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Revista Brasileira Fase VII Janeiro-Fevereiro-Março 2007 Ano XIII N o 50 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2007 Diretoria Diretor Presidente: Marcos Vinicios Vilaça João de Scantimburgo Secretário-Geral: Cícero Sandroni Primeira-Secretária: Ana Maria Machado Conselho editorial Segundo-Secretário: Domício Proença Filho Carlos Nejar, Arnaldo Niskier, Diretor Tesoureiro: Evanildo Cavalcante Bechara Lêdo Ivo, Alfredo Bosi Produção editorial Membros efetivos Nair Dametto Affonso Arinos de Mello Franco, Alberto da Costa e Silva, Alberto Assistente editorial Venancio Filho, Alfredo Bosi, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antonio Olinto, Ariano Revisão Suassuna, Arnaldo Niskier, Nair Dametto e Paulo Teixeira Pinto Filho Candido Mendes de Almeida, Carlos Heitor Cony, Carlos Nejar, Projeto gráfico Celso Lafer, Cícero Sandroni, Victor Burton Domício Proença Filho, Eduardo Portella, Evanildo Cavalcante Bechara, Evaristo de Editoração eletrônica Moraes Filho, Pe. Fernando Bastos de Estúdio Castellani Ávila, Helio Jaguaribe, Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, João de Scantimburgo, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS João Ubaldo Ribeiro, José Murilo de Av. Presidente Wilson, 203 – 4o andar Carvalho, José Mindlin, José Sarney, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Lêdo Ivo, Lygia Fagundes Telles, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Marco Maciel, Marcos Vinicios Vilaça, Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Moacyr Scliar, Murilo Melo Filho, Fax: (0xx21) 2220-6695 Nélida Piñon, Nelson Pereira dos Santos, E-mail: [email protected] Paulo Coelho, Sábato Magaldi, site: http://www.academia.org.br Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha, Zélia Gattai. As colaborações são solicitadas. Sumário EDITORIAL João de Scantimburgo O número 50 da Revista Brasileira. 5 POSSE DA DIRETORIA DA ABL – 2007 Marcos Vinicios Vilaça Discurso de posse na Presidência da ABL . 7 CULTO DA IMORTALIDADE Tarcísio Padilha Inauguração da galeria dos ex-presidentes da ABL . 11 Ubiratan Aguiar Discurso na inauguração do retrato de Rachel de Queiroz. 15 Arnaldo Niskier Palavras em homenagem a Rachel de Queiroz. 20 PROSA Murilo Melo Filho Câmara Cascudo: sábio e erudito . 27 Evanildo Bechara Da latinidade à lusofonia. 43 Paulo Coelho As sandálias de José (Conto) . 65 Gilberto de Mello Kujawski O sentido da vida . 69 Linhares Filho Plenilúnio, de Lêdo Ivo . 83 Fernando Cristóvão Um confronto, ou um itinerário? . 97 Nelson Saldanha Adeus aos telhados . 105 Urbano Zilles Racionalidade e espiritualidade . 109 Luiz Paulo Horta Razão e espiritualidade: uma conversa imemorial . 129 POESIA Ricardo Daunt Corpo . 147 POESIA ESTRANGEIRA Rodolfo Alonso 7 Poemas inéditos. 151 Benedicto Ferri de Barros Tradução de poemas da língua inglesa. 163 GUARDADOS DA MEMÓRIA Ricardo Vieira Lima Centenário do nascimento de Mario Quintana . 201 Luciano Rosa O claro enigma de Mario Quintana . 213 Mário Alves de Oliveira Duas cartas inéditas de Machado de Assis . 223 Editorial O número 50 da Revista Brasileira João de Scantimburgo hegamos ao número 50 desta publicação. Confesso que ao C atender o pedido de Josué Montello, para assumir o lugar vago de diretor da Revista Brasileira, não podia imaginar que um cargo aparentemente honorífico ia me segurar por 50 números, e mais outros que virão a seguir. O número 50 pode figurar numa exposição com o sentido da con- quista de uma láurea, tamanho é o esforço que representa uma publica- ção como a Revista Brasileira, a mais alta editada pela Academia Brasileira de Letras, com textos rigorosamente escolhidos para dar o panorama das publicações que enriquecem a produção intelectual de velhos e novos colaboradores, para dar-lhes curso e a efetiva guarda dos seus conteúdos. A comemoração de número 50 é uma das comemorações que integram o calendário íntimo das pessoas ou o calendário mais amplo de um periódico como este no seu qüinquagésimo aniversário, exatamente ao abrir-se mais um ano da existência dessa veneranda socie- dade de homens de letras que é a Academia Brasileira de Letras. 5 João de Scantimburgo O qüinquagésimo aniversário de uma revista corresponde ao aniversário de uma pessoa, quando se canta o hino simpático e desajeitado, a meu ver, com suas palavras fáceis de serem decoradas: “Parabéns a você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida.” Com essa canção sauda- mos os nossos amigos na data aniversária, com o bolo clássico oferecido aos presentes. Já o qüinquagésimo aniversário de uma revista de tal importância como a Revista Brasileira foge à simplicidade para assumir um comportamento simbólico e honroso, pois se trata do festejo de uma data da maior institui- ção cultural do Brasil, que desta maneira comemora o qüinquagésimo núme- ro da sua revista, saudado por seus leitores e por todos que se encontram na sede da Academia, para saudar a efeméride à qual está ligada definitivamente, desde a sua fundação. Viva, pois, a Revista Brasileira com os seus artigos, as suas colaborações, o seu culto à imortalidade, a prosa de alto nível, as poesias solenemente trabalhadas, a exumação das páginas dos guardados da memória, e o registro de tudo mais que se passa na Academia Brasileira de Letras, tão voltada para os problemas literários, agora concentrados numa revista de nível elevado como é a Revista Brasileira, em sua sétima fase. 6 Posse na presidência da ABL – 2007 Presidente Marcos Vinicios Vilaça o chegar à Presidência, muito refleti sobre os sonhos e ferra- Sessão pública mentas que trazia para exercer um mandato à altura dos do dia 14 de A dezembro de votos fraternais recebidos dos companheiros acadêmicos. 2006. Sonho e ferramenta se impuseram para mim como ecos do vivido e sonoridades a serem entoadas, condensando-se na palavra cultura, desdobrando-se em outra: humanidades. Elas me predispõem à ação, e muito se ajustaram, então, ao que significa aquele frágil portãozinho da Avenida Presidente Wilson querendo se abrir mais e mais. Não apenas para os integrantes da Casa e para um compreensivo público já fiel, mas para urgentes expectativas da nossa sociedade. Sabemos quanta resposta daqui emanou ao longo de quase onze décadas. Mas por que não ampliar horizontes? Por que não somar ao trabalho em favor da literatura e da língua uma obstinada busca de enlaces, precisamente pelos caminhos da língua, que é a mais com- plexa produção da cultura humana? Linguagem e vida são uma coisa só. 7 Presidente Marcos Vinicios Vilaça Tríplice aliança se delineou: a primeira naturalmente a mais fundamental, inter pares; a segunda, com os detentores de outros saberes; a terceira, com a conquista de recursos materiais e tecnológicos capazes de viabilizar sonhos, de azeitar ferramentas. Já disse, e repito, que a cultura é herança e trabalho, exigindo cabeça para pensar e braço para agir. Se a Academia é a elite do pensamento, também ela precisa usar a destreza de seu braço, a amplitude de seus espaços, com o mais alto sentido de hospitalidade ao outro que a complementa. Não pode se esgotar em contemplação. Não pode aceitar espartilhos conservadoristas. Não pode se intimidar ao desfazer limites. Não pode desconhecer o espetáculo da criação, em nome de um modo de ser composto daquele sentimento de que sempre “foi assim”. Transposto o umbral, o outro se configurou nos dispostos a atender nosso convite. Nada impede a agregação de vozes de modo a formar-se um grande coro. Esse projeto, idealizado com esperança, inquietação e surpresa, agora é audível – por que não saboreável? – com imenso prazer. Nada foi banaliza- do. Nada foi vulgarizado. Zelamos pelas tradições, mas sabemos que o tem- po é tríbio. Não é necessário tensionar a tradição por enlaçar o moderno. Mais moder- nidade não quer dizer menos tradição. Ademais não se deve fazer da crendice uma crença. Convergências e divergências, impasses e acertos, insurgências e ressurgên- cias devem se animar para, com a contribuição de todos, melhor situar a Aca- demia e melhor estar no Brasil. Atravessar fronteiras em busca da compreen- são, dialogar com a razão e a espiritualidade, revisitar o continente da filosofia, afinar laços com a história, acionar ignições, eis o nosso papel. Trabalhamos para um Brasil feito de gente, como diz Celso Lafer, aberta ao sincretismo da diversidade. Sem dizer da totalidade dos esforços e sem necessidade de declinar todos os nomes daqueles a quem somos infinitamente gratos, o que se procurou entoar no grande coro ouvido em 2006, sempre a buscar o equilíbrio entre os graves 8 Posse na presidência da ABL – 2007 da tradição e a aguda tessitura da modernidade, foi um canto novo. Houve a recolha do passado e a imaginação do futuro. Nossa composição soou bem. O público convergiu para aquele portãozi- nho fronteiro à estátua de Machado. Aos distantes ou aos impedidos de com- parecer, tudo se transmitia e transmite através da Internet – ferramenta do pre- sente e do futuro. A Academia não é artesanal. Há um ano, eu me declarava insistente na esperança. Expus sonhos. Nomeei algumas ferramentas. Agora verifico que, como disse Borges em “Ruínas cir- culares”, no sonho do homem que sonhava o sonhado despertou. Seguindo o conto borgeano, onde o sonhado desperto é um novo homem, peço licença para chamá-lo de Humanidades, renovando a convicção de sua per- manência em nossa Casa. Declaro-me contente pelo acerto em fazer com que sejamos cada vez mais uma Academia de Letras não apenas literárias, mas deci- didamente voltada para as humanidades. A Academia deve trabalhar com parâmetros aquecidos, que sugerem vida. Viver é desenvolver, não é engessar. A Academia não pode ser monocultural. Sua composição assim o determina. Nem deve desaprumar a mão, errar o ges- to ou desprezar o sopro do sonho. A Academia tem consciência de que é o ati- vo cultural mais destacado do País. Confrade, Senhoras, Senhores: Ninguém me peça para dizer o que fiz. Não fiz nada. Quem fez foi a Dire- toria. Quem fez foi o Plenário.