Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Ano 2 - nº 5 | maio - junho - julho de 2005

Foto: Regivaldo Freitas Pesquisa para o SUS: mais qualidade na saúde O primeiro edital lançado pela FAPERJ Foram avaliadas propostas dentro dos em parceria com o Ministério da Saúde – seguintes temas: pesquisa em avaliação e Pesquisa para o SUS: Gestão Comparti- incorporação tecnológica nas áreas estra- lhada em Saúde – representa um potencial tégicas da saúde; análise das condições de impacto de qualidade no sistema de saúde saúde da população do Estado do Rio de fluminense. Trata-se de iniciativa inédita do Janeiro; avaliação e monitoramento dos sis- governo do estado que busca aproximar e temas municipais de saúde; pesquisa em promover a cooperação entre pesquisado- dengue e leishmaniose. As áreas foram de- res da área básica e profissionais da área da finidas com base nas prioridades em saúde saúde. Os 46 projetos contemplados já re- do Governo do Estado do Rio de Janeiro e ceberam os termos de outorga, incluindo uma na Agenda Nacional de Prioridades de Pes- rede de pesquisa em diagnóstico molecular, quisa em Saúde, visando fortalecer a ges- 57ª Reunião da SPBC: o centro Dragão do Mar será palco de eventos em Fortaleza. com ênfase nas doenças cardiovasculares, tão do SUS e a melhoria das condições de Pelo 8º ano, a FAPERJ participa do encontro, que este ano terá a cultura como tema. Pág.5 infecciosas e parasitárias. vida da população brasileira. Pág. 3

Foto: Arquivo/Sítio Roberto Burle Marx Difusão Científica Internacional Paleontologia Projeto de comunicação Convênio prevê pesquisas Crocodilo revela ecologia amplia visibilidade da conjuntas com Portugal na pré-história paulista pesquisa fluminense Convênio assinado no início de julho entre a Uma assembléia de morte formada por fós- FAPERJ e o Centro de Estudos da População, seis bem preservados de 11 crocodilomorfos Temas estudados com o apoio da Economia e Sociedade da Universidade do foi descoberta no interior de São Paulo e é FAPERJ por pesquisadores de várias ins- Porto prevê diversos projetos conjuntos. O estudada por equipe coordenada por Ismar tituições fluminenses vêm ganhando mais primeiro será um portal reunindo dados sobre Carvalho, do instituto Virtual de Pale- visibilidade no decorrer do projeto de co- a imigração portuguesa no Brasil. Pág. 4 ontologia da FAPERJ. Pág. 9 municação empreendido na atual gestão da agência fluminense de fomento à pes- quisa. Este projeto inclui este Jornal da Por dentro da FAPERJ Cultura FAPERJ e o Boletim Eletrônico da FAPERJ – que completou em julho um ano de edições semanais ininterruptas. Os te- FAPERJ comemora seus Santa Teresa é tema da 4ª mas estudados são variados: de projetos 25 anos de existência edição do Rio em Mapas paisagísticos de Burle Marx às proprieda- des das esponjas do mar que habitam nos- Criada em agosto de 1980, a FAPERJ festeja Carregado de história e arquitetura, o tradi- so litoral; da revisão dos parâmetros da seus 25 anos de existência com um livro cional bairro carioca de Santa Teresa é a es- química orgânica ao desenvolvimento de comemorativo que irá traçar breve histórico trela da quarta edição do projeto Rio de Ja- um ‘viagra’ brasileiro; da relação entre os da produção científica do país e a presença neiro em Mapas. O mapa e o catálogo são jovens e o poder ao questionamento do da fundação no contexto dos avanços da ilustrados, desta vez, pela artista plástica conceito de pesquisa. Págs. 6 e 7 Burle Marx é tema de pesquisa científica C&T ao longo destes anos. Pág. 2 Ana Maria Moura. Pág. 12

visite nosso site www.faperj.br - assine nosso boletim eletrônico Carta ao leitor Expediente A quinta edição do Jornal da modo agências de fomento podem, reservados à ciência e à tecnologia FAPERJ chega ao público conso- além de oferecer bolsas por livre de- produzidas em solo fluminense. Governo do Estado do Rio de Janeiro lidando seu caráter de informati- manda, orientar suas ações no sen- Também figuram nestas pági- Governadora: Rosinha Garotinho vo panorâmico sobre as atividades tido de extrair da pesquisa científi- nas momentos importantes trans- e ações da Fundação Carlos Cha- ca benefícios diretos à população. corridos ao longos dos últimos gas Filho de Amparo à Pesquisa do As páginas centrais desta edi- meses, como a posse do presiden- Secretaria de Estado de Ciência, Estado do Rio de Janeiro – que ção foram dedicadas à divulgação te da Fundação, Pedricto Rocha Tecnologia e Inovação completa neste mês de agosto 25 científica, com foco em projetos Filho, no Conselho Estadual de Secretário: Wanderley de Souza anos de existência. que ilustram outro aspecto da ati- Cultura; a visita do prêmio Nobel Entre os destaques relativos às vidade da Fundação, que é o apoio Harold Varmus; o lançamento da ações empreendidas pela Fundação contínuo a pesquisa nas mais di- quarta edição do projeto Rio de Janeiro em Mapas; e as participa- está a reportagem sobre o edital versas áreas do conhecimento a FAPERJ Pesquisa para o SUS – iniciativa partir de livre demanda dos pes- ções da FAPERJ em vários even- Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à tos, com destaque para a Bienal In- inédita que une os esforços dos quisadores. Ampliar a visibilidade Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro governos federal e estadual em tor- destas e de outras pesquisas é uma ternacional do Livro e a SBPC. Diretor-presidente: Pedricto Rocha Filho no do objetivo de ampliar a quali- atividade hoje considerada essen- Diretor Científico: Jerson Lima Silva dade tecnológica oferecida pelo sis- cial para a FAPERJ – um modo de Boa leitura! tema público de saúde. Trata-se de mostrar ao público de que maneira Diretor de Tecnologia: Marcos Cavalcanti um edital que exemplifica de que são usados os recursos estaduais Os Editores Diretora de Administração e Finanças: Maria Carolina Pinto Ribeiro

Por dentro da FAPERJ Conselho Superior: Reinaldo Felippe Nery Guimarães (presidente), FAPERJ festeja seu 25º aniversário Jésus Alvarenga Bastos (vice-presidente), Angela Maria Cohen Uller, Antônio Celso Alves Pereira, No ano em que comemora o 25º ani- teve origem na fusão de duas outras fun- cretaria de Estado de Ciência e Tec- Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, Carlos versário de sua fundação, a FAPERJ dações que pré-existiam: o Instituto de nologia – denominação que só recen- Alberto Dias, Celso Pereira de Sá, César Camacho, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Maria Alice prepara uma solenidade festiva para Desenvolvimento Econômico e Social do temente ganhou o acréscimo da pala- Rezende de Carvalho, Otávio Guilherme Cardoso celebrar a data e a edição de um livro Rio de Janeiro (Fiderj) e o Centro de De- vra ‘Inovação’. Alves Velho e Walter Araújo Zin. que irá resgatar a trajetória da Funda- senvolvimento de Recursos Humanos Em 1999, o órgão foi rebatizado de ção desde sua criação até os dias de (CDRH). Nos primeiros tempos, as fun- Fundação Carlos Chagas Filho de Am- hoje. A pesquisa que resultará na pu- ções antes atribuídas às duas institui- paro à Pesquisa do Estado do Rio de blicação do volume está a cargo da his- ções que deram lugar à FAPERJ acaba- o Janeiro, por ocasião da morte do emi- Jornal da FAPERJ – ano II – n 5 toriadora Jessie Jane Vieira de Souza, ram prevalecendo sobre aquelas que nente cientista. Hoje, voltada para o Coordenação editorial: Renata Moraes professora do Departamento de Histó- deviam orientar o recém-criado órgão: o fomento da pesquisa e a formação ci- Edição: Paul Jürgens ria da UFRJ e ex-diretora do Arquivo de promover e amparar a pesquisa. entífica e tecnológica necessárias ao Público do Estado do Rio de Janeiro, Redação: Mario Nicoll, Marina Lemle, Paul Jürgens, desenvolvimento sóciocultural do Es- sob supervisão da coordenadora do Renata Moraes e Vinicius Zepeda tado do Rio de Janeiro, a FAPERJ man- Programa de Editoração da FAPERJ, Criada em agosto de Diagramação: Mirian Dias tém apoio a cerca de 2.200 bolsistas em Ismênia de Lima Martins. Mala-direta e distribuição: André Souza 80, a Fundação hoje diversas modalidades. Paralelamente, a “A obra irá traçar um breve históri- apóia grande número Fundação presta, por meio de seus pro- co da produção científica no país e a gramas especiais – que incluem o lan- presença da FAPERJ no contexto do de instituições. çamento regular de editais –, apoio a avanços realizados ao longo dos anos um grande número de instituições de nas áreas de ciência e tecnologia”, diz Secretaria de Estado de Ciência, Até 1987, o novo órgão sequer ensino e centros de pesquisa localiza- Vieira de Souza. A historiadora adianta Tecnologia e Inovação ofereceu apoio financeiro a projetos de dos dentro dos limites do estado. que o volume trará depoimentos de in- pesquisa e bolsas de formação em pós- tegrantes da atual diretoria, ex-presi- graduação. Até aquele ano, a FAPERJ, Em 2004, a instituição teve um dos Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à dentes e integrantes do Conselho Su- em convênio com o governo do esta- melhores anos de sua história finan- Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro FAPERJ perior, de funcionários e ex-funcionári- do, administrava o Programa Especial ceira – com desembolso total de mais Avenida Erasmo Braga, 118/6o andar – Centro – Rio de os, e também de alguns dos primeiros de Educação, com o objetivo de erguer de R$ 137 milhões. O repasse dos re- Janeiro – CEP: 20.020-000 – Tel.: 3231-2929 – Fax: 2533- agraciados nos programas de fomento 500 Cieps, e tinha sob sua subordina- cursos pelo governo estadual possibi- 4453 – Gráfica: Jornal do Commercio – Tiragem: 9.000 da FAPERJ, procurando mostrar o im- ção uma Faculdade de Formação de litou, entre outras realizações, a con- pacto desses apoios na sua trajetória Professores. Ainda no final dos anos cretização de novos programas, como acadêmica. Um demonstrativo dos in- 80, o governo estadual propôs a Rio Inovação e Primeiros Projetos, e ain- vestimentos feitos ao longo do tempo reestruturação da FAPERJ, segundo da o lançamento de importantes editais, pela instituição em projetos e iniciati- um modelo moderno e eficiente. Inspi- como o que contempla projetos para o vas na área de C&T do estado também rada no exemplo dos países de grande desenvolvimento regional e o que des- Visite nosso site: www.faperj.br constará do trabalho. tradição em pesquisa, a Fundação logo tina recursos para pesquisa em temas Criada em agosto de 1980, a FAPERJ ficaria sob a supervisão da nova Se- relacionados aos direitos humanos.

2 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br Saúde Estado e União pela qualidade na saúde Edital Pesquisa para o SUS contempla 46 projetos de alta relevância e excelência

Fofo: Vinicius Zepeda O apoio da FAPERJ aos projetos con- beram avaliação final de um comitê Gestor – templados no edital Pesquisa para o SUS: com representantes do Ministério da Saúde, Gestão Compartilhada em Saúde marca a do Ministério da Ciência e Tecnologia (repre- primeira parceria entre o governo do Rio de sentado pelo CNPq), da Secretaria de Ciên- Janeiro e o Ministério da Saúde e representa cia, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro um potencial impacto de qualidade no siste- (representada pela FAPERJ) e da Secretaria ma de saúde fluminense. De acordo com o de Saúde do Rio de Janeiro. diretor científico da FAPERJ, Jerson Lima Sil- Para a realização deste programa, que va, vale ressaltar a formação – a partir deste tem como objetivo apoiar projetos de pes- edital – de uma rede de pesquisa em diag- quisa que visem à promoção do desenvol- nóstico molecular, com ênfase nas doenças vimento científico, tecnológico e de inova- cardiovasculares, infecciosas e parasitárias. ção da área de saúde no Estado do Rio de “O apoio a estes projetos e à rede de Janeiro, serão alocados R$ 3 milhões – me- diagnóstico vem reforçar ainda mais a área tade oriunda do Governo do Estado do Rio das ciências da saúde do Rio de Janeiro. de Janeiro, através da FAPERJ, e metade Estes grupos de pesquisa, de reconhecida do Ministério da Saúde. Cerca de um terço excelência, poderão agora ter a oportunida- desta verba será utilizado na implantação de de transferência dos resultados para a de uma rede de pesquisa em métodos mole- melhoria das condições de saúde da popu- culares para o diagnóstico de doenças infec- lação”, afirma Jerson Lima. ciosas, parasitárias e crônico-degenerativas. Foram contemplados 46 projetos – inclu- O edital possibilitará a continuidade de indo o que resultará na formação da rede de Ciência, tecnologia e saúde: o edital Pesquisa para o SUS busca unir a pesquisa à prática estudos como a tuberculose na população diagnóstico – em cinco áreas definidas como de rua no município do Rio de Janeiro; ava- prioridades em saúde do Governo do Estado gias; para análise das condições de saúde ção de uma rede de pesquisa em métodos de liação de tratamento de doença renal crôni- do Rio de Janeiro e na Agenda Nacional de da população fluminense; para avaliação da diagnóstico molecular. ca na população fluminense; contribuição Prioridades de Pesquisa em Saúde, visando atual situação e das perspectivas de mudan- O resultado do edital, lançado em novem- da enfermagem para o SUS; avaliação de fortalecer a gestão do SUS e a melhoria das ça nos sistemas municipais de saúde; para bro de 2004, foi divulgado dia 13 de junho. serviços de saúde mental e desenvolvimen- condições de vida da população. avaliação e monitoramento dos sistemas Após análise por consultores ad hoc e por to de vacinas de DNA contra dengue. As cinco áreas referem-se a pesquisas municipais de saúde; para pesquisa sobre uma comissão de especialistas em saúde, os Confira em www.faperj.br a lista com- para avaliação e incorporação de tecnolo- dengue e leishmaniose; e para a implanta- 96 projetos apresentados inicialmente rece- pleta dos projetos aprovados. Uma rede de pesquisa em diagnóstico molecular

Na solenidade de entrega das outorgas rasitárias. Professor do Departamento de Doenças no Instituto de Química da UFRJ, mestrado e cinco de iniciação científica. do edital Pesquisa para o SUS, realizada no Imunologia daquele instituto, Peralta disse Mônica Ferreira Moreira, contemplada com O secretário estadual de Ciência, início de julho no auditório Hélio Fraga do que a iniciativa de lançar o edital foi oportu- R$ 59 mil, elogiou a iniciativa do governo Tecnologia e Inovação, Wanderley de Sou- Centro de Ciências da Saúde (UFRJ), na Ilha na para garantir a melhoria em diagnósticos do estado. “O montante de recursos permi- za, afirmou ao final da cerimônia que “o ob- do Fundão, o diretor científico da FAPERJ, feitos na rede pública. tirá ao laboratório ir além dos gastos com jetivo é fazer com que a pesquisa médica Jerson Lima, lembrou que os projetos sele- “Hoje, muitos desses procedimentos já ‘consumo’, com a compra de alguns equi- avance e possa oferecer significativos be- cionados no edital serão monitorados tri- são feitos na rede privada, mas a um custo pamentos”, disse Moreira. nefícios à população, especialmente àque- mestralmente. “Já que se trata de um proje- muito elevado”, avalia o pesquisador. “A A pesquisadora afirmou que tão logo os las pessoas atendidas pelo SUS”. to de dois anos, vamos realizar um acom- rede deverá trabalhar, entre outros proje- recursos estejam à disposição irá comprar Também participaram da mesa diretora panhamento dos trabalhos, visando even- tos, no desenvolvimento de kits de diag- uma máquina digital para acoplar à lupa de na solenidade o subsecretário do Sistema tuais correções de rumo”, disse. nóstico e de novas metodologias, a ser im- observações do laboratório. Moreira e sua de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, A medida foi bem recebida por pesqui- plantadas inicialmente nos hospitais uni- equipe, em colaboração com a Fiocruz e a Wilson de Mayo; o diretor do Instituto de sadores como José Mauro Peralta, pesqui- versitários”, adiantou. Secretaria Municipal de Saúde, trabalham Ciências Biológicas da UFRJ, Adalberto sador do Instituto de Microbiologia da Ele ressaltou que para que a rede funci- em pesquisas relacionadas à dengue e a Vieira; o representante da Secretaria Esta- UFRJ, designado para chefiar a rede de pes- one bem, será necessário um investimento leishmaniose. “Não seria exagero dizer que dual de Saúde no Comitê Gestor do progra- quisa que recebeu o equivalente a um terço contínuo, de longo prazo. “Vamos esperar sem a ajuda da FAPERJ dificilmente tería- ma, Nelson Souza e Silva; a diretora da Es- dos recursos para investigar os métodos que os recursos venham e o projeto não mos tido condições de manter o laboratório cola de Enfermagem da Uni-Rio, Beatriz moleculares para o diagnóstico de doenças sofra interrupções”, disse. A coordenadora funcionando”, disse a pesquisadora. Atu- Gerbassi; e o reitor da Universidade Santa crônicas, degenerativas, infecciosas e pa- do Laboratório de Bioquímica de Vetores de almente, integram o laboratório um aluno de Úrsula, Jorge Doyle Maia. www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 3 Internacional Convênio promove cooperação científica com Portugal

Fofo: Vinicius Zepeda As relações entre Portugal e o Estado do Rio de Janeiro ganham, neste segundo semestre, um novo impulso com a assinatu- A FAPERJ no ‘Ano do Brasil na França’ ra de um convênio de cooperação científica e tecnológica celebrado entre a FAPERJ e o Representantes do sistema de C&T No primeiro dia na França, 27 de junho, Cepese (Centro de Estudos da População, fluminense participaram, no final de junho, da Rocha Filho participou de encontro com reito- Economia e Sociedade), órgão vinculado à 1ª Jornada de Tecnologia do Rio de Janeiro na res de universidades brasileiras, presidentes e Universidade do Porto. O acordo foi firma- França, no âmbito da programação oficial do diretores de instituições francesas de ensino do no final de junho durante viagem ao con- Ano do Brasil naquele país. A FAPERJ esteve superior, além de responsáveis pela coopera- tinente europeu do diretor-presidente da representada no evento por seu diretor-presi- ção bilateral e multilateral naquele país. No dia FAPERJ, Pedricto Rocha Filho, e da coorde- dente, Pedricto Rocha Filho. O Ano do Brasil é seguinte, na Universidade Paris III – Sorbonne parte das Estações Culturais Estrangeiras na Nouvelle, ele proferiu palestra na qual fez um nadora do Programa de Editoração da França, que desde 1985 homenageiam diferen- balanço das principais realizações da Funda- FAPERJ, Ismênia de Lima Martins. tes países. ção ao longo do último ano. Assinado em Lisboa no dia 4 de julho, o O objetivo da jornada foi difundir o conhe- Rocha Filho discorreu sobre programas e convênio terá duração inicial de dois anos e cimento instalado no Rio de Janeiro, estimular iniciativas da FAPERJ, como os Institutos Vir- começa com a organização de um portal na Ismênia Martins coordena a Editoração da FAPERJ a formação de parcerias, troca de experiências e tuais e a Rede Rio de Computadores, além de internet que reunirá uma base de dados so- prospecção de oportunidades. “Foram encon- abordar as estratégias e ferramentas de divulga- bre a imigração portuguesa a partir de do- Ismênia de Lima Martins informa que os tros proveitosos para estreitar os laços de cola- ção da área de comunicação do órgão. cumentos de ambos os países. A primeira pesquisadores portugueses já levantam da- boração já existentes entre o Brasil e, em parti- O evento na França foi promovido pela reunião de trabalho será em novembro, no dos nos distritos que emitiam passaportes cular, o Estado do Rio de Janeiro, com esses Rede de Tecnologia do RJ e pelo Fórum de Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, com a entre os séculos 19 e 20. “E aqui no Brasil já países”, disse Rocha Filho. Reitores, com apoio da FAPERJ. vinda de um grupo de Portugal. estão sendo trabalhados documentos data- Dividido em onze artigos, o convênio dos até 1842, já tratados no Arquivo Nacio- expressa o desejo de aproximar as comuni- nal. Neste convênio, o papel da FAPERJ será O acordo foi celebrado no Gabinete de ricos com Portugal, que muito nos orgu- dades lusa e fluminense na investigação e de agente facilitador dos trabalhos desenvol- Relações Internacionais da Ciência e do lham”, disse Rocha Filho, que durante a es- divulgação de temas direta ou indiretamen- vidos em cooperação por pesquisadores das Ensino Superior (Grices), instituição portu- tada na cidade proferiu palestra na Facul- te relacionados com a população, economia diversas instituições sediadas no Rio, como guesa de fomento à pesquisa. “Esse acor- dade de Engenharia da Universidade do Por- e sociedade, na realização de projetos con- UFF, UFRJ, Uerj, Arquivo Nacional e Arqui- do servirá para intensificar a cooperação e to. Em Lisboa, o titular da FAPERJ fez outra juntos, conferências e debates científicos vo Público”, revela a coordenadora do Pro- contribuir para o intercâmbio entre os dois palestra no Laboratório Nacional de Enge- em qualquer área do conhecimento. grama de Editoração da Fundação. países, reforçando nossos vínculos histó- nharia Civil. Nobel de medicina defende mais difusão da informação Fofo: Vinicius Zepeda utor de uma das mais im- nologia no Estado do Rio. ampla os diferentes genótipos das portantes descobertas Na palestra realizada na várias formas de câncer, de modo Asobre o câncer – que lhe UFRJ, Varmus discorreu sobre os que as drogas possam ser dese- valeu o Prêmio Nobel de Medici- recentes avanços da pesquisa so- nhadas para cada tipo de tumor. na em 1989 –, o americano Harold bre o câncer. Em 1989, ele recebeu O pesquisador criticou os Varmus realizou no final de junho o Nobel em conjunto com Michael gastos excessivos de países palestra para estudantes que Bishop pelo papel que tiveram na como os Estados Unidos em con- lotaram o auditório do Instituto de descoberta de que, em geral, as flitos, como o do Iraque, que, dis- Bioquímica do Centro de Ciências células cancerosas parecem ser se ele, poderiam ser melhor em- da Saúde, na UFRJ. Presidente do dependentes de um ou poucos pregados em pesquisas na área Memorial Sloan-Kettering Center oncogenes ativados para manter científica. Varmus defendeu de de Nova York, Varmus foi diretor sua condição oncogênica. Tal forma veemente uma mudança na do Instituto Nacional de Saúde dos constatação abriu caminho para cultura da pesquisa científica a Estados Unidos durante a admi- Harold Varmus (à esq.) e o diretor da FAPERJ, Jerson Lima na UFRJ que cientistas anunciassem a fim de garantir a disseminação do nistração Bill Clinton. possibilidade de combater as cé- conhecimento de maneira mais Antes da palestra, o pesquisa- Durante sua estada no Rio, de um café da manhã oferecido lulas cancerosas com uma com- ampla. “É essencial baixar os cus- dor visitou o Centro Nacional de ele participou, em companhia do pela governadora Rosinha Garo- binação de drogas que seriam tos de acesso ao conteúdo de Ressonância Magnética Nuclear indiano Rao Nehru, presidente tinho no Palácio Laranjeiras. Na direcionadas para essas células. publicações científicas, hoje ex- da UFRJ, coordenado pelo diretor- da Academia de Ciência do Mun- ocasião, foi acertado um progra- Transmitindo otimismo em re- cessivamente altos, e também científico da FAPERJ, Jerson Lima do em Desenvolvimento, e de ma de cooperação entre Brasil e lação ao futuro das pesquisas disponibilizar amplamente o ma- Silva – um dos responsáveis pela Phillip Griffiths, do Instituto Índia com o objetivo de imple- sobre o câncer, Varmus afirmou terial de arquivos e bibliotecas”, visita do americano ao país. Avançado de Princeton (EUA), mentar um centro de nanotec- que é preciso catalogar de forma disse Harold Varmus.

4 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br Eventos Rio de Janeiro instala Fórum FAPERJ leva seu estande à 57ª Permanente de C&T Na presença de alguns dos princi- pais expoentes da cultura e das ciên- Reunião da SBPC, em Fortaleza cias brasileiras, foi instalado, no dia 25 de abril, o Fórum Permanente de Discussão sobre a Política Estadual de ‘Do Sertão Olhando o Mar - Cultura e Ciência’ é o tema do evento Desenvolvimento Científico e Foto: Divulgação Tecnológico. O objetivo é traçar um Sob o tema ‘Do Sertão Olhando o Mar – diagnóstico preciso da ciência e da Cultura e Ciência’, a capital do Ceará, Forta- tecnologia no Rio, para, em seguida, leza, será pela terceira vez o cenário de uma definir as prioridades para o setor. Um Reunião Anual da Sociedade Brasileira para documento deverá ser elaborado a o Progresso da Ciência (SBPC) – a 57ª, que tempo de ser apresentado na 1ª Con- acontece de 17 a 22 de julho. ferência Estadual de Ciência e Maior evento de ciência do Hemisfério Tecnologia, prevista para o mês de se- Sul, a reunião terá este ano 480 atividades tembro. acadêmicas e culturais, 50 simpósios, 60 Na sessão inaugural, foi anuncia- conferências, 60 minicursos, 50 painéis, 20 da a formação de duas comissões: uma mesas-redondas, 120 oficinas e 120 pales- irá debater a realidade e as demandas tras – além de grande mostra de ciência e necessárias ao desenvolvimento cien- tecnologia. tífico no estado; outra terá como refe- Entre tantas atrações, a FAPERJ organi- rência o desenvolvimento tecnológico zará a exposição de publicações financia- e a inovação. das pelo seu Programa de Editoração e pro- Os grupos deverão fazer o levan- moverá painéis sobre algumas de suas prin- tamento de bibliotecas e laboratórios cipais ações, como os Institutos Virtuais, de médio e grande porte, de forma a Apoio a Entidades Estaduais, Programa de identificar os investimentos que se fa- Editoração, Cientistas do Nosso Estado, zem necessários na área de infra-es- Primeiros Projetos e Riogene. Num estande O Teatro José de Alencar, marco arquitetônico de Fortaleza, sediará atividades culturais na 57ª SBPC trutura no estado. A etapa final dos tra- de 27m2, funcionários da Fundação estarão balhos será dedicada à definição das à disposição do público para fornecer infor- a festa do conhecimento, estarão circulan- A SBPC tem como um de seus principais prioridades para o crescimento econô- mações e esclarecer dúvidas sobre as ativi- do personalidades da ciência e do governo. objetivos canalizar o esforço de toda a soci- mico do estado, de modo a otimizar o dades da FAPERJ. Quatro ministros confirmaram presença, as- edade brasileira para o desenvolvimento ci- emprego dos recursos estaduais no Pelas alamedas do Campus do Itaperi da sim como a titular da Secretaria Especial de entífico em prol da qualidade de vida e do setor de ciência e tecnologia Universidade Estadual do Ceará, que sedia Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire. bem comum.

Semana Regional de C,T&I do Sudeste Expo-interativa, com estande da FAPERJ, será realizada na capital mineira atrai grande público ao Riocentro Duas conferências previstas para o se- conferência nacional e tem caráter preparató- Famílias inteiras – crianças, jovens e localizado bem na entrada do pavilhão, atraiu gundo semestre deverão oferecer importantes rio para a reunião de Brasília –, serão realiza- adultos –, professores de ciências e cientis- mais de 600 pessoas por dia. subsídios para a formulação de políticas pú- das no Fiemg Trade Center (Rua Timbiras, nº tas visitaram a Expo-Interativa, onde se di- A Expo-Interativa é uma iniciativa da blicas nos âmbitos regional e federal. A pri- 1200, Centro). O evento tem como objetivo vertiram ao mesmo tempo em que tiveram Fiocruz. Pela quantidade de jovens, crianças meira delas, Conferência do Sudeste de Ciên- contribuir para estabelecer um ambiente – lo- acesso a informações sobre novas e professores presentes, pode-se dizer que a cia, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvi- cal e regional – atraente, cooperativo e propí- tecnologias e avanços científicos recentes. mostra é um macrocosmo das feiras de ciên- mento, acontece nos dias 3 e 4 de agosto, em cio a uma intensa produção de ciência, A mostra lotou o Riocentro, grande parque cias promovidas tradicionalmente por esco- Belo Horizonte. No final de outubro, em tecnologia e inovação. Os participantes deve- de exposições localizado na Zona Oeste do las de ensino fundamental e médio. Brasília, acontece a 3ª Conferência Nacional rão também debater as relações de dependên- Rio, de 11 a 17 de abril. Os visitantes pude- de Ciência, Tecnologia e Inovação. cia e soberania no setor. A grande diferença é que, na Expo- ram aprender um pouco sobre ciência e Interativa, o assunto ganhou muito mais es- Os dois eventos deverão atrair os princi- Os temas a serem abordados na Confe- tecnologia de forma lúdica e divertida. paço e atraiu muito mais gente para sete pais expoentes das ciências no país, bem como rência Regional serão baseados nos grandes O Governo do Estado do Rio de Janeiro dias de experiências pra lá de interessan- autoridades de setores diversos da adminis- temas nacionais: geração de riqueza, inclusão tração pública. A FAPERJ estará representa- social, presença internacional, áreas de inte- esteve presente na festa, representado pela tes. “É incrível isso aqui! Estou adorando. da nos dois eventos por seu diretor-presiden- resse nacional e gestão e regulamentação – Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia Deu até pra entender o que é nanotec- te, Pedricto Rocha Filho. assuntos esses que foram preliminarmente de- e Inovação (Secti) e suas vinculadas nologia”, animou-se Elaine Rodrigues, 13 Na capital mineira, as reuniões da Confe- batidos nos seminários preparatórios para a FAPERJ, Proderj, Cecierj, Faetec, Uerj e anos, estudante da 6ª série do Ensino Fun- rência Regional do Sudeste – que é parte da conferência, em março, em Brasília. Uenf, que dividiram o espaço na divulga- damental, referindo-se a um dos mais com- ção de seus programas e projetos. O estande, plexos avanços científicos da atualidade. www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 5 Foto: Divulgação Difusão Científica Novos caminhos para a difusão científica Jornal e site ajudam a ampliar a visibilidade das ações e projetos apoiados pela F

Não basta fazer; é preciso mostrar o que se faz. recursos e limitações específicos, o meio impresso e Partindo desta máxima, a FAPERJ vem trabalhando o meio eletrônico podem e devem complementar-se. para ampliar a visibilidade de suas ações e projetos. Aqui, por exemplo, é mostrada parte do trabalho Com este objetivo, foram criados dois novos veículos jornalístico que vem sendo difundido em meio digital de comunicação: este Jornal da FAPERJ e o Bole- visando ampliar a divulgação dos estudos apoiados tim Eletrônico da FAPERJ – que acaba de com- pela Fundação. Os resumos abordam algumas das re- As funções da transferência de elétrons nas reações químicas estão sendo investigadas pletar um ano de edições semanais ininterruptas. Com portagens que figuram semanalmente no boletim ele-

Um alerta para abandono em Teresópolis. Alguns desses jardins já Um viagra brasileiro em brasileiro, coordenada pela historiadora estão sendo restaurados. da PUC-Rio Margarida de Souza Neves, de jardins de Burle Marx Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 42 estudo no LASSBio contemplada com a bolsa Cientistas do Grande parte dos jardins projetados por Coordenador do Instituto Virtual de Nosso Estado 2005. Burle Marx está abandonada ou foi modi- A evolução paleoambiental Fármacos da FAPERJ e fundador do Labo- A pesquisa pretende analisar os docu- ficada sem critério. Além disso, o acervo ratório de Avaliação e Síntese de Substân- mentos científicos produzidos por médicos de projetos encontra-se guardado sem os no litoral do RJ cias Bioativas (LASSBio) da UFRJ, Eliezer no Brasil entre 1859 e 1906. De acordo com devidos cuidados. O alerta é da pesquisa- Mais um aliado se soma à luta pela pre- Barreiro dedica-se no momento a um as- Margarida o trabalho vai além de focar a dora Ana Rosa de Oliveira, do Laboratório servação das baías de Ilha Grande e sunto que interessa a muita gente: a cria- discriminação sofrida pelos epilépticos. de Paisagem do Instituto de Pesquisas do Sepetiba, no litoral sul do Estado do Rio ção de um “viagra brasileiro”. Passando “Nosso estudo é importante para analisar Jardim Botânico do Rio de Janeiro que, de Janeiro. Um estudo conduzido pelo pes- pela busca da versão sintética de compos- qualquer preconceito, que pode estar pre- com o apoio do programa Primeiro Proje- quisador Renato Campello Cordeiro, da tos para o tratamento da inflamação e da sente em pessoas comuns e médicos que tos da FAPERJ, desenvolve a pesquisa O UFF, investiga as variações climáticas, oce- dor e pela investigação de moléculas que lidam com doenças crônicas como jardim da Villa Moderna no Brasil: um ânicas e antrópicas ocorridas ao longo dos combatem depressão e esquizofrenia, hanseníase, AIDS, hepatite, herpes, entre processo de documentação e estudo de últimos 200 anos na chamada Costa Verde. Eliezer e sua equipe chegaram à síntese da outras que ainda estigmatizam seus porta- obras exemplares de Roberto Burle Marx. A pesquisa poderá, no futuro, ajudar a subsi- Apomorfina, um fármaco que apesar de já dores”, observa. Ela explica que, desco- Ana Rosa estuda os jardins realizados en- diar políticas públicas e ações de gestão e existir no mercado, é extremamente caro nhecendo a etiologia da doença, os médi- tre 1930 e 1960. Embora o foco inicial fos- monitoramento daqueles ambientes, para o Brasil. Dominada a tecnologia da cos do século 19 associavam a epilepsia a sem os espaços privados, a pesquisa será viabilizando uma exploração racional e eco- síntese, a providência seguinte foi paten- questões morais, ao controle dos corpos, e estendida aos espaços públicos – o Aterro nomicamente viável dessas áreas, propícias tear a descoberta de modo a possibilitar a mesmo a uma propensão inata ao crime. do Flamengo é um dos melhores exemplos para atividades como a pesca e o turismo. redução do custo da substância. Algumas destas idéias perduraram até me- ados do século 20 e fundamentaram algu- de descaracterização. “Apesar dos proje- “Na baía de Sepetiba já se constata há De acordo com o cientista, a Apomorfina tos de restauro já realizados, a oferece vantagens em relação ao Viagra: o mas das mais terríveis ações do nazismo, alguns anos uma deposição de metais asso- lembra a pesquisadora, cuja equipe inclui a descaracterização se dá em conseqüência ciada à presença do homem na região”, diz usuário não corre o risco de infarto. Eliezer do uso intensivo do parque e da precarie- afirma que a substância poderá chegar ao historiadora Heloísa Corrêa e mais seis es- Cordeiro, que é professor do Departamento tudantes de História da PUC-RJ, entre eles dade da manutenção”, disse. de Geoquímica da UFF e foi contemplado mercado em quatro ou cinco anos. O LASSBio fechou parceria com uma grande dois bolsistas de Iniciação Científica da Os problemas também ocorrem nos jar- no edital Primeiros Projetos da FAPERJ. Ele FAPERJ. Os primeiros resultados foram apre- dins privados. Dentre os casos mais alar- conta com colaboradores de peso, como o indústria farmacêutica e já passou da primei- ra fase de ensaios clínicos em animais para a sentados em congressos no Brasil e em mantes, está a casa de Francisco Pignatari, cientista belga Alphonse Kelecom e o indi- agosto deste ano serão exibidos no Con- de 1954, que não chegou a ser concluída. ano Sambasiva Rao Pachineelam, ambos fase de testes em homens. “Com essa parce- ria já temos a tecnologia necessária para pro- gresso da Sociedade Internacional de Epi- Com projeto de Oscar Niemeyer, só chegou também da UFF. Baseada em sondagens de lepsia, em Paris. até as lajes de cobertura. A riqueza da con- sedimentos – por meio da utilização de ‘tes- duzir até 10 quilos de Apomorfina para o pri- Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 47 cepção original do espaço, de relações e temunhos’ –, a reconstituição paleoam- meiro ano de ensaios clínicos em humanos”, ambientes conformados pelos painéis, biental permitirá recriar o cenário diz Eliezer Barreiro. pérgulas, maciços arbóreos e áreas abertas paleoclimático, paleoceanográfico e Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 41 Em foco, a base biológica do entorno da casa foi alterada com a cons- paleoecológico da região, buscando iden- da linguagem humana trução do Palácio Tangará Hotel e Spa. A tificar a variabilidade dos processos Epilepsia, ciência pesquisa encontrou ainda descaracterização ambientais em relação as suas componen- e preconceito Enquanto João desfiava a pia, o leão em outros projetos como os feitos para tes naturais e antrópicas. As pesquisas de matava o vento. Já Denise refogava históri- Olivo Gomes, de 1951, em São José dos Cordeiro e sua equipe devem colaborar para Uma das primeiras enfermidades des- as para Paula, que mordia as roupas. Campos, SP; Walther Moreira Salles, 1951, a preservação desse que é um dos mais exu- critas com detalhes na história da medici- Não, não adianta ler de novo, você não no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro; berantes e bem-preservados sistemas mari- na, a epilepsia é o tema da pesquisa Ci- leu errado. Descobrir o que acontece no cé- Edmundo Cavanellas, em Pedro do Rio, nhos do litoral brasileiro. ência e preconceito: Uma história soci- rebro quando lemos sentenças com este tipo Petrópolis, RJ; e Alberto Kronsforth, 1955, Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 45 al da epilepsia no pensamento médico de incongruência é um dos objetivos da lin-

6 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br Foto: Eduardo Hajdu Novos caminhos para a difusão científica Jornal e site ajudam a ampliar a visibilidade das ações e projetos apoiados pela FAPERJ recursos e limitações específicos, o meio impresso e trônico e que podem ser lidas integralmente em o meio eletrônico podem e devem complementar-se. www.faperj.br/difusão/arquivo de boletins. O esfor- Aqui, por exemplo, é mostrada parte do trabalho ço de divulgar estes trabalhos em linguagem leiga é jornalístico que vem sendo difundido em meio digital grande: são centenas de projetos. De início, o traba- visando ampliar a divulgação dos estudos apoiados lho de difusão vem abordando os estudos feitos por pela Fundação. Os resumos abordam algumas das re- Cientistas do Nosso Estado e pelos contemplados portagens que figuram semanalmente no boletim ele- no programa Primeiros Projetos. Espécie de esponja do mar, entre as 50 estudadas com o apoio da bolsa Cientistas do Nosso Estado

güista Miriam Lemle no seu projeto Aspec- mos não só realizar a pesquisa como com- near uma imagem do universo no qual tran- Química orgânica: estudo tos Neurofisiológicos da Linguagem, apoi- prar uma câmera e pagar toda a produção do sitam os professores e seus trabalhos de pes- ado pela FAPERJ através do edital Cientis- filme”, relatou o professor. quisa. Os interessados poderão conhecer pode redefinir parâmetros tas do Nosso Estado 2005. Os recursos também possibilitaram a or- como se dá a filtragem efetuada nos órgãos Uma pesquisa coordenada por Pierre Para comprovar a teoria de que a lingua- ganização de cursos na área de cinema para julgadores, com a sua multiplicidade de cri- Mothé Esteves, do Instituto de Química da gem tem uma base biológica, a professora, a formação de bolsistas de iniciação científi- térios. UFRJ (IQ/UFRJ), pode abalar os pilares de que lidera a equipe do Laboratório de Com- ca. “Dessa forma, atendemos um princípio Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 39 uma importante vertente da química. putações Lingüísticas, Psicolingüística e básico do fomento à pesquisa: formar e qua- Conduzida pelo Interlab, laboratório criado Neurofisiologia (Clipsen) do Departamento lificar profissionais”, observou. A pesquisa Em busca dos tesouros pelo pesquisador dentro do IQ/UFRJ, a pes- de Lingüística da UFRJ, pesquisa em volun- de Carrano, no entanto, é mais abrangente. quisa investiga a função da transferência tários a relação entre os estímulos lin- Em seu relatório preliminar, o pesquisador da costa brasileira de elétrons nas reações químicas. “Estamos güísticos e as reações bioelétricas no córtex caracteriza a Região Metropolitana do Rio As esponjas do mar são uma fonte de balançando a estrutura de um segmento da cerebral, utilizando uma tecnologia denomi- de Janeiro, seus antecedentes históricos, novas descobertas em diversas áreas da ci- química. O elétron é como um parafuso que nada Extração de Potenciais Elétricos Rela- sua dinâmica político-partidária, aspectos ência, da farmacologia às pesquisas sobre segura as vigas de uma edificação. Se você cionados a Eventos (ERP). A pesquisa é fei- demográficos e territoriais, bem como dados células-tronco e ao desenvolvimento de tirar o parafuso, você muda completamente ta em cooperação com a área de Engenharia sobre jovens de 15 a 24 anos de idade. O novos materiais. Substâncias produzidas a configuração da matéria e, por extensão, Biomédica da COPPE/UFRJ - uma caracte- educador também descreve e analisa dados pelas esponjas podem levar a medicamen- de todos os materiais”, diz o pesquisador. rística inovadora. produzidos durante o processo de investiga- tos e sua estrutura inspira, por exemplo, a Se comprovada a tese de Esteves e de seu Outro estudo em curso buscará capturar ção, realizado entre 2003 e 2004 por uma equi- produção de fibras óticas para telecomuni- grupo de pesquisa, uma expressiva parte da os efeitos neurofisiológicos dos encaixes de pe de pesquisadores do Programa de Pós-Gra- cações. química orgânica terá de ser revista. A even- palavras dentro de palavras. duação em Educação da UFF. Com apoio da FAPERJ, duas equipes do tual aceitação do novo modelo teria desdo- Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 40 Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 44 Museu Nacional/UFRJ estudam as espon- bramentos importantes também em outras jas da costa brasileira. A equipe coordena- áreas da ciência, como na biologia e tam- A relação entre o poder Em questão, o que conta da pelo Cientista do Nosso Estado Eduar- bém na física. do Hajdu dá subsídios à coleta, identifica- Do ponto de vista prático, as pesqui- e a juventude como pesquisa ção e interpretação de resultados a grupos sas podem resultar, por exemplo, na redu- ção do custo de fabricação de plásticos. Contemplado com a bolsa Cientistas do Estudo da educadora Menga Lüdke, da do Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e São Esteves conta com colaboradores de peso Nosso Estado da FAPERJ, o professor da PUC-Rio, procura esclarecer o desafio con- Paulo, entre outros. A colaboração também em sua pesquisa, como o químico George Faculdade de Educação da Universidade tido na questão que lhe serve de título: O se estende a países da América do Sul, como A. Olah, prêmio Nobel em 1994. Doutor Federal Fluminense (UFF) Paulo Carrano que conta como pesquisa?. Essa é a terceira o Chile. Ele pretende descrever pelo menos pela UFRJ, Esteves fez seu pós-doutora- vem demonstrando como o bom uso dos etapa de um estudo mais abrangente sobre 50 espécies de esponjas marinhas brasilei- do em Los Angeles (EUA), onde recebeu recursos pode gerar bons e múltiplos resul- as relações entre o professor da educação ras. O trabalho do outro grupo é liderado uma proposta – recusada – para conti- tados. O trabalho de Carrano – Juventude e básica e a pesquisa. O que se pretende é por Guilherme Muricy, que recebe da nuar suas pesquisas no meio privado. Poder Local na Região Metropolitana do detectar quais as razões que levam membros FAPERJ um auxílio à sua pesquisa, que já “Sempre acreditei que cientistas e pes- Rio de Janeiro, financiado pela FAPERJ e de comitês selecionadores de pesquisa a listou cerca de 40 espécies de esponjas nas quisadores devem ter um compromisso pelo CNPq – integra o estudo nacional Ju- considerarem um trabalho como merecedor Cagarras, das quais ao menos cinco são com o desenvolvimento do país”, defen- ventude, Escolarização e Poder Local, de- dessa qualificação e outros não. novas para a ciência. de. Em 2004, a atual pesquisa de Esteves senvolvido por uma rede de pesquisadores A pesquisa está sendo trabalhada a par- O projeto é audacioso. Nos novos extra- foi uma das contempladas no edital Pri- em nove regiões metropolitanas do Brasil. tir da perspectiva de quem decide o que con- tos e nos compostos gerados, Hajdu e seu meiros Projetos da FAPERJ. “Estamos con- Um dos resultados do trabalho de Carrano ta como pesquisa. O objetivo é saber o que grupo vão efetuar bioensaios contra câncer, seguindo fazer ciência de boa qualidade, e foi lançado em maio: o documentário de 71 determina as decisões das pessoas encarre- tuberculose e cepas de bactérias resisten- que não deixa a desejar em relação àquela minutos em DVD Jovens no Centro, dirigi- gadas de atribuir ou não recursos a uma pes- tes a antibióticos, entre outros. “A meta é feita em outros países”, assegura. do por Marcelo Brito. “Com os recursos que quisa apresentada por um professor. Os re- testarmos ao menos 300 extratos”, diz. recebemos mensalmente da FAPERJ, pude- sultados do trabalho poderão ajudar a deli- Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 34 Íntegra no Boletim da FAPERJ nº 43

www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 7 Antropologia Acervo

Radiografia FAPERJ apóia expansão de projeto que do MST mapeia a memória musical da Maré em Campos A questão fundiária e os estudos sobre Foto: Vinicius Zepeda Vinicius Zepeda apoiou a idéia e em março de 2004 estava os movimentos sociais que gravitam pronto o projeto Música, memória e socia- em torno do assunto no país ganha- Anderson Barros, 19 anos, estudante bilidade da Maré. ram, no mês de junho, uma inédita e premiada publicação. Nesse mês, che- secundarista e morador do Morro do Duque é o responsável pela coordena- gou às livrarias o volume Uma nova Timbaú - uma das 16 comunidades que com- ção local do projeto. A pesquisa, que em 2004 abordagem da questão da terra no põe o bairro Maré, na Zona Norte do Rio de esteve restrita às comunidades de Nova Brasil: o caso do MST em Campos dos Janeiro - toca teclado desde os 10 anos, e Holanda e Morro do Timbaú, graças ao Goytacazes, resultado de estudo coor- há 3, violão e cavaquinho. Hoje, ele é um apoio da FAPERJ será expandida para as denado pela cientista social Helena dos colaboradores e beneficiados pelo pro- outras 14 comunidades da região. Araújo e Lewin. A obra conquistou a primeira jeto Música, memória e sociabilidade da Duque estão tão satisfeitos com o projeto edição do Prêmio de Maré, que busca mapear os gêneros musi- que planejam estendê-lo à Mangueira, Mor- Desenvolvimento Regional, promovi- cais existentes no bairro. A pesquisa é co- ro da Serrinha, Rocinha e outras comunida- Samuel Araújo (de barba) e sua equipe na Maré do pela FAPERJ em 2002. ordenada pelo professor da UFRJ Samuel des conhecidas pela sua riqueza musical. Araújo, contemplado em 2005 com uma bol- Professora-visitante do Departamento ça de que a Maré deixe de aparecer apenas Anna Karla de Souza da Silva, 24 anos, sa Cientistas do Nosso Estado da FAPERJ. de Ciências Sociais da Uerj, Lewin co- na crônica policial. “Espero que com o pro- estudante de Biblioteconomia da Uni-Rio, é ordenou o trabalho de pesquisa ao lado O projeto de Araújo investiga ainda de jeto a mídia passe a nos ver de maneira mais colaboradora da Rede Memória do Ceasm e de Ana Paula Alves Ribeiro e Liliane que modo a violência permeia estilos musi- positiva e mostre também a riqueza cultural está ajudando na catalogação e arquivamen- Souza e Silva, que também assinam a cais como o funk, o rap, e o heavy metal. O e musical do nosso bairro”, diz. to do material de filmagem e entrevista do obra. O estudo procurou analisar as prin- comércio de fitas, CDs e LPs independen- O projeto começou no final de 2003 quan- mapa. Ela espera que o projeto sirva para cipais transformações ocorridas de 1997 tes lançados por músicos da região e ven- do Eduardo Duque, morador da Vila do João melhorar a qualidade de vida e a realizar os a 2001 durante período de assentamen- didos ali mesmo também é estudado no tra- e colaborador do Ceasm (Centro de Estu- sonhos de seus colegas maréenses. “Espe- to de trabalhadores sem terra na perife- balho. “Com o apoio dos moradores, dos e Ações Solidárias da Maré), realizava ro também que esse trabalho contribua para ria de Campos do Goytacazes. estamos criando um mapa musical da Maré uma pesquisa sobre identidades culturais levar outros negros, como eu, à universida- através da realização de entrevistas, exibi- na Maré. Ele teve a idéia de propor ao seu de, onde, infelizmente ainda somos poucos. Doutora em Sociologia pela USP, Lewin ção de vídeos e debates”, afirma. orientador, Samuel Araújo, um projeto em É só reparar quanto espaço de estacionamen- acredita que a metodologia utilizada na Um dos participantes da pesquisa, parceria com o Ceasm para mapear as práti- to existe na universidade para concluir o quan- elaboração da obra – a que ela e seus Anderson Barros vê no mapa uma esperan- cas musicais e sociais do bairro. Araújo to o ensino superior ainda é elitista”, observa. colaboradores chamaram de ‘observa- ção em movimento’ – ajudou a conferir um caráter de ineditismo à pesquisa ao

Foto: Vinicius Zepeda acompanhar as diferentes fases do as- sentamento e o processo de consoli- Presença da FAPERJ na 12ª dação de uma nova forma de viver da agricultura. O estudo procura traçar um Bienal Internacional do Livro panorama das transformações econô- micas na região a partir da decadência A FAPERJ participou ativamente da 12ª Bienal Internacional do do ciclo do álcool e do açúcar e a as- Livro, realizada de 12 a 22 de maio no Riocentro, zona oeste da capital censão da fruticultura fluminense. A Fundação ocupou estande do espaço reservado à Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu), no Pavi- Ao longo da obra, o leitor terá ao seu lhão Vermelho. Aberta oficialmente pela governadora Rosinha Garo- alcance esclarecimentos teóricos so- tinho, em companhia do secretário de Cultura, Arnaldo Niskier, a feira bre os movimentos sociais no campo. atraiu público recorde – 600 mil pessoas visitaram o local, movimen- O trabalho discorre sobre os antece- tando mais de cem sessões literárias com 240 escritores brasileiros e dentes históricos do MST e de sua pre- 30 estrangeiros. Cerca de 900 editoras participaram. sença em Campos, além de oferecer subsídios para a compreensão do con- Como nas duas últimas edições do evento, a FAPERJ levou à texto sociopolítico desse município Bienal uma exposição de livros, manuais, coletâneas científicas, ma- do norte fluminense ao longo dos anos. pas, catálogos e CDs que resultam das atividades do Programa de Auxílio à Editoração mantido pela Fundação e atualmente coordena- Uma nova abordagem da questão da do pela historiadora Ismênia de Lima Martins. Os livros são publica- terra no Brasil - o caso do MST em dos em parceria com editoras, que os remetem às livrarias. Um peque- Campos dos Goytacazes no número é enviado à FAPERJ para eventual doação a instituições Helena Lewin (coordenadora), Ana da área acadêmica e científica e a bibliotecas públicas. Paula Alves Ribeiro e Lilane Souza e Silva. Paralelamente à exposição do material, a FAPERJ promoveu Editora: 7 Letras / FAPERJ debates no Café Universitário – um espaço especialmente prepa- Número de páginas: 174 rado pela Abeu para receber palestrantes e convidados. A marca da FAPERJ figurou as editoras ligadas à Abeu Ano de lançamento: 2005

8 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br Paleontologia Fóssil de crocodilo revela ecologia pré-histórica Estudo mostra características do clima no interior paulista há 90 milhões de anos

Ilustração: Pepi Mario Nicoll lagoa secava, os animais se enterravam na lama em busca de umidade. Se a chuva não voltas- Um dente encontrado em 1990 por um se, eles morriam desidratados. A chegada das menino de 13 anos numa estrada em obras chuvas depois de uma longa seca provocava foi a chave inicial para importantes reve- alagamentos gigantescos que traziam detri- lações sobre a pré-história do interior tos que possibilitaram a fossilização da as- paulista. Ele motivou uma escavação sembléia de morte quase intacta. paleontológica que resultou na descober- ta do maior jazigo fossilífero já encontra- Rio, referência em paleontologia do no Brasil: onze esqueletos em excelen- te estado, identificados como fósseis do As instituições fluminenses são referên- Baurusuchus salgadoensis, espécie de cia na área da paleontologia brasileira – tan- crocodilomorfo até então desconhecida. O to é que freqüentemente são convidadas para animal viveu há 90 milhões de anos onde coordenar estudos em outras regiões. Os fós- hoje é o município de General Salgado, lo- seis do B. salgadoensis, por exemplo, chega- calizado na Bacia Bauru, noroeste paulista. ram à equipe de Ismar Carvalho trazidas por Antônio Celso de Arruda Campos, diretor do A pesquisa foi anunciada no início de Museu de Paleontologia de Monte Alto. junho por pesquisadores da UFRJ. “O ma- terial é uma preciosidade”, afirma o Escolhido para reportagem de capa da paleontólogo Ismar de Souza Carvalho, do Gondwana Research, revista científica inter- Departamento de Geologia da UFRJ, que Em períodos de seca, os B. salgadoensis se agrupavam em pequenas lagoas à espera da chuva nacional, o estudo ajuda a entender as rotas assinou a pesquisa com Antônio Celso de migratórias de animais e a posição dos ocea- O B. salgadoensis, com até três metros Assembléia de morte na Terra primitiva Arruda Campos, do Museu de Paleontologia nos e continentes na época. Há 90 milhões de e 400 quilos, era um predador. “O crânio es- de Monte Alto (SP), e com o biólogo Pedro O estudo contribui para o conhecimen- anos, América do Sul, África, Índia, Antártica treito e alto e as mandíbulas com dentes Henrique Nobre, também da UFRJ. A quali- to sobre eventos ecológicos da Terra primi- e Austrália estavam juntas numa grande mas- dade e a quantidade de fósseis permitem afiados indicam um animal carnívoro”, dis- tiva. Há 90 milhões de anos o oeste de São sa de terra, o antigo continente Gondwana, estudos variados como uma boa descrição se Pedro Henrique. As patas compridas, os Paulo tinha rios e lagos temporários. O cli- que começava a se romper e a se separar. do animal e informações sobre seus hábi- olhos no alto da cabeça e as narinas fron- ma era muito mais quente e seco. Além da FAPERJ e do Instituto Virtual de tos, ambiente, rotas de migração e o reco- tais sugerem que ele era terrestre e, diferen- Em época de seca, concluíram os cientis- Paleontologia, os pesquisadores tiveram apoio nhecimento de catástrofes ecológicas no pe- temente dos primos atuais, percorria gran- tas, os B. salgadoensis se agrupavam em pe- do CNPq, UFRJ e Prefeitura e Museu de ríodo cretáceo. des distâncias. quenas lagoas para esperar chuva. Quando a Paleontologia de Monte Alto.

Parque de Itaboraí: mais um passo para a revitalização

stá ganhando força a revitalização (Fiocruz). Os jovens estudam na Escola te uma cidade-dormitório”, explica ela. declarou a área de utilidade pública e em de- do Parque Paleontológico de São Municipal Francesca Carey e estão rece- A região do parque guarda registros de zembro de 1995, foi criado por lei o Parque EJosé de Itaboraí – uma das princi- bendo treinamento para serem guias-mirins rochas que variam de 65 a 70 milhões de Paleontológico de Itaboraí. pais reivindicações de pesquisadores liga- na área do parque. anos até depósitos mais recentes relaciona- Um dos parceiros do IVP na revitalização dos à geologia, paleontologia, arqueologia e O trabalho dos futuros guardiões do dos ao homem pré-histórico. A bacia calcária do parque, a organização não-governamen- meio ambiente do Estado do Rio de Janeiro. parque paleontológico, que se iniciou no de São José é a única do Estado do Rio que tal Instituto Walden elaborou um projeto Reunião feita no início de junho entre dia 5 de novembro de 2004 com uma reunião conta com fósseis, principalmente de mamí- que prevê um museu, trilhas ecológicas/ge- representantes do Instituto Virtual de entre os bolsistas e seus orientadores – feros primitivos, répteis, aves e sementes, ológicas, laboratórios e infra-estrutura para Paleontologia da FAPERJ (IVP), da pesquisadores ligados ao IVP –, faz parte entre outros. os visitantes. O projeto visa à criação de Petrobrás e do DRM-RJ marcou o início da dos esforços do Instituto Virtual de Paleon- No ano de 1984, deixando uma cava de 70 empregos no setor de turismo ambiental – construção da cerca para demarcar o Par- togia para revitalizar a área. metros de profundidade, a mineração encer- um modo de combater o desemprego que que e a recuperação de um galpão e uma Segundo a coordenadora do IVP, Maria rou suas atividades e doou o terreno para a atinge a região a partir da decadência da sala de recepção para as futuras instalações Antonieta Rodrigues, a revitalização da área prefeitura. Logo, a cava foi sendo preenchida atividade cimenteira. no local. Também estavam presentes ao en- é essencial para que o distrito de São José por água subterrânea e de chuvas, o que criou De acordo com Maria Antonieta contro 20 bolsistas Jovens Talentos – um entre num novo ciclo de crescimento eco- um lago artificial que atualmente abastece de Rodrigues, outro ponto alto da reunião programa da FAPERJ em parceria com o nômico. “O projeto pode vir a gerar vários água os cerca de 10 mil moradores da locali- foi a presença do ambientalista Sérgio Centro de Ciências do Estado do Rio de empregos diretos e indiretos em turismo dade, situada próxima a Niterói. Em 2 de abril Ricardo, que tem vasta experiência em Janeiro (Cecierj) e Fundação ambiental na região, que hoje é praticamen- de 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí meio ambiente. www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 9 Faperjianas Rocha Filho assume cadeira no Conselho Estadual de Cultura Presidente da FAPERJ ocupa vaga aberta com a saída de Luiz Carlos Barreto

Foto: Paul Jürgens O diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto O Conselho é composto por 21 membros Rocha Filho, é o mais recente integrante do efetivos e quatro suplentes. Os conselheiros têm Conselho Estadual de Cultura. Nomeado em mandatos de quatro anos a partir da nomeação 18 de maio, assumiu a cadeira antes ocupada pelo governador do estado, por indicação do pelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto. secretário de estado de Cultura. Os integrantes Como pesquisador e titular da fundação esta- são escolhidos entre pessoas de notável saber e dual de amparo à pesquisa, acrescenta ao con- experiência nos diversos campos da cultura selho o saber ligado à pesquisa em ciência e fluminense. Entre eles, a literatura, as ciências, tecnologia. as artes plásticas, a música, o cinema, o teatro, o “É uma honra integrar este conselho”, dis- jornalismo e o meio ambiente. se Rocha Filho em seu breve discurso de pos- O Conselho Estadual de Cultura do Rio de se. A ocasião coincidiu com o lançamento da Janeiro é um órgão que presta assessoria su- quarta edição do projeto Rio de Janeiro em perior ao poder público em matérias Mapas, que retrata o bairro de Santa Teresa. normativas, consultivas e de planejamento li- Cada conselheiro ganhou um exemplar do gadas a questões da política cultural. Entre as mapa do novo colega. Após a cerimônia de suas atribuições estão colaborar na formula- posse, todos os que usaram a palavra dirigi- ção da política cultural do estado, no cumpri- ram saudações especiais ao novo conselheiro mento de normas e atos, visando uma ação – inclusive a deputada Alice Tamborindeguy, integrada no processo de desenvolvimento Rocha Filho discursa diante dos novos pares durante a cerimônia de sua posse no CEC convidada da reunião daquela semana. cultural e sócioeconômico do estado.

Anúncio de mamífero raro Reunião do Fórum das FAPs do Rio de Janeiro/Laboratório de Políticas de, que conta com apoio da FAPERJ, o semi- Um mamífero raro que viveu há 65 mi- Uma nova reunião conjunta do Fórum Públicas da Uerj, com apoio da FAPERJ. A nário foi dividido em três eixos temáticos: o a lhões de anos em território fluminense de- Nacional de Secretários Estaduais para As- 12 edição traz dossiê temático Violência – direito à saúde, o trabalho em equipe e a par- verá ganhar notoriedade até o final de suntos de C&T e do Fórum Nacional das Percepções e Propostas de Intervenção. A ticipação e os espaços públicos. Informações: 2005. Os fósseis do animal – cujo nome Fundações de Amparo à Pesquisa foi reali- publicação, que inclui entrevista exclusiva www.lappis.org.br e tel. 2284-8249. científico ainda é segredo – foram reuni- zada em meados de abril, em Vitória. Os com a antropóloga Alba Zaluar, foi, desta dos pela pesquisadora Lílian Paglarelli vez, organizada por Cesar Caldeira, Emilio participantes concordaram com a necessi- 11º Boletim do IVE Bergqvist no laboratório de macrofósseis dade de preservar o orçamento do Ministé- Dellasoppa, João Trajano, Marcos Bretas e do Departamento de Geologia da UFRJ. Os rio da Ciência e Tecnologia e de iniciativas Michel Misse. O pesquisador do Instituto Virtual do Es- equipamentos do laboratório onde a pes- como os Programas de Apoio a Núcleos de porte (IVE) Gilmar Mascarenhas, coordena- quisa vem sendo realizada foram adquiri- Excelência (Pronex), de Desenvolvimento Ciência e segurança pública dor do Projeto Impacto sócioeconômico dos jogos Panamericanos e dos Jogos Olímpicos, dos com recursos repassados pela FAPERJ Regional e Primeiros Projetos. O pesquisador Cláudio Lopes Cerqueira, à Bergqvist - contemplada em 2004 no pro- integra o Comitê Social do Panamericano de do Laboratório de Síntese e Análise de Pro- a grama Primeiros Projetos da Fundação. 2007.Outras informações estão na 11 edição CS em reunião na ABC dutos Estratégicos do Instituto de Química do boletim eletrônico do IVE. Entre os desta- da UFRJ, recebeu no final de junho, home- Pela segunda vez desde o final de 2004, ques da edição está a invasão de filmes so- Catálogo de Edições nagem especial das polícias Civil e Militar bre futebol no Festival de Cinema de Cannes. a sede da Academia Brasileira de Ciências do Rio de Janeiro. A homenagem deveu-se Uma edição atualizada do Catálogo de Confira em: www.ceme.eefd.ufrj.br /ive/bole- (ABC) foi palco, no início de abril, de uma especialmente aos resultados que o uso do Edições FAPERJ saiu do prelo em maio, sen- tim/bive200506/home.htm. reunião extraordinária ampliada do Con- luminol vem possibilitando no decorrer de do apresentada pela primeira vez na 12ª selho Superior (CS) da FAPERJ. O encon- diversas investigações policiais. A substân- Bienal do Internacional do Livro, realizada tro, realizado com o objetivo de discutir cia é fornecida à polícia pelo laboratório coor- no mesmo mês. O catálogo, de 120 páginas, Rio Inovação financia laboratório temas de interesse da comunidade científi- denado por Lopes, que tem apoio da FAPERJ. traz uma lista de obras publicadas com o ca do Estado do Rio, contou com a presen- A Grom Acústica e Automação inaugu- apoio da Fundação por meio de seu progra- ça de sub-reitores, coordenadores de área ra até o fim do ano o primeiro laboratório de ma Auxílio à Editoração (APQ3). O progra- da FAPERJ e pesquisadores, além de inte- Seminário do Projeto Integralidade calibração acústica do RJ. Com recursos do ma tem garantido a publicação de um ex- grantes do CS e da diretoria da Fundação. De 14 a 16 de setembro próximo, a Uerj edital Rio Inovação, da FAPERJ, que con- pressivo número de títulos, além de sedia o 5º Seminário do Projeto Integra- cedeu R$ 225 mil para o projeto, o laborató- viabilizar também a produção de CDs, lidade: saberes e práticas no cotidiano das rio será responsável pela calibração de apa- DVDs, sites/portais, catálogos e similares Revista Rio de Janeiro instituições de saúde, que desta vez abor- relhos medidores de ruídos, que utilizam so- que divulguam e documentam resultados de Já está circulando desde o final de ju- dará o tema Construção Social da Deman- fisticada tecnologia. Entre os clientes em pesquisas, debates acadêmicos, repositórios nho um novo número da Revista Rio de Ja- da. Organizado pelo Laboratório de Pesqui- potencial estão empresas das áreas de acús- e fontes. neiro, publicação quadrimestral do Fórum sas sobre Práticas de Integralidade da Saú- tica ambiental, automotiva e industrial.

10 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br Pesquisa Universidades As possíveis variações Foto: Vinicius Zepeda genéticas do dengue

s terríveis epidemias de dengue que cher esta lacuna e contribuir para a descrição afligiam o povo fluminense são coi do desenvolvimento clínico da febre Asa do passado. Ainda assim, as au- hemorrágica do dengue”, complementa. toridades de saúde não medem esforços Alguns resultados do estudo foram apre- para manter a situação sob controle. A sentados no Congresso Brasileiro de Medi- virologista Liane de Castro, da Fiocruz, con- cina Tropical, realizado em março, em Santa templada no programa Primeiros Projetos da Catarina, e ganharam o primeiro lugar na FAPERJ, está desenvolvendo a pesquisa categoria ‘Outros Vírus’ do evento. “Até Análise de polimorfismos de genes ligados agora 52 pacientes do Ipec já participaram ao HLA na infecção pelo vírus dengue – do nosso levantamento, sendo 42 pacien- um estudo retrospectivo de casos atendi- tes que tiveram febre clássica do dengue e dos no Instituto de Pesquisa Clínica 10 que tiveram FHD”, conta Liane. Evandro Chagas (Ipec) em 2001 e 2002. O “As amostras de sangue dos enfermos No auditório da Uerj, a platéia acompanhou atenta a solenidade de anúncio dos editais vírus causador da doença, transmitido pelo tiradas molecularmente para antígenos san- mosquito Aedes aegipty, provoca sintomas guíneos associados a leucócitos humanos como febre, dor atrás dos olhos e nas juntas, (HLA) do dengue tipo 1 apresentaram re- fraqueza, falta de apetite e vermelhidão. sultados bastantes interessantes”, explica Novos editais destinam O estudo é parte de amplo trabalho de- Liane. “Porém, para a confirmação de de- senvolvido na Fiocruz sobre a história re- terminados HLA com a evolução clínica para cente da reintrodução do vírus do dengue a forma mais grave da doença, necessita- R$ 1,65 milhão a Uenf e Uerj no Brasil. “Participamos em 1994 do comitê mos de uma amostragem com um número Na Uerj, o lançamento dos editais tam- consultivo da Organização Pan-Americana maior de casos de FHD. Por isso, estamos O Programa de Apoio às Entidades bém foi feito por Wanderley de Souza e de Saúde (Opas) que elaborou o Manual de buscando a colaboração de outros hospi- Estaduais de Ciência e Tecnologia desti- por Jerson Lima e recebido com entusi- Controle e Prevenção da Febre Hemorrágica tais do município”, acrescenta. nou, nos quatro mais recentes editais asmo por diversos representantes do do Dengue (FHD/SCD) nas Américas, do publicados pela FAPERJ, R$ 1,65 milhão O apoio da FAPERJ tem sido fundamen- corpo docente da universidade. Entre os Manual de Vigilância Epidemiológica e Aten- à Uerj (Universidade do Estado do Rio tal, afirma a pesquisadora.“Graças à Funda- presentes na solenidade, no dia 6 de ju- ção ao Doente do Ministério da Saúde (MS) de Janeiro) e à Uenf (Universidade Esta- ção, adquirimos instrumentos mais adequa- nho, estiveram o reitor da Uerj, Nival Nu- em 1996, e do grupo que elaborou a Defini- dual do Norte Fluminense Darcy Ribei- dos para nossos estudos, o que nos permitiu nes de Almeida; a sub-reitora de Pós-gra- ção de Critérios de Confirmação de Casos ro). Os dois editais que contemplarão agilizar os experimentos.” Para Liane, a análi- duação e Pesquisa, Albanita Viana de de FHD no Brasil (junho/2001), também do pesquisadores da Uenf foram lançados se de polimorfismos do gene HLA serve para Oliveira; a sub-reitora de Graduação, Ra- MS”, recorda Liane. pelo secretário de Ciência, Tecnologia e identificar fatores genéticos que possam ex- Inovação, Wanderley de Souza, e pelo quel Villardi, e a sub-reitora de Extensão Ela, entretanto, adverte que ainda há pou- plicar a predisposição de algumas pessoas diretor-científico da FAPERJ, Jerson e Cultura, Maria Georgina Muniz Wa- cas pesquisas com foco na associação de fa- para a FHD. “Dessa maneira, esperamos que Lima. O anúncio foi feito dia 29 de junho shington. tores genéticos e étnicos e o desenvolvimen- nosso trabalho contribua para o desenvolvi- em solenidade na sede da universidade, O edital Apoio à Universidade do to da FHD. “Nossa pesquisa, ao voltar-se para mento de vacinas e drogas relacionadas à em Campos dos Goytacazes, na Região Estado do Rio de Janeiro destina R$ 500 investigar esses fatores, vem ajudar a preen- interação vírus-hospedeiro”, conclui. Norte Fluminense. mil a projetos de pesquisa que devem levar em conta, principalmente, o mérito Foto: Divulgação Ipec Com investimentos de R$ 500 mil, o edital Apoio à Universidade Estadual científico e tecnológico e sua relevân- do Norte Fluminense dará cia para o desenvolvimento econômico prioridade a projetos voltados para o e social do estado. desenvolvimento científico e tecno- O edital Melhoria da infra-estrutu- lógico do estado. ra técnico-científica dos cursos de pós- O segundo edital, Melhoria da Infra- graduação da Universidade do Estado Estrutura Técnico-Científica dos Cur- do Rio de Janeiro também prevê o de- sos de Pós-Graduação da Uenf, prevê sembolso de R$ 500 mil. De acordo com investimentos de R$ 150 mil para o apoio as regras previstas, os recursos deverão à melhoria da infra-estrutura de pesqui- ser aplicados em projetos de melhoria sa técnico-científica dos cursos de pós- da infra-estrutura técnico-científica dos graduação. cursos de pós-graduação. Nos editais destinados à Universi- Os projetos que concorrem ao edital dade Estadual do Norte Fluminense da Uerj devem ser entregues à FAPERJ Darcy Ribeiro, a data limite para entrega até o dia 12 de agosto. Nesses editais, o das propostas é 5 de agosto e o teto teto máximo previsto para cada projeto máximo para cada projeto é de R$ 30 mil. também é de R$ 30 mil. A virologista Liane de Castro (de amarelo) com sua equipe: de olho na vacina contra dengue www.faperj.br MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 Jornal da FAPERJ nº 5 11 Cultura Rio em Mapas: Santa Teresa é o tema da 4ª edição Estudo arquitetônico e histórico comprova a importância das construções do bairro

Ilustração: Ana Maria Moura O bucólico bairro de Santa Teresa, cená- vernador Gomes Freire de Andrade (Conde rio de algumas das histórias de Machado de de Bobadela), protetor das freiras que fun- Assis, é o tema da quarta edição do projeto daram a Ordem das Carmelitas Descalças no Rio de Janeiro em Mapas da FAPERJ, Brasil. Um grupo de reclusas ainda ocupa o lançada em 16 de maio no Museu da Cháca- Convento, que possui valiosa coleção de arte. ra do Céu. Dessa vez, as ilustrações ficaram “Santa Teresa tem gosto pelo diferente. a cargo da artista Ana Maria Moura, que O bairro e seus moradores têm gosto pela tem um ateliê no bairro. O catálogo ilustrado fantasia. Exemplo disso são as freiras que acompanha o mapa reúne informações carmelitas que para cá vieram pra ficar mais históricas sobre instituições, construções e perto do céu”, conta o historiador do Rio monumentos localizados na região. de Janeiro em Mapas, Marcos Luiz Bretas. “Este projeto contribui para reforçar o De fato, a fantasia está bem sugerida em senso de cidadania daqueles que habitam muitas das edificações retratadas, como o as regiões retratadas nos mapas, na medida Castelo Valentim, que parece saído de um em que enriquece e revaloriza locais e even- conto de fadas, e o prédio que hoje abriga o tos históricos aos olhos dos próprios mora- Centro Educacional Anísio Teixeira – que dores”, disse o presidente da FAPERJ, pode lembrar tanto um forte como um cas- Pedricto Rocha Filho. telo de Drácula. Para recriar construções como a que abri- Outro exemplo é o Museu Chácara do ga o Museu da Chácara do Céu, a Igreja e o Céu, que abriga uma importante coleção Convento de Santa Teresa, Ana Maria Moura Um dos mais antigos bairros do Rio, Santa Teresa abriga um grande número de ateliês de artistas de arte brasileira e internacional, que in- teve como base um estudo arquitetônico clui obras de Portinari, Picasso, Matisse, feito pelo arquiteto Kleris Albernaz. A pes- igrejas, solares, museus, centros culturais e e Convento de Santa Teresa é um exemplo: Dali e Debret. Com tiragem de 2.000 quisa histórica realizada por Marcos Luiz outras instituições. ainda exibe características do barroco cari- exemplares, o catálogo e o mapa de San- Bretas possibilitou a criação do catálogo O estudo comprovou a importância his- oca e possui alguns dos melhores exempla- ta Teresa são distribuídos gratuitamente que, além da história dos prédios, traz am- tórica do bairro. Embora bastante alterado res da azulejaria portuguesa do século 18. para escolas públicas, bibliotecas e insti- plo serviço sobre as entidades de pesquisa, em seus traços originais, o prédio da Igreja Estão ali os túmulos do construtor e do go- tuições de ensino.

Paul Jürgens Segundo a pesquisadora, essa aquisi- ção pode se dar de diversas formas. Exem- o único país da América Latina em Um país de 200 idiomas plos são as populações que vivem nas que predomina o português coe- proximidades das fronteiras, a convivên- Nxistem 180 línguas indígenas, além Estudo avalia políticas ligadas a uso de cia com imigrantes e o contato lingüístico de cerca de outras 30 línguas de imigran- estabelecido por comunidades religiosas. tes da Europa, Ásia, Oriente Médio e até Para Savedra, sendo membro do Mercosul, de outros países do continente americano. segundas línguas no Brasil e Mercosul é essencial para o Brasil a formulação e Os dados, do censo demográfico de 2000, implementação de políticas lingüísticas no mostram que somos uma nação PUC-Rio, que coordena um grupo de pes- sencial a identificação dessas comunida- âmbito das iniciativas empreendidas por ‘plurilíngue’. Para a maioria dos estudio- quisa sobre o assunto com alunos de gra- des de contato, uma vez que acreditamos este bloco regional. sos, toda manifestação lingüística deve ser duação e de pós-graduação do Departa- ser fundamental trabalhar para a preser- O auxílio da FAPERJ, segundo a pes- tratada como patrimônio cultural. mento de Letras da universidade. vação dessas manifestações lingüísticas, quisadora, permitiu consolidar o grupo de Esta também é a opinião da pesquisa- Em 2004, contemplada no programa que são parte da cultura brasileira”, diz. pesquisa que ela dirige, composto atual- dora Mônica Maria Guimarães Savedra, Primeiros Projetos da FAPERJ, Savedra in- O projeto dá continuidade ao estudo mente por uma doutoranda, quatro doutora em Lingüística pela UFRJ e que tensificou suas pesquisas sobre o ‘pluri- que gerou a tese de doutorado de mestrandas e três alunos de graduação com há mais de 15 anos se dedica ao tema. Se- linguismo’ nacional com o projeto Políti- Savedra, em que ela estabelece a diferen- bolsas de iniciação científica, que se de- gundo ela, as iniciativas no âmbito de go- ca Lingüística no Brasil e no Mercosul: ça entre bilingüismo (condição de usuári- dicam com afinco ao tema. verno visando ao reconhecimento da O Ensino de Primeiras e Segundas Lín- os de duas línguas) e bilingualidade (dife- O trabalho de Mônica Savedra está in- questão ainda são tímidas. “Somos um guas em Bloco Regional. rentes estágios de domínio lingüístico no serido na linha de pesquisa intitulada país plurilíngüe, mas em alguns casos de A pesquisa tem por objetivo buscar uso destas línguas). A professora estu- Interfaces lingüísticas e culturais: tradu- contato lingüístico, como por exemplo em subsídios para a formulação e a imple- dou situações de bilingüismo com base ção, ensino e bilingüismo do programa de situações originadas no contexto da imi- mentação de uma política lingüística no nos diversos estágios de ‘bilingualidade’ pós-graduação em Letras da PUC-Rio, vin- gração e de nossas fronteiras, ignoramos país que contemple o grande número de definidos pelo uso das línguas nos ambi- culado ao projeto Línguas em contato: esta condição e agimos como se fôsse- línguas e idiomas de fronteira que coexis- entes comunicativos familiar, social, esco- bilingüismo e bilingüalidade, que é coor- mos monolíngües”, diz a professora da tem em todo o território nacional. “É es- lar e profissional. denado pelo professor Jürgen Heye.

12 Jornal da FAPERJ nº 5 MAIO / JUNHO / JULHO de 2005 www.faperj.br