Revista Brasileira Fase Ix
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Revista Brasileira FASE IX • ABRIL-MAIO-JUNHO 2020 • ANO III • N.° 103 ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2020 D IRETORIA D IRETOR Presidente: Marco Lucchesi Cicero Sandroni Secretário-Geral: Merval Pereira C ONSELHO E D ITORIAL Primeiro-Secretário: Antônio Torres Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Edmar Bacha Merval Pereira Tesoureiro: José Murilo de Carvalho João Almino C O M ISSÃO D E P UBLI C AÇÕES M E M BROS E FETIVOS Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Evaldo Cabral de Mello Venancio Filho, Alfredo Bosi, P RO D UÇÃO E D ITORIAL Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Torres, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Arno Wehling, Carlos R EVISÃO Diegues, Candido Mendes de Almeida, Perla Serafim Carlos Nejar, Celso Lafer, Cicero Sandroni, P ROJETO G RÁFI C O Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Victor Burton Domicio Proença Filho, Edmar Lisboa Bacha, E D ITORAÇÃO E LETRÔNI C A Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Cavalcante Estúdio Castellani Bechara, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Carneiro, Geraldo Holanda ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Cavalcanti, Ignácio de Loyola Brandão, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar João Almino, Joaquim Falcão, José Murilo de Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Carvalho, José Sarney, Lygia Fagundes Telles, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Marco Lucchesi, Marco Maciel, Marcos Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Vinicios Vilaça, Merval Pereira, Murilo Melo Fax: (0xx21) 2220-6695 Filho, Nélida Piñon, Paulo Coelho, Rosiska E-mail: [email protected] Darcy de Oliveira, Sergio Paulo Rouanet, site: http://www.academia.org.br Tarcísio Padilha, Zuenir Ventura. ISSN 0103707-2 As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pela exatidão das citações e das referências bibliográficas de seus textos. Transcrições feitas pela Secretaria Geral da ABL. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário CICERO SANDRONI Apresentação 7 ENSAIO CELSO LAFER Uma análise de percursos complementares: Antonio Candido, Helio Jaguaribe e Rubens Ricupero 9 GLAUBER DE OLIVEIRA A Poesia de Geraldo Holanda Cavalcanti 21 ARNALDO NISKIER Cecília Meireles e a Educação 25 ANTONIO CARLOS SEccHIN O nome sob o nome 33 MARCOS ESTEVÃO GOMES PAscHE Raio sobre tela: crítica de arte na poesia de Ferreira Gullar 37 LUIZ GUILHERME RIBEIRO BARBOSA Fevereiro de 1957 – Notas para um ou dois poemas de Ferreira Gullar inéditos em livro 45 ANDREA ALMEIDA CAmpOS Edwiges de Sá Pereira: Uma feminista vitoriana na primeira metade do século XX 59 PERON RIOS Mário Faustino, Camões e o sopro da utopia 71 PAULO FRANCHETTI Bandeira: vida & verso 79 SÉRGIO ALCIDES Um pouco de Grécia na literatura nacional 91 ENTREVISTA ALBERTO DA COSTA E SILVA 103 ANTÔNIO TORRES 113 JOÃO ALMINO 119 POESIA WILLIAM SOARES DOS SANTOS 125 LEONARDO ANTUNES 133 MARIANA IANELLI 141 EmmANUEL SANTIAGO 159 CONTO ANGELO DAVILA Ladrão roubado 169 JUAN JOSÉ ARREOLA O guarda-freios 177 LEWIS NKOSI O preso 183 MARCOS KONDER REIS O menino de Copacabana 195 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. MACHADO DE ASSIS Apresentação Cicero Sandroni Ocupante da Cadeira 6 na Academia Brasileira de Letras. esta edição n.o 103 da Revista Bra- cista, integrante do grupo da Escola Nova. sileira, publicamos ensaio de Celso que revolucionou o ensino no Brasil. N Lafer, Cadeira 14 da ABL, ex-minis- Antonio Carlos Secchin, Cadeira 19 da tro do Exterior, jurista e pensador, sobre os ABL, poeta, ensaísta e historiador literário, problemas brasileiros: “Uma análise de per- nos oferece seu discurso como recipien- cursos complementares”. Em texto límpido, dário na Academia de Ciências de Lisboa, Lafer estuda a obra de Antonio Candido, setor de Letras, em sessão sob a presidên- mestre fundamental da literatura brasileira, cia de Artur Anselmo, e que contou com ao lado de análises dos ensaios do pensador a presença de inúmeros acadêmicos portu- Hélio Jaguaribe, 9.o ocupante da Cadeira 11 gueses. Foi recebido por António Valdemar, da ABL, sociólogo que liderou uma geração que é Sócio Correspondente da Academia de intérpretes do Brasil, e de Rubens Ricu- Brasileira de Letras. pero, diplomata com vasta experiência nas No correr das páginas, Marcos Estevão lides da República e representante do Brasil Gomes Pasche escreve artigo em que lem- na cena internacional. bra outra face da personalidade múltipla do Segue-se texto de Glauber de Oliveira poeta Ferreira Gullar, que foi o 7.o ocupante sobre a obra do embaixador Geraldo Ho- da Cadeira 37 da ABL: a de crítico de arte, landa Cavalcanti, Cadeira 29 da ABL, tam- em “Raio sobre tela: crítica de arte na poe- bém poeta e ficcionista, autor de obra com sia de Ferreira Gullar”, que cai como um estudo e tradução do Cântico dos cânticos. raio iluminado sobre sua obra. No próximo texto, o acadêmico Arnal- Ainda sobre Ferreira Gullar, Luiz Guilher- do Niskier, Cadeira 18 da ABL, jornalista e me Ribeiro Barbosa escreve “Fevereiro de educador de destaque no cenário nacional, 1957 – Notas para um ou dois poemas iné- traça mosaico luminoso sobre a humanista ditos em livros”. Cecília Meireles, tendo por base sua atuação Andrea Almeida Campos assina o ensaio na educação, sem esquecer a Cecília poeta, “Edwiges de Sá Pereira: Uma feminista vito- artista plástica, cronista, jornalista, conferen- riana na primeira metade do século XX”. 8 • Cicero Sandroni A seguir Peron Rios escreve sobre poeta Nas Entrevistas, depoimentos de: Alberto de alta cultura que nos deixou em plena da Costa e Silva (Cadeira 9 da ABL), Anto- juventude: “Mário Faustino, Camões e o so- nio Torres (Cadeira 23 da ABL) e João Almi- pro da utopia”. no (Cadeira 22 da ABL). Paulo Franchetti, no artigo “Bandeira: vida Na Poesia: William Soares dos Santos, & verso”, aborda um poeta pedra de toque Leonardo Antunes, Mariana Ianelli e Emma- na cultura brasileira: nascido no Recife, “na nuel Santiago. Rua da Ventura/ colegial na da Sole dade”, Na Ficção: contos de Angelo Davila (La- na juventude veio para o Rio, mas queria ir drão roubado), Juan José Arreola (O guar- “pra Pasárgada”, onde era amigo do Rei. da-freios), Lewis Nkosi (O preso) e Marcos Sérgio Alcides contribuiu com o ensaio Konder Reis (O menino de Copacabana). “Um pouco de Grécia na literatura nacional”. Boa Leitura. ENSAIO Uma análise de percursos complementares: Antonio Candido, Helio Jaguaribe e Rubens Ricupero Celso Lafer Ocupante da Cadeira 14 na Academia Brasileira de Letras. I (1849-1910), que não só se dedicou como homem público à Abolição da escravatura, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763- como também identificou na superação do 1838), o patriarca de nossa Independência, legado da escravidão um problema funda- inaugurou uma linhagem de pensadores e mental, a ser superado para a efetiva retifi- homens de ação que na vida brasileira se cação dos desacertos da sociedade brasileira. dedicaram a refletir sobre os rumos do Bra- O papel próprio da palavra do intelec- sil. Em seus múltiplos ‘projetos’ para o país, tual público voltado para articular rumos José Bonifácio, com sua envergadura de es- e propiciar conhecimentos com o objeti- tadista, seus conhecimentos do Brasil e sua vo de efetivar diretrizes necessárias para a sólida formação teórica, adquirida no perío- gestão de sociedades secularizadas não é do em que viveu em Portugal e em centros uma peculiaridade brasileira. É uma tarefa europeus de relevo, elaborou uma visão de que usualmente emerge com a percepção futuro para a nova nação. Cumpriu assim, aguda das imperfeições de uma sociedade. com qualidade, uma tarefa de intelectual pú- É a preocupação com o destino de Portugal blico no momento inicial do nation-building que anima a geração de 70, no século XIX, do país. Foi, aliás, o que fizeram, na Argen- e Antonio Sergio, no século XX. tina do século XIX, em outro contexto e A mensagem de Oliveira Martins, como em circunstâncias diversas, Juan Bautista destaca Guilherme d’Oliveira Martins,1 se- Alberdi e Domingo Faustino Sarmiento, guidor de seu legado, foi, como pedagogo e também na América Latina, a partir do e homem público, abrir horizontes, afastar Chile, Andrés Bello. as ilusões do atraso e da ignorância, e pos- O andar da História revelou significativas sibilitar um apropriado e renovado lugar imperfeições da arquitetura do Brasil. É um no mundo para um país de grandeza his- dado que explica a continuidade da linhagem 1 inaugurada por José Bonifácio. Entre seus Cf. Martins, Guilherme d'Oliveira. O essencial sobre Oli- veira Martins. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moe- muitos sucessores, lembro Joaquim Nabuco da, 2003. Conferência “Leituras do Brasil” realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, em 14 de janeiro de 2020. 10 • Celso Lafer tórica como Portugal, resgatando em novos Nesta conferência, vou tratar das lei- moldes “o olhar mundo” lusitano dos des- turas do Brasil de Antonio Candido, Helio cobrimentos de que fala Eduardo Lourenço. Jaguaribe e Rubens Ricupero, cuja impor- Faço estas considerações preliminares tância vou destacar, beneficiado pela me- para dar uma moldura geral de minha con- lhor familiaridade que tenho com seus per- ferência. Ortega y Gasset, em El tema de cursos, sobre os quais escrevi no correr do nuestro tiempo,2 apontou que toda gera- tempo, com um conhecimento instigado ção tem uma sensibilidade própria que a pela convergência de múltiplas afinidades e caracteriza, independentemente de suas pelos afetos da amizade. especificidades e diferenças. Ela se expressa em sua lida com ideias, valores e instituição que recebeu da geração que a antecedeu e II no subsequente desafio de ir elaborando as Antonio Candido (1918-2017) foi uma características próprias de seu percurso na das grandes referências intelectuais do Bra- sensibilidade de sua perspectiva.