Macaenses Em Trânsito: O Império Em Fragmentos (São Paulo, Rio De Janeiro, Lisboa, Macau)”
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MAÍRA SIMÔES CLAUDINO DOS SANTOS “Macaenses em trânsito: o Império em fragmentos (São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa, Macau)” Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas sob a orientação do Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz. Este exemplar corresponde à redação final da Dissertação defendida e aprovada pela Comissão Julgadora em BANCA EXAMINADORA Banca: Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz (Orientador) – DA/IFCH-UNICAMP Prof. Dr. John Manuel Monteiro – (Membro) DA/IFCH-UNICAMP Dra. Marta Denise da Rosa Jardim – (Membro) CEBRAP Profa. Dra. Heloisa Buarque de Almeida – Suplente - PAGU-UNICAMP Prof. Dr. Osmundo Santos de Araújo Pinho – Suplente – DA/IFCH-UNICAMP Campinas /2006 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO IFCH - UNICAMP Santos, Maíra Simões Claudino dos Sa59m Macaenses em trânsito : o Império em fragmentos (São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa, Macau) / Maíra Simões Claudino dos Santos. - - Campinas, SP : [s. n.], 2006. Orientador: Omar Ribeiro Thomaz . Dissertação (mestrado ) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 1. Identidade etnica. 2. Macau - Condições sociais. 3. Migração. 4. Macau (China) - Civilização - Influências portuguesas. I. Thomaz, Omar Ribeiro. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. (sfm/ifch) Título em inglês: Macanese in transit : the empire in fragments (São Paulo, Rio de Janeiro, Lisbon, Macau) Palavras – chave em inglês (Keywords): Ethnic identity. Macau - Social conditions. Migration. Macau (China) - Civilization - Influences portuguese Área de concentração : Antropologia Titulação : Mestre em Antropologia Banca examinadora : Omar Ribeiro Thomaz John Manuel Monteiro Marta Denise da Rosa Jardim Data da defesa : 18/12/2006 Programa de Pós-Graduação : Antropologia 2 RESUMO Tendo como ponto de partida um trabalho de natureza etnográfica realizado na Casa de Macau em São Paulo, procuramos recuperar aqui a experiência de macaenses que abandonaram esta cidade na China e imigraram para São Paulo entre 1953 e 1977. A partir de narrativas sobre sua história individual e sobre as particularidades de Macau, e dialogando com relatos de macaenses no Rio de Janeiro, Lisboa e Macau, e com parte da historiografia contemporânea sobre Macau, pretendemos discutir de um lado as dinâmicas idenditárias deste grupo tendo a diáspora como referência, e de outro a forma como um pequeno grupo reage a mudanças tão profundas do seu entorno reinventando continuamente um universo de tradições. Na relação direta com os macaenses em entrevistas, conversas e registro de histórias de vida, pretendeu-se perceber histórias pouco conhecidas de Macau: aquelas que dizem respeito à saída sucessiva de grupos e famílias de macaenses em função das crises que marcaram o enclave desde meados do século XIX. PALAVRAS CHAVE Macaenses, Macau, identidade étnica, migração e diáspora, Império Colonial Português, Casa de Macau, China. 3 ABSTRACT Considering the ethnographical work conducted in the Casa de Macau in São Paulo, we shall retrace here the experience of these people that abandoned their city in China and immigrate to São Paulo between 1953 and 1977. We intend to discuss both the identity dynamics of this group, with the diaspora as reference, and how this group reacts to the changes around them and continually reinvent a universe of traditions. In order to do that our research considered the narratives of their individual story (Macanese in São Paulo)and some reports of Macanese from Rio de Janeiro, Lisboa and Macao, Macao’s singularities itself, and the contemporary historiography on it. From direct contact with interviews, talks and reports of life stories, we wanted to understand some unknown stories of Macao: those that concern to the successive movements of families leaving it due to the crises that has marked that enclave since the middle of the XIX century. 4 AGRADECIMENTOS Muitas pessoas contribuíram para a realização e finalização da pesquisa. Quaisquer que fossem as palavras utilizadas para referir-me ao estímulo intelectual do orientador deste trabalho, prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz, elas, certamente, não expressariam a minha sincera gratidão. A sua paciência e generosidade para com uma iniciante e o exemplo de como se somam trabalho intelectual, garra e dignidade pessoal, estão, sem dúvida, entre as maiores de suas lições. Meu orientador fez-me entender, também e enfim, que a pesquisa deve partir da curiosidade e da experiência do próprio pesquisador. Os professores da Unicamp Suely Kofes, Mauro Almeida e Robin Wrigth foram atores fundamentais durante o processo da dissertação, contribuindo com questões, sugestões e crítica e também como formadores, pois foram meus professores durante a pós-graduação. A Bela Feldmam Bianco e Rita de Cássia pelas disciplinas ministrada durante a pós-graduação que de maneira indireta foram fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa e também contribuíram para minha formação. A Rita de Cássia e a John Monteiro, obrigada pela leitura crítica na qualificação. A Rita de Cássia entre outros pontos, por me fazer ver o quanto estava naturalizando os meus sujeitos, e ao John Monteiro, em sua preciosa leitura pelas sugestões e questões que contribuíram para eu sair do estilhaço, conseguir organizar os meus dados e poder, enfim seguir com a decolagem. Encontrei na minha turma do mestrado um espaço de companheirismo e debate: Marcela, Marcão, Pedro, Fabi, Cris e, Tati. E pessoas de outros cursos e de outros anos que fui encontrando pelo caminho em especial: Simone Aranha e Vilson Antonio Cabral Junior. A interlocução com esses amigos e colegas tornou o mestrado menos solitário e mais prazeroso. Aos amigos: Mário de Almeida Toledo, Maurício Fiore, Ana Paula Cruz, Gabor Basch, Lorenzo Macagno, Raquel Wigg, Abel Meneses e Rodrigo Brandão, que em diferentes momentos foram conselheiros, debatedores e compartilharam comigo a difícil tarefa de redigir uma dissertação. Em Portugal e no Brasil meus agradecimentos a João de Pina Cabral e João Vasconcelos e a todos os colegas do Instituto de Ciências Sociais (ICS) que participaram da discussão deste trabalho quando estava em andamento. Meus agradecimentos a Edu Don Goya pelo carinho e apoio técnico na preparação das imagens e na edição das fotografias. A Sylvia Guimarães por me mostrar e ceder as maravilhosas fotografias que tirou em Macau antes da Entrega à China, meus sinceros agradecimentos. Na reta final, meus eternos agradecimentos a Marta Jardim que me fez amante da antropologia e compartilhou comigo livros, informações, conhecimentos, preocupações e toda a sua experiência, na qual eu não paro de aprender. E ao Salloma Salomão que compartilhou comigo a experiência em Portugal, leu meus textos, debateu comigo, mostrou-me os meus etnocentrismos, deu-me idéias novas e, sobretudo encorajou-me em muitos momentos difíceis. O apoio de várias ordens em diferentes momentos: Marília Simões, Marília Carneiro, Flávio Galvani, Edgar Medina, Catarina Mira, Maria Manuel, Johana Barreneche, Dário de 5 Souza, Serena Eluf, Ivone Daré Rabello, Mariana Muniz, Paulo Vasconcelos, Ana Maria Caldas e a todas as minhas amigas da dança, meus agradecimentos e forte abraço. A minha mãe e minha avó que souberam compreender os tempos difíceis e estiveram sempre presente com seus carinhos e o apoio incondicional. Agradeço a FAPESP pelo recurso concedido. A Cátedra Jaime Cortesão, Instituto Camões pela viagem a Portugal e a Fundação Oriente sou grata pelo auxílio complementar que tornou possível minha viagem a Macau. Finalmente, quero expressar minha gratidão a Casa de Macau de São Paulo e de Lisboa, pela generosidade e por abrir-me as portas para que eu entrasse. Esse trabalho também é de vocês. 6 Aos meus pais, por tudo! Aos macaenses da Casa de Macau de São Paulo. À Jeyssy e Jerry. 7 VIVA O MACAENSE (Meira-Quirino-Pinha-Cruz) Somos milhões de corações a trabalhar para conseguir melhor vida que a de lá e lá longe vamos sonhando, sempre pensando no dia a regressar somos milhões vamos cantar toda a coragem que a temos para dar (refrão) Viva viva o macaense Lá na Austrália, América, Suíça, Portugal e Canadá Viva viva na Alemanha e no Brasil, na África, em Holanda Só Deus sabe onde ele anda e se um dia voltará Somos milhões de corações a reviver a nossa querida terra que nos viu nascer vivendo longe somos imagem do sangue português que anda sempre em viagem somos milhões vamos a cantar toda a coragem que a temos para dar Viva viva o macaense ... (refrão 2x) 8 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................. 10 1. A comunidade macaense em São Paulo: construindo a questão ................. 10 2. O percurso de uma pesquisa ................. 14 2.1. Primeiros passos ................. 14 2.2 Cruzando o Atlântico ................. 16 2.3. Por fim, Macau ................. 18 3. O método ................. 21 CAPÍTULO I. IDENTIDADE NO ESTILHAÇO ................. 32 1.1 Macau e os macaenses ................. 39 1.2 Lembranças de Macau: origens e sociabilidade ................. 39 1.3 Um evento para falar de identidade e clivagens ................. 64 1.4 Um pequeno fechamento sobre as questões da identidade macaense ................. 66 CAPÍTULO 2. TERRITÓRIOS ................. 69 2.1 A Casa de Macau: encontros e visibilidades ................. 69 2.2 A identidade: o patuá ................. 76 2.3 Culinária, Religião e Livros: fronteiras ................. 84 2.4 Territórios, espaços e os sentidos: identidade que