“MOÇAS DE FINO TRATO”: UMA TRADUÇÃO DO TEATRO AO CINEMA Arte, História E Políticas Culturais (1970/1990)

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“MOÇAS DE FINO TRATO”: UMA TRADUÇÃO DO TEATRO AO CINEMA Arte, História E Políticas Culturais (1970/1990) 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ESTER CRISTIANE DA SILVA “MOÇAS DE FINO TRATO”: UMA TRADUÇÃO DO TEATRO AO CINEMA Arte, História e Políticas Culturais (1970/1990). Maringá 2012 2 ESTER CRISTIANE DA SILVA “Moças de Fino Trato”: Uma Tradução do Teatro ao Cinema Arte, História e Políticas Culturais (1970/1990). Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá, Linha de Pesquisa: Fronteiras, Populações e Bens Culturais, sob orientação da professora Drª. Sandra de Cássia Araújo Pelegrini, como requisito para a obtenção do título de mestre. Maringá 2012 3 Nome: SILVA, Ester Cristiane da Título: “Moças de Fino Trato”: Uma Tradução do Teatro ao Cinema. Arte, História e Políticas Culturais (1970/1990). Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá, como requisito para a obtenção do título de mestre. Aprovado em: Banca Examinadora Profa. Dra. Sandra C, A. Pelegrini Instituição: UEM Julgamento:_________________ Assinatura:______________ Profa. Dra. Hilda Pívaro Stadinik Instituição: UEM Julgamento:________________ Assinatura:_______________ Prof. Dr. Sérgio Ricardo de Carvalho Santos Instituição: USP Julgamento:___________________ Assinatura:______________ 4 Ao meu marido, Ricardo Escudeiro, com amor, admiração e gratidão por sua compreensão, presença e incansável apoio ao longo deste período. Com carinho dedico-lhe esta pesquisa. 5 Nós vos pedimos com insistência: Nunca digam - Isso é natural. Diante dos acontecimentos de cada dia. Numa época que reina a confusão. Em que corre o sangue, Em que se ordena a desordem Em que o arbitrário tem força de lei, Em que a humanidade se desumaniza... Não digam nunca: Isso é natural. A fim de que nada passe por ser imutável. Sob o familiar, descubram o insólito. Sob o cotidiano, desvelem o inexplicável. Que tudo que seja dito ser habitual Cause inquietação. Na regra, é preciso descobrir o abuso. E sempre que o abuso for encontrado, É preciso encontrar o remédio. Vocês, aprendam a ver, em lugar de olhar bobamente... Bertolt Brecht 6 Resumo SILVA, Ester Cristiane da. Título: “Moças de Fino Trato”: Uma Tradução do Teatro ao Cinema. Arte, História e Políticas Culturais (1970/1990). Maringá: UEM, 2012. A presente dissertação é um estudo cuja intenção está em observar a obra Há vagas para moças de fino trato, do dramaturgo brasileiro Alcione Araújo, e o filme do cineasta Paulo Thiago com roteiro de Araújo da mesma obra, no contexto de épocas distintas. E perceber as relações que as personagens estabelecem, embora ficcionalmente com a época em que está inscrita. A análise tende a compreender os impasses marcados pela repressão e censura durante o governo militar e as transformações marcadas no comportamento feminino e, posteriormente, as mudanças realizadas nas políticas culturais no governo Fernando Collor de Mello. Assim, objetiva-se por meio deste estudo abordar as políticas culturais e a legislação emergentes no Brasil, nestes dois momentos. Detectou-se que contextos específicos da história política e da produção cultural brasileira influenciaram significativamente o texto dramático e o roteiro do filme. Ao enveredar pela possível tradução entre o texto teatral de Araújo e o filme do cineasta Thiago, torna propício revelar um determinado sistema de signos para outro, o que atribuiu uma transferência de significados e simbologias entre diferentes linguagens devido à inserção de novos elementos. Essa linha de pesquisa ancora-se no processo criador do artista, que dá margens a personagens alegóricas e linguagem metafórica, uma vez que, se percebe as características destinadas às personagens a distintos meios, teatro e cinema. Compreender o percurso criador de Araújo, em sua primeira peça teatral, demandou adentrar no frágil universo da memória, portanto, de relevante interesse nesta pesquisa. Para tanto, observa-se a gênese da obra e a percepção inerente ao autor, que pode ser traduzida em múltiplas representações pelo espectador. O estudo aventura-se por um mundo ficcional que se ocupa, de certa forma, com o contexto social, de modo a captar conflitos existentes no domínio familiar, logo, refletido das tensões existentes no meio social, político e cultural, desenvolvida na dramaturgia de Alcione Araújo na esfera do teatro e do cinema. palavas-chave: História; Teatro; Cinema 7 Agradecimentos Desde o percurso para a realização desta pesquisa, sou grata àqueles que de uma forma ou outra, em diferentes situações, compartilharam comigo essa trajetória de dois anos que culminou neste trabalho. A compreensão e o respaldo da família e de amigos, que mesmo sem mencioná-los, foram fundamentais para seguir essa trilha, que embora curta, é íngreme. De forma especial, agradeço meu marido, Ricardo Escudeiro, pelo companheirismo, e por possibilitar-me dedicação aos estudos com imenso apoio ao longo da elaboração deste trabalho. À minha orientadora Profa. Dra. Sandra Pelegrini (UEM), que muito me ensinou e contribuiu para o meu crescimento intelectual, e por quem tenho imensa admiração e carinho por ter norteado meu caminho acadêmico, sem o qual não teria conseguido trilhar. Ao dramaturgo Alcione Araújo, por sua disponibilidade em contribuir com este trabalho desde o primeiro contato estabelecido. Pela amabilidade com que me recebeu em seu apartamento para a entrevista e, principalmente, pela apropriação de sua obra teatral, que foi base fundamental desta pesquisa. A meus pais, Belmari e Antônio, que foram presença constante em todos os momentos, sempre zelando por mim. Aos meus sogros, Edna e José Escudeiro, pelo carinho e compreensão neste período da minha vida. À Profa. Dra. Hilda Pívaro Stadinik (UEM), por ter cedido gentilmente livros de seu acervo pessoal, e pelas atribuições na banca de qualificação. À Profa. Dra. Sonia Pascolati (UEL), pela arguição na banca de qualificação que muito contribuiu para a finalização deste trabalho. Ao Prof. Dr. Sérgio de Carvalho (USP), por aceitar integrar minha banca de defesa pública e por quem tenho imensa admiração profissional. Ao meu diretor teatral, Pedro Ochôa, pelo apoio e compreensão durante esses dois anos que estive mais ausente do que presente, e que sempre me disponibilizou todo o seu acervo pessoal de teorias dramáticas. Aos professores do PPH, com quem tive imensa satisfação em conviver. À Gisele Moraes, secretária do PPH pela dedicação em atender-me sempre que necessário. E, para finalizar, ao PPH (Programa de Pós-Graduação em História) da UEM pela oportunidade de compartilhar este trabalho, e o apoio financeiro da Fundação Araucária e da 8 CAPES pela concessão de bolsa de mestrado, o que foi essencial para a realização da pesquisa. Por fim, a todos meus queridos amigos que se fizeram presente durante esta caminhada e também aos novos amigos do mestrado com quem partilhei não só estudos, mas também boas risadas. 9 SUMÁRIO Introdução Um passeio com as “moças de fino trato”................................................................................10 Capítulo I 1. Políticas culturais e investimentos nas décadas de 1970 e 1990...........................................21 1.1. A produção cultural e as demandas do governo militar.....................................................22 1.2. O teatro e as políticas culturais na década de 1970...........................................................31 1.3 A produção cinematográfica no governo Fernando Collor de Mello.................................37 1.4 Alcione Araújo e as “moças de fino trato”.........................................................................45 Capítulo II 2. A tradução do teatro para o cinema......................................................................................54 2.1 Da dramaturgia teatral à produção cinematográfica...........................................................61 2.2. Personagens, conflitos e vivências.....................................................................................73 2. 3. As fronteiras simbólicas em “Vagas para moças de fino trato”........................................77 Capítulo III 3. Tendências estéticas e estratégias no teatro e no cinema.....................................................89 3.1 A linguagem social na dramaturgia....................................................................................91 3.2 Arte e técnica: atividades complementares.........................................................................98 3.3 A gênese da obra segundo o seu autor..............................................................................108 3.4 As múltiplas representações de uma obra.........................................................................120 Considerações finais Um caminho percorrido....................................................................................................132 Corpo Documental................................................................................................................136 Bibliografia............................................................................................................................137 Anexos................................................................................................................................. 146 10 Introdução Um passeio com as “moças de fino trato” Reflexões acerca da relação história, teatro e cinema têm despertado interesse não só entre historiadores, mas entre diversos estudiosos. 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