Zuenir Ventura, Jornalismo E Testemunhos: Interpretações Da Cultura
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES FELIPE QUINTINO Zuenir Ventura, jornalismo e testemunhos: interpretações da cultura São Paulo 2017 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES FELIPE QUINTINO Zuenir Ventura, jornalismo e testemunhos: interpretações da cultura Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo, como exigência para obtenção do título de doutor em Ciências da Comunicação. Área de Concentração: Teoria e Pesquisa em Comunicação Orientador: Profa. Dra. Sandra Reimão São Paulo 2017 FELIPE QUINTINO Zuenir Ventura, jornalismo e testemunhos: interpretações da cultura Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo, como exigência para obtenção do título de doutor em Ciências da Comunicação. Data de defesa: ___ /___ /___ Banca examinadora: Prof. Dr. ____________________________________________________ Instituição: ___________________Assinatura: _____________________ Prof. Dr. ____________________________________________________ Instituição: ___________________Assinatura: _____________________ Prof. Dr. ____________________________________________________ Instituição: ___________________Assinatura: ______________________ Prof. Dr. ____________________________________________________ Instituição: ___________________Assinatura: _____________________ Prof. Dr. ____________________________________________________ Instituição: ___________________Assinatura: _____________________ Aos meus pais, Adriano e Maria Célia, pelo incentivo de sempre. AGRADECIMENTOS Esta pesquisa é resultado de muitos encontros, troca de conhecimento e memórias compartilhadas. A sugestão de livros, a indicação de entrevistados, dicas nos congressos, ajuda no acesso a documentos e apoio moral foram algumas das maneiras que presenciei durante a realização da tese. Há muitas pessoas a quem agradecer. Quero fazer um agradecimento especial à professora Sandra Reimão, orientadora deste trabalho que me acompanha desde o mestrado. São seis anos de convivência, parceria e aprendizado. Foi uma honra tê-la por perto nessa longa jornada, sempre com palavras de incentivo. Aos funcionários, professores e alunos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, pelo apoio e ajuda. Aos amigos do grupo de pesquisa “Livros e outras mídias”, pela interlocução constante. Contei com a colaboração de vários funcionários das instituições, arquivos e bibliotecas com quem mantive contato para a busca de fontes, documentos e livros. Destaco a atenção e gentileza que me receberam nesses ambientes de preservação da memória. Ao jornalista Zuenir Ventura, pela generosidade e disponibilidade em dividir suas memórias e lembranças dos vários episódios da sua vida. Foi um prazer conhecer a sua história. A todos os entrevistados desta pesquisa, registro a confiança a mim depositada neste processo de diálogo e relatos de experiências vividas em tempos passados. No segundo semestre de 2015, tive a oportunidade de realizar um estágio de doutorado na Université de Poitiers, na França. Agradeço ao professor Michel Riaudel pela supervisão e por me receber de forma tão atenciosa e afetiva. Aos meus pais, irmãos, demais familiares e amigos, pela parceria na vida. Agradeço aos jornalistas, professores e amigos que conheci em Vitória, em especial, Bruno Miranda, João Barreto, Hérica Lene, Vanessa Maia, Cláudio Rocha, Fabiano Mazzini, Kátia Fraga, Iluska Coutinho, Edgard Rebouças, Hesio Pessali, Conceição Soares, Virgínia Abrahão, José Irmo Goring, Eduardo Caliman, Andréia Lopes, Radanezi Amorim, Celi Krüger, Rondinelli Tomazelli, Vitor Vogas, Daniella Zanotti, Vera Ferraço, Vinícius Baptista, Gabriela Rölke, Isabela Bessa, Geraldo Nascimento, Gabriel Lordêllo, Flávio Borgneth, Nina Cida, Graça Rossetto, Rita Bridi, Sandra Aguiar, Lúcia Garcia, Ednalva Andrade, Anny Giacomin, Luciana Raymundo, Andréa Resende, Raquel Salaroli, Suzana Tatagiba, Denise Zandonadi e Cláudia Feliz. Por fim, mas não menos importante, agradeço à Capes pela concessão da bolsa de doutorado. RESUMO A pesquisa compreende o estudo da trajetória do jornalista Zuenir Ventura, com ênfase no período da ditadura militar. O estudo buscou mapear as origens sociais, formação, relações de amizade, trabalhos na imprensa, reconhecimentos da comunidade jornalística e inserção em grupos de sociabilidade intelectual no Rio de Janeiro. A questão central deste trabalho corresponde aos esforços de Zuenir na interpretação da vida cultura brasileira, em diagnósticos e panoramas que se interligassem com a conjuntura política. As ideias, frentes de atuação e balanços propostos caminharam por quatro questões que se relacionam: processo de construção de brasilidade, associação aos valores do nacional-popular, identidade de oposição ao regime militar e o papel do intelectual nos movimentos de mediação. O percurso de Zuenir, que começou no jornalismo na segunda metade da década de 1950 e exerceu paralelamente a profissão de professor, acompanhou parte do processo de modernização da imprensa carioca, as mudanças no perfil dos jornalistas e o quadro de concentração das empresas jornalísticas na cidade. Palavras-chave: Zuenir Ventura; jornalismo; cultura; ditadura militar, interpretação. ABSTRACT This research comprises the study of the trajectory of the journalist Zuenir Ventura, with emphasis on the period of the dictatorship. The study sought to map the social origins, formation, friendship relations, works in the press, recognitions of the journalistic community and insertion in groups of intellectual sociability in Rio de Janeiro. The central question of this work corresponds to the efforts of Zuenir in the interpretation of the brazilian culture, in diagnoses and panoramas that were connected with the political conjuncture. The ideas and lines of action were guided by four questions related to each other: the process of constructing a brazilian identity, the association of national-popular values, opposition to the military regime and the role of the intellectual in mediation movements. Zuenir's trajectory, which began in journalism in the second half of the 1950s and practiced in parallel with the teaching profession, accompanied part of the process of modernization of the Rio press, changes in the profile of journalists and the concentration of journalistic enterprises in the city. Keywords: Zuenir Ventura, journalism; culture; dictatorship, interpretation. SUMÁRIO Introdução 9 Capítulo 1 Testemunhos, interpretação e sociabilidade intelectual 15 1.1 Jornalismo e cultura: perspectiva histórica 23 1.2 Trajetória, empregos e formação 33 1.3 Vila Isabel, samba e cenário musical dos anos 1950 40 Capítulo 2 Caminhos pelas redações do Rio de Janeiro 49 2.1 Projeto editorial, juventude e insatisfação de Adolpho Bloch 72 2.2 Atuação universitária: cursos de Jornalismo e Desenho Industrial 86 2.3 Comunidade jornalística, prêmios e reconhecimento 97 Capítulo 3 Temporada parisiense, estudos e vivências na Casa do Brasil 107 3.1 Leituras, cinema e Guerra da Argélia 118 3.2 Prisão em 1968 e amizade com Hélio Pellegrino 127 3.3 “Zueno, Zoany, Zwenir”: rastros da vigilância 133 3.4 Vida urbana, “esquerda festiva” e representações de Ipanema 151 Capítulo 4 Fascículos, história e rememoração 163 4.1 Fatias do passado, cartas dos leitores e dimensão política 170 4.2 Revista Visão, “vazio cultural” e parcerias com Vladimir Herzog 177 4.3 “Assim se passaram dez anos”: balanços e carta de Glauber Rocha 189 Capítulo 5 Núcleos de resistência: projetos artísticos e grupo Casa Grande 200 5.1 Roteiro de documentário, Centro Brasil Democrático e frente cultural 206 5.2 Revista Veja: equipe jovem e entrevista com Drummond 211 5.3 Revista IstoÉ: pautas do cotidiano carioca 224 Considerações finais 233 Referências 237 Anexos 261 Introdução Em uma sala do último andar do prédio da Faculdade Nacional de Filosofia, a aula da turma do curso de Letras Neolatinas estava prestes a começar. A professora Cleonice Berardinelli entrou, cumprimentou os estudantes e iniciou a chamada. Com voz firme e segura, leu o último nome da lista: Zuenir Ventura. Ninguém respondeu. Fez o mesmo ritual no encontro seguinte. De novo, o silêncio. Ela então voltou-se para turma e perguntou: “alguém aqui conhece essa menina? ”. Disseram que não conheciam, mas só acharam o nome “estranho”. Na terceira aula, chamou “a menina” que havia faltado duas vezes. Levantou-se um rapaz de mais de 1.80 de altura e respondeu: “sou eu”. A professora se espantou: “O quê? Você é Zuenir? ”. Ele então explica que o seu nome era uma “fatalidade” e que não era a primeira vez a acontecer tal equívoco. Os detalhes dessa passagem divertida foram lembrados por Cleonice mais de cinquenta anos depois quando fez o discurso de recepção a Zuenir na Academia Brasileira de Letras (ABL) em março de 2015, levando a plateia aos risos. Grande conhecedora da obra do escritor Fernando Pessoa, a professora, então com 98 anos, estava em uma cadeira de rodas em razão de um acidente, um tombo em uma calçada de pedra portuguesa no Rio de Janeiro. Zuenir ficou ao seu lado e a ajudou com as folhas do discurso. Ao se deter nos elos de afetos dessa amizade, Cleonice recordou histórias dos tempos da universidade e declarou seu encanto por Alice, neta do novo imortal que aparece em muitas de suas crônicas. Acompanhei a cerimônia, prestigiada por artistas, jornalistas e escritores, pelo site da academia, que fez transmissão ao vivo da posse. Durante a realização desta pesquisa, que compreende o