do projecto de lei ora em apreciação, então, é Au Kam San: Se for eliminado esse artigo…a ideia inicial dos necessário votarmos esta decisão. proponentes é: as penas de fraude previstas no artigo 28.º não devem ser atenuadas, mas agora temos uma “negligência”, por isso, as penas Presidente : Sim, é necessário. da respectiva fraude ficam também atenuadas. E, ao mesmo tempo, as penas de fraude com intenção podem ser igualmente atenuadas, de Leong Heng Teng : Não se pode entender que o artigo 28.º esteja acordo com esta redacção. É necessário especificar que só o n.º 2.º do incluído, uma vez que foi retirado o artigo 28.º aquando da realização artigo 28.º beneficia de atenuação, caso contrário, a atenuação do estudo. Porque foi retirado? A resposta é porque o outro artigo prevista no artigo 28.º vai incluir a atenuação de fraude com intenção, também foi retirado, por isso esse artigo 28.º não se prevê a matéria o que não vai de encontro à ideia inicial dos proponentes. relativa à negligência. Isto foi feito intencionalmente. Agora, apareceu isto: o artigo 28.º “regressa” à lei vigente. Concordo. Mas, Presidente: Srs. Deputados: como o projecto de lei já foi apresentado, a não ser que haja a apresentação de um outro… Para melhor esclarecimento, vou convidar o nosso assessor jurídico a elucidar as razões da referida eliminação. Está bem? Presidente : Não há problema, se for eliminado o artigo 8.º do artigo 1.º do projecto de lei aprovado na generalidade. Paulo Taipa, Assessor Jurídico da Assembleia Legislativa: Sra. Presidente, Leong Heng Teng : Está bem. Sras. Deputadas, Presidente : Assim, não há mais problema. Srs. Deputados: Leong Heng Teng : Está bem. Quando se procedeu à votação, na generalidade e se aprovou o Presidente : Porque já consta da lei vigente. artigo 8.º proposto pelos proponentes nesse momento não se alterou o artigo 8.º que está em vigor na Lei N.º 6/96/M. De modo que, neste Leong Heng Teng : É eliminado o artigo 8.º, dado que já consta da momento, se os proponentes concordarem com a eliminação do artigo lei vigente? É ou não é? 8.º do seu projecto de lei, o artigo 8.º que está em vigor vai continuar em vigor e, portanto, abarca na atenuação especial ou na dispensa da Presidente : Na lei vigente já consta. pena o artigo 28.º. Neste momento, o artigo 8.º tal como ele existe na lei N.º 6/96/M continua em vigor, dado que a aprovação na Leong Heng Teng : Assim está bem. generalidade não o revogou. Se entenderem eliminar o artigo 8.º proposto pelos proponentes no projecto de lei o artigo 8.º da lei em Presidente : Portanto, proponho revogar… vigor continuará em vigor abarcando o artigo 28.º.

Leong Heng Teng : Está bem. O mais importante é não… Muito obrigado.

Presidente : Agora proponho revogar o artigo que há pouco foi Presidente . Srs. Deputados. aprovado. Percebeu? Esta questão é igual à questão colocada pelo Sr. Deputado Leonel Alves, porque já consta da lei vigente. Temos agora uma proposta de eliminação. Já perguntei ao Sr. Deputado Tong Chi Kin, que já deu uma explicação. É eliminado este Sr. Deputado Tong Chi Kin: artigo 8.º e o artigo 8.º que consta da lei em vigor continua a ser válido. Portanto, não confundam esta questão, não venham interpretar Quero-lhe dizer que o artigo 28.º- A não foi aprovado. que o artigo foi eliminado, deixando de existir, porque o mesmo já consta da lei vigente. Nesta conformidade, não é necessário repetir Tong Chi Kin : Sim, já sei, Sra. Presidente. Concordo com a sua este artigo neste projecto de lei. opinião quanto ao artigo 8.º do artigo 1.º do projecto de lei. Ou seja, o artigo 8.º…sim, porque o artigo 28.º - A não foi aprovado. Porém, em Se estão todos esclarecidos, vamos proceder à proposta de relação ao artigo 28.º daquela lei n.º 6 e… eliminação apresentada pelo Sr. Deputado Tong Chi Kin. Façam a sua votação sobre o artigo 8.º Presidente : É o N.º 6/96. (No decurso de votação) Tong Chi Kin : Sim, a lei n.º 6/96 já consta do artigo 28.º, mas os proponentes retiraram o artigo 28.º porque tiveram outras razões para Presidente : Votação terminada – Aprovada. isso. Agora, estou de acordo com a ideia de revogar o artigo 8.º. O artigo 8.º é eliminado e o artigo 8.º que consta da lei vigente continua Não vamos proceder à votação do artigo 17.º, mas gostava de em vigor. lembrar os Srs. Deputados que há uma expressão sobre o artigo 28.º- A. que define: Dado que o artigo 28.º- A não foi aprovado, o artigo Presidente : Está certo. 17.º é automaticamente eliminado. Embora ainda não seja votado o artigo 17.º, queria que quando votarem, prestassem atenção a este Sr. Deputado Au Kam San, deseja intervir?

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 27 pormenor: como o artigo 28.º - A não foi aprovado, pelo que o artigo só de uma vez? Caso contrário, vamos votar na especialidade os 17.º é automaticamente eliminado. artigos 2.º, 4.º, 5.º, 8.º e 10.º. Srs. Deputados, façam a sua votação. (No decurso de votação) Gostava de perguntar aos Srs. Deputados, excepto o artigo 28.º do artigo 1.º do projecto de lei, o artigo 28.º- A do artigo 2.º do projecto Presidente : Votação terminada – não aprovada. de lei e a eliminação do artigo 8.º, vamos votar na especialidade os demais artigos só de uma vez, se ninguém propor a votação em Ficam por votar os artigos 1.º, 3.º, 6.º, 7.º, 9.º e 11.º, perfazendo na separado de alguns artigos. Alguém pretende opinar sobre a votação totalidade 6 artigos. na especialidade só de uma vez de todos demais artigos? Se alguém pretender tirar alguns artigos para serem votados à parte, pode opinar Gostava de perguntar aos Srs. Deputados se alguém pretende agora. Caso contrário, Srs. Deputados, façam a sua votação. opinar. Caso contrário, vou colocar estes seis artigos para serem votados de uma só vez. Srs. Deputados, façam a sua votação. (No decurso de votação) (No decurso de votação) Presidente : Votação terminada – aprovada. Presidente : Votação terminada – não aprovada. Este projecto de lei foi aprovado. Embora este projecto de lei seja aprovado na generalidade, não foi Agradecia que os proponentes e os nossos assessores jurídicos aprovado na especialidade. Portanto, considera-se este projecto de lei fizessem uma “arrumação” desta lei aprovada, devido à grande não aprovado. alteração feita. Muitos Srs. Deputados ergueram os braços. Vou convidá-los um a Srs. Deputados: um a usar da palavra. Sra. Deputada Leong Iok Wa.

Passemos ao ponto 3 da Ordem do Dia que é o debate e votação na Leong Iok Wa : Obrigada, Sra. Presidente. especialidade do projecto de lei intitulado “Regime Probatório especial para a prevenção e investigação da criminalidade”. Sra. Presidente,

Sr. Deputado Fong Chi Keong. Caros Colegas:

Fong Chi Keong : Obrigado, Sra. Presidente. Vou apresentar uma declaração de voto em meu nome próprio e em nome da Sra. Deputada Kwan Tsui Hang. Srs. Deputados: É de salientar que é introduzido, através do presente projecto de lei Em relação ao “Regime Probatório especial para a prevenção e intitulado “Regime Probatório especial para a prevenção e investigação da criminalidade”, a maioria dos membros desta investigação da criminalidade”, o regime de “acções dissimuladas”. Comissão entendeu que não estavam reunidas as condições para a Ou seja, compete à polícia recolher prova do crime comercial, produção do respectivo parecer. utilizando o chamado “método das cartas marcadas” e a conhecida figura do “agente infiltrado”. Este projecto de lei visa ainda tentar Aquando da análise do referido projecto de lei, detectaram que o ultrapassar o regime de investigação vigente. Prevêem-se, neste projecto de lei em apreciação viola os princípios consagrados no projecto de lei, as condições e os procedimentos que têm de ser regime penal e no regime de processo penal. Por isso, a Comissão rigorosamente observados no desenvolvimento das referidas acções, passa o presente projecto de lei a Plenário para decidir. de forma a manter o equilíbrio entre os objectivos de combate à criminalidade e da protecção dos direitos humanos. Este regime é Tenho dito. adoptado em vários países e territórios de forma muito eficaz. Embora tenha sido apreciado este projecto de lei anos a fio, não foi Presidente : Srs. Deputados: aprovado! É muito lamentável!

Este projecto de lei foi aprovado na generalidade. Porém, não foi À medida que a economia de Macau se vai desenvolvendo, chegado a um consenso no âmbito da Comissão. Os artigos mais verifica-se uma grande mudança na exploração do comércio. A problemáticos são: os artigos 2.º. 4.º, 5.º, 8.º e 10.º. criminalidade comercial deixa de ser uma fraude de pequeno interesse, desenvolvendo-se numa criminalidade organizada e transfronteiriça, Tal como aconteceu com o projecto de lei ora em apreciação há um sendo muito modernos, complicados e profissionais os métodos pouco, estes cinco artigos não são fáceis para…há divergências, de utilizados na prática criminal. A actividade comercial de Macau está a facto. Foi exactamente por causa disso, nada se pode fazer a não ser caminhar para o mercado internacional, mas a legislação não apresentar em Plenário para debater e votar na especialidade sem consegue responder à necessidade do desenvolvimento célere social. parecer. Vamos agora debater na especialidade, em primeiro lugar, Nestas circunstâncias, torna-se crucial reforçar os meios legais para estes cinco artigos: 2.º, 4.º, 5.º, 8.º e 10.º. combater a criminalidade comercial, recorrendo-se à legislação.

Alguém pretende opinar sobre estes cinco artigos? Alguma Macau, cidade turística internacional, não pode ignorar o sugestão a dar? Nesta condição, será possível votar estes cinco artigos desenvolvimento além-fronteira, nem pode manter uma atitude

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 28 extremamente conservadora. A legislação tem de estar a par das aprovar ou chumbar um projecto de lei! Aprecio muito o espírito de padronizações internacionais! Nos últimos anos, ouviu-se na alguns deputados…será que eles já sabiam que este projecto de lei sociedade um apelo no sentido de combater as “lojas negras” com iria ser chumbado? Talvez já tivessem a declaração de voto preparada rigor, devido à insuficiência dos meios legais. Em consequência disso, com antecedência…Eles merecem muito o meu apoio. muitos turistas vítimas não receberam tratamento justo, o que, por um lado, prejudica a imagem da cidade turística de Macau, por outro lado, Obrigado. estimula a prática de actos criminais. Presidente : Srs. Deputados: Manifestamos mais uma vez o nosso desalento por este projecto de lei não ser aprovado. Este período destina-se exclusivamente à apresentação de declaração de voto, é favor não falar de outros assuntos. Presidente : Sr. Deputado Kou Hoi In, faça favor. Vou dar a palavra ao Sr. Deputado Jorge Manuel Fão. Kou Hoi In : Obrigado, Sra. Presidente. Jorge Manuel Fão : Muito obrigado, Senhora Presidente. Faço uma declaração de voto. Também gostava de apresentar a minha declaração de voto. Sra. Presidente, Senhora Presidente Caros Colegas: Srs. Deputados A declaração de voto que apresento é em meu próprio nome, em nome dos Srs. Deputados Hui Sai Un, Cheang Chi Keong e Ho Teng Já se antevia o desfecho deste acontecimento do ano e da história Iat. do nosso Senado que vai seguramente ficar registado nos anais desta Câmara. Tendo-se assistido a um parto difícil, em razão do Sem dúvida, numa sociedade onde vigora a lei, é obrigatório prolongado período de gestação de doze meses, muito para além do proteger os interesses legítimos dos comerciantes, combater as “lojas normal, portanto, natural era que nascesse um nado-morto. Que dizer, negras” e salvaguardar o interesse dos consumidores. Macau, cidade então deste facto absolutamente inédito na história da jovem turística internacional, sustentada principalmente pela indústria de Assembleia Legislativa da RAEM, quando a vontade qualificada e turismo, deve assegurar com maior esforço o funcionamento suprema do plenário é ultrapassada e desprezada mesmo por uma económico. O projecto de lei intitulado “Regime Probatório especial minoria comissionista que decide ao contrário daquela? para a prevenção e investigação da criminalidade” visa reforçar a aplicação da lei, combater actos ilegais, fazendo com que o ambiente Os autores dos projectos em discussão iniciaram os seus trabalhos do negócio seja mais aperfeiçoado e a sociedade mais saudável. devido às dificuldades manifestadas pela Polícia Judiciária no Reconhecemos e apoiamos muito a intenção e o espírito legislativos, combate ao crime das “lojas negras” e, por esta razão, foi longo e mas a Comissão encarregue pela apreciação na especialidade complexo o trabalho que desenvolveram face à inexistência de um mencionou no memorando muitos problemas, concluindo, no final, consenso geral por parte das entidades por eles consultadas, entre que “a percepção que encerra problemas quer quanto às soluções outras, a própria Polícia Judiciária, as Forças de Segurança, os técnicas que se entenderam concretizar quer quanto à compatibilidade Serviços de Justiça e o Ministério Público. dessas soluções com princípios estruturantes do ordenamento jurídico da Região”. Respeitamos e concordamos com a fundamentação da Perante isto, os seis subscritores da legislação proposta tiveram que Comissão, por isso, votamos em abstenção. assumir a difícil e melindrosa missão de encontrar uma forma de conciliar os interesse da população e dos turistas, proporcionando A propósito disso, a sociedade está a evoluir constantemente. meios jurídicos para combater as “lojas negras” e introduzindo Porém, a legislação de Macau está desactualizada, sendo muito pequenos entorses à legislação, pelo facto de os visitantes não frequente deparar-se com legislação fora da realidade. Esperamos que poderem permanecer durante as fases instrutória e de julgamento. os serviços competentes façam uma revisão, o mais rapidamente possível, da legislação desactualizada, de forma a aperfeiçoar o Aproveito, nesta ocasião, para deixar aqui bem expressa a minha sistema jurídico de Macau. mágoa, acompanhada de muita apreensão, pelo facto de a grande maioria dos projectos da autoria dos deputados ter sido quase que Obrigado. sistematicamente chumbada pela própria Assembleia, o que pode significar que somos todos uns políticos de “meia-tigela” ou, então, Presidente : Sr. Deputado Cheung Lup Kwan. que os nossos juristas não servem, o que também não acredito. Em contrapartida, como é sabido, quase todos os projectos provenientes Cheung Lup Kwan : Sra. Presidente: do Executivo foram sempre objecto de melhoria, quer em termos de forma, quer em termos de conteúdo técnico-jurídico. Acho muito estranho hoje: dois projectos de lei estão na mesa, um muito problemático foi aprovado. A Comissão responsável não Este tipo de acontecimento faz transparecer, de forma inequívoca, a produziu parecer para os dois projectos de lei, por faltar de consenso. imagem de uma Assembleia Legislativa polarizada e fragilizada. Por Todavia, este foi rapidamente chumbado. De facto, não faço a conseguinte, peço e espero que, da parte dos colegas que vão mínima ideia que critérios foram utilizados pelo nosso Senado para continuar neste Senado, haja uma mais cuidada ponderação e reflexão,

N.° II - 125 - 29-7-2005 Diário da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau – I Série 29 no futuro, sobre esta questão e, bem assim, que haja uma adequada Acho isso lamentável. Gostava de deixar aqui o meu agradecimento alteração do nosso Regimento, a fim de impedir que os eventuais aos colegas que apoiaram este projecto de lei, embora hajam interesses de um pequeno punhado de pessoas prevaleça sobre a confusões, sem condições jurídicas para realizar estudo com maior vontade de uma maioria. profundidade, para construir uma base destinada ao debate. Acho que este resultado pode não ser o melhor mas, pelo menos, isto mostra Para terminar, faço votos para que o meu amigo e parceiro político que o nosso Senado está atento a esta situação. Espero que no futuro, David Chow continue a marcar diferença com a séria qualidade das tanto nós como o governo, venhamos a reforçar-nos nesse sentido. suas intervenções, recusando-se a assumir, como sempre, a figura de fantoche, e rejeitando, assim, uma postura que considero totalmente Obrigado. repugnante. Presidente: Gostava de perguntar…Sr. Deputado Tong Chi Kin, Muito obrigado pela vossa atenção. faça o favor de usar da palavra.

Presidente : Sr. Deputado Ng Kuok Cheong. Tong Chi Kin : Srs. Deputados:

Ng Kuok Cheong: Obrigado, Sra. Presidente. Não tenho a minha declaração de voto preparada. Gostava de falar de três questões. Sendo um dos proponentes, lutei pela aprovação do projecto de lei. Não tenho a minha declaração de voto preparada com antecedência. A primeira questão é: de forma geral, a elaboração do projecto de Atendendo a que o projecto de lei foi chumbado, então, tenho lei representa a determinação dos deputados em relação ao combate interesse em aproveitar uma intervenção já apresentada para esta das “lojas negras”, embora o processo tenham sido moroso, sofrido ocasião. Na medida em que a actividade económica se vai grandes alterações e de grande divergências de opiniões. Considero desenvolvendo, a RAEM tem de se preparar bem para combater isso positivo! E em Macau não é permitida a existência de “lojas fraudes comerciais organizadas, de vária ordem. O recente negras” e de fraude comercial. Há quem fique muito preocupado com desmantelamento do caso de um casino falsificado foi muito chocante! a elaboração deste tipo de diploma que visa combater ao crime A actividade fraudulenta relativa à venda em pirâmide para enganar económico. Não se preocupem! Se os comerciantes exploram o seu os adolescentes é muito preocupante. A actividade de todas as “lojas negócio cumprindo a lei, não têm de se preocupar com isso, porque o negras” é um crime organizado, independentemente da sua forma combate às “lojas negras” e ao crime económico visa exactamente utilizada: casino falsificado, venda em pirâmide, enganar turistas, proteger os comerciantes cumpridores da lei! fraude no investimento… Por isso, a legislação deve coordenar o combate de actos comerciais fraudulentos organizados, em particular, A segunda questão é: não me sinto lastimoso, nem triste, não no que diz a respeito aos meios de investigação, tal como, “agente manifestei um sentimento de algo em especial. Se o projecto de lei infiltrado”, mecanismo para fazer face a actos comerciais não foi aprovado, não importa, porque a nova legislatura da AL está fraudulentos organizados. Dado que os meios de investigação estão prestes a ser eleita. Espero que os deputados da nova legislatura relacionados com os direitos fundamentais, por isso deve-se venham a proceder a alterações necessárias, tendo em conta os estabelecer limites muito rigorosos para a área da investigação, problemas e o novo desenvolvimento da sociedade. Não devemos através da legislação. Espero que sejam estabelecidos com maior fazer como no passado que levava 20 ou 30 anos para legislar uma lei! brevidade os meios de investigação, para combater actos comerciais Bem, não é possível elaborar uma lei com perfeição. Quanto a isso, fraudulentos organizados, recorrendo-se à legislação para o efeito. não faz mal, estou confiante de que os deputados da nova legislatura venham a fazer alterações, caso haja vícios. Obrigado. A terceira questão é: creio que pelo facto de este projecto de lei não Presidente : Sr. Deputado Au Kam Sam. ser aprovado, a sociedade não vai sofrer impactos negativos. Se há falta de compatibilidade, em termos técnicos e em regime penal, Au Kam San : Obrigado, Sra. Presidente. penso que é necessário continuar a estudar a matéria. Espero que os serviços competentes pelo combate do crime e de actos ilegais Faço também a minha declaração de voto. tenham uma mão dura e não exerçam as suas funções com vícios por falta de regime de “agente infiltrado”. Por isso, tenho confiança. Lamento imenso por ver os dois projectos de lei chumbados. Vê-se de forma manifesta que após o consentimento por escrito, dado pelo Obrigado. Chefe do Executivo, a Administração não deu cooperação, por não terem sido enviados representantes do governo, nem ter sido Presidente : Gostava de perguntar se alguém ainda pretende opinar. apresentada uma proposta de alteração. Nesta circunstância, a nossa Caso contrário, vamos encerrar a sessão de hoje. AL é apenas um carimbo de borracha. Pelo que o presente projecto de lei foi chumbado! Mais uma vez, manifesto que isto é lamentável. Declaro encerrada a sessão.

Presidente : Sr. Deputado Leong Heng Teng. Intérpretes-Tradutores: Gabinete de Tradução Redactores: Gabinete de Registo e Redacção Caros Colegas: