//www.folha dirigida.com.br/edicoes-digitais/jornal de letras

Opiniões Número: Depoimentos ornalornal Novos Lançamentos 230 dede Mês: Dezembro Entrevista JJ Ano: 2017 LetrasLetras Literatura Infantil Preço: R$ 5,00 Ilustração: Cássio Loredano

Patronos e Fundadores – 120 anos da ABL Exposição “Patronos e Fundadores”, com desenhos de Cássio Loredano, um dos mais importantes caricaturistas brasileiros, fez parte das comemo- rações dos 120 anos de fundação da Academia Brasileira de Letras. (Por Manoela Ferrari – Fotos Guilherme Gonçalves e Fábio dos Passos – págs. 10 e 11) ornalde 2 JLetras Opinião JL Editorial JL

Por que há uma evasão tão grande nas provas do Enem? Na pri- acervo JL A evasão no ensino médio meira delas, cerca de 30% dos inscritos deixaram de comparecer aos exames, o que positivamente é um número bastante elevado, sobretudo levando-se em consideração que há taxas de inscrição. A explicação Os motivos são variados, a começar pode estar na perspectiva de uma prova difícil, o que nem sempre cor- pela pobreza ou a falta de escolas na comu- responde à realidade. nidade. Mas o certo é que, a cada ano, quase O Enem abre perspectivas também para os alunos que ainda não 3 milhões de jovens abandonam o ensino concluíram o ensino médio. Fazem as provas como treinamento para médio antes de concluir o ano letivo. Ou seja, os exames vindouros, sabendo-se que só podem se inscrever nos cursos um em cada quatro jovens de 15 a 17 anos de superiores os que tenham concluído o ensino médio (exigência legal). idade abandona os seus estudos, sem considerar os que se encontram Louve-se, nos exames do Enem, o comportamento da Fundação fora da faixa etária respectiva, numa disfunção que é própria do sistema Cesgranrio, responsável por toda a logística que cerca esse trabalho. É brasileiro. uma atividade já de muitos anos e sempre realizada com muita eficácia, O fenômeno ocorre num momento inoportuno, quando o mercado como reconhece o MEC, particularmente o Inep (Instituto de Pesquisas se abre para profissões inusitadas, como consultor de genoma, consul- Educacionais), que controla superiormente esses exames. tor de longevidade e assessor de aprimoramento pessoal, entre outras. O editor. Se há brecha para essas novas atividades, o esvaziamento de oportuni- dades no ensino médio não deixa de ser profundamente lamentável, exigindo uma tomada de posição do Ministério da Educação quando o seu titular se desdobra para a reforma necessária nesse nível de ensino. Cerca de 10 milhões de jovens deveriam frequentar o ensino médio, no próximo ano. Mas, do jeito que as coisas vão, 1,5 milhão sequer irão se matricular e outros 700 mil abandonarão a escola, além dos 600 mil que serão reprovados por faltas. São números na verdade inaceitáveis, sobretudo porque contrariam o disposto na Constituição da República. Se o mercado de trabalho reage favoravelmente, como hoje está acontecendo, isso deveria se refletir nas oportunidades de emprego em nível intermediário. Temos o bom trabalho desenvolvido pelo sistema S, mas não é suficiente para uma grande reação. Lembramos de uma visita feita ao Estado de Israel, em Tel Aviv. Na Escola Aron Singalovsky, eram 5 mil alunos, dos quais 2/3 teriam tra- balho em nível intermediário, com bons salários, e os demais subiriam ao ensino superior, de acordo com suas aptidões. É claro que num país menor essas combinações são mais fáceis, mas elas não podem deixar de ser consideradas qualquer que seja o projeto de desenvolvimento em tela. No Brasil, um dos fenômenos prejudiciais ao sistema é a existência de uma clara distorção idade/série. A evasão, o abandono e a distorção se juntam, numa triste realidade, provocando um prejuízo anual de 35 bilhões de reais. Pode-se inferir que estamos longe da tendência mun- dial e que levaríamos cerca de 200 anos para atingir a sonhada meta do Plano Nacional de Educação, de universalização do atendimento esco- Os artistas plásticos que participaram de “Ode às cores”, exposição de inauguração da Galeria lar nessa faixa etária. Aliás, em matéria de PNE, somente dois itens são MBlois, na Rua Visconde de Pirajá, 111: Beth Lapagesse, Emília de Gaia, Laura Limongi, Maridéa plausíveis, dos 20 existentes, o que prova que estamos muito mal em de Deus, Marlene Blois, Sandra Moreira, entre Jai Aguiar e Eduardo Dussek. matéria de planejamento. É por essas e outras que o Instituto Ayrton Senna propôs o aumen- to de atividades do ensino a distância, flexibilização no horário das aulas e propostas revolucionárias para reduzir a evasão escolar. São ini- J ciativas que não podem demorar e que pedem soluções corajosas, a fim L Expediente de viabilizar esse sistema essencial ao progresso do país. Diretor responsável: Arnaldo Niskier Editora-adjunta: Beth Almeida Colaboradora: Manoela Ferrari Secretária executiva: Andréia N. Ghelman Redação: R. Visconde de Pirajá N0 142, sala 1206 — Tel.: (21) 2523.2064 – Ipanema – – CEP: 22.410-002 – e-mail: [email protected] “Aja sempre corretamente. Alguns ficarão gratos, outros espantados.” Distribuidores: Distribuidora Dirigida - RJ (21) 2232.5048 Correspondentes: António Valdemar (Lisboa). Programação Visual: CLS Programação Visual Ltda. Mark Twain Fotolitos e impressão: Folha Dirigida – Rua do Riachuelo, N0 114 Versão digital: www.folhadirigida.com.br/edicoes-digitais/jornal-de-letras O Jornal de Letras é uma publicação mensal do Instituto Antares de Cultura / Edições Consultor. ornalde JLetras 3 Mocidade Unida da eXPGHOtULRGHHPRo}HV $OpPGDLPDJLQDomR Cidade de Deus 9DPRVYLDMDUHFRQTXLVWDU 1HVWHXQLYHUVRIDVFLQDQWH Por Maria Cabral 8PDELEOLRWHFDDPEXODQWH 2GHVDÀRHVWiQRDU

A Escola de Samba Mocidade Unida da Cidade de Deus vai homenagear 6XEXUEDQRÀOKRGDLPLJUDomR o acadêmico Arnaldo Niskier no próximo carnaval. Com o samba-enredo 1DVFHXHP3LODUHVHVWHKXPLOGHFLGDGmR ´(XSUHÀURVHUHVVDELEOLRWHFDDPEXODQWHµFRPSRVWRSRU3DXOLQKRGDV %XVFRXQDYLGDVDEHGRULDDWUDYpVGDHGXFDomR )UXWDV9DOGR3LWLPEX9DOWLQKR0DJDO0LJXHOGR5HSLQLTXHH)LOKLQKR /'%DWUDQVIRUPDomRIHQRPHQDO RVDPEDVHUiFDQWDGRSHORVLQWpUSUHWHV1HOVRQ3LOmR/~FLR-XQLRU)0 FRPSDUWLFLSDomRHVSHFLDOGH'U-RUJH 1RVHQWLPHQWRGRYLYHU 3UHVLGLGDSRU-RVp&DUORV0HORWHQGRFRPRYLFHSUHVLGHQWH0DUWLQKDD (VFRODWHPFRPRFDUQDYDOHVFR*XWR&DUULOKRHYDLGHVÀODUQRGLDGH Semeando amor em cada ser IHYHUHLURQD,QWHQGHQWH0DJDOKmHV Defensor do ensino µGDFXOWXUDVHWRUQRX (VWDVHUiDVHJXQGDYH]TXHRGLUHWRUUHVSRQViYHOSHOR p Um “ícone Jornal de Letras 3ODQHWiULRGD*iYHDRVRQKRVHUHDOL]RX homenageadoSRUXPDDJUHPLDomRGHVDPED DSULPHLUDIRLFRPD(VFROD 8QLGRVGR-DFDUH]LQKRHP 9DOHGHVWDFDUDOHWUDGRVDPEDHQUHGR 'HVSRUWLVWDWULXQIDO 0HUJXOKRXIXQGRQRHVSRUWHQDFLRQDO 1DPtGLD´)UHQWHD)UHQWHµDGHEDWHU (PDTXDUHODIDXQDHÁRUD´UHYLYHUµ ,OXPLQDGRHQWUHQRWDVPXVLFDLV &LGDGH0DUDYLOKRVD+RPHQDJHPGHVWH´ÉVµ (WHUQL]DGRQD$FDGHPLD 2JUDQGH´PHVWUHµDFULDQoDGDFRQWDJLD

A Mocidade se agiganta na Avenida &RPXQLGDGHRUJXOKRVDDGHVÀODU Cidade de Deus... Enaltece você BIS Palmas para Arnaldo Niskier

O acadêmico Arnaldo Niskier beija a bandeira da Escola de Samba Mocidade Unida da Cidade de Deus.

O casal Ruth e Arnaldo Niskier recebe homenagens na quadra da Escola de Samba Mocidade Unida da Cidade de Deus. ornalde 4 JLetras

JL Breves JL Humor por Manoela Ferrari [email protected] por Jonas Rabinovitch [email protected]

DIONÍSIO ESFACELADO (QUILOMBO Entre outros nomes, confirma- O GRANDE LÍDER DOS PALMARES), do acadêmico ram presença Edney Silvestre, Domício Proença Filho, foi lan- José Eduardo Agualusa e Tanana çado com sucesso pela Autêntica Salém Levy. Editora. Cerca de 1.224 livros foram Abrem-se logo na primeira doados pela Biblioteca Nacional semana de janeiro as inscrições para distribuição nas 54 unidades para mais um Prêmio Sesc de prisionais do Rio. A leitura faz parte Literatura (2018), promoção da remissão de pena no sistema existente desde 2003. carcerário fluminense, hoje esti- mado em torno de 50 mil presos. A ARTE DA EDUCAÇÃO é o título da mais recente obra do profes- Prevê-se no Instituto Inhotim, sor Ronaldo Mota, chanceler da Minas Gerais, fechar o ano com Universidade Estácio. um registro de 400 mil visitan- tes durante a temporada. O pro- Junto com o PEN Clube e com jeto do hotel-boutique, com a o apoio do IHGB, a Academia assinatura da arquiteta Freusa Luso-Brasileira e a PUC-Rio, a Zechmeister, tocada em parce- Academia Carioca de Letras e seu ria com a rede Txai Resorts, tem acadêmico Paulo Roberto Pereira conclusão prevista para o segun- lançaram a obra completa de do semestre de 2018. Manuel da Nóbrega. Som ambiente com música Ex-ministro da Cultura, bizantina ajuda a compor a expo- Marcelo Calero prepara livro sição permanente criada pelos para a Ed. Record, relatando sua monges beneditinos capixabas atribulada trajetória pela pasta. no tradicionalíssimo Convento da Em homenagem aos 104 anos Penha, em Vila Velha (ES). Quadros do nosso “poetinha”, a Editora e peças datam da época de sua Nova Fronteira lançou o box fundação, há quase cinco séculos. Vinícius de Moraes: música, poe- Com roteiro da própria escri- Já nas livrarias o controver- bições desde 1974, o espaço deve sia, prosa, teatro. tora, mais um livro de Thalita so Mães arrependidas, da soció- voltar a funcionar em 2018. Editora “Oca”, formada por Rebouças vira longa-metragem. loga israelense Orna Donath, Baseado no ex-bilionário Eike brasileiros, se lançou no mer- “Tudo por um pop-star” será lan- publicado pela Ed. Civilização Batista, a produtora Mariza Leão, cado português com antologias çado em tela grande no próximo Brasileira. da Morena Filmes, deu partida poéticas de autores contempo- ano. Ficou acertada para março de ao longa-metragem “Eike, Tudo râneos. A “Oca” veio das iniciais Marcado para abril de 2018 2018 a primeira mostra individual ou Nada”. de ‘Oficina’ (editora liderada por o lançamento do livro que a no país da pintora sueca Hilmaaf Raquel Menezes) com ‘Azougue’ economista Maria Silvia Bastos Klint (1862–1944), reconhecida A Editora Batel lançou a obra (de Sergio Cohn). Marques escreve para a Editora mundialmente pela produção de Rua Feliz Lembrança – Uma peça em dois atos, de Sergio Fonta. Com edição bilíngue, foi lan- Sextante, contando sua trajetó- suas obras abstratas. Uma das ria como presidente do BNDES, pioneiras no estilo, a mostra da çada, pela Ibris Libris, a obra Zico, lendário craque do secretária de fazenda do Rio artista será na Pinacoteca – SP, XX Poemas de Alberto da Cunha Flamengo e da seleção brasileira, e presidente da Companhia exibindo 85 trabalhos. Melo – numa versão inespera- uniu-se a André Aguiar, ex-dire- da de Celina Portocarrero, com Siderúrgica Nacional. “Ode às cores” é o título tor de operações do Grupo Eleva organização de Claudia Cordeiro São Paulo terá o 1º Festival da exposição de inauguração Educação, para criarem a Inspira Tavares da Cunha Melo. LER (Literatura e Entretenimento da Galeria de Arte MBlois, em Rede de Educação, com foco em gestão e inovação no setor. Nasce A Academia das Ciências de na Rua). Programado para maio, Ipanema. Com curadoria da artis- com unidades no sul, sudeste e Lisboa, em parceria com a Casa no Parque Ibirapuera, a estimati- ta plástica Marlene Montezi, a norte do país, contando, inicial- de Trás-os-Montes e Alto Douro, va é reunir 500 mil espectadores. mostra homenageia Milan Dusek. mente, com 12 mil alunos. lançou o Dicionário de palavras Quatro títulos do escri- Pesquisa da Fundação Insti- soltas do povo Transmontano. tor de ficção científica Philip K. tuto de Pesquisas Econômicas Consagrado ator cinemato- gráfico internacional, Tom Hanks A Escola de Balé do Teatro Dick foram adquiridos pela Ed. anotou 9.483 novos títulos lan- terá a obra lançada, no Brasil, Bolshoi, da Rússia, ministra aulas Alfaguara, para publicação a par- çados em plataformas digitais no pela Editora Arqueiro. Primeiro regulares a cerca de 300 alunos, tir de janeiro. O primeiro será Brasil, ao longo do ano. Desse livro: Tipos incomuns, com 17 durante todo o ano, em Joinville, Um labirinto de morte. montante, 55% são romances e biografias, 23% publicações contos. provenientes de 20 estados bra- Obtém projeção de perfor- técnicas e científicas, 8% obras sileiros. O esquema é de bolsa mance ainda melhor para 2018, Cerca de 9,8 milhões de reais didáticas, com os restantes 13%, integral e, em quase 2 décadas, já na Ancine, o desempenho do foi quanto o Prêmio Música representando termos religiosos. formou 287 bailarinos. audiovisual brasileiro na TV pa- Brasileira obteve de autorização do MinC para captação de incen- De 2 a 4 de fevereiro, com o ga. No ano passado, o conteúdo foi O único cinema de Paraty, tivos culturais em sua edição do propósito de levantar o interesse de 13%, contra 71% do estrangei- o da Praça da Matriz, recebeu próximo ano. Sempre em julho, local pela cultura lusófona, reali- ro, no horário nobre. O número aporte de 1,3 milhões de reais o evento acontece no Teatro za-se, em Goa, a primeira edição exigido por lei restringe-se a três do BNDES para recuperação. Municipal do Rio. do Festival Raças: Celebração da horas e meia semanais. Chegou a Tombado pelo Iphan e sem exi- Literatura de Língua Portuguesa. cinco e vai crescer. ornalde JLetras 5

Césares o acento grave indicativo de crase é imprescindível. Atenção: Se você vai a Roma e volta de Roma (não há preposição + artigo) – sem crase. Você vai à Roma dos Césares e volta da Roma dos Césares (há preposição + artigo) Na ponta – com crase. Dica: use sempre esse recurso quando tiver dúvida se coloca ou não acento grave Língua indicador de crase antes de nome de lugar (topônimos). da Período correto: Desde menino aquele senhor queria ir à Roma dos Césares, para Por Arnaldo Niskier – Ilustrações de Zé Roberto conhecer a parte antiga da capital da Itália. O perdedor Flor amarela “O jogador de pólo perdeu o campeonato para o segundo colocado.” “A senhora se encantou com a beleza do gira-sol”. Sei o porquê. Não se usa mais o acento diferencial do par pólo(s)/polo(s). Imagina se estivesse escrito certo... Ela se extasiaria ao ver o Frase correta: O jogador de polo perdeu o campeonato para o segundo colocado. girassol sem hífen. Algumas palavras perderam a noção de composi- ção. Sempre foi assim, mesmo antes do novo acordo ortográfico. Redundância I Frase correta: A senhora se encantou com a beleza do girassol. Um conhecido apresentador de televisão entusiasmou-se tanto com a alegria da pessoa sorteada que disse: “Observem o sorriso no rosto dela...” Educação rigorosa Sorriso poderia ser em outro lugar? “A família queria colocar o menino semiinterno na mesma escola que seu pai estudara.” Redundância II Coitada da criança! Os tempos são outros... Uma televisão, fazendo uma chamada para a programação de domingo: “O assas- “Semiinterno”? Quando o prefixo termina em vogal (semi) e a palavra seguinte sinato de Ana Carolina há um ano atrás.” começa com a mesma vogal (interno), usa-se hífen – semi-interno. Por que o exagero? Usa-se há ou atrás. Período correto: A família queria colocar o menino semi-interno na mesma escola Os dois termos juntos é uma redundância desnecessária. que seu pai estudara. Frases corretas: “O assassinato de Ana Carolina há um ano” ou “O assassinato de Ana Carolina um ano atrás.” Homônimos “Cansei de apressar meus funcionários para apreçar os produtos”, disse Jorge ao Perda total I irmão. Ninguém pôde ajudá-lo na hora do temporal. Perdeu tudo. Novamente, cuidado com os homônimos homófonos (mesmo som, grafias dife- Lamentável! Não merecia passar por tal desdita. O período está perfeito. rentes). Apressar: dar pressa, agilizar. / Apreçar: dar preço, dar valor. Observe: na forma verbal pôde (pretérito perfeito do indicativo – 3a pessoa do sin- gular) permanece o acento para diferenciar de pode (presente do indicativo – 3a pessoa Confusão do singular). Exemplo: “Ninguém pode lutar contra as forças da natureza.” “O rapaz criou um enorme quiprocó na entrada do cinema”. Vai ver que ele tinha razão, na certa o aborreceram. Atenção: ao pronunciar a Perda total II palavra quiproquó, lembre-se que o u é pronunciado, mesmo não havendo mais o trema. “A subrregião Norte daquele município ficou inundada pela chuva do final de semana. Moradores perderam tudo!” Sonho impossível Garanto que a “subrregião” foi o local mais atingido. “Desde menino aquele senhor queria ir a Roma dos Césares, para conhecer a parte Com o prefixo sub usa-se o hífen antes da palavra inicia- antiga da capital da Itália.” da por r: sub-região. Lamentavelmente não vai conseguir. Período correto: “A sub-região Norte daquele município Quem quer ir a Roma (sem crase) conseguirá, mas quando especifica à Roma dos ficou inundada pela chuva do final de semana. Moradores perderam tudo!” ornalde 6 JLetras

me preparei, e comecei esse livro já tendo definido todo como ele ia ser, mas é muito interessante. Terminei toda, J Entrevista de Arnaldo Niskier sei lá em quantos meses, a primeira grande versão – eu L chamo versão aquilo que fiz, o texto inteiro – mas não li nada. Só fui ler a quarta versão, porque acredito que esse romance estava contando uma história, que eu penso Nélida Piñon poderosa para a sua circunstância, ter um caráter educa- tivo. O livro te educa. Ele dizia para mim por sonhos: não, isso aqui não está bem, tira isso, aumenta isso, desenvol- ve esses personagens. Eu trabalhava com muitos tempos narrativos, fui fazendo e refazendo. Fiz tudo isso em dois Sou mulher de anos, um livro imenso em dois anos, porque eu queria muito homenagear o Brasil com esse livro. Sobretudo porque achei que nós íamos ter eleições, voltaríamos à democracia. Mas isso não ocorreu, tivemos eleições indi- retas, mas o livro saiu. De todos os modos essa República gestos dos Sonhos cumpre um destino meu. Acho que eu quis falar do Brasil pelo fato de ser de família imigrante. Acho que devia isso ao Brasil, era o Brasil que eu queria conhe- cer através da narrativa e o Brasil que eu queria oferecer Arnaldo Niskier: A escritora Nélida Piñon, secre- Arnaldo Niskier: Nisso a Catalunha e o Brasil não aos brasileiros. Eu tinha uma visão de cristã-nova, mas tária-geral da Academia Brasileira de Letras, autora de se parecem? não tive que abjurar. Sempre digo que eu sou, fui uma bestsellers, voltou há pouco da Espanha onde foi lançar Nélida Piñon: Nada parecido, porque o Brasil cristã-nova, mas sem obrigação, por exemplo, como foi mais um livro e vai nos contar as novidades. Nélida, tem uma elite muito indiferente, muito paternalista no imposto aos judeus, de abjurar a sua fé. Eu não tive que quando você disse assim: “Esse colar foi me dado pela sentido assim: tudo o que ela tem é para o filho, para o fazer isso porque devo ter feito uma reconciliação com minha mãe.” Conheci D. Carmem e sei que ela até gos- neto, que vai gastar tudo o que herdou. E tem mais: gas- o Brasil, porque eu me sentia não quatrocentona, nunca tava de mim. tar mal e geralmente mal. É difícil uma fortuna brasileira fui, mas nova, porque eu tinha essa visão nova, eu podia Nélida Piñon: E como! Não só gostava, como ela resistir à sucessão. E já na Catalunha aquela burguesia ver o que ninguém via do Brasil ou poucos viam. Ele até admirava você, e ela imitava um gesto seu que ela adora- fez grandes arquitetos, grandes pintores, fizeram museus hoje é muito apreciado, mas me ajudou muito a eu ser a va. Gosto muito de dizer “eu sou mulher de gestos” por- cedo. Deixaram evidências culturais em todos os lugares. brasileira Nélida. Então, foi importante. que eu também tenho gestos, e ela gostava daquele seu, Arnaldo Niskier: É a cultura presente em toda Arnaldo Niskier: Todo mundo tem um ciúme que você fazia assim... Como se você estivesse detendo linha, não é? danado da Espanha: “A Nélida gosta da Espanha.” Nós o mundo, mas, ao mesmo tempo, era um gesto conci- Nélida Piñon: Como deve ser, porque acho que todos gostamos. liador, generoso, como que abraçava os seus vizinhos. está certo que você se preocupe com o filho, mas é muito Nélida Piñon: Gosto da Espanha, verdade, Então, ela gostava muito de você. importante que, ao deixar para o país, o filho é usuário mas critico a Espanha. Mas o Brasil é a minha paixão. Arnaldo Niskier: Muita saudade da D. Carmem? da cultura que você ajudou a plantar, é uma consequên- E, além do mais, querido amigo, a língua portuguesa é Nélida Piñon: Sempre. É uma presença muito cia. insuperável. Não há um amor que consiga bater esse amor. Nada compete com a língua portuguesa. Ela é profunda. Digo muito o seguinte: geralmente as pessoas Arnaldo Niskier: E lá você encontra um apreço capaz de nos fornecer tudo. dizem que os escritores e os artistas são desvinculados, grande pela sua obra. Eles vibram com o fato de você ter não falam das famílias, e eu sou, nesse sentido, um pouco descendência dos espanhóis. Arnaldo Niskier: É sonora, forte. Que Deus per- anacrônica, como queiram. Porque eu falo da família. A Nélida Piñon: É verdade. Na Espanha toda. E foi mita que você continue escrevendo por muitos anos na família, no meu caso, foi extraordinária na minha for- também o seguinte: fui aceitando os convites muito nossa língua. Nélida, você, reconhecidamente, é uma mação, devo muito a eles, porque, primeiro, ensejaram modestos, aquela coisa, não era uma brasileirinha, não é das figuras notáveis da Academia Brasileira de Letras. e permitiram que eu fosse uma mulher, primeiro uma fácil ser brasileirinha. Eu digo brasileirinha com carinho, Como vai a Academia nos tempos presentes? menina, depois uma mulher, ao longo da minha forma- não humilhação, de modo que tinha noção que deveria Nélida Piñon: Fico impressionada como os con- ção, de dupla cultura. O fato de ter duas culturas, já ini- aceitar. Mesmo quando o convite era muito modesto, eu temporâneos estão prorrogando, estão levando adian- cialmente ter me dado conta delas, como elas atuavam ia. Quem me estimulou muito a aceitar foi minha mãe. te a grande história da Academia. Você vê: nós não na minha maneira de ser, de aprender os movimentos Amigos queridos diziam: “Nélida, é muito modesto.” Eu morremos, nós também não ressuscitamos, não houve da cultura, comecei a invadir todas as demais culturas não me importava. A modéstia me estimulava a viver, a declínio. Ao contrário, nós temos, não digo que seja e me tornei alguém que peregrinava pelos gregos, pelos crescer. uma ascensão extraordinária, mas o simples fato de hebreus, por Roma. Roma é muito linda! Mas eu sou uma você ainda ser contemporâneo do seu tempo, refletir o Arnaldo Niskier: Nélida, você escreve permanen- conhecedora da cultura, enfim, e pelos séculos. Sempre seu tempo, tendo a noção da linhagem do passado da temente. Eu a conheço há tanto tempo e você está sem- digo, brincando: “Adoro pular de um século para outro.” Academia é um milagre. Você vê que, cada vez mais, a pre escrevendo algum livro. Qual é o de agora? Há séculos que eu amo, que gosto menos... Academia tem razão de ser, ou seja: nós, levando adiante Nélida Piñon: Engraçado. Ontem mesmo o meu a Casa como ela se apresenta, damos razão ao século 19. Arnaldo Niskier: E isso se reflete nos seus livros? editor Carlos Andreazza foi lá em casa e ficou horroriza- Havia que criar essa Academia. Há razão de ser. O Brasil Nélida Piñon: Nos meus livros e na minha ima- do, que eu já mostrei para ele dois volumes imensos de precisava dessa Academia. ginação. Porque as pessoas acham que você nasce com livros e que já comecei meu novo romance. Estou sem- uma certa porção de imaginação. É provável, porque pre produzindo. O que eu quero mostrar com isso é que Arnaldo Niskier: E você tem uma frase que ficou vem da sua família, do meio, da casa, da sua cidade, da eu vivo intensamente. A vida me apaixona, mas a litera- no meu espírito, uma frase muito feliz: “Se existe a sua aldeia, da sua língua. A língua tem imaginação tam- tura comanda meu desejo, comanda meu pensamento, e Academia, o Brasil é viável.” Nélida Piñon. bém, mas acho que uma das coisas que nós deveríamos não posso imaginar o cotidiano sem a tradução da arte. Nélida Piñon: E também digo outra: ”Se Machado pregar junto às crianças, aos alunos, e você, que é um A narrativa, de que forma se apresente, é fundamental. de Assis existiu, o Brasil é possível.” Porque fico impres- mestre, era o desenvolvimento da imaginação. A imagi- sionada como aqueles homens, os fundadores, que se Arnaldo Niskier: O que representou na sua vida a nação pode crescer, pode engrossar, pode ser pródiga, apoiaram na feliz ideia dos patronos. Foi uma ideia genial República dos Sonhos? Li todinho, do começo até o fim, e há que fazer, porque senão você murcha. Se não der que talvez até tenha vindo da França. Conseguiram com muito prazer, é claro. O que esse livro representou mingau à imaginação, ela enfraquece. Isso eu penso que imaginar um país que viria a ser, porque que país era na sua vida? procurei fazer desde cedo. Fui muito ajudada, primeiro, aquele? Era muito pobre. Era um país de alforriados, de Nélida Piñon: É uma boa pergunta. Nunca nin- pela família e depois pelos amigos e depois pelos livros. um índice extraordinário de analfabetos, embora tivesse guém tinha me perguntado dessa forma. Eu desejava Os livros me ajudaram. o Imperador ilustrado. Éramos pobres. Talvez a pobreza esse livro e me preparei para ele, mas muito interes- tenha sido um grande elemento que estimulou o nosso Arnaldo Niskier: Nélida, e essa descendência da sante: embora muitas pessoas pensem que é um livro imaginário. A pobreza, às vezes, é muito importante. Não Catalunha? Você vibra muito com isso? que cobre vários períodos e séculos, várias instâncias, estou pregando a pobreza, mas estou pregando o espíri- Nélida Piñon: Não tenho descendência, minha tanto brasileira como europeias, com isso pensam que to que reinou na Casa tendo pouco dinheiro. genealogia é galega. Mas vivi lá na Catalunha e também eu fiz grandes pesquisas; eu não fiz uma pesquisa. A não tive afetos e tenho afetos profundos. Um dos grandes ser um detalhe que eu não sabia. Então eu me preparei. Arnaldo Niskier: E por outro lado, Nélida, nós afetos da minha vida foi a grande agente literária, con- Tudo foi do meu conhecimento, das minhas leituras, que não nos concentramos apenas na figura do escritor. siderada um gênio, Carmen Balcells. De modo que tive eu sempre li muito. Então isso me beneficiou, de modo Somos 40 acadêmicos, mas existem especialistas em um acesso profundo à maneira de ser da Catalunha, à que eu queria um livro que pudesse contar a história cinema, em teatro, economia. língua catalã, à cultura. Inclusive a raridade da burguesia do Brasil e as utopias que ocorreram sobre o Atlântico Nélida Piñon: Exato. Nós somos notáveis, acho catalã, que a burguesia catalã progrediu economica- através das imigrações. E também achava, eu tenho uma que foi importantíssimo isso. Nesse sentido, Joaquim mente, mas gastou dinheiro na arte. Isso é muito raro, crença de que grandes romances da América Ibérica, Nabuco tinha razão, porque os notáveis e excepcionais porque às vezes as burguesias... A burguesia brasileira é Ibero-América, têm uma vocação totalitária imensa, ou são todos escritores, porque todo mundo tem livro. Você muito indiferente, apática, muito indiferente ao cresci- seja, livros totais, não frações de histórias. Um livro que não entra na Academia sem livro, ou seja, são intelec- mento cultural. conte um pequeno grande universo. Então foi uma pre- tuais de áreas distintas, e eu acho que isto dá uma varie- tensão muito grande, mas tive essa pretensão para a qual dade, uma riqueza, fertiliza o espírito da Casa. ornalde JLetras 7

JL Livros e Autores por Manoela Ferrari [email protected]

Na plateia do mundo D. Leopoldina e seu tempo

Na plateia do mundo (Ed. Global, 2017) traz um conjunto A obra D. Leopoldina e seu tempo: expressivo dos textos para jornais que Sábato Magaldi Sociedade, política, ciência e arte no escreveu sobre as montagens internacionais que teve a século XIX (MHN, 2016) faz parte da oportunidade de ver no exterior e no Brasil. Organizado por série de livros do Museu Histórico Nacional. Resultado do Edla van Steen, sua esposa e companheira de uma vida intei- Seminário Internacional com o mesmo tema, no Museu ra dedicada ao teatro, este livro, com 470 páginas, traça de Histórico Nacional, o volume bilíngue, com tradução em forma admirável um panorama de grande amplitude e pro- inglês, foi organizado por Aline Montenegro Magalhães, fundidade sobre o teatro, a partir dos anos 1950. Álvaro Marins e Rafael Zamorano Bezerra. A publicação, Um dos mais importantes críticos de teatro da história, de 348 páginas, completa um amplo programa de trabalho Sábato Magaldi escrevia praticamente todos os dias. Segundo empreendido pela equipe do Museu Histórico Nacional, dando prosseguimento ao sua esposa e escritora Edla van Steen, ele era exigente com as calendário de comemorações do bicentenário da chegada da primeira imperatriz montagens estrangeiras. E com ele mesmo, que mesmo em do Brasil, vinda da Áustria, em 1817. Os textos levam à reflexão e ao debate sobre D. férias na Europa não deixava de acompanhar as apresentações – numa dessas vezes Leopoldina e seu tempo, abordando temas que envolvem desde “As diversas faces de assistiu a uma estreia de Beckett. Além de lições sobre a arte, os textos transparecem D. Leopoldina”, por Paulo Rezzutti, “Uma princiesa entre as ciências e a política na o que realmente movia Sábato Magaldi: o amor ao teatro. Corte do Rio de Janeiro (1817-1826)”, reflexão de Lucia Maria Bastos Pereira Neves, Membro da Academia Brasileira de Letras, ensaísta, crítico, autor de livros que já se passando por “D. Leopoldina e a Arte no Brasil”, assinado por Paulo Knauss, até “O que tornaram referência na área teatral, Sábato Antonio Magaldi nasceu no dia 9 de maio pode ter matado D. Leopoldina”, uma coautoria de Valdirene do Carmo Ambiel e Luiz de 1927. Mineiro de Belo Horizonte, onde se bacharelou em Direito, não tinha 20 anos Roberto Fontes. Há quase 200 anos, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de quando, em Minas, escreveu o primeiro artigo publicado no Brasil sobre uma peça de Habsburgo-Lorena desembarcou no país para se tornar a Imperatriz do Brasil. A então Jean Paul Sartre. Crítico teatral, teatrólogo, jornalista, professor, ensaísta e historiador, arquiduquesa da Áustria já estava casada com Dom Pedro I. Analisar a atuação da Magaldi é apontado como um dos maiores críticos de teatro brasileiro, responsável imperatriz em esferas distintas entre o público e o privado, atentando para a questão pela recuperação e readequação da obra de . Morreu no dia 14 de inerente ao contexto histórico, foi o desafio proposto aos autores. julho de 2016, em São Paulo, aos 89 anos. A diplomacia na construção do Brasil Curso de direito constitucional contemporâneo A obra A diplomacia na construção do Brasil (Versal Editores, Editado pela Saraiva, a 6ª edição do livro Curso de Direito 2017), de Rubens Ricupero, apresenta, ao longo de 780 pági- Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais nas, a mais completa e atualizada história das relações do e a construção do novo modelo, de autoria do ministro do Brasil com o mundo. Com capa dura e ilustrado com mapas, Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, desenhos cartográficos e 80 imagens históricas, a publicação apresenta uma exposição didática e crítica dos grandes mostra como a política externa contribuiu para a definição temas e das principais transformações ocorridas nos últi- dos valores e ideais da identidade do país. Testemunha e pro- mos anos no Direito. tagonista das últimas cinco décadas da diplomacia brasileira, A obra apresenta uma introdução abrangente à teoria da Ricupero desvenda a trama de influências nacionais e inter- Constituição e ao Direito Constitucional, com o olhar de nacionais desde 1750 até 2016, oferecendo um livro decisivo um autor reconhecido nacional e internacionalmente. De para a compreensão de nossa história. No prefácio, o autor maneira didática, expõe principalmente as transforma- explica: “Queria uma obra que acompanhasse a evolução da política externa mistu- ções na área ao longo dos anos. O texto traz os conceitos fundamentais da teoria da rada a tudo mais que acontecia como parte integral e não segregada da vida coletiva. Constituição, que teve seu objeto ampliado, e do direito constitucional, que assumiu Este é um olhar de dentro, de alguém cuja identidade pessoal, profunda e irredutível, definitivamente o seu caráter normativo, procurando conformar a realidade social e é dada por uma vida inteira devotada ao Itamaraty e à diplomacia brasileira.” Nascido dando nova dimensão à jurisdição constitucional. em São Paulo em 1937, Rubens Ricupero ingressou no Instituto Rio Branco em 1958 e Desde junho de 2013, ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso iniciou a carreira diplomática em 1961. Embaixador do Brasil junto às Nações Unidas é mestre pela Yale Law School, nos Estados Unidos, doutor e livre-docente pela em Genebra, Suíça, nos Estados Unidos e na Itália, foi ministro do Meio Ambiente e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, bem como professor e pesquisador Amazônia Legal, ministro da Fazenda durante a implantação do Real, subchefe da Casa visitante em diversas instituições, no Brasil e no exterior. É autor de livros clássicos, Civil e assessor especial do presidente José Sarney. Atuou como assessor de política como O controle de constitucionalidade no direito brasileiro, e de numerosos artigos externa de Tancredo Neves na campanha para a Presidência da República, em 1984/5, publicados no Brasil e no exterior, incluindo França, Estados Unidos, Espanha e e registrou a experiência no livro Diário de bordo: a viagem presidencial de Tancredo México. Neves (2010). Entre 1995 e 2004, dirigiu como secretário-geral a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra. Diretor, Coleção Afrânio Peixoto mais tarde decano, da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), professor do Instituto Rio Branco e da Universidade Este volume 20, que encerra a publicação da Biobibliografia de Brasília, colaborador dos mais influentes órgãos de imprensa do país e de publica- dos Patronos (e membros) da Academia Brasileira de ções especializadas nacionais e estrangeiras, Ricupero é autor de nove livros. Letras, é o dos Viscondes: Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, patrono da Cadeira nº 39, e José Maria da Silva Segredos do sucesso Paranhos, Visconde do Rio Branco, Cadeira nº 40. Francisco Adolfo de Varnhagen, sorocabano ilustre, nas- A missão do livro Segredos do Sucesso, da Editora Leader, ceu em 17 de fevereiro de 1816. Foi historiador polígrafo, sobre Histórias de Executivos da Alta Gestão, é abordar, atra- deixando-nos, entre outros trabalhos literários, a História vés dos questionários respondidos pelos executivos convi- Geral do Brasil e a História da Independência do Brasil. Na dados, o legado intelectual de cada um ao longo dos anos. A diplomacia, esteve a serviço do Brasil em vários países. experiência apresentada, segundo os coordenadores Andréia Foi agraciado com os títulos de Barão de Porto Seguro e Roma e Cristiano Lagôas, pretende permitir aos leitores Visconde de Porto Seguro. Faleceu em Viena, Áustria, em “errar menos e, principalmente, aplicar os ensinamentos em 29 de junho de 1878. atividades diárias”. A obra, em sua segunda edição, apresenta Segundo ocupante da Cadeira 34, eleito em 1º de outubro de 1898, na sucessão de 40 entrevistas com executivos, que relatam suas vivências no Pereira da Silva, José Maria da Silva Paranhos Júnior (o Barão do Rio Branco) era meio corporativo, dividindo seus aprendizados e visões de diplomata e historiador. Nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1845, e faleceu na futuro. Entre os que dividem essa experiência estão nomes mesma cidade, em 10 de fevereiro de 1912. Foi um dos maiores estadistas da história como Luiz Roberto Londres, da Clínica São Vicente, Eduardo brasileira. Pitombo Machado, do Grupo Estácio, Paulo Palaia Sica, da O 20º livro da Coleção encerra o projeto idealizado por Israel Souza Lima, biógrafo Gol Linhas Aéreas Inteligentes e Arnaldo Niskier, do Insituto Antares de Cultura. No dos 40 patronos de Cadeiras do quadro de Membros Efetivos da Academia Brasileira prefácio, a artista plástica, pedagoga e escritora Maria Goret Chagas, integrante da de Letras. “Associação dos pintores com a boca e os pés”, destaca a superação, determinação, O escritor e pesquisador Israel Souza Lima nasceu na Bahia, em outubro de 1924, e, excelência e inovação como os grandes segredos do sucesso e parabeniza os organi- desde 1943, mora em São Paulo. Foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras com zadores do livro, Cristiano Lagôas e Andréia Roma, pela oportunidade dada a cada as medalhas João Ribeiro (1997) e (2014). participante de deixar o seu legado “que só vai acrescentar aos leitores o valor da vida”. ornalde 8 JLetras

O Pipoqueiro da Créditos: Acervo particular de Ziraldo Alves Pinto esquina Por Manoela Ferrari

No princípio, eram apenas “pipocas”, frases críticas e bem-humo- radas de Carlos Drummond de Andrade que ganharam este apelido nas páginas do Jornal do Brasil, onde foram publicadas entre 1979 e 1981. No final, as tiradas apimentadas do poeta ganharam desenhos do amigo Ziraldo, que lhe propôs ilustrá-las. Surgia, assim, O Pipoqueiro da esqui- na, livro editado pela Codecri, em 1981, tema da exposição em cartaz no Instituto Moreira Salles do Rio. Trinta e seis pranchas originais estão expostas – além de bilhetes, cartas, poemas, fotos, objetos notáveis que contam um pouco da amiza- de entre os dois mineiros na época em que trabalharam no livro. “A parceria Drummond/Ziraldo oferece-nos, sobretudo, retratos de um certo Brasil (alguns, sob muitos aspectos, infelizmente, atual), A mostra “O Pipoqueiro da Esquina”, com textos de Carlos Drummond de Andrade, ilustrada por mas é também um elogio à amizade, ao diálogo e à liberdade”, afirma o Ziraldo. curador da mostra Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS. De acordo com Ferraz, o humor é uma das marcas que definem a escri- ta de Carlos Drummond de Andrade, desde sua estreia em livro, com Alguma poesia, em 1930: “Do mesmo modo, a atenção voltada para o fato cotidiano não se esgotou nos primeiros anos, mais devedores dos ideais modernistas. “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente”, lê-se no célebre poema Mãos dadas. Esse desejo radical de compreensão do seu tempo e dos seus contem- porâneos faz ver o espírito de cronista que ganhou corpo numa ininter- rupta colaboração com a imprensa. De sua parte, Ziraldo sempre foi um apaixonado pela literatura, como comprova sua brilhante carreira de escritor”, explica o curador. Ziraldo comemorou 85 anos no dia 24 de outubro deste ano. Drummond, que morreu há 30 anos, faria 115 anos este ano (nascido em 1902, faleceu em 1987). A mostra, que tem projeto expositivo de Daniela Thomas, cineasta e cenógrafa, filha de Ziraldo, é gratuita e ficará em cartaz até o dia 18 de fevereiro de 2018. De terça a domingo e feriados (exceto segunda), das 11h às 20h, no IMS-Rio, que fica na rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea.

Imagens da mostra “O Pipoqueiro da Esquina”, no IMS-Rio.

A exposição, com entrada franca, ficará em cartaz até o dia 18 de fevereiro de 2018. ornalde JLetras 9 muitas peripécias, casou-se com a princesa de um reino próspero. Quase mergulhei nesses delírios, a cabeça pendida no buraco do poço, os olhos buscando segredos. Súbito, atirei nele os desejos de PoçoPoço minha mocidade e rejeitei questões loucas de meu espírito. Tudo boiou lá embaixo, tilitando como moedas de ouro. Por Raquel Naveira * Foi num poço assim que Jacó encontrou Raquel, a pastora de ovelhas. Beijou-a e chorou de paixão. Tão curta a vida, tão grande o amor... Foi num poço assim que Jesus deu de beber à mulher samari- O poço ficava no quintal, ao lado da varanda de treliça verde. Era tana a água viva do conhecimento. Bem que ela estranhou, judeus não um círculo estreito, guardando um abismo, uma fonte, um mistério. conversavam com samaritanos, ainda mais com uma mulher. Como ele Ouço ainda o barulho das roldanas levando o balde de alumínio ao tiraria água do poço se estava com as mãos vazias? Mas ele insistiu, disse fundo, que voltava com água fresca pontilhada de estrelas. que mataria sua sede. Ela, uma mulher só, embora tivesse tido tantos Causava-me medo aquele poço, luneta gigante apontando para relacionamentos. Largou o cântaro na borda do poço, o coração dispa- o útero da terra e não para os astros. Apontando, talvez, para os infer- rado com a revelação. nos, para o limbo, para o musgo, para a morada dos mortos cheia de Para entrar na varanda, onde havia uma mesa com livros e ecos, palavras absorvidas pelo silêncio. Aquele poço estava no meio do cadernos escolares, eu calçava com cuidado as chinelinhas de borracha meu caminho, como a pedra do poema de Drummond. Era sagrado, a encostadas no poço. Um limo verde ficou entranhado para sempre em boca aberta para o cosmos, às vezes tampada por uma tora de madei- meu corpo, em minha alma. ra. Eu passava perto, reclamando de sede, sentindo-me perdida como Alice, a do País das Maravilhas que, seguindo um coelho branco, de olhinhos vermelhos, que passou correndo perto dela, entrou numa toca *A escritora Raquel Naveira é diretora da União Brasileira de Escritores/ que parecia um túnel e caiu. Caiu num poço muito, muito cavado. A Seção SP; pertence à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, à Academia menina não sabia se estava caindo devagar ou se o poço não tinha fim. Cristã de Letras de São Paulo e ao Pen Clube do Brasil. Ficou assustada. Olhou para baixo e não viu nada. Estava tão escuro! De repente, acordou. Acabara-se o tombo. Foi nesse espaço que ela bebeu poções mágicas; cresceu e diminuiu de tamanho em frente a espelhos. Encontrou a Lagarta, o Peixe, o Gato Maltês, a Duquesa, o Chapeleiro Maluco, a furiosa Rainha de Copas que queria lhe cortar a cabeça, o mitológico Grifo, a Tartaruga Fingida e outros personagens, num sonho vertiginoso de aventuras irônicas e lisérgicas. Alice escancarou a porta do surrealismo, onde os relógios derretem nos degraus das escadas e as imagens passam sem controle pela mente. Já havia germes da imaginação fantástica dentro de mim. Lembrava-me da história contada pelos irmãos Grimm em que um sol- dado, conduzido por uma bruxa, desceu num cesto preso a uma corda ao fundo de um velho poço sem água, no qual caíra um lampião. O lam- pião espalhava uma bela luz azul que nunca se apagava. E lá, um anão escondido na fumaça de um cachimbo pegou-o pela mão e o levou por um corredor subterrâneo, cheio de tesouros. O soldado, claro, depois de

cobra. Sá Ana, nossa ama, jogava dois tostões no “bicho”. Seu sonho era botar um dente de ouro. Ah, como sonhei com o cinema e com galãs dos filmes ameri- RibeiroRibeiro CoutoCouto ee aa canos! Quem não se lembra do tema musical Summer time in Venice e Que c’ést triste Venise, na voz inconfundível de Charles Azsnavour, que, encantada, ouvi sob as pontes que cruzam os canais? Na Praça São sequênciasequência dosdos Marcos, que Napoleão considerada a mais bela do mundo, há um forte apelo pela preservação no amor que se tem por Veneza. No livro de Cândido Portinari (1903-1962) O menino de Brodósqui, ele diz para o filho João Cândido: “Sabe por que é que pintei meninos sonhossonhos em gangorra e balanço? Para botá-los no ar feito anjos.” Balançando- me à sombra da mangueira do quintal da minha casa, só Deus sabe até Por Marly Mota* onde o sonho me levava! O artista catalão Salvador Dali afirmava que o sonho foi o seu instrumento de trabalho. O músico Paul McCartney compôs, inspirado Há um provérbio chinês: “Nunca ria dos sonhos dos outros. Quem num sonho, Yesterday, inserida no livro Guinness Records, como a músi- não tem sonhos tem muito pouco.” Deles, dia a dia, somos subordina- ca pop de maior sucesso. dos a guardá-los na memória. Deixá-los morrer confinados na memó- Casualmente, sonho tocando piano, chego até a ouvir o som do ria, que, em muitos casos, já agoniza, ocultá-los nas gavetas, junto aos teclado. Às vezes, o sonho chega com pesadelo, levando-me, aflita, a cadernos, cartas, retratos desbotados ali confinados. Dos sonhos care- lugares nunca dantes visitados. “A ninguém que passava eu poderia/ cem os escritores, poetas, compositores, artistas, arquitetos, políticos estender a mão, querer falar/ pedir fraternidade e companhia/ Era só e tantos mais. Guardo na memória e nas gavetas as minhas fantasias na paisagem milenar”, fragmento do poema “Perto e Longe”, do poeta e como refúgio. Lembra ainda o provérbio chinês: “Quem não tem sonhos jornalista, magistrado, diplomata e romancista, Ribeiro Couto, guarda- tem muito pouco.” do na gaveta dos sonhos. Muitos afirmam que os sonhos influenciam decisões. Os milhares de sonhos que a Mega-Sena sugere, os que se aventuram através do democrático e popular “jogo do bicho”: sonhar viajando dá camelo; *Marly Mota é membro da Academia Pernambucana de Letras e com ônibus colorido, pavão; com a polícia, dá macaco; com traição, dá colaboradora do JL. ornalde 10 JLetras PatronosPatronos ee FundadoresFundadores –– 120120 anosanos dada ABLABL

Por Manoela Ferrari [email protected]

Fotos: Guilherme Gonçalves e Fábio dos Passos Como parte das comemorações pelos 120 anos de sua fundação, completados em julho, a Academia Brasileira de Letras preparou a Exposição “Patronos e Fundadores”, com desenhos de Cássio Loredano, um dos mais importantes caricaturistas brasileiros. A exposição, seguindo a sequência numérica das 40 cadeiras acompanhadas de texto biográficos dos Patronos e Fundadores, foi encomendada ao artista em 2002, pelo então Presidente da ABL, aca- dêmico, embaixador e historiador . Depois de exposta uma primeira vez, em 2005, passou a fazer parte do acervo da Casa de Machado. Com a programação dos 120 anos de sua fundação, o atual presidente da ABL, Domício Proença Filho, e a secretária-geral, a acadêmica Nélida Piñon, idealizaram a exposição. O caricaturista Cássio Loredano buscou interpretar o perfil psico- lógico dos primeiros membros efetivos da academia e de seus patronos: “A caricatura não se atém aos traços fisionômicos, mas também procu- ra, na medida das possibilidades, o caráter do personagem.” Com caricaturas duplas, os desenhos retratam os fundadores de cada cadeira da academia, lado a lado com os respectivos patronos. Machado de Assis, por exemplo, primeiro ocupante da cadeira 23, homenageou outro grande escritor do século 19, José de Alencar (1829- 1877), e Rui Barbosa, fundador da cadeira 10, elegeu como patrono o jornalista e político (1799-1837). A exposição Patronos e Fundadores – 120 anos de ABL pode ser vista até março de 2018, com entrada franca, na sede da academia, loca- lizada na Avenida Presidente Wilson, 203, no centro do Rio.

A exposição “Patronos e Fundadores – 120 anos da Academia Brasileira de Letras” reúne 40 obras de Cássio Loredano. Com entrada franca, a mostra fica em cartaz até março de 2018, na sede da ABL, localizada na Avenida Presidente Wilson, 203, no Centro do Rio.

Domício Proença Filho e Nélida Piñon inauguram a exposição de caricaturas “Patronos e Fundadores – 120 anos da Academia Brasileira de Letras”. Acadêmicos prestigiaram a abertura da exposição. ornalde JLetras 11 Algumas das caricaturas feitas pelo artista Cássio Loredano

Cadeira 13: Patrono Francisco Cadeira 7: Patrono Otaviano (1826-1888) - Fundador (1847-1871) - Fundador Valentim Visconde de Taunay (1843-1899). Cadeira 10: Patrono Evaristo da Magalhães (1859-1903). Veiga (1799-1837) - Fundador Rui Barbosa (1849-1923.)

Cadeira 2: Patrono Álvares de Azevedo (1831-1852).

Cadeira 29: Fundador Artur Cadeira 21: Patrono Azevedo (1855-1908) - Patrono Cadeira 7: Patrono Castro Alves (1838-1888) - Fundador José do (1815-1848). (1847-1871) - Fundador Valentim Patrocínio (1853-1905). Magalhães (1859-1903). ornalde 12 JLetras J Literatura Infantil Vamos ler! L Por Anna Maria de Oliveira Rennhack Seleção juvenil! Visite a nossa página na internet: annarennhack.wix.com/amor Quando a primavera chegar – Texto e ilustrações de Marina Colasanti (Global) – Literatura,Literatura, simplessimples “Tudo é surpreendente e tudo é verdadeiro no livre espaço do ima- ginário em que os contos deste livro assim!assim! acontecem. Mas não há estranhamen- to. Levado pela linguagem singular da autora, o leitor participa desse espaço, Mestre em educação, pedagoga, editora de livros infantis e didáticos — e-mail: [email protected] rumo a um encontro com suas próprias emoções.” Delicadeza, percebi, na mão, a linda flor do crisântemo!

Certa vez, comentei com Beth Serra que sentíamos tanta falta do Bartolomeu (Campos de Queirós) que não deixávamos que ele seguis- O velho e o mar – Quem de nós não se se seu caminho espiritual. Beth achou graça e respondeu que todas as emocionou com a fascinante história de Ernest homenagens e a constante referência ao escritor seriam, por certo, de Hemingway? Em adaptação livre de Thierry Murat seu agrado. e tradução de André Telles, a obra ressurge sob a Acho que nunca Bartolomeu fez tanta falta! Vivemos um momento forma de história em quadrinhos em edição cui- tamanho de incoerência e falta de humanidade que seria um bálsamo dadosa da Bertrand Brasil. ouvi-lo. Policiamentos, preconceitos, literatura utilitária e didática (se isso é possível!), confronto de ideias e ideais, religiosidade excludente e agressiva... Precisamos reagir a todos esses equívocos com aquilo que mais sabemos fazer: livros! Muitos livros de fantasia, de aventura, diver- tidos, rimados, tristes, excelentes, ou não, livres! Caberá a cada leitor decidir o significado de bom ou ruim, de gostar ou não, mas tendo a Mitologia Nórdica – Neil Gaiman (Intrínseca) possibilidade de acesso a diferentes obras. – Com a motivação dos quadrinhos e dos filmes, os deuses nórdicos se tornaram bem conhecidos Volnei Canonica, em artigo do Publinews coloca: da garotada. Odin, o mais poderoso dos deuses, sábio, audacioso e sagaz; Thor, seu filho, o mais “Aprendi aos nove anos no ferro velho do meu pai que o objeto forte e, segundo o autor, para tristeza dos fãs, o livro tem dois valores: o literário e o do peso do papel. Quando eu recebo menos inteligente dos deuses; e Loki, filho de literatura, eu saio distribuindo literatura. Quando eu recebo livros que o gigantes, irmão de Odin por juramento (os filmes único valor é o peso do papel, eu jogo no lixo para ser reciclado. Mas essa o retratam como irmão de Thor!), trapaceiro e decisão precisa ser minha como leitor. Como saber diferenciar? Tendo extraordinário manipulador. Gaiman nos apre- acesso aos dois!” senta deuses competitivos cujas emoções ditam grande parte de suas ações. Linda capa com o Ao participar de concursos literários, sempre me surpreendo martelo de Thor! quando obras que para mim não merecem um segundo olhar são clas- sificadas como finalistas e mesmo vencedoras! Os Imaginários – Ilustrações de Emily Quando o Governo reúne um grupo de especialistas que, com Gravett e tradução de Alexandre Boide (Escarlate) experiência e embasamento teórico, seleciona obras para aquisição, – Escrito pelo renomado autor britânico A. F. está garantindo qualidade e diversidade cultural nas escolhas efetuadas. Harrold, desde a primeira página cativa os leito- Ao permitir que leigos e curiosos da área infantil e juvenil participem de res com essa história tão comum, que é ter um uma avaliação pseudo “democrática e aberta”, está abrindo espaço para amigo invisível. Apenas Amanda consegue ver seu valores nem um pouco democráticos ou construtivos, como enfatiza amigo imaginário, Rodger, até o sinistro Sr. Tordo Volnei, seria o reforço pela busca de uma única verdade. bater à sua porta. O Sr. Tordo caça imaginários. Com poucos recursos e muitas demandas a atender, compete ao E agora? O livro foi o Vencedor do UKLA Book Governo, quando retomar os programas de aquisição de livros de litera- Awards (Associação Literária do Reino Unido), tura, selecionar obras diversificadas, originais, com textos e edições de em 2016, com júri formado exclusivamente por qualidade, que permitam o desenvolvimento da criatividade e da fanta- professores, na categoria de leitura indicada a sia, o conhecimento de diferentes posicionamentos e valores. alunos de 7 a 11 anos. Citando o querido Bartolomeu, fantasiar é experimentar a liber- dade. A Instrumentalina – Texto de Lídia Jorge, Completo com o texto da cartilha As crianças e os livros, projeto ilustrações de Anna Cunha (Peirópolis) – Em da Prefeitura de Belo Horizonte (Fundação Municipal de Cultura), que um lindo campo de margaridas, terminou o recebi de Fabíola Farias, uma das redatoras da obra: primeiro passeio na bicicleta mágica do tio. As mágoas e a carência de afetos estão presentes “Deixe que as crianças escolham os livros que querem ler ou que na narrativa lusitana, com melodia de fado. desejam que outros leiam para elas. Não se preocupe com a aprendiza- Anos depois, o reencontro com os afetos, o gem ou com os temas polêmicos. A literatura é o espaço da fantasia, do único que conheceu em criança, com o tio desejo, da imaginação, da liberdade.” ciclista. Lindo! Quando li pela primeira vez o texto da autora portuguesa, revi a aldeia do meu pai e sua bicicleta, com as mulheres vestidas de negro, interca- lando as tarefas domésticas aos bordados e costuras. Guardei comigo a emoção, e agora a compartilho. ornalde JLetras 13

JL Biblioteca Básica Brasileira BBBO Jornal de Letras apresenta mais três autores cujas obras não podem faltar numa Biblioteca Básica Brasileira. acervo JL acervo JL acervo JL Cláudio de Sousa João Neves da

Médico e teatrólogo, nas- Fontoura Quinto ocupante da Cadeira ceu em São Roque, SP, em 20 de nº 11, eleito em 25 de março de 1926, outubro de 1876, e faleceu no Rio Advogado e político, nas- na sucessão de João Luís Alves e de Janeiro, RJ, em 28 de junho ceu em Cachoeira, RS, em 16 de recebido em 4 de setembro de 1926 de 1954. Feitos os estudos preli- novembro de 1887, e faleceu no pelo acadêmico Laudelino Freire. minares em São Roque, seguiu Rio de Janeiro, RJ, em 31 de março Recebeu o acadêmico A.J. Pereira para o Rio de Janeiro, onde se de 1963. Bacharel em Ciências da Silva. Adelmar Tavares (Adelmar formou em Medicina em 1897. Jurídicas e Sociais pela Faculdade Tavares da Silva Cavalcanti), advo- Desde os 16 anos, colaborava na de Direito de Porto Alegre, foi gado, professor, jurista, magistrado e imprensa carioca, em O Correio da Tarde e A Cidade do Rio. Promotor Público de Porto Alegre durante um ano; prefeito de poeta, nasceu em , PE, em 16 de fevereiro de 1888, e faleceu Diplomado, foi residir em São Paulo. Ali instalou consultó- Cachoeira, de 1925 a 1928; deputado estadual, de 1921 a 1928, e no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de junho de 1963. Era filho de Francisco rio médico e continuou colaborando na imprensa paulis- vice-presidente do Estado do Rio Grande do Sul, eleito em 1927. Tavares da Silva Cavalcanti e de Maria Cândida Tavares. Ingressou tana. Foi professor de Terapêutica na Escola de Farmácia Deputado federal pelo RS, de 1928 a 1930 e de 1935 a 1937. na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau em 1909. de São Paulo, hoje integrada à USP. Em 1909, juntamente Dedicou-se durante algum tempo ao jornalismo, como redator Ainda estudante, começou a colaborar na imprensa como redator com um grupo de intelectuais, foi um dos fundadores da de O Debate de Porto Alegre e do Rio Grande de Cachoeira. do Jornal Pequeno. Em 1910, mudou-se para o Rio de Janeiro, Academia Paulista de Letras. Escreveu sob os pseudônimos Fundou, em Porto Alegre, em 1907, a revista Pantum. Depois onde ocupou importantes cargos. Foi professor de Direito Penal Mário Pardal e Ana Rita Malheiros. Em 1913, mudou-se para de 1930, recusando qualquer cargo político, passou a ocupar na Faculdade de Direito do Estado do Rio de Janeiro; promotor o Rio de Janeiro. Passou então a dedicar-se inteiramente à o posto de consultor jurídico do Banco do Brasil. Embaixador público adjunto (1910); curador de resíduos e testamentos (1918); ficção e ao teatro, deixando a clínica médica. Naquele ano, do Brasil em Lisboa de 1943 a 1945. Ministro de Estado das curador de órfãos (1918-1940); advogado do Banco do Brasil (1925- estreou na prosa de ficção com o romance Pater, muito Relações Exteriores, no ano de 1946, chefiou a Delegação 1930); desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal bem recebido pela crítica. Suas peças de teatro, como Flores do Brasil à Conferência de Paz, em Paris. Nomeado ministro (1940) e presidente do Tribunal de Justiça (1948-1950). Enquanto de sombra (1916) e O turbilhão (1921), obtiveram êxito das Relações Exteriores pela segunda vez, empossando-se no desenvolvia sua carreira na magistratura, Adelmar Tavares conti- com sucessivas representações. Iniciador do teatro ligeiro cargo em 31 de janeiro de 1951 e exercendo a pasta até 19 de nuava colaborando na imprensa, e seu nome se tornara conhecido de comédia, escreveu diversas peças. Pronunciou confe- julho de 1953. Em 1951, foi delegado do Brasil à IV Reunião de em todo o Brasil no setor da trova, sendo considerado, até hoje, o rências, no Brasil e no exterior, reunindo-as em volumes. Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas maior cultor desse gênero poético no Brasil. Suas trovas sempre Publicou igualmente diversos livros registrando impressões Americanas. Ainda em 1951, foi o chefe da Delegação do mereceram referência na história literária brasileira. Sua obra poé- de viagem. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras Brasil ao Congresso da União Latina. Em 1952, chefiou a tica caracteriza-se pelo romantismo, lirismo e sensibilidade, sendo por duas vezes, em 1938 e 1946. No ano do cinquentenário Delegação do Brasil à VII Assembleia Geral da Nações Unidas, recorrentes temas como o da saudade e o da vida simples junto à de fundação da ABL, como presidente, promoveu as soleni- em Nova York. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela natureza. Era membro da Sociedade Brasileira de Criminologia, dades comemorativas e editou o volume ilustrado Revista Universidade de Columbia, dos Estados Unidos da América. do Instituto dos Advogados, da Academia Brasileira de Belas Artes, do Cinquentenário. Foi o fundador, em 1936, e o primeiro Era membro da Academia Rio-grandense de Letras, sócio cor- membro e patrono da Academia Brasileira de Trovas. Era consi- presidente do Pen Clube do Brasil. respondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia derado o Príncipe dos Trovadores Brasileiros. Foi presidente da de Letras do Uruguai e da Academia de la Lengua da Colômbia. Academia Brasileira de Letras em 1948. ornalde 14 JLetras

E por falar em mulheres desenhistas...

Batom, Lápis e TPM é uma exposição de artes gráficas reali- zada desde 2011 como programação oficial do Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação de Humor Gráfico de Piracicaba, e propõe estimular e oferecer espaço a artistas (amadoras ou profissio- nais) brasileiras e estrangeiras para mostrar suas produções no âmbito Por Zé Roberto [email protected] das comemorações e reflexões do Dia Internacional da Mulher. As inscrições já estão abertas, o Regulamento e Ficha de Inscrição podem ser baixados no site do Salão de Humor, no endereço salaointer- Arte da superação nacionaldehumor.com.br/.

A jovem artista Greice nasceu no dia 14 de abril de 1999, na cidade do Recife, em Pernambuco. Portadora de uma má formação na coluna chamada mielomenigocele, defeito congênito que atinge o desenvolvi- mento da medula espinhal de bebês em formação, Greice viu nas artes uma forma de amenizar as dificuldades do dia a dia. Enquanto aguarda- va ser atendida no tratamento médico e na fisioterapia, a menina estava sempre acompanhada de seu caderno de desenho, aproveitando os intervalos para exercitar. A partir de 2014, passou a ver o desenho como uma prática além de um passatempo, e resolveu adotar a arte como sua atividade profissional. Sua primeira encomenda surgiu, despretensio- samente, quando uma de suas professoras solicitou a criação de um retrato. A partir deste momento, Greice sentiu-se encorajada e passou a se dedicar ainda mais. Autodidata, a artista juvenil vem se desenvolven- do graças ao apoio incondicional da família que, sem poupar esforços, montou uma bela estrutura com direito a um caprichado estúdio de artes, com prancheta e diversos materiais de desenho e pintura. Greice reconhece que ainda está longe da perfeição, mas vem praticando diver- sas técnicas que vê na internet e em livros, e já apresenta, mesmo sendo tão jovem, maturidade em seus desenhos. Seu sonho é cursar uma faculdade de artes. Em 2016, Greice esteve na Escola Técnica Estadual Miguel Batista, Apipucos, Parque Urbano da Macaxeira, quando participou como palestrante contando sobre sua vida e como a arte vem sendo importante para sua formação. Poder exibir seus desenhos num data show, e responder perguntas dos alunos da escola que tomaram conta do auditório fez aumentar ainda mais sua confiança e autoestima. Quem vê Greice caminhando, aparentemente frágil, com auxílio de muletas, pouco imagi- na que o que realmente a faz seguir em frente é o amor da família e a paixão pelas artes. Com apenas 18 anos, a artista participará de sua primeira exposição, em março de 2018, numa cole- tiva em Niterói, na Sala de Cultura Leila Diniz, quan- do acontecerá uma interes- sante homenagem à Nair de Teffé, umas das nossas desenhistas pioneiras. Contatos com a Dakota jovem talentosa podem ser feitos pelas redes Fanning Twitter (greicemaria10), Instagram (greicesilva_ art) e Facebook (greice. silva.58760). Greice Silva ornalde JLetras 15 Aviation se coloca entre as principais fornecedoras de motores para o setor no mundo. No fim da celebração, o presidente do CIEE-Rio ressaltou a impor- 10ª edição do Prêmio tância de manter em destaque empresas modelares, como o SESC, o Canal Futura, o Detran e a GE Celma: “Esta premiação é um reconhe- cimento público às empresas que, apesar dos tempos difíceis, vem nos Responsabilidade mostrando que ‘há luz no fim do túnel’, adotando políticas que podem ser a chave para a descoberta de novos talentos e de um futuro melhor para o país.” Entre as empresas e personalidades que já receberam o prêmio, Social estão o presidente da Imprensa Oficial do Rio de Janeiro, Haroldo Zager, Por Maria Cabral além dos presidentes do Tribunal de Justiça do Rio, José Murta Ribeiro, Luiz Zveiter e Leila Mariano e o procurador-geral da Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira e do presidente da Fundação Cesgranrio, Carlos O Prêmio Responsabilidade Social, concedido pelo CIEE-Rio, che- Alberto Serpa. gou à décima edição, homenageando os vencedores com um simpático Fotos: Humberto Teski almoço na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Desde 2008, representando um reconhecimento público, são homenageadas personalidades e empresas que têm se destacado do ponto de vista da assistência social, no amparo aos jovens do Rio de Janeiro quando buscam o caminho do emprego. Escolhidos pelo Conselho de Administração do CIEE-Rio, foram premiados, este ano, o diretor de programação do Canal Futura, João Alegria, o diretor-geral do Serviço Social do Comércio (SESC), Carlos Artexes, e o presidente do Grupo GE Celma, Júlio César Talon. As organi- zações exercem boas práticas no ambiente de trabalho, além de motivar o jovem trabalhador a se engajar em causas sociais. O presidente do CIEE-Rio, Arnaldo Niskier, destacou os 53 anos de sucesso da Instituição no desenvolvimento de programas ligados ao binômio educação-preparação para o mundo do trabalho: “Mais uma vez, manifestamos a nossa alegria pela concretização desse evento, pro- movido por uma Ong sem fins lucrativos, cujos pilares de sustentação são a ética, a transparência e o desenvolvimento sustentável”, ressaltou. A concorrida cerimônia de premiação do CIEE-RJ, na Associação Comercial do Rio de Elogiando a bem-sucedida parceria com o CIEE/Rio, o presidente Janeiro. do Detran-Rio, Vinícius Farah, ganhador do prêmio no ano passado, participou este ano da premiação, por estar em viagem naquela ocasião: “É um grande orgulho, para nós fluminenses, ter o CIEE como parceiro. João Alegria, diretor do Fui prefeito de Três Rios por 8 anos e assumi, em fevereiro deste ano, o Canal Futura, Carlos Detran-Rio com o desafio de torná-lo o mais moderno, eficiente e des- Artexes, diretor do burocratizado órgão do Rio de Janeiro.” SESC e Júlio Talon, O diretor-geral do Serviço Social do Comércio (SESC), Carlos presidente do Grupo Artexes, recebeu o prêmio das mãos do Embaixador Marcílio Marques GE Celma, premiados Moreira, agradecendo em nome da instituição: “Um país que pretende com o Prêmio CIEE prosperar necessita da educação e o CIEE tem uma parceria fundamen- Responsabilidade Social tal com o SESC, instituição que congrega mais de 35 milhões de traba- 2017, com o presidente do CIEE/RJ, Arnaldo lhadores no setor e mais de 320 escolas de educação básica no Brasil”, Niskier. completou. O prêmio também consagrou o Canal Futura, através da figura do seu diretor-geral, João Alegria, que falou da importância da premiação para o canal, ao completar 20 anos no ar: “Nosso Canal tem conteúdo multimídia, que visa a se tornar indispensável na construção coletiva do conhecimento. Este prêmio é o resultado do compromisso radical O presidente do Detran, Vinícius Farah, agradece o Prêmio Responsabilidade que temos com a educação brasileira, um reconhecimento que renova Social, durante o almoço do CIEE na o desejo de trabalharmos e prosseguirmos na missão em que acredita- sede da Associação Comercial do RJ. mos”, ressaltou, estendendo a homenagem a toda a equipe: “Esse é o resultado de um grande trabalho coletivo de quem acredita no diálogo e num futuro possível”, completou. Também escolhida pelo conselho do CIEE entre 1.600 empresas parceiras, o Grupo GE Celma foi representado pelo seu presidente, Júlio César Talon, que entrou na empresa como estagiário, sintetizando a importância da mão de obra profissional integrada: “Sou testemunha da dedicação dos jovens que se beneficiam dessa organização exemplar. Ingressei na GE Celma há 31 anos, no programa de estágio da empresa, onde cheguei à presidência há 8 anos.” A GE Celma, com sede em Petrópolis, é uma das principais uni- dades de reparo e manutenção de motores aeronáuticos no mundo, empregando cerca de 1.200 funcionários no município. Líder mundial na montagem e no fornecimento de motores a jato, componentes e sistemas integrados para a aviação comercial e militar, conta com uma rede global de serviços. Com mais de 33.000 turbinas comerciais, a GE ornalde 16 JLetras

JL Novos Lançamentos

Revivendo uma época Formação Política

Em Última Hora (Editora Record), o escritor José Almeida Escrito no exílio de Luiz Alberto Moniz Bandeira e publi- Júnior, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura em 2017, cado originalmente em 1967, O ano vermelho retorna pela reconstrói um dos períodos mais importantes da história do Editora Civilização Brasileira, em edição revista e ampliada. país. “Getúlio Vargas lançou as bases do trabalhismo brasileiro A primeira edição apresentou aos brasileiros os aconteci- e influenciou o pensamento de esquerda de políticos como mentos que colocariam, para sempre, a questão operária (ou Jango, Brizola e Lula. Por outro lado, Vargas perseguiu comu- social) no centro da agenda política e histórica do país. Era nistas e implantou uma ditadura violenta durante o Estado o resultado da irrupção das relações capitalistas, a partir da Novo. Tive a curiosidade de compreender o comportamento segunda metade do século 20, da Abolição, da grande imigra- dos comunistas, que haviam sido perseguidos no Estado Novo, ção e dos surtos econômicos que possibilitaram a primeira durante o governo democrático Vargas do início dos anos industrialização do país, especialmente durante a Primeira 1950”, conta o autor, em entrevista ao blog da editora. No livro, Guerra Mundial. Este livro “magistral” – nas palavras do prof. Almeida Júnior refaz uma das maiores batalhas da imprensa Oswaldo Coggiola –, apresenta o significado do ano verme- na época, a de Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa, e lho brasileiro para a incorporação do país à história política Wainer. Com o apoio da cadeia de jornais e rádios de Assis mundial e o modo pelo qual essa luta viria a condicionar Chateaubriand, o Chatô, e de outros magnatas das comuni- as mudanças políticas posteriores. “É profundo o conheci- cações, como , Lacerda perseguiu o dono da mento do autor sobre a história da Rússia e da Revolução de Última Hora até o desfecho final da crise, com o suicídio do Outubro de 1917. Como tudo o que escreve, esta também é presidente. Marcos, que ora se alia a Wainer ora ajuda Lacerda, uma obra de muita erudição, com sólida base documental e é o contraponto entre esses personagens tão complexos. “Procurei encontrar as contradições interpretativa, mas de fácil e apaixonante leitura. Moniz Bandeira nos faz acompanhar os passos em Wainer e Lacerda e explorá-las no ponto de vista de Marcos”, diz o autor. Nelson Rodrigues, do jovem Lenin – os redutos dos movimentos sociais e políticos, a crise russa, a formação dos que criou na Última Hora, com o apoio de Wainer, a famosa coluna “A vida como ela é”, tam- partidos social-democrata, socialista e comunista até a queda do regime czarista e a vitória da bém é personagem do livro, um mergulho na capital do Brasil dos anos 1950. Com uma trama revolução, a guerra civil, a invasão do território russo pelos Aliados, a formação, contradições e envolvente, que inclui histórias de tortura, militância, delação, justiçamento e um combate dissidências do Partido Comunista (PC) e movimentos operário/camponês e trabalhadores, nos conservador à corrupção, Última Hora guarda muitas relações com o a história atual do país. primeiros anos da revolução”, ressalta Regina Maria A. F. Gadelha na orelha do livro.

Filhos crescem Sonhos do Bruxo

Que ser mãe é padecer no paraíso a sabedoria popular já Em O menino que vendia sonhos (Escrita Fina Edições), tratou de espalhar para todo o mundo. Mas... e quanto aos Alexandre Azevedo recria em versos essa passagem curiosa filhos? Será que não vivem lá o seu quinhão de martírio da vida do escritor carioca. As ilustrações de Rubem Filho nessa relação? Em Fala sério, mãe! (Editora Rocco) Thalita retratam com riqueza de detalhes o burburinho nas ruas da Rebouças apresenta os dois lados da moeda em crônicas sin- então capital do país, com seu frenesi de gentes, charretes e ceras e bem-humoradas. Ao longo do livro são descritas as comércio, tudo ladeado pelo inconfundível casario colonial. queixas e alegrias da mãe coruja (e um tantinho estressada) Cenário e algaravia, aliás, que marcam profundamente a Ângela Cristina, em relação à primogênita Maria de Lourdes, produção literária de Machado. Admirado no mundo todo, a Malu, assim como as teimosias e o sentimento de opressão Machado de Assis é responsável por uma obra extensa, que desta em função dos cuidados muitas vezes excessivos da contempla vários gêneros. Foi ele quem introduziu o realismo mãe. Para retratar os dois pontos de vista, a primeira parte no Brasil. E foi, também, o primeiro presidente da Academia do livro, da gestação de Malu até o seu primeiro beijo, aos 12 Brasileira de Letras. O que nem todo mundo sabe é que, anos, é narrada por Ângela Cristina, que então passa a pala- antes de se consagrar como intelectual singular, teve infância vra à filha: “A partir de agora, tenho certeza, ela já pode falar pobre. Ao resgatar essas passagens, O menino que vendia por si própria.” Entra em cena então a segunda narradora, sonhos lança luz a outras curiosidades sobre a vida do escritor, a própria Maria de Lourdes, contando, de acordo com sua como a morte precoce de seus pais, a criação pela madrasta ótica, as alegrias e desafios da adolescência, do amadureci- e o emprego numa tipografia, onde iria ter como patrão o mento e da relação mãe e filha. Se antes o livro acompanha- também escritor Manuel Antônio de Almeida. Com tudo isso, va Malu até os 21 anos, a novidade desta edição ampliada, são as aventuras da protagonista dos o livro de Alexandre Azevedo e de Rubem Filho celebram a paixão dos dois pela obra machadiana, 21 aos 23, um acréscimo que promete ainda mais emoções e risadas para os antigos fãs e para enquanto tecem um convite, desde já, aos jovens leitores: que, no futuro, também se permitam os leitores que estão descobrindo o livro agora. Amor, carinho, compreensão e, claro, muitas encantar pelas páginas do Bruxo. Alexandre Azevedo nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, é brigas. As habituais – e saudáveis – discordâncias existentes entre mães e filhas, sempre regadas cronista, teatrólogo, romancista, contista, ensaísta e tem mais de 120 livros editados por várias edi- a muito amor, são descritas em deliciosas crônicas em Fala sério, mãe!, um relato fiel e divertido toras. O ilustrador Rubem Filho também nasceu em Belo Horizonte, estudou na Escola Guignard, da convivência por vezes selvagem entre criadora e criatura. onde aprimorou técnicas de desenhos e descobriu a gravura em metal e litografia.

Arte revelada Lendas e Causos

A glória e seu cortejo de horrores (Cia das Letras Editora) da Prosa que revela histórias que passaram de geração a atriz e escritora Fernanda Torres acompanha as desventuras geração, atiçando as noites à beira do fogão a lenha. Assim de Mario Cardoso, um ator de meia-idade, desde os dias de é a vida no Sítio de Cima, onde a narradora deste Uma sucesso como astro de telenovela até o total declínio quando história dentro da outra e Lendas do rio Doce (Zit Editora) decide encenar uma versão de Rei Lear – e as coisas não busca inspiração, cavoucando a memória que não é só saem exatamente como esperava. A história atravessa diver- sua, mas de toda uma comunidade. A baía do Rio Doce sas fases da carreira de Mario (e da história recente do Brasil), – enorme território às margens do rio que cruza parte de suas lembranças de juventude no teatro político, a incursão Minas Gerais e do Espírito Santo – foi palco, em 2015, do pelo Cinema Novo dos anos 1960, a efervescência hippie do maior desastre ambiental do Brasil. As lendas e causos Verão do Desbunde, o encontro com o teatro de Tchékhov, a reunidas neste novo livro dão mostras de como é forte a glória como um dos atores mais famosos de uma época em cultura popular erigida ao redor do Rio Doce, e de como que a televisão dava as cartas no país. A glória e seu cortejo é importante preservá-la. Munida de um texto saboroso de horrores é um painel corrosivo de uma geração que viu e cheio de lirismo, Geny Vilas-Novas conta histórias como sua ideia de arte sucumbir ao mercado, à superficialidade a do filho do caçador, que ficava sob os cuidados de um do mundo hiperconectado e à derrocada de suas ilusões. cão enquanto o pai saía para caçar; do Capeta que se Fim foi o começo da carreira literária de Fernanda Torres, transforma num gato preto para desmantelar a vida de um que há trinta e cinco anos mantém uma carreira de sucesso casal feliz; ou do menino que caiu dentro do rio e que o pai transformou num peixe enorme no teatro, no cinema e na televisão. Fim vendeu mais de 180 de escamas douradas. Lembranças da alegre convivência em família, com direito a telescópio mil exemplares e teve direitos de publicação adquiridos na França, na Holanda, na Itália e em feito de argila, expectativa ante um ovo de ema, quadro da Mona Lisa que dá medo. Assombros Portugal. “Um jovem aspirante a ator no Rio de Janeiro dos anos 1960 dá seus primeiros passos e brincadeiras de inventar e de imaginar, compartilhadas entre crianças e adultos. Nesse ir e na profissão em peças engajadas na luta político-cultural contra a ditadura militar e o capitalis- vir entre o íntimo e o popular, Geny Vilas-Novas cria um livro de grande voltagem poética, que mo selvagem que a sustentava no Brasil. Na verdade, ele está mais interessado nas mulheres do ajuda a preservar a memória da cultura atrelada ao Rio Doce, ao mesmo tempo em que incita elenco e da plateia, e na aventura do teatro em si, do que em revolução de qualquer espécie.”, a imaginação e celebra a graça dos afetos. Uma viagem que fica ainda mais atraente com as assim define Reinaldo Moraes, o protagonista na orelha do livro. ilustrações de Flávio Colin, craque do desenho que nos deixou em 2002. ornalde JLetras 17

ming, a tecnologia de áudio e vídeo que abalou bastante a produção de cds e dvds. Assim como convivem rádio e tevê, pintura, fotografia e cinema, é bastante provável que convivam livros e e-books, estes, sem dúvida, de enorme praticidade no campo Literatura e Internet específico das obras de referência, como dicionários e enciclopédias. Quanto a literatura e internet, importa efetuar distinção básica entre o que Por Antonio Carlos Secchin seja um mesmo texto em dois veículos (livro e internet) e o que seja texto já criado em função do suporte, ignorando a tradicional modalidade impressa. Quem sabe um dia existirá uma História da literatura da internet, a não se confundir com uma Fahrenheit 451 é um romance de Ray Bradbury, de 1953, depois levado à tela História da literatura na internet? por François Truffaut em 1966. Ele corresponde ao que nós chamamos de distopia, Pode também haver um fluxo na contramão: enquanto no modelo clássico na imagem infernal de uma civilização sem livros, queimados por bombeiros – o os autores saem dos livros e têm seus textos reproduzidos na rede, muitos contem- papel se queima a essa temperatura. Havia, porém, uma comunidade clandestina porâneos começam por fazer sucesso na rede e só depois são publicados em livro. que perpetuava oralmente a herança escrita, impedindo que ela desaparecesse. O caso da poesia requer especial consideração. A partir de fins do século 19, Bela representação da resistência da memória contra o esquecimento. ela revestiu-se de linguagem cada vez mais especializada, pagando o preço dessa Hoje, a memória “física” individual pode dar-se ao luxo do esquecimento sofisticação com o decréscimo de consumo popular. Provavelmente em todo o porque dispõe de outras poderosas fortalezas para abrigá-la: as memórias externas, mundo as tiragens de poesia sejam bem menores do que as de ficção, e é bem res- os HDs dos computadores, com capacidade quase infinita de armazenamento, que trito o contingente de obras poéticas que logram ultrapassar a barreira da primeira ultrapassam de longe a possibilidade de estocagem do cérebro humano. É inútil, edição. por exemplo, tentar vencer disputa de xadrez contra o computador, devido à sua Pela minimização do custo, torna-se a internet um território privilegiado potência descomunal de reter e cruzar informações – na prática, a máquina contém para todo tipo de experimentação poética gráfico-visual. Nada garante o efetivo a movimentação pretérita de todos os jogos e materializa sempre a melhor alterna- consumo desses textos, mas a eles se assegura ao menos uma existência – virtual tiva nos lances futuros. embora – quase sem dispêndio, pela desnecessidade de gastos com papel e arma- Isso, que, teoricamente, é um bem – o armazenamento e a difusão da memó- zenamento de estoque. ria do mundo –, também é visto como um mal, pelas toneladas de entulho, de lixo, Multiplicam-se os blogs de poesia, numa dimensão talvez proporcionalmente que abriga. Já aqui podemos estabelecer diferença entre informação e conheci- inversa à sua circulação no mundo “real”, em que a poesia dispõe de pouco espaço. mento: na grande rede internética, haveria muito mais informação do que conheci- Se, no mundo “real”, a prosa e a ficção predominam soberanas – basta ver, em qual- mento, porque este é crítico, gera mudanças, enquanto aquela costuma ser apenas quer país, quantos livros de poesia ocupam a lista dos mais vendidos –, no mundo cumulativa. virtual a relação se inverte. Uma pesquisa efetuada no Google em 21/10/2017 revela Tal diferença, todavia, não é privativa desse meio de comunicação, existe que a palavra “ficção” apresenta 20.600.000 resultados. “Poesia”, 90.200.000. em todos os outros – o predomínio da informação sobre o conhecimento é regra, e De qualquer modo, no que tange à poesia na internet – textos que provieram não exceção. A validade/a qualidade do que se diz não depende forçosamente do de obra impressa –, nunca é demais frisar a necessidade imperiosa de adotarmos veículo que conduz o dizer. A excelência é minoritária, estatisticamente sempre cautela extrema antes de acatarmos a versão estampada na tela. É sempre desejável houve e haverá mais livros ou filmes ruins do que bons. O tempo é o agente tritura- recorrer à fonte primária, o livro. Esta máquina tão delicada – o poema – é particu- dor, implacável, seletivo, daquilo que merece perdurar. A História, alegoricamente, larmente vitimada por transcrições que a desfiguram, seja na pontuação, na divisão representa aqueles personagens de Fahrenheit, que protegem o discurso vivo do em estrofes, na omissão ou no acréscimo de palavras. passado e o lançam às novas gerações. Por isso, neste texto voltado aos novos veículos de comunicação, efetuo, para Comentando a transmissão da herança cultural, no estabelecimento da finalizar, um retorno ao livro, em homenagem a um objeto perfeito, artefato que ponte entre o passado e o presente, o crítico e historiador Antônio Candido1, em praticamente não necessitou de aperfeiçoamento desde que foi inventado. Dele Formação da literatura brasileira, sustenta que, apesar de ter havido produção de disse , na letra de uma canção intitulada “Livros”, da qual apresento textos no ou sobre o Brasil desde o século 16, a literatura do país só se teria iniciado fragmentos: em fins do século 18: não basta a existência das obras em um sistema que a faça cir- cular, numa dinâmica que parte da criação, passa pela publicação e se consuma na Os livros são objetos transcendentes leitura e recepção de um grupo. Tal circuito, na prática, só vigorou no Brasil a partir Mas podemos amá-los do amor táctil do século 19, quando o país deixou de ser colônia portuguesa. Portanto, no período Que votamos aos maços de cigarro. anterior da história brasileira, podemos dizer que, mesmo não sendo numerosos, Domá-los, cultivá-los em aquários, havia autores demais para leitores de menos, na medida em que seus textos não Em estantes, gaiolas, em fogueiras circulavam. Ou lançá-los pra fora das janelas Paradoxalmente, no século 21, perguntamos se, por outros motivos, não (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos) retornamos a situação parecida: autores em excesso para leitores à míngua, devido Podemos simplesmente escrever um: à proliferação incontrolável de textos, produzidos e reproduzidos numa proporção Encher de vãs palavras muitas páginas superior à nossa capacidade de absorvê-los. E de mais confusão as prateleiras. De algum modo, é como se, mais do que escritos apenas para um outro, coetâneo, os textos também se dirigissem para uma acolhida em memória futura de Sim, a literatura não deixa de ser isto: a prática que desorganiza o lugar das giga bites, à maneira de um cheque para a posteridade, esperando que o portador/ coisas, num mundo onde muitos as querem em lugares fixos. Por fim, apresento receptor anônimo, leitor virtual, um dia, vá à boca do guichê, ou à boca do futuro, poema que escrevi em louvor do encanto e dos mistérios que um livro antigo – e para resgatá-lo. apenas um livro – pode conter: Nunca se escreveu tanto para esse leitor invisível, seja ele literalmente nin- guém ou sejam potencialmente as bilhões de pessoas conectadas na rede. A expan- “Com todo o amor de Amaro de Oliveira” são da oferta torna feroz a concorrência, na busca do bem mais precioso para o autor: alguém que o leia. Com todo o amor de Amaro de Oliveira. Curiosamente, o espaço da globalização, da universalidade, é também o mais São Paulo, 2 de abril de 39. propício a uma setorização máxima. Há possibilidade da criação infinita de mini- O autógrafo se espalha em folha inteira, fúndios ou nichos; por exemplo, uma confraria de amadores de um único texto de enredando o leitor, que se comove, determinado autor. No universo literário da internet, ocorre também um fenômeno curioso: o da não na história narrada pelo texto, falsa autoria. Antigamente, às vezes, um escritor conhecido se escondia sob nome mas na letra do amor, que agora move falso, um pseudônimo, para “assinar” matérias em jornais. Hoje, um autor desco- a trama envelhecida de outro enredo, nhecido se apropria de nome conhecido, para divulgar textos falsos como se fossem convidando uma dama a que o prove. “assinados” por , Fernando Pessoa ou Machado de Assis. Trata-se, quase sempre, de textos precários, que recorrem ao furto da assinatura alheia sem Catharina, Tereza, Ignez, Amalia? que nenhum benefício material reverta ao verdadeiro e oculto autor, senão a régia Não se percebe o nome, está extinta recompensa de, com a fraude, ele alcançar muito mais leitores. a pólvora escondida na palavra, No que tange aos e-books, convém considerar que se trata de formato alter- nativo ao livro, e não sucessório: um suporte que não super ao predecessor, confor- na escrita escurado que já fugiu: me ocorreu com o cd, que praticamente extinguiu os discos de vinil, ou como strea- perdido entre os papéis de minha casa, Amaro amava alguém no mês de abril. 1 Antônio Candido de Mello e Souza foi um sociólogo, intelectual e professor brasileiro, falecido em maio de 2017. Pela sua atividade, nomeadamente na área da Literatura, sobre a qual deixou uma vasta obra, foi galardoado com vários prêmios, entre os quais o Prémio Camões, em 1998. ornalde 18 JLetras

Obra de Ser Educacional Nina Matos. inaugura Museu de Arte em Ananindeua Por Maria Cabral

O Ser Educacional, um dos maiores grupos privados de educação do país, inaugurou, na Universidade da Amazônia (UNAMA), um Museu de Arte repleto de obras locais e nacionais. O evento, no campus da uni- dade, no Pará, contou com a presença do Reitor da UNAMA e fundador do Grupo, Janguiê Diniz. “É um orgulho para o Ser Educacional propagar a cultura e fazer com que as pessoas tenham acesso à arte no nosso país. O Museu está pronto para encantar toda a população paraense”, afirmou Janguiê Diniz. Chamado de Museu de Arte UNAMA, o espaço será o primeiro da região e contará com um acervo de Artes Visuais da Instituição e Trabalho galerias como a de Graça Landeira, criada em 1993, além da Galeria de “Aldeamento”, de Arte Ananin, com um ambiente expositivo que faz uma homenagem Armando Queiroz. ao nome do município paraense. O local também tem toda a estrutura necessária para receber exposições, como sala de projeção, reserva téc- nica e sala de manutenção. Para a coordenadora técnica do Museu, Josine Nunes, o espaço ajudará na contribuição da formação cultural da cidade. “A criação do Museu de Arte UNAMA destaca a importância de práticas acadêmicas e profissionais em seus espaços, atendendo ao estágio e pesquisa dos cursos de Artes Visuais, História, Arquitetura, Letras e Programa de Pós-graduação, Mestrado e Doutorado de Comunicação, Linguagens e Cultura, bem como realizará intercâmbios com instituições culturais e artistas.” Josine também deixa claro que o museu estará de portas abertas à população e que uma das suas funções é “estabelecer e fortalecer a relação do saber acadêmico com arte e cultura, memória e patrimônio histórico e integrando a comunidade acadêmica para as políticas de ensino, pesquisa, pós-graduação e extensão universitária”. A abertura oficial do evento contou com trabalhos selecionados de artistas que fizeram e fazem parte da História das Artes Visuais no Pará e no Brasil, como Alexandre Siqueira, Armando Queiróz, mestre Nato (in memoriam), Osvaldo Gaia, Nina Matos, Elieni Tenório, Marinaldo Santos, Marcone Moreira, Berna Reale, Acácio Sobral (in memoriam), Armando Sobral, Ruma, PP Conduru e Emanuel Franco.

Painel do artista paraense Werley.

Obra da artista plástica Wania Mignone. ornalde JLetras 19 cedores, o aluno Danilo de Oliveira, da Escola Neemias de Mello (10ª CRE), foi selecionado para ler sua redação. Os outros premiados foram Karine Nicole da Silva, da Escola George Sumner (3ª CRE), Otávio Santos EncerramentoEncerramento dada Pinheiro, da Escola Nicarágua (8ª CRE), Wellington dos Santos Silva, da Escola Dunshee de Abranches (11ªCRE), Loraine Monteiro de Oliveira, da Escola Nelson Prudêncio (11ª CRE) e Amaro Prado Teixeira, da CREJA. MaratonaMaratona CastroCastro O professor Arnaldo Niskier, 2º decano da ABL, agradeceu a par- ceria de sucesso com a Secretaria Municipal de Educação, fazendo uma homenagem às professoras Simone Monteiro e Catarina Baptista, parceiras que deixarão o projeto para integrar a equipe de Caíke AlvesAlves Botkay, no MultRio. Simone Monteiro, que será substituída na gerên- cia de mídia pela professora Evelyn Mattos, não falou em despedidas: Texto e fotos de Manoela Ferrari “Continuaremos juntos pela Educação pública, unidos pelos alunos.” Representando o secretário César Benjamin, destacou o trabalho dos professores e funcionários das 11 CREs: “Acreditamos que formar um A cerimônia de premiação da Maratona Literária Castro Alves, caminho de leitores é muito eficiente na formação de uma nova nação.” promovida pela Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a A apresentação do espetáculo teatral “Alves, Amor e Liberdade”, Academia Brasileira de Letras, comemorou o sucesso da iniciativa, já em com os alunos da Escola Cuba, foi bastante aplaudido. O espetáculo sua nona edição. foi produzido com textos a partir das redações que os próprios alunos No auditório do Teatro Raymundo Magalhães Jr., com a presença redigiram para a maratona. No final, o anúncio do nome do autor esco- de professores e alunos da rede municipal de ensino, a solenidade teve lhido a ser homenageado na X Maratona, em 2018, deixou todo mundo início com a apresentação da aluna Anne Beatriz de Oliveira, da Escola animado: . Cuba (11ª CRE), que representou o talento e a coragem do “Poeta dos Escravos”, interpretando a música “Sarará”, de sua autoria, acompanha- da pelo professor Rafael da Rocha Bickel. Representando o presidente da ABL, Domício Proença Filho, os acadêmicos Arnaldo Niskier e Evanildo Bechara ressaltaram o orgulho da Casa de Machado em participar de realizações que incentivem os jovens a ler e a escrever. “A ABL sente-se honrada em promover o amor à língua e à literatura”, afirmou o maior filólogo vivo da atualidade, des- tacando o talento e o empenho dos alunos e professores ao longo da maratona. A solenidade premiou os diretores, os professores e os alunos das seis melhores redações inscritas no concurso. Representando os ven-

A solenidade de entrega de prêmios da IX Maratona Castro Alves, no palco do Teatro Raymundo Magalhães Jr., na ABL.

Os acadêmicos Evanildo Bechara e Arnaldo Niskier, representando a ABL, ao lado das representan- tes da Secretaria Municipal de Cultura, professoras Evelyn Mattos e Simone Monteiro.

A apresentação dos alunos da Escola Cuba, no palco da ABL, foi um sucesso. EDUCACIONAL COMPLETA Níveis Fundamental II e Ensino Médio

O Edupark é um parque temático educativo que se utiliza de tecnologias avançadas e uma plataforma multissensorial para Cada programa é compostos de até cinco experiências multissensoriais e dura 1h30min. propósitos educativos.

22 PACOTES TEMÁTICOS 3D3D Inspiração InterativaI t ti MusicalM i l Movimento

PLANETAPLANETA CASACASA Cuidando da nossa Terra

Está na hora de ver e tratar o planeta como a nossa pró- Dependentes da Vida é um programa desenvolvido para promover a pre- pria casa. Em nossa própria casa, é claro que os recursos venção de abuso de substâncias. Ele lida com as diversas decisões e proble- naturais são limitados e que a sua utilização deve ser mas que os alunos enfrentam todos os dias, oferece soluções alternativas cuidadosamente gerida. Nós temos que pensar em nosso e, o mais importante, revela os fatos de forma honesta. Pela primeira vez, planeta como nossa casa! Planeta Casa conecta questões o ato de educar contra o abuso de globais com questões pessoais, e vice-versa – o que a substâncias utiliza um método di- camada de ozônio tem a ver comigo? Por que meus hábi- vertido, legal e da última moda, num tos de reciclagem e transporte fazem a diferença? Como tom vívido e amigável que ajudará a podemos aprender a produzir e usar energia com mais quebrar o antagonismo e indiferença eficiência? Planeta Casa é programa, ao mesmo tempo e potencializará o aluno por meio do divertido, educativo e revelador. conhecimento, não de ameaças.

Para agendamento, entre em contato com: Rua Visconde de Pirajá, 142 gr. 1201 Telefone: 21 2523-2064 [email protected]