Revista Brasileira Fase Ix

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Revista Brasileira Fase Ix Revista Brasileira FASE IX • ABRIL-MAIO-JUNHO 2018 • ANO I • N.° 95 ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2018 D IRETORIA D IRETOR Presidente: Marco Lucchesi Cícero Sandroni Secretária-Geral: Alberto da Costa e Silva C ONSELHO E D ITORIAL Primeira-Secretária: Ana Maria Machado Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Merval Pereira Merval Pereira Tesoureiro: José Murilo de Carvalho João Almino C O M ISSÃO D E P UBLI C AÇÕES M E M BROS E FETIVOS Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Evaldo Cabral de Mello Venancio Filho, Alfredo Bosi, P RO D UÇÃO E D ITORIAL Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cícero, Antônio Torres, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Arno Wehling, Candido R EVISÃO Mendes de Almeida, Joaquim Falcão, Vania Maria da Cunha Martins Santos Carlos Nejar, Celso Lafer, Cícero Sandroni, P ROJETO G RÁFI C O Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Victor Burton Domicio Proença Filho, Edmar Lisboa Bacha, E D ITORAÇÃO E LETRÔNI C A Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Cavalcante Estúdio Castellani Bechara, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Carneiro, Geraldo Holanda ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Cavalcanti, Helio Jaguaribe, João Almino, Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar José Murilo de Carvalho, José Sarney, Lygia Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Fagundes Telles, Marco Lucchesi, Marco Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Maciel, Marcos Vinicios Vilaça, Merval Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Pereira, Murilo Melo Filho, Nélida Piñon, Fax: (0xx21) 2220-6695 Nelson Pereira dos Santos, Paulo Coelho, E-mail: [email protected] Rosiska Darcy de Oliveira, Sergio Paulo site: http://www.academia.org.br Rouanet, Tarcísio Padilha, Zuenir Ventura. ISSN 0103707-2 As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Transcrições feitas pela Secretaria Geral da ABL. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário EDITORIAL CÍCERO SANDRONI 7 DOSSIÊ NELSON PEREIRA DOS SANTOS ANA MARIA MACHADO Tributo à Nelson 9 ANTONIO CARLOS SEccHIN Adeus, Nelson. 10 ANTONIO CICERO O cineasta brasileiro, Nelson Pereira dos Santos 11 ANTÔNIO TORRES O Nelson que conheci 12 ARNALDO NISKIER Nelson Pereira dos Santos e a fome de amor 14 ARNO WEHLING Um intérprete do Brasil 16 CANDIDO MENDES DE ALMEIDA Cinema: Uma janela para Nelson 17 CARLOS NEJAR Nelson Pereira: Saudades 18 CELSO LAFER Homenagem a Nelson Pereira 19 CÍCERO SANDRONI A literatura no Cinema 20 DOMICIO PROENÇA FILHO A arte cinematográfica e Nelson 24 JOSÉ MURILO DE CARVALHO Nelson Pereira dos Santos: Cinema e Literatura 25 JOSÉ SARNEY Nelson, cineasta da cultura universal 26 MARCO LUccHESI Nelson Pereira dos Santos (Alocução) 27 MARCOS VINICIOS VILAÇA Um homem de Cinema 29 ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA O Brasil pelos olhos de Nelson 30 SERGIO PAULO ROUANET Nelson, saudade 31 CACÁ DIEGUES Nelson Pereira dos Santos é uma luz que não se apaga 32 ANDRÉ MIRANDA Nelson Pereira dos Santos, cineasta do povo 34 JAN NIKLAS “Não é possível falar de cinema sem o nome Nelson Pereira dos Santos”, diz Walter Salles 36 DARLENE J. SADLIER Nelson Pereira dos Santos: In memoriam 37 ENSAIO JOSÉ MURILO DE CARVALHO Machado de Assis e Joaquim Nabuco: Patriotas belicosos 39 JOÃO ALMINO Medeiros e Albuquerque: Irrequieto inovador 45 ANA MARIA MACHADO Jovita & Companhia 53 EDMAR LISBOA BACHA Os Lisboa: Fragmentos de memória 57 EDUARDO PORTELLA Anotações sobre o cânone 65 EVALDO CABRAL DE MELLO A sombra de Pombal 67 SERGIO PAULO ROUANET Marcuse e o movimento de maio de 1968 71 FLÁVIO RICARDO VAssOLER Os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa: Crítica e apologia sociais em Pai contra mãe, de Machado de Assis 75 FLORIANO MARTINS Algumas anotações sobre a vanguarda na República Dominicana: La poesía sorprendida, Eugenio Granell e Freddy Gatón Arce 81 MÁRCIO SELIGMANN-SILVA Plurilinguismo, tradução e errância nos poemas de Moacir Amâncio 89 GABRIEL OLIVEN Medicina e literatura: O encontro das palavras na trajetória de Moacyr Scliar 99 SANDRA BAGNO O Paiz do Carnaval: A alcunha recusada por Jorge Amado 105 HENRIQUE MARQUES SAMYN Em busca de “novos ollos”: Sobre Pálpebra azul, de Helena Villar Janeiro 119 POESIA FLÁVIA ROCHA 123 JÚLIO MACHADO 131 MAURICIO VIEIRA 137 CONTO JOSUÉ MONTELLO O monstro 143 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. MACHADO DE ASSIS Editorial Cícero Sandroni Ocupante da Cadeira 6 na Academia Brasileira de Letras sta é a edição 95 da Revista Brasilei- do passado e do presente, sejam brasileiros ra, relativa aos meses de abril/maio/ ou estrangeiros, em relação analítica com E junho. Tal número ainda uma vez hon- questões caras à contemporaneidade. Rea- ra a tradição da Casa ao trazer grafada em firma-se assim o que nos diz Graça Aranha: suas páginas o diálogo, o debate vigoroso “A Revista Brasileira teve o dom da tolerân- em torno do pensamento filosófico, históri- cia e da concórdia. Nas suas páginas e nas co e artístico, além de apresentar momen- suas salas uma verdadeira confraternidade tos de expressão criativa. espiritual entre os homens, os mais diver- Sua primeira seção, “Dossiê Nelson Pe- gentes, floresceu docemente.” reira dos Santos”, dedica-se ao Acadêmi- As seções “Poesia” e “Conto” seguem co, ocupante da Cadeira 7, no período de em consonância com a organização edito- julho de 2006 a abril deste ano, e conta rial por mim adotada. O leitor encontra- com textos de seus confrades, bem como rá uma narrativa de Josué Montello, mais de críticos e cineastas de relevante expres- tarde levada para o cinema com o título são, por meio dos quais se reafirma a nota- “O monstro de Santa Teresa”. bilidade do saudoso Acadêmico no campo Os interessados na essência da Institui- do cinema. ção e no pensamento de seus pares encon- Na seção “Ensaios”, apresentamos in- trarão nestas páginas farto material de pes- quietantes debates em torno de escritores quisa para ler e rememorar. DOssIÊ NELSON PEREIRA DOS SANTOS • 9 DOSSIÊ NELSON PEREIRA DOS SANTOS Tributo à Nelson Ana Maria Machado Ocupante da Cadeira 1 na Academia Brasileira de Letras u gostava muito de Nelson Pereira dos Capaz de, já com obra consagrada e quase Santos. se despedindo, ousar fazer um longa-me- E Nesta hora passam pela lembran- tragem sem locução, diálogos, ou voz em ça muitos encontros ao longo da vida. Não off, como “A música segundo Tom Jobim”. vou evocá-los mas começam muitos anos E capaz de dar significado sutil até mesmo antes do dia em que fui a seu escritório e aos créditos ou ao letreiro inaugural pro- conversamos sobre a possibilidade de que jetado na tela. Desde seu primeiro longa, ele se candidatasse à Academia. Primeiro quando já começa a projeção anunciando foi preciso convencê-lo, evocando a presen- a protagonista que se apresenta. Em vez ça de Jean Renoir na Academia Francesa. do nome de uma grande estrela a atrair as Depois, para Nelson chegar a nós, foi um atenções, o espectador lia na tela, após o caminho longo, trilhado com paciência, de tradicional letreiro em que A produtora x forma discreta e disciplinada. apresenta: A cidade do Rio de Janeiro em Revelou-se então o acadêmico de conví- “Rio quarenta graus”. vio agradabilíssimo e participante no nosso Anos depois, nos brindou com o ines- dia a dia, assíduo, apresentando propostas, quecível início de “El justicero”: aparece supervisionando o setor do audiovisual e o a imagem do Condor que caracterizava a ciclo de Cinema na ABL, desempenhando distribuidora Condor Filmes, toda a plateia missões junto a universidades no exterior. faz a gracinha de sempre, gritando XÔ, a Não vou evocá-lo em termos pessoais, ave levanta voo (como sempre, claro), mas todos aqui o conhecemos e lhe queríamos então a câmera se afasta e aparece o prota- bem. gonista, vivido por Arduíno Colassanti, sen- Mas quero celebrar o grande artista que tado numa plateia de cinema, gritando xô! fica. Aquele que foi, para mim, nosso cine- para uma imagem de condor que levanta asta maior, agregador, formador de equipes voo... Composição em abismo – classificam e professor e animador de novas gerações. os teóricos. Brincadeira com a linguagem Criador inteligente e agudo, em perma- audiovisual, ensinava o diretor. nente diálogo com a literatura e a música, Era assim Nelson. De múltiplas facetas e atento à linguagem visual de forma sempre cheio de camadas inesperadas – sérias, di- consistente, quase clássica, cerebral, sem vertidas, ternas. Por tudo isso sua obra fica e pirotecnias, mas flexível e criativo, incluindo por tudo isso vamos lembrá-lo sempre com a moldura em que um filme se apresentava. carinho. 10 • DOssIÊ NELSON PEREIRA DOS SANTOS Adeus, Nelson. Antonio Carlos Secchin Ocupante da Cadeira 19 na Academia Brasileira de Letras ssisti a mais de uma dezena de fil- Tive a alegria de desfrutar de sua com- mes dirigidos por Nelson Pereira de panhia, sempre ao lado da querida Ivelise, A Santos, e não hesito em dizer que foi em encontros de que também costuma- através de sua arte que aprendi, na década de vam participar Edla Van Steen e Sábato 1960, a amar o cinema brasileiro, com “Boca Magaldi. de Ouro“ (1962) e “Vidas secas“ (1963). Sem nenhuma pompa, sempre acessí- Evoco também, entre tantas outras, a vel, era exemplo de cortesia e consideração magnífica adaptação de Memórias do cárce- para com todos que o procuravam. re, de 1984. Nelson saiu-se igualmente bem Participei, ao lado de vários outros aca- na transposição de ficcionistas cujos universos dêmicos, de seu filme “Português, a língua são quase antagônicos: o sertão despojado do Brasil“, de 2009, e comprovei seu dom de Graciliano Ramos e a Bahia exuberante de de sempre deixar à vontade os entrevistados.
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