Ana Luiza Coiro Moraes Orientadora

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Ana Luiza Coiro Moraes Orientadora PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL A SÍNDROME DO PROTAGONISTA : UMA ABORDAGEM CULTURAL ÀS PERSONAGENS DOS ESPETÁCULOS DE REALIDADE DA MÍDIA Ana Luiza Coiro Moraes Tese apresentada à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação Social, para obtenção do título de Doutora. Orientadora: Professora Doutora Ana Carolina Damboriarena Escosteguy Porto Alegre, janeiro de 2008. Ana Luiza Coiro Moraes A SÍNDROME DO PROTAGONISTA : UMA ABORDAGEM CULTURAL ÀS PERSONAGENS DOS ESPETÁCULOS DE REALIDADE DA MÍDIA Tese apresentada à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação Social, para obtenção do título de Doutora. Aprovada em 14/03/2008. BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Maria Lília Castro (UFSM) Prof. Dr. João Pedro Alcântara Gil (UFRGS) Prof. Dr. Roberto José Ramos (PUC-RS) Profa. Dra. Ana Carolina Damboriarena Escosteguy (PUC-RS) - Orientadora Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) DEDICATÓRIA À memória de minha mãe, Lourdes Odete Heinrikson Coiro, que não guardou registro da matéria da revista Veja, protagonizada por ela. Ali era destacada (até com fotografia) a sua atuação profissional na Cia. Carris, em algum momento dos anos 1980. Quando perguntei a ela por que não tinha recortado a nota, respondeu que isso era “coisa de Conselheiro Acácio”. Minha mãe citava personagens como se elas fossem pessoas da nossa relação. Banho demorado demais? Era o “banho do tio Taó”, personagem de um romance de Pearl Buck, acho eu. Mais velha, quando esquecia algo, apelava para o bordão do Nhô Totó, pai da mocinha de Marvada carne: “Ah, é... me passei”. Crescendo nesse ambiente, houve um tempo em que eu pensava em nós como Constance e Allison MacKenzie, mãe e filha lutando contra os preconceitos da provinciana Peyton Place/Porto Alegre. Porque minha mãe sempre falou das personagens como se elas fizessem parte de nossas vidas. E elas fazem. Eternamente. AGRADECIMENTOS Aos Coiro que herdei, tias e tios, primas e primos, pela presença solidária nas dificuldades e no pesar. Aos Funcionários e Professores do Programa de Pós- Graduação em Comunicação da PUCRS, por terem feito valer à pena a complexa relação da pesquisa com o ensino pago. Em especial, à Professora Doutora Ana Carolina Damboriarena Escosteguy, orientadora, por todos os conceitos, teorias e autores que me apresentou; mas, sobretudo, pelo estímulo para que continuasse, quando isso me parecia impossível. Faltam-me as palavras para agradecer, então entôo por ela a oração dos descrentes, que é a oração dos poetas: “¡Amigo, acompáñame! ¡Sostenme! Muchas veces no tendré sino a Ti a mi lado. Cuando mi doctrina sea más casta y más quemante mi verdad, me quedaré sin los mundanos; pero Tú me oprimirás entonces contra tu corazón, el que supo harto de soledad y desamparo. Yo no buscaré sino en tu mirada la dulzura de las aprobaciones”. ( La oración de la maestra, de Gabriela Mistral) SUMÁRIO PRIMEIRAS PALAVRAS ............................................................................... 9 1 A CULTURA DO PROTAGONISMO ................................................................. 15 1.1 A VOZ DAS PALAVRAS ............................................................................... 15 1.2 CULTURA : A VOZ DO POVO ........................................................................ 20 1.3 NEM FOLCLÓRICA , NEM POPULAR , NEM MASSIVA : LOCALIZANDO A CULTURA DO PROTAGONISMO .................................................................................. 31 1.3.1 A MODERNIDADE FORJADA PELA MÍDIA ....................................................... 45 1.3.2 O ESPÍRITO DESTE TEMPO ......................................................................... 68 1.4 O PROTAGONISMO COMO ESPETÁCULO ...................................................... 89 2 A ESTÉTICA DO PROTAGONISMO ................................................................ 96 2.1 O INDIVÍDUO E O ESPAÇO PÚBLICO : METAMORFOSES HISTÓRICO -CULTURAIS NAS ORIGENS DA ESTÉTICA DO PROTAGONISMO .......................................... 97 2.1.1 DO ROMANTISMO AO PROTAGONISMO : UMA ZOMBARIA DO DESTINO .............. 117 2.2 OS FORMATOS DA ESTÉTICA DO PROTAGONISTA ......................................... 134 2.2.1 DO FICCIONAL AO FACTUAL : O DIÁLOGO DOS GÊNEROS QUE FORMATAM A ESTÉTICA DO PROTAGONSIMO ................................................................... 135 2.2.2 OS FORMATOS DOS ESPETÁCULOS DE REALIDADE ....................................... 163 3 AS PERSONAGENS MIDIÁTICAS ................................................................... 179 3.1 UMA REFERÊNCIA FILOSÓFICA PARA A CONTRUÇÃO DO CONCEITO DE PERSONAGEM MIDIÁTICA ........................................................................... 185 3.2 AS PERSONAGENS NA ARTE ...................................................................... 191 3.2.1 AS PERSONAGENS NO ROMANCE ............................................................... 204 3.2.2 AS PERSONAGENS NO TEATRO .................................................................. 215 3.3 AS PERSONAGENS -TIPO ............................................................................ 224 3.3.1 OS TIPOS PRECURSORES DA COMMEDIA DELL ’ARTE .................................... 229 3.3.2 AS PERSONAGENS -TIPO DO FOLHETIM ........................................................ 234 3.3.3 AS PERSONAGENS -TIPO DO FAIT DIVERS .................................................... 243 3.3.4 AS PERSONAGENS -TIPO DO CINEMA HOLLYWOODIANO ................................. 250 3.3.5 AS PERSONAGENS -TIPO DAS FOTONOVELAS , DAS RADIONOVELAS E DA PRIMEIRA FASE DAS TELENOVELAS ............................................................. 258 3.3.6 AS PERSONAGENS -TIPO DA SEGUNDA FASE DAS TELENOVELAS .................... 266 3.4 AS PERSONAGENS MIDIÁTICAS E OS TIPOS DOS ESPETÁCULOS DE REALIDADE 271 PARA UM DESENLACE ............................................................................... 294 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 304 RESUMO A hipótese que se apresenta é de que há uma síndrome do protagonista em curso na contemporaneidade, cujas estruturas de sentimento se forjam na cultura da mídia. Nessa condição, encontram-se os sujeitos comuns que se alçam à visibilidade midiática , através da participação em algum espetáculo de realidade — novo gênero que inclui o formato reality show da televisão, mas, também, as cartas e depoimentos a seções de leitores de jornais ou revistas, a programas de rádio ou blogs da internet. Considera-se que a premissa histórica para o protagonismo — o direito à expressão do sujeito comum, hoje exacerbado em culto à personalidade — localiza- se no movimento romântico e que os espetáculos de realidade são herdeiros da estética do folhetim (este mesmo uma exacerbação emocional da proposta romântica) e do fait divers , a fórmula folhetinesca do jornalismo. Por isso, o sujeito comum, no momento em que emerge do seu lugar de receptor para tornar-se personagem midiática , busca seus modelos de atuação nas personagens-tipo que ali tiveram sua origem e que se consolidaram, depois, nas rádio e telenovelas. Apresenta-se, então, uma proposta de mapeamento das personagens-tipo dos espetáculos de realidade. Palavras-chave: Cultura da mídia. Protagonismo. Espetáculos de realidade. Personagens midiáticas. ABSTRACT The hypothesis presented here is that there is a syndrome of the protagonist in progress in contemporaneity, whose structures of feeling were forged in the culture of the media. In this condition are ordinary people to rise themselves to the media visibility, through participation in a spectacles of reality — a new genre that includes the format of the television reality show, but also the letters and testimonials to sections of readers of newspapers or magazines, radio programmes and internet blogs. It is considered that the historical premise for the protagonism — the right to expression of the ordinary people, now exacerbated in the personality cult — located in the Romantic Movement and that the spectacles of reality are heirs of the aesthetics of roman-feuilleton (this even an emotional exacerbation of the romantics’ proposes) and the fait divers , the emotional format of journalism. Therefore, the ordinary people, when they emerge from their place in the audiences to become character media, seeking their models of action in the stock characters who had their origin in the newspaper serials and is consolidated, later, on the radio and television soap operas. There is then a proposal for a mapping of the stock characters of spectacles of reality. Keywords: Media culture. Protagonism. Spectacles of reality. Media characters. PRIMEIRAS PALAVRAS Esta pesquisa surge do estranhamento diante de alguns seres que hoje se movem no ambiente midiático. Tal qual personagens transportadas da literatura e do teatro para as páginas de jornais e revistas ou para as telas da televisão e dos computadores ligados em rede, eles assemelham-se a seres ficcionais, mas são encenados na ‘realidade’ da programação midiática. Por vezes um pouco aturdidos, parecem percorrer o caminho inverso ao das personagens à procura de um autor, de Pirandello, que saltavam do palco para a realidade, procurando quem lhes encenasse a “história pungente”, porque como personagens que eram,
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