E As Práticas Jornalísticas

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E As Práticas Jornalísticas Beatriz Marocco Angela Zamin Crítica das práticas jornalísticas Santa Maria FACOS-UFSM 2021 C934 Crítica das práticas jornalísticas [recurso eletrônico] / organização Beatriz Marocco, Angela Zamin. – Santa Maria, RS : FACOS-UFSM, 2021. l e-book 1. Jornalismo 2. Jornalistas 3. Jornalismo – Práticas – Crítica I. Marocco, Beatriz II. Zamin, Angela CDU 070 070.447 Ficha catalográfica elaborada por Alenir Goularte CRB-10/990 Biblioteca Central - UFSM ISBN 978-65-5773-020-1 Título Crítica das práticas jornalísticas Formato Livro Digital Veiculação Digital Licença Creative Commons SUMÁRIO Apresentação .....................................................................................................7 A crítica das práticas como lugar de resistência de jornalistas Angela Zamin, Beatriz Marocco Prefácio ............................................................................................................. 17 José Luiz Braga PERCURSO TEÓRICO Fissuras no paradigma da objetividade jornalística ............................. 29 Beatriz Marocco Os procedimentos de controle e a resistência na prática jornalística ......................................................................................................... 63 Beatriz Marocco Os “livros de repórteres”, o “comentário” e as práticas jornalísticas ....................................................................................................... 83 Beatriz Marocco Os “grandes acontecimentos” e o reconhecimento do presente .... 103 Beatriz Marocco, Angela Zamin, Felipe Boff CRÍTICA DAS PRÁTICAS JORNALÍSTICAS por intelectuais, jornalistas, jornais e na escola O golpe da mídia: a crítica ao jornalismo no discurso de intelectuais ....................................................................................................... 129 Christa Berger A crítica das práticas no dizer do repórter ............................................. 153 Angela Zamin Crítica ao jornalismo brasileiro: uma análise dos diferentes dispositivos de crítica jornalística que interagem em rede ............... 173 Alisson Coelho A crítica das práticas jornalísticas em sala de aula .............................. 203 Cristine Rahmeier Marquetto, Beatriz Marocco AUTORIA A estratégia da invisibilidade em O Dia : contribuição para o estudo do pseudônimo no jornalismo brasileiro .................................. 233 Beatriz Marocco, Nilsângela Cardoso Lima, Karine Moura Vieira Sujeitos do biográfico: jornalistas e a construção do status de autoria na produção da biografia como reportagem ........................... 261 Karine Moura Vieira Elogio à crítica jornalística ......................................................................... 279 Júlia Capovilla Luz Ramos A fotografia nos blogs de fotografia: outras formas de ver e ser ...... 297 Júlia Capovilla Luz Ramos 4 AÇÕES SOBRE ACONTECIMENTOS e sujeitos invisibilizados A coletiva de imprensa como dispositivo de interação: o jogo de poder entre jornalistas e fontes nas estratégias adotadas em relação à condução coercitiva do ex-presidente Lula ......................... 323 Manoel Moabis Jornalismo digital e acontecimentalização: os 130 anos da Lei Áurea nos sites estrangeiros ....................................................................... 345 Danton José Boatini Júnior Jornalismo e micro-história italiana em A mulher que alimentava ........................................................................................................ 367 Beatriz Marocco, Francisco Aquinei Timóteo Queirós POR UMA TEORIA DA PRÁTICA JORNALÍSTICA Como interrogar as práticas jornalísticas desde uma abordagem crítica? ............................................................................................................... 409 Beatriz Marocco Autoras e autores ............................................................................................ 449 5 APRESENTAÇÃO A crítica das práticas como lugar de resistência de jornalistas Angela Zamin Beatriz Marocco A pesquisa O controle discursivo que toma forma e circula nas práticas jornalísticas , coordenada pela professora Beatriz Marocco, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), e iniciada em 2009, com recursos oriundos de um edital universal do CNPq, é o ponto de ancoragem para a quase totalidade das pesquisas reunidas nesse e-book. Dos resultados, além do conceito de “livro de repórter”, explorado em publicações anteriores, 1 outra discussão importante é a de crítica das práticas jornalísticas, a que essa publicação se dedica. 1 Ações de resistência no jornalismo. Livro de repórter , de Beatriz Marocco, (Insular, 2016), e Livro de repórter: autoralidade e crítica das práticas , organizado por Beatriz Marocco, Angela Zamin e Marcia Veiga da Silva (Editora Facos, 2019). A coletânea reúne textos gestados a partir dos grupos de pesquisa Estudos em Jornalismo (CNPq/Unisinos), vinculado ao PPG de Ciências da Comunicação da Unisinos, e Resto – Laboratório de Práticas Jornalísticas (CNPq/UFSM), ligado ao curso de graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. Ainda, aproxima a produção de pesquisadores que foram/são orientandos de doutorado da professora Beatriz Marocco, na Unisinos, na última década – nove dos autores aqui reunidos. A publicação está organizada em cinco blocos: Percurso teórico; Crítica das práticas jornalísticas por intelectuais, jornalistas, jornais e na escola; Autoria; Ações sobre acontecimentos e sujeitos invisibilizados, e Por uma teoria da prática jornalística. O primeiro deles – Percurso teórico – reúne textos que dão a ver em que base se assenta a discussão sobre crítica das práticas jornalísticas proposta por Beatriz Marocco. A partir de movimentos de distanciamento e de aproximação entre filosofia e jornalismo, o texto «Fissuras no paradigma da objetividade jornalística» põe em relevo outro modo de fazer jornalismo, às margens da mídia ou fora dela. Sob outras condições de possibilidade, o jornalista – especialmente os que fazem valer a sua liberdade de sujeito na relação com os outros – ocupa uma posição de resistência e age, a despeito das mídias e dos hábitos jornalísticos. Neste lugar de resistência, emite sinais de autonomia da norma, de coragem e de identificação direcionados aos que estão às margens da sociedade e do jornalismo e dá consistência à crítica das práticas jornalísticas ao suscitar certo parentesco com a parresía, no sentido em que esta relaciona verdade à palavra corajosa dirigida ao poder. Os textos «Os procedimentos de controle e a resistência na prática jornalística» e «Os “livros de repórteres”, o “comentário” e as práticas jornalísticas», igualmente de Beatriz Marocco, dão a ver o percurso teórico da investigaão anteriormente mencionada. O primeiro, evidencia um processo de autonomização na prática 8 jornalística a partir de um conjunto de entrevistas com jornalistas. Durante o jogo de perguntas e respostas, para surpreendê-los em suas ilusões sobre si e o jornalismo, foi posto em funcionamento um aparelho teórico-metodológico que acionou as noções de consciência discursiva e os procedimentos de controle que afetam a prática (Marocco, 2012). Na análise enunciativa dos dados, a pesquisadora localiza a tensão entre procedimentos de controle e resistência na prática jornalística no bojo de quatro figuras discursivas: 1) figura que ensina a prática jornalística e faz funcionar o discurso da formação, seu regime de verdade; 2) figura que atua como ponto de reprodução das “táticas” próprias que não reconhecem ou que neutralizam os controles da redação; 3) figura que resiste à segregação do outro, e 4) o autor. No segundo texto, Beatriz Marocco afirma que, no âmbito do saber jornalístico, as práticas são reguladas por um conjunto de procedimentos que delimitam o dizível: o que é permitido e o que é proibido nas ações dos jornalistas para que possam operar em uma ordem do discurso jornalístico, identificada com o presente que nos cerca e que faz o jornalismo ser como ele aparenta ser. O texto se refere, mais concretamente, a um destes mecanismos, o “comentário”, situado nos “livros de repórteres”, e combina as ideias de Foucault sobre controle discursivo com dados quantitativos obtidos em uma pequena enquete. «Os “grandes acontecimentos” e o reconhecimento do presente», de Beatriz Marocco, Angela Zamin e Felipe Boff encerra o bloco que recupera o início do percurso teórico neste conjunto de investigações inscritas no espaço de uma crítica das práticas jornalísticas. No texto, a “acontecimentalização”, pensada por Foucault como deslocamento da prática de “desacontecimentalização” histórica, é projetada – com os ruídos possíveis de uma projeção – no modo de objetivação jornalística. “Grandes acontecimentos”, no caso o “acontecimento Obama”, parecem esclarecer o movimento de 9 reconhecimento do presente inaugurado pela tradição da filosofia crítica, que coloca a questão “o que é a atualidade?”. Transposta para o jornalismo, a questão é respondida no quadro da eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos em 2008 – desenhado pela cobertura realizada por um conjunto de 18 jornais de referência. O segundo bloco reúne textos que tratam da crítica das práticas jornalísticas em espaços exógenos e endógenos ao próprio jornalismo: a crítica tecida por intelectuais na imprensa e fora dela; a crítica apresentada por jornalistas nos jornais, em sites ou, ainda, em suas próprias redes sociais digitais; a crítica que se insinua no interior dos jornais na coluna
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