<<

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

EDUARDO LOPES SILVA

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

FOZ DO IGUAÇU 2013 SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

EDUARDO LOPES SILVA

A FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA

Produção Didático-Pedagógica apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, como estratégia de ação prevista no Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola.

Orientadora: Profª Ms. Adriane Elisa Glasser

FOZ DO IGUAÇU 2013 SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ...... 04 2 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA ...... 05 3 ATIVIDADES PROPOSTAS ...... 09 3.1 Capítulo I - Gostar ou não gostar da leitura? Eis a questão!! ...... 09 3.2 Capítulo II - Mudanças - Como nos vemos e como nos veem ...... 12 3.3 Capítulo III - O Conto e algumas de suas possibilidades ...... 24 3.4 Capítulo IV - A Crônica e suas possibilidades ...... 35 3.5 Capítulo V - Obras do vestibular em foco ...... 49 3.6 Capítulo VI - Apresentações das leituras das obras do vestibular ...... 55 4 AVALIAÇÃO ...... 58 5 REFERÊNCIAS ...... 61 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: A formação do leitor na escola Autor Eduardo Lopes Silva Disciplina/Área Língua Portuguesa Escola de Implementação Colégio Estadual Tarquínio Santos do Projeto e sua localização Município da Escola Foz do Iguaçu – PR Núcleo Regional Foz do Iguaçu – PR de Educação Professor Orientador Profa. Me. Adriane Elisa Glasser Instituição de Ensino UNIOESTE – Foz do Iguaçu/PR Superior Resumo O projeto nasceu da percepção de adotar práticas pedagógicas que tenham como foco a formação do leitor e de uma necessidade de realizar uma intervenção pedagógica que venha de encontro a atividades de leitura de fruição. Existe uma percepção de que há um afastamento dos educandos do contato com o livro e, a partir desta informação, pensou-se que é preciso tentar resgatar a importância e o valor da leitura, notadamente a leitura literária, fonte de aprendizagem que pode auxiliar na solução de várias dificuldades na vida escolar desses educandos. O projeto será iniciado realizando-se um levantamento sobre o interesse dos alunos pela leitura e se são estimulados à leitura. A partir destas informações, tem por objetivo propor ações que possam promover a formação do leitor no ambiente escolar, através da leitura literária/textos literários. Durante o levantamento bibliográfico para dar suporte teórico a este projeto de intervenção, que precede as ações que serão desenvolvidas, percebeu-se a necessidade de direcionar as atividades de leitura para a leitura literária/leitura de fruição. Palavras-chave Literatura, formação do leitor e leitura. Formato do Material Unidade Didática Didático Público Alvo Alunos do 3º Ano de Ensino Médio do Colégio Estadual Tarquínio Santos 2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA

Através desta Unidade Didática, objetivamos oportunizar aos alunos práticas pedagógicas que têm a formação do leitor como o seu foco principal, para tal elaboramos atividades que venham a construir o gosto pela leitura literária por meio da fruição. Serão trabalhados uma variedade de textos literários que deem suporte às necessidades de leitura de obras clássicas e autores destinados ao vestibular, assim como títulos e escritores contemporâneos, que possam estabelecer um elo entre as atividades de ler e uma consolidação da leitura como ato de lazer e deleite para nossos alunos, e quem sabe, assim, motivando o gosto por estes momentos tão importante em sua caminhada escolar. Na fase inicial, logo após a realização dos questionários, durante as negociações sobre a condução das aulas, estaremos abertos a sugestões de leituras/obras propostas por alunos, mas durante esta implementação, priorizaremos o que já está proposto para esta unidade. É através de atividades que possam promover uma efetiva formação do leitor na escola que poderemos ter cada vez mais leitores que sejam capazes de analisar e avaliar criticamente o texto lido, construindo assim a sua própria interpretação. Neste sentido e para que se caminhe em direção de uma leitura prazerosa, em que o aluno a realize com gosto, pois:

Com "leitura — fruição de texto" estou pretendendo recuperar de nossa experiência uma forma de interlocução praticamente ausente das aulas de língua portuguesa: o ler por ler, gratuitamente. E o gratuitamente aqui não quer dizer que tal leitura não tenha um resultado. O que define este tipo de interlocução é o 'desinteresse' pelo controle do resultado. (GERALDI, 1984, p. 126).

Precisamos caminhar na direção da leitura de fruição como prática didático-pedagógica consistente que é, pois atividades de leitura nunca são gratuitas e sempre há um interesse e um objetivo em nossas práticas de aprendizagem. Entre tantas atividades de leitura em sala de aula, as práticas que objetivam a fruição do texto são as que mais contribuem para se desenvolver e consolidar o gosto pela leitura. Pois, muito embora esta pareça ser uma tarefa fácil, não é. E, por isso mesmo, os objetivos são difíceis de serem totalmente atingidos. Leitura certamente não é apenas decifrar códigos em quaisquer meio em que estejam impressos, pois quem lê tem que tem a consciência da necessidade de

5 partir para outras etapas, como: entender, imaginar, criar e recriar o mundo real e transportá-lo para o imaginário, integrando-os e transformando nossa realidade. Jean Foucambert (1994), estabelece, em parte, o mesmo conceito:

ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é (FOUCAMBERT, 1994, p. 5).

A escola tem como papel promover o acesso à leitura, deve também incentivar a leitura como importante ferramenta de inserção em uma vida que pretendemos que seja mais plena e consciente, pois entendendo melhor o mundo em que estamos, interagiremos melhor em todas a situações que se apresentarem no mesmo. Também é preciso ir um pouco além e buscar despertar em nossos educandos, através de novas abordagens e práticas de leitura em sala de aula, vontade de ler para não apenas decifrar o que está sendo lido, mas através destes mundos que nos são propiciados pela leitura, interagir de maneira mais efetiva na sociedade ao qual pertencemos, pois

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO, 1982, p.59).

O desenvolvimento deste projeto tem por objetivo uma abordagem das atividades de leitura muito mais voltada para a leitura de fruição, de uma forma que os alunos sintam-se mais próximos da literatura, percebendo que ela é primordial no auxílio da construção e legitimação de um uso efetivo e melhor da língua portuguesa. E não apenas isso, também é uma ótima forma de conhecer outras culturas e de conhecimento, de uma forma que só a literatura proporciona. Para isso, objetiva-se que o material a ser desenvolvido alcance as expectativas, tanto de alunos quanto de professores, no sentido de que sejam um bom suporte para a relação ensino/aprendizagem, já que

6 O material a ser produzido deve oferecer ao aluno a ajuda que ele precisa no grau exato de seu adiantamento e de suas necessidades, preenchendo possíveis lacunas. A análise inicial das necessidades deve ser capaz não só de estabelecer o total das competências a serem desenvolvidas, mas também descontar dessas competências o que o aluno já domina. O saldo dessa operação é o que o aluno precisa aprender. (LEFFA, 2008, p.17).

A leitura permite que o leitor vá além do texto, que dialogue com ela, que se veja como um sujeito capaz de agir e mudar seu contexto social, de ver-se transformado, já que ― toda leitura altera o leitor (YUNES, 2006, p.13).

7 UNIDADE DIDÁTICA Ler não é uma tarefa fácil... Já lemos ou ouvimos está frase em não sei quantos livros didáticos que passaram por nossas mãos ou em inúmeras situações. Mas é dever do professor buscar alternativas que faça com que nossos alunos tenham menos aversão ao texto escrito, para que possa se aventurar no Ilustração 1: maravilhoso mundo da leitura. Escolher textos na suposição de que http://www.bapl.o rg/assets/elements são interessantes para nossos educandos também é pura /teenread.jpg pretensão nossa, mas mesmo que não sejam “interessantes” para eles, com o tempo, imagina-se pelo menos, que sabemos escolher textos que prendam a atenção e provoque certa emoção nos nossos educandos, mesmo que seja a raiva. Esta unidade didática tem a intenção de ir em direção da formação de um leitor melhor preparado para lidar com o texto literário e todas as implicações que isso possa suscitar. Mesmo que ler não seja uma tarefa fácil, certamente é uma das atividades mais importantes em nossa vida e com a quantidade Ilustração 2: de informação que está sendo colocada à nossa disposição (através https://www.carv erlib.org/Page_I de textos), principalmente através do computador e da internet. No mages/Books_fo r_Teens.jpg entanto, se não estivermos acostumados à leitura, como vamos transformar as informações em conhecimento? A leitura não deveria ser considerada, pelos nossos alunos, como uma tarefa, e sim um lazer. Pois ler é uma forma de descobrirmos novos caminhos e conhecer mundos e situações que

Ilustração 3: jamais “viveríamos” se não fosse através da imaginação que só a http://img.allw.mn/ www/thumbs/92/24 leitura nos proporciona. Ler é vivenciar a linguagem, onde podemos 9.jpg reconhecer os significados da cultura em que vivemos e “conhecer” outras culturas, estabelecendo relações entre as informações e construindo sentido para nós mesmos e para o mundo que nos cerca. A leitura torna-se um prazer quando percebemos que é essencial, transformadora e libertadora.

"Lerás bem quando leres o que não existe entre uma página e outra da mesma folha." Agostinho Silva

8 3. ATIVIDADES PROPOSTAS

3.1 Capítulo I

Neste capítulo aplicaremos um questionário aos alunos sobre o gosto pela leitura. Disponibilizaremos, aos educandos, os dados coletados através do questionário e distribuiremos um texto e exibiremos um vídeo sobre a importância da leitura. Será solicitado que façam uma pesquisa de frases sobre a importância da leitura e, no final, solicitaremos que formem grupos e façam Ilustração 4: http://4.bp.blogspot.c uma síntese sobre os dados do questionário e em relação as om/-80Ahc_Ii324/T7u 1GBOdM6I/AAAAAA frases e para que construam e compartilhem suas próprias frases AAA_E/szEfslbGSh0/ s1600/Dicas-para-ler sobre a importância da leitura. -bem.jpg

Tema

Gostar ou não gostar da leitura? Eis a questão!!

Objetivo

1. Atribuir valor e importância à leitura; 2. Socializar os resultados da atividade; 3. Mudar o posicionamento sobre a importância da leitura. 4. Analisar os dados apresentados;

9 Recursos

Data Show/TV Multimídia; Laboratório de informática com computadores e acesso à Internet; Texto Impresso; Vídeo.

Tempo Previsto

Três aulas

Organização do trabalho

Responder ao questionário. Apresentação dos dados obtidos com a aplicação do questionário. Discussão/debate sobre os dados levantados através do questionário aplicado e elaboração de frases.

Metodologia

Na primeira aula solicite aos alunos que se dirijam ao laboratório de informática e que respondam ao questionário proposto. Disponibilize, na segunda aula, os dados referentes ao questionário aplicado. A apresentação dos dados poderá ser realizada com o auxílio do projetor multimídia ou na TV Multimídia. Também apresente um vídeo e distribua um texto sobre a importância da leitura. No final da aula solicite que pesquisem frases sobre a importância da leitura (no mínimo duas por aluno) para que tragam na próxima aula. Na terceira aula solicite que façam uma discussão sobre os dados referentes ao questionário e também em relação as frases sobre a importância da leitura e

10 solicite que formem grupos de três componentes e criem duas frases sobre a importância da leitura e depois peça aos grupos que socializem entre si as frases construídas.

11 3.2 Capítulo II

Neste capítulo trabalharemos com textos que tratam so- bre o tema da mudança pelos quais passamos em nossa vida. No primeiro momento formaremos grupos e distribuiremos texto

Ilustração 5: e letra e faremos audição de música e poema, para uma troca http://sbcoaching.com.b de ideias sobre a letra/música e o poema. r/blog/wp-content/uploa ds/2011/05/iStock_0000 No segundo momento os mesmos grupos deverão traba- 11860969Small.jpg lhar com o um outro poema e um vídeo que será exibido, realizando discussões e fa- zendo interpretações acerca do tema. No momento final solicitaremos que façam um texto sobre o tema mudança, aproveitando as informações e interações discutidas neste capítulo. Não há nada tão certo como a mudança. Se nos acostumarmos com essa ideia, será muito mais fácil aceitar e continuar vivendo. já dizia:

Metamorfose Ambulante

Raul Seixas Músico brasileiro

Eu prefiro ser Biografias:

Essa metamorfose ambulante Raul Seixas (1945-1989) foi um músico, compositor e cantor brasileiro, um dos grandes Eu prefiro ser representantes do Rock no Brasil. É conhecido por músicas como “Maluco Beleza” e “Ouro de Tolo”. Essa metamorfose ambulante Raul Santos Seixas nasceu em Salvador. Desde a adolescência, ficou impressionado com o fenômeno do Rock ‘n’ Roll, o que levou a criar a banda Ilustração 6: uma banda chamada "Os Panteras". Lançou o seu Do que ter aquela velha http://uploa primeiro disco em 1968, “Raulzito e seus Panteras”. Mas d.wikimedia. o sucesso veio mesmo depois do lançamento do disco “Krig-ha, Bandolo” (1973), cuja música principal, “Ouro de opinião org/wikipedi Tolo”, fez grande sucesso no Brasil. O disco tinha outras a/pt/3/39/Ra músicas de grande repercussão, como “Mosca na Sopa” Formada sobre tudo ul-seixas.jpg e “Metamorfose Ambulante”. Raul Seixas se envolveu com ocultismo e estudou filosofia e psicologia, o que fez um dos pouco compositores a Do que ter aquela velha tentar imprimir suas ideias em letras aliadas ao som vibrante do Rock, juntamente com ritmos nordestinos. opinião Em 1974, criou a Sociedade Alternativa, um conceito de sociedade livre inspirada no ocultista Aleister Crowley e que foi tema de Formada sobre tudo uma de suas canções do disco "Gita" (1974). Raul Seixas produziu bons trabalhos como "Novo Aeon" (1975), … "Metrô Linha 743" (1983), "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" (1987) e "A Panela do Diabo"(1989), este último, em parceria com o roqueiro Marcelo Nova. Porém, o cantor enfrentou problemas de alcoolismo nos últimos anos, o que levou a falecer com apenas 44 anos, vítima de pancreatite aguda.. Raul Seixas Raul Seixas é considerado um dos maiores músicos brasileiros, com uma enorme quantidade de fã-clubes.

http://www.e-biografias.net/raul_seixas/

12 A letra da música, completa, pode ser acessada no endereço: http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/raul-seixas/metamorfose-ambulante/2 479445

Tema

Mudanças - Como nos vemos e como nos veem

Objetivo

1. Ler e analisar diversos textos escritos; 2. Inferir emoções e identificar os temas; 3. Descrever as personagens e suas interações; 4. Argumentar e articular oralmente.

Recursos

Textos impressos (Poemas, letras de músicas); Data Show/TV Multimídia; Curta Metragem: Ex-Et.

Tempo Previsto

Três aulas

13 Organização do trabalho

Leitura individual dos textos. Discussão/debate sobre os temas e personagens presentes nos textos, música e filme. Serão formados grupos para apresentarem suas impressões/conclusões sobre o texto/filme lido/visto.

Metodologia

Na primeira aula será solicitado que formem grupos de quatro a seis componentes e serão distribuídos o poema Retrato, de Cecília Meireles e o texto (letra) da música Não Vou Me Adaptar, dos Titãs- para que os alunos leiam, além de ser realizada a audição da música ou até mesmo exibição de algum vídeo com a mesma ou com recitação do poema de Cecília Meireles. Será solicitado que façam uma discussão acerca das possíveis interpretações sobre o poema e a letra/música. Depois haverá uma troca de ideias entre grupos que escolheram a música ou o poema. Segunda aula: serão formados grupos de quatro a seis integrantes e será distribuído os poema Mude, de Edson Marques, para que os alunos leiam. Na sequência será realizada a exibição do Curta Ex-Et. Será solicitado que façam uma discussão acerca das possíveis interpretações sobre o poema e o vídeo. Na sequência haverá uma troca de ideias entre grupos, para que comentem suas interpretações sobre o poema e o vídeo. Na terceira aula será solicitado que façam um texto sobre o tema mudança. Não lhes será dito que façam um texto opinativo, uma narração ou uma poesia. Ficará sob a escolha/responsabilidade de cada um. Se perguntarem sobre qual tipologia textual utilizar, será dito apenas que fica à escolha deles.

14 Retrato Cecília Meireles Poetisa brasileira Biografia:

Cecília Meireles (1901-1964) foi poetisa, professora, jornalista e pintora brasileira. Foi a primeira voz "Eu não tinha este rosto feminina, de grande expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas. Com 18 anos estreia na literatura com o livro "Espectros". Participou do grupo de hoje, literário da Revista Festa, grupo católico, conservador e anti modernista. Dessa vinculação herdou a tendência assim calmo, assim espiritualista que percorre seus trabalhos com frequência. A maioria de suas obras expressa estados de triste, assim magro, ânimo, predominando os sentimentos de perda amorosa e solidão. Uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a nem estes olhos tão Ilustração 7: musicalidade de seus versos. Alguns poemas como "Canteiros" e "Motivo" foram musicados pelo cantor Fagner. http://2.bp.blogsp Em 1939 publicou "Viagem" livro que lhe deu o prêmio de vazios, ot.com/-DVo3Snjg poesia da Academia Brasileira de Letras. nSo/TrmJOuqE7B Cecília Meireles (1901-1964) nasceu no Rio de nem o lábio amargo. I/AAAAAAAAAdw Janeiro em 7 de novembro de 1901. Órfã de pai e mãe, aos três anos de idade passa a ser criada pela avó materna, /QmO1X2sK9dA/ Jacinta Garcia Benevides. Fez o curso primário na Escola s320/aaCecilia_ Estácio de Sá, onde recebeu das mãos de Olavo Bilac a Eu não tinha estas Meireles.jpg medalha do ouro por ter feito o curso com louvor e distinção. Formou-se professora pelo Instituto de Educação em 1917. Passa a exercer o magistério em escolas oficiais do . Estreia na mãos sem força, Literatura com o livro "Espectros" em 1919, com 17 sonetos de temas históricos. Em 1922 casa-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias, tão paradas e frias e com quem teve três filhas. Viúva, casa-se pela segunda vez com o engenheiro Heitor Vinícius da Silva Grilo, falecido em 1972. Estudou literatura, música, folclore e teoria mortas; educacional. Colaborou na imprensa carioca escrevendo sobre folclore. Atuou como jornalista em 1930 e 1931, publicou vários artigos sobre os problemas na educação. eu não tinha este Fundou em 1934 a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro. Cecília Meireles lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, em 1940. Profere em Lisboa e Coimbra, conferência sobre Literatura coração Brasileira. Publica em Lisboa o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria. Em 1942 torna-se sócia honorária do Real Gabinete que nem se mostra. Português de Leitura do Rio de Janeiro. Realiza várias viagens aos Estados Unidos, Europa, Ásia e África, fazendo conferências sobre Literatura Educação e Folclore. … Cecília Benevides de Carvalho Meireles morre no Rio de Janeiro no dia 9 de novembro de 1964. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Cecília Meireles é homenageada pelo Banco Central, em 1989, com sua efígie na na cédula de cem cruzados novos.

Cecília Meireles http://www.e-biografias.net/cecilia_meireles/

O poema completo pode ser acessado no endereço: http://www.paralerepensar.com.br/c_meireles.htm

15 Retrato - Poema declamado por Cecília Meireles - Youtube Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=dPJUCdhTSNQ.

Ilustração 8: Capitura de tela de vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=dPJUCdhTSNQ

Professor(a),

O poema completo pode ser acessado no endereço: http://www.paralerepensar.com.br/c_meireles.htm.

O poema declamado por Cecília Meireles pode ser acessado no Youtube, no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=dPJUCdhTSNQ

Questões que poderão ser feitas aos alunos durante a interação:

a) Existe, no poema, uma constante repetição de palavras. Quais os efeitos desta repetição no poema?; b) O "Retrato” que a personagem faz de si diante do espelho é apenas físico?; c) A que mudança o eu lírico se refere na última estrofe do texto? Por que essa mudança foi considerada tão simples, tão fácil, tão certa?

16 Você também poderá (deve) elaborar questões que lhe pareçam mais pertinentes e que façam os alunos se aprofundarem mais na interpretação e compreensão do poema e que promova a interação entre eles.

Arnaldo Antunes Escritor, cantor Não vou me adaptar História

Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho nasceu em São Paulo no dia 2 de Setembro de 1960. É casado com Zaba Moreau (tecladista de sua banda) e tem três filhos : Rosa, Celeste e Brás. Ainda no Colégio conheceu o pessoal do Eu não caibo mais nas roupas Titãs. Posteriormente, ingressou na faculdade de Letras da Universidade de São Paulo, curso que que eu cabia nunca chegou a concluir. Sua primeira banda foi Aguilar & Banda Eu não encho mais a casa de Performática onde ficou entre 1980 e 81. Em 1982, formou o Titãs (antes Titãs do Iê Iê Iê) onde alegria ficou por dez anos, até 1992. Nesse período, lançou sete discos (Titãs, Televisão, Cabeça Os anos se passaram enquanto Ilustração 9: Dinossauro, Jesus Não Tem Dentes No País dos http://www.geoci Banguelas, Go Back, Õ Blésq Blom e Tudo Ao Mesmo Tempo Agora). eu dormia ties.ws/afs4ever/ Mesmo após sua saída do Titãs, titas06.jpg Arnaldo continuou participando como compositor E quem eu queria bem me em alguns discos da banda. Essa saída deveu-se ao interesse do artista por projetos solos tanto musicais, quanto esquecia poéticos. Aliás, as letras de Arnaldo podem ser consideradas verdadeiras poesias concretas. Ele afirma gostar de compor em parceria, pois acredita que assim consegue explorar diversos tipos de linguagens e já assinou composições com Alice Ruiz, Arrigo Barnabé, Arto Lindsay, Carlinhos Será que eu falei o que ninguém Brown, , Edgard Scandurra, , João Donato, Jorge Benjor, Lenine, Marina Lima, , Paulo Leminski, Péricles ouvia? Cavalcanti, Roberto Frejat e Roberto de Carvalho entre outros. A banda que o acompanha "sempre" muda, mas é Será que eu escutei o que basicamente formada por : Edgar Scandurra (Guitarra), Paulo Tatit (Baixo), Curumin (Bateria), Henrique Alves (Violão), Zaba Moreau (Teclados), Guilherme Kastrup (Percussão) ninguém dizia? Em 1993, Arnaldo Antunes lançou o CD experimental "Nome", já em carreira solo. Esse foi um projeto composto de CD, vídeo e livro, Eu não vou me adaptar, me com a participação de Marisa Monte e de sua esposa Zaba Moreau. Em 1995 Arnaldo gravou o seu segundo CD "Ninguém". Em outubro de adaptar 1996 lançou seu terceiro CD "O Silêncio", com participações de e . É deste trabalho as músicas "Poder" e "O Silêncio", dois dos maiores sucessos de Arnaldo. Em Agosto de 1998 Arnaldo Antunes lançou o quarto CD "Um Som", um disco considerado pela crítica como um trabalho menos intelectualizado com Eu não tenho mais a cara que eu pitadas POP predominantes da primeira a última faixa. "Música para Ouvir" sintetiza bem a essência do álbum; batidas eletrônicas e MPB. tinha Este trabalho contou com a produção de Chico Neves. Todos esses discos foram editados pela BMG. No espelho essa cara já não é Ainda nesse ano, Arnaldo participou de dois projetos coletivos produzidos no exterior: os CDs ONDA SONORA – RED HOT + LISBON, minha (Arnaldo Antunes, Arto Lindsay e Davi Moraes), com a faixa Sem Você, de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, e FREEZONE 5: THE RADIO IS TEACHING MY GOLDFISH JU-JITSU, É que quando eu me toquei achei SSR/Crammed Discs, Bélgica (Arnaldo Antunes e Mitar Subotic), com a faixa Abraço. tão estranho Em 1999, produziu uma trilha sonora especialmente para a Cia. de Dança O Corpo, de , e outra para a performance A minha barba estava deste Teresa, do artista plástico Tunga. Arnaldo continua compondo, escrevendo e se apresentando... tamanho http://www.geocities.ws/afs4ever/arnaldohis01.htm

17 Será que eu falei o que ninguém ouvia? Será que eu escutei o que ninguém dizia? Eu não vou me adaptar, me adaptar Não vou me adaptar! Me adaptar!

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia Eu não encho mais a casa de alegria Os anos se passaram enquanto eu dormia E quem eu queria bem me esquecia Ilustração 10: Capa do LP/CD dos Titãs. Disponível em: Será que eu falei o que ninguém ouvia? http://2.bp.blogspot.com/-XE-e21jwB4c/TwItxfM UDRI/AAAAAAAALbA/Qo0UZp2TfJc/s1600/Tit %25C3%25A3s%2B-%2BTelevis %25C3%25A3o%2B%2528Capa%2BOficial Será que eu escutei o que ninguém dizia? %2Bdo%2B%25C3%2581lbum%2529%2B %255Bwww.coverbrasil-leko017.blogspot.com Eu não vou me adaptar, me adaptar %255D.jpg Não vou me adaptar! Texto 1: Televisão, disco em que saiu a música ... Não vou me adaptar

Arnaldo Antunes

Professor(a),

A letra completa da música pode ser acessada no endereço: http://www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_todas.php? page=4&filtro=

Questões que poderão ser feitas aos alunos durante a interação:

a) O que você sentiu ao ouvir a música “Não vou me adaptar”, dos Titãs?; b) Para você, qual é o assunto da música?; c) Poderão ser feitos questionamentos sobre trechos da música, como por exemplo: O que o autor quis dizer com esses

18 versos: Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia, Eu não encho mais a casa de alegria. Os anos se passaram enquanto eu dormia?

Você também poderá (deve) elaborar questões que lhe pareçam mais pertinentes e que façam os alunos se aprofundarem mais na interpretação e compreensão da letra da música e que promova a interação entre eles.

Mude

Mude, mas comece devagar, Edson Marques Escritor e poeta porque a direção é mais importante Estrategista. Autor dos livros que a velocidade. "Mude", "Solidão a Mil", "Teoria do Acaso", "Manual da Separação" e "Cooperativa de Trabalho", entre outros. Estudou Filosofia na USP. Consultor. Criador da Xtratego Sente-se em outra cadeira, Ferment. Site: www.EdsonMarques.com /// Autor do no outro lado da mesa. poema Mude, muitas vezes atribuído erradamente a , Pedro Mais tarde, mude de mesa. Bial e Paulo Coelho, etc. Tal poema foi publicado em livro pela Pandabooks, com prefácio de . E também gravado na faixa 4 do CD Filtro Ilustração 11: Solar do Pedro Bial. "Mude, mas Quando sair, http://3.bp.blogspot. comece devagar, porque a direção é com/-nXYCqJ9sWXs mais importante que a velocidade, procure andar pelo outro lado da rua. etc." /// Enfim, é sou bisneto da /T1dDhb2HLGI/AAA rebeldia, neto da emoção, filho da Depois, mude de caminho, AAAAAI4c/eiiv8WK loucura, irmão do desejo, primo do wOYE/s1600/edson prazer, amigo da liberdade e amante de marquesnivi.gif todos os meus amores... /// No fundo, ande por outras ruas, eu amo a liberdade como se não pudesse amar outra coisa: no céu da calmamente, minha boca não há fogos de artifício: só estrelas! observando com atenção http://www.blogger.com/profile/08662587379580774998 os lugares por onde você passa.

Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos,

19 escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.

Tente o novo todo dia. o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor. a nova vida.

...

Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.

Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.

20 Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!

Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!

Edson Marques

Professor(a),

O poema completo pode ser acessado no endereço: http://www.edsonmarques.com/p/mude.html

Questões que poderão ser feitas aos alunos durante a interação:

Qual é o assunto presente no poema Mude? Você acha que a mudança é uma constante no ser humano, em todas as fases de sua vida? O que você mudaria em si mesmo? Sobre que tipo de mudança o poema fala?

21 Você também poderá (deve) elaborar questões que lhe pareçam mais pertinentes e que façam os alunos se aprofundarem mais na interpretação e compreensão do poema e que promova a interação entre eles.

Vídeo do Youtube

Animação francesa da Ecole Supérieure des Métiers Artistiques (E.S.M.A.) conta a história de um menino que age de forma diferente dos seus conterrâneos. Em um mundo onde todos são iguais, e agem ordenadamente e sem criatividade, uma criança age de forma espontânea e causa incômodo. Ele é, então, expulso do planeta altamente regrado. O filme é subjetivo e não leva o espectador a tirar uma conclusão limitada, existem múltiplas possibilidades de interpretação.

Ex Et

Ilustração 12: http://www.youtube.com/watch?v=XyYM-lFwsOI

22 Professor(a),

O vídeo pode ser acessado no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=XyYM-lFwsOI

Questões que poderão ser feitas aos alunos durante a interação:

Você acha que um mundo como do Ex-Et seria possível? O que é que mais lhe chamou a atenção neste vídeo? Neste caso apresentado no vídeo, as “mudanças” acontecem de que formas?

Você também poderá (deve) elaborar questões que lhe pareçam mais pertinentes e que façam os alunos se aprofundarem mais na interpretação e compreensão do vídeo e que promova a interação entre eles.

23 3.3 Capítulo III

Neste capítulo é o conto que estará em evidência. Iniciaremos com a leitura de quatro contos de escritores conhecidos, alguns renomados: Carlos Drummond de Andrade, Luís Fernando Veríssimo, Dalton Trevisan e Ricardo Azevedo. Continuaremos com debates/discussões componentes do texto, partes do texto e desenvolvimento da história. Na terceira aula faremos a escolha de um conto e exposição/interpretação do motivo de tê-lo escolhido. No quarto momento realizaremos uma oficina sobre a utilização do programa Windows Moviemaker, para posterior produção de um vídeo. Nas aulas finais serão realizadas apresentações/vídeos do conto ou trecho do conto lido pelos grupos.

Tema

O Conto e algumas de suas possibilidades

Objetivo

1. Ler e analisar diversos contos; 2. Identificar partes/características do conto; 3. Argumentar e articular oralmente; 4. Sintetizar e apresentar um dos textos lidos.

Recursos

Textos impressos; Data Show/TV Multimídia; Vídeos do Youtube; Tutorial para utilização do MovieMaker.

24 Tempo Previsto

Seis aulas

Organização do trabalho

Leitura individual dos textos. Identificação de partes e características dos contos. Discussão/debate sobre os temas e personagens presentes nos textos, música e filme. Poderão ser formados duplas ou grupos para apresentarem suas impressões/conclusões sobre o texto/filme lido/visto.

Metodologia

Na primeira aula serão distribuídos os quatro textos (contos) para leitura em sala de aula. No segundo momento serão exibidos vídeos de filmes curta metragem ou dramatizações encontradas no Youtube, que sejam baseadas em alguns dos contos e será realizada uma discussão/debate sobre as personagens, o tema de cada textos e o conflito. Poderão ser levantados pelo professor questões norteadoras sobre o enredo, o tempo, e conflito e clímax nas histórias retratadas. Na terceira aula serão realizadas apresentações, onde, os alunos que se prontificarem, ou que sejam instigados pelo professor, deverão escolher entre os contos apresentados e realizar a sua interpretação/exposição sobre o que achou do mesmo e o porquê de tê-lo escolhido e no final da aula será solicitado que preparem uma apresentação sobre um dos contos lidos, que pode ser uma síntese do grupo, uma apresentação (que pode ser a produção de um vídeo ou dramatização) do conto todo ou um trecho do conto para ser exibido nas aulas finais. Na quarta aula será feita uma minioficina sobre como utilizar o aplicativo Windows Moviemaker para editar vídeos, para que os grupos que decidirem fazer o vídeo possam ter uma noção de como fazê-lo.

25 Quinta e sexta aulas: apresentação dos contos.

Conto

Segundo André Fiorussi “Um conto é uma narrativa curta. Não faz rodeios: vai direto ao assunto. No conto tudo importa: cada palavra é uma pista. Em uma descrição, informações valiosas; cada adjetivo é insubstituível; cada vírgula, cada ponto, cada espaço – tudo está cheio de significado. […]” (FIORUSSI, 2003. p. 103). Deve ter, por tratar-se de um textos essencialmente narrativo, personagem(ens), tempo, enredo e espaço. Existem contos que são um tanto extensos e até são divididos em partes (capítulos, por exemplo), mas este é somente um dos pontos em que há divergência para ser caracterizar um texto como um conto.

26 Uma Vela para Dario

Dario vinha apressado, guarda- Dalton Trevisan Escritor brasileiro chuva no braço esquerdo e, assim que Biografia dobrou a esquina, diminuiu o passo até Dalton Trevisan (1925) é um escritor brasileiro. Recebeu o parar, encostando-se à parede de uma Premio Camões de 2012, pela importância no gênero do conto. O casa. Por ela escorregando, sentou-se maior contista brasileiro contemporâneo. Recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, na calçada, ainda úmida de chuva, e pelo conjunto de sua obra. A publicação do seu livro "O Vampiro de descansou na pedra o cachimbo. Curitiba" (1965) lhe valeu o apelido, por causa de seu temperamento Dois ou três passantes rodea- recluso. Ilustração 13: Dalton Trevisan (1925) ram-no e indagaram se não se sentia http://imgsapp.imp nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 14 de junho. Formou-se em Direito resso.em.com.br/a pela Faculdade de Direito do Paraná. bem. Dario abriu a boca, moveu os lá- pp/da_impresso_1 Exerceu a advocacia durante sete 30686904244/2013 anos. Liderou em Curitiba o grupo bios, não se ouviu resposta. O senhor /09/28/91621/res20 literário que publicava a revista Joaquim, tornando-se porta voz de gordo, de branco, sugeriu que devia 130926153728912 vários escritores. Publicou na Revista 310e.jpg seus primeiros livros de ficção sofrer de ataque. "Sonata ao Luar" (1945) e "Sete Anos de Pastor" (1946). Ao longo de muitos anos produziu textos sem Ele reclinou-se mais um pouco, publicá-los. A partir de 1954, publicava seus contos em forma de folhetos, à moda da literatura de cordel, onde registrava o estendido agora na calçada, e o ca- cotidiano notadamente situado na metrópole curitibana. Publicou "Guia Histórico de Curitiba" e "Crônicas da Província chimbo tinha apagado. O rapaz de bi- de Curitiba". Sua carreira teve início depois de merecer destaque gode pediu aos outros que se afastas- no I Concurso Nacional de Contos do Paraná. Ganhou repercussão nacional a partir de 1959, com a publicação de "Novelas Nada Exemplares", que reunia quase duas décadas sem e o deixassem respirar. Abriu-lhe de produção literária. Recebeu pela obra, o Prêmio Jabuti de Câmara Brasileira do Livro. o paletó, o colarinho, a gravata e a cin- Dedicado exclusivamente ao conto, só teve um romance publicado "A Polaquinha" (1985). Em 1996 recebeu o ta. Quando lhe retiraram os sapatos, Prêmio Ministério da Cultura de Literatura, pelo conjunto de sua obra. Em 2003 dividiu com Bernardo de Carvalho o Iº Dario roncou feio e bolhas de espuma Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, com o livro "Pico na Veia". Dalton Trevisan foi o vencedor da 24ª edição do surgiram no canto da boca. Prêmio Camões de 2012. Anunciado no dia 21 de maio, foi eleito por unanimidade pelo juri, pela importância no gênero do Cada pessoa que chegava er- conto. O Prêmio Camões é uma das maiores honrarias para autores da língua portuguesa. É uma parceria entre os guia-se na ponta dos pés, embora não governos do Brasil e de Portugal, e a cada ano acontece em um dos dois países. o pudesse ver. Os moradores da rua Publicou também "Morte na Praça" (1964), "Cemitério de Elefantes" (1964), "A Guerra Conjugal" (1969), "Crimes da Paixão" (1978), "Ah, É" (1994), "O Maníaco do Olho conversavam de uma porta à outra, as Verde" (2008), "Violetas e Pavões" (2009), "Desgracida" (2010), "O Anão e a Nifesta" (2011), entre outras. crianças foram despertadas e de pija- http://www.e-biografias.net/dalton_trevisan/ ma acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo

27 ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las. …

Dalton Trevisan

Vídeos do Youtube Causos da Literatura - Uma vela para Dario: http://www.youtube.com/watch? feature=player_detailpage&v=1qrh5qpaj2o

Uma Vela para Dario - Trabalho de Redação: http://www.youtube.com/watch? v=FS8xUOBZwF4

28 A doida

A doida habi- Carlos Drummond de Andrade Poeta brasileiro tava um chalé no Biografia: centro do jardim Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) foi poeta brasileiro. "No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra maltratado. E a rua no meio do caminho". Este é um trecho de uma das poesias de Drummond, que marcou o 2º Tempo do Modernismo no Brasil. Foi descia para o córre- um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira de Mato Dentro, interior de Minas Gerais. Filho de Carlos go, onde os meni- de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade, proprietários rurais decadentes. Estudou no colégio interno em nos costumavam , em 1916. Doente, regressa para Itabira, onde passa a ter aulas particulares. Em 1918, vai estudar em Nova banhar-se. Era só Friburgo, Rio de Janeiro, também no colégio interno. Ilustração 14: Em 1921 começou a publicar artigos no Diário de Minas. aquele chalezinho, Em 1922 ganha um prêmio de 50 mil réis, no Concurso da Novela http://cdn.teckler.c Mineira, com o conto "Joaquim do Telhado". Em 1923 matricula-se à esquerda, entre o om/images/Zenca/ no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de 0101b496cf4b76b7 Belo Horizonte. Em 1925 conclui o curso. Nesse mesmo ano f2b30db208cdb15b casa-se com Dolores Dutra de Morais. Funda "A Revista", veículo barranco e um chão do Modernismo Mineiro. .jpg Drummond leciona português e Geografia em Itabira, abandonado; à di- mas a vida no interior não lhe agrada. Volta para Belo Horizonte, emprega-se como redator no Diário de Minas. Em 1928 publica "No Meio do Caminho", na reita, o muro de um Revista de Antropofagia de São Paulo, provocando um escândalo, com a crítica da imprensa. Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de "tinha uma pedra" em lugar de "havia uma pedra". grande quintal. E na Ainda nesse ano, ingressa no serviço público. Foi auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior de Minas. rua, tornada maior Em 1930 publica o volume "Alguma Poesia", abrindo o livro com o "Poema de Sete Faces", que se tornaria um dos seus poemas mais conhecidos: "Mundo mundo vasto pelo silêncio, o bur- mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução". Faz parte do livro também, o polêmico "No Meio do Caminho", "Cidadezinha Qualquer" e Quadrilha". ro pastava. Rua Em 1934 muda-se para o Rio de Janeiro, vai trabalhar com o Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Em 1940 publica "Sentimento do Mundo" influenciado pela Segunda Guerra Mundial. Em 1942 publica seu primeiro livro de prosa, "Confissões de cheia de capim, pe- Minas". Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional. dras soltas, num de- Em 1946, foi premiado pela Sociedade Felipe de Oliveira, pelo conjunto da obra. O modernismo exerceu grande influência em Carlos Drummond de Andrade. O seu estilo clive áspero. Onde poético era permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante da vida, e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos existenciais", e os transformava estava o fiscal, que em poemas com incrível maestria. A poesia de Carlos Drummond de Andrade era facilmente entendida e captada pelo grande público, o que o tornou poeta popular, o que não quer dizer que seus poemas não mandava ca- fossem superficiais. A Rosa do Povo é um poema muito conhecido e comentado. A rosa nesse poema funciona como metáfora do entendimento universal, dos valores da piná-la? democracia e da liberdade, valores típicos da modernidade no século 20. Carlos Drummond de Andrade foi também tradutor de autores como Balzac, Federico Garcia Lorca Os três garo- e Molière. Em 1950, viaja para a Argentina, para o nascimento de seu primeiro neto, filho de tos desceram ma- Julieta, sua única filha. Nesse mesmo ano estréia como ficcionista. Em 1962 se aposenta do serviço público mas sua produção poética não para. Os anos 60 e 70 são produtivos. Escreve também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar os 40 nhã cedo, para o anos do poema "No Meio do Caminho" Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no volume "Uma Pedra no Meio do Caminho - Biografia de Um Poema". Em 1987 banho e a pega de escreve seu último poema "Elegia de Um Tucano Morto". Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de passarinho. Só com 1987, doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. essa intenção. Mas http://www.e-biografias.net/carlos_drummond/ era bom passar pela

29 casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoados. Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandade. E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a lapidar a doida, isolada e agreste no seu jardim. Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado, numa das janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera. …

Carlos Drummond de Andrade

30 Voltando da escola pra casa

O menino estava voltando a pé da escola. A vida para ele parecia uma coisa sempre igual. Chegar em casa, comer, fazer lição, brincar, tomar banho, jantar, dor- mir, acordar. No dia seguinte, tudo a mesma coisa outra vez.

Ricardo Azevedo Um ruído veio de um terreno Escrito, ilustrador e compositor Biografia: baldio. Parecia uma voz. Por entre as Escritor de literatura folhagens, o menino viu um cachorro infantojuvenil, ilustrador, pesquisador e publicitário. Filho de Aroldo de Azevedo - professor da Faculdade de Geografia da cobrindo o focinho com as patas. O Universidade de São Paulo (USP) e autor de livros didáticos. Estuda no colégio bicho, de repente, resmungou: alemão Visconde de Porto Seguro, então localizado na Praça Roosevelt, local que - Isso não podia ter aconteci- se transforma no cenário de alguns de seus livros. Ingressa, em 1970, na do! Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), mas no ano seguinte opta pelo O cabelo do menino ficou duro Ilustração 15: curso de comunicação visual da http://4.bp.blogs Faculdade de Artes Plásticas. Faz estágio feito arame. Saiu correndo, mas pa- em uma agência de propaganda nos pot.com/_rkGKv departamentos de redação e de criação. rou. Onde já se viu cachorro falar? nj3Ze4/S73R8JS Forma-se em 1974 e passa a trabalhar kmlI/AAAAAAAA como redator. Paralelamente trabalha Deu risada de si mesmo. Já estava ABo/juA8BKvcd também com ilustrações, direção de arte e projetos visuais. Começa a redigir ainda bQ/s320/ricardo muito jovem, em 1967, aos 17 anos, quase na 4a série. Sabia escrever, escreve Um Autor de Contos para Crianças, publicado em 1982 com o título Um Homem no Sótão. Estreia como autor e ilustrador ler e fazer contas. Aquilo só podia ser em 1980, com O Peixe que Podia Cantar. A partir de 1983, dedica-se mais à literatura e à ilustração do que aos trabalhos de alguma confusão. publicidade. Desenvolve então pesquisas sobre folclore e contos populares, e retoma os estudos acadêmicos. Ingressa no curso Deu meia-volta e passou de de mestrado no Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que conclui em 1998, com a novo pelo terreno baldio. O cachorro dissertação Como o Ar Não Tem Cor, se o Céu É Azul? - Vestígios dos Contos Populares na Literatura Infantil. Em 2004, apresenta o agora estava andando de um lado trabalho Abençoado e Danado do Samba: Um Estudo sobre as Formas Literárias Populares - O Discurso da Pessoa, das para o outro dizendo: Hierarquias, do Contexto, do Senso Comum e da Folia, recebendo o título de doutor na mesma instituição. Como - Não, não e não! professor convidado em cursos de especialização em arte-educação e literatura, ministra palestras e escreve artigos abordando questões referentes à formação de leitores e ao uso Quase sem respirar, o menino da literatura de ficção na escola. Autor, na maioria das vezes, dos desenhos de seus próprios livros, Azevedo ilustra também textos chegou mais perto. de outros autores. Compõe ainda letras de músicas, algumas publicadas em Feito Bala Perdida, juntamente com outros Foi quando o animal gritou: poemas. - É a pior desgraça que podia http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.c fm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5332 ter acontecido em minha vida! O menino sabia que aquilo era impossível. Mesmo assim, sentiu pena do ca- chorro, um bicho não muito grande com o focinho sujo de terra.

31 O animal soltou um uivo tão sem esperança que o menino entrou no mato e perguntou se ele estava precisando de alguma coisa. Dois olhos surpresos examinaram o menino de alto a baixo. Depois, o bicho encolheu-se, escondendo o rosto com as patas. O menino sentou-se e acariciou aquela cabeça peluda. - Se eu contar o que acabo de descobrir hoje - disse o animal -, você não vai acreditar. E continuou falando devagarinho: - Faz tempo, conheci uma cachorra linda. Eu estava fazendo xixi num poste. Ela passou. Abanei o rabo. Ela também. Foi amor à primeira vista. O menino não conseguia piscar os olhos. - No fim - continuou ele - a gente acabou se casando. A cachorra era viúva e tinha uma filha já grandinha. Cuidei dela como se fosse minha própria filha. Um dia, meu pai veio me visitar. Ele também era viúvo. Só sei que os dois gostaram um do outro, namoraram e casaram. O menino queria fugir e ficar. …

Ricardo Azevedo

32 A verdade

Uma donzela Luis Fernando Veríssimo Escritor brasileiro estava um dia sentada Biografia

à beira de um riacho Luis Fernando Veríssimo (1936) é escritor brasileiro. Famoso por suas crônicas e contos de humor. É também deixando a água do ri- jornalista, tradutor, roteirista de programas para televisão e músico. É filho do escritor Érico Veríssimo. Luís Fernando Veríssimo (1936) nasceu em Porto acho passar por entre Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 26 de setembro de 1936. Filho do escritor Érico Veríssimo e de Mafalda Halfen Volpe. Em 1941 os seus dedos muito sua família foi morar nos Estados Unidos, onde fez o curso primário em São Francisco e Los Angeles. Fez o curso brancos, quando sen- secundário no Roosevelt High School, em Washington. Ilustração 16: Desenvolveu o gosto pelo Jazz, chegando a ter aulas de tiu seu anel de dia- http://renatofelix saxofone. Em 1956, de volta ao Brasil, retornou para Porto .files.wordpress. Alegre, onde começou a trabalhar na Editora Globo, no mante ser levado pe- com/2010/11/luis departamento de arte. Em 1960 passou a integrar o conjunto las águas. Temendo o -fernando-verissi musical Renato e seu Sexteto. Mudou-se para o Rio de Janeiro, mo.jpg onde trabalhou como tradutor e redator publicitário. Em 1963 casou-se com a carioca Lúcia Helena Massa , com quem teve castigo do pai, a don- três filhos. Em 1967, voltou para Porto Alegre, ingressou no jornal Zero Hora, zela contou em casa trabalhando como revisor de textos. A partir de 1969 passou a assinar sua própria coluna diária. No mesmo ano passou a redigir para a agência de publicidade MPM Propaganda. que fora assaltada por Entre 1970 e 1975 trabalhou no jornal Folha da Manhã, escrevendo sobre esporte, música, cinema, literatura e política. Seus contos eram sempre bem um homem no bosque humorados. Em 1973 publicou "O Popular", uma coletânea de textos já publicados nos jornais onde trabalhava. e que ele arrancara o Em 1975 retornou ao jornal Zero Hora e passou a escrever para o Jornal do Brasil. Nesse mesmo ano publicou "A Grande Mulher Nua". Em 1979 publica "Ed Mort e anel de diamante do Outras Histórias", livro de crônicas, cujo personagem viria a ser um dos mais populares de sua obra. Entre 1980 e 1981 morou em Nova Iorque, época em que escreveu "Traçando Nova Iorque". seu dedo e a deixara Luís Fernando Veríssimo lança em 1981, na Feira do Livro de Porto Alegre, o livro de crônicas "O Analista de Bagé", que se esgotou em dois dias. Entre 1982 e desfalecida sobre um 1989, foi redator semanal, com artigos bem humorados, para a revista Veja. Em 1994 publica "Comédias da Vida Privada", que foi adaptada para minissérie na televisão. Em canteiro de margari- 1995 passou a integrar o grupo Jazz 6, que lançou os CDs "Agora é Hora" (1997, "Speak Low" (2000), "A Bossa do Jazz" (2003) e "Four" (2006). das. Em 2003, seu livro "Clube dos Anjos", na versão em inglês (The Club of Angels), foi escolhido pela New York Public Library, um dos 25 melhores livros do ano. Em 2004 recebeu o Prix Deus Oceans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz, O pai e os ir- França. Recebeu o prêmio Juca Pato e foi considerado o Intelectual do ano pela União Brasileira de Escritores em 1997. mãos da donzela fo- No dia 21 de novembro de 2012, o escritor foi internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, em consequência do agravamento de uma gripe do tipo ram atrás do assaltan- influenza A. Durante 24 dias de internação, 12 foram passados na UTI. Já recuperado, recebeu alta no dia 14 de dezembro. No dia 3 de janeiro, escreve sua primeira coluna te e encontraram um para o jornal Estado de São Paulo. homem dormindo no http://www.e-biografias.net/luis_fernando_verissimo/ bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse:- Agora me lembro, não era um homem, eram dois. [...]

Luís Fernando Veríssimo

33 Professor(a),

Os contos completos podem ser acessados nos endereços:

Uma Vela para Dario: http://www.releituras.com/daltontrevisan_dario.asp A doida: http://www.educacional.com.br/upload/blogsite/3765/3765501/4624/adoida.do c Voltando da escola pra casa: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/voltando-escola-pra-casa-6342 37.shtml A verdade: http://luizfverissimo.blogspot.com.br/2008/09/galera.html

Questões que poderão ser feitas aos alunos durante as interações:

a) Qual o enredo do conto?; b) Qual é a duração (tempo) dos acontecimentos neste conto?; c) Poderão ser feitos questionamentos sobre conflito e clímax e de trechos dos contos.

Você também poderá (deve) elaborar questões que lhe pareçam mais pertinentes e que façam os alunos se aprofundarem mais na interpretação, compreensão e análise das características do conto e que promova a interação entre eles. Poderá, também, utilizar outros contos que conheça e ache interessantes de serem trabalhados nesta unidade, devendo fazer apenas a adequação das aulas/sequência didática.

34 3.4 Capítulo IV

Neste capítulo é a crônica que estará em evidência. Iniciaremos com uma atividade de conceituação de crônica suas classificações. Na segunda aula realizaremos a leitura de seis crônicas de escritores conhecidos, alguns renomados: , Luís Fernando Veríssimo, , , Raquel de Queiroz e Carlos Heitor Cony, fazendo, juntamente com a leitura, breve explicações das características desta tipologia textual e onde é publicado. No terceiro momento serão distribuídos livros com seleções de crônicas para verificação de caracterização da tipologia das crônicas lidas. Na quarta aula serão realizadas leituras e verificações das crônicas em jornais e revistas que os alunos trarão para este fim, que deverão ser apresentadas aos demais colegas. Continuaremos com debates/discussões sobre os componentes do texto, partes do texto e desenvolvimento da história. Nas quartas e quintas aulas serão organizados os grupos e as apresentações das crônicas lidas aos colegas. Na última aula (sexta), cada grupo apresentará um comentários/síntese da crônica que selecionou em um jornal ou revista.

Tema

A crônica e suas possibilidades

Objetivo

1. Ler e analisar diversas crônicas; 2. Identificar partes/características da crônica; 3. Argumentar e articular oralmente; 4. Sintetizar e apresentar um dos textos lidos.

35 Recursos

Textos impressos; Data Show/TV Multimídia; Livros e revistas.

Tempo Previsto

Seis aulas

Organização do trabalho

Leitura individual e coletiva dos textos. Verificação das características de uma crônica. Serão formadas duplas ou trios para apresentação de uma síntese/críticas sobre uma das crônicas lidas em aulas anteriores.

Metodologia

Na primeira aula serão trabalhados, com o auxílio da TV Multimídia, do retroprojetor e de cópias de algumas crônicas, o conceito de crônica e suas diversas classificações. Na segunda aula serão distribuídos seis textos (crônicas) para leitura em sala de aula e uma breve explanação sobre as características desta tipologia textual (narrativa geralmente curta, descreve fatos do cotidiano, personagens comuns, tempo cronológico determinado, oralidade e coloquialismo na fala dos personagens, linguagem simples), se foi publicado em jornal ou revista. Na terceira aula serão distribuídos livros (previamente selecionados) com crônicas, para leitura e discussão em sala de aula: encontrar as características já citadas e dos tipos de crônicas que existem (de humor, jornalísticas, esportiva,

36 políticas). Poderão ser levantados pelo professor(a) questões norteadoras sobre qual fato cotidiano foi descrito, o tempo, se houve uso de coloquialismo nas falas das personagens, etc. No final da terceira aula será solicitado que tragam, para a próxima aula, jornais e revistas com crônicas, para leitura e discussão em sala. Na quarta e quinta aulas serão formados duplas ou trios para que que leiam, escolham e preparem a apresentação de uma das crônicas lidas, nos jornais ou revistas, para os demais alunos, onde poderão ler um trecho da crônica e fazer uma síntese/comentário sobre a mesma, se gostaram ou não, se algo lhes chamou a atenção na história... enfim, fazer uma crítica em relação ao texto lido. As apresentações ficarão para o sexto momento.

Crônica

Originária da palavra grega "chronos", que significa tempo, a palavra "crônica" nos dá uma ideia de tempo e memória, portanto mantém íntima relação com o passado. Nas crônicas, um cronista procura relatar acontecimentos vividos em seu tempo e a partir de sua ótica, muitas vezes bastante peculiar/particular. Umas das definições de crônica como gênero é que se trata de texto narrativo que relata fatos e acontecimentos tais como ocorreram num determinado momento, sejam estes históricos ou do cotidiano. Diz-se também que é uma narrativa curta, escrita essencialmente para ser veiculada na imprensa (jornais e revistas) e que se confunde com outros gêneros textuais, sendo muitas vezes "classificada" como conto.

37 Um braço de mulher

Subi ao avião com Rubem Braga Cronista e jornalista brasileiro indiferença, e como o dia Biografia não estava bonito, lancei Rubem Braga (1913-1990) foi cronista e jornalista brasileiro. Tornou-se famoso como cronista de apenas um olhar distraído jornais e revistas de grande circulação no país. Foi correspondente de guerra na Itália e Embaixador do a essa cidade do Rio de Brasil em Marrocos. Rubem Braga (1913-1990) nasceu em Janeiro e mergulhei na lei- Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, no dia 12 de janeiro de 1913. Iniciou seus estudos em sua cidade tura de um jornal. Depois natal, depois vai para Niterói, Rio de Janeiro, onde concluiu o ginasial no Colégio Salesiano. Em 1929, fiquei a olhar pela janela e escreve suas primeiras crônicas para o jornal Correio do Sul. Ingressa na Faculdade de Direito do Rio de não via mais que nuvens, Ilustração 17: Janeiro. Transfere-se para Belo Horizonte, onde conclui o curso, em 1932. http://www.folhadon e feias. Na verdade, não orte.com.br/site/foto Entre os meses de julho e outubro de 1932, s/200606121618280 vai para São Paulo, trabalhando para os Diários estava no céu; pensava .rubem_braga.JPG Associados, cobrir a Revolução Constitucionalista, que tinha o objetivo de derrubar o governo de Getúlio coisas da terra, minhas Vargas. Sofreu várias represálias, foi preso e em seguida forçado a peregrinar por várias cidades do Brasil. Muda-se para Recife, onde dirige as crônicas policiais do pobres, pequenas coisas. jornal, Diário de Pernambuco. Rubem Braga lançou em 1936, seu primeiro livro de crônicas "O Conde Uma aborrecida sonolên- e o Passarinho". Em 1944, foi à Itália como correspondente, na Segunda Guerra Mundial. Nesse mesmo ano escreveu "O Morro do Isolamento". Tornou-se famoso cia foi me dominando, até como cronista de jornais e revistas de grande circulação. Visitou países da América e da Europa, foi embaixador em Marrocos. Morando no Rio de Janeiro, que uma senhora nervosa escreveu crônicas para um jornal. Escreveu ainda, "Ai de Ti, Copacabana" (1960), "As Boas Coisas da Vida" (1988), entre outras obras. Rubem Braga faleceu, no ao meu lado disse que Rio de Janeiro, no dia 19 de dezembro de 1990. "nós não podemos des- http://www.e-biografias.net/rubem_braga/ cer!". O avião já havia chegado a São Paulo, mas estava fazendo sua ronda dentro de um nevoeiro fechado, à espera de ordem para pousar. Procurei acalmar a senho- ra. Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se abanava com uma revista. Tentei convencê-la de que não devia se abanar, mas acabei achando que era melhor que o fizesse. Ela precisava fazer alguma coisa, e a única providência que aparentemente podia tomar naquele momento de medo era se abanar. Ofereci-lhe meu jornal dobrado, no lugar da revista, e ficou muito grata, como se acreditasse que, produzindo mais vento, adquirisse maior eficiência na sua luta contra a morte. Gastei cerca de meia hora com a aflição daquela senhora. Notando que uma sua amiga estava em outra poltrona, ofereci-me para trocar de lugar, e ela aceitou. Mas esperei inutilmente que recolhesse as pernas para que eu pudesse sair de meu

38 lugar junto à janela; acabou confessando que assim mesmo estava bem, e preferia ter um homem — "o senhor" — ao lado. Isto lisonjeou meu orgulho de cavalheiro: senti-me útil e responsável. Era por estar ali eu, um homem, que aquele avião não ousava cair. Havia certamente piloto e co-piloto e vários homens no avião. Mas eu era o homem ao lado, o homem visível, próximo, que ela podia tocar. E era nisso que ela confiava: nesse ser de casimira grossa, de gravata, de bigode, a cujo braço acabou se agarrando. Não era o meu braço que apertava, mas um braço de homem, ser de misteriosos atributos de força e proteção. Chamei a aeromoça, que tentou acalmar a senhora com biscoitos, chicles, cafezinho, palavras de conforto, mão no ombro, algodão nos ouvidos, e uma voz suave e firme que às vezes continha uma leve repreensão e às vezes se entremeava de um sorriso que sem dúvida faz parte do regulamento da aeronáutica civil, o chamado sorriso para ocasiões de teto baixo. …

Rubem Braga

39 Os idiotas confessos

Antigamente, o idiota era o idio- Nelson Rodrigues Escritor brasileiro ta. Nenhum ser tão sem mistério e re- Biografia pito: — tão cristalino. O sujeito o identi- Nelson Rodrigues (1912-1980) foi um escritor, jornalista ficava, a olho nu, no meio de milhões. e dramaturgo brasileiro. Foi autor de peças conhecidas como “Vestido de E mais: — o primeiro a identificar-se Noiva”. Revolucionou a forma de escrever o teatro brasileiro. Nelson Falcão Rodrigues como tal era o próprio idiota. Não sei nasceu no Recife e mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro. se me entendem. No passado, o mari- Começou a trabalhar ainda cedo, numa redação de jornal. Em 1941, do era o último a saber. Sabiam os vi- escreveu a peça “A Mulher Sem Ilustração 18: Pecado”. Mas a grande revolução no zinhos, os credores, os familiares, os teatro se deu com a peça “Vestido de http://newsfut.files. Noiva”. O texto apresentava uma wordpress.com/201 nova de escrita teatral, com ações conhecidos e os desconhecidos. Só 2/08/nelson-rodrig simultâneas em tempos diferentes e a ues-foto-divulgaca existência de três planos (realidade, ele, marido, era obtusamente cego memória e alucinação). o_lanima20120822 Sua obra se divide em para o óbvio ululante. _0112_26.jpg peças psicológicas (suas primeiras peças), mitológicas (“Anjo Negro”, Sim, o traído ia para as esqui- álbum de Família”) e as tragédias cariocas (“A Falecida” e o “Beijo no Asfalto”). O teor de suas peças eram questões relacionadas ao sexo, incesto, tabus, virgindade, traição, nas, botecos e retretas gabar a infiel: moralismo e obsessões variadas. Nelson Rodrigues escreveu ainda romances como — “Uma santa! Uma santa!”. Mas o "Meu Destino é Pecar” “O Casamento”. Em 1968, publicou o conjunto de crônicas escritas: “As Confissões de Nelson tempo passou. Hoje, dá-se o inverso. Rodrigues” e “O óbvio Ululante”. Morreu no Rio de Janeiro de complicações O primeiro a saber é o marido. Pode cardio-respiratórias. fingir-se de cego. Mas sabe, eis a ver- http://www.e-biografias.net/nelson_rodrigues/ dade, sabe. Lembro-me de um que sabia endereço, hora, dia etc. etc. Pois o idiota era o primeiro a saber-se idiota. Não tinha nenhuma ilusão. E uma das cenas mais fortes que vi, em toda a minha infância, foi a de uma autoflagelação. Um vizinho berrava, atirando rútilas patadas: — “Eu sou um quadrúpede!”. Nenhuma objeção. E, então, insistia, heróico: — “Sou um quadrúpede de 28 patas!”. Não precisara beber para essa extroversão triunfal. Era um límpido, translúcido idiota. E o imbecil como tal se comportava. Nascia numa família também de imbecis. Nem os avós, nem os pais, nem os tios, eram piores ou melhores. E, como todos eram idiotas, ninguém pensava. Tinha-se como certo que só uma pequena e seletíssima elite podia pensar. A vida política estava reservada aos “melhores”. Só os “melhores”, repito, só os “melhores” ousavam o gesto político, o ato político, o

40 pensamento político, a decisão política, o crime político. Por saber-se idiota, o sujeito babava na gravata de humildade. Na rua, deslizava, rente à parede, envergonhado da própria inépcia e da própria burrice. Não passava do quarto ano primário. E quando cruzava com um dos “melhores”, só faltava lamber-lhe as botas como uma cadelinha amestrada. Nunca, nunca o idiota ousaria ler, aprender, estudar, além de limites ferozes. No romance, ia até ao Maria, a desgraçada. …

Nelson Rodrigues

41 A Última Crônica

Fernando Sabino A caminho de Advogado, jornalista e escritore Biografia casa, entro num bote- Advogado, jornalista e escritor brasileiro nascido quim da Gávea para to- em Belo Horizonte, Minas Gerais, uma das mais ecléticas personalidade brasileira da segunda metade do século XX, cyja obra literária caracterizou-se pela capacidade de mar um café junto ao bal- explorar, com fino senso de humor, o lado pitoresco e poético de fatos cotidianos e personagens obscuros. Filho cão. Na realidade estou do representante comercial Domingos Sabino e de Odete Tavares Sabino, na infância e juventude, destacou-se como adiando o momento de escoteiro, locutor de programa infantil aos 12 anos e autor do primeiro conto ainda no secundário. Como atleta, aos 16 escrever. anos venceu vários campeonatos de nado de costas em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro e, aos 17 anos, começou A perspectiva me Ilustração 19: a escrever artigos literários para o jornal mineiro O Diário, onde também eram publicados , Paulo http://www.brasil Mendes Campos e Hélio Pellegrino. Fez serviço militar na assusta. Gostaria de es- escola.com/image cavalaria do CPOR, estudou direito e aos 18 anos publicou ns/biografia/fernt seu primeiro livro de contos, Os grilos não cantam mais tar inspirado, de coroar sab.jpg (1941). Passou para o funcionalismo público (1942) na secretaria de Finanças, além de dar aulas de português. com êxito mais um ano Mudou-se para o Rio de Janeiro (1944), então capital federal, onde mantinha um emprego em um cartório e se firmou como colaborador de diversos jornais. Publicou A Marca (1944) pela José Olympioe passou a conviver com a nata nesta busca do pitoresco intelectual do então distrito federal, incluindo Rubem Braga, , Di Cavalcanti e . ou do irrisório no cotidia- Formou-se em direito (1946) e mudou-se para Nova York, nos Estados Unidos, para trabalhar no consulado brasileiro (1946-1948), experiência que no de cada um. Eu pre- resultou em A cidade vazia (1950), retrato da vida americana. Neste período iniciou uma longa cooperação com a imprensa brasileira, escrevendo para o 'Diário de tendia apenas recolher Notícias, o Diário Carioca, O Jornal, Jornal do Brasil e O Globo. Seu primeiro e mais importante sucesso literário foi o romance Encontro marcado (1956), lançado em vários países e levado diversas vezes ao teatro. Depois veio o roteiro do filme O da vida diária algo de seu homem nu (1960), com direção de Roberto Santos e com Paulo José, e outro livro de sucesso, A mulher do vizinho (1962). Foi adido cultural da embaixada do Brasil disperso conteúdo huma- em Londres (1964-1966) e fundou (1967), a Editora Sabiá, em sociedade com Rubem Braga, na qual publicou obras de autores como Vinicius de Moraes, Carlos no, fruto da convivência, Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Pablo Neruda e Manuel Puig. No início da década seguinte (1971) passa a exercer seus dotes de diretor de cinema, que a faz mais digna de realizando um curta sobre Rubem Braga e, no ano seguinte, em colaboração com Davi Neves, em Los Angeles, uma série de oito pequenos documentários sobre Hollywood para a TV Globo. Fundou a Bem-Te-Vi Filmes e produziu ser vivida. Visava ao cir- curtas-metragens sobre feiras internacionais em vários países. Participou da produção e direção de documentários sobre escritores brasileiros contemporâneos cunstancial, ao episódi- e voltou ao romance (1979) com O grande mentecapto, que lhe vale o prêmio Jabuti. co. Nesta perseguição do Depois vieram, entre outros, O menino no espelho (1982), O gato sou eu (1983), Macacos Me Mordam (1984), Faca de dois gumes (1985), Martini Seco acidental, quer num fla- (1987), De Cabeça para Baixo (1989), Zélia, uma paixão, a biografia autorizada da então toda poderosa do governo Fernando Collor, Zélia Cardoso de Mello (1991), O Bom Ldrão (1992), Aqui estamos todos nus (1993), Com a graça de Deus (1995), grante de esquina, quer Um Corpo de Mulher (1997), Amor de Capitu (1998), A chave do enigma (1999), Cara ou Coroa? (2000), Os Caçadores de Mentira (2003) e Os Movimentos nas palavras de uma cri- Simulados (2004). Depois de dois anos lutando contra um câncer no esôfago, foi internado em setembro na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, e ança ou num acidente morreu no Rio de Janeiro e foi enterrado no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio, no dia em que copletaria 81anos de idade. doméstico, torno-me sim- http://www.brasilescola.com/biografia/fernando-tavares-sabino.htm ples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último

42 poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. …

Fernando Sabino

43 A Velha Amiga

Conversávamos sobre Escritora brasileira saudade. E de repente me Biografia de Rachel de Queiroz: apercebi de que não tenho Rachel de Queiroz nasceu na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, no dia 17 de novembro saudade de nada. Isso inde- de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz. A sua bisavô materna era pendente de qualquer recor- prima de José de Alencar, a literatura além de estar presente em sua alma também estava no sangue. A sua família fugindo da seca nordestina dação de felicidade ou de tris- transfere-se para o Rio de Janeiro em julho de 1917. No mesmo ano viajam para o Belém do Pará teza, de tempo mais feliz, me- e depois de dois anos retornam para o Ceará. Em 1925, aos 15 anos de idade, se nos feliz. Saudade de nada. formou professora. Em 1927, com o pseudônimo de Ilustração 20: “Rita de Queluz” começa a escrever cartas para o Nem da infância querida, nem http://infograficos. jornal “O Ceará”. O diretor do jornal Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, Daniel de Queiroz, a convidou a estadao.com.br/upl colaborar no jornal. Rachel de Queiroz foi escolhida sequer das borboletas azuis, oads/galerias/2902 a “Rainha dos Estudantes”, premiação que ela /28745.jpg mesma questionava. Casimiro. O seu trabalho de colaboração no jornal se amplia e passa a organizar a página de literatura do jornal. Em 1930, Nem mesmo de quem esteve de repouso para tratar de um problema pulmonar, nesta época escreveu o livro “O Quinze” romance que descrevia sobre a seca no morreu. De quem morreu sin- nordeste. Seus pais patrocinaram a primeira edição do livro, perante o sucesso local a autora enviou o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, to é falta, o prejuízo da perda, recebendo o elogio de Mário de Andrade. Em 1932, casa-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira. a ausência. A vontade da pre- Nesta época o seu segundo romance “João Miguel” foi vetado pelo Partido Comunista, a escritora rompeu com o partido e lançou a obra sença, mas não no passado, pela editora Schmidt, no Rio de Janeiro. Em 1937, lançou “Caminho de Pedras”, pela editora José Olympio e sim presença atual. que a editaria até 1992. Durante o Estado Novo, seus livros foram queimados e a escritora é detida por três meses no quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza. Saudade será isso? Em 1939, divorcia-se de seu marido, lança o romance “As Três Marias” e em 1940 conhece o médico Oyama de Macedo, com quem vive Queria tê-los aqui, agora. Vol- até 1982. Torna-se cronista exclusiva da revista “O Cruzeiro” deixando de escrever para jornais. tar atrás? Acho que não, nem Em 1992, publica “Memorial de Maria Moura”, adaptada pela TV Globo em 1994, no formato de minissérie. Faleceu no dia 4 de novembro de com eles. 2003. A vida é uma coisa que http://www.infoescola.com/biografias/rachel-de-queiroz/ tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta. Uma dívida que se vai pagando todos os meses, todos os dias. Parece loucura lamentar o tempo em que se devia muito mais. Queria ter palavras boas, eficientes, para explicar como é isso de não ter saudades; fazer sentir que estou exprimindo um sentimento real, a humilde, a nua verdade. Você insinua a suspeita de que talvez seja isso uma atitude. Meu Deus, acha-me capaz de atitudes, pensa que eu me rebaixaria a isso? Pois então eu lhe digo que essa capacidade de morrer de saudades, creio que ela

44 só afeta a quem não cresceu direito; feito uma cobra que se sentisse melhor na pele antiga, não se acomodasse nunca à pele nova. Mas nós, como é que vamos ter saudades de um trapo velho que não nos cabe mais? Fala que saudade é sensação de perda. Pois é. E eu lhe digo que, pessoalmente, não sinto que perdi nada. Gastei, gastei tempo, emoções, corpo e alma. E gastar não é perder, é usar até consumir. E não pense que estou a lhe sugerir tragédias. Tirando a média, não tive quinhão por demais pior que o dos outros. Houve muito pedaço duro, mas a vida é assim mesmo, a uns traz os seus golpes mais cedo e a outros mais tarde; no fim, iguala a todos. Infância sem lágrimas, amada, protegida. Mocidade - mas a mocidade já é de si uma etapa infeliz. Coração inquieto que não sabe o que quer, ou quer demais. Qual será, nesta vida, o jovem satisfeito? Um jovem pode nos fazer confidências de exaltação, de embriaguez; de felicidade, nunca. […]

Raquel de Queiroz

45 Do rock

Tocam a campainha e há um Carlos Heitor Cony Escritor e jornalista estrondo em meus ouvidos. A Carlos Heitor Cony nasceu no Rio de Janeiro em 1926, fez empregada estava de folga, o remédio humanidades e curso de filosofia no Seminário de São José. Estreou na era atender o mau- caráter que me batia literatura ganhando por duas vezes consecutivas o Prêmio Manuel à porta àquela hora da manhã. Vejo o Antônio de Almeida (em 1957 e 1958) com os romances “A Verdade de Cada Dia” e “Tijolo de camarada do bigodinho com o embrulho Segurança”. Cony trabalha na imprensa desde 1952, inicialmente largo e enfeitado. no Jornal do Brasil, mais tarde no Correio da Manhã, do qual foi — É aqui que mora a senhorita redator, cronista e editor. Ilustração 21: Depois de várias prisões Regina Celi? http://webwritersb políticas durante a ditadura militar e rasil.files.wordpre de um período no exterior, entrou para o grupo Manchete, no qual Digo que não e fulmino o ss.com/2010/09/ca lançou a revista Ele e Ela e dirigiu as rlos-heitor-cony.jp revistas Desfile e Fatos&Fotos. importuno com um olhar cheio de ódio e g Atualmente, é colunista da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN. sono, mas antes de fechar a porta sinto Como diretor da teledramaturgia da Rede Manchete, apresentou os projetos e as sinopses das novelas “A alguma coisa de íntimo naquele Marquesa de Santos”, “Dona Beija” e “Kananga do Japão”. Em 1998, o governo francês, no Salão do Livro, em Paris, condecorou-o com a L'Ordre des Arts et des Lettres. Foi “senhorita Regina Celi”, sim, há uma eleito para a Academia Brasileira de Letras em março de 2000. “O Ventre” romance de estréia de Cony fez em 2008 Regina Celi em minha casa, minha cinquenta anos. própria filha, mas apenas de 12 anos, http://www.carlosheitorcony.com.br/Biografia.aspx?imgFile= uma guria bochechuda ainda, não merecia o título e a função de senhorita. Chamo o homem que já estava no elevador. Eram CDs, a garota encomendara um mundão de CDs numa loja próxima, e pedira que mandassem as novidades, pois as novidades estavam ali, embrulhadinhas e com a nota fiscal bem às claras. Gemo surdamente na hora de assinar o cheque e recebo o embrulho. A garota dormia impune, o mundo podia desabar, e ninguém a despertaria do sono 12 anos. Deixo o embrulho em cima do som e volto para a cama, forçar o sono e a tranquilidade interior, abalada pelo cheque tão matutino e fora de propósito. […]

Carlos Heitor Cony

46 Aí, galera

Jogadores de Luis Fernando Veríssimo Escritor brasileiro futebol podem ser víti- Biografia mas de estereotipa- Luis Fernando Veríssimo (1936) é escritor brasileiro. Famoso por suas crônicas e contos de humor. É ção. Por exemplo, também jornalista, tradutor, roteirista de programas para televisão e músico. É filho do escritor Érico Veríssimo. Luís Fernando Veríssimo (1936) nasceu em Porto você pode imaginar Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 26 de setembro de 1936. Filho do escritor Érico Veríssimo e de Mafalda Halfen Volpe. um jogador de futebol Em 1941 sua família foi morar nos Estados Unidos, onde fez o curso primário em São Francisco e Los Angeles. Fez o dizendo “estereotipa- curso secundário no Roosevelt High School, em Washington. Desenvolveu o gosto pelo Jazz, chegando a ter aulas de ção”? E, no entanto, saxofone. Ilustração 22: Em 1956, de volta ao Brasil, retornou para Porto http://renatofelix.fil Alegre, onde começou a trabalhar na Editora Globo, no por que não? departamento de arte. Em 1960 passou a integrar o conjunto es.wordpress.com/2 musical Renato e seu Sexteto. Mudou-se para o Rio de - Aí, campeão. 010/11/luis-fernand Janeiro, onde trabalhou como tradutor e redator publicitário. o-verissimo.jpg Em 1963 casou-se com a carioca Lúcia Helena Massa , com Uma palavrinha pra quem teve três filhos. Em 1967, voltou para Porto Alegre, ingressou no jornal Zero Hora, galera. trabalhando como revisor de textos. A partir de 1969 passou a assinar sua própria coluna diária. No mesmo ano passou a redigir para a agência de publicidade MPM Propaganda. - Minha sauda- Entre 1970 e 1975 trabalhou no jornal Folha da Manhã, escrevendo sobre esporte, música, cinema, literatura e política. Seus contos eram sempre bem ção aos aficionados do humorados. Em 1973 publicou "O Popular", uma coletânea de textos já publicados nos jornais onde trabalhava. clube e aos demais Em 1975 retornou ao jornal Zero Hora e passou a escrever para o Jornal do Brasil. Nesse mesmo ano publicou "A Grande Mulher Nua". Em 1979 publica "Ed Mort e esportistas, aqui pre- Outras Histórias", livro de crônicas, cujo personagem viria a ser um dos mais populares de sua obra. Entre 1980 e 1981 morou em Nova Iorque, época em que escreveu "Traçando Nova Iorque". sentes ou no recesso Luís Fernando Veríssimo lança em 1981, na Feira do Livro de Porto Alegre, o livro de crônicas "O Analista de Bagé", que se esgotou em dois dias. Entre 1982 e dos seus lares. 1989, foi redator semanal, com artigos bem humorados, para a revista Veja. Em 1994 publica "Comédias da Vida Privada", que foi adaptada para minissérie na televisão. Em - Como é? 1995 passou a integrar o grupo Jazz 6, que lançou os CDs "Agora é Hora" (1997, "Speak Low" (2000), "A Bossa do Jazz" (2003) e "Four" (2006). - Aí, galera. Em 2003, seu livro "Clube dos Anjos", na versão em inglês (The Club of Angels), foi escolhido pela New York Public Library, um dos 25 melhores livros do ano. Em 2004 recebeu o Prix Deus Oceans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz, - Quais são as França. Recebeu o prêmio Juca Pato e foi considerado o Intelectual do ano pela União Brasileira de Escritores em 1997. instruções do técnico? No dia 21 de novembro de 2012, o escritor foi internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, em consequência do agravamento de uma gripe do tipo - Nosso treina- influenza A. Durante 24 dias de internação, 12 foram passados na UTI. Já recuperado, recebeu alta no dia 14 de dezembro. No dia 3 de janeiro, escreve sua primeira coluna dor vaticinou que, com para o jornal Estado de São Paulo. um trabalho de con- http://www.e-biografias.net/luis_fernando_verissimo/ tenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade […]

Luís Fernando Veríssimo

47 Professor(a),

As crônicas completas podem ser acessadas nos endereços: Um braço de mulher: http://www.releituras.com/rubembraga_braco.asp Os idiotas confessos: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/nelson-rodrigues/os-idiotas-confess os.php A última crônica: http://www.releituras.com/i_samuel_fsabino.asp A velha amiga: http://pensador.uol.com.br/frase/OTc5NzEz/ Do rock: http://www.aloestudantil.com.br/cronica-do-rock/ Aí galera: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/l/verdade.htm

Questões que poderão ser feitas aos alunos durante as interações:

a) Você conseguiu identificar alguma das características da crônica (narrativa curta?, fatos do cotidiano?)? Identificou oralidade e coloquialismo na fala dos personagens? Qual o suporte original da crônica (jornal ou revista)? Que tipo de crônicas é (de humor, jornalística, esportiva, política)?

Você também poderá (deve) elaborar questões que lhe pareçam mais pertinentes e que façam os alunos se aprofundarem mais na interpretação, compreensão e análise das características da crônica e que promova a interação entre eles. Poderá, também, utilizar outras crônicas que conheça e ache interessantes de serem trabalhados nesta unidade, devendo fazer apenas a adequação das aulas/sequência didática.

48 3.5 Capítulo V

Neste capítulo trabalharemos com os poemas, contos e romances indicados para o vestibular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Serão formados sete grupos de cinco ou seis componentes e sorteados textos, da lista de obras da Unioeste, para cada grupo. Os grupos farão apresentações sobre os textos, seus autores e a escola literária/época em que se encaixam cada texto e ou autor. Estas apresentações só acontecerão no desenvolver do próximo capítulo.

Tema

Obras do vestibular em foco

Objetivo

1. Ler e analisar poemas, contos, crônicas e romances; 2. Identificar partes/características da crônica; 3. Conhecer os autores, obras e escola literária; 4. Argumentar e articular oralmente; 5. Sintetizar e apresentar os textos lidos.

Recursos

Textos impressos; Datashow/TV Multimídia; Livros; Vídeos.

49 Tempo Previsto

Sete aulas

Organização do trabalho

Leitura individual e coletiva dos textos. Formação de grupos para condução das atividades. Sorteio de textos. Leitura e preparação para a apresentação no próximo capítulo.

Metodologia

Na primeira aula será explicada a condução deste capítulo: formação de grupos, sorteio dos textos, uma breve explanação, com auxílio do Datashow, sobre o que é um romance e serão formados grupos de cinco ou seis componentes. Na segunda aula serão sorteados dois poemas, um conto e um romance para cada grupo (e outros, dos mesmos autores, que podem ser escolhidas/indicadas pelos grupos, uma vez que na lista constam apenas três). Nas próximas cinco aulas serão preparadas as apresentações, que deverão ser organizadas da seguinte maneira: leitura dos textos (poemas/conto); elaborar breve biografia dos autores; caracterizar as obras quanto a época/escola literária; comentar o obra. Os romances deverão ser lidos, preferencialmente, em casa.

50 Ilustração 23: http://cac-php.unioeste.br/cogeps/arquivos/vestibular/2014geral/010.pdf

Romance

O romance é a narração mais conhecida que temos, geralmente em prosa. Tem estrutura complexa, com vários núcleos, onde diversas tramas se desencadeiam durante o desenrolar da história principal. Este tipo de narrativa

51 chama-se assim por ficar conhecido a partir do Romantismo, muito embora as suas características já existissem antes e se estendam para escolas literárias posteriores. Os romances se organizam em torno de uma trama onde os acontecimentos são organizados numa sequência temporal, muito embora com o modernidade e pós-modernidade, essa “sequência” tenha adquirido novos contornos.

Quanto ao tipo de abordagem:

Romance urbano: nele a vida social das grandes cidades era retratada, e o motivo das tramas eram, principalmente, as comuns intrigas amorosas, as traições, os ambientes urbanos e outras situações comuns da vida das pessoas que vivem neles.

Romance Regionalista: Aborda questões sociais a respeito de determinadas regiões do Brasil, destacando características de cada região, linguajar típico da região muitas vezes é utilizado no Romance e as personagens são pessoas que vivem longe das cidades.

Romance Indianista: Ocorrido principalmente no Romantismo, traz à tona a vida e os costumes indígenas. Algumas vezes, no Romantismo, trazem uma idealização do índio que vira um herói convivendo com o homem branco.

Romance Histórico: como o próprio o nome diz, é um Romance que destaca vida e costumes de certa época e lugar da história. Faz uma mesclagem entre fatos realmente ocorridos e fatos fictícios.

Quanto à época ou escola literária:

Romance Romântico: Nesse tipo de Romance se destacavam os ideais cavalheirescos, a idealização da mulher e o heroísmo, dignidade e amor à pátria nas

52 personagens masculinas. As narrativas traziam uma constante luta entre o bem e o mal, sempre com a vitória do bem. Narravam sempre histórias de amor, onde era certo o conhecido Final Feliz.

Romance Realista: Tem características temáticas influenciadas pelo cientificismo da época. É carregado de críticas sociais e traz à tona defeitos dos homens que até então não eram revelados, como o materialismo, a traição, além de defeitos de caráter e personalidade explicados pelo determinismo. Personagens tipo são muito cultivadas nessas obras, ainda com o objetivo de criticar a sociedade. A linguagem é correta e a narrativa é lenta, com pausas para minuciosas descrições.

Romance Naturalista: em muitos casos não se separa das narrativas realistas. Tem basicamente as mesmas características e foram produzidos no mesmo período. A diferença básica entre as duas tendências é que enquanto os Romances Realistas trazem personagens com características comuns à natureza humana, o Romance Naturalista tende aos aspectos patológicos, dando margem a características animalescas. A análise social é feita a partir de personagens marginalizadas.

Romance Modernista: Caracteriza-se pelo seu caráter revolucionário e pelo protesto a qualquer tipo de convenção social. Como o movimento modernista teve várias tendências, às vezes até individuais, não podemos destacar muitas características em comum entre as obras. Traziam consigo forte crítica social e novas abordagens e visões do mundo.

Fonte: http://www.infoescola.com/redacao/romance/

53 Professor(a),

Encaminhamentos:

Se o texto (poema, conto) for muito extenso, poderão apenas resumir a temática do mesmo para os demais grupos, ao invés de ler. Fique atento a todo o processo de condução/elaboração das atividades que culminarão na apresentação, pois esta fase é muito importante para a avaliação de todo o processo.

Você também poderá elaborar os encaminhamentos aqui propostos com a lista de obras da universidade (ou das universidades) mais importante(s) da sua cidade ou região, devendo fazer apenas a adequação das aulas/sequência didática.

54 3.6 Capítulo VI

Neste capítulo serão realizadas as atividades de apresentação dos poemas, contos e romances lidos pelos grupos formados no capítulo anterior. Três momentos para poemas e contos e três momentos para romances, sendo a última atividade uma avaliação processual e diagnóstica da caminhada dos alunos e da condução das atividades de leitura.

Tema

Apresentações das leituras das obras do vestibular

Objetivo

1. Ler e analisar poemas, contos, crônicas e romances; 2. Identificar partes/características da crônica; 3. Conhecer os autores, obras e escola literária; 4. Argumentar e articular oralmente; 5. Sintetizar e apresentar os textos lidos.

Recursos

Textos impressos; Datashow/TV Multimídia; Livros; Vídeos.

55 Tempo Previsto

Sete aulas

Organização do trabalho

Apresentação dos poemas, contos e romances. Os grupos formados no capítulo anterior realizarão as apresentações – orais, dramatizações ou vídeos. Cada grupo terá quinze minutos para as apresentações, sendo que sobrando alguns minutos na terceiro aula das apresentações, o professor fará os comentários em relação às apresentações.

Metodologia

Nos três primeiros encontros serão apresentados, através de exposição oral, dramatização ou confecção de vídeo, as análise referentes aos poemas e contos lidos no Capítulo V. Do quarto ao quinto encontro serão apresentados as análise relativas aos romances lidos no capítulo anterior. Como são obras extensas, e se por ventura houver dificuldades para expor toda a história do romance, dramatizá-la ou criar um vídeo sobre a mesma. Os grupos poderão fazer uma síntese bem breve ou escolher um trecho marcante do romance para desenvolver umas das propostas indicadas. Na última aula será realizada a avaliação, que se dará através de uma atividade de autoavaliação individual e por grupo, onde cada um comentará quais foram suas dificuldades, seu pontos fortes, se as atividades corresponderam às expectativas ou não e se houve uma aproximação maior com as atividades de leitura sendo realizadas desta forma mais dialogada, com trocas de ideias sobre o conteúdo do texto e sem ser o tradicional: resumo do texto; responder questões em relação ao texto; classificar a escola literária; características do autor; características do gênero; interpretação escrita do texto.

56 Professor(a),

Encaminhamentos:

Controlar bem o tempo de apresentação e a troca de turno nas apresentações. Se houver produção de vídeo os grupos deverão deixar tudo encaminhado para que, assim que termine a apresentação do grupo anterior, comecem a exibição de seu vídeo.

Fique atento às apresentações para que possa comentar depois, no momento da avaliação. Se necessário faça anotações.

No momento da autoavaliação, indique claramente o que quer que eles comentem sobre seu desempenho, sobre os textos lidos, sobre como foi a condução das atividades, sobre o que acham das atividades de leitura, etc. E não deixe de fazer anotações. Se quiser poderá fazer por escrito ou através de um formulário no Google Drive, como foi feito o questionário do Capítulo I, para ser respondido no laboratório de informática, mas aí não há interação, só dados.

57 4. AVALIAÇÃO

A avaliação é “...um processo dinâmico, contínuo e sistemático que acompanha o desenrolar do ato educativo.” (GOLIAS, 1995), na qual o professor deve ser bem participativo e intervir mais ativamente nas interações que existem em sala de aula, para que isso venha complementar o processo de ensino-aprendizagem, fazendo relação direta entre o saber que o aluno já traz o da sociedade, com outro estabelecido através de um currículo/ conteúdos elaborados por instituições de ensino. O processo avaliativo deve ser encarado como uma maneira de fornecer subsídios ao educador para que ele saiba se está conseguindo levar seus educandos a repensar o mundo a partir dos conhecimentos culturais e científicos estabelecidos na sociedade. Com um enfoque bastante similar, Luckesi (2002) afirma "a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho.". O professor deve estar muito atento à diversos aspectos, como: a avaliação serve mais para interpretar conhecimentos, habilidades e atitudes dos educandos, estabelecidas nos objetivos, na intenção de que existam condições de aprimorar constantemente o planejamento e a condução do processo ensino-aprendizagem, que apenas realizar “verificação de aprendizagem”, onde se tem uma visão de que “avaliação é o processo de atribuir valores ou notas aos resultados obtidos na verificação da aprendizagem” (NÉRICI, 1986, p. 221). Avaliar deve ser uma oportunidade de verificar o processo de ensino-aprendizagem para que se possa refletir, questionar e transformar as ações, no sentido de construir uma aprendizagem mais significativa não só para os alunos, como também para os professores, na função de ensinar. Para a condução das atividades propostas nesta Unidade Didática, a avaliação será conduzida de forma constante, processual e continuada, com oportunidades para que os alunos possam reelaborar/refazer o caminho percorrido, na busca de um melhor aprendizado, que tenha respeito e envolva a vivência e cultura própria dos alunos. Que procure respeitar sua filosofia de vida, sua auto-estima e sentimentos e seus posicionamentos políticos. Não está tão

58 preocupada com questões quantitativas, mesmo sabendo que é assim que se transcreve a avaliações no livro de registro de classe, pois está mais preocupada com questões diagnósticas, para que sirvam como parâmetros de aprimoramento, revisão ou mudança dos textos, das atividades e metodologias adotadas. Tem também preocupação com a questão formativa, para que estas atividades e seus desdobramentos sejam utilizadas na avaliação do alunos, no final de seu ano letivo e de ciclo no Ensino Médio. Precisamos caminhar na direção de uma avaliação que procure promover o aluno, ajudando-o a crescer, compreender o mundo, para que atue como um sujeito crítico em sociedade, pois só desta forma estaremos preparando-o para que consiga sua autonomia, transformando a sociedade e assumindo-se como cidadão consciente de seus direitos, deveres e dos compromissos com a coletividade.

59 5. REFERÊNCIAS

ANDRADE, C. D. de. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro; Record, 2012.

ARAUJO, A. P. Romance. Infoescola. 2011. . Acesso em: 8 nov. 2013.

ARRIGUCCI JR., D. Os Melhores Contos de Rubem Braga. 8 ed. São Paulo: Global, 1998.

AZEVEDO. R. Não tenho medo de homem, nem do ronco que ele tem. São Paulo; Fundação Cargill, 1999.

CONY, C. E. Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

FIORUSSI, A. In: Antônio de Alcântara Machado et alii. De conto em conto. São Paulo; Ática, 2003. p. 103.

GOLIAS (1995). Avaliação Educacional. Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2013.

GONÇALVES, N. A cabra vadia - Novas confissões. Companhia das Letras, São Paulo.

GRUPO DE EDUCAÇÃO TUTORIAL DA ENGENHARIA COMPUTACIONAL – UFJF. Tutorial Windows Movie Maker. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2013.

NÉRICI, I. G. Didática : uma introdução. 1.ed. São Paulo: Atlas, 1986.

LEFFA, V. J. Como produzir materiais para o ensino de línguas. In: LEFFA, Vilson J. (Org.). Produção de materiais de ensino: prática e prática. 2. ed. Pelotas: EDUCAT, 2008, p. 15-41. Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/prod_mat.pdf. Acesso em: 3 fev. 2013.

LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 14ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.

60 QUEIROZ, R. A Velha Amiga. O Estado de São Paulo, São Paulo, 13 jan. 2001.

SABINO, F. A companheira de viagem. Record, 1965.

TREVISAN, D. Vinte Contos Menores. Rio de Janeiro; Record, 1979, pág. 20.

VERÍSSIMO, L.F. Aí, Galera. Correio Brasiliense. Brasília, 13 mai. 1998.

______. As mentiras que os homens contam. Objetiva: São Paulo; 2000. p. 61.

61