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PRESIDENTE SAMORA NA ASIA E EUROPA Número especial dedicado à viagem presidencial à República Popular Democrática da Coreia, República Popular da Mongólia, República Popular da e República Popular da Hungria. Texto e fotos dos enviados: Ricardo Rangel Daniel Maquinasse Calane da Silva Gulamo Khan Pedro Tivane Colaboração de: Mendes de Oliveira Machado da Graça Ricardo Timane Maria de Lourdes Maquetização: Eugénio Aldasse Alvaro Belo Marques Biblioteca do Arq. Hist, de Moç. N.o ...... ------24 DE JUNHO DE 1978 - NOMERO ESPECIAL 1Témpoý *~~'*.4~.' A viagem que o Presidente Samora Machel fez a quatro países socialistas da Ásia e da Europa cumpriu com sucesso os objectivos previamente traçados, nomeadamente no qual diz respeito ao estreitamento das relações entre a FRELIMO, partido marxista-leninista, e os partidos de vanguarda dos países visitados. O povo moçambicano trava neste mo. mento uma dura luta pela sua reconstrução nacional. Baseia por outro lado a sua política internacional nos princípios do não alinhamento. Em ambos os casos as boas relações com todos os países socialistas, zona libertada da humanidade, são um factor fundamental com que podemos contar. Nas importantes conversações travadas, quer a nível do partido, quer a nível governamental, foram reforçados os laços de amizade já existentes e implementadas novas formas de cooperação nos campos político, económico e cultural. Na República Popular Democrática da Coreia, os trabalhos realizados pelas Delegações Moçambicana e Coreana, respectivamente dirigidas pelos Presidentes Samora Machel e Kim I! Sung, levaram, à assinatura de um tratado de amizade e cooperação, documento da maior importância para os dois Países e Povos. Foram igualmente implementados projectos de cooperação, principalmente no campo da agricultura e, mais especificamente da irrigação de terrenos, aspecto em que os trabalhadores coreanos desenvolvefram ricas experiências. Na República Popular da Mongólia a Delegação Moçambicana procedeu a uma frutuosa troca de experiências com os dirigentes e com o povo mongol. editorial 'ii TIMPO ESPECIAL- PãO, a

As relações entre a FRELIMO e o Partido Revolucionário Popular da Mongólia remontam ao período da luta de libertação nacional. Já nessa altura os combatentes moçambicanos receberam um auxílio do Povo Mongol que se traduziu em peças de fardamento. Através desta visita e das conversações realizadas, as relações entre os dois Partidos e Estados atigiram um nível superior. Esta fase nova das relações Moçambique-Mongólia tinha sido iniciada pela presença de um representante Mongol no. III Congresso da FRELIMO. Na República Popular da China o Presidente Samora Machel e a sua comitiva tiveram a oportunidade de confirmar e aprofundar junto dos novos Governantes Chineses as relações de amizade e cooperação entre a FRELIMO e o Partido Comunista Chinês. Sendo a primeira viagem à' China do responsável máximo do Partido e Estado Moçambicanos após o falecimento, em poucos meses, dos três principais dirigentes daquele país, o Presidente Mao Tse Tung, o Primeiro Ministro Chu En Lai e o Presidente da Comissão Permanente da Assembleia Popular Chu Te, esta viagem tinha como principal pbjectivo um contacto directo com a nova equipa dirigente chinesa liderada pelo Presidente Huakuofeng. As conversações realizadas permitiram uma frutuosa troca de experiências e a implementação de uma plataforma concreta de cooperação. As deslocações no interior do País foram igualmente úteis para um mais aprofun, dado conhecimento do processo de construção do Socialismo na República Popular da China, País que realiza neste momento um enorme esforço que lhe permitirá uma completa mecanização agrícola a' muito curto prazo. Na República Popular da Hungria a Delegação Moçambicana teve ocasião de realizar importantes conversações a nível partidário com o Partido Socialista Operário da Hungria. Estas conversações contribuiram para uma aproximação crescente entre as duas organizações de vanguarda dos Povos Moçambicano e Húngaro, o que se traduziu na prática pela assinaturg de um protocolo de acordo entre os dois Partidos. Foi igualmente possível à nossa delegaço completar e ratificar alguns acordos a nível governamental realizados aquando de visitas de Ministros Moçambicanos à Hungria ou de Ministros Húngaros ao nosso País. Esta longa viagem e o trabalho intensivo que foi realizado nos quatro países visitados conduziram, portanto, a resultados muito concretos. Por um lado foi reforçada a unidade do campo anti-imperialista, a unidade dos Povos que se libertaram da exploração capitalista e avançam na construção de uma nova sociedade e no apoio firme aos Povos que ainda lutam pela sua libertação. Por outro lado esta viagem permitiu uma útil troca de experiências entre a Delegação Moçambicana e os Dirigentes e Povos dos Países visitados. Por fim, os acordos assinados no domínio da cooperação económica e técnica virão beneficiar directamente a reconstrução do nosso País através da melhoria dos nossos processos de produção de forma a aumentar o bem estar de todo o Povo Moçambicano. .j TEMPO ESPECIAL-pág *

A recepção em Pyong Yang foi extraordinária. Desde o aeroporto, engalqnado com disticos e bandeiras de ambos os países onde centenas de jovens coreanas evolucionavam em passos de dança rítmica e ostentando leques e lenços garridos, até à cidade com milhares de pessoas ladeando o extensíssimo percurso, a manifestação de boas-vindas à Delegaç&o e, em especial, ao Presidente Samora Machel e Esposa, foi impressionante de cor, música e belezc. Estas exuberantes manifestações do povo coreano, bem simbolizadas nos gritos de «manze, manze» (Viva! Viva!), haviam de prolongar-se em todos os locais percorridos durante o tempo da visita da Delegaç&o mo çambicana à R.P.D, da Coreia. TEMPO ISPECIAL -'B, 4 1 TEMPO ESPECIAL- pág, 5

O Presidente Samora Machel é recebido no aeroporto de Pjong?/ang pelo Presidente Kim 11 Suna. Do aeroporto à cidade de Pyong Gyang e apesaf de ser domingo, viam-se grupos de camponeses ultimando tarefas relacionadas com o plantio de arroz, cereal que se cultiva em larga escala neste país e é uma das bases de alimentação popular. As machambas de arroz sobem até aos montes em socalcos bem nivelados e amplamente irrigados. Verificaríamos nos dias seguintes e nos diferentes locais do país que a irrigação das machambas atinge grande parte da área total de cultivo. É uria obra gigantesca e de benefícios incalculáveis. A cidade de Pyong Gyang está rodeada de pomares e machambas de arroz que são uma fonte de trabalho e riqueza para a população daquela capital. Ao fim da tarde, milhares destes citadinos-camponeses regressam da faina agrícola em cam;ões e camionetas das respectivas maTEMPO ESPECIAL-0Pã. 6 chambas colectivas. A capital da República Popular Democrática da Coreia cuja área percorremos em grande parte no próprio dia da chegada e mais demoradamente nos outros dias é uma cidade moderna, ampla e coberta de extensas zonas verdes. É uma autêntica cidade-jardim, que foi totalmente reconstruída, pois durante a guerra os bombardeiros americanos arrasaram-na por completo. A única casa que ficou de pé, embora bastante danificada, lá está como símbolo e documento histórico da barbaridade imperialista. Pyong Gyang possui uma moderna linha de metropolitano que serve toda a cidade e onde tivemos oportunidade de circular. No aspecto dos transportes pode-se afirmar que as populações da cidade têm o seu problema resolvido. No campo é o comboio o meio de transporte mais utilizado. Os diversos palácios governamentais e recreativos são edifícios monumentais ornando amplas praças e avenidas. Foi num destes edifícios, o Palácio do Governo, que se realizou o banquete de Estado em honra do Presidente Samora Machel e oferecido pelo Presidente Kim II Sung, logo no primeiro dia da chegada. .Durante os brindes o dirigente coreano fez breve historial da luta do povo moçambicano, enaltecendo a nossa vitória contra o colonialismo e o imperialismo a realização do 3.° Congresso da FRELIMO e a constituiç5o do Partido de Vanguarda Marxista-Leninista. Solidarizando-se com.a luta dos povos ainda colonizados'e opri. m;dos especialmente da África Austral, Kim II Sung garantiu o apoio da R. P. D. C. a Moçambique e aos países da Linha da Frente e aos povos do Zimba- bwe, Namíbia e África do Sul que lutam contra os colonialistas e racistas apoiados pelo ímperialismo. «A sua- visita ao nosso país será uma visita de profunda significação que con- solidará mais e dará brilho eterno à amizade e solidariedade combativas seladas entre os, nossos dois Partidos, países e povos e contribuirá grandemente para o reforço da unidade dos povos da Âsia e África e Revista à guarda de honra. Por todo a lado se estendem maChambas de arroz. A grande oora de irrigação na Coreia atinge quase todo o terreno para cultivo. REPÚBLICA POPULAR DEMOCRATICA DA COREIA Superfície: 120 538 km2. População: 16 milhões de habitantes. Situação Geográfica: Parte Norte da Península da Coreia, no Oceano Pacífico, entre o Mar Amarelo e o Mar do Japão. Fronteira Norte: República Popular da China. Capital: Pyongyang (1 500 000 habitantes). Presidente do Partido do Trabalho da Coreia: King Il Sung. Língua Oficial: Coreano. ^Data da Independência: 1 de Março de 1919. O início da história da moderna República Popular Democrática da Coreia pode situar-se em Outubro de 1945, no fim da II Guerra Mundial. Com o País liberto da ocupação japonesa, os dirigentes patriotas e progressistas vindos quer da zona Sul da Coreia, onde começava a impor-se o domínio dos imperialistas americanos, quer do exílio na URSS e na China, juntam-se em PyonTEMPO ESPECIAL- pág, 7 dos povosdospaíses Não-Alinhados que defendem a Independência» - salientou o Presidente Kim I1 Sung. Por seu turno o Presidente Samora Machel frizou o facto de ser a terceira vez que visita a R. P. D. C., sendo esta a primeira após a conquista da independência nacional. A nova táctica imperialista que tenta dividir os povos dos países progressistas foi também referida pelo Presidente Samora que exortou a uma união mais avançada desses povos e países contra os objectivos e manobras do imperialismo. Depois de se referir aos problemas da África Austral e à estratégia ,e táctica específica do imperialismo nesta região o Presidente Samora Presidente Samora Mache e deleg/=,o Moçambicana cumprimentam alunos Machel manifestou a identidade moçambícanos que o foram receber no aerolorio aa capital coreana. de pontos de vista entre a R.P. M. e R. P. D. C. emrelaçãoà unificação pacífica da Pátria Coreana. dência nacional, Paz e So- UMA ORGANIZAÇÃO «Estamos unidos na ba- cialismo. Consolidemos a IMPECÁVEL se do marxismo-leninismo nossa unidade que é a via e do internacionalismo pro- para ampliarmos as vitórias O espectáculo que traduziu a letário. Estamos unidos na que duramente alcançá- extraordinária disciplina e organiluta contra o imperialismo, mos» - concluiu o Presi- zação ao nível dos jovens do pela libertação, indepen- dente Samora Machel. país foi um portentoso número de ginástica *massiva executado por cerca de 50 mil jovens coreanos de Pyong Gyang. Durante uma hora e meia estes milhares 4de jovens emolduraram o estádio Recepção apoteótica ao Presidente 3amora Machel do aeroporto àe*d We de Pijongyang. Aos gritos de «Manzê! Manzê!» (Viva! Viva!) milhares e milhares de coreanos saudaram a delegação moçambicana. TEMPO ESPECIAL-pág. 0 popular da capital coreana tendo como fundo- na bancada defronte os Presidentes - uma massa compacta também de jovens que naque!as bancadas iam desenhando com cartões coloridos as imagens da história e da revolução coreana. Exibiram também o próprio retrato do Presidente Samora Machel e uma paisagem e mapa moçambicano com um enorme Arco-íris-da-Amizade ligando a Pyong Gyang. Sempre ao ritmo duma orques- tra milhares de jovens e pioneiros desenharam no rectângulo do recinto toda a espéce de figuras, dançando e exibindo números acrobáticos de ginástica. Sem qualquer espécie de congestionamento ou falha o espectáculo que se chamava «Canção da Coreia» decorreu num ritmo espantoso de cor, mobilidade e beleza. UM COMíCIO DE MASSAS NUMA CIDADE OPERARIA Durante a estadia da delegação Entrada triunfal na cidade de Pyjongyang. Início das conversações moçambicano-coreanas. Dos trabalhos e conversações sairia a assinatura de um tratado de Cooperação e Amizade. gyang aos revolucionários que sempre se tinham mantido na Pátria. Assim se constituiu o Comité Norte Coreano do Partido Comunista da Coreia com Kim II Sung como Secretário Geral. Kim I] Sung era o dirigente, desde os anos 30, dosgrupos nacionalistas que no interior do país conduziam a Luta Armada de Libertação contra a ocupação colonial do Japão que oprimia o povo coreano desde 1905. A primeira acção do Partido, dentro do Governo da parte norte da Coreia, foi a condução da política de reforma agrária, a implementação das cooperativas agrícolas e mais tarde, a nacionalização das indústrias, dos transportes e comunicações e da banca. As vitórias populares do Partido de Kim II Sung levaram a que outras formações e organizações progressistas a ele se juntassem, para formar o Partido do Trabalho da Coreia do Norte, em 1946, preparando assim a unidade do Povo Trablhador doC . TEMPO ESPECIAL- pág. 9

Graça Machel e outros elementos da delegação moçambicana msitaram a casa onde viveu Kim II Sung em Maquiondge. moçambicana houve algo de diferente na programação radiofónica coreana. De facto, para além da rádio ter feito uma emissão em directo e em cadeia nacional no dia da chegada da nossa delegação, ela contínou a lançar para o ar música moçambicana, música portanto de um outro povo, acontecimento aliás pouco comum na Rádio de Pyong Gyang que normalmente preenche os seus programas com música nacional coreana. Entretanto decorriam na c;dade Pyong Gyang importantes conversações políticas entre as delegações do Partido e Governo dos dois países. Por outro lado a esposa do Presidente Samora Machel visitou, juntamente com outros membros da delegação moçambicana, a casa onde viveu o dirigente da revolução coreana em Mankiongde, tendo a delegação visitado a seguir a Escola Revolucionária de Mankiongde. Trata-se de uma escola secundária, um centro que se dedica à *formação 'del futuros quadros TEMPO ESPECIAL-Pág 10 militares. Caso curioso a salientar é que a quase totalidade dos instruendos que ali se formaram são filhos de antigos combatentes que, na sua maioria, sacrificaram as suas vidas pela libertação da pátria coreana. De Pyong Gyang a Jamjung cidade portuária em avião turbo-hélice são apenas trinta minutos de viagem. Primeiro, partiu o avião com elementos da informação de ambos os países e alguns membros da delegação moçambicana tendo o Presidente Samora Machel seguido no avião seguinte meia hora depois. A cidade de Jamjung, já nas costas do Oceano Pacífico, é uma cidade predominantemente industrial, mas tal como a capital da Coreia, encontra-se rodeada de extensas machambas, quer de arroz, quer de hortícolas, e muitos habitantes da cidade trabalham nessas machambas. Outro aspecto importante a salientar sobre as zonas rurais da Coreia, que tivemos oportunidade de verificar durante a viagem de avião, é a intensa ocupação agrícola do terreno incluindo as montanhas. Nestas, para além. dos sucolcos irrigados, estendem-se pomares de fruta variada. A recepção da população de Jamjung ao Presidente Samora Machel foi extraordinária. Milhares e milhares de habitantes agitando os já tradicionais ramos de flores artificiais enchiam por completo as ruas da cidade tendo o cortejo presidencial estaciorado Ofertas do Chefe de Estado Moçambicano o esposa ao Prêstdente fim 14 Swug.

1 rela sob uma mesma linha política. Esta unidade foi fundamental para a consolidação da independência nacional e das primeiras vitórias das massas trabalhadoras. Em 1948 várias tentativas foram feitas pelos dirigentes .....do N orte e do Sul, conjuntamente com os seus respectivos aliados, para o estabelecimento dum Governo Independente e democrático de toda a Coreia. Porém as contradições revelaram-se Na escola de bordados da mulher coreana em Pyongyang Graça Machel aprecia antagóicas, tendo os trabalhos ali desenvolvidos. levado ao estabelecimento de dois Estados, um popular, dirigido pela vanguarda dos trabalhadores, ao Norte, outro dirigido pela burguesia submissa aos interesses imperialistas, ao Sul. No dia 9 de Setembro de 1948 foi formalizada a República Popular Democrática da Coreia tendo como Primeiro Ministro Kin II Sung. Com o estabelecimento da República Popular Democrática da Coreia como nação soberana, o Partido do Trabalho da Coreia do Sul A esposa do Presidente da R.P.M. quando era saudada por crianças de uma «Casa Cuna» (Jardim infantil) na cidade de Pyong ang. TEMPO ESPEClAL- iSO. 11

Amfa4e o soldaredado para com o. povo moçambicano eram patentes por toM « pane. na grande praça da cidade, onde o esperavam cerca de 400 mil pessoas para o grande comício de amizade que logo ali se seguiria. Aos gritos de «Manzê! Manzê Machel!» a população da cidade Jamjung saudou vivamente o Presidente da FRELIMO e da R. P. M.' Durante o comício, usou da palavra o representante máximo da Província de Jamgviong do Sul que depois de apresentar o Presidente Samora Machel fez um historial da luta e vitória do povo moçambicano contra o colonial;smo e imperialismo. Afirmando a seguir, que todos os trabalhadores da província se encontram empenhados no cumprimento integral do grandioso' programa do Segundo Plano Septanal para a modernização e avanço da economia nacional, o dirigente coreano manifestou a soldariedade daqueles trabalhadores para com a luta dos trabalhadores moçambicanos na construção de uma economia independente e forte em Moçambique. TEMPO ESPECIAL- pág, 12 Samora Machel, por seu lado, depois de agradecer aquela extraordinária manifestação de amizade que afirmou dirigida.ao povo moçambicano saudou o empenhamento dos operários e camponeses coreanos na sua luta diri- gida pelo Partido do Trabalho da Coreia. «São vocês com as vossas mãos e vossa inteligência que constroem este pais» salientou o dirigente moçambicano que sublinhou e denunciou as manobras imperialistas que tentam perpe- iaens espectaculares de gindstica massiva.

Jovens deixando o estádio após a sessdo de ulnaUca masstva. Eles são o futuro da Coreia. juntou-se ao do Norte, unificando a sua Direcção sob a Presidência de Kim II Sung. Esta foi a solução para escapar à marginalização e perseguiçao de que era vítima a organização revolucionária das massas trabalhadoras coreanas que, pela partilha do país, tinhaúi ficado submetidas a um regime que se revelava c a da vez mais anti-democrático, corrupto e repressivo. A política exterior da República Popular Democrática da Coreia orientou-se desde o inicio pelo estabelecimento de r e 1 a ç õ e s estreitas com os países socialistase também com o «terceiro mundo», mas também relações diplomáticas com o maior número de nações; e todo o seu esforço diplomático se orienta para a reunificação pacífica das duas Coreias num só Estado, impondo como condição a retirada das tropas dos Estados Unidos. Dentro do pais o Partido do Trabalho da Coreia tem vindo a efectuar uma política destinada a TEMPO ESPECIÁL- Opg, 13 tuar a divisão da Coreia contra a vontade de todo o povo coreano. Fazenda o objectivo comum dos trabalhadores coreanos e moçambicanos para a construção do socialismo e luta contra o imperialismo agradeceu o internacionalismo proletário manifestado desde sempre pelos trabalhadores de R. P. D. C. no auxílio à Luta de Libertação Nacional do povo moçambicano e também à continuação desse internacionalista nesta hora de reconstrução nacional em Moçambique. No final o Presidente Samora Machel foi demoradamente ovacionado pelas 400 mil pessoas presentes ao comício. CONTAR COM AS PRÓPRIAS FORÇAS Para além do comício que foi um ponto alto da visita do Presidente Samora Machel e delegação moçambicana à cidade de Jamjung há a salientar ainda da parte da manhã e tarde a visita a duas grandes unidades fabris e a uma cooperativa nos arredores da cidade. Realmente surpreendente pelo que contém de-iniciativa criadora e aproveitamento das matérias-, -primas existentes e sua transformação foi a visita ao combinado «Vinalon», uma fábrica que transforma o amianto (asbestos) em matéria-prima para a confecção de tecidos. Não possuindo nem clima nem terrenos propícios ao plantio de algodão ou outra matéria-prima para confecção de fibras sintécticas os técnicos e operários coreanos resolveram fabricar tecidos «a partir da pedra». Possuindo amianto e calcário em quantidade os cientistas, correanos conseguiram transformar quimicamente esse mineral numa espécie de algodão que depois é por sua vez transformado em tecido. Este tipo de>tecido possui uma maior resistência que o tecido de algodão e, não é inflamável. A construção do combinado TEMPO ESPECIAL- pág. 14 Cerca de 400 mil pessoas da cidade de JamJung; capital da Província de Jamquiong da Sal, estiveram presentes ao grande comício de ami*ade ali r'ealizado logo apds a chegada da delegação moçambicana -ara uma visita àquela cidade. industrial de «Vinalon» iniciou-se em 1960 para uma produção de 10 mil toneladas de tecidos, mas essa produção foi rapidamente aumentado assim como a própria capacidade da fábrica, que hoje produz 50 mil toneladas de tecidos, cerca de 300 milhões de metros de pano. para vestuário. O Presidente Samora Machel percorreu demoradamente esta unidade fabril, onde se notam a presença de muitas operárias, tendo no final oferecido aos trabalhadores da fábrica na pessoa dos dirigentes presentes uma obra de arte de escultores moçambicanos e castanha de caju, um produto importante da economia de Moçambique. Num outro complexo indústrial visitado logo a seguir ao almoço, decorrido num edifício de repouso do mais alto dirigente coreano junto a uma praia do Oceano Pacífico, o Presidente Sa- mora Machel pode admirar o alto nível técnico já atingido pelos operários e operárias coreanas no campo da fabricação de grandes peças e maquinaria para a indústria pesada coreana. Na cidade industrial de Jamjung é notável a quantidade de mulheres operárias nos mais diversos ramos da indústria, facto bastante positivo para a libertação da mulher coreana, que em alguns aspectos ainda ostenta velhos hábitos do tempo do feudalismo como é o caso de apertarem os próprios seios atrofiando Na cooperativa «Su Hung» grande parte do plantio de arroz jd é mecanizado. O combinado industrial de «Vinalon». Os tecidos que vemos são fabricados a partir da pedra, quer dizer, a partir da transformação química do amianto. construir uma sociedade socialista desenvolvida de acordo com os princípios da ideia «» a orientação específica e adaptada à realidade nacional coreana para a reconstrução nacional. Os avanços progressivos da sociedade coreana na construção da sociedade socialista avançada, orientam-se p e 1 o princípio das «três revoluções»: a ideológica, a técnica e a cultural que permitem o progresso harmonioso de toda a sociedade. Como resultado desta orientação política e duma planificação cuidada que começou em 1953, a República Popular Democrática da Coreia conhece hoje uma grande prosperidade e o seu povo beneficia de considerável nível de vida e bem-estar social. A indústria desenvolve-se em ritmo acelerado e a agricultura aumenta constantemente a sua produção através de métodos que começaram por ser os da organização colectiva e foram até à mecanização hoje TEMPO ESPECIAL-pág. 16

Na cidade de Jamjung o Presidente Samora Machel visitou um complezo de indústria pesada onde pôde apreciar o alto nfvel técnico jd alcançado belos operdrios e operdrias coreanas. o seu crescimento normal, facto ainda muito praticado pela mulher coreana. COOPERATIVA "SU HUNG" Outro exemplo magnífico da participação da mulher lado a lado com o homem na produção tivemo-lo logo a seguir durante a visita à cooperativa «Su Hung» a poucos quilómetros da cidade de Jamjung. Esta unidade agrícola colectiva possui cerca de 700 membros e planta predominantemente o arroz. O seu grande desenvolvimento é patente, quer pela conseguida mecanização do campo quer pela construção de uma aldeia com todos os requesitos necessários, que vão desde o jardim de infância e escola ao posto de saúde, cooperativa de consumo e local de diversões. Aliás, o aspecto destes camTEMPO ESPECIAL-0pâg. 16 poneses no seu modo de trajar já não se diferencia muito dos o erários da oróoria cidade de Jamjung o que levou o Presidente Samora Machel a comentar: «Quem diria que são camponeses aqueles que estão ali?» No fim da visita e Presidente Samora Machel pediu para ser membro da cooperativa «Su Hung», que foi aceite com muito entusiasmo. O regresso a Pyong Gyang verificou-se ao fim da tarde desse mesmo dia estando prevista para dois dias depois a partida da delegação moçambicana para a República Popular da Mongólia. UM TRATADO DE AMIZADE E UM CONVITE IMPORTANTE Para além do comunicado conjunto assinado entre a delegação coreana e moçambicana os dois países concluiram um Tratado de Amizade e Cooperação para 20 anos onde estão bem patentes o reforço da amizade e solidariedades que unem os dois povos, Partidos e Governos. O Tratado visa a cooperação em todos os domínios. Estes aspectos importantes patentes no Tratado já tinham sido abordados durante o banquete que o Presidente Samora Machel No Paldoo dos Pioneiros da capital coreana as crianças desde pequenas aprendem a famtliarizar-se com .todo o o de instru~tos e mdquinas. pós um espectdeuto cultural os doas presidentes sobem ao palco para cumprientar Os artistas ao measmo tempo que s sxudados vibrantemente por todos presentes. Amizade entre a R.P.M. e a R.P.D.C n& 11 .Sung. Estado d-3 R. D. C. Este importante convite foi açeite com muita satisfação pelo presidente coreano, facto salientado no próprio comunicado conjunto. predominante na actividade agrícola. O sistema educacional alargado a toda a populacão jovem (5 600 000), compreende 11 anos de ensino obrigatório, que começa aos seis e vai até aos 16. As escolas secundárias e superiores, assim como a educação pré-escolar, abrangem camadas crescentes de população, incluindo trabalhadores adultos. Igualmente os serviços estatais de saúde e medicina, totalmente gratuitos, servem hoje todo o povo, no campo e na cidade. Estes são alguns factos que confirmam que a República Popular da Coreia passou em 30 anos, de uma economia feudal e colonizada, com todo o atraso que isso representa, a uma nação desenvolvida, onde a educação e a saúde beneficiam todo o povo e a produção de bens de consumo aumenta constantemente, sem exploração capitalista e sem dependência de nenhuma espécie. TEMPO ESPECIAL-Pág. 17

Bandeiras de Moçambique e da Mongólia eram agitadas pela população que no aeroporto de Buyant Uha aguardava a delegação moçambicana que naquele domingo vinte e um de Maio iniciava uma visita oÇcial e de amizade àquele país asiático. Junto ao presidente Samora e esposa, Graça Machel, estava Yu. Tsedenbal que era acompanhado de sua esposa Fillatova Tsedenbal. Fomos tomando contacto com a cidade de Ulan Bator quando iniciámos o trajecto que separa o aeroporto do centro da capital, que completa uma distância de cerca de 15 quilómetros. Um portal trabalhado, pintado e esculpido com desenhos sobre os aspectos mais diversos da vida mongol, abria-se aos nossos olhos, constituindo uma pequena parede no meio do deserto. Nos espaços nus que ladeavam a estrada elementos da população dispersos, trajando roupas garridas acenavam para os carros da comitiva. Um grande dístico, escrito em português, desejava-nos uma boa estadia na Mongólia. TEMPO ESPECIAL- pág. 18

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A delegação Presidencial ficou hospedada no Palácio de Verão onde à sua chegada o Presidente Samora Machel e esposa foram convidados a entrar numa tenda circular de campanha montada nos jardins da residência. No interior da tenda, que é a habitação tradicional mongol, feita de madeira e feltro, foi-lhes servido uma taça de le;te de égua fermentado. Esta bebida é feita numa bolsa de pele de cavalo e é conhecida por Airag. O Airag tem uma graduação de três graus e o "seu paladar assemelha-se ao da bebida moçambicana Ucanhi. Segundo nos foi exp!icado o Airag é oferecido~aos visitantes para lhes desejar boa saúde. Na parte da tarde o dirigente máximo da Revolução moçambicana depositou uma coroa de flores no mausoléu a Sukhe Bator e Choibalsan, prestando assim homenagem a dois grandes combatentes da libertação da Mongólia. Após esta cerimónia foi iniciado o programa de trabalhos e visitas do primeiro dia de O Presidente Samora Machel e Yu Tsedenbal encontro doa doo povos irmãos e um novo passo nas relações Mongólia-Moçambique. TEMPO ESPECIAL -pi. 20 estadia na República Popular da Mongólia. O Presidente Samora Machel foi recebido depois por Yu. Tsedenbal a quem apresentou os membros da delegação moçambicana, assistiu também a um sarau cultural e participou ainda num banquete oferecido em sua honra pelo Comité Central do Part!do Revolucionário Popular da Mongólia. «A FESTA DOS SOBREVIVENTES» Foi assim que o Presidente Samora Machel definiu o acto de amizade moçambicano-mongol realizado em Ulan Bator, na grande sala do palácio dos sindýcatos, repleta de operários, camponeses e centenas de outros trabalhadores e intelectuais revo'ucionários. Iniciado com a intervenção de uma operária mongol que desejou sucessos aos seus irmãos de classe moçambicanos nas tarefas da reconstrução nacional este encontro foi também motivo para apresentação de um breve estudo histórico, que referiu a luta do povo moçambicano e do povo mongol, com particular incidência sobre os aspectos comuns do combate dos dois povos contra o feudalismo e o colonial;smo. Também Yu. Tsedenbal afirmaria depois na sua alocução à construção do Socialismo na Mongólia e em Moçambique que «o caminho mais curto e correcto para fazer face ao atraso de séculos, para assegurar a felicidade e bem-estar do povo mongol foi-nos delineado peta teoria Marxista-Leninista e os ensinamentos do grande Lénine sobre a possibilidade da transição de países atrasados para o socialismo sem passarem pela via capitalista de desenvolvimento.» Na sua análise internacional o dirigente máximo da revolução mongol referiu-se à escalada agressiva do imperialismo contra os povos e particularmente às bases militares que ocupa na Asia, salientou, ainda, a solidariedade do povo mongol para com os povos da África Austral vítimas das agressões do regime racista da .do Sul, comandado pelo, imperialismo. A terminar o seu discurso Yu Tseden, bal acentuou que a história do processo revolucionário mundial REPúBLICA POPULAR DA MONGõLIA Superfície: 1 535 000 km, Situação Geográfica: Localiza-se a Este do continente asiático, fazendo fronteira com a República Popular da China e a União Soviética. População: Cerca de um milhão e meio de habitantes, pertencentes a mais de 20 etnias. (65,5% da população é constituida por pessoas com idade inferior a 30 anos). Capital: Ulan Bator (com trezentos e dez mil habitantes). Data da Independência: Junho de 1911. Língua Oficial: Mongol. 1.0 Secretário do Comité Central do P. R. M.: Yunjaagiin Tsedenbal. Presidente da República: Yumjaagiin Tsedenbal. Durante séculos o povo mongol viveu agrupado em pequenos estados e uniões tribais, sob o dominio de senhores feudais. O primeiro estado unificado mongol surge em 1206 liderado por uma figura de destaque na História da Mongólia: Genghis Khan. Este e os seus sucessores por interesses TEMPO ESPECIAL-l pilg. 21 demonstra de forma convincente que «a arma mais poderosa da causa dos trabalhadores é a unidade e solidariedade das forças do socialismo, do movimento de libertação nacional, progresso social e democracia». Quando o presidente Samora Machel dirigiu-se ao locutório onde iria tomar a palavra, toda a sala se levantou aplaudindo e gritando entusiasticamente: «Moçambique-Mongol», expressando a sua saudação à delegação moçambicana. O discurso do Presidente Samora Machel foi várias vezes intercalado com improvisos, e constituiu não só um documento sobre a luta do povo moçambicano contra a dominação colonial portuguesa, e as conquistas revolucionárias alcançadas após a Independência, mas também uma análise da situação internacional, caracterizada pelo avanço dos povos na sua luta contra o A delegação moçambicana no interior da tenda onde segundo os costumes em relação aos visitantes, lhes foi servida a bebida tradicional «airag». A comitiva presidencial rumancdo para Ulam Bator aepozs ae atravessar o pórtico da cidaae. TEMPO ESPECIAL - pág. 22 imperialismo e a exploração do homem pelo homem: Dele transcrevemos alguns excertos: « Este encontro é de camaradas que representam a resistência secular dos nossos antepassados. A Mongólia foi dupla- mente explorada, foi duplamente oprimida. Por forças nacionais e por forças estrangeiras. Portanto poisavam nacionais sobre o povo e poisavam montanhas estrangeiras sobre o povo. E essas montanhas todas constituiam a opres- Graça Maclel numa escola primdria. exuansionistas envolveram-se em sucessivas g u e r r a s contra territórios vizinhos tendo chegado a constituir um dos maiores impérios da antiguidade. Contudo essas lutas não deixaram de enfraquecer o império e sobretudo expuseram-no à cobiça de outros regimes expansionistas. Assim quando no inicio do século XVII, exércitos da Manchúria (etnia Manchu) a caminho da conquista total da China, invandiram a Mongólia, foi um estado fraco e dividido que encontraram e facilmente subjugaram. Para isso muito contribuiu a traição de muitos senhores feudais que se aliaram aos invasores, apesar de outros terem resistido. Em 1691 consuma-se o domínio Manchu na Mongólia e pela Convenção de Dollonor a mesma fica dividida em quase cem pequenos territórios. O período que se seguiu foi marcado pela resistência do povo mongol à opressão colonial, sendo de assinalar as revolta's armadas que ocorTEMPO ESPECIAL - pág. 23 são e a exploração cruel e brutal sobre o povo mongol. O povo moçambicano também foi assim. E diremos que somos representantes hoje, tanto do povo mongol como do povo moçambicano, representantes dos sobreviventes, representantes daqueles que resistiram à opressão brutal ..» «0 encontro de combatentes de varias frentes é uma festa O encontro de combatentes de várias frentes que ocupam diferentes trincheiras, quando se encontram esses combatentes, é uma festa. Constitui uma alegria, constitui uma festa ... Nós somos combatentes no continente africano contra o colonialismo, contra o neo-colonialismo, contra o imperialismo, contra o racismo, contra a exploração do homem pelo homem e, os camaradas da República Popular da Mongólia são combatentes para a defesa da independência, são combatentes para a consolidação das vitórias, s ã o combatentes para a dignificação da vossa personalidade, são combatentes para o triunfo dos ideais do Marxismo-Leninismo. Por isso a este encontro de hoje chamaremos a festa dos sobreviventes. Sobrevivemos porque soubemos combater. Sobrevivemos porque soubemos lutar e soubemos vencer. .obrevivemos porque a nossa causa, a causa do povo moçambicano e a causa do povo mongol é a causa justa, é a causa da humanidade inteira. Por isso é com grande emoção que saudamos o povo trabalhador mongol e os seus responsáveis do Partido e do Estado ..» TEMPO ESPECIAL -Pág. 24 Graça Machel após a visita a um templo budista. Jovem mongol executando uma dança tradicional na escola secundária Ulam Bator.

Crente budista: isolamento ...... um onar para o passaao. LUTA. ARMADA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL A NOSSA UNIVERSIDADE «A Luta Armada de Libertação Nacional foi uma Universidade. Aprendemos nesta universidade que o colonialismo não tinha raça, não tinha cor. Aprendemos nesta universidade que o imperialismo não tem raça, não tem cor, não tem pátria, aprendemos aqui também de que o expansionismo, que aqui falou o meu camarada Yu. Tsedenbal, de que o expansionismo não tem cor, não tem continente. Aprendemos de que as armas que combatem o colonialismo, que'combatem a exploração do homem pelo homem, que combatem o racismo, devem ser as mesmas armas a combater contra os reaccionários nacionais ... «Desde que nós chegámos temos estudado no lugar próprio a exploração e a opressão exercidas pelos nacionais mongóis reaccionários. Visitámos o museu da Revolução e encontrámos lá a história do povo. Há 400 anos atrás eram os reaccionários mongóis. Vimos no museu da Revolução a miséria, a exploração, a brutalidade praticada pelos reaccionários mongóis. Vimos o chicote nas mãos de um mongol contra um mongol. Por isso dizemos, é necessário primeiramente atacar os reaccionários nacionais porque são os representantes potenciais do imperialismo internacional. Visitámos os templos e encontrámos lá a difusão do obscurantismo, a mentalidade de submissão, de resignação; de passividade, reram entre 1755 e 1758. Em 1911, a Mongólia, conquista a sua independência e constitui-se em regime monárquico, dirigido por Khutukhutu. No entcmto a influência da Rússia dos czares era grande. Por outro lado, havia a China dominada por imperadores feudais, igualmente, com interesses económitos e políticos no território. Deste modo a competição entre os dois países originou uma guerra entre a Mongólia e a China que viria a terminar em 1915. O acordo de cessar-fogo foi assinado entre-representantes da China, da Rússia e da Mongólia e esta, de território independente passou a regiao autónoma, sob o controlo da China. Entretanto, em 1918, o regime czarista é derrubado na Rússia pela aliança operário-camponesa e em seu lugar nasce a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Este facto trouxe decisivas alterações na correlação de forças na batalha de classe entre as forças nacionalistas e revoluTEMPO ESPECIAL- pág. 25 como diria Lenine, o ópio do povo... Vimos também o aparecimento do Partido Revolucionário Popular da Mongólia. E quando vimos o PRPM, vimos o sol a nascer, o sol vermelho, o sol cheio de vida. E é isto que estamos a assistir agora Resultado do trabalho do PRPM. É- por isso que nós estamos aqui hoje. Saudamos esta política Marxista-Leninista do PRPM. Saudamos a coragem dos dirigentes do Partido e do Estado da Mongólia. É por isso que dizemos, que a guerra, a luta armada de libertação nacional foi a nossa grande universidade, foi a universidade do povo oprimido .. » «Aprendemos que as armas dos nossos amigos, as armas dos países socialistas traziam a liberdade, traziam a independência, liquidavam a humilhação, liquidvyam a descriminação, traziam a felicidade, a prosperidade, o progresso. Foi assim no quotidiano na luta que o povo moçambicano descobriu que a muitos milhares de quilómetros de distância para além de montanhas e oceanos o povo da República Popular da Mongólia estava ao nosso lado, solidário com a nossa luta, com as nossas dificuldades, com as nossas aspirações e com os nossos sucessos... Há a teoria de que o imperialismo vai-se destruir por si. Nós no aceitamos. Nós somos Pelo combate permanente contra o imperialismo. Por isso quando organizamos o nosso povo apelamos para a vigilância constante, vigilância revolucionária, para rechaçar a reacção .. » , «E hoje como último dia da nossa visita à República Popular da Mongólia queremos dizer aos nossos companheiros que nos identificámos durante a visita. Fazemos da vossa simpatia, fazemos da vossa alegria, dos vossos sucessos, os nossos sucessos e a nossa felicidade. Partiremos mais convencidos do que nunca de que o povo mongol triunfará na sua luta pela.construção do socialismo. Partiremos mais convencidos, certos, porque vimos com os nossos olhos o Partido ser transportado na cara- de cada um, o Partido Revolucionário Popular da Mongólia. Vejo as caras de todos os que estão diante de mim, homense mulheres, operários e camponeses, intelectuais revolucionários, estudantes, todos transportando um futuro brilhante, um futuro luminoso, trans-. portando a felicidade, porque transportam no coração de cada um o Partido Revolucionário Popular da Mongólia. Sentimos-vos desde que chegámos. Já não são só camaradas, mas sim amigos, mas sim companheiros de armas. Transmitiremos ao nosso Momnto da assinatura do comunicado conlunto Mongdlia-Moçambiqg. TEMPO ESPECIAL - pág.. 20 tomarem a tribuna e falarem ao público, é a vitória do socialismo. Por isso dizemos aos camaradas, Parabéns.» Os Presit4entes Saraora Machel e Tsecdenoal no Inal da reunido de amizade Moçambiq ue-Mongólia. O Presidete Samora felicitando dois lutadores, apd* uma ex*bç4o de «Bs~, luta traãidional Mongol. povo os sucessos da vossa luta. Vejo homens e mulheres sentados de igual maneira, é a vitória do socialismo. Vi as mulheres cionárias, de um lado, e o colonialismo e o imperialismo, do outro, quer a nivel mundial quer a nivel regional. Em 1920 é criado o Partido Revolucionário Popular da Mongólia, resultado da união de militantes pertencentes a dois circulos revolucionários fundados, na clandestinidade, em U r g a (actual Ulan Bator). Em Março de 1921, realiza-se o 1 Congresso do Partido. Um amplo trabalho de mobilização junto das massas populares para a luta contra a dominação feudal, levou à formação em Julho do mesmo ano, de um Governo Provisório dirigido por uma outra figura de realce na História da Mongólia, Damdiny Sukhe Bator, também fundador do Partido. Mais tarde em 1924, era proclamada a República Popular da Mongólia, que viria, em1961, a tornar-se membro das Nações Unidas. Yumjaagün Tsedenbal é o actual Chefe de.Estado mongol, tendo sucedido em 1974 a J. Sambu falecido TEMPO ESPECIAL- pág. 27

PRESIDENTE SAMORA MACHEL É AGRACIADO COM ORDEM DE SUKHE BATOR Durante a sua visita à República Popular da Mongólia o Presidente da FRELIMO e da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel, recebeu a mais alta condecoração do Governo daquele País. Esta cerimónia que teve lugar no Palácio Gove:namental, foi presenciada pelos membros das delegações dos dois países após a assinatura de uma declaração coriji:nta e de um acordo cultural moçambica no-mongol. O decreto do Grande Hural Popular da República Popular da Mongólia que confere a referida condecoração ao dirigente máximo da Revolução Moçambicana assinala os méritos do Presidente Samora Machel na luta contra o imperialismo, colonialismo, racismo, pela paz e segurança dos povos, pela libertação nacional, na causa do desenvolvimento da solidariedade e amizade entre o Partido Revolucionário Popular da Mongólia e o Partido-FRELIMO, entre os dois países e povos, e refere o dirigente moçambicano como destacada personalidade do movimento de libertação nac:onal do continente africano. Na altura Yu. Tsedenbal afirmou estar satisfeito por «entregar ao respeitado camarada Samora Machel rsta ordem que tem o nome do fundador do nosso Partido e dirigente da nossa revolução, Sukhe Bator, símbolo da amizade e fraternidade entre os nossos dois partidos, governos e povos». O Presidente Samora Machel, visivelmente emocionado pronunciou um improviso, em que agradeceu a homenagem, salientando: «Admiramos a decisão histórica tomada pelo Grande Hural Popular da Mongólia, ao condecorar o Partido-FRELIMO, ao condecorar o. povo moçambicano. Dizemos isso porque nós pensamos que é uma responsabilidade que os companheiros nos dão, é uma manifestação de alegria, de admiração pelo povo moçambicano, mas também é uma grande Medalha Sukhe Bator para o Presidente Samora: «a justeza do combate do povo moçambicano ultrapassa Ironteiras». em 1972. Foi um pais pobre e dividido o que herdaram as autoridades revolucionárias. Sendo a agricultura e particularmente a criação de gado, a principal actividade da população havia, no entanto, a dificuldade em fixar essa população à terra, dadas as suas caracteristicas nómadas. Actualmente o desenvolvimento das zonas rurais está subordinado a dois tipos de organização das forças produtivas: as cooperativas (criadores de cavalos, bois, carneiros e outros animais) e as empresas estatais agrícolas. As primeiras são assistidas pelo Estado que lhes concede empréstimos e também lhes compra a produção realizada. Cada família pode manter um certo número de cabeças de gado, como propriedade particular. O salário é pago de acordo com o trabalho de cada um. Mas as cooperativas não são apenas unidades económicas, pois que constituem também um núcleo de comunidades rurais. TEMPO ESPECIAL - pág. 29

O Presidente Samora Machel na reunião de amizade moçambicano - mongol: «Vejo as caras de todos os que estão diante de mim homens e mulheres, operdrios e camponeses, intelectuais revoluciondrios, estudantes, todos transportando um futuro brilhante, um futuro luminoso, transportando a felicidade porque transportam no coração de cada um o Partido Revoluciondrio Popular da Mongólia,>. responsabilidade que assumimos neste momento. Responsabilidade de consolidarmos cada vez mais as nossas relações de Partido. Responsabilidade de desenvolvermos cada vez mais a amizade entre os nossos povos. Responsabilidade de continuarmos, como combatentes consequentes anti- imperialistas. Responsabilidade de contribuirmos, de fazermos esforços cada vez maiores pelo progresso, pela paz, pela segurança mundiais.» Portanto em nome da FRELIMO, em nome do Governo da República Popular de Moçambique, em nome do povo moçambicano, aceito a condecoração que me dão, responsáveis <.i República Popular da Mongólia. Antes de terminar o acto de entrega da medalha Sukhe Bator, o P.--sidente Samora Machel e esposa participaram numa cerimónia tradicional em que vestiram um traje mongodenominado «deli» que é uma túnica comprida de seda. TEMPO ESPECIAL -Pág. 30 ULAN BATOR: O PASSADO E O PRESENTE O Presidente Samora Machel visitou o museu da Revolução mongol, onde através de fotografias, pinturas e outros documentos é explicado todo o processo que antecede a Revolução de 1921 e as realizações do povo mongol na construção do socialismo. De salientar que no sector dedicado às relações entre a Mongólia e outros países está exposto o emblema da FRELIMO oferecido à delegação mongol aquando da sua presença nos trabalhos do III Congresso, em Fevereiro do ano passado na capital moçambicana. - Para além de uma visita a um Temp!o Budista, que constitui um museu importante da capital mongol, onde está patente toda a despersonalização a que o povo esteve sujeito pela religião, a delegação moçambicana teve oportunidade de assistir a uma demonstração de Buch, nome que é dado a uma luta tradicional mongol que data dos tempos em que os guerreiros se preparavam para as conquistas do Império Mongol. Durante esta demonstração participaram os campeões nacionais da modalidade que também detém os títulos mundiais de Sambo, desporto praticado entre os turcos, e foi seguido todo o cerimonial dos tempos antigos. - Graça Machel visitou a Biblioteca Nacional que é considerada uma das mais antigas e maiores do continente asiático e onde existem mais de um milhão de livros e outras publicações únicas no mundo. Fazemos uma referência especial a um Depois da entrega da medalha Sukhe Bator o Presidente Samora e esposa vestidos com um «deel» participaram num acto tradicional mongol. Na foto bebendo uma taça de «airag». livro escrito com tinta de ouro e também com turquezas e outras pedras preciosas. A esposa do Chefe de Estado moçambicano visitou ainda, uma Escola do Ensino Secundário, um Jardim de Infância e o Palácio dos Casamentos. No último dia da visita à República Popular da Mongólia tivemos ocasião de percorrer alguns pontos da cidade de Ulan Bator. Observámos a parte an- mo-nos com pessoas idosas reparávamos que não aderiram à nova maneira de vestir e preferem o tradicional «deel» que é uma túnica de seda. Acrescente-se também que até no meio de transporte continuam a preferir o cavalo. Salientaríamos aqui o monumento aos heróis no alto de uma das montanhas aue circundam a cidade e donde pudemos apreciar uma vista completa da ca- Hábitos antigos na Mongdlia Moderna, o maior produtor mundial de cavalos tiga da cidade de edifícios baixos e sem pintura, mas ornamentados com estátuas 'representando diferentes aspectos da vida mongol e a parte nova de prédios altos e espaçados com parques infantis. É raro o espaço verde dentro da cidade, pois a temperatura, ou muito baixa ou muito alta, queima todo o tipo de vegetação. Os estabelecimentos comerciais são bastante frequentados e pudemos verificar que há um gosto particular na decoração das montras e na exposição dos produtos para venda. A maior parte das pessoas que vemos nas ruas na sua maioria são jovens e o seu estilo de trajar não difere do nosso. Os cabelos compridos, as botas altas, as calças «jeans», também fazem parte do vestuário da juventude mongol. No entanto, quando pelas esquinas cruzáva- pital da Mongólia. Quando nos dirigíamos para o aeroporto a fim de prosseguirmos a viagem para outro país, deu-nos a sensação que deixávamos um local com uma vida movimentada pois conforme dissemos no princípio cerca de 15 quilómetros de terra deserta separam a capital do campo de aviação. Tínhamos o rádio ligado e ouvíamos um programa de jazz, quando de repente nos surpreendeu uma canção africana. Procurámos saber se estava relacionado com a nossa visita, visto não entendermos a língua em que o locutor falava, e foi-nos explicado que era um programa espec;al dedicado ao dia da Unidade Africana. Era 25 de Maio. E terminava, também a nossa visita à República Popular da Mongólia. o As empresas estatais estão mais viradas para a agricultura em larga escala, com a utilização de máquinas ágrilcóas e métodos científicos de cultivo.~ A Principal produção é constituida por cereais, batatas, vegetais e rações para os animais de pasto. Existe apenas um pequeno sector *cooperativo, agrupando empresas industriais, mas também dependente do Estado em empréstimos e na programação. O sector estatal é o dominante. No valor total das exportações a produção industrial participa com cerca de 40% e dela se destaca em valor quantitativo, a lã e a carne. As comunicações são feitas por via férrea, rodoviária, aérea, fluvial (em pequena escala) e também através do meio de transporte tradicional, o cavalo, animal que existe em número considerável. A linha férrea que liga Moscovo a Pequim serve igualmente a Mongólia. TEMPO ESPECIAL - pág, 31

República Popular da China foi o terceiro país a ser visitado pela Delegação do Partido e do Estado da R.P.M., chefiada pelo Presidente Samora Machel. Já tínhamos sobrevoado algumas zonas deste extenso território alguns dias antes quando nos dirigíamos para Pyong Yang e, novamente quando à delegação moçambicana visitou a Mongólia. Do ar, os olhos perdem-se pelos milhões de -hectares cultivados, podendo mesmo afirrar-se que não há uma nesga de terra que não seja aproveitada para cultivo. As machambas de hortícolas e cereais terminam onde começam as paredes das fábricas, morrem junto às pistas dos aeroportos. É o espelho do trabalho e da luta pela auto-suficiência no campo alimentar, para uma população de mais de 850 milhões de pessoas - um quinto de toda a humanidade. TEMPO ESPECIAL - Pg 32

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Quando cheganos o aeroporto estava engalanado e repleto de crianças, jovens, trabalhadores de todas as idades, trajando vestes garridas, ostentando os leques tradicionais, fitas e flores e entoando canções ao ritmo dos milenários tambores chineses. O Presidente Samora Machel e esposa foram recebidos no aeroporto por Hua-Ku-Feng, Presidente do Comité Central do Partido Comunista da China e Primeiro Ministro do Conselho de Estado da República Popular da China, assim como por outros altos dirigentes do Partido e Governo da R. P. C. Um batalhão constituído por militares dos três ramos das Forças Armadas prestou a Guarda de Honra. No banquete de Estado que se realizou na noite da chegada, tanto o dirigente chinês Li Hsien Nien, Vice- Presidente do Comité Central do Partido Comunista Chinês e Vice-Primeiro Ministro, como o Presidente .Samora Machel sintetizaram os pontos principais da sua política interna e externa. O dirigente chinês fez uma análise da situação interna da R. P. C. salientando estar presentemente o Partido e o Governo empenhados na modernização dos diferentes sectores da vida nacional. No plano internacional, depois de afirmar que a situação é favorável à vitória dos povos e classes oprimidas, Li Isine Nien salientou a luta contra o hegemonismo das grandes potências, realçando mais adiante a política de não alinhamento do governo moçambicano. Samora Machel, por seu lado, depois de agradecer o acolhimento dos dirigentes e do povo chinês à delegação mo.çambicana, falou da amizade e solidariedade que une os povos de Moçambique e da China desde o princípio da Guerra Popular de Libertação do nosso país e sobre as presentes tarefas da edificação das bases materiais e ideológicas para a construção do socialismo. Referiu-se mais adiante à situação internacional acentuando que a vitória dos povos da Ásia e África, nomeadamente Vietname, TEMPO ESPECIAL -Pág. 34 Hua Kua Feng, Presidente do Partido Comunista da China recebe o Presidente Samora Machel à sua chegada a Pequim. , Campuchea, , Moçam. bique e Guiné-Bissah, tornou favorável a vitória da luta de outros povos e classes. oprimidas. PEQUIM: O PASSADO E O PRESENTE É no dia seguinte que Pequim se abre aos nossos olhos. Centenas de milhares de ciclistas formam um cordão contínuo de cada lado das principais avenidas da cidade, numa actividade impressionante, enquanto milhares de viaturas de todos os tipos buzinam constantemente. Apesar do movimento colossal de ciclistas e automobilistas, são raros os acidentes. Um colega que esteve aqui há dois anos observou que Pequim era muito mais silenciosa nessa altura. Pequim/78 mereceu dum outro jornalista este comentário: «Aqui em Pequim os carros não andam a gasolina, mas a busina!». Pequim moderniza-se a olhos vistos. Para melhorar as condições de vida do povo, os antigos bairros que compunham a cidade vão cedendo o lugar a modernos edifícios destinados a operários e outros trabalhadores. Na principal avenida da cidade, com um comprimento de 18 kms em linha recta, situa-se o grande Palácio do Povo e um pouco mais adiante na grande Praça de Pequim, frente ao pórtico da «cidade proibida», ergue-se o mausoleu do Presidente Mao- Tsé-Tung. Aqui o Presidente Samora Machel depôs uma grande coroa de flores com os seguintes dizeres: « memória imorredoira do grande revo- lucionário Mao-Tsé-Tung. homenagem do Presidente da FRELIMO, Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Machel». Em Pequim impressiona também a limpeza da cidade. Não se vê um papel nos passeios ou nas ruas apesar dos seus cinco milhões de habitantes. Tivemos oportunidade de passar por vários bairros su- burbanos, a caminho de um jarcum de infância para filhos de trabalhadores ferroviários que a esposa do Presidente Samora Machel iria visitar nessa manhã. Nesses bairros observámos grupos de mulheres e jovens engajados em tarefas de limpeza da sua cidade, amontoando o lixo da rua, incinerando-o ou esperando pelo carro municipal de Crianças e jovens de Pequim saudam o Presidente da FRELIMO e da R.P. M. no aeroporto da capital chinesa. Presidente Samora Machel encontra-se acompanhadq de Hua Kua Feng. recolha de lixos. Estes são posteriormente aproveitados economicamente, transformados em adubos. Outro sinal da grande limpeza que existe por todo o lado na China, é o facto de não se verem moscas e outros insectos portadores de doenças. Em Pequim, como aliás em toda a China, existe um grande número de jardins de infância que resolvem o problema dos pais trabalhadores. O jardim de infância visitado pela esposa do Presidente, Graça Machel, serve os, filhos dos ferroviários de Pequim. Estão ali480 crianças filhos de trabalhadores de caminhos de ferro de vários níveis, desde o chefe ao agulheiro. Não é um Jardim de Infância de luxo ou para amostra, mas um estabelecimento modesto e funcional, onde grupos de professores ensinam as crianças a compreender a realidade da vida que os rodeia. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA Superfície: Nove milhões e seiscentos mil quilómetros quadrados (aproximamente) Situação Geográfica: Situatua-se a oriente da Ásia, fazendo fronteira com 12 países: União Soviética, República Popular da Mongólia, República Popular e Democrática da Coreia, Afganistão, Paquistão índia, Nepar, Butão, Burma, Laos e República Socialista do Vietname. População: China é o país mais populoso do m'undo, cerca de 800 milhões de pessoas. Capital: Pequim. Língua Oficial: Chinês. Presidente do Partido Comunista Chinês: Hua Kuo Feng. Chefe de Estado: Hua Kuo Feng. Mao Tsetung foi um soldado, um poeta, um historiador e filósofo marxista leninista mas, acima de tudo, um revolucionário. Sendo ele próprio filho de camponeses, foi o campesinato a camada que maior preponderância teve TEMPO ESPECIAL- á-g' 35 zas colossais ali acumuladas pelos referidos imperadores que enriqueciam explorando e oprimindo o povo com impostos pesadíssimos. «0 Povo chinês esteve ao lado do Povo moçambicano desde o inicio da Luta Armada de Libertação Nacional» - afirmou o Presidente ,samora Machel durante o banquete de Estado oferecido à delegação 'moçambicana no dia da chegada à R. P. C.. Outro aspecto importante emPequim e nasoutras cidades chinesas é a solução do problema dos abastecimentos. Grande quantidade de lojas do povo e cooperativas abastecem a população sem necessidade de recorrer a bichas. Sobre este aspecto particular do abastecimento iremos debruçar-nos melhor quando falarmos de Xàngai. Mas Pequim não é apenas histórica pelo seu presente, pois foi ali proclamada a República Popular da China em Outubro-de 1948, por Mao-Tsé-Tung, mas tmbém pelo seu passado. No centro de Pequim e abrangendo uma área vastíssima, diremos talvez, para comparar, equivalente a metade da área urbanizada do Maputo, ergue-se a histórica «cidade proibida», do tempo dos imperadores chineses das várias dinastias. O seu nome vem do facto do povo não ter acesso a tal local, onde apenas circulavam os nobres e os servos que ali prestavam serviço aos milhares. Toda a «cidade proibida» está cercada por uma muralha e no seu interior estendem-se vastos jardins e pátios com palácios típicos da arquitectura imperial chinesa onde estão patentes ao TEMPO ESPEIAL--pág, 36 povo, que actualmente visita a cidade à média de 15 mil pessoas por dia (no fim de semana o número eleva-se a trinta mil), as rique-

Outra obra gigantesca a cerca de 70 quilómetros de Pequim, na zona montanhosa, é a Muralha da China com 6700 quilómetros de extensão. Homenagem ao Presidente Mao Tsetung. Cerca de 10 mil pessoas visitam o Mausoléu diariamente. Esta obra começou a ser erguida por diversos senhores feudais, há dois mil anos. Numa primeira fase foram construídas algumas secções da muralha em barro e nos séculos seguintes foi sendo apliada e consolidada. Há cerca de 600 anos foi totalmente empedrada e guarnecida por ordem de um dos imperadores da última dinastia chinesa. A muralha da China tem 7 metros de altura por 5,5 de largura e foi construída nos pontos mais altos das montanhas para tornar mais difícil o acesso aos invasores. Em espaços regulares a muralha possui postos de observaço e residências para os soldados que na altura guarneciam aquela extensa linha defensiva. No regresso da visita à muralha, a delegação moçambicana ainda visitou o túmulo de um dos imperadores da dinastia Chang, falecido há três séculos. Neste local foram fornecidos dados sobre a exploração do povo chinês no período imperial. Na construção do túmulo, foram submetidos a trabalho forçado cerca de 30 mil camponeses. Antecedida de jardins colossais, a tumba propriamente dita está escavada na montanha a uns 40 metros de profundidade onde foi aberta uma imensa galeria dividida por grandes portas de mármore. Num dos recintos do jardim existe um museu com as peças encontradas nesta tumba, peças em ouro, incrustadas de pedras preciosas, assim como gravuras elucidativas da opressão exercida por este imperador sobre os camponeses que tiveram de erguer o monumento ainda em vida daquele senhor feudal. Ainda na capital chinesa há a salientar a visita que a esposa do Presidente da República, Graça Machel, efectou à Universidade de Pequim. Esta foi fundada em 1898 e conta actualmente com 22 faculdades e cerca de 80 especialidades. Conforme foi salientado a Graça Machel foram introduzidas várias reformas ao longo destes anos, com o objectivo de colocar a Universidade cada vez em melhores condi- na Revolução chinesa. O Exército Popular, operando a partir de bases no campo, esmagou as forças reaccionárias de Chiang Kai Shek durante uma longa guerra civil que abriu caminho para a proclamação, em 1949, da República Popular da China. Nos anos que se seguiram o Partido Comunista Chinês dirigido por Mao Tsetung continuou a construir e organizar a base camponesa através da implementação das comudades rurais. Presidente do Partido Comunista desde 1945, símbolo da unidade nacional chinesa e sentindo que a sua missão seria a de conduzir a luta das largas massas chinesas e do seu Partido de vanguarda pelo fim da fome, da miséria e da ianorância, Mao considerava-se essencialmente como um professor. O seu projecto era a criação de um «homem novo» capaz de trabalhar a terra, produzir nas fábricas, pegar em armas e dominar o TEMPO ESPECIAL - pág. 37

ções de servir a construção socialista na R. P. da China. A esposa do presidente visitou algumas faculdades onde pôde apreciar a vasta gama de material exposto, sendo de salientar que a secção de arqueologia tem uma exposição que abrange toda a história do desenvolvimento humano. IMPORTANTE ENCONTRO POLITICO Um ponto político alto da estada do Presidente Samora Machel em Pequim, foi o encontro que o dirigente moçambicano teve ao fim da manhã do dia 27 com os embaixadores africanos acreditados na R. P. da China, dois dias depois do aniversário da fundação da Organização da Unidade Africana. «Este encontro foi possível» - salientou o Presidente Samora Machel, «por todos se encontrarem na República Popular da China» tendo frisado a seguir a amizade que une este país a vários países africanos. «É como se estivéssemos a realizar uma sessão de trabalho da OUA». Falando depois da Organização da Unidade Africana, disse que quando esta foi fundada tinha como objectivo servir de instrumento para a luta de libertação dos povos africanos e que agora deve também servir de instrumento para a libertação económica de África. No princípio da noite desse mesmo dia o Presidente Samora e a delegação moçambicana estiveram presentes numa recepção organizada pelas embaixadas da Tanzânia eZâmbia, tendo o Presidente da'República salientado mais uma vez a unidade da luta dos povos zambiano, tanzaniano e moçambicano, afirmando também que a visita da delegação moçambicana à R. P. da China estava a alcançar os objectivos previstos. No dia seguinte o Presidente Samora Màchel visitou o quartel da III Divisão da Defesa da cidade de Pequim, tendo assistido no campo de treino a exercícios militares de diversos tipos. A nossa delegação Interior da «Cidade Proibida»: um tesouro histórico incalculável franqueado pela luta do povo chinês. TEMPO ESPEIAL- pág. 38 A caminho da tumba de um imperador chinês a poucas dezenas de quilómetros de Pequim. pode recolher nesta visita experiência dos militares chineses que implementam a palavra de ordem de avançar para a auto-subsistência. Pudemos ver nesta unidade, para TACHAI: A VONTADE DE UM POVO O Presidente Samora Machel insistiu numa pormenorizada visita a Visita a uma fábrica de aproveitamento e transjormação de madeira: «Construir o socialismo em alta velocidade» - diz uma palavra de ordem no interior da fábrica. além da produção agrícola, a transformação de alimentos, o fabrico de suco de feijão, de diversos tipos de medicamentos e vestuário para os militares. Uma brigadista de Tachai costurando na sua hora de descanso. pensamento marxista-leninista. Mao viveu o suficiente para ver muitos dos seus desejos tornados realidade. A partir da década de 70 a China apareceu ao mundo com importantes batalhas ganhas contra a fome, a miséria e o desemprego. Os seus 800 milhões de babitantes, embora vivendo ainda numa «pobreza limpa» têm já o suficiente para se alimentar, para se vestir e para uma habitação decente. No campo da educação foram abertas possibilidades cada vez mais espantosas aos camponeses, aos operários ou aos soldados. Quando, em 1958 o PCC julgou chegado o momento para a grande arrancada do pais para a industrialização lançou o «Grande s a l t o em frente». Esta atitude esteve na base de graves divergências com outros dirigentes e teóricos comunistas de países irmãos. Estas divergências iriam aumentar progressivamente. Apoiando-se no princípio leninista da' TEMPO ESPECIAL-Pág. 39

000- TACHAI Xangai: grande cidade industrial e portudria chinesa. No jardim que se vê na foto havia uma placa colonial que dizia: «Proibida a entrada a cães e a chineses». Tachai. Na verdade Tachai tornou-se o exemplo da luta do povo chinês contra a natureza adversa de modo a moldá-la aos interesses e necessidade do homem. Esta visita permitiu ao Presidente da R. P. M. acompanhar os progressos realizados desde a sua anterior visita e aos elementos que pela primeira vez visitavam a comuna deu uma ideia clara do que podem ser no futuro as nossas aldeias comunais desde que se engajem no trabalho duro mas exaltante da reconstrução nacional. O Presidente Samora Machel fez um convite para uma brigada de Tachai visitar o nosso país e aqui dar o seu contributo de trabalho e exemplo internacionalista. O convite foi aceite. É impossível descrever Tachai em poucas linhas, por isso esperamos em breve dedicar uma reportagem especial a esta comuna assim como outra que visitámos, perto da cidade de Xangai, no dia seguinte à nossa chegada. A comuna de Tachai fica situada na província de Shansi. distrito de SivanR. É uma zona montanhosa que até à libertação ncional era cenário permanente de fome e miséria. A comuna actual foi construída com base num terreno formado por oito colinas e sete zonas baixas. Este espaço estava ainda dividido em 4700 parcelas. Durante a maior parte do ano a seca assolava Tachai. Pelo contrário, quando chovia, a água formava torrentes caudalosas que provocavam profunda erosão do solo e destrutam as culturas e as habitações. Logo após a libertação e a reforma agrária, o povo de Tachai decidiu seguir o caminho da produção colectiva Sem se deixar tentar pela perspectiva da riqueza individual e conscientes de que esta surgiria apenas em alguns casos e a custa da maioria do povo, criou uma cooperativa e lançou-se ao trabalho., Actualmente, a produção anual de Tachai é cerca de dez vezes superior à que existia antes da libertação e a quantidade de cereais vendidos e entregues ao Estado é sete vezes superior à dos primeiros anos da cooperativização. Estes resultados têm na TEMPO ESPECIAL-pág. 40 sua base uma linha política correcta e um trabalho constante. Foi necessário transformar completamente a natureza aplainando as colinas e enchendo as zonas baixas. Foram construidos campos em forma de terraços que permitissem o trabalho agrícola, impossível nas encostas inclinadas das colinas. O problema da irrigação foi resolvido através da construção de canais e grandes depósitos e da bombagem da água de um rio afastado para esse sistema de canais e depósitos. A natureza, no entanto, não foi fácil de vencer. Por 'três vezes, grandes chuvadas destruiram osterraços e provocaram graves prejuízos. A última destas calamidades naturais foi em 1963. Nesse ano a chuva provocou a destruição da grande maioria dos terraços e de 80 % das habitações. Elementos obscurantistas e sabotadores lançaram. mais uma vez uma campanha de boatos dizendo que aschuvcJs eram um castigo de um tal «rei dragão das águas», e que não valeria a pena voltar a construir os terraços. No entanto os campone- ses de Tachcf mais uma vez se lançaram ao trabalho com decisão e conseguiram não diminuir a quantidade de produtos que anualmente entregavam ao Estado e a cada membro da comuna. Os métodos científicos permitiram-lhes vencer a natureza, os inimigos de classe e as ideias obscurantistas. Este esforço de recuperação foi feito contando apenas com as próprims forças e sem auxílio do Estado. Perante esta situação, o Presidente Mao-Tse-Tung deu a toda a China, em 1964, a palavrd de ordem: «Aprender com Tachai na agricultura». O trabalho que é hoje realizado com o auxílio de maquinaria variada é outra das conquistas de Tachai. Nos seus primeiros anos de cooperativa nem animais de tiro possuiam, pelo que os arados eram puxados pelos próprios camponeses. Os elementos derrotistas afirmavam que a agricultura motorizada era impossível num terreno tão acidentado como er4 o da comuna. No entanto, com construção dos terraços e estudo de maquinaria especialmente adaptada às condições locais e construída numa empresa do próprio distrito de Siyang actualmente a agricultura é mecanizada na maior parte do terreno. Vivemem Tacha cerca de noventa famílias, num total de cerca de quinhentas pessoas. Estas pessoas fizeram seu o lema «quantidade, rapidez, qualidade e economia». Os resultados foram espectaculares e Tachai é hoje o modelo agrícola da República Popular da China. revoluçao p e r m anente, Mao Tsetung dirigiu uma série de movimentos de critica e auto-crítica que atingiram as fileiras do exército, do governo e do Partido. Demonstrou igualmente por diversas vezes um alto sentido de perspectiva histórica, fazendo alianças oportunas. Quando se tornou necessário expulsar o invasor japonês, durante a segunda guerra mundial, o Partido Comunista e o Exército Popular cooperaram com o Kuomintang de Chiang Kai Shek. O Partido, dirigido por Mao Tsetung, conseguiu unir todo o povo numa unidade política única. Embora Mao respeite profundamente o Partido, que ajudou a fundar em 1921, não hesitou em o relegar para segundo plano quando, em meados dos anos 60, viu o aparelho partidário caminhar lentamente para uma restauração do capitalismo. No sentido de corrigir este desvio, Mao Tsetung lançou a palavra de ordem da Grande Revolução TEMPO ESPECIAL- ?á9, 41 XANGAI: 12 MILHÕES DE PESSOAS DIARIAMENTE ABASTECIDAS De uma cidade não muito distante de Tachai a delegação moçambicana partiu em dois aviões em direcção a, Xangai, a maior cidade da China e uma das maiores do mundo. O aeroporto de Xangai fervilhava de milhares de operários e estudantes entoando canções revolucionárias, ostentando fitas e bandeiras, coloridamente vestidos. Foi uma recepção apoteótica nesta cidade predominante operária. Xangai foi uma cidade colonizada por franceses, ingleses e japoneses e ainda hoje a parte velha da cidade conserva nos edifícios traços arquitectónicos daquela presença colonial. Era aqui em Xangai onde nos jardins públicos estavam afixadas placas que diziam: «proibida a entrada a cães e a chineses». E foi este passado colonial comum que o Presidente Samora evocou Chegada à Comuna de Tachai. Recepção apoteótica dos camponeses. A grande muralha aa China: uma obra colossal com 6.700 quilómetros de cumprimento. Graça Machel à frente da delegação moçambicana durante esta visita. TEMPO ESPE L-.o, 42

Xangai: uma cidade de 12 milhões de habitantes, um grande centro portudrio, comercial e sobretudo industrial. Encontro ao Presidente Samora Machel com a viúva do lalecido dirigente chinês, Chou En Lai. Ela é também Presidente da Assembleia Popular. Arte e cultura chinesas: A espectacular dança dos sabres. Cultural e Proletária, em 1966. Quando este amplo movimento de massas, único no mundo, chegou ao seu fim, três anos maistarde, o ex-presidente da República, Liu Shaochi tinha sido afastado do poder e estava sujeito a um processo de reeducação. Quando mais tarde se tornou evidente aue muitos dos quadros eliminados tiham sido vítimas de vinganças pessoais do seu sucessor designado, Lin Piao, Mao consentiu na reabilitação desses elementos. Após a morte do primeiro ministro Chu Enlai, em Janeiro de 1976 o seu cargo veio a ser ocupado por Hua Kuofeng, o actual presidente chinês. Hua Kuofeng foi igualmente nomeado primeiro vice-presidente do Partido, o que o transformou no herdeiro político de Mao. Em Janeiro de 1975, seis anos depois da Revolução Cultural e quatro anos depois do combate à nova «linha negra» chefiada por Lin Piao. Este foi acusado de TEMPO ESPECIAL-pág. 43 num improviso durante o jantar que o Conselho Revolucionário Municipal de Xangai ofereceu à Dele. gação moçambicana no segundo dia de estada nesta cidade. Dois milhões de bicicletas circulam em Xangai. Nos rios Su Jo Krik e Huang Po, que cruzam a cidade e que não são mais do que afluentes do rio Yang Tse, já perto da sua foz, milhares de embarcações e de navios de certa tonelagem cruzamaságuas e aspontes gigantescas da cidade e atracam nos di- versos cais existentes. Possuidora de vários arranha-céus donde se descortina esta cidade «quase sem fim»-pois ela tem 7500 kms quadrados de superfície, Xangai temperfeitamente resolvido o seu problema de abastecimento Não hd uma nesga de terra na China que não esteja ou seja aproveitada para qualquer tipo de cultura agrícola. O Presidente Samora Machel e esposa foram convidados por um comuneiro a visitar uma das suas novas casas da Comuna «Longa Marcha». Conversações entre as delegações moçambicana e chinesa: daqui resultou a assinatura de acordo técnico-comercial. TEMPO ESPECIAL-pág, 44 diário em hortaliças e outros produtos para os seus 12 milhões de habitantes. As comunas agrícolas que circundam a cidade abastecem-na diáriamente e os vegetais são transportados por uma frota de bicicletas e motoretas com atrelados para os diversos bairros. Só uma dessas comunas, a «Longa Marcha», que o Presidente Samora visitou demoradamente, abastece diáriamente com alimentos frescos 500 mil dos habitantes de Xangai, quer dizer, comparativamente, o equivalente a mais de metade da grande Maputo. A comuna «Longa Marcha» é unidade produtiva modelo, já bastante avançada, possuindo uma unidade fabril onde se produzem moto- Em Xangai, uma parte da Delegação moçambicana, chefiada por Mário Machungo, Ministro da Induústria e Energia, teve conversações com os elementos do Conselho Revolucionário Municipal de Xangai, trocando experiências precisamente sobre o abastecimento da cidade. Esta grande cidade chinesa é o principal centro industrial da R. P. da China, bem patente no autêntico mar de chaminés fumegantes que se estendem a perder de vista pela larga extensão da cidade. Contudo não nos foi possível, nas 48 horas que estivemos em Xangai colher mais dados sobre esta realidade citadina. Apenas se visitou a exposição industrial permanente, DelegaçCo moçamibie.n observa o trabalho portentoso desenvolvido em T441.GL -bombas e outras peças para tractores e diversas alfaias agrícolas A quantidade e diversidade de produtos hortícolas é uma realidade em toda a R. P. da China. Já em Pequim tinhamos visto à porta de algumas cooperativas de consumo milhares de repolhos empilhados. Por alguns centavos de «yan» moeda chinesa - o cliente podia levar quantos repolhos quisesse. onde está patente todo o tipo de máquinas e instrumentos fabricados na cidade. De Xa'ngai, a delegação moçambicana partiu novamente em dois aviões em direcção a Pequim, onde duas horas após a chegada e ainda manhã cedo, seguiu com destino à República Popular de Hungria. conspirar contra o governo e contra a direcção do Partido. Pouco depois Lin P i a o desaparecia num desastre de avião na região fronteiriça com a a União Soviética. Nos seus últimos anos de vida Mao assistiu à morte de muitos dos camaradas que mais intimamente tinham compartilhado com ele as responsabilidades do Partido e do Estado chinês. Em 1876 morre Chu Enlai, comiDanheiro de luta desde os longínquos dias da «Longa Marcha» na década de 30. Colaboraram juntos na criação do Exército Popular, no governo e no Partido. Na fase final da sua vida Mao estava praticamente afastado do dia a dia da administração, continuando, no entanto, a elaborar orientações políticas que as massas populares interpretavam e punham em prática enquadradas p e 1 o Partido. A ideia que nunca abandonou o grande dirigente foi manter o Partido numa linha correcta totalmente dedicado ao ideal comunistcr TEMPO ESPECIAL- Pág.9

A última etapa da viagem Presidencial inicia-se a 31 de Maio. com um voo de dez horas durante o qual atravessamos quase todo o território soviético, da Asia à Europa. Acolhe-nos o sol quente e brilhante deste fim de Primavera Europeia, e uma jovem que rompe o cord&o de gente aglomerada em frente ao aeroporto, oferece ao Presidente Samora um ramo de flores que simboliza a amizade e o calor do povo húngaro que assim nos envolve desde a nossa chegada. Budapeste é a porta pela qual penetra. mos depois no conhecimento deste pais onde se constrói o Socialismo avançado, onde a diferença entre a cidade e o campo vai diminuindo à medida que avança os planos quinquenais de desenvolvimento, cruzado por modernas auto-estradas que nos levam ao interior onde a agricultura moderna e mecanizada transforma o campo num vasto jardim. TEMPO ESPECIAL- pág. 48

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É no dia seguinte que começa o programa intensivo da visita oficial. Na noite anterior o Presidente Samora Machel tinha sido honrado com o banquete de Estado oferecido pelo dirigente Húngaro, tendo ambos brindado à solidariedade existente entre o Povo moçambicano e o Povo húngaro, entre a FRELIMO e o Part'do Operário Socialista Húngaro, solidariedade essa que vem já do tempo da Luta Armada de Libertação Nacional. Peia manhã o Presidente Samora Machel deposita uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, tendo a delegação moçambicana seguido logo após esta cerimónia, se dirigido para a Sede do PSOH onde se iniciaram as conversações entre os dois Partidos e Governos. Destas conversações havia de surgir três dias mais tarde a assinatura de um acordo inter-par- Presidente Samora Machel acompanhado por Janos Kdar. W r tidário entre a FRELIMO e o do P.O.S.H. é saudado por jovens à sua chegada a Budapeste, ctd POSH. Cruzando as ruas sempre su- salientar que na República Po- No caso particuI r d per-movimentadas da cidade de pular da Hungria o Ensino Bá- de Formação de Quro Budapeste a delegação moçam- sico (Primário) vai da primeira lificados da Indústri bicana chefiada pelo Presidente à oitava classes, findo ds quais os alunos que para I Samora Machel visita naquela o aluno pode candidatar-se a como preparação mín4i mesma tarde o Instituto de Ope- um curso médio ou concluir as tava classe. Antes dsu rários Qualificados da Indústria duas classes seguintes ficando são são submetidos a Madeireira n.o 18. assim habilitado a ingressar no de aptidão e a um e n Antes de adiantarmos algo so- Ensino Superior, após um exame geral. bre este estabelecimento importa prévio, A formação tem adr três anos e o jovem f Guarda de honra no aeroporto de Ferihegy. TlEMQPO ,5rp£l -m - pg.8

Tumba do Soldado Desconhecido homenagem aos heróis húngaros tombados na defesa da pdtria e da revolução. Janos Kddar discursando durante o banquete de Estado oferecido ao Presidente Samora Machel em que salientou o reforço da amizade e cooperação entre a FRELIMO e o P.O.S.H., entre o povo moçambicano e húngaro e entre os dois Estados. REPÚBLICA POPULAR DA HUNGRIA Superfície: Noventa e três mil e trinta e um quilómetros quadrados. Situação Geográfifca: Localiza-se na parte Este da Europa. Tem fronteiras com a Checoslováquia, União Soviética, Roménia, Jugoslávia e Áustria. População: Dez milhões e meio de habitantes. Capital: Budapeste. Língua Oficial: Aungaro (Magiar). Secretário-Geral do Partido Socialista Operário da Hungria: János Kádár. Chefe de Estado: Pal Losonczi. Tal como todos os países da Europa. a história da Hungria caracterizou-se por séculos de sucessivas ocupações, divisões do território nacional, reunificações. Em 1849 é tentada a proclamação da primeira república, após uma rebelião contra o regime monárquico no poder. A tentativa falha, a nova república sofre um colapso imediato, é reposta a monarTEMPO ESPECIAL-píç., 4.

Na República Popular da Hungria está-se a edificar a Sociedade Socialista Avançada. A cada fase de construção corresponde novas exigências em todos os domínios da vida e uma grande preparação e consciência política dos cidadãos. «As resoluções do Partido salientam que uma das tarefas m a i s importantes neste momento é a formação de operários qualificados, pois uma das condições mais importantes do socialismo 4vançado é dar Visita a um museu de arte de Budapeste efectuada pela esposa do Presidente da Repúlblica, Graça Machel. ao país operários qualificados e com alta consciência política» - diria um responsável do Instituto, que foi demoradamente visitado por Samora, Machel. COMICIO -COM OS OPERÁRIOS HÚNGAROS Ainda na capitaI húngara por onde passam anualmente cerca de 12 milhões de turistas de to.dos os países do mundo, o programa presidencial é preenchido no dia segu;nte por um comício numa unidade fabril de Budapeste. No seu próprio local de trabalho o Presidente Samora Machel estabelecia assim contactos com operários húngaros tendo afirfnado, logo no início das suas palavras, que aquele encontro era possível como resultado*do combate travado pelos dois povos que, -apesar da grande distância que os separa, encontram-se solidamente unidos na mesma trincheira de luta. Há trinta anos o povo húngaro teve de lutar contra a invasão e Início das conversações moçambicano-liigaras. Destas conversações resultaram a assinatura de um Protocolo de acordo interpartiddro, FRELIMO-P.O.S.H. (Partido Qperdrio Socialista Húngaro). TEMPO ESPECIAL- pág. 60

Recheada de arcadas e edificios que são autênticas obras de arte a cidade de Budapeste possui o mais antigo metrçpolitano do continente europeu se exceptuarmos o dê Londres. Cerca de 12 milhões de turistae visitam a Hungria anualmente e a maior parte deles passam pela sua capital. ocupação nazi-fascistas das tropas de Hitler e depois da sua libertação sofreu uma grave tentativa reaccionária em 1956. Foi o «7 de Setembro» deles, que o povo também esmagou com auxílio das forças da comunidade socialista europeia, já existente na altura. Depois de ter recordado estes tempos históricos e manifestado o seu apreço e simpatia por Janos Kãdar, Primeiro Secretário do POSH. «o homem que sabe ser antigo e sabe ser jovem, que sabe ser da resistência contra o fascismo e feudalismo e sabe ser combatente activo contra o imperiaiis- quia, que virá a durar até à Primeira Guerra Mundial. Na Primeira Guerra Mundial a monarquia é finalmente deposta, e em Janeiro de 1919 é proclamada a República. Dois meses após a instauração da república o governo é tomado pelo líder progressista Bela Kun, que proclama a «República Soviética Húngara». Em "julho do mesmo ano tropas romenas intervêm, derrubam o governo de Kun, que é obrigado a fugir do pais. Em Novembro é estabelecido um novo governo, sob a regência do Almirante Nicholas Horthy, que imD6e um regime autoritarista e reaccionário, que viria a durar 25 anos no poder. É sob a sua regência que Horthy tentando recuperar os dois terços de território perdido na Primeira Guerra se alia ao Eixo. Em 1941 os húngaros participam na invasão feita pelos alemães à União Soviética. Mas, no mesmo ano as tropas de Hitler invadiram a TEMPO ESPECIAL-0 p9g. 51 ARQUIYO HISTORICO DE MOÇAMBIQUE mo, o homem que sabe ser grande e ser pequeno é onde encontrámos o povo húngaro no seu coração» conforme salientou o Presidente Samora Machel, o dirigente moçambicano fez a seguir uma análise do processo revolucionário moçambicano. «0 imperialismo numa tentativa de fazer fracassar o nosso desenvolvimento rumo ao socialismo tem perpetrado ataques sucessivos contra o nosso país. Porque cumprimos com o nosso dever internacionalista o imperialismo move-nos a guerra, porém isso não nos desanima», afirmou o Presidente da FRELIMO e da R. P. M. que definindo a seguir a nossa posição, concluiu: «Continuaremos a luta até à nossa libertação económia. Continuaremos acum- prir o nosso dever internacionalista!». O CAMPO HÚNGARO: UMA NOVA REALIDADE Num percurso de 80 quilómetros por uma auto-estrada repleta de automobilistas que levavam as suas famílias para passarem o fim-de-semana no campo, a comitiva presidencial partiu na manhã de sábado para os arredores da cidade de Tótóbanhia numa visita à cooperativa «Espiga de Ouro». O campo Húngaro é belo, Colinas suaves, sem grande altura, totalmente ocupadas com vários tipos de sementeiras estendem-se a perder de vista em tons de verde claro escuro. O trigo já está alto por todo o lado e pelo que vemos a colheita parece ser prometedora. Como dissemos, os jovens camponeses não se diferenciam muito dos jovens citadinos no níRostos se1os numa bela cidade. vel de vida. Nos mais velhos noTEMPO ESPECIAL-- pág,'52

Prestaente Samora Machel apreciando a cidade de Budapeste cortada pelo grande rio Danúbio. tam-se, é claro, os sinais de uma vida de labuta dura para construção e socialização do campo húngaro. É exactamente isso que verificámos na Cooperativa «Espiqa de Ouro», onde o presidente Samora Macliel é calorosamente recebido por todos os cooperantes. No novo e moderno edifício construído na -Aldeia com os rendimentos da cooperativa e onde funcionam os escritórios da cooperativa, um super-mercado popular e também um salão de diversões, é explicado ao Presidente Samora Machel toda a história e funcionamento da «Espiga de Ouro». ESPIGA DE OURO Com dezanove anos de existência, a Cooperativa «Espiga de Ouro» não só ultrapassou as dificuldades inerentes à fase de arrancada, principalmente quando se trata de levar o agricultor individual a juntar-se aos outros e com eles construir o seu futuro, como também conseguiu atingir uma etapa em que todos os cooperativistas sentem orgulho do trabalho realizado e de serem membros da Cooperativa. Se hoje existem relações muito íntimas e de confiança mútua entre cooperativistas e direcção da comunidade, se já estão criadas boas condições de vida para os membros e suas famílias tudo isto foi possível em resultado do nível de organização que sempre se tentou vincular e porque a linha correcta do Partido a todo o momento esteve presente e comandou toda a actividade desenvolvida. Orientada politicamente por um Secretariado do Partido, a Cooperativa «Espiga de Ouro» tem na sua estrutura um Secretariado da Federação da Juventude Comunista, outro Secretariado do Conselho das Mulheres Trabalhadoras, um Chefe da Brigada do Trabalho Socialista, tendo como órgão máximo a Assembleia dos Membros. Esta reúne-se, ordinariamente, uma vezpor ano para Hungria, ocuparam-na e Horthy .oi aprisionado. A libertação viria a dar-se na Segunda Guerra Mundial. Em 4 de Abril de 1945 o Exército Ver mel h o da União Soviética - após longas e duras batalhas, nas quais perdeu 200 mil soldados - esmaga as tropas fascista de Hitler, e seus aliados nacionais da «Flecha e Cruz» e liberta totalmente o território húngaro. Em 1949 a Hungria constitui-se como uma República, Popular, dirigida pelo seu partido de vanguarda, o Partido Operário Socialista Húngaro, cujo Comité Central é encabecado por János Kádár. E partir dai a Hungria inicia um vasto processo de transformações com vista à construção de um Estado Socialista. A última grande tentativa de travar o processo de construção do Socialismo por parte do imperialismo e dos reaccionários húngaros deu-se em 1956. Ela foi no entanto destruida pelos trabalhadores húngaros e TEMPO ESPEIAL-I;Ig. 53 período de férias, o que é extensivo aos velhos camponeses reformados. Para conhecimento de outras zonas do País, aproveitam o tempo de descanso para organizar excursões. Os cooperativistas têm actualmente um vencimento de aproximadamente 54 000 forints anuais, o que é, em média, superior ao salário do operário no ramo industrial. Cerca de 50 por cento dos membros conseguiram ter novas vivendas e mobiladas também de novo e 25 por cento dispõe de carro próprio. Cada cooperativista tem 5,6 hectares para cultivo particular e os velhos pensionistas recebem apoio material., as máquinas da cooperativa colaboram nas suas pequenas machambas, para além de receberem o subsídio de reforma a que têm direito. E no meio desse verde de milhares de hectares de cultivo interrompido pelas zonas residenciais surge uma nova actividade que vem reforçar a economia da colectividade. É a indústria de Camponeses húngaros cooperativistas. O seu nível de vida chega a ser mais alto do que os operários. Para além da machamba colectiva eles podem ter uma pequena parcela privada onde também cultivam. traçar planos anuais, apreciar o trabalho do ano findo é proceder à escolha dos dirigentes da Cooperativa para os doze meses seguintes. Contando actualmente com um total de 860 membros dos quais 390 aposentados e 470 em actividade, a Cooperativa que tem uma área de cultivo de 5600 hectares onde pratica uma agricultura diversificada, abrangendo 1200 hecTEMPO ESPECIAL- Pág, 54 tares de trigo, outros tantos de milho, 60 de linho, 130 de videiras, desenvolve igualmente a criação de espécies animais. As vantagens que traz a vida comunal e a socialização do campo já não são tema de discussão na Cooperativa «Espiga de Ouro». Os seus membros que outrora nunca tinham conhecido o descanso, hoje têm acesso a casas de verão durante o seu Foi após a visita a uma fábrica e na sala de convívios da mesma que o Presidente Samora Machel falou aos operdtios Húngaros salientando a sua luta

Um es4udante, futuro operdrio espectalizado no ramo da marcenaria, trabalhando durante a visita que o Chefe de Estado Moçambicano efectuou ao Instituto Madeireiro de Budapeste. vinho que já produz o suficiente para a exportação. Isto tudo é o resultado do ca- comum lado a lado com os trabalhadores moçambicanos para a construção do Socialismo. minho longo percorrido, não apenas pela Cooperativa «Espga de Ouro» mas por todo o Povo húngara. Como diria o Presidente Samora Machel quando falava oos camponeses que integram a direcção daquela comunidade «o camponês é muito individualista, egoísta e conservador.. Não tem espírito colectivo. Para chegar a este nível foi preciso travar combates sucessivo,. O camponês gosta de fazer a produção de subsistência e psicologicamente gosta de dizer «esta terra é minha». Para lévá-lo a dizer estas galinhas são nossas, estas plantas, estes instrumentos são nossos é preciso travar combates duros». Com efeito não foi fácil atingir aquele nível a partir do camponês individual, mas o trabalho árduo e permanente resultou. Ali está o homem socialista no campo. O homem que se libertou da superstição, da crença em forçàs sobrenaturais, já não é, o homem que atribui a falta de chuva a poderes extra-naturais, com- seu Partido de vanguarda. Desde 1948, quando a Hungria iniciou a sua planificação económica, que a construção do socialismo se fortalece como uma via irreversivel. Tradicionalmente um pais agrícola, a Hungria é hoje um país altamente industrialiZado, ao ponto deste sector da economia ser o que mais contribui para a renda nacional. A força principal da sociedade é considerada a classe operária dirigida pelo seu partido de vanguarda - o POSH. A Hungria tem relações diplomáticas com 117 países e no decurso dos últimos cinco anos assinou cerca de 900 acordos interestaduais. A Hungria está sempre presente nas comissões de desarmamento de Genebra, da Conferência de Belgrado, de segurança e cooperação europeia, na Conferência de Viena sobre limitação de tropas e dos armamentos. Durante o último Congresso do PSOH, TEMPO ESPECIAL- pág, 55 preende que o gelo que lhe devasta parte da sua produção é um tenomeno natural. O Presidente da República Popular de Moçambique talara tambem da nossa realidade, particularmente no campo. A Hungria libertou-se em 1945, no fim da Segunda Grande Guerra, e nós há apenas três anos. Porém o grau de desenvolvimento que nós temos é inferior ao que tinha a Hungria na altura da sua libertação. Seria na definição da nossa situação actual que o dirigente máximo do nosso País diria: - ~POSH «Nós não estamos em 1945 ainda. Estamos no estado quase primitivo em que a população vive d;spersa e não organizada». A seguir apontaria as vantagens de uma vida organizada que destrói a concepção errada que o camponês isolado e desorganizado tem quando chega a pensar que «há certos artigos que só os ricos, podem ter, comida que só os burgueses podem consumir», enquanto o aumento e diversificação da produção agrícola permite a todos melhorar a respectiva dieta alimentar. ZANKA: ALIAR O REPOUSO À FORMAÇÃO DOS JOVENS Depois de uma visita a cooperativa «Espiga de Ouro» o Presidente Samora Machel visitou na parte da tarde uma unidade militar de Tanques, tendo assistido a diversos exercícios com aquele tipo de arma móvel. Mas é no último dia da estada da delegação moçambicana na República Popular da Hungria que lhe é propocionada uma visita O Partido Socialista tral de controlo constituí- membros do Partido em Operário Húngaro - PS- da por um presidente e por cada um dos diferentes secOH - tem um Comité um secretário. Na altura do tores de actividade eram: Central constituído pelo seu XI Congresso - em 45,5 por cento de «trabaprimeiro secretário János Janeiro de 1975- tinha lhadores físicos e cultfvaKádár e por 6 secretários, 754 353 membros, tios dores dd cooperativas», U,1 tem um bureau político quais 26,5 por cento eram por cento de «pessoas que constituído por 16 mem- mulheres. diriRem directamente a bros, e urna comissão cen- As percentagens de produção», 40 por cento de «trabalhadores intelectual» e 8,4 por cento de outros. POSIÇÃO DO POSH FACE AO MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO Na sua sessão de 15 de Março de 1978 o Comité Ce-itral do Partido Operário Socialista Húngaro expressa, a propósito do Congresso do M. P. L. A. sua política face ao movimento le libertação nacional em Ãfrica. «0 nosso Partido e a opinião pública prestam muita atenção e ajuda aos movimentos nacionais de libertação e aspirações sociais progressistas dos povos da África. Os representantes do nosso Partido tomaram parte no Congresso do M. P. L. A. Consideramos que o 1 Congresso do Movimento Popular da Libertação da Angola que criou um partido marxista-leninista sob o nome deM. P. L. A. - Partido do Trabalho - é um acontecimento de grande importância. TEMPO ESPECIAL- pág. WO singular: trata-se da cidade de Pioneiros de Zanka, situada a cerca de 200 quilómetros de Budapeste, nas proximidades do Lago Balaton. Era domingo. Por todo o lado, durante o percurso e, mesmo na lago, grupo de veraneantes saiam das suas casas em trajos de banhistas e sauda- vam alegremente a delegação que passava. Aproximavam-se as 11 horas quando a delegação presidencial chegou a Zanka. Entre o florido dos campos e a beleza dos edifícios da «forja das novas gerações», a graciosidade juvenil. Tudo isto tornava mais alegre A caminho de Zanka, cidade dos pioneiros, muitos dos veraneantes saíam para a estrada saudando a delegação moçambicana. Grande parte da população da Hungria é jovem. Eles com dinamismo e amor avançam na construção da Sociedade Socialista Avançada da Hungria. no capitulo dedicado às condições sociais de vida do povo húngaro, o Relatório do CC dizia que a tarefa principal «agora que as classes exploradoras e os proprietários fundiários desapareceram» - é «desenvolver a democracia nos lugares de trabalho». Na Hungria 95 por cento das pessoas activas trabalham em empresas do Estado e em cooperativas. O Relatório do Comité Central dizia que «a evolução da sociedade já não exige a transformação radical das relações de produção, mas o reforço e desenvolvimento da propriedade do Estado e das cooperativas». A meta estabelecida pelo Congresso para o trabalho é conseguir chegar às «40 horas em cinco dias por semana» (agora é de 44 horas). Sobre o melhoramento das condições de vida dos trabalhadores o CC diz que «o salário real de um trabalhador aumentou no decurso do quarto plano quinquenal de 16 por TEMPO ESPECIAL-Pág, 67 a recepção dispensada aos hóspedes moçambicanos que se realizou ao som de música entoada por uma banda do próprio centro. Já na entrada do edifício central, o Presidente Samora Machel e comitiva é envolvido por um grupo de jovens enlaçam no pescoço dos visitantes o lenço vermelho que é também parte integrante do uniforme dos Pioneiros. Seguir-se-ia uma explicação detalhada das actividades da cidade dos Pioneiros. Inaugurada em 1975, Zanka é um símbolo vivo dos esforços que se desenvolvem na Hungria para a educação das novas gerações. Frequentada por jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos, educa dentro de uma perspectiva política onde tem especial relevo o conhecimento das realidades das massas laboriosas, o internacionalismo proletário que inclui encontros e troca de correspondência com jovens de outros países. Programas anuais abrangendo acontecimentos de âmbito nacional e internacional são levados a cabo e particular importância é dada à ocupação dos tempos livres. Dentro dos seus programas, os Pioneiros contribuiram com 2 milhões de farints para o Fundo Nacional destinado às 'actividades preparatórias do Festival Mundial da Juventude e Estudantes a realizar em breve em . Ainda no campo das realizações internas de um festival nacional de carácter científico-técnico que no ano passado mobilizou mais de 500 mil pioneiros, a olimíada nacional que envolveu para cima de 3 milhares e a dança folclórica executada por 1500 jovens nc centro. Conforme diria a responsável da Cidade dos Pioneiros no seu relatório, já passaram por ali pioneiros da República Popular do Congo, Argélia e Iraque e que à medida que se forem firmando acordos com outros países africanos estes irão tendo abertura para o envio dos seus jovens para repouso naquele centro. TE P a L'- ~ ú. "i Zanka é hoje o lugar para onde todo o pioneiro quer ir passar as suas férias de verão. É o centro de onde os jovens saiem com profundas saudades findo o seu período de repouso. Ali eles têm um quadro docente que completa toda a actividade iniciada nas escolas, iniciam-se p, se forjam na vida colectiva. Na sua breve intervenção, após a explicação dada pela responsável do centro, o Presidente da FRELIMO e da República Popular de Moçambique, Samora Machel, apontaria a situaçao das nossas crianças em. Moçambique. «Viemos de um País recém-independente em que as nossas crianças não conheciam a alegria, não conheciam a liberdade, não conheciam a felicidade mas sim o sofrimento, a amargura. Não conheciam a igualdade mas sim a discri. minação, Discriminação racial, na base do estrato social. Havia filhos de pobres, filhos de ricos, dos exploradores. As crianças eram ensinadas a admirar o explorador e desprezar o pobre. As nossas crianças não sabiam o que era a carne, o ovo, o leite. É por isso que temos um profundo respeito pela juvennão vivem juntas». Samora Machel acrescentaria que foi a nossa juventude que lutou contta o colonialismo através de armas, da cultura e de todos os meios até à vitória. «Nós já estamos independentes mas vivemos junto do e da África do Sul. Na África do Sul há muitas raças mas tude» salientou. «Os brancos estão divididos em quatro categorias, os indianos em seis categorias, os amarelos vivem separados, os chineses isolados. É importante que o jovem da República Popular da Hijngria conheça esses problemas»- frisou. No final da sua alocução, o Chefe de Estado moçambicano voltaria a focar a necessidade dos jovens combaterem tenazmente a desorganização e assumirem que «o futuro está na Juventude». A delegação moçambicana percorreu as instalações e os recintos desportivos da Cidade dos Pioneiros e assistiu à representação das diversas actividades ali Presidente Samora Machel durante a visIta que efectuou a Zanka, cidade do pioneiros e sobre a qual nos referimos aetalhadamente no texto. Ainda na cidade dos Pioneiros Graça Machel assina um livro de visitas que foi entregue por crianças húngaras. desenvolvidas. Uma breve sessão de cinema marcou o fim da visita. Samora Machel usando da palavra, alertaria para o facto de o imperialismo estar sempre a tramar novas e mais refinadas manobras para desviar os jovens e daí a necessidade destes estarem sempre preparados para combaterem essas manobras e Permanecerem sempre organizados. Deixámos a Cidade dos Pioneiros em Zanka às primeiras horas da tarde. Estávamos nós também contaminados e era com saudades que dali nos retirávamos. Os Pioneiros quando ali saem. faZem-no com osolhos cheios de lágrimas. Nós vínhamo-nos embora com os olhos cheios de ensinamentos e éramos portado- res de uma mensagem dos pioneiros da Hungria para os continuadores do nosso País e trazíamos connosco a certeza de que brevemente jovens moçambicanos ali poderão estar para trocar experiências. Nessa mesma noite partiríamos para o nosso País. Deixaríamos essa cidade de Budapeste rica em tradições históricas, onde o antigo, o clássico e o moderno se fundem e se harmonizam, onde a reconstrução dos edifícios que descrevem a história milenária e que a Segunda Guerra deixara transformados em destroços, acompanha o levantamento de novos bairros residenciais para os trabalhadores. e cento, o rendimento real por habitante de 25 por cento, e o consumo da população em 1975 era 28 por cento maior que em 1970». Das preocupações sociais mais evidentes são a construção de n o v o s apartamentos para os trabalhadores (n u m plano de construção de 1 milhão em 15 anos), o melhoramento das condições de vida dos reformados, o aumento de bens de consumo. É particularmente interessante a preocupação de diminuição das diferenças entre as condições de vida dos operários e dos camponeses. O desenvolvimento agrícola é também surpreendente. Em 1974 as taxas de produção agrícola eram 81 por cento mais elevadas do que em 1950. Os produtos mais importantes são o trigo, as frutas, as batatas. Uma parte importante da produção agrícola é canalizada para a indústria alimentar. TEMPO ESPECIAL-'pág 59

IMAGENS DO DIA-A-DIAi Os repórteres, quer em viagens e contactos de paz e de amizade com outros povos, quer nas zonas de guerra não sao, a maior parte das vezes s i m p1 e s observadores. Através, dos seus registos a História é enriquecida e complementada. Os repórteres que acompanharam detalhadamente a v i s i t a presidencial, n&o p e r d e r a m pois a oportunidade de reter as imagens vivas do quotidiano dos povos visitados. Nestas páginas f i n ai s do nosso número especial, não querftimos deixar de proporcionar ao leitor essas image ns que os nossos olhos percorreram. Elas aqui estão! Camponeses chineses: estas maos derrubaram montanhas Mulheres coreanas: romper com o passado consegue-se, mas não é f/cil TEMPO ESPECIAL-pg. 60

Jovens d ngaras em Budapeste: sorrir paraa vida Paisagem moderna numa avenida nova de Ulan Bator. Mofi Pastor Mángaro: .0 gado é nosso não é meu!» Camponesa coreana: daqui vai sair comida TMPO ESP9CIAL-pág. 61

Crianças mongoU: o uauro penence-tnes Descontraçao e juventuae numa praça de Budapeste, capital da República Popular da Hungria. Aos fins de semana esses jovens Interior da China: Todos os meios de transporte são necessdrios TEMPO ESPECIAL- pígh" O

Mongólia, cidad de Ulan Bator: a antiga e nova geração inundam praças e instâncias de repouso e tudo ganha mais vda movimento e cor. Pequim: esta bicicleta com atrelado transporta 400 Kgs de hortícolas diariamente F(MPO ESPECIAL- p#41. 63

COREIA ...... 4 Uma organização impcãvei .....8 Um comício de massas numa cidade operária ...... 9 Contar com as Próprias forçs ... 14 Cooperativa

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