A Dinâmica Dos Novos Formatos Na Televisão
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Cláudio Augusto Ferreira A DINÂMICA DOS NOVOS FORMATOS NA TELEVISÃO ABERTA BRASILEIRA Brasília 2008 Cláudio Augusto Ferreira A DINÂMICA DOS NOVOS FORMATOS NA TELEVISÃO ABERTA BRASILEIRA Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, linha de pesquisa Imagem e Som, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Comunicação Social. Orientadora: Profa. Dra. Lavina Madeira Ribeiro Brasília 2008 Cláudio Augusto Ferreira A DINÂMICA DOS NOVOS FORMATOS NA TELEVISÃO ABERTA BRASILEIRA Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, linha de pesquisa Imagem e Som, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Comunicação Social e aprovada pela seguinte banca examinadora: Profa. Dra. Lavina Madeira Ribeiro (Orientadora) Universidade de Brasília Profa. Dra. Tânia Siqueira Montoro Universidade de Brasília Profa. Dra. Cosette Espíndola de Castro Universidade Estadual Paulista Dedico este trabalho à Profa. Dra. Lavina Madeira Ribeiro, que , ao acreditar que eu pudesse fazer ciência, me abriu novas perspectivas pessoais e profissionais AGRADECIMENTOS Agradeço, antes de tudo, ao Prof. Dr. José Eduardo Pandossio e à Profa. Dra. Tânia Siqueira Montoro, que me estimularam a fazer um projeto de Mestrado e voltar a estudar depois de mais de 20 anos longe do ambiente acadêmico. Ao professor Pandossio, um agradecimento especial pelo acompanhamento quase que diário do andamento do processo de pesquisa durante estes dois anos. Agradeço também aos meus colegas de turma, que me instigaram a todo instante com questionamentos sobre a pesquisa. Agradeço ainda a pessoas e instituições que colaboraram com este trabalho: Arlete Milhomem (Projeto Globo Universidade), Prof. Dr. Armando Bulcão, Msc. Dulce Queiroz, Elie Wahba (20th Century Fox),Francisco de Assis Sales, Inimá Simões, Iroã Simões, Myriam Galvão, Monica Albuquerque (Projeto Globo Universidade),Paulo Mendes (Central Globo de Produção), Profa. Dra. Regina Nogueira, Profa. Msc. Renata Giraldi, Ricardo Rubini (20th Century Fox),Prof. Dr. Ricardo Wahrendorff Caldas, Msc. Silvia Gomide, Profa. Msc. Silvia Belmino, Profa. Msc. Suzana Canez C. Lima, Viviane Tanner (Projeto Globo Universidade) RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de explicar a dinâmica dos novos formatos e, particularmente, do gênero reality-show, nas principais emissoras de televisão aberta do país. Por meio da análise de dois programas, “Big Brother Brasil”, da Rede Globo e “O Aprendiz”, da Rede Record, busca-se apontar as estratégias utilizadas pelas emissoras com a intenção de atrair o público para o novo gênero e as referências selecionadas pela produção dos programas para facilitar a identificação do telespectador com o conteúdo dos produtos televisivos. Utilizando-se do suporte teórico dos estudos culturais, pretende-se detectar também que valores estão presentes no discurso dos apresentadores e dos participantes dos dois programas, assim como na narrativa audiovisual das duas produções. Ao levar em conta as características específicas dos dois reality-shows, programas adaptados no Brasil a partir de uma matriz estrangeira, a análise confronta o novo gênero com conceitos como hegemonia e globalização. PALAVRAS-CHAVE: Reality-show. Formatos. Televisão. Hegemonia. ABSTRACT The objective of this study is to explain the dynamics of new formats, particularly reality-shows, among main Brazilian open television channels. Through the analysis of Brazilian versions for reality-shows “Big Brother” (produced by Rede Globo Television) and “The Apprentice” (produced by Record Television), the study aims to identify the strategies used by TV channels to attract the audience for this new entertainment, as well as the references selected by producers in order to facilitate the identification of the audience with the contents of these TV productions. Based on theory of cultural studies, this study also intends to detect the values present in the speeches of presenters and participants of both productions, as well as in their audiovisual narrative. The analysis confronts this new TV format with concepts such as hegemony and globalization, considering the specific features of both reality-shows based on foreign productions, adapted for Brazilian audiences. KEYWORDS: Reality-show. Formats. Television. Hegemony SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................... 1 1– ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA TELEVISÃO NO BRASIL........... 13 1.1– Estrutura de Programação das Principais Emissoras de Televisão Aberta no Brasil ............................................................................. 41 1.2– O fenômeno dos novos formatos nas principais redes de televisão aberta no Brasil .............................................................................. 46 2 - NOVOS FORMATOS SOB A PERSPECTIVA TEÓRICO-METODOLÓGICA DOS ESTUDOS CULTURAIS 2.1 – Conceitos Fundantes dos Estudos Culturais.............................. 54 2.2 – Cultura, Identidade e Globalização......................................... 61 3 - ANÁLISE DA ESTRUTURA DO REALITY-SHOW “BIG BROTHER BRASIL” 3.1 – As Regras do Jogo “BBB” ....................................................... 79 3.2 – Análise da dinâmica do “Big Brother Brasil” ........................... 85 4 - ANÁLISE DA ESTRUTURA DO REALITY-SHOW “O APRENDIZ” 4. 1 – As Regras do Jogo “O Aprendiz” ........................................... 130 4.2 - Análise da dinâmica de “O Aprendiz”....................................... 136 5 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS REALITY-SHOWS ANALISADOS 170 5.1 - Principais características de “Big Brother Brasil” ...................... 172 5.2 - Principais características de “O Aprendiz”................................ 182 CONCLUSÃO..................................................................................... 194 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Introdução O estudo da televisão como bem cultural revela-se pertinente a partir de vários aspectos. Pode-se, por exemplo, evidenciar a difusão deste suporte midiático no Brasil. Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre os bens duráveis, o televisor é o segundo mais presente nos domicílios brasileiros (94,5%), suplantando itens considerados de primeira necessidade, como a geladeira (presente em 90,8% dos domicílios) e só perdendo para o fogão (que está em 98,1% das residências pesquisadas). 1 Paralelamente a esta análise quantitativa da presença do suporte no país, pode-se também explicitar a importância da mídia e, especificamente, da televisão para entender as estruturas e a dinâmica da sociedade. Segundo Douglas Kellner, a televisão “desempenha papel fundamental na reestruturação da identidade contemporânea e na conformação de pensamentos e comportamentos”. 2 Além disso, por depender das grandes audiências, a cultura da mídia torna-se eco de assuntos e preocupações atuais. Segue um modelo industrial e é dividida em gêneros, com regras, convenções e fórmulas próprias, com o objetivo de concretizar a identificação do público com os produtos midiáticos oferecidos. A divisão em gêneros é uma das características da televisão aberta brasileira desde a sua inauguração, em setembro de 1950. O veículo herdou 1 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 06 out. 2008. 2 KELLNER, Douglas, A Cultura da Mídia. Bauru: Edusc, 2001, p. 304 1 modelos de programas e elencos do rádio e do teatro e, durante a primeira década de existência, a programação era transmitida ao vivo. Os anos 1960 trouxeram tecnologias como o videoteipe, que possibilitou a gravação de programas e as ligações via satélite, que resultaram na formação de redes de emissoras. A década de 70 pode ser vista como o período de consolidação de gêneros como a telenovela, os programas de auditório e o telejornalismo e, também, da consolidação da Rede Globo como a emissora-líder no país. Uma mudança na oferta de televisão aberta ao público caracteriza a década de 80, com a falência da Rede Tupi e a entrada do SBT e da Rede Manchete. Os anos 90 registram o ingresso da Rede Record como emissora nacional. Já a primeira década do século 21 tem novo arranjo entre as emissoras: a Rede Globo continua na liderança, SBT e Record brigam pelo segundo lugar em audiência, seguidos pela Rede Bandeirantes. É a partir da estruturação em gêneros que podemos analisar a dinâmica da programação de televisão. Há gêneros já consagrados, em consonância com o gosto da audiência e que são apenas renovados, mas existe espaço também para a novidade nas grades de programação. Warnier salienta que as indústrias da cultura “inovam permanentemente, se diversificam e são o objeto de remanejamentos organizacionais constantes”. 3 Obedecem a lógicas econômicas, obtendo receitas a partir da venda de espaço publicitário e de produtos culturais (alguns licenciados na forma de diferentes suportes, como livros, discos, CD-rom, etc.). As indústrias culturais apresentam ainda uma particularidade: lidam com o que Warnier define como conteúdos efêmeros e constantemente renovados, fazendo com que a produção destes conteúdos seja uma atividade de risco. O Gresec, grupo francês de pesquisas em comunicação, a partir da definição de Patrick Flichy de “cultura de onda”, 3 WARNIER, Jean-Pierre, A Mundialização da Cultura. Bauru: Edusc, 2000, p. 69 2 atribuída ao rádio e à televisão (em contraposição ao modelo editorial, que englobaria