A Crônica Como Ferramenta Para Formaçâo De Leitores

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A Crônica Como Ferramenta Para Formaçâo De Leitores Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos A CRÔNICA COMO FERRAMENTA PARA FORMAÇÂO DE LEITORES Lurdes Maria Lunkes1 Adriane Elisa Glasser2 RESUMO: Este artigo apresenta a Implementação do Projeto “A Crônica como Ferramenta para Formação de Leitores”, desenvolvido com alunos da Primeira Série do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo Novo Sarandi – Ensino Fundamental e Médio, no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE – 2013 da Secretaria do Estado do Paraná. A Implementação do Projeto foi realizada no primeiro semestre de 2014, com o objetivo de incentivar e estimular o gosto pela leitura a partir do gênero textual crônica. Teve como base atividades específicas, levando o aluno a ler de forma individual e coletiva – tendo como ferramenta o gênero textual crônica. Na metodologia foi proposta a leitura de crônicas de diferentes autores, onde foram exploradas diversas possibilidades de leitura. A leitura silenciosa, dramatizada, dirigida e interrompida, bem como, o processo de desenvolvimento do Projeto. Foram realizadas diversas atividades, entre, pesquisas sobre os autores, histórias em quadrinhos, paródias, dramatizações, e para finalizar a criação de um blog onde houve a socialização das atividades realizadas durante o Projeto. PALAVRAS - CHAVE: Formação de leitor; Leitura; Crônica. 1 INTRODUÇÃO “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele” (FREIRE, 2008, p. 11). Dessa forma, Paulo Freire nos mostra que antes de ler um texto, devemos ler o mundo de maneiras diferentes, pois é através dessa leitura de mundo que damos sentido à leitura, ou seja, os sentidos atribuídos ao que se lê dependem de conhecimentos prévios. Yunes (2003, p.41), também considera “a leitura um ato que precede e não decorre da escrita, pois para escrever o mundo é necessário que ele tenha sido lido”. Sabe-se que a leitura e a escrita são os maiores desafios da escola, sendo que, trabalhados de forma mais criativa, possibilitam que o aluno perceba o 1 Professora da rede Estadual de Ensino do Paraná, do NRE de Toledo. PDE 2013-2014. 2 Professor orientador da UNIOESTE- Campus de Foz do Iguaçu. Mestre em Letras pela Unioeste – Campus de Foz do Iguaçu. verdadeiro sentido da leitura e o prazer de ler. Por isso, é importante que o professor influencie positivamente, não tornando a leitura obrigatória. Muito se fala na exígua capacidade de leitura do brasileiro. Há inúmeros trabalhos realizados sobre o assunto que visam à formação do leitor. No entanto, muitos educadores revelam não ter tempo para ler com assiduidade revistas, jornais, e livros. A escola é o lugar ideal para a promoção do hábito de ler, devendo então preocupar-se em desenvolver estratégias para o ensino eficaz da leitura. Formar leitores, antes de tudo é criar um ambiente de estímulo à leitura. É preciso influenciar positivamente o leitor e, dentre as pessoas que podem contribuir nesse processo estamos nós, educadores. Por isso, devemos considerar todas as leituras realizadas pelos alunos e o contexto social em que estão inseridos. Dar ênfase a textos que despertem interesse, levando em consideração assuntos próximos à realidade do aluno. Diante das muitas dificuldades encontradas em sala de aula em relação à leitura e à produção de texto apresentadas pelos alunos, percebeu-se a necessidade de desenvolver atividades que envolvam a leitura despertando assim o gosto pela mesma. Buscar novas metodologias para despertar no aluno o interesse pela leitura literária, não só como busca de informação, mas também como fonte de prazer, incentivando o desenvolvimento das habilidades de expressão oral e escrita. Nesse contexto, pensou-se na seguinte problemática: Como tornar a leitura do gênero textual crônica uma atividade prazerosa para o aluno? Na obra Como um Romance, Daniel Pennac (1993) escreve que as crianças se interessam pela leitura, gostam de ouvir histórias antes de dormir, têm curiosidades, mas, quando vão para a escola, a leitura é imposta, tornando-se uma obrigação, passando a ser cansativa e sem prazer. Assim, deixa claro que devemos respeitar o leitor, deixando-o ler aquilo que deseja. Embora seja importante deixar o aluno livre para escolher suas leituras, vemos que o professor pode ser um mediador dessas escolhas, ou um orientador, para levar o aluno a buscar leituras diferentes, estimulando-o, ou guiando-o. Deste modo, precisa “gostar de ler, precisa ler muito, precisa se envolver com o que lê” (LAJOLO, 2000, p. 108). Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares da Educação de Língua Portuguesa (PARANÁ, 2008, p. 71), orientam que “o professor precisa atuar como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim o professor deve dar condições para que o aluno atribua sentidos a sua leitura visando a um sujeito crítico nas práticas de letramento da sociedade”. Pensando nisso, optou-se em trabalhar com crônicas de diferentes autores, pois são textos curtos, voltados para o cotidiano, onde o leitor interage com os acontecimentos, muitas vezes identificando-se com as ações tomadas pelas personagens. Acredita-se que elas despertarão o interesse pela leitura, podendo ser facilmente encontradas nos meios de comunicação como revistas, jornais, sites da internet, livros didáticos e de literatura. Trazer textos para a sala de aula relacionando-os ao contexto do leitor é uma estratégia para tornar as aulas mais dinâmicas, tornando-se significativa para o aluno. Por isso, a necessidade de levar atividades que sejam do interesse do aluno, apresentando temas comuns do cotidiano. Ajudar os alunos a aproximar-se do mundo da leitura, despertando sua consciência de vida e de mundo, contribui para que eles se tornem não apenas leitores, mas também preparados para encontrar respostas para indagações futuras. Portanto, o artigo mostra as reflexões sobre a formação do leitor, a partir do trabalho realizado com o intuito de formar leitores, usando a crônica como ferramenta central, não só como busca de informação, mas também como fonte de prazer, incentivando o desenvolvimento das habilidades de expressão oral e escrita, possibilitando, a criatividade e a socialização de conteúdos. As leituras fundamentaram-se basicamente, na concepção de leitura tendo como base autores significativos, como BORDINI; AGUIAR, 1993; BENDER; LAURITO, 1993; PENNAC, 1993; SILVA, 1998; LAJOLO, 2000; ANTUNES, 2003; ABAURRE, 2008; FREIRE, 2008 e nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa, 2008, dentre outros. Para a Intervenção Pedagógica foi produzida uma Unidade Didática com o objetivo de auxiliar o professor que atua na área de Língua Portuguesa na Primeira Série do Ensino Médio, dando-lhe oportunidade de conhecer atividades metodológicas, que possam contribuir no incentivo à leitura prazerosa. A Unidade Didática apresenta atividades de leitura que contribuem na formação de leitores, dessa forma, motivando os alunos para o texto literário, além de levá-los a perceber que a leitura amplia conhecimentos e pode ser realizada de maneira divertida. 2 REVISÃO DE LITERATURA Partindo do pressuposto de que a educação faz parte da construção humana e de suas relações com a sociedade entende-se que a educação é mais ampla do que a educação escolar. Por isso, este trabalho tem como objetivo pensar a leitura como prática social. Nós, como educadores devemos contribuir com o incentivo à leitura, pois o aluno, compreendendo o que lê, compreenderá mais facilmente os acontecimentos do mundo. Além disso, entendemos que “o principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, e não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram – homens que sejam criadores, inventivos e descobridores” (PIAGET, 1973, p.186). A escola poderá alcançar este objetivo se ela proporcionar ao aluno os meios para a ampliação do seu conhecimento. E sem dúvida, criando o hábito da leitura abrirá horizontes para a criatividade. Assim, é preciso trabalhar a leitura de forma que ela desperte no leitor o prazer de ler. Nesse sentido, é importante levar para o aluno atividades de leitura que estejam próximas da sua realidade, ou seja, do interesse do aluno. Os educadores devem ser geradores de necessidades que impulsionem a uma ação, a leitura de textos. Partindo da ideia de que a leitura e a escrita são indispensáveis a qualquer nível de escolaridade e estão por toda parte, sendo muito importantes para todo tipo de aprendizagem, tem-se a necessidade de praticá-las na escola, com muita atenção, não as deixando de lado em momento algum. Segundo as Diretrizes curriculares da Educação Básica: É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação. Se a escola desconsiderar esse papel o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de uma sociedade letrada. (PARANÁ, 2008, p. 48). A leitura deve ser constituída de significados, na comunicação entre leitor e texto, levando o leitor a aprender e descobrir os sinais da linguagem. No entanto, percebe-se que os alunos não têm o hábito de ler, pois dificilmente eles falam sobre esse assunto com colegas e professores. Além do mais, a leitura não poderá ser imposta, ele próprio deve definir o que gostaria de ler, pois, O primeiro passo para a formação do hábito de leitura é a oferta de livros próximos à realidade do leitor, que levantem questões significativas para ele. A familiaridade do leitor com a obra gera predisposição para a leitura e o consequente desencadeamento do ato de ler. (BORDINI; AGUIAR, 1993, p.18). Para que isso aconteça, tudo o que é lido deve fazer parte do contexto do aluno, e o professor deverá discutir e refletir sobre o texto juntamente com o aluno. Para a formação de um leitor crítico, há a necessidade da leitura crítica seja praticada em sala de aula.
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