Revista Brasileira 65-Interne
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Revista Brasileira Fase VII Outubro-Novembro-Dezembro 2010 Ano XVII N. o 65 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2010 Diretoria Diretor Presidente: Marcos Vinicios Vilaça João de Scantimburgo Secretária-Geral: Ana Maria Machado Primeiro-Secretário: Domício Proença Filho Conselho Editorial Segundo-Secretário: Luiz Paulo Horta Arnaldo Niskier Tesoureiro: Murilo Melo Filho Lêdo Ivo Ivan Junqueira Comissão de Publicações Membros efetivos Antonio Carlos Secchin Affonso Arinos de Mello Franco, José Murilo de Carvalho Alberto da Costa e Silva, Alberto Marco Maciel Venancio Filho, Alfredo Bosi, Ana Maria Machado, Antonio Carlos Produção editorial Secchin, Ariano Suassuna, Arnaldo Niskier, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Candido Mendes de Almeida, Carlos Revisão Heitor Cony, Carlos Nejar, Celso Lafer, Gilberto Araújo Cícero Sandroni, Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Domício Proença Filho, Projeto gráfico Eduardo Portella, Evanildo Cavalcante Victor Burton Bechara, Evaristo de Moraes Filho, Pe. Fernando Bastos de Ávila, Geraldo Editoração eletrônica Holanda Cavalcanti, Helio Jaguaribe, Estúdio Castellani Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, João de Scantimburgo, João Ubaldo Ribeiro, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS José Murilo de Carvalho, José Sarney, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Lêdo Ivo, Luiz Paulo Horta, Lygia Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Fagundes Telles, Marco Maciel, Marcos Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Vinicios Vilaça, Moacyr Scliar, Murilo Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Melo Filho, Nélida Piñon, Nelson Pereira Fax: (0xx21) 2220-6695 dos Santos, Paulo Coelho, Sábato Magaldi, E-mail: [email protected] Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha. site: http://www.academia.org.br As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Sumário EDITORIAL João de Scantimburgo A língua portuguesa na ABL hoje. 5 CULTO DA IMORTALIDADE Tarcísio Padilha Padre Ávila: o apóstolo da esperança . 9 PROSA Marcos Vinicios Vilaça A confiança renovada. 15 Eduardo Portella É preciso imaginar Albert Camus feliz . 19 Arnaldo Niskier Carlos Chagas Filho e a ciência brasileira . 27 Lêdo Ivo Rumo ao farol. 43 Afonso Arinos, filho Carlos Chagas Filho . 51 Gisele Sanglard Geração centenária: Carlos Chagas Filho e a ciência no Brasil. 55 Nelson Saldanha Nabuco e seu tempo. 77 Cândido Motta Filho Nabuco, por exemplo . 85 Rodrigo Petronio Poeticamente o homem habita: introdução geral às Obras Completas de Vicente Ferreira da Silva . 97 Adriano Espínola O futurismo no Nordeste brasileiro . 137 Fábio Lucas Aspectos literoculturais da obra de Rachel de Queiroz . 151 Luiza Nóbrega A moura encantada . 159 Gilberto Felisberto Vasconcellos Darcy Ribeiro: as várias peles de um só corpo. 187 Rodolfo Alonso Poesia brasileira traduzida na Argentina . 199 Maria Lucia Guimarães de Faria O magistério rosiano da alegria . 209 Rodrigo Rossi Falconi Conferência do poeta Menotti Del Picchia . 229 Leda Almeida Freud e os poetas brasileiros: confluências sobre a noção de inconsciente . 243 Roberto Vecchi Memória no feminino: Tropical Sol da Liberdade de Ana Maria Machado . 253 Myriam Campello Em busca da ficção . 265 POESIA Igor Fagundes Poesia . 271 POESIA ESTRANGEIRA Poemas de Martín López-Vega . 285 GUARDADOS DA MEMÓRIA Constâncio Alves Machado de Assis. 311 Humberto de Campos O dia do pescador . 317 Editorial A língua portuguesa na ABL hoje João de Scantimburgo epois das duas tentativas acadêmicas frustradas, de 1943 e D1945, pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa que propunham estabelecer para a língua portuguesa um sistema ortográfico unificado e simplificado, passou a nossa instituição por um largo período em que as preocupações de acordo ortográfico perderam um pouco de sua força, talvez na certe- za de se tratar de um tema que estaria a exigir mais tempo para refle- xão. Isto não impediu que linguistas, filólogos e professores brasilei- ros e portugueses continuassem a trabalhar por um sistema unifica- do, uma vez que para tal desideratum apenas o excesso dos acentos di- ferenciais – por parte do Brasil – e a escrita das consoantes inarticu- ladas – por parte de Portugal – eram os maiores obstáculos a uma proposta vencedora. Em 1991, nosso governo tomou a iniciativa, pela Lei n.º 5.765, de abolir o trema nos hiatos átonos (saüdade, vaï- dade), os acentos circunflexos diferenciais sobre e e o de sílabas tôni- cas das palavras homógrafas de outras em que tais vogais são abertas, 5 João de Scantimburgo exceção feita a forma pôde do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder (mêdo, acôrdo; pôde (pret.) / pode (pres.), bem como os acentos grave e circunflexo com que se assinala a sílaba subtônica dos derivados com o sufixo -mente ou com sufixos iniciados por z- (sòmente, sòzinho; cafèzinho, cafèzal; avôzinho, avòzinha). Determinava a mesma Lei que a ABL promovesse, no prazo de dois anos, a atualização do Vocabulário Comum, a organização do Vocabulário Onomástico eare- publicação do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Recebida a incumbência legal, o Presidente da ABL à época, Austregésilo de Athayde, constituiu uma Comissão Acadêmica integrada pelos Acadêmicos Pe- dro Calmon, Barbosa Lima Sobrinho, Abgar Renault e Antônio Houaiss, este último na condição de relator, e em 1977, com atraso por motivos relevantes, entrega os originais a Bloch Editores, e em 1982 sai a 1.ª edição da nova versão do Vocabulário Ortográfico, logo com três sucessivas edições, e seguidos do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e Vocabulário Onomástico da Língua Portugue- sa, pelo decisivo apoio do Acadêmico Presidente Arnaldo Niskier, que contou com o Conselho de Lexicografia da ABL, composto em fases sucessivas, pelos Acadêmicos Antônio Houaiss, Eduardo Portela, Evaristo de Moraes Filho, Tarcísio Padilha, Lêdo Ivo e Antônio Olinto, e com a Comissão externa de Le- xicografia integrada pelos especialistas Antônio José Chediak (coordenador- -geral), Silvio Elia, Evanildo Bechara e Diógenes de Almeida Campos, este últi- mo representante da Academia Brasileira de Ciências. Estava assim a ABL em pleno cumprimento da sua responsabilidade legal de elaborar atualizado o Vocabulário Ortográfico, quando ocorreram, mais recen- temente, dois acontecimentos que vieram, na minha modesta opinião, pôr a nossa Academia no caminho mais amplo para cumprir o princípio estatutário de Instituição: o cultivo da Língua Portuguesa. O primeiro destes aconteci- mentos foi o sucesso alcançado pela redação do novo Acordo Ortográfico de 1990, elaborado e assinado pelas Delegações de sete países independentes que têm o português como idioma oficial, depois de uma longa jornada de debates começada no Rio de Janeiro, no seio da Academia Brasileira de Letras, por ini- ciativa do Acadêmico Antônio Houaiss, filólogo de notória competência, com 6 AlínguaportuguesanaABLhoje vista à elaboração de um sistema ortográfico unificado e simplificado a ser adotado na língua escrita portuguesa pelos países signatários do Acordo. Até então, para a elaboração do texto das reformas ortográficas, a ABL solicitava a colaboração de um técnico estranho à Instituição que vinha, junto aos nossos acadêmicos, dialogar com a Comissão portuguesa da Academia das Ciências. No Acordo de 1990, o técnico era um titular da Casa de Machado de Assis a discutir com os técnicos e representantes oficiais das Delegações. O segundo acontecimento foi a eleição do nosso novo confrade Evanildo Bechara, gramático e filólogo, catedrático e emérito de duas universidades pú- blicas. Logo passou o confrade a integrar a Comissão de Lexicografia que, por sugestão sua para ampliar-lhe as atividades, passou a designar-se Comissão de Lexicologia e Lexicografia, constituída pelos Acadêmicos Eduardo Portella (Presidente) e Sergio Corrêa da Costa, eruditos filólogos na concepção ampla de Ernst Robert Custius e Dámaso Alonso. Para coadjuvar a Comissão e tor- nar possíveis os produtos lexicográficas por ela elaborados, a nossa Instituição promoveu uma comissão permanente de experimentados lexicógrafos coordenados por Sérgio Pachá: Cláudio Mello Sobrinho, Débora Garcia Restom, Dylma Bezerra, Ronaldo Menegaz e Ângela Barros Montez. Esgotada a 4.ª edição do VOLP saída em 2004, viu-se a Comissão dividida entre republicá-lo no sistema ortográfico até então vigente, ou implantar o novo Acordo, uma vez que já pairava iminente a sua aprovação por alguns paí- ses signatários, especialmente o Brasil e Portugal. A decisão inclinou-se pela segunda solução, cabendo ao setor da ABL adaptar um universo lexical de mais de 350.000 vocábulos a um texto enxuto e às vezes omisso em suas dire- trizes. A qualidade e acerto de decisões sobre alguns pontos controversos do texto do Acordo se patenteiam na Nota Explicativa da Comissão Acadêmica in- tegrada por Eduardo Portella, Alfredo Bosi e Evanildo Bechara (relator), algu- mas das quais foram incorporadas em posteriores produções de especialistas brasileiros e pelo Prof. Doutor João Malaca Casteleiro, membro da delegação oficial portuguesa e orientador científico do Vocabulário Ortográfico, da Porto Editora, em 2009. 7 João de Scantimburgo Estendeu-se a atividade do nosso setor de lexicologia e lexicografia com a criação da coleção Antônio de Morais Silva, em cujo programa está a edição de obras importantes sobre língua portuguesa, e o