Ano II - nº 14 Vitória-ES Fevereiro de 2013 DIÁRIO OFICIAL Bimestral EM PARCERIA COM A SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA www.dio.es.gov.br REVISTA DE CULTURA DO DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Passageiro de engano Sérgio Sampaio, um dos maiores talentos da MPB tem sua trajetória musical relembrada pelo jornalista, compositor, amigo e parceiro Luiz Trevisan. Nesta edição: Aline Dias Luiz Trevisan Cláudia Sabadini Wilson Coêlho Aissa Afonso Guimarães Paulo Prot 2 CADERNO D FEVEREIRO 2013 Gilberto Medeiros Seguinte: [email protected] Sampaio forever Foto Inara Novaes Tiago Gomes, 27, é músico profissional te os dias no estúdio? desde os vinte, mas começou a tocar violão O João foi muito legal com aos quinze. Pesquisador de ritmos apren- a gente. Ele chegou até a me deu viola caipira, contrabaixo, guitarra, deixou usar alguns violões pandeiro, tamborim, percussão, casaca e que foram do seu pai na tambor. É morador da Glória, em Vila Ve- gravação. lha, entranhado pelo cheiro de chocolate que vaza pela fábrica da Garoto, a três Por que escolheu traba- quadras de casa. lhar o repertório do Sam- Logo que chegaram de suas apresenta- paio? ções no festival de música da cidade de Gui- O Sérgio é uma linha de marães, em Portugal, no verão europeu de pesquisa por sua forma 2012, Tiago e a cantora Inara Novaes foram particular de tocar o violão, convidados pelo filho de Sérgio Sampaio cantar e fazer poesia. Eu com a arquiteta Ângela Breitschaft, João. gostei logo que fui apresen- Mas a história com Sampaio começou mais tado à sua discografia pelo cedo. Foi com as versões de Sérgio e Raul Sei- Nilvado Mantovaneli, um xas que Tiago fazia com roqueiros da banda música na seu estúdio Miragem Produções, baixista amigo meu que dizia que minhas Boca do Mato, no final dos anos 2000, que no Rio de Janeiro, onde mora. músicas pareciam com as músicas do Sam- ele chamou a atenção do jornalista e músico paio. João Moraes. “Ele citou o trabalho da gente Quais músicas vocês gravaram? num artigo publicado no Estadão (Estado de Gravei ‘Cala a boca Zebedeu’, ‘Odete’, ‘Ve- Qual o próximo passo? S. Paulo). Era um artigo sobre Sampaio e aí lho bandido’ e ‘Meu pobre blues’. Inara fez João e Obina querem produzir um show ele citou a nossa banda”, recordou. ‘Menino João’, Em nome de Deus’ e ‘Rosa com intérpretes das músicas do Sérgio. Ina- púrpura de Cubatão’. O convite era para ra e eu podemos participar. Como surgiu a oportunidade para gra- gravar apenas ‘Menino João’, mas nos en- var as músicas de Sérgio Sampaio com o tendemos bem e João incentivou a gravação Você continua tocando Sampaio nas João, filho dele? de mais músicas. Ao final da sessão, saímos apresentações? O João Sampaio viu um vídeo que fiz com de lá com sete músicas gravadas com o An- Sim! Eu formei o ‘Som na estrada’ com o a Inara Novaes da música ‘Menino João’ e dré Mareto na percursão, a Inara Novaes Guilherme Manhães. Nosso repertório tem mandou uma mensagem para a Inara pelo na voz e eu, entre voz e violão. O João fez composições autorais, a pesquisa que a gen- facebok. Disse que tinha gostado do vídeo, a edição e a produção com o Daniel Obina, te faz dos grupos de jongo, ticumbi, folias- que sempre procurou alguma interpretação guitarrista da banda de reggae Bloco C. -de-reis, congo e do cancioneiro popular desta música na internet e nunca encon- tradicional capixaba. E músicas de Sérgio trou. Aí ele convidou a gente para gravar a Algum momento marcou especialmen- Sampaio!

DIO Direção Geral Marcos Alencar MIRIAN SCARDUA Ano II - nº 14 Diretor Presidente Jornalista responsável Vitória-ES Fevereiro de 2013 Bimestral Joelson Fernandes (ES 00418 JP) DIÁRIO OFICIAL SAMIRA MASRUHA BORTOLINI KILL EM PARCERIA COM A SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA www.dio.es.gov.br REVISTA DE CULTURA DO DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Diretor Administrativo-Financeiro Diretor de Conteúdo Erlon José Paschoal MARCOS JOSÉ DE AGUIAR ALENCAR GOVERNO DO ESTADO Diretor de Produção e Comercialização Projeto Gráfico Ivan Alves (MTb-ES 28/80) JOSÉ RENATO CASAGRANDE SECULT Governador Ilustração da Capa Zota GIVALDO VIEIRA DA SILVA MAURÍCIO SILVA Vice-Governador Secretário de Estado da Cultura MARIA LEILA CASAGRANDE (Respondendo) ERLON JOSÉ PASCHOAL Secretário de Gestão e Recursos Humanos Subsecretário de Estado da Cultura Este Caderno pode ser JOELMA CONSUELO FONSECA E SILVA acessado nos sites Conselho Editorial: Subsecretária de Patrimônio Cultural www.dio.es.gov.br Erlon José Paschoal/Erly Vieira Jr./Marcos CHRISTIANE GIMENES e www.secult.es.gov.br Alencar/Reinaldo Santos Neves/Sérgio Blank Gerente de Ação Cultural CADERNO D FEVEREIRO 2013 3 Aline Dias LITERATURA [email protected]

Considerações leves sobre novos

doautores velho Espírito Santo literatura não tem motivo, ela simples- Chagas, que ainda não publicaram seus A mente aparece na garganta de uns e próprios livros, mas estão em revistas como outros como se fosse genética, karma, qual- a Cachoeiro Cult e a Graciano. quer coisa cósmica. Há quem diga que esta- Há, ainda, o caso do André Arçari, que mos produzindo mais por conta da facilidade não tem blog nem publicou em livro seus que a internet dá pras pessoas mostrarem o poemas, mas distribuiu alguns na frente da próprio trabalho, pela facilidade de leitura, Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. a profusão de grupos como o Cronópio e a André está neste texto, porque enviou po- Confraria dos Bardos, que discutem a pro- emas para Caê Guimarães, que fez a gentile- dução literária, ou sei lá por qual razão. za de mostrar-me alguns desses nomes, jun- O fato é que muita gente tem sangrado e to com Bernadette Lyra e Erly Vieira Jr. Nem explodido em letras e fica até difícil definir todos os nomes indicados por esses três es- quem é e de onde vem essa novíssima gera- tão no texto por preferirem não aparecer. ção de escritores capixabas. Ainda assim, fica claro pelas indicações Eles mesmos não sabem direito. Natasha que não se trata apenas de nomes, mas de Siviero diz que só escreve quando está triste, sentimento. Os amores da Nayara Tognere, mas só é feliz quando escreve. Talita Covre a palavra bem talhada do Marcos Ramos, a tem obsessão pela palavra. Leandro Reis es- prosa punk do Leandro Reis, o coração na creve para organizar as coisas. Sarah Ver- garganta da Talita Covre, a doçura da Sarah vloet diz se tratar de um risco inevitável e Vervloet, a poesia da prosa do Daniel Vilela, Nayara Tognere só quer contar histórias. o ritmo do Gabriel Ramos, enfim, a necessi- Não. Nós não sabemos onde estão todos os dade. A poesia. Aquela coisinha que eles têm possíveis gênios da geração. Nem todos pu- que podia ser você, ou eu, ou a sua tia. O blicam. Mas eles escrevem porque precisam, que podia estar em qualquer esquina, o que como esses aí de cima, e não são poucos. precisava ser dito, podia ser dito. O que toca. Gabriel Ramos lançou seu primeiro livro E que bom que eles precisam escrever. A de poemas, “longevo quando”, no ano pas- gente precisa ler o que eles escrevem. A gen- sado, mas antes já promovia saraus pela te precisa que eles continuem. Ufes. Thalita Covre estava em muitos des- ses saraus antes de publicar online os seus “Cacos de Verbos Inflamados”. Daniel Vilela tem seu “Música de Mobília” no prelo, no va- Leia: - ocirculocromatico. ral de casa e na internet. O livro de papel Daniel Vilela wordpress.com; vai ser lançado em breve, no mesmo even- Gabriel Ramos - voali- vre.tumblr.com; João Chagas - set- to que o “Catamarán”, do Leandro Reis _ os tonightonfire.blogspot.com;Leandro dois fazem parte da coleção Cousa Nostra, Reis - leandrosr.blogspot.com; Livia da Editora Cousa. Corbellari - http://liviacorbellari.wor- Marcos Ramos lançou “Um corpo que se dpress.com; Marcos Ramos - palavra- Aline Dias é escreve pedra” em 2011 e está na lista dos avida.wordpress.com; Natasha Siviero cachoeirense, jornalista, contemplados dos editais de 2012 da Secult - sambaprasmocas.com.br; Nayara Tog - publicou o livro Vermelho na categoria bolsa para produção de romance. nere - arquiteturadonada.wordpress. e mantém o blog Gota Na lista da Secult ainda estão os Contos de com; Sarah Vervloet - chadechama. D’água alinedias. Sarah Vervloet e o “Baliza de Navio”, de Na- blogspot.com.br; Thalita Covre - paroi- blogspot.com tasha Siviero, estreantes nos editais de 2011. -de-lamentation.blogspot.com.br Há, ainda, o time dos blogueiros, caso da Nayara Tognere, da Lívia Cobellari e do João 4 CADERNO D FEVEREIRO 2013 CAPA

ol de quase dezembro, meio da Starde, circulo pelo centro antigo da cidade. Entro no Pelicano, que funcionava ao lado do Alaska, per- to da sorveteria Polar - cachoeirense sempre gostou de ícones frios, espé- cie de compensação ao calor, sei lá. Após cafezinho no balcão e uma mira- da nos jogadores de sinuca espalha- dos pelo salão debruçado sobre o rio Itapemirim, encon- tro Kokó Sampaio, que estava de saída rumo ao bar do Au- zílio, perto do Liceu. “O mano tá lá tocando violão, vamos...”. Encon- tramos Sérgio à vontade, bermu- da, violão na mão, no prato piabinha frita com limão. O Fotos Acervo Mara Sampaio Auzílio tinha uma formidável coleção de cachaça e houve algum desfalque na prateleira depois daquela tarde de cantoria e prosa. Porém, às 7 da noite, em ponto, ele cerrava as portas, não tinha nem aquele choro da saideira. “Auzílio tem muitas filhas e são bonitas”, justificou Sérgio apontan- do para três delas do outro lado do balcão, e filosofou: “Assim ele evita o assédio dos inconvenientes notur- nos”, enquanto o dono corria a porta do bar atrás da gente. Na nossa fren- te, tínhamos o início de uma noite de sábado abafada e indefinições quanto ao rumo, já que a proposta era conti- Luiz Trevisan nuar a “fazer um som”. é jornalista e Sérgio, então, sugeriu: “Vamos pra compositor porta do cemitério”. Retruquei se não haveria um lugar menos sinistro. Ele rebateu no mesmo tom filosofal de bo- tequim: “Garanto que lá a vizinhança CADERNO D FEVEREIRO 2013 5

Luiz Trevisan [email protected] Passageiro de engano não vai reclamar da nossa bagunça...” ruas. Deixa andar, deixa pra ver onde Tive que concordar, e lá fomos, àquela vai dar, quero estar, longe daqui eu altura cinco caras todos bem magros quero estar...”), que nunca chegou a e que poderiam, naquele local e horá- ser gravada. rio, serem tomados por uma banda de Na presidência do júri, dando las- almas penadas. tro aos prêmios da noite, estava Ciro Mais tarde, Sérgio embarcou no seu Monteiro, o famoso sobrinho de Nonô. Corcel 75, carro do ano, rumo a Mi- Bonachão, simpático, a inseparável moso do Sul, onde a mulher, Ponca, caixinha de fósforo entre os dedos, se o aguardava. Não havia ainda rigores encantou com a música classificada da Lei Seca nem a prudência que os em segundo lugar, “Poeira”, de Cleo- anos trazem. De minha parte, retor- mar e Estelemar Martins, tanto que nei ao circuito “refrigerado” da Pra- cumpriu o que prometera naquela ça Jerônimo Monteiro, fiquei por ali noite, de incluir a canção no seu novo zanzando entre o Pelicano, Polar e disco, que haveria de ser o derradeiro. Alaska, onde sempre aparecia algum Se “Pequeno Mistério”, mesmo com “Betim” para comentar sobre Estrela o prêmio principal, não saiu do ano- do Norte, o baile do Ita, o filme do Ca- nimato, serviu para chamar atenção cique ou a nova profecia ambiental do dos cachoeirenses para o talento do professor João Madureira. compositor, bem como a firmeza da E ainda havia o refrigério do me- sua interpretação. Até então, Sérgio lhor chope da cidade, colarinho na era mais conhecido por suas incur- medida, tirado por Zequinha, que sões como locutor da Rádio Cachoei- tinha cara de tai- ro, a ZYL-9, a mesma onde duas dé- landês e era todo cadas antes apareceu um cantor lá do simpatia no balcão bairro Recanto conhecido por Zunga e do Alaska. Naque- batizado como Roberto Carlos Braga. las cadeiras gira- Um ano depois, Sérgio não apare- tórias, perscrutá- ceu para o III Festival Cachoeirense: vamos mundos de entre outros motivos, porque sua par- sons, entre sonhos ceria com havia rendido e temores naturais um disco, depois rotulado de “maldi- daqueles anos de to”, o Grã Ordem Kavernista, e tinha chumbo pesado. classificado uma canção no Festival Internacional promovido pela Glo- PEQUENO MISTÉRIO bo, no Maracanãzinho, em setembro. Junho de 1971, ginásio de Espor- Ali, revelou-se para a MPB colocando te Nello Borelli quase lotado, e Sérgio o seu Bloco na Rua entre as finalis- Sampaio sobe ao palco para receber tas. Nem os mais próximos tinham o prêmio de 1º lugar no II Festival dimensão do que estava por vir. Cachoeirense da Canção conquista- Numa tarde de novembro de 1972, do com a música “Pequeno Mistério”, eu caminhava pelas ruas de Bom (“Sua estrutura de papel crepom, sua Jesus de Itabapoana onde fora par- armadura quase colossal, o orgulho e ticipar de um festival de música re- o barulho dos seus automóveis, nas alizado num cinema. Procurava uma 6 CADERNO D FEVEREIRO 2013 CAPA

lanchonete e me deparei com o carri- na mão, que logo tomou conta da fes- queria ser cortês com o anfitrião, daí nho de som anunciando uma liquida- ta. Quando saí, altas horas, deixei- o gesto pouco comum. A certa altu- ção no comércio. -o reproduzindo a cena comum onde ra, pediu que eu mostrasse alguma Pelo alto-falante, o novo bardo ca- aparecia: rodeado de gente seduzida canção inacabada ou sem letra. Apre- choeirense entoava “Eu Quero é Bo- por suas canções e poesia confessio- sentei o esboço de Luar da Cidade, tar Meu Bloco na Rua” na trilha sono- nal. “Foi um show exclusivo, um dos que imaginara fazer uma espécie de ra da queima de estoque de uma loja. melhores presentes de aniversário versão urbana do Luar do Sertão, do Naquele exato momento, tive a noção que já recebi”, confessou-me, re- Catulo. de que o magro deixara de ser uma centemente, Eustáquio Palhares. Ele gostou, apanhou uma caderne- revelação exclusiva da “capital secre- O sonho de consumo de Sergio, tinha e engatou na letra. Estávamos ta”, como Cachoeiro fora batizado que naquela altura eu apelidara de debaixo de uma castanheira, tam- por Vinícius de Morais, certamente Sampa (abreviatura de Sampaio), bém conhecida como amendoeira, bebendo uísque e tirando sarro com meio que provocando suas caeta- sentados ao redor de uma mesa em Rubem Braga. nices, era, a propósito, passar uma madeira rústica. A certa altura, uma temporada na terra de Caetano Velo- castanha verde despencou num ba- PALCO, PORÃO E so. Embora ele preferisse associar que em sustenido, passou perto da Entre encontros, desen- a Bahia a outro filho mais próxi- sua cabeça. Ele tomou susto, depois contros, canções, paixões, mo, o parceiro Raul Seixas. ficou olhando aquele fruto que rola- vícios, virtudes, palco e E havia recebido convite do Xan- ra até um canto da mesa, pescou a porão, não necessaria- gai, que batizara seu filho, mora- deixa natural e emendou: “Pensei em mente nesta ordem, al- va em Salvador e acenara a pos- ficar quietamente, debaixo de um pé guns bons anos adian- sibilidade dele abrir seus shows de semente/Andarilho igual cigano, te e Sérgio reaparece na pelo Nordeste. passageiro de Engano...” ensolarada Manguinhos. Após mais uma ação entre ami- Alguns amigos que conhecem a gra- Após alguns dias por ali, cunhou na gos, para garantir passagem em al- vação feita pelo Filó Machado, lança- capa do elepê “Tem que acontecer”, guns trocados, Sérgio embarcou para da em 2012, brincam que consegui a lançado em 1976: “Para Laurinha e uma temporada em Salvador que, façanha de fazer o Sergio colocar um Trevisan, ao nosso reencontro, mais entre idas e vindas, durou cerca de pé no mar e também no jazz, ele que velhos e mais bonitos...” três anos. Antes, porém, numa noite, era de outra praia e banda. Naquele início de novembro de surpreendeu-me ao pedir para tocar 1990, ele deixara para trás o Rio, ex- algumas das minhas canções. COMO ESTAR NUM AVIÃO -mulher, o filho João, de quem morria Ele era o tipo fominha, não costu- Se tivesse sobrevivido àquele ata- de saudades. Não gravava mais, sho- mava passar o violão. Imagino que que de pancreatite, em 1994, quan- ws escassos, passara uma tempora- da no solar paterno da Rua Moreira, em Cachoeiro, e não tinha sido muito agradável sua vida na cidade natal: bebia pelos bares, crédito negado, fi- lava cigarro aqui e ali. Numa operação-resgate por meio de ação entre amigos, viera pra Vitória e, dali, para a casa de Manguinhos. Di- zia e parecia se sentir à vontade, em- bora somente em uma ocasião tenha colocado sunga para ir ao mar. Pisou na areia, botou a ponta do pé na bei- ra d`água, reclamou que estava fria, e voltou para casa e o braço do violão. Num daqueles dias, o jornalista Eustáquio Palhares, morador vizinho, comemorava aniversário. Sem avisar, cheguei por lá com Sérgio, de violão CADERNO D FEVEREIRO 2013 7

Luiz Trevisan [email protected]

do tinha 47 anos, poderia completar gano, uma antiga estação ferroviária guarida ao fã que exibia, orgulhoso, 66 anos neste abril de 2013. Seria de perto de Cachoeiro. “Eu sempre quis seu maior tesouro: uma mala preta bom tom uma comemoração, como identificar alguém como `Passageiro abarrotada por recortes de jornais e aquela dos tempos do bar do Auzí- de Engano’, mas não tinha certeza revistas, fotos, discos e guardana- lio. Acontece que o bar fechou de vez, se o lugar existia ou era imaginação pos autografados por Sérgio. Havia Kokó nos privou de sua gargalhada minha”, foi sua explicação divertida até guimbas que teriam sido fumadas escandida, em meio aos seus poemas para o encaixe de duplo sentido na pelo compositor. visuais, desde 2003, o Itapemirim já letra de “Luar da Cidade”. recebeu as cinzas de Rubem Braga No mesmo trilho ferroviário existe a Visita, como diria Rubem Bra- ¬- acho até que as piabinhas ficaram história real do fã Durango Kid que ga, depois do terceiro dia começa a mais letradas -, e tanto Alaska quan- veio de Brasília querendo conhecer cheirar mal, parece peixe exposto. O to Pelicano e Polar sucumbiram ao a terra de quem tanto o cativara em sujeito foi ficando, houve mais uma calor cachoeirense e às mutações. passagem pela capital federal. Ali por vaquinha para angariar recursos e Resta o consolo de poder volta de 1993, Sérgio foi a Brasília despachar o fã num ônibus. Para reunir alguns amigos remanes- fazer duas apresentações, ao lado do complicar, surgiu greve de motoris- centes, novos agregados e bus- violonista/guitarrista Zé Moreira. Fez tas de coletivos interestaduais, até car em Cachoeiro algum lugar sucesso, acabou ficando por lá uns que um iluminado sugeriu inventar que seria do seu agrado, dois meses, para outras exibições. E que Sergio havia composto “Viajei para passar a limpo aqui- compôs aquela que talvez seja a me- de Trem”, após fazer o trajeto entre lo que você resumiria lhor canção popular já feita sobre a Vitória e Belo Horizonte. O fã, olhos como a celebração de cidade: brilhando, topou na hora. Só assim a quem partiu, quem teve “Quase que ando sozinho por todos mala foi despachada. medo e quem ficou. os bares. Frequento lugares, namoro Arrisco que você aprovaria subir o suas filhas, Brasília. E posso dizer Essa celebração dos 66 anos de morro Santo Antônio para conhecer que começo a voar. Sossegado em seu nascimento teria desfecho apropria- o “Estraga Lar”, bar que faz piada da avião ...” do ao som de “Cruel”, outra canção própria fama e que mantém atrativos semibiográfica dos últimos anos vida, dos tempos do Auzílio: piabinhas fri- Disposto a conhecer a terra natal quando ele estava compondo cada tas no cardápio, aguardentes de Bu- do bardo cachoeirense, o fã não se vez melhor e havia se tornado uma rarama e cerveja bem gelada. intimidou com a falta de dinheiro. Pe- pessoa madura, sem os rompantes Não faltam motivos para boa prosa gou carona, dormiu em parques, che- que iam do mel ao fel. O destino, por evocativa. Como sua alegria quando gou aos trancos e barrancos. Sobrou, esse prisma, lhe foi cruel. confirmei que também conhecera En- claro, para os amigos de Sérgio dar Melhor dizendo, foi um “Destino Trabalhador”, títu- lo de uma outra canção que Sérgio deixou e ainda per- manece inédita no “Balaio do Sampaio”. Um trecho da letra dessa música soa como aquele aviso luminoso sobre a cabeça de todo “Passageiro de Engano”: “Agora é como estar num avião, não há mais nada a fazer”.

Violões do Sérgio Sampaio herdados pelo filho João 8 CADERNO D FEVEREIRO 2013 CENTENÁRIO RUBEM BRAGA A aldeia de Rubem Braga m dia, numa brincadeira com cante sua aldeia”, Rubem levou UVinícius de Moraes, o escritor Cachoeiro de Itapemirim de norte Rubem Braga respondeu a provo- a sul do país e cruzou o Atlântico cação do amigo afirmando que Ca- com as mais tenras lembranças da choeiro de Itapemirim era mesmo cidade. Diferente de tantos que se a Capital Secreta do Mundo. Se- esquecem de onde vieram, o escri- creta no nome, mas intensamente tor manteve laços não só com o lu- propagada por onde passou, sua gar mas também com as pessoas, terra natal também foi lembrada os amigos de infância, com o coti- em inúmeras páginas de histórias diano cachoeirense que lhe rendeu contadas e recontadas por Rubem boas histórias. ao longo de sua vida. Discreto nas aparições na cida- Contam-me contemporâneos do de, era comum não se fazer notar cronista sua curiosidade explí- nos eventos em que era convidado. cita sobre ‘as coisas de Cachoei- Como o dia da final do concurso ro’. Fato que comumente ocorria de crônicas que levava seu nome durante visitas na cobertura de e para a qual estava sendo aguar- Ipanema, telefonemas a qualquer dado para a premiação. Chegou hora do dia (e da madrugada) e em Cachoeiro no dia anterior, se cartas trocadas com os amigos. hospedou num hotel, percorreu o Até mesmo na Itália, quando foi centro da cidade (que estava em correspondente de guerra pelo Di- festa), acompanhou a leitura das ário Carioca, Rubem ficou curioso crônicas dos concorrentes em pé em saber se havia cachoeirense no no fundo da plateia e depois foi front. Impaciente com a demora do embora. Assim me relatou o amigo irmão Newton em fazer a apuração Wilson Márcio Depes, um dos or- do fato, ele mesmo percorreu os ganizadores do evento. pelotões em busca de algum con- O Velho Braga era avesso a ho- terrâneo. Os nomes dos soldados menagens. Tinha lá seus motivos. Cláudia Sabadini constam na crônica “Cachoeiren- Mas, ainda com sua sabedoria é jornalista cachoeirense ses na guerra”, no livro “Crônicas nada pomposa, não escondia o or- da Guerra na Itália”. gulho de ter nascido à beira do Rio Assim como Tolstoi que escre- Itapemirim. “Modéstia à parte, sou veu “se alguém quer ser universal, de Cachoeiro”, escreveu. Braga se CADERNO D FEVEREIRO 2013 9 Cláudia Sabadini [email protected] Rubem Braga tornou universal, mas nunca se esqueceu de sua aldeia. Nela nas- ceu e para ela quis voltar após a morte (suas cinzas foram lançadas no Itapemirim), num ato de pro- fundo amor ao seu lugar. A crônica de Rubem era impreg- nada de Cachoeiro de Itapemirim. A cidade jamais será a mesma depois dele. A singularidade de sua obra continua a influenciar escritores e leitores, que assim como ele preci- sam da literatura para sobreviver e entender as coisas da vida. Cem anos se passaram. Na Casa dos Braga, debaixo do pé de fruta-pão, havia recor- tes da obra e da vida de Ru- bem. Fragmentos ao alcan- ce de todos que visitavam a casa no dia do centenário. Fiquei ali a imaginar o que o Velho Braga estaria pen- sando sobre tudo aquilo. Se tivesse comparecido, provavelmente estaria com aquela conhecida feição carrancuda, que escon- dia um coração simples, generoso e delicado. No pequeno jardim dos Bra- ga, ficamos nós também aprendendo a cantar a nossa aldeia. 10 CADERNO D FEVEREIRO 2013 POLÍTICA CULTURAL

Um exercício das contradições ão nascemos humanos e o estar no mundo. Nmundo não existe. Humani- Conforme Marx, o capitalismo zamo-nos a partir do que fazemos não é propicio à arte, exceto quan- para viver em comunidade e, ao do utilizada como um bom inves- criarmos códigos de compreensão timento ou artifício de embeleza- da existência, inventamos o mun- mento do sistema. Na conjuntura, do. Mas a sobrevivência desse ani- desde 2003, com a criação do Sis- mal social está na sua capacidade tema Nacional de Cultura (SNC) de produzir linguagens, ou seja, abrangendo municípios, Estados significados a partir de seus cos- e União, o Ministério da Cultura tumes e valores. Estes significados (MinC) dá um passo fundamental se dão na cultura que se manifes- para que a cultura no Brasil (capi- ta de distintas maneiras, desde as talista) não seja apenas compreen- artes como a música, a literatura, dida como mero entretenimento ou o teatro, o cinema, a dança, a pin- refém dos investidores tura e escultura, até a sua relação Na tentativa de criar uma política com a natureza, passando por toda pública de cultura, tal medida coloca e qualquer possibilidade de saber em xeque as políticas culturais que resultantes da experiência de ser e se definem pelos interesses de gover- Fotos Arquivo Secult

Wilson Coêlho é “Com- mandeur Exquis” do Colé- gio de Patafísica de Paris CADERNO D FEVEREIRO 2013 11 Wilson Coêlho [email protected] contradições nos e mandatos. Visa uma política etc., na questão de cidadania, com dos seminários territoriais nas dez de cultura de Estado em que os go- ênfase no debate ao compromisso microrregiões administrativas do vernantes têm um dever a cumprir do Estado em se comprometer e Espírito Santo para colher propos- para com a sociedade. Mas a forma- ampliar o acesso da população aos tas e sugestões sobre as distintas tação e a deliberação dessa política bens e serviços culturais e, no que realidades que compõem a relação pública de cultura devem se dar com diz respeito à economia, pelo fato do entre as políticas públicas existen- a parceria entre os gestores públicos fazer cultural estar deliberadamen- tes e as ações do estado. e os protagonistas desta produção de te associado às atividades geradoras Para além da grandiosidade do sentido de mundo (s): agentes cultu- de trabalho e renda para as famílias projeto, uma crítica ao descaso rais, artistas e sociedade civil. e determinados grupos sociais. de muitos secretários municipais Ao Plano Nacional de Cultura Como pedra fundamental à ela- de cultura, o despreparo de vários (PNC), o Espírito Santo também se boração do PEC-ES, instituiu-se gestores públicos e, pior ainda, o empenhou no processo de elabora- um Grupo Executivo, formado por descompromisso com o coletivo por ção do Plano Estadual de Cultura representantes da Secretaria de diversos companheiros das artes. (PEC), com base na dimensão sim- Estado da Cultura, do Conselho Mas acredito que estamos expe- bólica, como proposta de promoção Estadual de Cultura e do Fórum rimentando uma dialética, onde o e valorização da cultura pelo seu as- Permanente das Entidades Cultu- exercício político expõe sérias con- pecto da diversidade, tanto de gêne- rais do ES. Nos meses de outubro e tradições entre as ideias e as prá- ros, categorias, espaços, estéticas, novembro de 2012 – foram realiza- ticas. 12 CADERNO D FEVEREIRO 2013 DIVERSIDADE CULTURAL

Salvaguarda do Jongo/Caxambu jongo ou caxambu é uma tra- nal – IPHAN, em 2005; no Dossiê Odição cultural composta por Jongo no Sudeste foram identifi- um conjunto de elementos esté- cadas comunidades nos Estados ticos, simbólicos e religiosos que do Rio de Janeiro, de São Paulo se inter-relacionam no vigor de e do Espírito Santo, neste proces- realização dos batuques de tam- so a maioria dos grupos do estado bores acompanhado de cantos ou do Espírito Santo não havia sido pontos, palmas e danças, que têm identificada, assim como grupos suas origens nas memórias dos do estado de . ancestrais e nas práticas dos ne- Neste sentido, durante 2012 fo- gros escravizados, de língua ban- ram realizadas atividades de mo- tu, que trabalhavam nas lavouras bilização junto às lideranças jon- de café e de cana-de-açúcar, na re- gueiras do Espírito Santo, para gião sudeste do Brasil, conforme o construção conjunta e acompa- Dossiê Jongo no Sudeste de 2005. nhamento de políticas de salva- O jongo foi proclamado Patri- guarda, através do Programa de mônio Cultural Brasileiro e re- Extensão “Territórios e territoriali- gistrado no Livro das Formas de dades rurais e urbanas: processos Expressão, pelo Instituto do Patri- organizativos, memórias e patri- mônio Histórico e Artístico Nacio- mônio cultural afro-brasileiro nas

Aissa Afonso Guimarães é professora pesquisadora do PPGA/ CAR/UFES, no campo do patrimônio cultural e culturas populares no Brasil. Mestres de Jongo/Caxambu do ES Auditório do CEUNES/UFES - São Mateus CADERNO D FEVEREIRO 2013 13 Aissa Afonso Guimarães [email protected]

Jongo/Caxambu no Espírito Santo comunidades jongueiras do Espí- rurais e em pequenas cidades. Os foram aprovadas as propostas e rito Santo” da UFES, em parceria grupos são formados por famílias as diretrizes dos jongueiros para com o IPHAN e com a Secult/ES. remanescentes de quilombos e/ as políticas de salvaguarda enca- O Programa “JONGOS E CAXAM- ou por grupos sociais, estabeleci- minhadas ao IPHAN, na II Reu- BUS: Culturas Afro-brasileiras no dos através de relações de perten- nião de Avaliação da Salvaguarda Espírito Santo” de 2013 é conti- cimento e de identificações cultu- dos Bens Registrados, em 2012. nuidade do anterior, ambos coor- rais e locais. Cabe ressaltar que o Estado do denados pelo professor e pesqui- Três eventos foram realizados Espírito Santo é, em toda região sador Osvaldo Martins de Oliveira durante o ano de 2012, duas Ofi- sudeste, aquele que abriga o maior (UFES). Os programas têm caráter cinas de Mobilização Comunitá- número de comunidades jonguei- coletivo e interdisciplinar, com rias, uma no sul e uma no nor- ras/caxambuzeiras, embora a equipe formada por professores e te e o “II Encontro Estadual de maioria delas, como citado, fosse alunos das áreas de Antropologia, Jongos e Caxambus – Culturas desconhecida na ocasião do regis- Artes e Educação da UFES. Afro-Brasileiras no Espírito San- tro; fato que reafirma a necessi- Na primeira etapa da coleta de to” realizado no CEUNES/UFES, dade de ampliação das pesquisas dados em campo foram visitados em São Mateus, com a presença sobre o jongo no universo acadê- e identificados, quinze grupos de todos os grupos jongueiros e mico, assim como do acompanha- jongueiros no ES, dez na região caxambuzeiros do Espírito Santo mento dos processos organizativos sul e cinco no norte do Estado; a e de representantes das institui- e das ações de salvaguarda para o maioria situada em comunidades ções envolvidas, ocasião em que patrimônio cultural.

Foto: Aissa Guimarães Fotos Arquivo Secult

Mestres de Jongo/Caxambu do ES Auditório do CEUNES/UFES - São Mateus Jongo da comunidade de São Cristovão 14 CADERNO D FEVEREIRO 2013 CULTURA JOVEM

colaborativa Criação Fotos Arquivo Secult revista Nós é uma ação do Progra- A ma Rede Cultura Jovem que tem como diretriz principal a colaborativi- dade. A cada edição são abertas ins- crições para que novos colaboradores possam atuar na construção da pu- blicação. Além deste grupo, que irá produzir conteúdo textual, são con- vidados membros para o Conselho Editorial do PRCJ, responsáveis por sugerir pautas e fontes, fotógrafos, ilustradores, além de um equipe de designers para a produção gráfica da edição. O produto editorial é sempre pensado enquanto um espaço para a experimentação de jovens artistas e produtores de conteúdo que apresen- tem uma produção autoral. A revista Nós tem como pretensão apresentar o trabalho dos jovens pro- dutores culturais do estado do Espíri- to Santo. Aqui pretendemos fazer um recorte acerca da atuação de designers gráficos na publicação e sua colabora- ção junto a esta proposta colaborativa. Tem sido praxe no processo de produ- ção da Nós o convite à participação de diferentes coletivos para a proposição de uma nova linguagem visual a cada edi- ção, claro que sempre em concordância com o projeto gráfico original. Projeto este proposto na primeira edição da revista pela equipe forma- da pelo designer Vinícius Guimarães e o artista plástico Alex Vieira, em 2010. Da primeira edição até a últi- ma, lançada em dezembro de 2012, Paulo Prot é designer cinco diferentes equipes colabora- ram para o crescimento e consoli- gráfico do Programa dação da revista como espaço de Rede Cultura Jovem experimentação visual. Tal abertura na proposta gráfica da publicação permite que os grupos interpretem à sua maneira o conteúdo produzido CADERNO D FEVEREIRO 2013 15 Paulo Prot [email protected] colaborativa

Fotos Arquivo Secult pelos demais colaboradores. Crian- as páginas, mantendo o uso de cores do a cada edição inovações, permi- saturadas, mas fechando o leiaute, ex- tindo uma grande aproximação e plorando montagens fotográficas e até diálogo com toda a equipe de pro- com fotocópias. Nesta edição o espa- dução da revista, que se renova em ço para as ilustrações ficou reservado cada edição. para a seção “Crítica Emaranhada”. Esta aproximação é possível por Na quarta, produzida pelos desig- conta do processo de produção co- ner Camila Torres, Rayza Mucunã e laborativa. A revista conta com um Paulo Prot, e na quinta edição, cuja extenso corpo de colaboradores que produção foi liderada pelos designers vem crescendo a cada ano. Na pri- Higor Ferraço e Priscilla Martins, foi a meira edição foram 29, chegando a vez da retomada de uma proposta ini- 45 não quinta edição. Durante estes cial, lá da primeira edição, com o uso anos tem se intensificado a aproxi- de diferentes tipos de papel e a explo- mação dos produtores gráficos e de- ração plástica da revista apresentan- mais colaboradores, permitindo aos do diferentes formatos, com dobras designers compreender as diversas que alteram a experiência do usuário abordagens apresentadas em cada na leitura. Estas apresentam um uso edição e proporem leiautes de acordo mais híbrido de fotografia, tipografia com o conteúdo. e ilustração. Com o passar do tempo diversas Desta forma a revista vem se consoli- linguagens foram experimentadas no dando como espaço experimental, onde conteúdo visual da revista. No caso da designers recém inseridos no mercado primeira e segunda edição (esta pro- tem a oportunidade de examinar dife- duzida pelas designer Juliana Colli e rentes processos de produção gráfica Juliana Lisboa, as Juuz) se explorou e adquirir experiência com um corpo o uso de ilustrações apoiando e refe- editorial complexo, em diálogo com as renciando partes do texto, abusando juventudes inseridas na produção cul- de palhetas de cores e desconstruindo tural. Esta precoce maturidade da re- o diagrama das páginas. Na segunda vista Nós já gerou bons frutos como o edição teve início uma aproximação 3º Prêmio de Incentivo à Criatividade dos designers com a direção de foto- na Produção Gráfica, conquistado pe- grafia, permitindo uma previsão das las Juuz Design na categoria Editorial pautas e uma antecipação dos recur- Revista. A quarta edição também foi sos visuais explorados na revista. Em contemplada com o 2º Prêmio Ronaldo algumas matérias, por exemplo, fo- Barbosa de Design Gráfico Universitá- tos foram utilizadas como base para rio na categoria Impresso. a produção de grafismos, não sendo Para conhecer mais sobre a revista o objetivo final da pauta a utilização Nós e ficar ligado nas etapas de se- das fotografias propriamente ditas. leção de colaboradores da publicação Na terceira edição, produzida pelos basta ficar acessar o portalyah.com. designers Gustavo Senna, Wérllen A quinta edição pode ser lida também Castro e Felipe Gomes, foi proposto na internet no endereço portalyah. um direcionamento mais sóbrio para com/revistanos5. CADERNO D FEVEREIRO 2013 16

FOTO Fotos Arquivo Secult

Por do Sol no Rio Doce Itapina - Colatina-ES