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UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba

Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação

Curso de Graduação em Jornalismo

MOISÉS ROSA

TÁSSIA GREGATI

METAFORICAMENTE

CASSIANO RICARDO

São José dos Campos, SP

2009

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MOISÉS ROSA

TÁSSIA GREGATI

METAFORICAMENTE: CASSIANO RICARDO

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, do Programa de Graduação em Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora:

Orientador: Prof. José Aparecido Siqueira

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MOISÉS ROSA

TÁSSIA GREGATI

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial à obtenção do grau de Jornalista, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação, da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora:

Orientador: Prof. José Aparecido Siqueira

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a todos que, de alguma maneira, lutam para preservar viva a memória do poeta e escritor joseense, Cassiano Ricardo Leite.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos em primeiro lugar a Deus, aos nossos familiares, ao nosso orientador José Aparecido Siqueira, á equipe de funcionários da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, á assessora de imprensa da FCCR, Edna Petri e Erika Siqueira, á diretora do Museu de Folclore de São José dos Campos, Ângela Savastano, á jornalista Lígia Bernardes, á Andréa Fonseca, ao Ewerton da Silva e ao Maurício Pancini.

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RESUMO

O poeta de São José dos Campos, Cassiano Ricardo Leite, é visto como um grande escritor da cidade. Muito influente na literatura, o autor teve, inclusive, livros traduzidos fora do país. Mas além de ser um grande poeta, Cassiano também teve sua participação no jornalismo, na política e na advocacia. Através de pesquisas, foi constatado o pouco hábito de leitura entre os jovens brasileiros e também, o pouco conhecimento sobre o poeta, principalmente entre os cidadãos joseenses. A partir dessas informações, este livro visa estimular o hábito da leitura entre os jovens, utilizando de recursos do jornalismo, para apresentar a biografia de Cassiano, tornando-o mais conhecido entre a população da cidade.

Palavras-chave: Cassiano Ricardo, literatura, poesia, jornalismo literário.

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ABSTRACT

The poet from São José dos Campos, Cassiano Ricardo Leite, is seem like a great writer from this city. Very influencer on the literature, the author had, inclusively, translated books in another countries. Besides, Cassiano had a involvement on journalism, politics and lawyering. Through of public opinion poll, was evidenced the few custom of reading between the Brazilian youngs and, the few knowledge about the poet, especially between the citizen of São José. As from these informations, this book intend to stimulate the custom of reading between the teenagers, using from journalism resources to present the Cassiano‟s biography, making him acquaintance between the population of the city.

KEYWORDS: Cassiano Ricardo, literature, poetry, literary journalism

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...... 9 1 PROBLEMA E HIPÓTESE...... 9 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO...... 10 1.2 ESTRUTURA INTERNA DO TRABALHO...... 11

2. TEMA/OBJETO DE ESTUDO...... 12 2.1 BREVE BIOGRAFIA...... 12 2.2 A IMPORTÂNCIA DE CASSIANO RICARDO PARA A LITERATURA...... 16 2.3 CASSIANO RICARDO PARA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS...... 19 2.4 CASSIANO PARA OS JOVENS...... 20

3. MODALIDADE...... 22 3.1 DOCUMENTÁRIO X LIVRO-REPPRTAGEM...... 22 3.2 LIVRO-REPORTAGEM...... 22 3.4 A REPORTAGEM...... 26 3.5 JORNALISMO LITERÁRIO...... 27

4. FORMATAÇÃO E TIPOLOGIA...... 29 4.1 LIVRO...... 29 4.2 LINGUAGEM...... 29 4.3 RECURSOS GRÁFICOS...... 30 4.4 FOTOGRAFIA...... 31 4.5 TÍTULO E CORES...... 31

5. METODOLOGIA...... 33 51 PESQUISA...... 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 36 1. ANEXOS...... 37 2. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS...... 62

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INTRODUÇÃO

Através deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), por meio de um livro- reportagem, este projeto teve como objetivo relatar a vida do poeta joseense Cassiano Ricardo Leite, especificamente para o público adolescente de 14 a 18 anos. Além de apresentar a vida do escritor num universo que abrange mais do que as letras e, consequentemente, mostrar um lado mais desconhecido e também despertar o interesse dos jovens por Cassiano.

1 – PROBLEMA E HIPÓTESE

De acordo com pesquisas realizadas informalmente pelos autores entre adolescentes, professores e profissionais literários, a preocupação em conhecer ou ensinar sobre a vida do poeta Cassiano é pouca. Como público alvo tem-se jovens entre 14 e 18 anos, estudantes do Ensino Médio brasileiro. Para a escolha desta faixa etária, foi levado em conta o nível de conhecimento literário e histórico para melhor compreensão dos assuntos abordados no livro.A pouca porcentagem de jovens capazes de ler e interpretar e a importância do incentivo á leitura foram uma das bases para a escolha do tema e da modalidade. De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2007 ¹, o número de jovens que frequentam o Ensino Médio aumentou em relação há 10 anos. Em 1997, a frequência líquida de adolescentes entre 15 e 17 anos era de 26,6%. Já em 2007, este número passou para 48%. Apesar do aumento, 34,9% dos jovens entre 18 e 24 anos ainda freqüentam esta etapa da educação e 21,7% dos jovens com 15 anos ou mais foram considerados analfabetos funcionais, ou seja, com pouca habilidade em leitura, escrita, cálculos e ciências. Outra pesquisa do IBGE, realizada em 2006² revela que, entre os entrevistados, a porcentagem dos brasileiros com hábito de leitura, apenas 13% são adolescentes entre 14 e 17 anos. E a preferência desses leitores é pela poesia, com 41% dos votos. Sobre a preferência pelo autor, abordaremos mais adiante. Em relação ao analfabetismo funcional, é nesta faixa etária que se intensificaram as disciplinas literárias nas escolas. O Ministério da Educação reuniu especialistas e educadores e lançou a publicação com orientações sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais. O PCN do Ensino Médio (PCNEM), aborda recomendações para todas as disciplinas desta fase escolar para um melhor desenvolvimento de seus alunos. Na seção Linguagens Códigos e suas Tecnologias, em artigo, Maria Paula Parisi Lauria, assessora de língua portuguesa comenta: ______¹, ² Informações disponíveis através do Portal do IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/

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Pressupondo que os estatutos básicos relativos ao funcionamento da língua portuguesa foram aprendidos ao longo do ensino fundamental, cabe ao ensino médio oferecer aos estudantes oportunidades de uma compreensão mais aguçada dos mecanismos que regulam nossa língua, tendo como ponto de apoio alguns dos produtos mais caros às culturas letradas: textos escritos, especialmente literários. (LAURIA, p.55)

Em uma pesquisa (Com resposta estimulada através de várias opções) realizada em 2006 pelo Instituto Pró-Livro, consta que 60 milhões de brasileiros disseram ter como preferência de atividade no tempo livre, a leitura (35% dos entrevistados) e a preferência cresce de acordo com a renda e a escolaridade (48% no Ensino Médio). Voltando á pesquisa realizada pelo IBGE (2006), em pergunta feita sobre os escritores mais admirados pelos leitores (resposta espontânea e com uma única opção), entre os 25 nomes sugeridos, Cassiano Ricardo não foi citado nenhuma vez. Os quatro primeiros autores lembrados receberam mais da metade dos votos, são eles: Monteiro Lobato, , e , nesta ordem. Ainda nesta pesquisa, revelou-se que crianças e adolescentes são os que mais lêem por exigência da escola.

1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO

Levando em consideração os resultados das pesquisas, os autores deste trabalho chegaram á conclusão de que os adolescentes nesta média de idade (14 a 18), necessitam ser incentivados ao hábito pela leitura, através de formas não convencionais (tipos diferentes de literatura, além das exigidas pela escola), para que possam se desenvolver intelectualmente e além disso abrir o leque de preferência por escritores. Monteiro Lobato, apontado como um dos principais escritores pela pesquisa é da mesma região (Vale do Paraíba) que o objeto de estudo deste TCC, Cassiano Ricardo. Mesmo havendo outros escritores importantes, não se pode deixar de lado a relevância do poeta para a cidade e também para o país. Já que Cassiano Ricardo não é tão conhecido pela população quanto Monteiro Lobato, um dos objetivos deste livro foi apresentar a vida do autor, não somente através de sua obra, mas principalmente revelando outras áreas de sua vida, “humanizando” o mito.

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1.2 – ESTRUTURA INTERNA DO RELATÓRIO

Para a realização deste livro-reportagem foi necessário contextualizar o momento histórico, a vida do poeta e de que maneira esses fatos interferiam em suas poesias, já que umas das principais características de Cassiano era não ser “alienado”, envolvendo-se com sua arte. Antes de tudo, é necessário conhecer quem foi Cassiano Ricardo, e é do que se trata o primeiro capítulo, com uma breve biografia do autor. Além disso, será relatada sobre a importância que o poeta teve para a literatura, para a história do 11país e para seu concidadãos de São José dos Campos. Também será abordada a importância dos adolescentes tomarem conhecimento sobre a vida do autor. No segundo capítulo deste relatório, é feito um levantamento dos motivos pelos quais o livro-reportagem, neste caso, é o melhor meio para contar a vida do autor. Também serão explicados os tipos existentes de livro-reportagem, o motivo da escolha para este tema (livro-reportagem biográfico) e a importância do incentivo á leitura para os jovens. A linguagem diferenciada, o motivo da escolha dos recursos de artes gráficas, a utilização dos signos, das cores, a formatação e o conteúdo serão os temas do terceiro capítulo. No quarto capítulo, a metodologia do trabalho será apresentada e para finalizar o relatório, serão demonstrados exemplos de entrevistas realizadas, a elaboração das tiras, dos desenhos e demais recursos utilizados pela dupla para a adequação do tema á faixa etária de 14 a 18 anos. A elaboração deste TCC é de suma importância na formação profissional dos autores do livro-reportagem, já que foi necessário rever técnicas aprendidas de entrevistas, por exemplo, a linguagem adequada, estrutura dos textos e também a utilização de técnicas aprendidas não somente no Jornalismo, mas comuns nos cursos de Comunicação Social, no caso, a importância da imagem. O tema escolhido também foi relevante já que possibilitou uma profunda pesquisa antes de revelar os fatos. A questão de analisar ideias, falas, conceitos, antes de expor os acontecimentos, possibilitou aos pesquisadores colocar em prática a missão do jornalismo de revelar notícias com embasamento e conhecimento.

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2 – Tema - “Metaforicamente – Cassiano Ricardo”

2.1 Breve biografia

O incentivo pela leitura e escrita começou logo cedo. Menino nascido na cidade de São José dos Campos, em 1895, Cassiano sempre se interessou em aprender. Desde sua infância, Cassiano já tinha seus pensamentos e atitudes além para a época. A família do pequeno menino morava em uma fazenda Santa Teresa, no bairro Vargem Grande, zona norte de São José. Os pais Francisco Leite Machado e Minervinha Ricardo Leite e o tio Manuel Ricardo foram grandes estimuladores para esta paixão de Ricardo: escrita e leitura. Como toda criança, Cassiano adorava brincar na rua com os amigos, nas mais diversas brincadeiras. Na escola era sempre um dos melhores alunos da sala. Com 9 anos Cassiano Ricardo já permeava pelo mundo da escrita, escrevia e elaborava jornais para a escola, escrevia pequenos poemas. Era estudante da Escola Olympio Catão, na região central da cidade, onde confeccionou o seu primeiro jornalzinho, chamado “O Ideal”. O jornalzinho era elaborando como atividade escolar e o pequeno Cassiano se destacava por seu capricho e dedicação em fazer a publicação, que era feito com caneta bico-de-pena, valorizando cada detalhe do jornalzinho. O incentivo para a escrita e leitura vinha da família, que o apoiava o seu aprimoramento cultural. Na infância, os estímulos para que Cassiano Ricardo escrevesse eram diversos. A mãe, Minervina, escrevia poesias, o tio Manuel Ricardo era poeta, o primo de Cassiano, Zezinho Monteiro era jornalista e dono do jornal “A Cidade”. Os incentivos só viriam a somar na vida de Cassiano Ricardo. Aos 12 anos, fundou com outros colegas o jornalzinho “Íris” custeado pelo pai, como maneira de incentivá-lo a se aprofundar na escrita e leitura. Com 16 anos, o jovem começou a escrever para o jornal da cidade chamado “4 Paus”, que era impresso na oficina de seu pai chamada “A Tribuna”. Nesse jornal, Cassiano Ricardo começou a ser reconhecido na cidade por suas duras críticas aos políticos e personalidades, criando polêmicas no meio social. Nos estudos, Cassiano precisou se mudar para a cidade de Jacareí, vizinha de São José, para terminar os estudos do ensino fundamental e médio, já que São José não 12

tinha esse ensino. Depois de terminar, Cassiano e família se mudaram para São Paulo, onde o jovem vanguardista ingressou na Faculdade de Advocacia e veio a terminar os estudos na cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro. Lá, lançou seu primeiro livro intitulado “Dentro da Noite”, escrevendo outros livros de repercussão, como: “Martim Cererê”, traduzido para muitos idiomas e ilustrado por Di Cavalcanti, se fundamenta no mito tupi do Saci-Pererê, manifestando uma conciliação das três raças formadoras da cultura nacional, a indígena, a africana e a portuguesa. Outro livro de repercussão foi “Vamos Caçar Papagaios”, criado no período da Semana de 22. Em seu momento de ascensão na literatura, Cassiano foi convidado para assumir uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras, no ano de 1937. Na política, criou o movimento Verde-Amarelo, e participou também do Movimento Anta. No Movimento Verde-Amarelo, Cassiano Ricardo tinha como objetivo incentivar o naturalismo brasileiro, em oposição ao nacionalismo „afrancesado‟ proposto pela Semana de Arte Moderna. Para o pesquisador da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Paulo César, o livro- reportagem é a melhor forma para os jovens aprenderam detalhadamente sobre a vida de Cassiano. “Ele (Cassiano Ricardo) era muito à frente do tempo. Intelectual ao extremo. Os jovens de hoje precisam valorizar mais essa cultura de Cassiano Ricardo.” Segundo ele, o livro-reportagem consegue explorar os acontecimentos mais a fundo do que outras modalidades. “O livro-reportagem consegue se aprofundar melhor no tema, diferentemente dos outros tipos de modalidades, que exploram o lado superficial. O livro-reportagem é algo mais profundo, assim como Cassiano Ricardo era.”, disse Paulo César, pesquisador da FCCR. “Cassiano foi um homem muito importante para o jornalismo, para a literatura e também para a política. Criou seu estilo próprio de escrever, sempre com dedicação e capricho. Na política, Paulo conta no livro que Cassiano Ricardo serviu ao regime militar, sendo muito criticado por algumas pessoas. “Ele serviu ao regime militar de Getúlio Vargas. Algumas pessoas o criticaram por essa postura. A sua participação no cenário brasileiro foi de extrema importância.”, conta o pesquisador Paulo. Para a professora Ana Teresa (que teve o seu primeiro contato com o poeta em uma tarde de autógrafos) a produção deste material para o público-jovem é muito importante para o enriquecimento cultural. “Este material é muito importante para os jovens. Já trabalhei em sala com diversos 13

temas sobre a vida de Cassiano Ricardo, e sem dúvida, é essencial este tipo de material para o aprendizado.”. Segundo Ana Teresa, as obras do poeta eram além dos pensamentos da época. “Cassiano Ricardo sempre foi de vanguarda. As obras dele eram de atualização, sempre à frente dos tempos, muito preocupado com a sobrevivência do ser humano. Ele gostava de explorar as palavras de uma maneira diferente dos outros autores, esse era o diferencial de Cassiano Ricardo.” Ela conta ainda que sempre admirava as obras de Cassiano Ricardo, mas nunca teve coragem de conversar com ele pessoalmente quando era criança, tendo apenas o primeiro contato em uma tarde de autógrafos em São José dos Campos. “Eu tinha vergonha de chegar e conversar com Cassiano Ricardo. A primeira vez que pude realmente conversar com ele foi em 1972, na Semana Cassiano Ricardo, quando ele veio para São José dos Campos. Eu ainda dava aulas de português na Escola João Cursino, na região central da cidade. “ O autor Amilton Maciel Monteiro relata em seu livro “Cassiano Ricardo – Fragmentos para uma biografia”, que no jornalismo, o escritor e poeta Cassiano, conseguiu várias pessoas para ajudá-lo na escrita do Jornal „A Manhã‟. “Interessante notar que, nessa verdadeira plêiade de intelectuais que o escritor e poeta de São José conseguiu reunir para formar a elite de colaboradores do jornal que dirigia, havia gente com gosto e matriz político das mais variadas espécies. E principalmente havia gente da índole contrária às idéias e às posturas do Estado Novo de Getúlio Vargas que o órgão (Jornal A Manhã, sob direção de Cassiano Ricardo), de certa forma oficioso representava.”, conta Amilton Maciel Monteiro em seu livro. O jornalista Roberto Wagner de Almeida, que teve contato e foi um dos amigos do poeta relata neste livro-reportagem as suas experiências ao lado do poeta, desde o seu primeiro contato, criação da Semana Cassiano Ricardo, jornalismo, até o rompimento de amizade. “No ano de 1965, consegui o endereço dele e fui a São Paulo. À época ele morava em uma casa na Rua Cardoso de Almeida, no bairro de Perdizes, e me recebeu com muita atenção e carinho, só pelo fato de um vir de São José dos Campos. E, antes de começarmos a entrevista, conversou muito sobre a cidade. Aquilo me demonstrou que o que se dizia aqui a respeito dele não era verdade.”, conta o jornalista. “A partir daquele primeiro encontro, passamos a ser amigos. Eu freqüentava sua casa e, numa dessas ocasiões, lendo uns poemas meus, ele comentou que o que eu estava escrevendo tinha alguma semelhança com o movimento da Poesia Praxis, 14

que havia sido lançada por Mário Chamie.”, relata Almeida. Em relação à criação da Semana Cassiano Ricardo, homenagem ao poeta em São José dos Campos, o jornalista Roberto Wagner explicou como surgiu a idéia. “Luiz e eu tivemos, na verdade, duas intenções. Queríamos, de fato, criar uma semana anual de homenagem a Cassiano, a exemplo da que Taubaté realizava para homenagear Monteiro Lobato. Mas nós queríamos também a oportunidade de mostrar ao prefeito Elmano Veloso que éramos capazes de organizar um evento de grande expressão, que mobilizasse toda a parcela mais culta da cidade. Nós éramos jovens e os intelectuais respeitados nessa época, aqui em São José, eram bem mais velhos do que nós e já estavam acomodados. Acabamos convencendo o prefeito a nos dar essa oportunidade. O texto do projeto de lei que criou a Semana Cassiano Ricardo foi escrito por mim e por Luiz, no escritório de advocacia que eu então mantinha na Rua Sebastião Hummel. No mesmo prédio, por sinal, em que também mantinha escritório o advogado e escritor Altino Bondesan. Nós levamos o texto ao prefeito Veloso, sua assessoria fez as adaptações necessárias, e o projeto foi enviado à Câmara Municipal, que o aprovou. Cassiano, é claro, sentiu-se muito lisonjeado.”, disse Roberto Wagner. Outro jornalista, também conhecedor da vida de Cassiano Ricardo, Júlio Ottoboni, fala sobre a contribuição de Cassiano para a cultura da cidade e como o poeta entrou para a política. “(A contribição foi) Imensa e até hoje pouquíssimo explorada. Ele conseguiu os recursos necessários para a constituição da Biblioteca Pública Cassiano Ricardo, assim como parte do acervo. Só o fato de São José ser a primeira cidade do Vale do Paraíba a ter um imortal na ABL já era um estrondo com ecos em todas as partes.”. Na política, Cassiano Ricardo ingressou na política após ser servidor de carreira e tinha até a intenção de sair como deputado pela cidade. “Como consequência por ser funcionário público de carreira, ele teve uma participação intensa na revolução de 32 ao lado de Pedro de Toledo. Depois disto, passou a redigir os discursos de Adhemar de Barros e foi requisitado por Getúlio Vargas ( que fora seu oponente em 32). Mas Cassiano nunca foi candidato a nada, tentou ser a deputado por São José dos Campos, mas o coronel João Cursino, enciumado, barrou o processo. Depois disto desistiu de cargos eletivos.”, conta Ottoboni. Júlio Ottoboni revela ainda que o poeta era curioso e adorava as tecnologias da época. “Era extremamente curioso, principalmente por novas tecnologias. Também adorava conhecer o funcionamento de brinquedos de seus netos, os quais ele escondia em sua gaveta na escrivaninha para ficar por horas a fio olhar e brincar 15

com os objetos, particularmente os que traziam alguma novidade como movimentos.”, revelou o jornalista. Assim, este projeto de livro-reportagem é de importância para os jovens, e também para as pessoas que queiram adquirir mais informações sobre o poeta e escritor Cassiano Ricardo.

2.2 A IMPORTÂNCIA DE CASSIANO PARA A LITERATURA

Cassiano Ricardo foi muito importante para a literatura brasileira, contribuiu imensamente para outras pensamentos e olhares na nossa literatura. Ousado e sem medo de mudar, Cassiano Ricardo passou por várias fases e tendências da literatura. Diferentemente dos poetas brasileiros, ele conseguia se desvencilhar da antiga maneira de pensar para embarcar numa nova época da escrita. Para se atingir o sucesso na vida, muitas vezes é preciso mudar. Mudar os conceitos, a visão, os objetivos, planos. E parte do sucesso de Cassiano talvez tenha sido essa atitude de ir sempre em busca do novo, deixando os velhos conceitos para trás. Um eterno adolescente que está andando curioso pela vida, assim era o autor em suas obras. Do estilo neoclássico de Dentro da Noite ao concretismo apocalíptico em Os Sobreviventes, suas obras podem ser estudadas juntamente com as aulas de história, já que revelam verdadeiras lições sobre a origem, a cultura e uma perspectiva social do povo brasileiro. Um rapaz sensível que se transformou num senhor maduro e “antenado”, Cassiano nunca deixou que os males da idade afetassem seu humor, estava sempre disposto a descobrir as novidades da juventude, da “galera” que parecia andar cada vez mais em alta velocidade. Cassiano publicou vários livros, algumas obras podem facilmente demonstrar a ligação entre a cultura e a história de um povo. Em 1915, quando publicou seu primeiro livro de poesias, Cassiano ainda cursava Direito e mal tinha completado vinte anos. Era um tempo novo. O Brasil ainda respirava o ar puro da república, caminhava pelo início de um novo século, e o poeta, como qualquer adolescente, tinha grandes planos. Nesta obra, Cassiano, que já estava maduro o suficiente para começar a carreira de escritor, ainda levava em sua maneira de ser moldes conservadores. Foi muito elogiado por grandes escritores da época como e . Estreou na literatura brasileira utilizando a forma neoclássica, baseado em muito por sua formação erudita e pelos valores da educação européia que ditavam a moda na época. Esta fase permaneceu durante poucos anos e abrangeu as obras Frauta de Pã (1917) e Jardim das Hespéride (1920). Quatro anos depois, Cassiano surge com uma nova obra, A Mentirosa de Olhos Verdes que dá início a sua fase modernista-nacionalista, sendo confirmada dois anos mais tarde com Vamos Caçar Papagaios e logo em seguida com Borrões de Verde e Amarelo. A partir de então, o autor se estabelece definitivamente nesta 16

escola literária. Em 1928, o poeta lança Martim Cererê, que se transformou numa espécie de Os Lusíadas (Camões) na versão brasileira. A obra vem carregada pela disputa entre o antropofagismo e movimento da anta, liderado pelo autor. Como já explicamos no capítulo sobre os movimentos políticos (como o verde- amarelismo) nos quais Cassiano Ricardo se envolveu, do modernismo surgiram duas vertentes que de dispunham a cultivar ou o fascínio pelo europeu (antropofagismo) ou pelo Brasil primitivo (verde-amarelismo). Martim Cererê foi quase um „mascote‟ do movimento. Mas apesar de tamanha influência política, o livro é um romance épico que narra a história do Brasil de uma forma criativa, dinâmica e cheia de imaginação visual, já que Cassiano abusa dos detalhes. Após Martim Cererê, Cassiano apresenta Canções de minha ternura (1930) , Deixa estar, jacaré (1931) e O Sangue das horas (1943). A partir desta obra, o autor se afirmou na sua fase modernista. Porém, a próxima obra que marca na memória dos brasileiros é Um dia depois do outro (1947). É nesta obra que o joseense declara seu amor pela cidade natal:

Era em São José dos Campos.

E quando caía a ponte

eu passava o Paraíba

numa vagarosa balsa

como se dançasse valsa.

O horizonte estava perto.

A manhã não era falsa

como a cidade grande.

Tudo em um caminho aberto.

Era em São José dos Campos

no temo em que não havia

comunismo nem facismo

pra nos tirarem o sono.

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só havia pirilampos

imitando o céu nos campos.

Tudo parecia certo.

O horizonte estava perto.

Havia erros nos votos

mas a soma estava certa.

Deus escrevia direito

por pequenas ruas tortas.

A mesa era sempre lauta.

Misto de sabiá e humano

o meu vizinho acordava

tranqüilo, tocando flauta.

Era em São José dos Campos.

O horizonte estava perto.

Tudo parecia certo

Admiravelmente certo.

(A frauta que me roubaram)

Três anos depois Cassiano publica Poemas Murais, A face Perdida e O Elefante que Fugiu do Circo, todos no mesmo ano. Partindo para a fase formal modernista, surgem, em seguida, 25 Sonetos (1954) e O Arranha-céu de Vidro (1956) que ganhou o Prêmio Paula Brito. Ainda no mesmo ano, publica João Torto e a Fábula. Deste momento em diante, a preocupação do autor em se fixar nas experiências vanguardistas torna-se claro. As suas próximas obras são Poesias Completas (1957), Montanha Russa (1960) 18

que ganhou o Prêmio Carmem Dolores Barbosa, A Difícil Manhã (1960), obra que levou o Prêmio Jaboti e Jeremias Sem Chorar (1964), que também foi vencedora, no Prêmio Jorge Lima (1965). Em Jeremias Sem Chorar, Cassiano propõe uma lamentação pela humanidade da época, levando em conta acontecimentos como a bomba atômica e a Guerra-Fria. O título foi baseado no livro da Bíblia “Lamentações de Jeremais” e a obra faz uso do linossigno, fugindo dos moldes tradicionais da escrita. No mesmo ano em que escreveu Jeremias Sem Chorar, o poeta publicou Poemas Escolhidos. Sua última obra de poesia foi Os Sobreviventes (1971), fechando sua história no mundo da poesia na iniciação do concretismo. Os Sobreviventes segue a mesma linha de Jeremias Sem Chorar, mas de uma forma mais apocalíptica. Cassiano, no fim de sua vida, se preocupava com o fim da humanidade. Esta ideia fica evidente neste livro, de que todos somos sobreviventes da nossa própria catástrofe. Do conservadorismo de Dentro da Noite ao vanguardismo de Os Sobreviventes, Cassiano pode provar que não era um poeta qualquer. Não era alienado, omisso ou passivo. Mostrou que a arte acompanha a história e que mudar é preciso.

2.3 CASSIANO RICARDO PARA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O poeta nascido em São José dos Campos começou a traçar os primeiros passos em sua cidade natal. Além de escrever poemas, Cassiano também escreveu para jornais da cidade. Com esse seu modo diferenciado de escrever, Ricardo agradou alguns e também foi criticado por outros. Em São José dos Campos, Cassiano Ricardo tem atualmente várias homenagens que levam o seu nome, o que mostra o quão importante foi para a cidade e também para o país. Para o pesquisador da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Paulo César, Ricardo se portava de uma maneira diferente dos demais meninos, durante a sua infância em São José. Conta o pesquisador:

Cassiano foi o diferencial para a época, dos outros meninos. Começou muito cedo, aos 9 anos de idade, criando um jornalzinho na escola. Isso sem dúvida era algo inovador e criativo para a época, levando também essas características para a vida toda. Ele era muito caprichoso nos seus trabalhos. Ele era muito à frente do tempo, intelectual ao extremo. Os jovens de hoje em dia precisam valorizar mais essa cultura de Cassiano Ricardo.

O jornalista Júlio Ottoboni fala sobre a importância de Cassiano para a cidade. Conta:

Ele conseguiu os recursos necessários para a constituição da Biblioteca Pública Cassiano Ricardo, assim como parte do acervo. Só o fato de São José ser a primeira cidade do Vale do Paraíba a ter um imortal na ABL já era um estrondo com ecos em todas as partes.

O próprio escritor também revelou seu amor pela cidade natal em um discurso que de agradecimento no aniversário de 200 anos de São José dos Campos. Declarou o poeta Cassiano Ricardo em seu discurso, em 1967.

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Não há livro meu, de poesia, em que São José não esteja presente, [e ainda].como não haveria eu de amar, acima de todas a coisas, este São José que me serviu de berço e é meu orgulho? Se aqui nasci poeta é porque São José me fez poeta, Para o jornalista Ottoboni, o fato mais importante foi a inspiração do poeta no seu dia-a-dia da na cidade onde nasceu.

“Intensa vivência numa São José dos Campos pequena, mas bucólica e inspiradora. Aqui ele forjou sua alma de poeta.”, comenta Ottoboni.

O próprio escritor também revelou seu amor pela cidade natal em um discurso que de agradecimento no aniversário de 200 anos de São José dos Campos. Declarou o poeta Cassiano Ricardo em seu discurso, em 1967.

Não há livro meu, de poesia, em que São José não esteja presente, [e ainda].como não haveria eu de amar, acima de todas a coisas, este São José que me serviu de berço e é meu orgulho? Se aqui nasci poeta é porque São José me fez poeta,

2.4 CASSIANO PARA OS JOVENS

Cassiano Ricardo, como os jovens, sempre foi uma pessoa com pensamentos vanguardistas e jovens. Durante sua infância e adolescência, o jovem sempre manteve a sua característica: pensamentos além para a época e muito inteligente.

Para o pesquisador da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Paulo César, Ricardo se portava de uma maneira diferente dos demais meninos. Conta o pesquisador:

Cassiano foi o diferencial para a época, dos outros meninos. Começou muito cedo, aos 9 anos de idade, criando um jornalzinho na escola. Isso sem dúvida era algo inovador e criativo para a época, levando também essas características para a vida toda. Ele era muito caprichoso nos seus trabalhos. Ele era muito à frente do tempo, intelectual ao extremo. Os jovens de hoje em dia precisam valorizar mais essa cultura de Cassiano Ricardo. Os jovens devem conhecer esse lado do poeta Cassiano, que se identifica muito com os mesmos, trazendo idéias e pensamentos que o poeta também defendia. Segundo a pesquisadora da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Edna Regina dos Santos Martelo, o poeta apresentava um texto rico e com vanguardismo. “O que fica nos textos do Cassiano Ricardo são palavras que representam o quanto Cassiano é do bem e sempre valorizava a cidade de São José dos Campos”.

Ela conta que o poeta sempre foi uma pessoa crítica, mas com pensamentos bem fundamentados:

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Cassiano era uma pessoa bem crítica, não gostava de injustiça, por isso algumas pessoas o criticavam na cidade. Ele tinha uma visão diferenciada dos acontecimentos. Um ponto que me chama muito a atenção é o dinamismo de Cassiano no uso das palavras. A poesia e o jornalismo são duas vertentes que sempre estiveram presentes na vida de Cassiano Ricardo, sendo fomentada durante a sua juventude. Segundo o pesquisador da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Paulo César Fernandes, o público jovem precisa saber do lado jornalista de Cassiano Ricardo. Ressalta o pesquisador:

O público jovem precisa saber desse outro lado de Cassiano Ricardo, o lado jornalista, que foi muito importante. Cassiano como poeta já foi fixado na memória das pessoas. Agora precisamos deixar o lado jornalista, com os ótimos textos de Cassiano para as pessoas.

Segundo Ana Teresa, as obras do poeta eram além dos pensamentos da época:

Cassiano Ricardo sempre foi de vanguarda. As obras dele eram de atualização, sempre à frente dos tempos, muito preocupado com a sobrevivência do ser humano. Ele gostava de explorar as palavras de uma maneira diferente dos outros autores, esse era o diferencial de Cassiano Ricardo.

Os jovens atualmente buscam o diferencial, e pensando neste sentido, Cassiano Ricardo também criou o seu diferencial na literatura e no jornalismo. Para a professora Ana Teresa (que teve o seu primeiro contato com o poeta em uma tarde de autógrafos) a produção deste material para o público-jovem é muito importante para o enriquecimento cultural.

“Este material é muito importante para os jovens. Já trabalhei em sala com diversos temas sobre a vida de Cassiano Ricardo, e sem dúvida, é essencial este tipo de material para o aprendizado”, finaliza.

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3 - MODALIDADE

3.1 – Documentário x Livro-reportagem

O livro reportagem “Metaforicamente – Cassiano Ricardo” procura evidenciar os principais momentos da vida de Cassiano Ricardo. Para isto, escolhemos a modalidade de livro-reportagem-perfl/biográfico, que conecta acontecimentos do passado e do futuro, por meio de depoimentos de pessoas que fizeram parte ou que de alguma forma entendem do tema tratado, e outros. Anteriormente iríamos realizar este projeto na modalidade de documentário, quando fomos orientados de que a melhor forma de atingir o público jovem seria por meio da elaboração de um livro- reportagem, com ilustrações da vida do poeta e também fotografias que comprovam a fase. Também comprovamos essas orientações com pesquisas que realizamos durante este projeto. O jovem busca nesta modalidade o aprofundamento dos fatos, contribuindo para a bagagem cultura e fomento da mesma. Neste pensamento, realizamos pesquisas com os jovens para sabermos em relação à leitura e profissões de Cassiano. No gráfico podemos constatar o déficit da leitura nesta faixa etária, de 14 a 18 anos, que mesmo não tendo o costume de ler, querem saber e conhecer mais sobre a vida de Cassiano Ricardo. Também traçamos o perfil dos professores de português do ensino médio, para sabermos sobre o interesse, a indicação de livros aos livros da vida do poeta.

3.2 – Livro-reportagem

O livro-reportagem é um veículo de comunicação imprensa, que presta informação ampliada sobre os fatos, explanando idéias, para melhor entendimento do leitor sobre determinado assunto. A reportagem em livro é apurada com mais profundidade no assunto e na explanação das idéias para os leitores. Esta modalidade apresenta vários fatores que contribuem para a exploração dos fatos, já que narra os acontecimentos e proporciona ao leitor o apreciamento da história.

O livro-reportagem cumpre papel importante, preenchendo vazios deixados pelo jornal, revista, até mesmo pela internet quando utilizada jornalisticamente nos moldes das normas vigentes da prática impressa convencional. Mais do que isso, avança para o aprofundamento do conhecimento do nosso tempo, eliminando parcialmente que seja, o aspecto efêmero de mensagem da atualidade praticada pelos canais cotidianos da informação jornalística. (PEREIRA LIMA, 2004, p.4)

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Segundo referência do autor Edvaldo Pereira Lima (2004), é fácil compreender que o livro-reportagem, agora, como no passado, é muitas vezes fruto da inquietude do jornalista que tem algo a dizer, com profundidade, e não encontra espaço para fazê- lo o seu âmbito regular de trabalho, na imprensa cotidiana. O estilo abordado pelo livro-reportagem se entrelaça com a literatura, com a modalidade de prática de reportagem de profundidade e do ensaio jornalístico utilizando recursos de observação e redação originários da (ou inspirados pela) literatura. Traços básicos: imersão do repórter na realidade, voz autoral, estilo, precisão de dados e informações, uso de símbolos (inclusive metáforas), digressão e humanização. Modalidade conhecida também como Jornalismo Narrativo.

Basicamente, a função que o livro-reportagem exerce, apesar de matrizes particulares, procede, essencialmente, do jornalismo como um todo. Os recursos técnicos com que essa função é desempenhada provém do jornalismo. E o profissional que escreve o livro-reportagem é, quase sempre, um jornalista. Isto é, um comunicador social formando sob a concepção da prática de uma atividade específica de comunicação. (PEREIRA LIMA, 2004, P.10 e 11)

Para o pesquisador Paulo César Fernandes, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, de São José dos Campos, o livro-reportagem é a modalidade mais indica para o aprofundamento do tema: “Metaforicamente - Cassiano Ricardo”, já que traz perspectivas de incentivo à cultura e o conhecimento de outros âmbitos de Cassiano Ricardo. “O Livro-reportagem consegue aprofundar melhor no tema, diferentemente das outras modalidades, que exploram o lado superficial. O livro-reportagem é mais profundo, assim como Cassiano era”, disse Paulo. De acordo com Paulo César, a cidade de São José dos Campos precisa ser mais valorizada, não apenas no lado tecnológico, mas também na área cultural. Outro ponto que o pesquisador ressalta é do poeta ser uma pessoa com pensamentos além para a época, qe devem ser exploradas em novas publicações. “Ele (Cassiano Ricardo) sempre foi contemporâneo, pensava no futuro. Era diferente dos outros escritores e poetas. São José dos Campos precisava ser nesse mesmo molde, sendo mais acolhedora no lado cultural”.

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3.3- Tipo de Livro-reportagem

O livro-reportagem apresenta algumas vertentes em sua sistematização, são variados tipos de publicação, encontrados nos estilos dos autores, que no dizer de Lima (2004) são distintos quanto a linha temática, aos moldes de tratamento narrativo, conduz à possibilidade de classificá-los em diferentes grupos.

3.3.1 Livro-reportagem-perfil/biográfico

Este perfil de reportagem procura evidenciar o lado humano de uma pessoa famosa ou uma personalidade desconhecida, que em determinado momento passa a ser focada por alguma situação de interesse.

3.3.2 Livro-reportagem-depoimento

Reconstitui um acontecimento importante, onde pode ser escrito pelo próprio envolvido ou por algum profissional que compila o depoimento e elabora a publicação. E ainda conforme Lima (2004), o tom é de passar ao leitor uma narrativa quente, com bastante clima de bastidores, movimentada. Por isso, seu estilo é, normalmente, o da action story.

3.3.3 Livro-reportagem-retrato

Seu papel é praticamente o mesmo exercido pelo livro-reportagem perfil, mas ao contrário deste, ele não focaliza uma figura humana, mas sim uma região geográfica, um setor da sociedade, procurando traçar o retrato do objeto em questão. Lima diz que essa modalidade é marcado, na maioria das vezes, pelo interesse em prestar um serviço educativo, explicativo. Por isso, trabalha a metalinguagem, na troca em miúdos de um campo específico do sabor para o grande público não especializado. Em decorrência, seu estilo o caracteriza, por vezes, em quote-story.

3.3.4 Livro-reportagem-ciência

Serve como divulgação científica, geralmente abordando algum tema específico. Pode apresentar caráter crítico ou reflexivo.

3.3.5 Livro-reportagem-ambiente

Tem como tema principal as questões ambientais, apresentando uma postura combativa, crítica ou simplesmente tratar de temas que auxiliam na conscientização 24

da importância da harmonia nas relações do homem com a natureza.

3.3.6 Livro-reportagem-história

O tema é focalizado no passado recente ou algo mais distante no tempo. O tema, porém, tem em geral algum elemento que o conecta com o presente, dessa forma possibilitando um elo comum com o leitor atual. Esse elemento pode surgir de uma atualização artificial de um fato que já passou ou por motivos diversificados.

3.3.7 Livro-reportagem-nova consciência

Focaliza temas atuais, das novas correntes comportamentais, sociais, culturais, econômicas e religiosas que surgem em várias parte do mundo, decorrentes de duas ebulições significativas. Segundo Lima (2004), uma foi a contracultura, e a outra foi o conjunto de movimentos de aproximação à cultura e civilização do Oriente Médio e do continente asiático.

3.3.8 Livro-reportagem-instantâneo

Aborda fato recém-concluído, onde os acontecimentos finais podem ser visualizados. Atém-se basicamente ao fato nuclear, mas pode inserir algo de sua amplitude, de seus desdobramentos futuros.

Prefiro essa terminologia em lugar de livro-flash, porque creio que o termo flash, quando ligado ao jornalismo, passa ao leitor uma conotação de algo ágil mas superficial, como se fosse eventualmente uma matéria trabalhada no espírito frívolo, altamente perecível, da nota. O termo instantâneo, creio, conota velocidade, mas não vem cercado de qualquer atributo de efemeridade. (PEREIRA LIMA, 2004, p.56)

3.3.9 Livro-reportagem-atualidade

Aborda temas atuais, como o livro-instantâneo, mas apresenta uma diferença: seleciona os temas atuais adotados de maior perenidade no tempo, mas cujos desdobramentos finais ainda não são conhecidos.

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3.3.10 Livro-reportagem-antologia

Reúne reportagens agrupadas sob os mais distintos critérios, previamente publicadas na imprensa cotidiana ou até mesmo em outros livros. Podem ser reportagens sobre os mais diferentes temas.

3.3.11 Livro-reportagem-denúncia

Este tipo de reportagem apresenta caráter investigativo. Este livro apela para o clamor contra as injustiças, contra os desmandos dos governos, os abusos das entidades privadas ou as incorreções de segmentos da sociedade, focalizando casos marcados por escândalos.

3.3.12 Livro-reportagem-ensaio

Evidencia muito o autor, com suas opiniões sobre o tema, conduzida de forma a convencer o leitor a compartilhar do ponto de vista do autor. O uso do foco narrativa na primeira pessoa é frequente no decorrer do livro.

3.3.13 Livro-reportagem-viagem

O fio condutor para a elaboração das reportagens são viagens para regiões geográficas específicas, o que serve de pretexto para retratar, como em um quadro sociológico, histórico, vários aspectos das realidades possíveis no local. Segundo o autor Edvaldo Pereira Lima, a classificação proposta não pode ser classificada final, porque outros tipos de livros-reportagem podem surgir.

Na prática é possível que títulos se enquadrem simultaneamente em mais de uma classificação. As modalidades, combinam-se, muitas vezes. O esforço é de sistematizar uma classificação que elucide o alcance do campo do livro-reportagem, não mais do que isso. (PEREIRA LIMA, 2004, p.59)

3.4 – Reportagem

A reportagem apresenta a produção dos fatos noticiosos no testemunho direto em situações explicadas em palavras e, numa perspectiva atual, em histórias vividas por pessoas, relacionadas com o seu contexto. Para o livro-reportagem, a coleta de dados precisa ser minuciosamente detalhada, para que nenhum acontecimento 26

importante deixe de ser citado. Para Edvaldo Pereira Lima (2004), em relação ao início da reportagem dos livros, a reportagem começa a se esboçar definitivamente no jornalismo, atrelada a um novo veículo de comunicação periódico criado nos anos 1920, e a uma nova categoria de prática da informação jornalística, que tem seus primeiros passos definidos também nessa época; a revista semanal de informação geral e o jornalismo interpretativo.

A ausência de conceitos preciosos, mas a carência de referência acadêmica ao livro-reportagem, em caráter de abordagem aprofundada, levam este autor a desenvolver este livro trabalhando dois aspectos essenciais. O primeiro é tentar suprir a carência existente, de modo a formar um quadro conceitual básico. O segundo é o de, a partir de diretrizes erigidas, detectar o papel que o livro- reportagem vem desempenhando, tomando alguns exemplos como uma das fontes inspiradoras para propor, finalmente, elementos que consubstanciem, num futuro que se espera próxima, toda uma linha de livros- reportagem capazes de abordar, com eficiência, as complexas transformações que vive o mundo no século XXI. (PEREIRA LIMA, 2004, p.7)

Para o estudioso Juan Gargurevich (2004), a reportagem é um dos gêneros jornalísticos e estes são entendidos como “formas que busca o jornalista para se expressar”. De acordo com Lima (2004), a reportagem é entendida como a ampliação da notícia, a horizontalização do relato – no sentido da abordagem extensiva em termos de detalhes - e também sua verticalização – no sentido de aprofundamento da questão em foco, em busca de suas raízes, suas ampliações, seus desdobramentos possíveis -, o livro-reportagem é o veículo de comunicação impresso não periódico que apresenta reportagens em grau de amplitude superior ao periódico.

3.5 – JORNALISMO LITERÁRIO

Como o próprio nome diz, é aquele voltado para a parte literária. Este tipo de jornalismo une o jornalismo à literatura, como principal objetivo de trazer reportagens mais aprofundadas, detalhistas, como postura ética. O jornalismo literário é uma mescla da história, literatura e do jornalismo, apresentado a realidade. Conforme Lima (2004), de todas as formas de comunicação jornalística, a reportagem especialmente em livro, é a que mais se apropria do fazer literário. De fato, o jornalismo impresso e a literatura aproximam-se, intersectam-se, afastam-se, em particular desde a etapa histórica em que a imprensa ganha sua feição moderna, 27

industrial, a partir da última metade no século XIX. Outros nomes também se dão ao jornalismo literário, sendo chamado de: literatura não-ficcional, literatura da realidade, jornalismo em profundidade, jornalismo diversional, reportagem-ensaio, jornalismo de autor. Lima (2004) diz que a chance que o jornalismo poderia ter para se igualar, em qualidade narrativa à literatura, seria aperfeiçoando meios sem porém jamais perder sua especialidade. Isto é, teria de sofisticar seu instrumental de expressão, de um lado, elevar seu potencial de captação real, de outro. Esse caminho chegaria a bom termo com o new jornalism. No Brasil, a prática do jornalismo literário começou a ser incorporada e implantada pela Revista Realidade, que trouxe o diferencial na abordagem das reportagens. Esse veículo, Realidade, primou pelo texto solto que rompia com as fórmulas tradicionais do jornalismo no Brasil. Não chegou a atingir o grau de experimentalismo ousado que alcançou o new jornalism, mas sem dúvida veiculou um texto de ruptura para com o próprio texto do jornal e da revista. Segundo o autor Pereira Lima (2004), para dimensionar corretamente o espaço do livro-reportagem que se volta ao resgate de episódios, é curioso observar que a nova história realiza uma revisão crítica dos métodos históricos, que não apenas considera a relatividade de suas descobertas, como aponta o perigo de uma história social que se esquece de contemplar o homem individual e o cotidiano, como também desconfia da história puramente factual. O livro-reportagem amplia a função social de informar e orientar do jornalismo cotidiano.

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4 – FORMATAÇÃO E TIPOLOGIA

4.1 – LIVRO

O presente livro-reportagem é uma biografia do poeta joseense Cassiano Ricardo Leite. Com uma linguagem jovem é voltada para o público adolescente. Os autores optaram por um livro simples, que abordasse de maneira objetiva a vida do poeta. Além disso, utilizou-se de recursos gráficos para o enriquecimento da obra.

4.2 – LINGUAGEM

De acordo com o Manual de Pesquisa Integrado do Estudante, “Linguagem é todo sistema formado por símbolos que permite a comunicação entre as pessoas”. Neste trabalho, os autores optaram por utilizar linguagem verbal e não-verbal (através de recursos gráficos), para abordar da melhor maneira possível o objeto de estudo. A seguir, serão explicados os tipos de linguagem verbal.

4.2.1 – Linguagem Falada É a linguagem livre e espontânea, de indivíduo para indivíduo.

4.2.2 – Linguagem escrita Mais elaborada, este tipo é gramatical e disciplinada. Geralmente é a representação gráfica da linguagem falada.

4.2.3 – Linguagem culta Usada em documentos oficiais ou que exijam uma certa formalidade, este tipo de linguagem obedece rigidamente às normas da Gramática.

4.2.4 – Linguagem literária É a linguagem utilizada de forma artística, de maneira a enriquecer a obra do autor.

4.2.5 – Linguagem popular Ao contrário da linguagem culta, não necessariamente deve obedecer às normas da Gramática. É utilizada no cotidiano pelas pessoas.

4.2.6 – Linguagem especial

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São utilizadas por um grupo de indivíduos em determinadas regiões ou circunstâncias.

Para este TCC utilizou-se das linguagens escrita, popular e literária. O objetivo era relatar através de uma forma de expressão em que pudesse se utilizar da fala do cotidiano, mas ao mesmo tempo criar uma obra diferenciada, considerando o público-alvo.

4.3 – RECURSOS GRÁFICOS

Além da linguagem verbal escrita, o livro utiliza-se da linguagem não-verbal através de cartoons e ilustrações que acompanham textos e poesias. Em matéria publicada pelo jornalista Wander Veroni (2009, Revista Eletrônica Café com Notícias), ele comenta que:

Utilizado como um meio editorial para expor a opinião do veículo sobre um determinado fato, além de ser um instrumento para criticar de forma bem humorada um acontecimento ou comportamento social, a charge, o cartoon e a caricatura são expressões artística que estão lado a lado do jornalismo e da comunicação.

Considerando o argumento citado, foram considerados: a) A diferenciação da linguagem escrita através dos cartoons e desenhos b) O humor dos cartoons serve como forma de expressar a ideia proposta pelo texto, porém de maneira mais clara e de fácil memorização c) A tradição destes recursos no meio jornalístico d) A identificação do público jovem com este formato de linguagem

Ainda na mesma revista eletrônica, o jornalista Veroni conclui:

Já a MTV Brasil, que criou há alguns anos a Drogaria de Desenhos Animados - uma espécie de departamento responsável pelas animações audiovisuais da emissora, vem lançando uma nova safra de desenhos animados nacionais com

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apelo para o público juvenil, que são exibidos semanalmente em horário nobre(...)

Como se pode observar, vários tipos de desenhos são utilizados pela mídia para despertar o interesse do jovem para algum programa, grupo ou assunto. Sendo assim, os autores decidiram também optar por esta forma de linguagem para enriquecer a obra.

4.4 – FOTOGRAFIA

Além dos recursos gráficos (cartoons e desenhos), o projeto utilizou de fotografias para contar a história. Muito importantes na comunicação, as fotografias estão sempre ligadas á ideia do texto e também servem de recurso memorial. Como explica Rose Zunetti (2004, p.17) no livro Fotógrafo,

A fotografia, sim, tem esse caráter memorial. Ela fixa o que nunca vai repetir-se, pode guardar a memória de um tempo e mostrar a evolução cronológica dos fatos. Hoje não se tem mais dúvidas de que a referência fotográfica, aliada a outros documentos, desempenha papel decisivo na reconstrução da história. (ZUNETTI, 2004)

4.5 – TÍTULO E CORES

Ainda na busca por despertar o interesse do adolescente pela literatura e pelo livro, pensou-se inclusive, na capa, que é a primeira identificação do leitor-conteúdo. O título foi escolhido buscando na fala do próprio Cassiano Ricardo, algo que pudesse descrever tanto o poeta quanto o livro. Metaforicamente era uma palavra utilizada corriqueiramente por Cassiano. De acordo com Ana Tereza Bernardes, uma das entrevistadas do livro, que conviveu com o objeto de estudo, “A poesia dele era metafórica, ligada aos anjos, céu, etc. Ele adorava a palavra metaforicamente e metáfora” (informação verbal). Sendo assim, propôs-se o título METAFORICAMENTE: CASSIANO RICARDO, como uma homenagem ao poeta. Após o título, as cores da capa também foram utilizadas de forma a despertar a atenção do leitor. Em A Psicologia das Cores, a autora do livro, Eva (2006, A Psicologia das Cores) conta:

Os resultados do estudo mostram que as cores e os sentimentos não se combinam de forma acidental, que as suas associações

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não são questões de gosto, mas sim experiências universais profundamente enraizadas desde a infância na nossa linguagem e no nosso pensamento. O simbolismo psicológico e a tradição histórica permitem explicar porque é que isto é assim. A criatividade é formada por um terço de talento, outro terço de influências exteriores que fomentam certos talentos e outro terço de conhecimentos adquiridos sobre o domínio em que se desenvolve a criatividade. Quem não sabe nada sobre os efeitos universais e o simbolismo das cores e apenas se fia na sua intuição, estará sempre em desvantagem em relação àqueles que adquiriram conhecimentos adicionais. (HELLER, 2006)

As cores estão ligadas aos sentimentos e sugerem, ainda que inconscientemente, algum tipo de sensação. Pensando por este lado, a cor laranja foi escolhida por ser expansiva e ao mesmo tempo construtiva. Esta cor é ainda responsável pela energização do corpo e da mente, por estimular determinada ação. Em seguida, pensou-se no verde por atenuar a euforia do laranja, proporcionando o raciocínio correto e o equilíbrio. O vermelho também foi utilizado, ainda que em menor quantidade, como forma de sugerir a leitura do livro, já que, assim como o laranja estimula a ação. E assim como o verde, o azul foi escolhido para atenuar a ação do vermelho.

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5– METODOLOGIA

Inicialmente o objetivo do grupo era realizar um vídeo-documentário sobre a vida de Cassiano Ricardo. O principal objetivo era enfatizar o lado do “Cassiano jornalista”. O grupo acabou se tornando uma dupla e devido ao extenso trabalho exigido em um documentário e a proposta de utilizar o formato jornalístico literário, sendo a melhor forma de unir o conhecimento do jornalismo com a literatura. Conforme o jornalista Vilas Boas (2008), o jornalismo e a literatura se completam porque são, em sua essência, formas de contar história.

Esse casamento se chama Jornalismo Literário, definido por Edvaldo Pereira Lima como “reportagem ou ensaio em profundidade, nos quais se utilizam recursos de observação e redação originários da (ou inspirados pela) literatura”. Em comunhão de bens, e até que o mau senso os separe, os métodos de reportar (jornalismo) e as técnicas de expressão (literária) formam um par político. (VILAS BOAS, 2008, p. 20)

A partir de então, ficou definido que seria feito um livro-reportagem biográfico, com linguagem escrita popular e literária, através do jornalismo literário, fugindo um pouco do padrão e apresentando uma nova forma de literatura para os adolescentes. Como forma de organizar a produção do trabalho, foi criado um roteiro a partir do ponto principal: estudo sobre a vida de Cassiano Ricardo. O roteiro foi importante para estruturar o livro sem perder o foco do assunto e otimizar o tempo de construção. Tomou-se como prioridade o estudo de fatos ligados ao cotidiano do tempo, mas sem desprezar importantes áreas como o próprio estudo de algumas obras do escritor.

5.1 – PESQUISA

A primeira e talvez a principal pesquisa realizada, foi no instituto dedicado ao poeta, a Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Lá foram estudados materiais pertencentes a Cassiano, obras, e foram realizadas entrevistas com profissionais históricos e literários, que foram de suma importância para a conclusão deste projeto. O escritor Antônio Carlos Gil (2002, Métodos e Técnicas de Pesquisa Social) define pesquisa como:

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(...) o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos... A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. (GIL, 2002)

Para este trabalho foram utilizadas as seguintes pesquisas: 1) Exploratória 2) Quantitativa

A pesquisa exploratória foi importante para a realização deste trabalho, já que neste molde, facilita o desenvolvimento das ideias, dos conceitos, através do levantamento de bibliografias e documentos, além das entrevistas e estudos de caso. A partir de visitas ao local e algumas horas de dedicação, juntou-se material para relatar fatos e curiosidades relacionados á vida do poeta. Essas visitas também foram importantes para despertar a curiosidade sobre assuntos relacionados ao escritor, já que a convivência de perto com objetos pessoais do mesmo, o faz de alguma forma, estar mais perto da realidade. Foram realizadas entrevistas com jornalistas e profissionais habilitados na língua portuguesa, historiadores e admiradores da vida de Cassiano Ricardo. O fato de ter se entrevistado diferentes profissionais facilitou a contextualização do poeta com os acontecimentos históricos nos quais ele esteve inserido e permitiu uma melhor compreensão do objeto de estudo, possibilitando o destaque para visões diferentes. Uma das entrevistadas mais importantes foi a de Ana Tereza Bernardes, que gentilmente aceitou contar sobre sua relação com o poeta. Ela é professora, formada em Letras e colaborou tanto na parte de estudo das obras quanto na parte de curiosidades. Sua proximidade com o poeta permitiu uma visão diferenciada dos outros entrevistados que conheceram mais o lado profissional. Desde criança convivia, ainda que indiretamente com Cassiano:

Quando eu era criança eu tinha vergonha de chegar e conversar com Cassiano Ricardo. Eu e meu avô íamos à Gráfica de Napoleão (Amigo de Cassiano) e ele nos dava notícias dele.² (informação verbal).

Mas Ana Tereza só foi conhecê-lo quando já estava na faculdade, durante uma das Semana Cassiano Ricardo,

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A primeira vez que pude realmente conversar com ele foi em 1972, na Semana Cassiano Ricardo, quando ele veio para São José dos Campos. Eu ainda dava aulas de português na Escola João Cursino, na região central da cidade.³ (informação verbal)

As entrevistas também possibilitaram conhecer diferentes pontos de vista sobre um mesmo fato da vida de Cassiano Ricardo. Como por exemplo, um momento que permeia sobre a história do poeta: o fato de não ter participado da Semana de Arte Moderna. Ocorreram diferentes argumentos, ainda que não contraditórios sobre o motivo para tal acontecimento. Isso possibilitou aos autores, também, desenvolver o senso crítico diante de duas informações diferentes, e desenvolver uma linha de raciocínio a partir da análise dos fatos. Foram vários dias de entrevistas, houve a oportunidade de elaborar as entrevistas através das técnicas adquiridas durante o curso, levando em consideração o tema e as características de cada entrevistado.

______² e ³ Referem-se á entrevista concedia pela Ana Tereza Bernardes aos autores, para o TCC.

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Considerações finais

Este livro-reportagem muito veio a contribuir para nossa bagagem cultural, pois pudemos conhecer curiosidades e acontecimentos da vida do poeta Cassiano Ricardo. Tratando-se de Cassiano Ricardo, poeta e escritor nascido em terras joseenses, as histórias e momentos de sua vida foram relatados pelos entrevistados, que nos mostraram Cassiano Ricardo de outra forma: bem-humorado e vanguardista. Cassiano Ricardo Leite, jornalista, poeta, ensaísta, advogado, transitou por várias profissões, mas nunca deixou de lado a sua paixão: a literatura, onde expressava seus pensamentos vanguardistas de forma consciente e humana. Com o foco voltado para os jovens, também analisamos a importância deste trabalho para fomentar a cultura, que busca novos anseios durante este período. O livro traz depoimentos de pessoas que tiveram contato com Cassiano Ricardo, como o jornalista Roberto Wagner, a professora Ana Teresa Bernardes, o jornalista Júlio Ottoboni. Outras pessoas que contribuíram para a elaboração deste projeto foram os pesquisadores da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Paulo César e Edna Regina. Dentre os processos que utilizamos para a escrita, algo que nos chamou muita atenção foi a forma de como o poeta também escrevia os seus textos, nos proporcionando outra visão sobre o mundo da escrita e colaborando para nosso enriquecimento cultural. Com a montagem deste material, utilizamos também livros e revistas com base na elaboração de um livro-reportagem;modalidade escolhida por nós e que melhor se adequava a este projeto. A modalidade do livro-reportagem foi a escolhida por explanar mais o tema e de ir a fundo no objetivo de mostrar o lado jovem de Cassiano Ricardo e também o lado jornalístico, escritor e poeta. Para o pesquisador da FCCR, Paulo César, o livro-reportagem consegue explorar os acontecimentos de forma mais apurada do que outras modalidades. “O livro-reportagem consegue se aprofundar melhor no tema, diferentemente de outras modalidades, que exploram o lado superficial. O livro-reportagem é algo mais profundo, assim como Cassiano Ricardo era.”, disse Paulo César, pesquisador da FCCR. Podemos olhar Cassiano Ricardo não apenas como um poeta joseense, mas como um cidadão brasileiro que lutou pelos seus ideais. Todo jovem deveria ter essa mesma postura, não se esquecer que a vida foi feita para lutar, assim como o nosso autor fez. Vemos nesta geração uma acomodação com as circunstâncias da vida e do mundo. Mas é preciso levantar a cabeça e acreditar que é possível mudar. Como disse Roberto Wagner, “Cassiano era um poeta inquieto, que nunca se contentou com o prestígio já alcançado”, ele poderia apenas ter feito livros de poesias, apenas ter feito faculdade, apenas ter sido um jornalista, mas ele buscou mais. 36

Enfrentou situações difíceis, pessoas complicadas e diversos obstáculos, mas nunca desistiu. Devemos admirar e conhecer “Cassiano Ricardo, pois foi um grande poeta e merece ser reverenciado por todos os brasileiros, em especial pelos seus conterrâneos de São José dos Campos”, conta Wagner. Pessoas que o conheceram e estudiosos da vida do poeta afirmam unanimemente que ele não era uma pessoa comum. Esse não era o objetivo de Cassiano, e não deveria ser o de ninguém. De pessoas comuns, o mundo está cheio. Precisamos de grandes pensadores, grandes escritores, jornalistas, políticos, líderes, que provavelmente neste exato momento estão em escolas, faculdades e quem sabe até lendo este livro. Não somente a cidade de São José dos Campos, mas como todo o país precisa reconhecer o valor de Cassiano Ricardo, como literato e também como referência de vida. O objetivo dos autores deste livro não era simplesmente contar, mais uma vez, sobre a „vida do poeta‟, apesar de ser de extrema importância, mas mostrar que o seu valor vai muito além das letras. Também podemos perceber que a cidade está mais receptiva com o poeta, mas ainda é preciso reforçar a relevância de sua vida para a cidade, e especialmente, entre os jovens, que têm a missão de levar o nome do autor para frente. Ainda existem pessoas que olham com uma certa desconfiança para Cassiano, mas se cada pessoa fizer sua parte, podemos mudar essa situação, assim como uma de nossas entrevistadas faz, como nos diz Ana Tereza, “Quero tirar essa impressão de que Cassiano Ricardo não gostava da cidade, pelo contrário, ele colocava São José em todos os momentos de sua vida.” Cassiano Ricardo sempre valorizou a sua cidade e citava sempre o seu amor por sua cidade natal. Cassiano contribuiu muito para a nossa literatura, com várias publicações que ganharam prêmios importantes para o cenário literário. Assim como na literatura, o jornalismo foi presença marcante na vida do poeta, que amava o que fazia, simplesmente um dom que ele tinha. Este livro-reportagem teve o objetivo de mostrar o lado humano de Cassiano Ricardo, por trás de um poeta e escritor consagrado. Pessoas que conviveram, pessoas que estiveram próximas a Cassiano Ricardo foram nosso ponto chave para a elaboração deste projeto. Agradecemos a colaboração e o empenho daqueles que muito nos ajudaram para que pudéssemos concluir este trabalho.

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Anexos

Modelo de Entrevista:

Jornalista Roberto Wagner de Almeida

1) Você teve o seu primeiro contato com Cassiano Ricardo após escrever o artigo "A Cidade Esquece o Poeta". Como foi que isso aconteceu?

Meu primeiro contato com ele foi antes da publicação desse artigo. Em 1965 Cassiano estava completando 50 anos de poesia e esse fato vinha motivando comemorações em várias cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, por exemplo, houve uma festividade ao ar livre, na Praça Raul Soares, com encenação de uma peça teatral que se intitulava “Um Pássaro no Chapéu”, toda com trechos de poemas de Cassiano. Certo dia, quando eu me encontrava na redação do jornal “O Valeparaibano” lendo mais uma notícia a esse respeito, o jornalista Jorge Lemes me contou que Cassiano era natural de São José dos Campos, o que até então eu não sabia. Estranhei que, recebendo homenagens em tantas cidades, ninguém aqui estivesse interessado nos seus 50 anos de poesia. Jorge me explicou que se dizia aqui que Cassiano não gostava de São José. Eu resolvi conferir se era verdade. Consegui o endereço dele e fui a São Paulo. À época ele morava em uma casa na Rua Cardoso de Almeida, no bairro de Perdizes, e me recebeu com muita atenção e carinho, só pelo fato de um vir de São José dos Campos. E, antes de começarmos a entrevista, conversou muito sobre a cidade. Aquilo me demonstrou que o que se dizia aqui a respeito dele não era verdade. Ao retornar, não apenas publiquei a entrevista com ele, mas também um artigo de teor indignado, em que relatava minha experiência no contato com o poeta e cobrava uma homenagem da cidade ao seu filho ilustre. Foi esse o artigo que intitulei “A Cidade Esquece o Poeta”.

2) Cassiano fez algum comentário sobre o artigo?

Não me recordo se fez naquela ocasião. Porém, muitos anos mais tarde, ao publicar em 1970 seu livro de memórias “Viagem no Tempo e No Espaço”, ele atribuiu a esse meu artigo seu reencontro com a cidade natal. É incrível, porque eu próprio não me preocupei em guardar o artigo, mas ele certamente o guardou, pois o menciona no livro de memórias, inclusive com a data de publicação. Ele diz, na página 255: “Foi, porém, Roberto Wagner de Almeida quem, em artigo „A Cidade Esquece o Poeta‟, publicado no O Valeparaibano, em 15 de outubro de 65, chamou a atenção dos joseenses para a conveniência de São José marcar com uma festa o reencontro da cidade „com o seu filho ilustre‟. A ideia de Roberto saltou das colunas do jornal e tomou vulto. Conquistou adeptos”. De fato, pouco tempo depois, a Câmara Municipal prestou homenagem a Cassiano.

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3) Como era sua relação com ele?

A partir daquele primeiro encontro, passamos a ser amigos. Eu freqüentava sua casa e, numa dessas ocasiões, lendo uns poemas meus, ele comentou que o que eu estava escrevendo tinha alguma semelhança com o movimento da Poesia Praxis, que havia sido lançada por Mário Chamie. Até então, eu nem tinha ouvido falar nesse movimento. O próprio Cassiano providenciou um encontro, na sua casa, em que me apresentou ao Chamie, de quem também me tornei amigo e, após me inteirar por completo do que era esse movimento literário, passei a integrá-lo. Nessa fase, ambos, tanto Cassiano quanto Chamie, me puseram em contato com a alta intelectualidade de São Paulo e acabei escrevendo artigos para o prestigioso “Suplemento Literário” do jornal “O Estado de S. Paulo”, onde me tornei amigo também do dramaturgo Bráulio Pedroso. Cassiano sempre foi muito generoso comigo e fez menção aos meus poemas em vários artigos que publicou naquela época, me elogiando até de forma exagerada, a meu ver. Mais tarde ele se mudou para um apartamento na Rua Haddock Lobo, quase na esquina da Avenida Paulista, e eu continuei freqüentando a sua casa.

3) Você e o professor Luiz Gongaza Pinheiro propuseram a criação de um evento para homenagear o poeta. Como surgiu essa ideia? Como Cassiano reagiu a ela?

Luiz e eu tivemos, na verdade, duas intenções. Queríamos, de fato, criar uma semana anual de homenagem a Cassiano, a exemplo da que Taubaté realizava para homenagear Monteiro Lobato. Mas nós queríamos também a oportunidade de mostrar ao prefeito Elmano Veloso que éramos capazes de organizar um evento de grande expressão, que mobilizasse toda a parcela mais culta da cidade. Nós éramos jovens e os intelectuais respeitados nessa época, aqui em São José, eram bem mais velhos do que nós e já estavam acomodados. Acabamos convencendo o prefeito a nos dar essa oportunidade. O texto do projeto de lei que criou a Semana Cassiano Ricardo foi escrito por mim e por Luiz, no escritório de advocacia que eu então mantinha na Rua Sebastião Hummel. No mesmo prédio, por sinal, em que também mantinha escritório o advogado e escritor Altino Bondesan. Nós levamos o texto ao prefeito Veloso, sua assessoria fez as adaptações necessárias, e o projeto foi enviado à Câmara Municipal, que o aprovou. Cassiano, é claro, sentiu-se muito lisonjeado. Eu preciso ser sincero: quem diz que Cassiano era uma pessoa modesta não o conheceu de perto. Cassiano era muito vaidoso, adorava essas homenagens.

4) Como foi a primeira Semana Cassiano Ricardo?

Bem, como nós tínhamos que mostrar competência ao prefeito, eu, Luiz e mais uma plêiade de amigos, todos jovens, organizamos um evento espetacular. Teve concerto da Orquestra Filarmônica de São Paulo, encenação da peça “Édipo Rei” com Paulo Autran no papel principal, e vários outros espetáculos, para os quais

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chegava a faltar lugares para o público. Nós provamos ao prefeito Veloso duas coisas: havia um público na cidade ávido por espetáculos culturais de alto nível e havia aqui um grupo de jovens capazes de organizar esses espetáculos com muita competência. Algum tempo depois, passamos à segunda etapa do plano que tínhamos na cabeça desde o início. Convencemos o prefeito de que não fazia sentido movimentar culturalmente a cidade apenas uma semana por ano, era preciso criar uma entidade que promovesse eventos culturais em caráter permanente, não só trazendo artistas de fora, mas principalmente revelando os que existissem aqui. E assim surgiu o Conselho Municipal de Cultura, cujo projeto de lei também foi redigido em meu escritório, dessa feita por mim, pelo Luiz e pelo professor José Madureira Lebrão, que era diretor do Colégio Estadual “João Cursino”. E foi um sucesso extraordinário, a ponto de Cassiano Ricardo, que era membro do Conselho Federal de Cultura, aprovar uma moção em que o CFC apontava a programação do nosso CMC como modelo a ser seguido por todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.

5) Durante a ditadura militar você rompeu relação com o poeta. Por quê?

Quando a ditadura militar afastou o prefeito Veloso para empossar aqui o coronel Sérgio Sobral de Oliveira, o novo chefe do Executivo ouviu falar que o Conselho Municipal de Cultura era um antro de comunistas – o que não era – e resolveu fechá-lo. Ou “desativá-lo”, como ele preferiu dizer, porém com o mesmo sentido. Assim que soube disso, Cassiano marcou uma audiência com o prefeito Sobral e veio lá de São Paulo para esse encontro, em que obteve a garantia de que a Semana Cassiano Ricardo seria mantida. Na seqüência, o Luiz Gonzaga, que havia se tornado também delegado regional junto ao Conselho Estadual de Cultura, foi demitido do cargo. Nós dois estávamos juntos, almoçando no “Margarida‟s”, um barzinho que ficava exatamente ao lado da sede do jornal “Agora”, do qual éramos diretores juntamente com Joacyr Beça, lá na Rua Major Antônio Domingues, quando nossa secretária veio dizer que Cassiano estava ao telefone querendo falar comigo. Fui atender e Cassiano me disse que já havia acertado tudo lá em São Paulo para que eu assumisse o cargo de delegado regional de cultura. Eu disse que ele deveria ter conseguido que Luiz fosse reintegrado ao cargo. Ele disse, muito bravo: “Não discuta comigo!” E eu, indignado, respondi: “Eu vou aí à sua casa, porque preciso lhe dizer algumas coisas pessoalmente”. Luiz resolveu ir junto e, poucas horas depois, lá no apartamento da Rua Haddock Lobo, eu disse a Cassiano que não me conformava dele ter vindo a São José falar com o prefeito Sobral só para preservar a Semana Cassiano Ricardo, sem ter feito nenhum esforço para que fosse reaberto o Conselho Municipal de Cultura. Ele deu lá algumas desculpas, que eu considerei esfarrapadas, e não aceitei. Fui embora e nunca mais voltei a ter contato pessoal com ele. Apesar disso, ele continuou me enviando os livros que publicou a partir de então, inclusive o de memórias, sempre com dedicatórias muito carinhosas para mim. Mas eu entendi, e ainda entendo, que ele deveria ter usado o prestígio intelectual que tinha para, pelo menos, tentar a reabertura do Conselho Municipal de Cultura. E ele não o fez. Eu achei imperdoável. Quando Sobral, mais tarde, sob pressão da população mais culta, resolveu reativar um Departamento de Cultura, foi para promover eventos recreativos. Gincanas, por exemplo. Sobral foi muito importante para a modernização de São José dos Campos, esse mérito não lhe 40

pode ser negado. Mas para a cultura da cidade ele teve o efeito de uma bomba atômica, foi destruidor, uma autêntica hecatombe.

6) Quanto mais o tempo passava, mais Cassiano parecia se aproximar da juventude. Por que ele tinha esse interesse de sempre estar jovem?

Não é que ele se aproximasse da juventude, embora tivesse prazer em estimular jovens poetas que o procurassem, desde que visse neles algum talento. Cassiano era um poeta inquieto, que nunca se contentou com o prestígio já alcançado. Daí alguns dizerem que ele permanecia sempre jovem. Porém, dizia-se isso nesse sentido da inquietude, da permanente busca de atualização. Ele se interessava pelas novas tendências, pela Poesia Concreta, pela Poesia Praxis, a respeito das quais escreveu dois livros teóricos. E outro, muito interessante, chamado “Algumas Reflexões Sobre Poética de Vanguarda”, em que lançou o que seria uma nova forma de escrever poesia, o linosigno, que deveria substituir o verso. E foi assim que escreveu seus últimos livros, “Jeremias Sem Chorar” em 64 e “Os Sobreviventes” em 1971.

7) Qual a mensagem de vida que ele deixou, que possa ser fonte de inspiração para adolescentes e jovens?

Exatamente aquela inquietude, a sempre renovada vontade de criar algo novo e de alto significado artístico. Cassiano Ricardo foi um grande poeta e merece ser reverenciado por todos os brasileiros, em especial pelos seus conterrâneos de São José dos Campos. Mas não nos esqueçamos de que, após a morte de Cassiano, os dois prefeitos do período da ditadura, Sérgio Sobral e Ednardo de Paula Santos, não deram o nome dele sequer a um beco da cidade. À época, eu escrevi seguidos artigos no jornal “Agora” cobrando essa homenagem, sem que ela fosse jamais considerada por esses prefeitos. Foi preciso que chegasse à prefeitura o Joaquim Bevilacqua, que é um homem culto e joseense nato, para dar o nome de Cassiano Ricardo à extensão da Avenida São João. Hoje, felizmente, o nome dele está por todas as partes da cidade, a começar pela Fundação Cultural, que é uma extensão do que foi outrora o inesquecível e seminal Conselho Municipal de Cultura. Eu me sinto feliz por ter colaborado, a partir daquele artigo de 1965, para que isso começasse a acontecer por aqui.

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Entrevista decupada de Ana Teresa Bernardes

“Quando eu era criança eu tinha vergonha de chegar e conversar com Cassiano Ricardo. Eu e meu avô íamos à Gráfica de Napoleão (Amigo de Cassiano) e ele nos dava notícias dele.A primeira vez que pude realmente conversar com ele foi em 1972, na Semana Cassiano Ricardo, quando ele veio para São José dos Campos. Eu ainda dava aulas de português na Escola João Cursino, na região central da cidade. Meu pai tinha um restaurante chamado Chi-fi (Chico do Bar – Sócio de meu pai e Fifi – meu pai que se chama Francisco Teixeira de Almeida Joaquim Bernardes), localizado em frente ao hotel onde Cassiano iria se hospedar (na Praça da Igreja Matriz). Meu pai já havia conversado com Cassiano e me chamou para irmos no final da tarde. Fui no final da tarde e conversamos sobre o livro que estava lançando. Batemos papo sobre poesia. A poesia dele era metafórica, ligada aos anjos, céu, etc. Ele adorava a palavra metaforicamente e metáfora. Nesse nosso encontro, ele me passou ser uma pessoa muito calma, meiga e muito consciente do que falava. Ele gesticulava muito com as mãos e gostava de ficar de pé. Sempre bem-humorado nas conversas e não gostava de pessoas com pensamentos antigos. No encontro também estava presente a sua esposa, Lourdes, sempre atenta a todos e visivelmente „fechada‟ para conversar com as pessoas. Um pouco antes, em 1969, Menocci (amigo de Cassiano) também participou da Semana Cassiano Ricardo, onde desenhou o Juca Mulato em uma das publicações, na qual me cedeu um autógrafo Cassiano Ricardo sempre foi de vanguarda. As obras dele eram de atualização, sempre à frente dos tempos, muito preocupado com a sobrevivência do ser humano. Ele criou o linossigno, explorou as palavras. A poesia de Cassiano é colorista, parte sonhadora. Ele tinha uma característica que me marcou, ficava com as mãos juntas, repetidamente as movimentava, mas sempre as deixando próximas. Depois de nosso encontro e de minhas observações, ele nos enviou uma carta, agradecendo o encontro conosco, sempre muito gentil e educado. As pessoas disseram que Cassiano Ricardo era contra a Semana de 22, mas ele tinha muito interesse, e sempre mantinha contato, só não pode participar porque não estava na cidade no dia do evento. Ele sempre incentivava. O seu livro era o mais moderno para a época e trazia isso em seus pensamentos, apoiando a realização da Semana de 22. Um autor que era contra a Semana de 22 foi Monteiro Lobato, que viajou para Santos no dia e sequer deu explicações. Em relação ao expressionismo, não era divulgada nenhuma desavença entre Anita Malfati e Cassiano Ricardo. Na época, os eventos eram muitos valorizados e absorvidos por toda a população, que aguardavam ansiosos pela Semana Cassiano Ricardo, diferentemente do que acontece nos dias de hoje. Quero tirar essa impressão de que Cassiano Ricardo não gostava da cidade, pelo 42

contrário, ele colocava São José em todos os momentos de sua vida. Um fato curioso é que Cassiano Ricardo queria comprar um jazido na cidade, no cemitério do centro. Ele vinha anonimamente para São José. O seu amigo Napoleão sempre tentava ajudá-lo, mas a tentativa foi em vão e não conseguiu efetuar a compra. Esse é mais um ponto que confirmar o amor de Cassiano por São José dos Campos.Um dos livros de Cassiano que mais me chamou a atenção foi Martim Cererê, pois conseguimos descobrir o Brasil neste livro. Cassiano Ricardo tentou advogar no sul do país, mas acabou desistindo da idéia.”

Roubo de livros

“Sempre guardei meus livros com muito carinho. Tenho uma biblioteca com mais de 2 mil exemplares, no qual cerca de 200 livros eram sobre Cassiano Ricardo. Guardava livros autografados por Cassiano Ricardo, algo que para mim era sem dúvida muito importante. Em minha biblioteca intitulei de „Sala Martim Cererê‟. Sem ao menos eu ter algum tipo de suspeita, minha empregada que pegava meus livros e estava vendendo para os sebos da cidade. Ela sabia do valor que esses livros tinham na vida, algo que sinceramente não sei descrever. Ela sempre limpava a minha biblioteca, sempre ajeitava meus livros, mas nunca passaria pela minha cabeça que ela pudesse fazer tal algo. Um dia entrei em minha biblioteca e resolvi mexer em alguns livros da minha prateleira para dar uma olhada em minha coleção, quando me deparei com um vazio de livros no canto dos fundos da prateleira. Pra mim foi algo muito ruim, uma dor muito grande. Depois desse acontecimento, saí à procura de meus livros em todos os possíveis sebos da cidade. O primeiro sebo que procurei foi próximo à UNIVAP e ao Fórum, onde acabei achando alguns livros. Os identifiquei logo de vista, já que sempre os marcava na página 100, com minha assinatura, mas não foi tão fácil recuperá-los. Separei uns 30 livros deste sebo e comuniquei para a proprietária de que os mesmo avisam sido roubados de minha biblioteca e que gostaria de levá-los. A proprietária do sebo não autorizou que eu levasse os livros e queria que eu pagasse uma quantia pelos livros. Ela não queria nenhum tipo de diálogo, só deixaria levar os livros com o pagamento. Tive que chamar a Polícia e registrar boletim de ocorrência, onde nos encaminharam para a Delegacia, para que eu realmente pudesse ser ouvida e provar que os livros eram da minha biblioteca. Precisei fazer alguns testes, como reconhecimento de letras, de anotações, entre outras, para levá-los para a casa. Enfim, consegui recuperar apenas 30 livros de 200 exemplares que eu tinha. Sempre quando tocam nesse assunto comigo eu fico triste. Eu cuidava com tanto carinhoso dos meus livros que esse acontecimento me deixou muito aborrecida. No final das contas, demiti a 43

empregada que estava há mais de 4 anos comigo e nunca mais coloquei alguém para fazer a limpeza de casa.”

Entrevista com o Jornalista Júlio Ottoboni

1) Qual a influência da família de Cassiano Ricardo na cidade? Além do jornal, quais as contribuições da família para a cidade?

A família de Cassiano era tradicional em SJCampos e isto pode ser aferido nos almanaques do começo do século 20. Eram fazendeiros, políticos e cultivadores de café, principalmente em meados dos séculos 19 e início do século 20. O jornal que surge no século 20, o Correio Joseense, é de seu primo, Napoleão Monteiro, no qual Cassiano não trabalhou. Há membros da família Ricardo, Gomide e Leite até hoje vivendo em SJ Campos.

2) Quantos jornais existiam na cidade na época? Qual "estilo" de cada um?

Depende da época em que você se refere. E em jornal não existe estilo, mas linha editorial, com tendências políticas e apoio a grupos sociais de interesse comum. Cassiano Ricardo viveu de 1894 até 1974, então trata-se de um período imenso para ser analisado.

3) Durante o período escolar, como Cassiano se relacionava com os colegas e professores? Ele era bom aluno?

Era excelente aluno, já que dispunha de uma educação clássica e muitíssimo refinada, SJ Campos só tinha o primeiro grau, ou seja, a formação básica. A conclusão de seus estudos foi em Jacareí. Ele, inclusive, faz referências a seus professores na obra autobiográfica "Viagem no Tempo e no Espaço". Evidente que ele teve muitos amigos em sua infância e adolescência por aqui, depois outros em sua fase adulta.

4) O jornal em que escrevia para o colégio Olympio Catão teve alguma dificuldade de veiculação ou era bem recebido pela direção da escola?

O jornal manuscrito por Cassiano Ricardo era oriundo das atividades estimuladas dentro das escolas, coisa que inexiste atualmente. Esses pequenos folhetos eram afixados em murais. Conta a história que cerca Cassiano, que um destes folhetinhos produzidos manualmente e distribuído junto com seu irmão Aristides ( com autoria apócrifa), chegou até um dos bares da cidade que reunia a intelectualidade da época e chegou a provocar uma imensa briga no estabelecimento. Mas creio que isto tenha sido uma discussão acalorada, não o tipo de enfrentamento existe hoje.

5) E durante a fase do jornal 'da adolescência', Cassiano chegou a criticar pessoas importantes na cidade. Qual era o estilo do jornal? Tinha alguma importância para a sociedade? 44

Como era prática do começo do século passado, esses pequenos folhetins eram repletos de artigos. O Cassiano se divertia com isto, era muito mais algo de um pré- adolescente atrevido que tendo contornos profissionais. O prática editorial destes manuscritos ( pois não eram rodados em gráficas) sempre partiam para a abordagem política local.

6) Aos 16 anos, ele publicou seu primeiro livro de poesias. Qual era (eram) a (s) motivação (ões) dos poemas? Qual a diferença do "Dentro da Noite" para o restante das obras?

Cassiano inicia sua vida literária dentro da escola neoclássica, em muito por sua formação erudita e baseada nos valores europeus que ditavam as normas de educação da elite brasileira. Depois de sua obra de transição, A Mentirosa dos Olhos Verdes, ele entre com Borrões de Verde e Amarelo (1926) definitivamente no modernismo. Sua influência primária na literatura deu-se por seu tio, Manuelzinho Ricardo, irmão de sua mãe, e poeta clássico joseense.

7) De que maneira a família de Cassiano influenciou nas suas obras? E no jornalismo?

Manoelzinho Ricardo, o farmacêutico e poeta, foi fundamental neste processo, mas sua mãe, Minervina, também era dada as letras e pianista exemplar. O jornalismo era uma consequência do exercício literário, um meio de sobreviver, poucos foram os poetas de projeção do século 20 que não exerceram o jornalismo. O Manoelzinho Ricardo colaboravam com os jornais da cidade, que era poucos, e hoje é lembrado por um poema abolicionista publicado na lei áurea.

8) Como jornalista, qual era a postura de Cassiano (Mais crítico ou mais 'imparcial)?

Não existia imparcialidade no jornalismo até a década de 60, com a chegada do padrão norte-americano desenvolvido pela Universidade de Columbia. Neste período ainda havia uma mistura muito grande da literatura com a prática jornalística ( que era absolutamente diferente da atual). Cassiano, por sua vasta cultura e defensor ferrenho do brasilianismo, defendia todos interesses nacionais, principalmente a manutenção de uma cultura brasileira genuína.

9) Como Cassiano se envolveu na política?

Como consequência por ser funcionário público de carreira, ele teve uma participação intensa na revolução de 32 ao lado de Pedro de Toledo. Depois disto, passou a redigir os discursos de Adhemar de Barros e foi requisitado por Getúlio Vargas ( que fora seu oponente em 32). Mas Cassiano nunca foi candidato a nada, tentou ser a deputado por SJCampos, mas o coronel João Cursino, enciumado, barrou o processo. Depois disto desistiu de cargos eletivos.

10) De quais movimentos políticos ele participou? E qual o princípio, fundamento de cada um? 45

Os principais foram o verde amarelismo, que pregava a necessidade de um país de fisionomia cultural, lingüística e política próprias e depois, antes de ser membro da Academia Brasileira de Letras (1937), da revolução constitucionalista de 32.

11) Qual a relação do autor com Getúlio Vargas? Ele era a favor do governo Vargas?

A princípio, Vargas o requisitou para escrever seus discursos, pois se encantava com os proferidos por Adhemar. Vargas era um homem de grande carisma e foi com o tempo conquistando a pessoa de Cassiano Ricardo. O poeta foi a favor do governo de Vargas, como a maioria esmagadora dos brasileiros.

12) O livro "Martim Cererê" é uma crítica favorável ao governo? Por quê?

Absolutamente não, isto é até ridículo de se afirmar ( só quem nunca tomou contato com a obra e com o contexto cultural do país, que saiu de uma Semana de Arte Moderna). O Martin Cererê é o grande livro Épico do povo brasileiro, como os Lusiadas de Camões. Ele foi escrito em 1928, dentro do movimento verde amarelismo, como uma maneira de enaltecer as qualidades do homem brasileiro e contar sua saga na conquista do território nacional. Não tem nada, mas absolutamente nada com políticas governamentistas da época. Era, sim, a epopéia do povo brasileiro.

13) Nos poemas, qual a característica que define "Cassiano Ricardo"?

Cassiano foi o único poeta brasileiro que transitou por todas as tendências e escolas de sua época, basta ler a obra ( o que a maioria dos críticos e analistas de Cassiano não o fazem por preguiça, presunção ou falta de cultura para compreender seus momentos distintos). Ele vai do neoclássico a introdução do concretismo.

14) Tinha algum motivo mais especial que era assunto em seus poemas? (Por exemplo, algo que de que Cassiano falou várias vezes)

Depende da fase, ele ficou mais de 15 anos sem publicar um livro de poesia. Os temas mais recorrentes são o Brasil e sua cultura, a urbanidade e sua fase universalista, quando lança seus pensamentos para a tecnologia e o destino da humanidade.

15) Durante a vida como poeta, a sua obra foi se transformando com o passar do tempo. Essas mudanças eram um reflexo das mudanças em sua vida, ou eram apenas uma adaptação ao estilo literário da época?

Não existe poeta imutável, para isto só os alienados e mediocres. A poesia nasce da riqueza da vivência do indivíduo, então quanto mais intenso seu trabalho intelectual maior será sua aproximação com outros estilos e tendências. O poeta é um todo, não se pode separar o índivíduo de sua expressão artística.

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16) Sobre a cadeira na Academia Brasileira de Letras, quando ele foi indicado? Por quê?

Foi indicado em 36 e empossado em 37, logicamente pelo conjunto extraordinário de sua obra tanto em prosa quanto em versos.

17) Sobre a Semana de Artes Modernas de 22, por que ele era contra? Quais eram as afirmações e o que o levava a rejeitar esse movimento?

Nunca foi contra a semana, ele não participou pois era um iniciante. O que ele rejeitava era o achincalhe ao Brasil, que foi recorrente na Semana de Arte. Mas ele e Oswald de Andrade eram grandes admiradores e amigos, assim como Tarsila do Amaral que chegou a ilustrar uma das edições de Martim Cererê. Não era rejeição, mas visões diferentes sobre o movimento modernista. Cassiano, acima de tudo, era um brasilianista.

18) Cassiano nasceu em São José, começou aqui a galgar os primeiros passos para o mundo da literatura. Como você avalia a ascensão do menino prodígio?

A tragetória de um gênio, somente os gênios conseguem o que ele conseguiu e com o brilhantismo reconhecido em sua obra.

19) A família de Cassiano Ricardo incentivava-o a escrever?

O tio e a mãe são presenças marcantes neste processo.

20) Durante a infância, qual o fato mais relevante na sua opinião?

A intensa vivência numa SJ Campos pequena, mas bucólica e inspiradora. Aqui ele forjou sua alma de poeta.

21) Gostaria que comentasse sobre a participação de Cassiano Ricardo nos jornais da cidade. Qual era a repercussão de seus textos?

Cassiano era um homem ocupadíssimo, vez por outra enviava textos para o jornal de seu primo, Napoleão Monteiro. Logicamente eram comentadíssimos, pois se tratava de um dos maiores poetas do Brasil.

22) Qual a contribuição de Cassiano Ricardo à cultura de São José dos Campos?

Imensa e até hoje pouquissimo explorada. Ele conseguiu os recursos necessários para a constituição da Biblioteca Pública Cassiano Ricardo, assim como parte do acervo. Só o fato de São José ser a primeira cidade do Vale do Paraíba a ter um imortal na ABL já era um estrondo com ecos em todas as partes.

23) Cassiano Ricardo tinha alguma curiosidade? Algo que poderia ser contado como algo inusitado sobre a vida do poeta.

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Era extremamente curioso, principalmente por novas tecnologias. Também adorava conhecer o funcionamento de brinquedos de seus netos, os quais ele escondia em sua gaveta na escrivaninha para ficar por horas a fio olhar e brincar com os objetos, particularmente os que traziam alguma novidade como movimentos.

24) Cassiano tinha algum amigo conhecido, que acompanhou a trajetória dele?

O maior amigo de Cassiano foi .

25) Cassiano Ricardo têm várias profissões. Na sua opinião, o que cada uma delas contribui para a formação de uma pessoa?

Foi a de literato, não só como poeta mas também como ensaista de temas nacionais.

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Gráficos

Pesquisa - Alunos

Você costuma ler livros de poesia? Leio sempre

De vez em quando

Li alguns

Nunca li

Não costumo Fonte: Gregati e Rosa

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Fonte: Gregati e Rosa

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Fonte: Gregati e Rosa

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Pesquisa – Professores

Fonte: Gregati e Rosa

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FOTOGRAFIAS

Fotografias cedidas pelo Arquivo Público de São José dos Campos e Ana Teresa Bernardes

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DESENHOS

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Desenhos ilustrados por Ewerton da Silva

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Ilustrações dos poemas por Tássia Gregati

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Capa do livro: Ilustração Tássia Gregati

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