Blocos De Enredo: Seu Lugar E Seus Significados Na Configuração Do Carnaval Carioca
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIRIO Programa de Pós-Graduação em Memória Social – PPGMS Júlio César Valente Ferreira Blocos de Enredo: seu lugar e seus significados na configuração do carnaval carioca Rio de Janeiro 2018 2 JÚLIO CÉSAR VALENTE FERREIRA BLOCOS DE ENREDO: SEU LUGAR E SEUS SIGNIFICADOS NA CONFIGURAÇÃO DO CARNAVAL CARIOCA Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Memória Social, linha de pesquisa Memória e Espaço, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, para obtenção do título de Doutor em Memória Social. Orientador: Prof. Javier Alejandro Lifschitz Rio de Janeiro 2018 3 Júlio César Valente Ferreira Blocos de Enredo: seu lugar e seus significados na configuração do carnaval carioca Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Memória Social, linha de pesquisa Memória e Espaço, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, para obtenção do título de Doutor em Memória Social. Aprovada em 19/03/2018 BANCA EXAMINADORA: _____________________________________________________ Prof. Dr. Javier Alejandro Lifschitz (Programa de Pós-Graduação em Memória Social – UNIRIO) _____________________________________________________ Prof. Dr. Amir Geiger (Programa de Pós-Graduação em Memória Social – UNIRIO) _____________________________________________________ Prof. Dr. Vicente Aguilar Nepomuceno de Oliveira (Departamento de Engenharia de Produção – UNIRIO) _____________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Felipe Ferreira (Programa de Pós-Graduação em Artes – UERJ) _____________________________________________________ Profa. Dra. Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia – UFRJ) 4 A Débora que me ajudou A Inacio que me alegrou Aos blocos de enredo que me apoiaram Aos engenheiros que zombaram A Federação dos Blocos Carnavalescos do Estado do Rio de Janeiro que me abraçou Ao carnaval que me salvou 5 RESUMO O presente trabalho aponta para os blocos de enredo que desfilam no carnaval do Rio de Janeiro como objeto de estudo. Desta forma, inicialmente são apresentados sua diferenciação aos demais tipos de blocos que se apresentam no carnaval carioca, as leituras sobre o carnaval, considerando as perspectivas ritualísticas e sócio- organizacional, e as questões metodológicas sobre a condução da pesquisa. A pesquisa seguiu identificando e analisando as forças sociais que mobilizam os blocos de enredo e sua federação, a estruturação de seus padrões visuais e as redes de apoio, considerando a atuação no campo do carnaval carioca. No intuito de responder estas questões, a hipótese que dá suporte à pesquisa é a de que os blocos de enredo colaboram na configuração do carnaval carioca a partir de uma construção identitária e uma estruturação organizacional própria, não se constituindo então somente em uma etapa de passagem para que agremiações carnavalescas tornem-se escolas de samba ou se equivalendo aos demais tipos de blocos que desfilam no carnaval carioca. Palavras-chave: Blocos de Enredo. Carnaval. Rio de Janeiro. Identidade. Organização. 6 ABSTRACT The present work points to the blocos de enredo that parade in the Rio de Janeiro carnival as object of study. In this way, it is initially presented its differentiation to the other types of blocos that are presented in the carnival of Rio de Janeiro, the carnival lectures, considering the ritualistic and socio-organizational perspectives, and the methodological questions about the conduction of this work. The research continued identifying and analyzing the social forces that mobilize the blocos de enredo and his federation, the structuring of their visual patterns and the support networks, considering the procedure in the field of the carnival in Rio de Janeiro. In order to answer these questions, the hypothesis supporting the research is that the blocos de enredo collaborate in the configuration of the Rio de Janeiro carnival through a construction of identity and an organizational structure own, not constituting then only in a step of passage so that carnival associations become samba schools or if they are equivalent to the other types of blocos that parade in the carioca carnival Keywords: Blocos de Enredo. Carnival. Rio de Janeiro. Identity. Organization. 7 SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11 1 QUESTÕES METODOLÓGICAS 20 1.1 Desenho da pesquisa 22 1.2 Conjuntos de agremiações pesquisadas 29 2 O CAMPO DO CARNAVAL CARIOCA 33 2.1 Perspectiva ritual 37 2.2 Perspectiva sócio-organizacional 39 2.3 Capitais, agentes e objetos 41 2.3.1 Escolas de samba 42 2.3.2 Blocos carnavalescos 50 2.3.3 Outras agremiações 63 2.3.4 Outras manifestações 66 2.3.5 Profissionais 66 2.3.6 Órgãos e agentes públicos 70 3 BLOCOS DE ENREDO: IDENTIDADE E ORGANIZAÇÃO 73 3.1 Construção identitária 73 3.1.1 Olhares sobre os blocos de enredo 74 3.1.2 Os blocos de enredo pelas agremiações pesquisadas 84 3.1.3 A identidade multifacetada interna e externa dos blocos de enredo 94 3.2 Construção espacial 97 3.2.1 Quadras 97 3.2.2 Ruas 110 3.2.3 Locais da preparação plástica dos desfiles 117 3.3 Organização para a competição 124 3.4 Construção e manutenção das redes de apoio 129 3.5 Organização para o desfile 135 8 4 FEDERAÇÃO DOS BLOCOS CARNAVALESCOS DO ESTADO DO 141 RIO DE JANEIRO: EDIFICAÇÃO E ESTABELECIMENTO NO CAMPO DO CARNAVAL CARIOCA 4.1 Germinando a FBCERJ através dos concursos de blocos 142 4.1.1 Os primeiros concursos de blocos 142 4.1.2 A retomada dos concursos de blocos 146 4.2 Fundação, legitimação e crescimento da FBCERJ 152 4.2.1 A criação da FBCERJ 152 4.2.2 A estratégia de legitimação da FBCERJ 155 4.2.3 Criação dos grupos de blocos de enredo e de empolgação 158 4.2.4 Retomada dos banhos de mar à fantasia 160 4.3 Construção e manutenção das redes de apoio 168 4.3.1 A relação entre as entidades gestoras 168 4.3.2 A FBCERJ e suas redes de apoio político 174 4.4 A FBCERJ como lugar de sociabilidade e representação dos blocos 179 4.4.1 A FBCERJ como casa dos blocos 179 4.4.2 A FBCERJ na rua pelos blocos 190 5 AS CRISES DE REPRESENTATIVIDADE DA FBCERJ COMO 200 DRAMAS SOCIAIS E SUAS RELAÇÕES COM OS BLOCOS DE ENREDO E AS ESCOLAS DE SAMBA 5.1 Dois governos e duas RIOTUR 200 5.2 Drama 1 – A greve de 1988 da FBCERJ 208 5.3 Drama 2 – O conflito entre LIESA e AESCRJ 212 5.4 Drama 3 – A dissolução da AESCRJ 214 5.5 Balanço dos dramas: esvaziamento e resistência 219 CONSIDERAÇÕES FINAIS 235 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 238 REFERÊNCIAS DE MATÉRIAS DE PERIÓDICOS 250 9 ANEXO I – CLASSIFICAÇÕES E ENREDOS DAS AGREMIAÇÕES 259 10 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O carnaval da cidade do Rio de Janeiro não se resume aos desfiles das grandes escolas de samba. DaMatta (1997) constatou que muitos outros grupos (na época da primeira edição da publicação, em 1979) compartilhavam o espaço carnavalesco. Destes, o único grupo diferente das escolas de samba que mantêm na atualidade seu aspecto de competição é o relativo aos blocos de enredo, objeto de estudo desta pesquisa. Ao conduzir pesquisas sobre as escolas de samba dos últimos grupos de acesso1 que desfilam no Rio de Janeiro, deparou-se com a realidade dos blocos de enredo (FERREIRA, J., 2012; FERREIRA, 2013). Apesar de serem distintas manifestações carnavalescas, no Rio de Janeiro, as escolas de samba e os blocos de enredo têm como origem as camadas periféricas urbanas, além do fato de que muitas escolas de samba (principalmente aquelas pertencentes aos últimos grupos de acesso) originaram-se de um ou mais blocos de enredo. Outro fato que chamou a atenção na realização destas pesquisas foi a obrigatoriedade, entre os anos de 2011 a 2014, chancelada pela Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro S.A. (RIOTUR2), de transformar blocos de enredo em escolas de samba, e vice-versa, tendo como justificativa os resultados dos concursos carnavalescos do ano em questão. Estas relações entre blocos de enredo e escolas de samba descritas no parágrafo anterior chamaram a atenção para a existência de uma manifestação carnavalesca, os blocos de enredo, atualmente pouco divulgada, mas que ainda se estabelece como contraponto às escolas de samba no que tange às competições carnavalescas na cidade do Rio de Janeiro. Barbieri (2009a) também destaca estas relações ao realçar que ‗(...) paralelamente a esse mundo das escolas de samba, uma outra forma carnavalesca – os blocos de enredo – convive com esse sistema em constante interseção, pois a cada ano há blocos que viram escolas e escolas que viram blocos.‘ (BARBIEIRI, 2009a, p. 20). Ao longo do texto, as denominações das divisões hierárquicas dos blocos de enredo e das escolas de samba serão citadas. Como forma de não repetir seguidamente 1 Por últimos grupos de acesso, define-se como os grupos da divisão hierárquica das escolas de samba que não desfilam na Rua Marquês de Sapucaí (popularmente conhecida como Sambódromo), na região central da cidade do Rio de Janeiro, apresentando-se todos deste caso, nos últimos anos, na Estrada Intendente Magalhães, pista de desfile afastada da região central do município. 2 Autarquia da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro encarregada pela execução da política municipal de turismo, sendo também responsável pela organização do carnaval da cidade. 11 esta classificação, abaixo são apresentadas as nomenclaturas em voga destas divisões em 20163, com a indicação da divisão hierárquica, local e bairro onde ocorriam os desfiles. (i) Blocos de Enredo - Grupo 1 – Avenida Graça Aranha – Centro – Sábado - Gripo 2 – Estrada Intendente Magalhães – Campinho – Sábado - Grupo 3 – Rua Cardoso de Moraes – Bonsucesso