PAULO COELHO Pela Crítica Literária E Pelo Leitor
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A recepção da obra de PAULO COELHO pela crítica literária e pelo leitor ADRIANA PIN Edifes A recepção da obra de Paulo Coelho pela crítica literária e pelo leitor Adriana Pin A recepção da obra de Paulo Coelho pela crítica literária e pelo leitor Vitória, 2021 Editora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo R. Barão de Mauá, nº 30 – Jucutuquara 29040-689 – Vitória – ES www.edifes.ifes.edu.br | [email protected] Reitor: Jadir José Pela Pró-Reitor de Administração e Orçamento: Lezi José Ferreira Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional: Luciano de Oliveira Toledo Pró-Reitora de Ensino: Adriana Pionttkovsky Barcellos Pró-Reitor de Extensão: Renato Tannure Rotta de Almeida Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: André Romero da Silva Coordenador da Edifes: Adonai José Lacruz Conselho Editorial Aldo Rezende • Ediu Carlos Lopes Lemos • Felipe Zamborlini Saiter • Francisco de Assis Boldt • Glória Maria de F. Viegas Aquije • Karine Silveira • Maria das Graças Ferreira Lobino • Marize Lyra Silva Passos • Nelson Martinelli Filho • Pedro Vitor Morbach Dixini • Rossanna dos Santos Santana Rubim • Viviane Bessa Lopes Alvarenga Produção editorial Projeto Gráfico: Assessoria de Comunicação Social do Ifes Revisão de texto: Thaís Rosário da Silveira Diagramação e epub: Know-How Desenvolvimento Editorial Capa: Romério Damascena Imagem de capa: Acervo Paulo Coelho Dados internacionais de Catalogação na Publicação P645r Pin, Adriana, 1974- A recepção da obra de Paulo Coelho pela crítica literária e pelo leitor [recurso eletrônico] / Adriana Pin. – Vitória, ES : Edifes, 2021. 1 recurso on-line : ePub ; il. Inclui bibliografia. ISBN: 978-65-89716-02-0 (e-book.). 1. Literatura brasileira – Crítica e interpretação. I. Coelho, Paulo, 1947-. II. Título. CDD 22 – 869.41 Bibliotecária Rossanna dos Santos Santana Rubim – CRB6 – ES 403 © 2021 Instituto Federal do Espírito Santo Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial desta obra, desde que citada a fonte. O conteúdo dos textos é de inteira responsabilidade do autor. Agradecimentos ao Prof. Dr. Luís Eustáquio Soares (PPGL-UFES), por ter acreditado no meu projeto de tese de Doutorado e ter me orientado durante todo o percurso; à professora Drª Maria Amélia Dalvi (PPGL/PPGE-UFES), pelas orientações concernentes a leitura/literatura/leitor no âmbito da Educação; ao escritor Paulo Coelho, pela atenção, simpatia e gentileza com que sempre me atendeu; ao colega e professor, Dr. Alex Jordane, por me guiar pelos números e estatísticas; a Marcos e Nágila, pelos estudos comparativos das obras em português, francês e inglês, no tocante à tradução; ao apoio e à leitura das amigas Fabiana e Lúcia, durante a pesquisa. A Alice e Iasmim, sempre, com todo o amor que houver nesta vida. Aos meus queridos alunos do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus São Mateus que, a partir das minhas práticas de sala de aula, suscitaram a necessidade desta pesquisa. “Só se é escritor em relação a alguém e aos olhos de alguém”. (Robert Escarpit) “O Alquimista pegou o livro que alguém na caravana havia trazido. O volume estava sem capa, mas conseguiu identificar seu autor: Oscar Wilde. Enquanto folheava suas páginas, encontrou uma história sobre Narciso.” (O Alquimista. Paulo Coelho) Sumário Prefácio ............................................................................................................................... 15 Apresentação .................................................................................................................... 21 Capítulo 1 Introdução ........................................................................................................... 23 Capítulo 2 Literatura e indústria cultural ......................................................................... 29 Capítulo 3 Teoria literária .................................................................................................... 53 Capítulo 4 A análise literária sob o prisma da sociologia da literatura ........................ 69 Capítulo 5 As contribuições da estética da recepção para o estudo do leitor .............. 83 Capítulo 6 A recepção da obra de Paulo Coelho pela crítica ........................................... 111 Capítulo 7 A narrativa coelhana .......................................................................................... 151 Capítulo 8 O leitor da obra de Paulo Coelho ....................................................................... 187 14 — Adriana Pin Capítulo 9 Considerações sobre a tradução da obra de Paulo Coelho ............................ 245 Considerações finais ....................................................................................................... 253 Referências ........................................................................................................................ 259 Apêndice A – Diálogo com o escritor Paulo Coelho ................................................ 267 Anexo A – Carta de Paulo Coelho ao presidente George W. Bush ................................ 279 Anexo B – Estudo comparativo da obra O Alquimista, de Paulo Coelho: língua portuguesa/língua francesa (Marcos Roberto Machado) ........................ 281 Anexo C – Estudo comparativo da obra O Alquimista, de Paulo Coelho: língua portuguesa/língua inglesa (Nágila de Fátima Rabelo Moraes) ................ 287 Sobre a autora .................................................................................................................. 292 Prefácio A paixão segundo Adriana Pin No meio do caminho tinha uma Ágape “O mundo está fora dos eixos e eu vivo para consertá-lo”, dizia Hamlet, personagem homônimo da mais conhecida peça de Shakespeare, indicando, com isso, algo que é trans-histórico, a saber: a busca pela verdade em sociedades destroçadas pela perfídia, o ódio, a vilania, a mentira; a injustiça. Ora, não é a relação indiscernível entre verdade e justiça, perspecti- vada por conteúdo e forma estéticas, que compõem o motivo ao mesmo tempo objetivo e subjetivo de qualquer obra de arte? E não é esse o tema, por exemplo, de Diário de um mago (1987), esse romance autobiográfico em que o autor, Paulo Coelho, relata a peregrinação que fizera, ficcional- mente, no Caminho de Santiago, em busca de uma misteriosa espada, pela Via Láctea, sendo assim orientado por seu guia, nessa aventura, Petrus: – O verdadeiro caminho da sabedoria pode ser identificado por apenas três coisas – disse Petrus. Primeiro ele tem que ser Ágape, e disso eu lhe falar mais tarde; segundo ele tem que ser uma aplicação prática na vida, senão a sabedoria torna-se uma coisa inútil e apodrece como uma espada que nunca é utilizada. “E finalmente ele tem que ser um caminho que possa ser trilhado por qualquer um. Como o caminho que você está trilhando agora, o Caminho de Santiago” (COELHO, p. 17, 1987). 16 — Adriana Pin Esse sucinto trecho da narrativa em questão, de Paulo Coelho, evoca uma tradição filosófica, cultural, religiosa e literária milenares. Filosófico-religiosa, e cultural, porque Petrus, o guia, remete à pedra e a Pedro e, portanto, à primeira pedra da Igreja, do Cristianismo, a qual – a Igreja e a pedra –, podendo ser Ágape, confunde-se no tempo com o amor-Ágape, divino, antes de tudo, mas que pode ser humano, desde que este se divinize; transcenda-se. Literária, porque supõe A divina comédia de Dante Alighieri, obra do início do século XIV de nossa era, porque dela ecoa a relação entre sabe- doria e travessia, como condição fundamental para que o escritor se torne Ágape, exceda-se, assim como a passagem pelo inferno, o purga- tório e o paraíso configura o processo difícil de autocriação poética e, assim, da preparação humano-transcendental do poeta Dante, sem contar que o Caminho de Santiago, trilhado pelo autor, Paulo Coelho, remete, também, a Dom Quixote, de Cervantes, com suas peripécias satí- ricas contextualizadas pelos caminhos da região de La Mancha, Sierra Morena, Saragoza e Barcelona. E há, ainda, em Diário de um Mago, as ressonâncias filosóficas do poema “No meio do caminho”, presente no livro Alguma poesia (1930), de Carlos Drummond de Andrade, que tanto escândalo causou entre as classes letradas brasileiras, por fazer opção pelo uso coloquial do verbo ter, no lugar do verbo haver, para indicar a existência de uma pedra, novamente a pedra, no meio do caminho dessas vidas: No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra (DRUMMOND, p. 47, 2003). Uma estética do caminho que pode ser percorrido por qualquer um E qual é a estética de Paulo Coelho? É aquela em que escritor e leitor se enlaçam, porque a escrita, essa pedra, deve ser, como assinalara a personagem-guia, Petrus: “um caminho que possa ser trilhado por qualquer um”. Na contramão dos preconceitos beletristas, tal caminho, de quaisquer, de forma alguma se opõe ao que tem de mais complexo e relevante na tradição humanista ocidental, como se espera que tenha ficado evidente com a apresentação das ressonâncias filosóficas, literá- rias e religiosas presentes no trecho citado acima de Diário de um Mago, dignas da mais intricada trama intertextual de um escritor como Jorge Luis Borges. A recepção da obra de Paulo Coelho pela crítica literária e pelo leitor — 17 Desse modo, desmonta-se um importante preconceito beletrista, em relação à produção literária de Paulo Coelho, a saber: seria um autor simplista, logo raso. Se a sabedoria, na ficção do escritor carioca, traduz- -se como uma aplicação prática, para a vida, é porque