Escola De Humanidades Programa De Pós-Graduação Em História Mestrado Em História
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ESCOLA DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA PEDRO OLIVEIRA BARBOSA O MITO DO “HOMEM NOVO”: A IMAGEM DE SAMORA MACHEL NO CINEJORNAL KUXA KANEMA (1978-1981) Porto Alegre 2019 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA PEDRO OLIVEIRA BARBOSA O MITO DO “HOMEM NOVO”: A IMAGEM DE SAMORA MACHEL NO CINEJORNAL KUXA KANEMA (1978-1981) PORTO ALEGRE 2019 PEDRO OLIVEIRA BARBOSA O MITO DO “HOMEM NOVO”: A IMAGEM DE SAMORA MACHEL NO CINEJORNAL KUXA KANEMA (1978-1981) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em História na área de concentração de Sociedade, Política e Relações Internacionais. Orientador: Prof. Dr. Marçal de Menezes Paredes PORTO ALEGRE 2019 PEDRO OLIVEIRA BARBOSA O MITO DO “HOMEM NOVO”: A IMAGEM DE SAMORA MACHEL NO CINEJORNAL KUXA KANEMA (1978-1981) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em História na área de concentração de Sociedade, Política e Relações Internacionais. Aprovada em: 27 de fevereiro de 2019. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Marçal de Menezes Paredes – PUCRS (Orientador) Prof. Dr. Hector Rolando Guerra Hernandez – UFPR Prof. Dr. José Rivair Macedo – UFRGS PORTO ALEGRE 2019 AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por possibilitarem este trabalho. Através da pesquisa, que comecei ainda na Iniciação Científica, eu tive a oportunidade de descobrir a África e, através dela, me redescobrir. O conhecimento acadêmico não contribuiu apenas na minha formação como historiador, mas também no meu desenvolvimento como ser humano. A isso, serei eternamente grato. Obrigado, especialmente, aos professores, funcionários e colegas da PUCRS que participaram do dia a dia desse processo. A um professor, em particular, agradeço diretamente: Marçal, muito obrigado por esses anos nos quais fui orientado por ti. Teu apoio e companheirismo foram fundamentais para que eu pudesse me desenvolver como profissional e como pessoa. Hoje, tenho a honra de dizer que além de te ver como um exemplo de professor e orientador, também te considero um amigo. Muito obrigado também a todos os moçambicanos que me receberam tão bem em seu país, vocês foram responsáveis por enriquecer muito minha pesquisa. Nominalmente, agradeço ao professor Carlos Mussa, e também ao Manuel e ao Eduardo, que possibilitaram minha viagem. Espero ainda ter a oportunidade de recebê-los aqui tão bem quanto fui recebido em Moçambique. Ao longo do mestrado, foram incontáveis as horas de estudos, preocupações e inseguranças pelas quais passei. Os momentos de descontração foram então um contraponto essencial. Por esses momentos, agradeço aos meus amigos. As cervejas no Maza, os cafés na FAMECOS, as noites no Horst e as horas gastas assistindo a algum esporte foram fundamentais para mim. Muito obrigado por serem um alento durante as dificuldades. À minha companheira, Nathalia, agradeço pela parceria na vida. Tua resiliência, determinação e sensibilidade são exemplos para mim. Obrigado por me mostrar a importância da calmaria em meio à tempestade. Também sou grato pela tua família, que ao longo desses anos tornou-se minha. Por fim, agradeço aos meus pais, minha irmã e demais familiares. Na realidade desigual em que vivemos, sou extremamente privilegiado por ter tido acesso à educação de qualidade desde cedo, o que me proporcionou chegar até aqui. Vocês, sobretudo, souberam me mostrar que os privilégios não me tornam superior a ninguém. A humildade, o respeito ao próximo, a empatia e a capacidade de tratar o outro como eu gostaria de ser tratado, independente da titulação que tenha, são legados que busco fazer presentes em tudo aquilo que faço, inclusive nesta pesquisa. Espero poder honrar os valores que foram por vocês me ensinados não só agora, mas sempre. Em África tudo é outra coisa: a mansa crueldade do leopardo, a lenta fulminância da mamba, o eterno súbito poente [...]. Se o silencio é sempre um engano: o falso repetir do nada em lugar nenhum. Em África, tudo é sempre outra coisa. Mia Couto (2003) RESUMO Após dez anos de guerra contra o regime colonial português, em 25 de junho de 1975 aconteceu a descolonização de Moçambique, e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) tornou-se partido único do país. Samora Machel, uma figura carismática que liderava o movimento à época, tornou-se então o primeiro presidente moçambicano. As políticas implantadas estiveram de acordo com um projeto de construção nacional que buscava difundir um “Homem Novo” no país, que, para além da diversidade étnica, desvinculava-se de todo o passado tradicional e colonial em favor de valores modernos e socialistas. Entre essas políticas, esteve a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC), que nacionalizou toda a produção, exibição e distribuição de filmes, de modo que a indústria cinematográfica passou a existir conforme os objetivos traçados pelo partido. Entre suas produções esteve o cinejornal Kuxa Kanema. Entre 1978 e 1979, em sua primeira fase, esse cinejornal construiu uma narrativa que vinculava a imagem de Samora Machel à construção do socialismo no país e a uma grande cooperação “internacionalista”. Já em 1981, na segunda fase, quando Moçambique se viu em grande crise econômica, com uma guerra civil de proporções cada vez maiores, e percebeu que o apoio dos países socialistas era insuficiente para lidar com a situação, a narrativa construída passou a enfatizar os valores nacionalistas, o combate aos “indesejáveis” e a grande liderança de Samora Machel. Palavras-chave: Moçambique; Samora Machel; Homem Novo; Kuxa Kanema. ABSTRACT After ten years of war against the Portuguese colonial regime, on 25th June 1975 the decolonization of Mozambique took place, and the Liberation Front of Mozambique (FRELIMO) became the country's only party. Samora Machel, a charismatic man who led the movement at the time, became the first Mozambican president. The policies implemented were in line with a national construction project that sought to spread a "New Man" in the country, which, in contrast to ethnic diversity, get rid of all the traditional and colonial past in favor of moderns and socialists values. Among these policies was the creation of the National Film Institute, which nationalized the whole production, exhibition and distribution of films, so that the film industry came into existence according to the objectives outlined by the party. Among his productions was the newsreel Kuxa Kanema. Between 1978 and 1979, in its first phase, this newsreel constructed a narrative that linked the image of Samora Machel to the construction of socialism in the country and a great "internationalist" cooperation. Already in 1981, in the second phase, when Mozambique was in a big economic crisis, with a civil war of increasing proportions, and realized that the support of the socialist countries was insufficient to deal with the situation, the constructed narrative came to emphasize the nationalist values, the fight against the "undesirables" and the great leadership of Samora Machel. Key words: Mozambique; Samora Machel; New Man; Kuxa Kanema. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa de Moçambique, com destaque aos seus países fronteiriços. ..................... 17 Figura 2 - Mapa étnico de Moçambique. ......................................................................... 18 Figura 3 - Samora Machel. ............................................................................................ 20 Figura 4 - Exército moçambicano alinhado na recepção a Pak Song-Chol em Moçambique. 60 Figura 5 - Samora Machel recebendo Pak Song-chol em Moçambique. ............................. 61 Figura 6 - Faixa com os dizeres “Viva o MPLA, Viva a FRELIMO”, durante a visita de Agostinho Neto a Moçambique. .................................................................................... 64 Figura 7 - Agostinho Neto e Samora Machel em um brinde em homenagem ao presidente angolano. .................................................................................................................... 66 Figura 8 - Crianças na recepção a Erich Honecker em Maputo. ......................................... 69 Figura 9 - Samora Machel e Erich Honecker, enquadrados ao lado de faixa com rostos de Lênin, Marx e Engels. ............................................................................................................ 70 Figura 10 - Samora Machel discursando ao lado de Tudor Jivkov. .................................... 71 Figura 11 - Trabalhadores da construção civil em Moçambique, em sintonia com o discurso de modernização. ............................................................................................................. 75 Figura 12 - Bandeiras tremulando durante o anúncio das nacionalizações. ......................... 79 Figura 13 - Samora Machel anunciando as nacionalizações em Moçambique. .................... 80 Figura 14 - Faixa com o rosto de Samora Machel durante a campanha pelas nacionalizações. .................................................................................................................................. 81 Figura