ÍNDICE

Agremiação Página

G.R.E.S. SÃO CLEMENTE 03

G.R.E.S. UNIDOS DE 43

G.R.E.S. 109

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 167

G.R.E.S. PARAÍSO DO TUIUTI 243

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 307

G.R.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL 391

1

G.R.E.S. SÃO CLEMENTE

PRESIDENTE RENATO ALMEIDA GOMES 3

“E o sambou”

Carnavalesco JORGE LUIZ SILVEIRA

5

Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo “E o samba sambou” Carnavalesco Jorge Luiz Silveira Autor(es) do Enredo Jorge Luiz Silveira (Versão original de 1990: Carlinhos D’Andrade, Roberto Costa e César D’Azevedo) Autor(es) da Sinopse do Enredo Jorge Luiz Silveira Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Jorge Luiz Silveira Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 A batalha das GUIMARÃES, H. : 2015 Todas ornamentações: A Rio Book´s escola de Belas Artes e o Carnaval Carioca

02 As Primas Sapecas BALTAR, A.; Rio de Janeiro: 2015 Todas do Samba: alegria, LEAL, E.; Novaterra e crítica e DATOLLI, V. Editora e irreverência na Distribuidora avenida. Ltda

03 Abre-alas: Enredos LIESA Rio de Janeiro: 1990 Todas do Carnaval 1990 Brasgraf Organização Gráfica Ltda

Outras informações julgadas necessárias

A pesquisa contou também com o depoimento de diversos baluartes da agremiação (Compositores, baianas, diretoria e etc...) sobre suas memórias do desfile de 1990. O objetivo deste contato era captar a essência e a memória viva do desfile original do G.R.E.S. São Clemente daquela ocasião.

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HISTÓRICO DO ENREDO

“E o Samba Sambou”

No jogo do amor e do samba não tem regras: ou se tem, depende. Cartas na mesa, mesa virada. E o amor ao samba? Ah, camarada... Tudo tem seu preço e seu apreço. Quem tem padrinho não morre pagão! O brado retumbante de 90 ecoou com tanta força que se fez profecia: E o Samba Sambou...

Da mesma forma que disse em 90, não sou dono da verdade. Também cometi meus pecados. A mesa virada tem lá minha digital. Assumida. Mas peixe pequeno frita mais rápido que peixe graúdo. Tá dado meu recado. Porém, jocoso que sou, faço piada de mim mesmo. Aliás, tenho isso correndo nas veias: meu DNA foi construído apontando o dedo em riste e sambando na cara da sociedade. Meu histórico me credencia. Basta olhar meu manancial.

Esse de 90 tem um molho especial. Nunca antes na história dessa república se fez tão necessário reviver esse discurso. O planeta samba virou de ponta cabeça, inverteu a ordem, subverteu a lógica. Infelizmente, tudo que foi dito, de fato aconteceu (quiçá piorou!). E não tem jeito, tá na minha raiz primeira. No meio desse turbilhão, eu não podia faltar ao enfrentamento. Já que o recado não foi ouvido da outra vez, vamos novamente ser “fiéis” à nossa conduta e largar o chumbo grosso!

Luz, câmera, negociação: tá no ar mais um espetáculo na tela. É fantástico! O sambista dá lugar a vedete da internet, que usa o GRES para ser manchete. Uma aparelhagem tecnológica digna de cinema ganha mais importância que o gingado generoso da mulata. Não tem jeito: virou Hollywood isso aqui. Mil artistas de verdade, que riscam o chão com sua herança, tem menos espaço na lente da câmera que atriz/apresentadora/promoter. Que sacanagem...

Já começa errado quando a autoridade não reconhece que no carnaval quem manda é Momo! Não entregar a chave a Sua Majestade é um pecado mortal pros súditos da folia. Na pista, ganha o interesse: nossos símbolos culturais são substituídos pelo estrangeirismo barato. E como tem gringo no samba! Camarada, você não imagina o poder de uma credencial: é tanto aspone na avenida que parece que tem duas escolas desfilando ao mesmo tempo. No ritmo do samba moderno, uma correria contra o relógio; um verdadeiro “coopersamba”! E o povão...? É, esse ficou de fora da jogada. Nem lugar na arquibancada ele tem mais pra ficar. A grana entope os camarotes de sertanejo, música eletrônica e de todo tipo de som, menos o próprio dono da festa: o samba. Que mico minha gente... Olha o que o dinheiro faz!

E por falar na grana, hoje a rainha paga pra sambar. Um verdadeiro dote de privilégios. Cadê as meninas da comunidade riscando o asfalto? Tudo tem seu preço e seu apreço camarada... Elas fazem tudo para aparecer na tela da TV, no meio desse povo! E a mídia “toda

8 Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019 poderosa” controla tudo a seu bel-prazer. Até mesmo a opinião pode ser comprada! Como não? Até o samba é dirigido com sabor comercial. Tem que ser registrado, carimbado, protocolado no escritório: uma verdadeira exportadora de “bois-com-abóbora”.

E o samba vai se vendendo às vaidades, sendo usado como plataforma pra fulano, beltrano e quem mais quiser seus 15 minutos de fama. Que covardia... Carnavalescos e destaques vaidosos transformam a Sapucaí num verdadeiro ringue aos seus insaciáveis egos. E o samba vai perdendo a tradição...

Mas eu sempre avisei. Eu sempre falei. E você sabe disso: o boi voou e denunciou a roubalheira, a galhofa, a bandalheira. Era profecia de uma chacota nacional. Eu, pequenino, quase rodei esse ano, triste feito um cão sem dono. Mas como “quem casa quer casa”, tô apaixonado pelo lugar que conquistei. “Não adianta jogar água malandragem”, “eu mato a saúva antes dela me matar”.

Temos que cuidar do samba. Segurar essa mesa no lugar. Caso contrário, nem povão na arquibancada vamos ter mais pra nos aguardar, afinal “Quem avisa amigo é”.

Temos que segurar firme essa onda. Pelo amor que temos ao samba, vamos preservar esse “antigo reduto de bambas”, para que as gerações futuras possam ainda curtir o verdadeiro samba.

Jorge Luiz Silveira Carnavalesco

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JUSTIFICATIVA DO ENREDO

Cada escola de samba no Rio de Janeiro tem uma alma, uma identidade. Cada uma delas tem uma marca pessoal, desenvolvida ao longo de sua trajetória através dos enredos que leva pra avenida, da energia de cada comunidade representada. Essa incrível diversidade é um dos elementos mais ricos do carnaval carioca. Uma marca que o classifica como a maior manifestação da cultura popular do nosso país.

A São Clemente trás consigo a marca histórica da irreverência. Nos anos 80, a escola da Zona Sul se consolidou através de uma sequência incrível de enredos críticos e divertidos. Oriunda de Botafogo, do carnaval de rua, do futebol, a preta e amarela absorveu no seu espírito a face mais gaiata do carioca. Seus desfiles se firmaram através de uma linguagem que sempre falou direto ao povo. Defender as causas da massa passou a ser a bandeira da São Clemente. Assim foi quando falou sobre o problema social dos menores abandonados nas ruas; sobre os problemas do trânsito; das maldades que assolavam a população; se rebelando contra o estrangeirismo cultural. Sua opção natural passou a ser o porta-voz de causas relevantes que incomodavam a população.

Dentre esses históricos enredos, um se destaca de maneira emblemática: “E o Samba Sambou” – carnaval defendido pelos carnavalescos Roberto Costa, Cézar de Azevedo e Carlinhos de Andrade no ano de 1990. Pela primeira vez, uma escola de samba fazia uma sátira aos problemas do próprio carnaval. Um “meta-carnaval”, que em tom profético, chamava a atenção dos dirigentes sobre a forma como o samba estava sofrendo com as distorções na época. De maneira surpreendente, até mesmo para escola, aquele desfile renderia a melhor colocação da São Clemente na disputa em sua história: sexto lugar, tendo permanecido até os últimos quesitos em primeiro lugar. Esse momento se cristalizou no coração dos Clementianos e na história do carnaval carioca.

Com o passar dos anos, as distorções cantadas em verso e prosa pelo desfile de 1990 se confirmaram. O poder econômico ganhou ainda mais força no carnaval, se tornando o fiel da balança da folia. Sambistas trocam de agremiação como jogadores trocam de time: o passe é negociado em cifras astronômicas. A festa popular ganha contornos de mega espetáculo, cercado pela mídia e pelos efeitos especiais. As tradições do samba vão sendo substituídas por parafernálias tecnológicas e subvertem a lógica. E o principal artista da festa, o sambista, vai tendo cada vez menos espaço diante da feroz competição. São tantos descaminhos na Passarela que chegamos a uma gigantesca crise de representatividade junto à população: dois anos seguidos sem rebaixamento por força de decisão dos dirigentes, contrariando a opinião pública. Pela primeira vez na história, até mesmo a prefeitura da cidade realiza severos cortes no orçamento das agremiações. De fato, “o samba sambou”.

Diante desse cenário crítico que se desenhou ao longo dos anos, a São Clemente se sentiu chamada à sua responsabilidade. Os fatos que se avolumaram, mexeram profundamente com os pilares mais profundos do amor que temos pelo samba. O discurso de 1990 se tornou 10 Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019 extremamente atual e necessário. Dessa forma, se tornou imperativo reviver esse momento e dizer novamente, em alto e bom som, que precisamos refletir sobre o futuro das escolas de samba. É necessário repensar a maneira como o dinheiro toma as decisões do carnaval.

Mas, é preciso que se faça isso sem esquecer que é carnaval! É preciso fazer isso da melhor maneira possível: com alegria e irreverência, no melhor estilo São Clemente. Trazer esse tema novamente à Sapucaí se transformou numa grande celebração à alma Clementiana. Resgataremos o espirito crítico e alegre dos seus desfiles mais antológicos através desse momento. Naturalmente, o discurso terá fortes referências ao trabalho original apresentado pela tríade de carnavalescos de 1990. Mas, faremos isso contextualizando o tema aos problemas do momento contemporâneo. Estabelecer uma ponte no tempo, fazendo uma nova reflexão sobre as distorções da nossa festa. Não se trata de contradizer a importância das inovações, mas pensar sobre até onde elas modificam a essência das escolas de samba: uma festa do povo, para o povo.

Convidamos então todos a cantar junto com a São Clemente! Num desfile que se propõe a levantar a bandeira da cultura popular mais uma vez: em defesa do verdadeiro samba.

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ROTEIRO DO DESFILE

Comissão de Frente “E O SAMBA SAMBOU”

Elemento Alegórico da Comissão de Frente “SALA DE REUNIÃO”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Fabrício Pires e Giovanna Justo “MIL ARTISTAS NA SAPUCAÍ”

Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira “PAPARAZZI”

Alegoria 01 – Abre-Alas “É FANTÁSTICO! VIROU HOLLYWOOD ISSO AQUI!”

Ala 01 – Comunidade “FECHANDO AS PORTAS PRA FOLIA”

Ala 02 – Comunidade “PIERROT HEAVY METAL”

Ala 03 – Comunidade “COOPER-SAMBA”

Ala 04 – Comunidade “CARA-CRACHÁ”

Ala 05 – Comunidade “TEM GRINGO NO SAMBA”

Ala 06 – Comunidade “CAMARÃO NO CAMAROTE”

Alegoria 02 “NOSSO POVÃO FICOU FORA DA JOGADA” 12 Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

Ala 07 – Comunidade “DIRIGENTES PODEROSOS”

Ala 08 – Comunidade “QUER PAGAR QUANTO?”

Ala 09 – Baianas “ALUGA-SE BAIANA”

Ala 10 – Comunidade “FILHOS DA PAUTA”

Ala 11 – Comunidade “RAMBO-SITORES”

Ala 12 – Comunidade “BOI COM ABÓBORA”

Destaque de Chão Bruna Almeida “ DO SAMBA”

Alegoria 03 “HOJE O SAMBA É DIRIGIDO COM SABOR COMERCIAL”

Ala 13 – Comunidade “A RAINHA PAGA PRA REINAR”

Rainha da Bateria Raphaela Gomes “FLASH”

Ala 14 – Bateria “PAPARAZZI DO SAMBA”

Ala 15 – Comunidade “ME DÁ UM LIKE AÍ!”

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Ala 16 – Comunidade “TODA PODEROSA”

Ala 17 – Comunidade “FUÊ E MATELASSÊ”

Ala 18 – Comunidade “EU SÓ QUERO APARECER”

Alegoria 04 “CARNAVALESCOS E DESTAQUES VAIDOSOS”

Ala 19 – Comunidade “E O BOI VOOU”

Ala 20 – Comunidade “YES, NÓS TEMOS BANANAS”

Ala 21 – Comunidade “QUEM AVISA AMIGO É”

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Marcelo Tchetchelo e Bárbara Falcão “O DIABO ESTÁ SOLTO NO ASFALTO”

Ala 22 – Comunidade “TRISTE, FEITO UM CÃO SEM DONO”

Ala 23 – Comunidade “MATE A SAÚVA ANTES DELA TE MATAR”

Ala 24 – Comunidade “QUEM CASA QUER CASA”

Destaque de Chão “ANTIGOS CARNAVAIS”

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Alegoria 05 “QUE SAUDADE DA PRAÇA XI E DOS GRANDES CARNAVAIS”

Ala 25 – Passistas “QUE SAUDADE DA PRAÇA XI E DOS GRANDES CARNAVAIS”

Ala 26 – Comunidade SETOR ZERO

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jorge Luiz Silveira Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 “É FANTÁSTICO! VIROU “Luzes, câmeras e som; mil artistas na Sapucaí”: vai HOLLYOOWD ISSO AQUI!” começar o maior espetáculo áudio visual do planeta! Todas as lentes estão direcionadas para avenida da ilusão! Painéis eletrônicos, transmissão digital: a festa do samba se transforma num verdadeiro show pirotécnico. A noite do Rio se transforma na “Hollywood dos trópicos”, onde toda celebridade busca seu lugar ao sol. Ou melhor: à lente da câmera. Os recursos tecnológicos elevam o desfile ao patamar de um megaevento midiático, onde os símbolos tradicionais do samba vão sendo substituídos por *Imagem meramente ilustrativa, referencias estrangeiras. Mas o importante é brilhar e sendo passível de adequação aparecer! “Mil artistas na Sapucaí”. estética ao projeto. A alegoria é marcada pela presença de câmeras fotográficas como elemento narrativo da cenografia. É através delas que a imagem instantânea do carnaval se projeta para o mundo. É a lente que seduz as “estrelas” do carnaval.

02 “NOSSO POVÃO FICOU Na passarela do samba tudo ganha eco e contornos FORA DA JOGADA” faraônicos. Não seria diferente com enorme diferença social brasileira. Cada território no Sambódromo é um espelho dessas distorções. O povão não tem acesso as regalias e luxos dos camarotes, fartos de boa comida e bebida. Já não bastasse isso, muitos deles organizam shows de música eletrônica, rock e sertanejo. Esses espaços transformam a passarela do samba numa verdadeira “Rave” de luzes e som alto (tão alto que atrapalha as arquibancadas). A alegoria recria o ambiente de um camarote regado a coquetéis de frutas e camarão, canapés e drinks. Ao *Imagem meramente ilustrativa, mesmo tempo em que um show de música sertaneja sendo passível de adequação estética ao projeto. acontece em baixo, um DJ comanda as pick-ups da “balada eletrônica” na passarela.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jorge Luiz Silveira Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “HOJE O SAMBA É No vai e vem do samba o dinheiro se tornou o “abre- DIRIGIDO COM SABOR alas” das negociações. O carnaval se capitalizou “e o COMERCIAL” samba sambou”. O bom compositor se tornou mercadoria rara no mercado. “Dirigentes poderosos” são os donos do cofre. A boa e velha disputa de samba se contaminou pelo poderio econômico. Ganha quem tem mais recursos pra bandeira, balão, papel picado: “hoje o samba é dirigido com sabor comercial”. Grupos de compositores organizados em “firmas” monopolizam as disputas; um verdadeiro “escritório de samba”. As disputas nas quadras chegaram “às vias

de fato”: os poetas vão à luta “armados” tal qual *Imagem meramente ilustrativa, soldados em campos de batalha; “Rambo-Sitores”! A sendo passível de adequação mesma fórmula de sucesso de melodia e letra vai se estética ao projeto. repetindo ano a ano, escola a escola, subjugando o talento e a criatividade. Surgem assim os “compositores de mente artificial”, que reproduzem mecanicamente as mesmas lógicas a cada composição. O resultado disso não poderia ser outro: uma verdadeira fábrica de “bois-com-abóbora”.

04 “CARNAVALESCOS E A cada ano a Sapucaí se transforma num verdadeiro DESTAQUES VAIDOSOS” ringue para as vaidades, onde carnavalescos disputam qual será o “pavão” mais emplumado daquele ano. A busca é sempre por mais: o material mais caro, a alegoria maior, o destaque mais resplandecente. O excesso de luxo e requinte é alimentado pelos egos, inflados pelas luzes da ribalta. A alegoria é marcada pela figura central de um enorme pavão multicolorido, que personifica a vaidade do carnaval. Espelhos ornamentados em penteadeiras

nas laterais reforçam a ideia da vaidade exagerada. Na *Imagem meramente ilustrativa, parte superior, um ringue de luta representa a disputa sendo passível de adequação dos egos das musas e rainhas de bateria nos desfiles estética ao projeto. ano a ano.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jorge Luiz Silveira Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “QUE SAUDADE DA PRAÇA “Que saudade da Praça XI e dos grandes carnavais”. XI E DOS GRANDES Nossa última alegoria traz vários simbolismos CARNAVAIS” impressos: logo a frente, a figura central de um calhambeque, fazendo referência aos antigos carnavais da cidade e seus mais diferentes movimentos de origem popular, como os corsos por exemplo – memória afetiva carnavalesca. Rendemos uma homenagem muito especial nesse momento: o “piloto” desse calhambeque é nosso saudoso presidente Ricardo Almeida Gomes, que nos deixou em 2017. Ele comandou a São Clemente na ocasião do carnaval de 1990. Junto a ele, a velha-guarda na alegoria, *Imagem meramente ilustrativa, personifica a memória dos nossos antigos carnavais. sendo passível de adequação O restante da alegoria é uma obra de ferro: estética ao projeto. metaforicamente, o carro permite que nós

enxerguemos suas entranhas, sem pudores. É o carnaval cru, sem medo e sem receio de criticar o próprio carnaval, expondo suas chagas. A alegoria, sem os tradicionais revestimentos de madeira ou tecido, faz uma crítica aos sucessivos cortes de verba para as escolas de samba. Uma tesoura materializa a imagem do corte das verbas por parte do poder público.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Letícia Guimarães (Carro 01 – Abre-Alas) Passista Show Fantasia: Marilyn Monroe

Amanda Gomes (Carro 02) Advogada Fantasia: Garçonete

Duda Almeida Modelo Fantasia: Boi-com-abóbora

Rafael Bandeira (Carro 04) Ator Fantasia: Tributo a Jorge Lafond

Geraldo Lima (Carro 04) Empresário Fantasia: Tributo a Clóvis Bornay

Yasmin Gomes (Carro 05) Estudante Fantasia: Amor ao Pavilhão

Local do Barracão – Rua Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 09 – Gamboa – RJ Diretor Responsável pelo Barracão Roberto Almeida Gomes Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe João da Silva Futica Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe Ronildo Rafael Vieira Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Minibrut e Sidnei José Outros Profissionais e Respectivas Funções

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

01 “Fechando as Eis que o samba sambou! A Comunidade Direção de Portas pra distorção começa quando Sua (2018) Carnaval Folia” Excelência não entrega as chaves da cidade a Sua Majestade. A tradição carioca da entrega do comando da cidade ao Rei Momo durante os 4 dias de folia é pela primeira vez quebrada, “fechando as portas pra folia”.

02 “Pierrot Heavy Microfonados, conectados, Comunidade Direção de Metal” antenados; head-phones, bandolins (2018) Carnaval eletrônicos: é tanta parafernália que o samba tá mais para heavy-metal do que pra batuque. É o tecno- samba! Nossos símbolos tradicionais são mixados e traduzidos em caixas de som dignas de um palco de rock.

03 “Cooper-Samba” Tem horário pra tudo! Tem hora Comunidade Direção de para concentrar, hora para desfilar, (2018) Carnaval hora para retirar as alegorias da dispersão. E, nessa correria, a diversão do sambista fica condicionada à uma corrida contra o relógio. Arlequins se ligam no cronômetro e atravessam a Sapucaí como um foguete! Uma verdadeira maratona: um “cooper-samba”.

20 Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

04 “Cara-Crachá” Nada credencia mais poder e Comunidade Direção de autoridade na Sapucaí do que a (2018) Carnaval conhecida credencial. Objeto dos desejos; passe livre pra folia! Quando toca a sirene e a escola entra na avenida, quase sempre ela é antecedida por uma corte de credenciais (que quase parece uma outra escola desfilando à frente da agremiação da vez). Quase sempre,

pessoas que não tem função alguma na escola. Não passam de “amigos do presidente”.

05 “Tem Gringo no O pacote turístico já anuncia: “venha Comunidade Direção de Samba” viver a emoção do maior espetáculo (2018) Carnaval da Terra! Viaje no nosso cruzeiro e desfrute da experiência de desfilar na Sapucaí! Fantasia incluída no pacote”! ... só faltava dizer ao amigo gringo que samba é coisa séria: tem que cantar! A competição não perdoa! “Mas muita gente ainda pode faturar...”

06 “Camarão no Nos camarotes, todo luxo, requinte e Comunidade Direção de Camarote” sofisticação. Coquetéis de todos os (2018) Carnaval tipos, comidas caras e enormes cascatas de camarão. Tem pra todo bolso (mentira!!!): menos pro bolso do povão. Esse “ficou fora da jogada”.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

07 “Dirigentes São eles os detentores do poder de Comunidade Direção de Poderosos” decidir. Quem tem o “cacife” mais (2018) Carnaval alto, banca. Verdadeiras estrelas da constelação do carnaval. Fazem valer sua vontade: compram e vendem o passe dos sambistas como no futebol. “Cartolas do samba”. São os “donos da bola” e, como tal, definem as regras do jogo. Nem sempre o jogo que o povão gostaria de ver... “dirigentes poderosos criam tanta

confusão...”

08 “Quer Pagar Hoje tudo tem preço! Você paga para Comunidade Direção de Quanto?” desfilar, paga para assistir, paga para (2018) Carnaval comer, paga para se divertir! Se não tiver ingresso, não tem problema: o cambista já superou o velho fax, aceita débito e crédito! Parcela no cartão! Paga-se até pelo que não devia estar à venda (mas tudo tem seu preço!) “...E muita gente ainda pode faturar...”

09 “Aluga-se Até uma das mais tradicionais alas do Baianas Caetano e Baiana” carnaval se capitalizou! No mercado é (2018) Mamusca assim: quando a mercadoria fica escassa na prateleira, o preço valoriza! Hoje já tem até “pregão de baiana”. Se faltar não tem problema: “aluga-se uma baiana”. “veja só o jeito que o samba ficou”. “Hoje o samba é dirigido com sabor comercial...”

22 Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

10 “Filhos da Pauta” Quando a sirene tocar é a imprensa Comunidade Direção de que vai estar lá! Nossos amigos da (2018) Carnaval imprensa televisionada, falada, escrita, fotografada, “internetada”! Sempre prontos pro furo: seja da mulata ou do pneu da alegoria mesmo; o negócio é noticiar em primeira mão! Até a opinião tem seu preço! Se pagar, tenho seu apreço! A informação é a mãe dos nossos “filhos da pauta”.

11 “Rambo-Sitores” A disputa de samba enredo chegou Comunidade Direção de às vias de fato. Virou negócio. E, (2018) Carnaval como todo negócio, vale a disputa de cada centavo! De acordo com o cacife da “firma”, as chances aumentam. A quadra se torna um verdadeiro ringue. Os poetas viram verdadeiros “Rambo-Sitores”, armados pra disputa.

12 “Boi com As fórmulas vão se repetindo e o Comunidade Direção de Abóbora” samba poético vai ficando de lado. (2018) Carnaval É um festival de clichês pra todos os gostos! É um tal de “nessa avenida iluminada”, “passarela colorida” e “Brasil varonil num céu de anil” que chega a doer os ouvidos. Nada pior para o desfile que um samba “boi-com-abóbora”.

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Fantasias

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* “Cartola do “Olho no lance!” O cartola está Destaque de Direção de Samba” sempre à espreita para adquirir as Chão Carnaval melhores “peças” do jogo (2018) carnavalesco, custe o que custar, ou quanto custar. Bruna Almeida

13 “A Rainha Paga Tempos modernos: o posto à frente Comunidade Direção de pra Reinar” da bateria se capitalizou de tal (2018) Carnaval forma que virou quase profissão! Atriz, modelo, manequim, apresentadora de TV: hoje a rainha “paga pra reinar”; janela pra mídia. E saber sambar nem é pré-requisito! São negócios: “business”! Festival de silicone! Pura vaidade! Que saudade das meninas da comunidade riscando o asfalto da avenida por seu amor ao pavilhão...

* “Flash” Quer estar na mídia nos dias de Rainha da Direção de folia? Então se prepare para o flash Bateria Carnaval dos paparazzi do samba. (2018)

Raphaela Gomes

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

14 “Paparazzi do É com as lentes dos fotógrafos que Bateria Caliquinho Samba” a festa ganha o mundo! Todos em (2018) busca da melhor imagem e do melhor close. Tudo pela imagem do carnaval! É na capa do jornal, tá na capa da revista, na tela da internet. Verdadeiros “paparazzi do samba”: “Flash”!

15 “Me Dá Um Like Na era da internet, o carnaval se Comunidade Direção de Aí!” globalizou: tá em todas as redes! (2018) Carnaval Hoje vale tudo por uma “curtida”. As ferramentas socias digitais se transformaram numa poderosa arma para as escolas de samba no pré- carnaval. Mas o “www” é um mundo selvagem: ao mesmo tempo que tornou uma via fácil pra informação carnavalesca, criou um “espaço aberto” para o vazamento de fotos, criando os “comentaristas de fresta de barracão”: verdadeiros profetas de resultados de escolas que nem desfilaram ainda.

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FICHA TÉCNICA

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16 “Toda Poderosa” “Todo mundo quer aparecer “na Comunidade Direção de tela da tv, no meio desse povo”. (2018) Carnaval Basta ver a câmera na pista que o “sambista-zumbi” se transforma na passista mais feliz da Sapucaí. Pura vaidade, um grande reality show do samba!

17 “Fuê e A passarela do samba é também a Comunidade Direção de Matelassê” passarela do luxo, do brilho e da (2018) Carnaval vaidade! Se é para desfilar que seja para ostentar!!! Destaques disputam entre si qual será o traje mais caro. É um festival de “fuê” e “matelassê” para não botar defeito. Muito estresse e muito mais “strass” ainda.

18 “Eu Só Quero E na hora do desfile aparece um Comunidade Direção de Aparecer” monte de gente que nunca foi a (2018) Carnaval quadra, não participa da vida da agremiação e nem sequer sabe cantar o samba. É um exército de pessoas que usam o samba para aparecer a qualquer custo. Um bando de “pavões”, usando a mídia das escolas para projetar sua imagem pessoal.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

19 “E o Boi Voou” A partir de agora a São Clemente Comunidade Direção de apresenta suas credenciais. A crítica (2018) Carnaval está em nosso DNA. Em cada capítulo da nossa história, encontramos uma justificativa para o desfile de 2019. Faremos isso matando a saudade dos nossos “grandes carnavais”. De maneira profética a preto e amarela anunciou em 2004: “o boi voou e começou a roubalheira, a galhofa, a bandalheira. É chacota nacional”. Pois a “mesa virou”, e as escolas de samba tiveram sua credibilidade questionada em nível nacional.

20 “Yes, Nós Temos Já em 1989, a São Clemente disse Comunidade Direção de Bananas” que “já é hora do gigante (2018) Carnaval adormecido despertar. Do jeito que coisa anda, não pode continuar”. Pois é hora dos verdadeiros sambistas darem as mãos e entenderem que juntos fazemos a cultura popular mais forte. “E falo porque amo meu país”. Sai pra lá estrangeirismo! Salve o samba e as coisas naturais do Brasil, carioca e verdadeiro!

27 Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

21 “Quem Avisa Em 1988, despontava na avenida Comunidade Direção de Amigo é” “novamente” a escola da Zona Sul, (2018) Carnaval questionando o porque de tanta violência, tanta maldade e preconceito. Pioneira e militante, a São Clemente dizia que “quem avisa amigo é”. Pois é hora de abrir os olhos e enxergar as maldades contra o mundo do samba, camufladas no preconceito de um projeto de poder de cunho religioso e intolerante que não enxerga as escolas de samba como patrimônio da cultura carioca.

22 “Triste Feito Um Em 1987, cantou o “pequenino, triste Comunidade Direção de Cão Sem Dono” feito um cão sem dono”. Um (2018) Carnaval verdadeiro clássico Clementiano, guardado em nossos corações, em defesa dos menores abandonados, sem um teto pra morar. A própria São Clemente passou por isso no último ano: deslocada de sua quadra, sem um teto para morar. Mas fomos à luta e resgatamos nossa dignidade.

23 “Mate a Saúva Em 1986, a São Clemente cobrou na Comunidade Direção de Antes Dela Te Sapucaí os direitos humanos e abriu os (2018) Carnaval Matar” olhos do povo pras saúvas estrangeiras interessadas em nossas riquezas. “Desperta Brasil, desse coma entre vorazes tubarões”. Pois é o momento de olhar para nossas riquezas culturais da mesma forma: valorizar o samba e entender que ele é nossa identidade.

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

24 “Quem Casa Quer Em 1985, cantou a malandragem Comunidade Direção de Casa” do amor e o jogo de cintura que o (2018) Carnaval pobre tem que ter para “juntar seus trapinhos” e encontrar um lugar para morar. “Quem casa quer casa, eu não tenho onde morar”. Mais uma vez, a São Clemente encarnando a voz do povo e suas angústias mais presentes. O sonho de ter seu espaço reconhecido e respeitado, onde possa firmar suas raízes e crescer. Eis a preto e amarela da Zona Sul, que há 9 anos “casou” com a Cidade do Samba” e com a elite do carnaval carioca. “No reino da bicharada salve-se quem puder: o forte ganha no grito! O fraco leva no bico! O negócio é se arrumar!”

* Antigos Carnavais A fantasia representa a saudades Destaque de Direção de dos antigos carnavais. Chão Carnaval (2018)

Thaynã Freitas

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Jorge Luiz Silveira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

25 “Que Saudade da “Antigo reduto de bambas, onde todos Passistas * Praça XI e dos curtiam o verdadeiro samba”. Nossa ala (2018) Grandes de passistas rende uma bela homenagem Carnavais” aos personagens clássicos do carnaval (colombinas e pierrôs), que de maneira saudosista sintetizam nossa saudade dos antigos carnavais. São ícones do imaginário coletivo e da memória emocional do carnaval.

26 “Setor Zero” “Nosso povão ficou fora da jogada, nem Comunidade Direção de lugar na arquibancada eles tem mais pra (2018) Carnaval ficar”. O valor dos ingressos infelizmente criou uma realidade cruel com os amantes das escolas de samba que não podem pagar pelos preços da Sapucaí. Eis que nasce o “setor zero”: antes da curva da entrada, o povo se aglomera no viaduto e nas arquibancadas gratuitas diante do Canal do Mangue na concentração para ver de perto suas escolas. Gente simples, mas rica de emoção. Verdadeiros apaixonados pelo samba. Hoje, na São Clemente, esse povão não vai ficar fora da jogada: vai ganhar a avenida e fazer um grande bloco de alegria e amor ao carnaval. Um verdadeiro arrastão.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier Cidade do Samba – Rua Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 09 – Gamboa – RJ Diretor Responsável pelo Atelier Thiago Martins Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Sheila Martonelli Diversos Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Diversos Washington Outros Profissionais e Respectivas Funções

Ricardo Hessez - Assistente do Carnavalesco

Almir - Arame

Vitor - Vime

Anderson e Ana Paula - Espuma

Outras informações julgadas necessárias

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Chocolate, Helinho 107, Mais Velho e Nino Enredo Presidente da Ala dos Compositores Ricardo Góes Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 46 Toninho Nascimento Thiago Meiners (quarenta e seis) 72 anos 26 anos Outras informações julgadas necessárias

Vejam só O jeito que o samba ficou (e sambou) Nosso povão ficou fora da jogada Nem lugar na arquibancada Ele tem mais pra ficar Abram espaço nesta pista E por favor não insistam Em saber quem vem aí O mestre-sala foi parar em outra escola Carregado por cartolas Do poder de quem dá mais E o puxador vendeu seu passe novamente Quem diria, minha gente Vejam o que o dinheiro faz

É fantástico Virou Hollywood isso aqui (isso aqui) Luzes, câmeras e som (bis) Mil artistas na Sapucaí

Mas o show tem que continuar E muita gente ainda pode faturar “Rambo-Sitores”, mente artificial Hoje o samba é dirigido com sabor comercial Carnavalescos e destaques vaidosos Dirigentes poderosos criam tanta confusão

E o samba vai perdendo a tradição

Que saudade Da Praça Onze e dos grandes carnavais

Antigo reduto de bambas Onde todos curtiram o verdadeiro samba

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Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Em 2019 a São Clemente irá reeditar na Marquês de Sapucaí um dos mais importantes da sua trajetória. Na ocasião, a crítica especializada o classificou como melhor samba daquele ano. Nomes respeitados da cultura nacional como Fernando Pamplona, , Leci Brandão, Aldir Blanc, Bezerra da Silva e Manuel da Conceição documentaram em jornais suas opiniões a respeito da obra, destacando suas qualidades:

29 anos depois a escola da Zona Sul trás de volta essa crítica na forma de poesia. Quando executado pela primeira vez, ele foi marcado por um forte tom profético, anunciando inúmeras distorções do samba e anunciando onde esses problemas poderiam levar. O intuito de trazer este samba mais uma vez à avenida é mostrar que, infelizmente, ele se mantém atual. Os problemas ora anunciados se confirmaram após quase três décadas. As escolas de samba chegaram a uma profunda crise de valores.

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Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

A letra do samba ressalta de maneira malandreada a forma como as relações se capitalizaram. O sambista se transforma numa mercadoria nas mãos de “Cartolas”, que com seu poder, controlam o vai e vem de artistas de uma agremiação para outra. “Hoje o samba é dirigido com sabor comercial”. O povo fica “fora da jogada”, sem poder desfrutar da sua paixão.

A avenida se transforma num palco para as vaidades: celebridades tomam o lugar dos verdadeiros artistas. “Luzes, câmeras e som”: a Sapucaí ganha contorno de Hollywood!

A quadra se transforma num verdadeiro ringue, onde times de compositores disputam o samba com unhas e dentes, armados feito “Rambo”: “Rambo-Sitores”, mente artificial”. Tudo isso alimenta cada vez mais a desconfiguração do samba e vai matando sua essência tradicional. Tudo controlado por “dirigentes poderosos” que “criam tanta confusão”!

Por fim a letra ressalta a saudade da Praça XI, “antigo reduto de bambas, onde todos curtiam o verdadeiro samba”. Fica registrado o sentimento que guarda na lembrança os tempos gloriosos de um carnaval menos monetarizado, mais espontâneo e natural. Do povo para o povo. Em 2019 destacaremos no final da nossa narrativa a nossa saudade de antigos desfiles emblemáticos da São Clemente, nossos “grandes carnavais”.

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Bateria

Diretor Geral de Bateria Caliquinho Outros Diretores de Bateria Tião Belo, Stalone, David, João, Bruno, Felipe e Vanusa Total de Componentes da Bateria 250 (duzentos e cinquenta) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 12 13 15 - - Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique 90 - 36 - 20 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho 01 15 24 - 24 Outras informações julgadas necessárias

A bateria da São Clemente se diferencia das demais por ser a única entre as escolas de samba do Rio a não usar apito, somente conduzir a regência com gestos.

Rainha de Bateria: Raphaela Gomes – Universitária – 20 anos

Gilberto Almeida – Superintendente da Bateria

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Harmonia

Diretor Geral de Harmonia Marquinhos São Clemente Outros Diretores de Harmonia Evandro, Claudinho, Jorginho, Marilia e André Total de Componentes da Direção de Harmonia 40 (quarenta) componentes Puxador(es) do Samba-Enredo Interpretes oficiais: Leozinho Nunes, Bruno Ribas e Larissa Luz Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

A harmonia da São Clemente tem como objetivo levar a técnica e a alegria para todos os seus componentes, fazendo com que a escola cante e encante a todos com amor, garra e muita vontade de vencer.

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Evolução

Diretor Geral de Evolução Roberto Gomes Outros Diretores de Evolução Vários Total de Componentes da Direção de Evolução 20 (vinte) componentes Principais Passistas Femininos Juju São Clemente Principais Passistas Masculinos Rafael Jhonson Outras informações julgadas necessárias

A São Clemente trabalhou intensamente nos ensaios técnicos todas as terças e sábados, buscando aperfeiçoar o samba no pé, a garra e a vibração dos nossos componentes.

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Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval Roberto Gomes Diretor Geral de Carnaval Roberto Gomes Outros Diretores de Carnaval Thiago Almeida Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Caetano e Mamusca Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 70 Maria José Bianca (setenta) 82 anos 29 anos Responsável pela Velha-Guarda Luiza Carvalho Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 20 Lizete José Jorge (vinte) 81 anos 64 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) - Outras informações julgadas necessárias

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Junior Scapin Coreógrafo(a) e Diretor(a) Junior Scapin Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 15 07 08 (quinze) (sete) (oito) Outras informações julgadas necessárias

Nome da Comissão de Frente: “E o Samba Sambou”

Representatividade: A Comissão de Frente da São Clemente tem dupla função de apresentar a agremiação à Marquês de Sapucaí e sintetizar nosso enredo. Nosso elenco personifica o grupo de dirigentes que presidem a Liga das Escolas de Samba. Carnavalizados, trajando cartolas, coloridos de acordo com os pavilhões das Agremiações, rendem uma homenagem a Comissão de Frente clássica do desfile de 1990. Naquele ano, cartolas carregavam mestres-salas pela avenida, representando o poder de compra e venda do passe dos sambistas por parte dos presidentes.

O elemento cenográfico trazido pela Comissão de Frente representa a “Sala de Reunião” da Liga, onde os líderes se reúnem para juntos decidirem os rumos do carnaval. Alegoricamente, o elemento é guardado por peças de xadrez, que sintetizam o controle que os cartolas têm sobre o “tabuleiro” e as regras do jogo carnavalesco.

Sobre o elemento os bailarinos encenam as discussões entre dirigentes em torno das decisões que envolvem o futuro das escolas de samba.

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FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Fabricio Pires 36 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Giovana Justo 44 anos 2º Mestre-Sala Idade Marcelo Tchetchelo 45 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Bárbara Falcão 24 anos Outras informações julgadas necessárias

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

FANTASIA: “MIL ARTISTAS NA SAPUCAÍ”

O QUE REPRESENTA: Diante das luzes da passarela, os artistas do samba são colocados de lado: abram alas para os ícones da cultura pop! “Luzes, câmeras, ação!”: ai vem as celebridades! Nosso primeiro casal faz uma crítica direta a substituição dos nossos ícones culturais por ídolos estrangeiros. Eles personificam as estrelas internacionais Michael Jackson e Madonna, figuras emblemáticas da cultura pop mundial.

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FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

Guardiões do primeiro casal: “PAPARAZZI”

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

FANTASIA: “O DIABO ESTÁ SOLTO NO ASFALTO”

O QUE REPRESENTA: o segundo casal rende homenagem ao desfile de 1984 da São Clemente: “Não corra, não mate, não morra: o Diabo está solto no asfalto”, o primeiro desfile em tom crítico da escola.

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G.R.E.S.

PRESIDENTE FERNANDO FERNANDES

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“Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila canta a cidade de Pedro”

Carnavalesco EDSON PEREIRA

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Enredo

Enredo “Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila canta a cidade de Pedro” Carnavalesco Edson Pereira Autor(es) do Enredo Edson Pereira Autor(es) da Sinopse do Enredo Edson Pereira – Prof. Dr. Clark Mangabeira – Prof. Ms. Victor Marques Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Edson Pereira – Flávio Magalhães Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 Cartas para Noel: Bruno, Leonardo e Verso brasil 2005 Todas Histórias da Vila Galdo, Rafael Isabel

02 D. Pedro: a história Rezzutti, Paulo LeYa 2015 Todas não contada

03 As barbas do Schwarcz, Lilia Companhia das 1998 Todas imperador: D. Moritz Letras Pedro II, um monarca nos trópicos

04 São Pedro de José Piaf, Frei Vozes 1962 Todas Alcântara, Patrono Estefânio do Brasil

05 Um passeio pelo De Mello, Virginio Gryphus 2005 Todas centro histórico de Cordeiro Petrópolis

06 Imigração Alcantara de XIX Encontro 2014 Todas germânica e Oliveira, Priscila Regional de nazismo em Musquim História (Anais) Petrópolis nos anos 1930

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FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

07 Identidades, festas Barbosa Angelo, Revista Rosa dos 2014 263-279 e espaços dos Elis Regina Ventos imigrantes em Petrópolis, RJ

08 A república na Ferreira, Marieta Rio Fundo 1989 Todas velha província do de Moraes Rio de Janeiro: Oligarquias e crise no estado do Rio de Janeiro (1889- 1930)

09 Cartografia Laeta, Tainá VI Simposio 2015 Todas histórica de Luso-Brasileiro Petrópolis (RJ): de Cartografia levantamento dos Histórica (Anais) documentos cartográficos no período de 1846 a 1861

10 A formação Aiello Mesquito, UFJF 2012 Todas industrial de Pedro Paulo (Dissertação de Petrópolis: Mestrado) trabalho, sociedade e cultura operária (1870-1937)

11 Os nomes Pereira de Souza, UFRJ 2014 Todas geográficos de Beatriz Cristina (Dissertação de Petrópolis/RJ e a Mestrado) imigração alemã: memória e identidade

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Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

12 Cassinos brasileiros e Neves, Natalia UFF 2009 Todas sua relação com o Hunstock (TCC de turismo: do glamour Bacharelado) das roletas à clandestinidade

13 Os pioneiros do Roberto de PUC Rio (Revista 2007 20-37 cinema brasileiro: Souza, Carlos Alceu) raízes do cinema brasileiro

14 A fundação de Teixeira Filho, Comissão do 1943 Todas Petrópolis. O decreto H. Carneiro Centenário de de 16 de março de Leão Petrópolis 1843 e outros documentos do mesmo ano

15 Uma casa muito Lima, Patrícia CEFET 2011 Todas encantada: a Souza invenção arquitetônica de Santos-Dumont

Outras informações julgadas necessárias

Setor 01 – Na Subida da Estrela, Um Sonho a Desbravar: o Encontro de Duas Coroas Com a Benção dos Santos http://ahistoriadepetropolis.blogspot.com/2013/03/o-caminho-novo.html http://www.petropolis.rj.gov.br/fct/index.php/petropolis/historia http://www.dadosmunicipais.org.br/index.php?pg=exibemateria&secao=12&subsecao=&id=459&uid https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/terra-brasilis/a-versalhes-brasileira-como-petropolis -se-tornou-uma-das-primeiras-cidades-planejadas-do-pais.phtml http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/san-pedro-de-alcantara-y-los-milagros-del-agua/html/ https://dialogos.files.wordpress.com/2008/09/pedro-de-alcantara_biografia.pdf https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/pedro/ http://www.jesus-passion.com/saint_peter_alcantara.pdf

49 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Enredo

Outras informações julgadas necessárias

http://blogdeheraldica.blogspot.com/2008_10_26_archive.html https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_saints_named_Peter https://www.crisismagazine.com/1993/the-idler-p-is-for-peter http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografia urbana/277.pdf http://franciscanos.org.br/?p=23189 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27070/27070_3.PDF http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/casl20090618.htm

Setor 02 – Mata Verde, Mata Atlântica, Mata Coroada: No Caminho da Subida, Naturalmente Belo http://www.ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/sa20020405.htm http://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/index.php/imprensa/noticias/item/8096-árvore-símbolo-da- cidade-encanta-turistas-e-moradores-com-sua-beleza-ímpar.html http://www.aconteceempetropolis.com.br/2017/09/04/ipes-amarelos-anunciam-chegada-da- primavera-em-petropolis/ http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeconteudo?article-id=1408398 https://oestrangeiro.org/2016/04/08/arabes-em-terras-coariocas/ https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/os-ultimos-300-muriquis-macaco-um-dos-animais- com- maior-risco-de-extincao-no-mundo-6489325

Setor 03 – No Fiar do Destino, o Progresso Como Tino: a Cidade de Pedro Faz Avançar Sua Majestade https://www.infoescola.com/historia/barao-de-maua/ http://www.pcvb.com.br/perfil-mantenedores/perfil/casa-do-barao-de-maua/ https://oglobo.globo.com/rio/rio-petropolis-ate-seculo-xix-subida-da-serra-era-feita-cavalo- 2928357 https://followthecolours.com.br/gotas-de-cor/roxo-50-curiosidades-que-voce-nao-sabia-sobre-cor/ http://www.miniweb.com.br/cidadania/personalidades/imigrantes10.html https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27070/27070_5.PDF https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/o-barao-de-maua-e-sua-estrada-de- ferro,4a1fa 96138533410VgnVCM4000009bcceb0Arcrd.html http://ahistoriadepetropolis.blogspot.com/2013/04/a-estrada-de-ferro-de-petropolis.html http://ihp.org.br/?p=939 http://ihp.org.br/?p=1106 http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/04/o-pioneirismo-do-barao-de-maua-traz- modernidade-ao-pais-sobre-trilhos.html http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_rj_petropolis/efl_petropolis.htm

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FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Setor 04 – Passou o Império, Mas Nunca a Imperialidade: Na Virada da República, Petrópolis em Novos Tempos http://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/2014/02/palacio-quitandinha-em-petropolis-rj- completa-70-anos-de-historia.html http://www.memoria.uff.br/images/documentos/primeiros_tempos/panorama_social-1900- 1930.pdf http://www.aconteceempetropolis.com.br/2016/06/13/voce-sabia-concurso-de-miss-brasil-era- realizado-no-palacio-quitandinha/ https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira- republica/REVOLTA%20DA%20ARMADA.pdf http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/cs-santos-dumont.html http://mundodecinema.com/filme-brasileiro/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Chegada_do_Trem_em_Petrópolis http://mundodecinema.com/filme-brasileiro/

Setor 05 – Batidas do relógio e o Tempo de Dois Triunfos de Petrópolis http://www.ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ofsf20111203a.htm https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/09/politica/1499625756_209845.html http://idgnow.com.br/ti-corporativa/2017/01/11/maior-supercomputador-da-america-latina-santos- dumont-entra-no-top-500/ http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ofsf20111203a.htm

Construção de Enredo e Pesquisa: Prof. Dr. Clark Mangabeira – Professor adjunto do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso. Doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2014). Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2008). Bacharel em Letras (Inglês/Literaturas de Língua Inglesa) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2016), Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006) e Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005). Tem experiência em Antropologia do Cinema, Antropologia das Emoções, Ciências Sociais e Psicanálise, Antropologia do Esporte, Filosofia e Antropologia, Antropologia e Teoria da Literatura, Antropologia e Violência, Ciências Sociais e Carnaval. Enredista desde 2017.

Prof. Ms. Victor Marques – Mestre em Antropologia Social na Universidade Federal de Mato Grosso com uma dissertação sobre o carnaval cuiabano. Professor do Ensino Médio e Fundamental II do Colégio Notre Dame de Lourdes e do Colégio Plural. Pesquisador do Instituto Brasil Plural/UFSC/UFMT. Possui graduação em Letras - licenciatura em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pelas Faculdades Integradas Simonsen. Enredista desde 2017.

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HISTÓRICO DO ENREDO

“Tendo aprovado o plano que me apresentou Paulo Barbosa da Silva, do Meu Conselho, OfficialMór, e Mordomo da Minha Imperial Casa, de arrendar a Minha Fazenda denominada “Córrego Secco” ao Major de Engenheiros Koeler, pela quantia de um conto de réis anual, reservando um terreno suficiente para nelle se edificar um Palacio para Mim, com suas dependências e jardins, outro para uma povoação, que deverá ser aforado a particulares, e assim como cem braças dum e outro lado da estrada geral, que corta aquella Fazenda, o qual deverá também ser aforado a particulares, em datas ou prazos de cinco braças indivisíveis, pelo preço porque se convencionarem, nunca menos de mil réis por braça: hei por bem authorisar o sobredito Mordomo a dar execução ao dito plano sob estas condições. E, outrossim o Authoriso a fazer demarcar um terreno para nelle se edificar uma igreja com a invocação de S. Pedro de Alcantara, a qual terá uma superfície equivalente a quarenta braças quadradas, no logar que mais convier aos visinhos e foreiros, do qual terreno lhes faço doação para este fim e para o cemitério da futura povoação. Ordeno portanto ao sobredito Mordomo que proceda aos ajustes e escripturas necessárias, n’estas conformidade, com as devidas cautelas e circumstancias de localidades, e outrossim que forneça a minhas espenças os vazos sagrados, e ornamentos para a sobredicta Igreja, logo que esteja em termos de n’ella se poder celebrar. – Paço da Boavista deseseis de março de 1843, vigésimo segundo da Independencia e do Imperio. (Dom Pedro II. Paulo Barbosa da Silva. – Conforme, Augusto Candido Xavier de Brito). Disponível em: www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27070/27070_4.PDF

Petrópolis é o tema central do enredo da Unidos de Vila Isabel para o Carnaval 2019. A Cidade de Pedro tem sua história especialmente vinculada ao período imperial da história brasileira, motivo pelo qual recebeu a alcunha de Cidade Imperial. Explorando tal noção de “imperialidade”, e associando-a ao símbolo da Coroa do Pavilhão da Unidos de Vila Isabel, o enredo propõe uma leitura da história de Petrópolis a partir, primeiro, do encontro da Coroa da Vila Isabel com a Coroa Imperial, e, segundo, destacando personagens importantes desta história, como São Pedro de Alcântara, Dom Pedro I, Dom Pedro II, a Princesa Isabel, e, obviamente, a própria Escola de Noel.

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A construção de Petrópolis associa-se a abertura de um caminho novo para as Minas Gerais.Ao pernoitar em uma das mais prósperas fazendas da região durante uma viagem, Dom Pedro I, em 1822, interessa-se pelas terras de clima mais ameno, a fim de construir um palácio de veraneio para a família imperial: “O lugar era famoso por contar com algumas fazendas extensas e isoladas, como a do padre Correa, onde o primeiro imperador se hospedava de quando em quando. Era também por ali que passava uma trilha para Minas Gerais, mais tarde Estrada da União e Indústria” (SCHWARCZ, 1998). Influenciado por Dona Amélia, “Essa fazenda, cujas características são enaltecidas em diários de viajantes estrangeiros, encantou D. Pedro I que tentou adquiri-la. Tendo, porém, seu intento negado pela irmã e herdeira do padre, Dona Arcângela Joaquina da Silva, o imperador decide comprar a fazenda vizinha, denominada Córrego Seco, de propriedade do Major Vieira Afonso, o que foi realizado alguns anos mais tarde, em escritura lavrada a 1830. Seu objetivo era o de construir ali um palácio que substituísse a então residência de verão da família imperial, localizada em Santa Cruz”. (maxwell.vrac.puc-rio.br).

Contudo, seu sonho foi adiado e por outro realizado, devido à abdicação do trono e retorno a Portugal, em 1831, e sua morte, em 1834. Coube a seu filho, Dom Pedro II, com apoio Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa da Silva, dar prosseguimento ao sonho do Pai: “Data de 16 de março de 1843, o decreto n° 155 que estabelece a criação da cidade de Petrópolis, situada na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro (Brasil), a partir do arrendamento das terras da fazenda Córrego Seco ao Major Julio Frederico Koeler. A designação do engenheiro alemão, Major Koeler, foi requerida em função da elaboração do plano denominado "Povoação-Palácio de Petrópolis" do Imperador Dom Pedro II. A partir deste plano se inicia o desenvolvimento de plantas históricas que visavam o planejamento da cidade que se baseava na construção de um palácio de verão para a corte imperial, nos moldes das cortes europeias, e como suporte a este palácio uma colônia agrícola, que com o passar do tempo foi se moldando ao longo das encostas íngremes e vales encaixados da paisagem petropolitana” (LAETA, 2015).Vale ressaltar que a beleza do local, a fauna e a flora únicas das terras que viriam a abrigar Petrópolis, foram sempre um dos enormes atrativos daquelas encostas íngremes. Ambos os imperadores, desde o sonho do primeiro à realização do segundo, atraíram os olhares não só da Casa Real, mas de todos do litoral até os dias de hoje...

Vale destacar que, desde o primeiro momento, a construção de uma igreja para o padroeiro São Pedro de Alcântara estava prevista nos documentos oficiais, de maneira que, além da imperialidade, a trajetória da família imperial e da própria cidade reveste-se da santidade inerente ao próprio período monárquico, afinal os nomes dos imperadores são homenagens ao santo de devoção da família. Assim, também aqui a Vila Isabel encontra-se com Petrópolis na medida em que, enquanto São Pedro costuma abençoar a nossa escola com chuvas em desfiles importantes, como nosso primeiro, e a Cidade de Pedro com as límpidas águas que descem suas encostas, São Pedro de Alcântara está no centro da história de Petrópolis, havendo, portanto, conexões entre os dois santos no enredo e no desfile.

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Fundada, portanto, a cidade, seu desenvolvimento inicial é realizado basicamente pelas mãos de imigrantes e, ao longo dos períodos imperial e republicano da história brasileira, Petrópolis vai se desenvolvendo cada vez mais. Se, por um lado, sua construção e desenvolvimentos primários, nos moldes das cortes europeias, dão o tom imperial do enredo e a alcunha de Cidade Imperial à Petrópolis, por outro, a cidade insere-se na história brasileira de outras maneiras, como, por exemplo, sendo palco de decisões políticas importantes, tal qual o Tratado de Petrópolis de 1903, e de conquistas de negros e negras antes da Lei Áurea: “em primeiro de abril de 1888, portanto a quarenta e dois dias da assinatura da Lei Áurea, da abolição geral, Petrópolis, em um domingo de festa: “... as duas horas da tarde no Pavilhão Hortícola (Palácio de Cristal), tem uma promoção dos Augustos Príncipes. A Princesa Imperial Regente, junto ao Conde D’Eu, seus filhos, o presidente do conselho e distintos membros do Ministério e de delegações estrangeiras, além da Imprensa em geral promulga a libertação dos escravos em Petrópolis” (SILVEIRA FILHO, 1984).

Nesse sentido, nosso enredo busca atrelar a imperialidade intrínseca da cidade de Petrópolis à Coroa da Vila, destacando alguns momentos, características, histórias e personagens que são fundamentais à cidade, e retomando a imperialidade da própria Vila, enquanto celeiro de bambas e Corte do Samba, glorificando-se o Morro dos Macacos na aventura que é descobrir a Serra da Estrela e sua joia lá no alto, bem como destacando a cidade que foi palco da vida da Princesa que nos nomeia e que ajudou a construir a trajetória da nossa Escola, emprestando o brilho da nossa Coroa.

Sinopse:

Quem pensa que é feliz em outra terra é porque ainda não viveu aqui. (Hino de Petrópolis)

Que rufem os bumbos! No repicar dos tamborins, pede passagem a Branco e Azul cuja força provém do samba, eterna nossa tradição! É a comunidade que vem resgatar o império da Coroa do nosso pavilhão, herança da Isabel princesa, marca da nossa história gloriosa de emoção! Bate forte a bateria para marcar o tempo, o tempo novo da majestade Vila Isabel, o tempo de exaltar a nossa Coroa, na festa do povo, celebrando os corações do bairro de Noel, encontrando-se com outra Coroa, a da Casa Real, destinada a criar uma Cidade Imperial.

Vibra uma Vila que se reencontra com as origens, com a sua negritude, com a sua raça! São através dos pés aguerridos das negras e negros que sambam e honram a história que vem a Vila louvar os louros de sonhos de outrora e dos de agora, mostrando a toda essa gente que samba de verdade é tradição do nosso sangue rubro e, em um gingado incomparável, quente. “Sou da Vila não tem jeito; comigo eu quero respeito!”. Portanto, encantem-se com a história que vamos contar, pois ela começa com Pedros, dos céus à terra, para criar uma cidade em uma serra.

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O Santo. São Pedro que, desde o primeiro desfile da Branco e Azul, costuma lavar nossa alma e lustrar com seu sagrado encanto a Coroa da Escola, símbolo da força da gente que dá o sangue na avenida. O Santo que deu nome a tantos outros santos e homens. O Padroeiro do Brasil e da futura cidade. Santo Pedro de Alcântara, em adoração ao Altíssimo, homônimo do primeiro e inspiração para nomear os senhores do Reino. O Pai Pedro de Alcântara, Rei Soldado Dom Pedro I, quem sonhou com a cidade no alto. E o Filho Pedro de Alcântara, Magnânimo Dom Pedro II, que realizou o legado. E são os batuques da Vila que contarão a estória, com o fervor da seiva das suas raízes. Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, vem a Vila celebrar a Cidade de Pedro e sua glória.

Lá, onde o céu toca a terra, acharam o crepúsculo de um mundo habitado pelos astros e seus donos: na Serra da Estrela, seus reis, os Índios Coroados, e um paredão, a ponte com o firmamento que transformava o fogo em relento. Lá, os mistérios atraíam os olhares castigados do calor que nem o mar aliviava, e as bocas secas que encontrariam as águas cristalinas que talhavam a dura rocha, a água pura dos mistérios da Estrela Serra.

Avançando os anos, a ocupação lenta de uma serra a ser desbravada e, enfim, trilhas para as Minas, ouro para a Casa. Depois que a Coroa se instalou, subindo as tais trilhas tortuosas, outros caminhos pelos arcanos da serra passaram a encantar o Império à beira-mar. Partiu então o Pai para viajar e, lá, ao pernoitar, ao esquecer o sol inclemente, sonhou com ares mais amenos para corpos ainda não acostumados com o calor da vida que fervilha cá embaixo, ardente. Veio, após o peregrinar da carruagem, o sonho – uma cidade nunca vista nas terras quentes! Uma cidade que brilharia do cume daquela Estrela: do que esta, ainda mais imponente.

Mas quis a vida que o Filho realizasse o sonho-desejo. Pai morto, Filho imperador, e a Cidade de Pedro a ser erguida. Nos projetos, com o incentivo do mordomo e com o plano do major, foram idealizados, primeiro, um palácio e uma igreja para o Padroeiro: reinava a santidade da cidade a ser imperial, que começava a crescer, maravilhando os olhos acalorados do povo suado do litoral.

Nascia e vivia Petrópolis, com os exuberantes ares que, do alto, iluminaram todo um Império. Uma cidade moldada pelas mãos dos imigrantes, uma das primeiras planejadas. Destinada, pelos sonhos e vontades de Pai e Filho, a ser muito! Casa de Veraneio, um império no Império Brasileiro, uma Versalhes de refúgio abrasileirada, na verdade quase sempre ocupada – passou, o Filho, ali, quarenta verões, na cidade encantada. Para toda a gente da Corte, a vida embalada no colo de uma Estrela, onde Princesa Isabel, a filha Redentora, não se cansava de descansar para, mais tarde, ser a inspiração do nosso sambar, dando-nos a Coroa para embelezar a realeza do Escola de Noel, aqui perto do mar.

Mas Petrópolis encontrava-se com a história e com o tempo e, balançando no fiar do fado, um Barão iniciou o guino: estradas de ferro e novas rotas. O progresso! Com a pulsação dos avanços, o projeto de um trem a subir uma montanha! Nessa leva, outros gênios, e uma das estradas levou o nome do seu tino: União e Indústria, a primeira macadamizada, o futuro

55 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019 promissor. E além dos avanços, com o tempo que não para, o prenúncio de novas eras. Um baile de cristal que comungava e anunciava o futuro sem o terror da escravidão – dali a pouco, liberdade, e, após muita luta, abolição como canção!

Passou o Império, mas nunca a imperialidade. E, aguerrida, até uma capital Petrópolis se tornou quando, com a Armada, a então jovem República cambaleou. Brilhariam para sempre os palácios, mas, também, o triunfo de uma polis que progredia, soberana, namorando a abóboda celeste. Dos encantos de Petrópolis, convenções internacionais e um Brasil que se ampliava: veio o Acre, que passou a ser mais um aposento da nossa casa. Avançava e eis o novo símbolo da cidade: um Hotel-Cassino, de onde o mundo pôde admirar a Cidade Imperial na sua plenitude de norte a sul, de leste a oeste. Reina, ontem e hoje, a natural beleza das acolhedoras terras frias e das águas puras e límpidas, cujos encantos competiram apenas com os das musas que passaram pelos festivais, enchendo-nos de alegria!

Sempre em frente, caminha. Dobra-se o mundo que se encanta com sua real e avançada realidade. Luxo das vestimentas, delícias da cevada e frutífera imponência, pois, do passado ao presente, eis o Laboratório Nacional de Computação Científica: tecnologia e ciência. E futuro não lhe falta enquanto, daqui de baixo, a Vila lhe presta, enfim, esta respeitosa reverência.

Assim, São Pedro, que sempre abençoa nossa realeza e os tambores da Swingueira de Noel... E Santo Pedro de Alcântara, padroeiro do nosso chão e que não deixa na mão quem Lhe é fiel... Façam, através desta história, brilhar o ouro da tradição da Vila, da nossa negritude e da nossa Coroa Real, enquanto cantamos a plenos pulmões, admirados (e, com seus fantasmas, assustados!), outra Coroa, a de Petrópolis, a Cidade Imperial.

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JUSTIFICATIVA DO ENREDO

O enredo da Unidos de Vila Isabel para o Carnaval 2019 justifica-se a partir de uma leitura interpretativa conforme diagramada pela sinopse: em um primeiro momento, celebram-se as majestades da própria Vila e da Cidade de Pedro no viés de uma relação ficcional no qual a Escola de Noel sobe a serra para assistir ao desenrolar da história de Petrópolis, partindo do sonho de Dom Pedro I, da realização da cidade pelo Filho, Dom Pedro II, da religiosidade da Família Imperial associada a São Pedro de Alcântara, e da ação de São Pedro que sempre faz chover em desfiles importantes da Vila, destacando-se, assim, os quatro Pedros que são estruturantes da estória da Cidade de Pedro em coincidência com aspectos da própria Vila Isabel, fazendo relacionar duas Coroas no desenrolar do enredo, e culminando em uma celebração à Versalhes Brasileira: “o lugar foi batizado de Petrópolis, por sugestão de Paulo Barbosa, inspirado, por sua vez, na russa Petrogrado: ‘Lembrei-me de Petersburgo, cidade de Pedro, recorri ao grego e achei a cidade com esse nome no arquipélago e sendo o Imperador D. Pedro, julguei que lhe caberia bem o nome’” (SCHWARCZ, 1998).

Consecutivamente, em um segundo momento, a leitura interpretativa segue, a partir daquele sonho que será realizado pelo Filho, contando o trajeto de Petrópolis em si, demarcando momentos, histórias, personagens, casos e aspectos importantes da cidade e justificando, assim, acadêmica e pedagogicamente, o enredo, ressaltando-se a importância de Petrópolis como um patrimônio da cultura e da história do Brasil, e traduzindo-se a história de Petrópolis a partir de elementos que lhe são centrais. A Vila Isabel escolheu contar a história da cidade demarcando recortes de temporalidades da mesma e destacando, contudo, ao final, um momento específico, importante e fundamental da história da Cidade de Pedro: a abolição da escravatura em Petrópolis, no Palácio de Cristal, a quarenta e dois dias da assinatura da Lei Áurea, sempre evocando o protagonismo negro no processo de abolição da escravatura em geral, que foi reduzido a termo pela Princesa Isabel. Aqui, destacaremos a negritude matriz da Unidos de Vila Isabel e do Morro dos Macacos, demarcando a ação dos negros e negras na conquista de sua liberdade ao longo da história do Brasil, culminando na abolição da escravatura em Petrópolis e, dali a quarenta e dois dias, no Brasil inteiro.

Nesse contexto, o primeiro setor, “Na subida da Estrela, um sonho a desbravar: a aventura de duas Coroas com a benção dos Santos”, apresentará a fanfarra de Noel anunciando a subida à Serra da Estrela para reencontrar-se com sua história em Petrópolis. Paralelamente, mostrará as duas Coroas em sua glória: a Coroa do Brasil Império e a da própria Unidos de Vila Isabel, destacando a majestade de ambas na Sapucaí e a festa deste encontro, a fim de desfiar as estórias da e sobre a cidade.

Aparecerão o sonho de Dom Pedro I, desejoso de uma cidade na serra, e a realização da Versalhes Brasileira pelo Filho, Dom Pedro II. Outro retrato será o da relação entre São Pedro e São Pedro de Alcântara na história da Vila Isabel e de Petrópolis. São Pedro destaca- se nesta viagem por possuir um lugar especial na história da Vila Isabel, como afirma Leonardo Bruno e Rafael Galdo (2015) em suas Cartas para Noel, pois “Contar a história 57 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019 da tua Vila Isabel e não falar de chuva é o mesmo que falar de ti e não citar teu violão. A trajetória da branco e azul está recheada de interferências de São Pedro, e os memoráveis temporais aparecerão em quase todas as cartas que te enviarei. Assim como no Carnaval de estreia, em 1947, o desfile de 1951 foi marcado por uma chuvarada que caiu no momento em que os componentes da Vila se encontraram no bairro, para sair em direção à Praça Onze”. Assim, em tantos carnavais, lá São Pedro estava encharcando-nos de felicidade.

Já São Pedro de Alcântara, homônimo do apóstolo São Pedro, santo de devoção da família imperial – ambos os imperadores possuem o mesmo nome do santo – e o Padroeiro do Brasil, pedido feito logo após a independência por Dom Pedro I: “Desde que Sua Majestade Real e Imperial recebeu, sob o nome de Pedro I, ... a missão de governar e dirigir este povo ... esteve convencido ... e se persuadiu de que não poderia reger e administrar os negócios desta Nação, sem que antes se interessasse em ter um Padroeiro celestial que, por sua intercessão junto de Deus, lhe assegurasse os meios de bem agir, de bem dirigir e de bem administrar. Não foi necessária longa reflexão. Já pela devoção especial que ele tinha por São Pedro de Alcântara ... já por trazer, como imperador, o próprio nome do santo, ele decidiu escolhê-lo como padroeiro principal de todo o Império ... (e) suplica a S.S. o Papa Leão XII que se digne com sua benevolência apostólica, confirmar a escolha” (JOSÉ PIAT, 1962). Assim, os dois santos, na subida, viajam com as Coroas santificadas, majestosas, pela história de Petrópolis.

No segundo momento da viagem sobre e para Petrópolis, o segundo setor, “Mata Verde, Mata Atlântica, Mata Coroada: no caminho da subida, naturalmente belo”, abriga a exuberante fauna e flora que, desde os tempos das primeiras colonizações, encantaram a todos, prevalecendo a Serra da Estrela e seu enorme paredão de pedras, bem como os seus legítimos reis, os Índios Coroados. Encontram-se uma terceira Coroa, a indígena, e a Mata Atlântica, com suas belezas naturais, fauna e flora, e águas cristalinas do caminho serra acima que até hoje fazem a subida ser naturalmente bela. Borboletas, ipês, macacos, todos estão presentes nesse lugar mágico, desde o começo, fazendo necessária inclusive a preservação da Mata Atlântica em todos os seus aspectos. Historicamente, “A Serra da Estrela, onde se encontra Petrópolis, era praticamente desconhecida pelos colonizadores portugueses nos primeiros 200 anos de colonização, salvo por alguma expedição exploratória para tomar posse de sesmarias. Isso, por causa do enorme paredão montanhoso de mais de 1000m de altura que tinha que ser vencido para se chegar até lá; e, também, pela presença dos bravios índios Coroados que habitavam serra acima” (IBGE).

Novo momento de nossa viagem, o terceiro setor, “No fiar do destino, o progresso como tino: a Cidade de Pedro faz avançar sua majestade”, faz resplandecer a construção inicial da cidade e sua evolução durante o Império, a partir dos planos já previstos pelo Major Koeler e postos em execução pelas mãos de imigrantes, basicamente de alemães, que imprimem sua marca na essência da Cidade de Pedro. Já em 1845, consubstanciava-se, de fato, o processo de imigração, com a vinda, a pedido de Koeler, de mais de dois mil imigrantes germânicos para trabalharem e executarem seu projeto de construção da cidade (ALCÂNTARA DE OLIVEIRA, 2014). E, assim, germanizada desde o começo, vale ressaltar que os alemães, pelo caminhar do destino da história, encontraram-se com São 58 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Pedro: no dia 29 de junho, quando se comemora o Santo, comemora-se também, em Petrópolis, o dia da chegada dos primeiros colonos alemães – seguem as bênçãos do Apóstolo sobre a Cidade de Pedro.

Paralelamente, além da imigração alemã, ao longo dos anos, Petrópolis também recebeu italianos, ingleses, franceses e até árabes, todos ajudando a sedimentar a cultura petropolitana. Por exemplo, já em 1846, havia alguns italianos em Petrópolis, chegando a quarenta famílias em 1862 (MARTINS DE OLIVEIRA, ihp.org.br), e consolidando-se a imigração italiana ao longo das décadas subsequentes, especialmente com a instalação da Companhia Petropolitana de Tecidos, em 1873, com mão-de-obra majoritariamente italiana (AIELLO MESQUITO, 2012).

Além da imigração que ergueu Petrópolis ao longo do Império será retratado o desenvolvimento da cidade no sentido dos vários investimentos realizados, aqui simbolizados através das realizações e sonhos de um Barão, dos seus planos, em 1852, da primeira estrada de ferro inaugurada posteriormente no Brasil. A primogênita estrada é símbolo de uma Petrópolis que se encontrava com o fiar do destino: “É esta a via férrea primogênita do Brasil, a patriarcal Estrada de Ferro de Mauá, cujo nome desapareceu para ser batizada com o de Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará. Assim transformada ela parte do Pôrto de Mauá, galga o vale e Serra da Estrêla, vai a Petrópolis e prolonga-se até S. José do Rio Prêto. [...]” (TINOCO DE ALMEIDA, 2000). Por entre estas obras e com o suor de muitos, Petrópolis avançava e modernizava-se.

Nossa próxima parada, o quarto setor, destaca outra temporalidade de Petrópolis, a Cidade de Pedro caminhando República adentro: “Passou o Império, mas nunca a imperialidade: na virada da República, Petrópolis em novos tempos”. Aqui, focar-se-á Petrópolis na história republicana, destacando-se alguns momentos centrais da sua trajetória. Justifica-se o setor na medida em que Petrópolis, no período republicano, assume novos ares de imponência e importância, permanecendo como um dos fios condutores vivos da história brasileira. Trataremos de elementos centrais que ocorreram na cidade em relação à História do Brasil como um todo, destacando eventos e momentos – culturais e políticos –, construções e personagens que são fundamentais para a cidade.

Por exemplo, logo após a virada do Império para a República, a Revolta da Armada (1891 a 1894) foi central para a história de Petrópolis, justificando-se devido a como a cidade se destacava, historicamente, no cenário brasileiro. Assim, “A Revolta da Armada, deflagrada por Custódio José de Melo, em 6 de setembro de 1893, foi causa da mudança da capital fluminense para Petrópolis” (ALVES NETTO, ihp.org.br), entre 1894 e 1903 (memoria.uff.br). “Conforme noticiou a Gazeta de Petrópolis, em 24 de fevereiro de 1894, “o governo do Estado do Rio foi solenemente instalado em Petrópolis em 24 de fevereiro de 1894, numa cerimônia simples, sem os festejos usuais em tais ocasiões” (ALVES NETTO, ihp.org.br).

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Culturalmente, justificaremos o brilho de Petrópolis na República a partir do nascente cinema brasileiro. “A Chegada do Trem em Petrópolis”, de 1897, é considerado o primeiro filme brasileiro (mundodecinema.com): “as primeiras imagens brasileiras foram captadas sobre película cinematográfica e exibidas ao público nesse mesmo ano. O responsável pela façanha foi o exibidor ambulante italiano Vittorio di Maio, e o evento aconteceu no Cassino Fluminense, em Petrópolis (RJ), em maio de 1897. Não existem informações sobre a projeção desses filmes em outros locais do país, e mais de um ano se passará antes de surgirem notícias a respeito de novas filmagens nacionais” (ROBERTO DE SOUZA, 2007).

E, ainda, o período republicano em Petrópolis gira em torno do seu símbolo máximo, inclusive como estrela do turismo: o Hotel Cassino Quitandinha. Inaugurado em 1944 para ser a “capital do jogo bancado no Brasil” (NEVES, 2009), seu idealizador, Joaquim Rolla, esforçou-se para transformar o Hotel em um verdadeiro espetáculo à parte na serra, com maîtres falando três línguas, e sendo obrigatório o uso de terno e gravata nos jantares (NEVES, 2009): “A suntuosidade do Quitandinha correu o mundo e atraiu diversas celebridades nacionais e internacionais, tais como Orson Welles, Errol Flynn, Henry Fonda, Josephine Baker, Marlene Dietrich, Lana Turner, Walt Disney, , , Oscarito, que se hospedavam no Hotel, assistiam ou participavam dos shows e se divertiam nas mesas de jogos. Hoje fazem parte da galeria das estrelas. Seus salões receberam grandes personalidades não só ligadas à arte como à política: Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek, Fernando Henrique Cardoso, Henri Truman, dos Estados Unidos; Eva Perón, da Argentina, entre outros. Foi também no Quitandinha que aconteceram importantes eventos da época, como a inauguração da piscina do hotel, batizada com o mergulho da nadadora Esther Williams; os famosos bailes de carnaval, tidos como os mais liberais da região; a assinatura do tratado que determinou a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1944; a coroação de Marta Rocha como Miss Brasil em 1954; e em fevereiro de 2000 sediou o evento de entrega do Grande Prêmio Cinema Brasil ” (NEVES, 2009).

Com a proibição dos jogos em 1946, o Quitandinha rumou para novos caminhos. O período coincide com Petrópolis começando a não ser mais o destino favorito das férias de verão (NEVES, 2009), de maneira que os verões nunca mais foram os mesmos... Contudo, permanece para sempre a imperialidade da Cidade de Pedro, tendo recebido oficialmente o título de Cidade Imperial em 26 de março de 1981 (Decreto n.º 85.849), durante o governo João Baptista de Figueiredo (SILVA LOPES, ihp.org.br).

Por fim, a viagem da Vila Isabel, tendo alcançado a Cidade Imperial lá no alto da Serra, duas Coroas em comunhão, festeja e destaca dois dos seus momentos marcantes. Tal qual no começo da viagem, quando o sonho do Pai e o desejo-realidade do Filho levaram à construção da cidade, no quinto setor aparecem o futuro realizado e os novos possíveis sonhos, e a realidade de um momento do passado que merecem exaltação. A partir dos avanços e voltas do relógio do tempo da memória da nossa viagem, nesse setor, intitulado “Batidas do relógio e o tempo de dois triunfos de Petrópolis”, vemos o futuro, a tecnologia e a ciência que possui lugar no solo petropolitano, onde se encontra o supercomputador

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Santos Dumont, no Laboratório Nacional de Computação Científica, apontando para novos destinos ainda a serem desbravados.

Por outro lado, o relógio do tempo marca o desfile da Vila Isabel destacando um momento do passado de Petrópolis que deve servir, ele próprio, de inspiração para o futuro, enaltecendo-se a liberdade, a negritude, o protagonismo do povo negro na sua luta pela a abolição e a Princesa Isabel, festeja-se a abolição geral da escravatura em Petrópolis, quarenta e dois dias antes da assinatura da Lei Áurea. O processo de abolição, protagonizado pelos escravos ao longo da história, cujo sangue derramado serviu de tinta à assinatura de diversas leis – como a Lei do Ventre Livre (1871, assinada pela Princesa Isabel) e a Lei dos Sexagenários (1885) –, e cuja força de fato empunhou a mão da Princesa, conhecida como A Redentora, na abolição da escravatura na cidade de seu Pai e, posteriormente, no Brasil todo, é o festejar que será replicado na avenida, a vitória da negritude contra a escravidão! Liberdade, enfim, como canção! Celebra o Morro dos Macacos a negritude de sua gente em comunhão com os negros de Petrópolis (e do Brasil), agora, livres. É uma festa da raça!Uma explosão de confluências, conjunções que fundem as duas coroas em uma festa da gratidão, que por um lado revela a beleza da Cidade de Pedro em seu caminhar, e, por outro, a Vila Isabel, como herdeira de uma de suas filhas mais ilustres, Princesa Isabel. Na fluência do caminhar, o empoderamento do Morro dos Macacos é reflexo da liberdade vinda pelas mãos de seus ancestrais e de Isabel que nos empresta seu nome tendo sua nobreza representada pelo azul de nosso pavilhão. Celebramos este encontro e duas Famílias Reais, uma do Samba, outra Imperial.

Finalizamos, assim, a viagem da Vila Isabel pela Cidade Imperial. Duas Coroas para sempre girando que se encontraram na Sapucaí para fazer valer a força da história de uma cidade fundamental para o Brasil. O tambor nunca se calará e que ecoem as histórias da Cidade de Pedro.

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ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR – NA SUBIDA DA ESTRELA, UM SONHO A DESBRAVAR: O ENCONTRO DE DUAS COROAS COM A BENÇÃO DOS SANTOS

Comissão de Frente UM DEVANEIO REAL

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Raphael Rodrigues e Denadir Garcia DOS CÉUS À TERRA, ESPELHOS D’ÁGUA

Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira BALÉ DAS ÁGUAS

Ala 01 – Abertura O CORTEJO DE NOEL SOBE A SERRA

Destaque de Chão Tati Minerato A CAPITÃ DA FANFARRA DE NOEL

Alegoria 01 – Abre-Alas CORSO IMPERIAL SOB A SAGRAÇÃO DA FÉ

Destaque de Chão Vera VILA PRINCESA E O RESGATE DAS MEMÓRIAS

Ala 02 – Baianas AO GIRAR DA COROA, SUA ALTEZA VILA ISABEL

Ala 03 – Comunidade ARAUTOS DE PEDRO

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Ala 04 – Comunidade O PONTÍFICE DO PADROEIRO

Ala 05 – Comunidade UM SONHO A DESBRAVAR

Destaque de Chão Thiago Avancci SONHA, DOM PEDRO I

Elemento Cenográfico (Tripé) ABREM-SE AS PORTAS DO SONHO PARA A REALIDADE

Ala 06 – Comunidade NO IMPÉRIO, A CIDADE! UMA VERSALHES BRASILEIRA!

2º SETOR – MATA VERDE, MATA ATLÂNTICA, MATA COROADA: NO CAMINHO DA SUBIDA, NATURALMENTE BELO

Destaque de Chão Paula Bergamini PROTETORA DE RARO ESPLENDOR

Alegoria 02 PARAÍSO COROADO

Ala 07 – Comunidade NO CAMINHO, OS ÍNDIOS COROADOS

Ala 08 – Comunidade AO IMPÉRIO, ÁGUA IMPERIAL!

Ala 09 – Comunidade FAUNA REAL

Ala 10 – Comunidade AMARELO-OURO, DAS MATAS UM TESOURO!

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2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Jackson Senhorinho e Bárbara Dionísio O BAILAR NO JARDIM DAS BORBOLETAS

Ala 11 – Comunidade REVOADA DAS PANAPANÃS

3º SETOR – NO FIAR DO DESTINO, O PROGRESSO COMO TINO: A CIDADE DE PEDRO FAZ AVANÇAR SUA MAJESTADE

Destaque de Chão Tamara Justen ASAS DO PROGRESSO PETROPOLITANO

Alegoria 03 NOS TRILHOS DA MODERNIDADE

Ala 12 – Comunidade IMPERIAL COLÔNIA ALEMÃ

Musa da Ala de Passistas Dandara Oliveira LUME DOURADO

Ala 13 – Passistas A LUZ ASSENTOU O DORMENTE

Rainha de Bateria Sabrina Sato A BARONEZA: MARIA-FUMAÇA

Ala 14 – Bateria SOM DO PROGRESSO

Ala 15 – Comunidade UMA PONTE ENTRE DOIS REINOS

Ala 16 – Comunidade FLORES DA PRIMAVERA FRANCESA

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Ala 17 – Comunidade QUARTEIRÃO ITALIANO

Ala 18 – Comunidade ATÉ, DOS ÁRABES, MISTÉRIOS PARA PETRÓPOLIS!

4º SETOR – PASSOU O IMPÉRIO, MAS NUNCA A IMPERIALIDADE: NA VIRADA DE REPÚBLICA, PETRÓPOLIS EM NOVOS TEMPOS

Ala 19 – Velha-Guarda ELEGÂNCIA NO FUTURO DO PRETÉRITO

Destaque de Chão Janaina Santucci BAILE DOS NAIPES

Alegoria 04 PALÁCIO HOLLYWOODIANO

Ala 20 – Compositores O CANTO DOS MARINHEIROS DA ARMADA

Ala 21 – Comunidade QUANDO A REPÚBLICA CAMBALEOU

Ala 22 – Comunidade ETERNA PETRÓPOLIS

Ala 23 – Comunidade NOS IDOS DA HISTÓRIA – PETRÓPOLIS E SEU JOGO DE GLAMOUR

Ala 24 – Comunidade MAIS UM APOSENTO PARA NOSSA CASA: NAS LETRAS DO TRATADO, VEIO O ACRE

65 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Ala 25 – Comunidade SANTOS EM PETRÓPOLIS: DUMONT E SUA ENCANTADA

5º SETOR – BATIDAS DO RELÓGIO E O TEMPO DE DOIS TRIUNFOS DE PETRÓPOLIS

Destaque de Chão Arícia Silva SOBERANA DO TEMPO

Elemento Cenográfico (Tripé) FOLHEANDO A HISTÓRIA, IDAS E VINDAS NAS PÁGINAS DE PETRÓPOLIS

Ala 26 – Comunidade TECNOPETRÓPOLIS

Destaque de Chão Thais Bianca ASAS DA LIBERDADE

Alegoria 05 LIBERDADE ENFIM RAIOU!

Ala 27 – Comunidade LIBERDADE COMO CANÇÃO: VOZES DO BRASIL

66 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 CORSO IMPERIAL SOB A O sonho sempre moveu o homem a edificar impérios, SAGRAÇÃO DA FÉ palácios, cidades e outras realizações que se tornaram patrimônio de um povo. Aqui, ele se personifica na Carruagem Real, levada por suntuosos corcéis, que brilha em dourado-desejo de ir para o alto, amparada pela religiosidade. A carruagem que levou o Pai ao encontro de um sonho e anos depois conduziu o Filho à realização. Hoje, a mesma carruagem nos leva para uma jornada *Essa imagem é do croqui original e especial: uma subida rumo à perto do céu, que desde o serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de primeiro desfile da Branco e Azul, volta e meia lustra nossa estética e de cor na execução da Coroa para fazê-la resplandecer ainda mais, deixando-a Alegoria. majestosa e sempre brilhante graças às águas de São Pedro. Sob as insígnias reais, São Pedro saúda São Pedro de Alcântara, o Padroeiro que sempre teve lugar na estória da Família Imperial, nomeando os imperadores e sendo honrado na Catedral a ser erguida em sua homenagem, prevista nos planos iniciais da cidade. Eis o Pai, o Filho e os Santos! Uma viagem encantada serra acima para construir o sonho do Pai pelas mãos do Filho! A Cidade de Pedro brilhará e, lá do alto, um mundo real que a Vila desbravará. Hoje, toda a comitiva leva a Vila à Cidade de Pedro, promovendo a celebração da Coroa sob as luzes da Sapucaí.

Composições Femininas: Arautos da Anunciação Composições Masculinas: Cocheiro Real

Bete Floris (Destaque Central Frontal – Cavalos) – A Benção Que Vem do Céu

Nelcimar Pires (Destaque Central Frontal – Cavalos) – Arautos de São Pedro

Amanda Marques e Marry de Francy (Destaques Laterais – Carruagem) – Providência Divina

Robson Garrido (Destaque Central Frontal – Carruagem) – Rei Soldado, Pai Sonhador

Ana Cristina Fernandes (Primeira-Dama – Destaque Central Alto – Carruagem) – O Anjo das Bençãos

Ednelson Pereira (Destaque Central Alto – Catedral) – O Canonizador de Pedro

67 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Elemento Cenográfico Com a compra da Fazenda Córrego Seco, vizinha a do (Tripé) Padre, eis que os portões do sonho se abrem para a possibilidade de uma cidade destinada a ser uma joia ABREM-SE AS PORTAS DO na Estrela, um bailar de realeza em uma serra SONHO PARA A tupiniquim carregada de beleza. Dom Pedro I ainda REALIDADE: comprou outras áreas próximas à fazenda, sempre sonhando e desejando...

*Essa imagem é do croqui original e serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de estética e de cor na execução do Elemento Cênico (tripé).

68 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 PARAÍSO COROADO Lá, onde o céu beija a terra, no crepúsculo de um mundo habitado pelos astros que se encostam nas paredes de pedra intocáveis pelos homens, na Serra da Estrela, está a predestinação desta terra como guardiã da Coroa. O paraíso de rara beleza possui seus primeiros donos, seus reis, os Índios Coroados, os guardiões, que, por meio de sua mitologia, construíram a ligação com o firmamento através de suas danças infinitas, visando suplantar as águas doces e atravessá-las no contorno firme de seu passo, sob os astros, aqueles que tudo sabem e tudo veem, bailando com a Natureza, cercados pelas panapanãs, súditas dos donos da terra. Seu relevo acidentado, bordado pela Mata Atlântica, *Essa imagem é do croqui original e serve de camuflagem para o Rei coroado que, adormecido serve apenas como referência, pois em rochas esculpidas pelo tempo, levanta-se para proteger foram realizadas modificações de as águas e toda riqueza natural da região que encantou o estética e de cor na execução da Imperador. Salve a água da Serra da Estrela e todas as Alegoria. demais belezas! Águas tão cristalinas a banhar, no futuro, uma cidade divina... A realeza de raro esplendor dos bravos Índios Coroados, os primeiros habitantes da Serra da Estrela, ergue-se para mostrar as belezas naturais da região sob sua proteção e a força das suas tradições, sendo a rocha a pedra fundamental que suportará, no futuro, Petrópolis, sempre cercada pelas águas límpidas que são um patrimônio natural inestimável.

Composições Femininas e Masculinas I – Nas Águas Coroadas Composições Femininas II – Bravas Coroados Composições Femininas III – Panapanãs da Serra

Kamila Queiroz e Solenmira Munford (Destaques Laterais) – Belas Coroadas

Zerlei Ribeiro e Vien Bouarapha (Destaques Laterais) – Guerreiros Coroados

Manoella Coutinho (Destaque Central Baixo) – Alma da Mata

Vander Gevu (Destaque Central Frontal) – Espírito Protetor: Glória Aos Coroados

Diogo Ribeiro (Destaque Central Alto) – Pajé Coroado

69 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 NOS TRILHOS DA A cidade predestinada a abrigar a Coroa persiste em sua MODERNIDADE vocação para o pioneirismo e o triunfo: agora, salpicada de engrenagens! Os deuses do destino apontam para frente e anunciam: progresso à vista! Um capítulo de sua história, cercado pelas ideias que levavam para a Cidade de Pedro os tinos da modernidade. Vieram os alemães, a colonização que deu berço à Cidade de Pedro, um brinde de cerveja à nova terra e sua inigualável arquitetura. Os italianos, com os dons dos tecidos, inflando a economia, entrelaçando as cores que até hoje colocam Petrópolis na rota do comércio *Essa imagem é do croqui original e têxtil. Para deixar o aroma ainda mais agradável, os serve apenas como referência, pois franceses deram um toque especial na beleza da nova polis, foram realizadas modificações de com os jardins dos belos palácios que encantam os olhos e estética e de cor na execução da a alma. Ademais, a ideia da construção de uma estrada de Alegoria. ferro, símbolo do avanço! “É esta a via férrea primogênita do Brasil, a patriarcal Estrada de Ferro de Mauá, cujo nome desapareceu para ser batizada com o de Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará. Assim transformada, ela parte do Porto de Mauá, galga o vale e a Serra da Estrela, e vai a Petrópolis [...]”, por onde locomotivas, como a Leopoldina, no século XIX, transitavam pura modernidade! Subia-se a serra com a força do maquinário da genialidade, da modernidade, da realeza sempre presente que queria mais e mais para Petrópolis. Braços que juntos construíram, tijolo sobre tijolo, símbolos da Cidade de Pedro, uma Petrópolis que não para e nunca parará.

Composições Femininas e Masculinas – União e Indústria

Personagens I (Casa Alemã) – A “Ginga” Alemã na Serra e Na Sapucaí Personagens II (Locomotiva) – Ferroviários Serranos Personagens III (Fábrica) – Testemunhas da Prosperidade

Victoria Velvet e Samanta Mautner (Destaques Laterais) – Dialética da Modernidade

Robson Alameda e Ton Brício (Destaques Laterais) – Um Brinde Ao Progresso

Paulo Robert (Destaque Central Frontal) – Mecanismo do Progresso

Marcio Marinho (Destaque Central Alto) – Petrópolis em Movimento

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 PALÁCIO Nos novos tempos de Petrópolis, a vida se move com HOLLYWOODIANO graciosidade pela grandiosidade deixada pelo Império. O símbolo máximo da nova era, o Hotel-Cassino Quitandinha, que em seu interior hollywoodiano serviu de cenário para filmes nacionais e internacionais, abrigou os bailados generosos e sedutores das misses que desafiavam pudores, e o olhar afiado de artistas que encantavam com seu reinado. Reforçando sua vocação para a cultura e para as artes, o grande palco teve em sua estreia Grande Otelo abrindo caminho para as estrelas que por ali passariam.

Numa época em que o teatro de revista estava em alta, os *Essa imagem é do croqui original e degraus das escadarias azuis foram tocados por serve apenas como referência, pois apresentações teatrais inesquecíveis preparadas para foram realizadas modificações de convidados que chegavam em packards luxuosos. A estética e de cor na execução da combinação perfeita entre o jogo de cena e o jogo do Alegoria. cassino deu o tom à sua venustidade. O som que ecoava no salão principal era o do frenesi ao girar da roleta, das risadas no bacará, do blefe no poker soando como numa imagem cinematográfica eternizada em sua magia. Além de Grande Otelo, estrelas como Walt Disney, Lana Turner, Greta Garbo e Carmem Miranda abrilhantaram a vida que pulsava no interior do Hotel Cassino. O Hotel fez história, sendo uma das joias mais brilhantes do alto da serra. Seguindo o “Dom” de ser gigantesca, abriu-se para o mundo, por entre cartadas de um jogo que sempre ganhou: ser inesquecível. A Cidade de Pedro que se petrifica de força e beleza. A Cidade que não perde a velocidade do progresso.

Composições Femininas – Damas do Jogo (Figurino disposto em sete cores diferentes)

Composições Personagens – Misses Coroadas

Semi-Destaques Masculinos – Marotos Cariocas em Terras Serranas

Fabíola Fontenelle e Samile Cunha (Destaques Laterais) – Brazilian Bombshell

Glaucy Moura e Janaína Guerra (Destaques Laterais) – Trunfo da Noite

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 PALÁCIO Velha Guarda (Dentro do Carro) – Elegância no Futuro HOLLYWOODIANO do Pretérito (Continuação) Leticia Viana (Destaque Frontal) – (Re)Quebrando a Banca

Joubert Moreno (Personagem) – O Grande Mestre de Cerimônias

Klayton Eler (Destaque Central Alto) – Joaquim Rolla Em Seu Jogo de Glamour

*Essa imagem é do croqui original e serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de estética e de cor na execução da Alegoria.

* Elemento Cenográfico Nessa história encantada, imperial por natureza, batem (Tripé) as horas do relógio do tempo e da memória que controlam nossa aventura nessa viagem, levando-nos FOLHEANDO A HISTÓRIA, ao cenário de uma Petrópolis que jamais esquece o IDAS E VINDAS NAS passado, mas que, sempre em frente, busca mais em PÁGINAS DE PETRÓPOLIS: seu próprio destino! Nas batidas marcadas de um relógio que canta as páginas da História, avancemos e retrocedamos algumas para contemplar dois momentos de glória que merecem destaque central! O futuro que envolve Petrópolis em possibilidades e novos caminhos! E o passado – o momento da abolição da escravatura em Petrópolis a quarenta e dois dias da Lei Áurea – que merece destaque pela honrosa e constante luta de negros e negras contra a escravidão, que com sua força fizeram o empunhar da caneta pela Isabel

*Essa imagem é do croqui original e Princesa. serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de Dill San (Destaque Central Alto) – Senhor do estética e de cor na execução do Tempo Elemento Cênico (tripé).

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Edson Pereira Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 LIBERDADE ENFIM RAIOU! O mal da escravidão que afligiu o Brasil! No desespero das dores e gritos dos escravos, o relógio do tempo e da memória dessa viagem da Vila Isabel lembra, primeiro, o processo de abolição da escravatura durante o século XIX, com negros e negras guerreiros que protagonizaram o processo de busca da sua liberdade em consonância com um mundo que começava a enxergar o horror real da escravidão: veio a Lei do Ventre Livre (em 1871, assinada pela Princesa Isabel) e a Lei dos Sexagenários (1885), e a luta continuava, com a força negra! E lembremos também, segundo, ao final do Império, a *Essa imagem é do croqui original e quarenta e dois dias da assinatura da Lei Áurea, em serve apenas como referência, pois 1888, a luta que teve mais uma vitória: negros e negras foram realizadas modificações de comemoravam a abolição da escravatura em Petrópolis, estética e de cor na execução da Alegoria. com participação da Princesa Isabel, que a assinou no Pavilhão Hortícola (Palácio de Cristal). O Morro dos Macacos honra, assim, a força da negritude e suas conquistas que seguraram a caneta, junto com a Princesa Isabel, para assinar o fim da escravidão, e desce à Sapucaí para comemorar a liberdade nesta festa do povo, enaltecendo-se sempre os antepassados e a Coroa da Vila Isabel, majestosa contra os preconceitos. A luta não para e o negro segue empoderando-se, ainda hoje lutando por igualdade e contra as injustiças e desigualdades que ainda permanecem vivas, do tempo da escravidão... A luta é o tambor que não se cala e honremos o povo de Noel como herdeiro de Isabel!

Liberdade enfim raiou!

Composições – O Grito Negro Contra os Grilhões da Escravidão

Camila Morgado (Personagem) – A Redentora

Família da ex-Vereadora Marielle Franco – A Força da Negritude Vive!

Marcelo Moreno (Destaque Central Alto) – Coroação da Resistência

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01 (Abre-Alas) Bete Floris – Central (Cavalos) Empresária

Nelcimar Pires – Frontal (Cavalos) Estilista

Robson Garrido – Frontal (Carruagem) Decorador

Ana Cristina Fernandes (Primeira-Dama) – Empresária Central Alto (Carruagem)

Ednelson Pereira – Central Alto (Catedral) Empresário

Alegoria 02 Manoella Coutinho – Central Baixo Médica

Vander Gevu – Frontal Fotógrafo

Diogo Ribeiro – Central Alto Aderecista

Alegoria 03 Paulo Robert – Frontal Visagista

Marcio Marinho – Central Alto Empresário

Alegoria 04 Leticia Viana – Frontal Apresentadora e Fisioterapeuta

Klayton Eler – Central Alto Empresário e Professor Universitário

Tripé 02 Dill San (Relógio) Empresário

Alegoria 05 Camila Morgado – Personagem Frontal Atriz

Marcelo Moreno – Central Alto Cabelereiro

74 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Alegorias

Local do Barracão Rua Rivadavia Corrêa, nº. 60 – Barracão nº. 05 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba Diretor Responsável pelo Barracão Moisés Carvalho Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe Joãozinho Juracir Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe Alex Salvador Leandro Assis Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Moisés Carvalho Paulo Ferraz Outros Profissionais e Respectivas Funções

Nino - Fibra Hildenberg - Engenheiro Rogério Kennedy (Fuca) - Iluminação Sandro Marcio e Filhos - Vidraceiros Alex Salvador - Movimentos Adriano Cavalcante - Almoxarife de Alegorias Marcio Moura - Direção Artística Alessandra Reis - Atelier de Composições André Rodrigues - Figurinos e Projetos Gráficos Flávio Magalhães e Leandro Santos - Assistentes de Carnavalesco Clark Mangabeira e Victor Marques - Pesquisadores Luiz Martins e Jaison Duarte - Compradores Cristina Pinto - Técnica de Segurança do Trabalho Jussiara Rodrigues - Recepção do 3º Andar Wenderson Santos, Wallace Santos e Rellyson - Serviços Gerais Rodrigues Adilson e Sr. Batista - Portaria

As imagens dos croquis reproduzidas nas fichas são originais e servem apenas como referência pois foram realizadas modificações de estética e de cor na execução das Alegorias e dos Elementos Cenográficos (Tripés).

75 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Edson Pereira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

* Balé das Águas As águas petropolitanas nunca param Guardiões do Ana seu bailar. Protegem os espelhos 1º Casal de Formighieri d´água que embelezam toda a região Mestre-Sala e serrana e seus tesouros hoje e sempre. Porta- No balé das águas, guarda-se a força Bandeira da natureza em sua forma cristalina, (2018) como também a força branca e azul do pendão de Vila Isabel.

01 O Cortejo de Batuqueiros da Corte de Noel, nobres Abertura Marcio Moura Noel Sobe a do Morro dos Macacos, de sangue (2018) Serra branco e azul, juntam seus tamborins, repiques e chocalhos ao som de metais, trombetas e clarins e tremulam o símbolo da Vila Isabel para anunciar que o cortejo pede passagem e festeja um novo dia: um regozijo na história. Gente aguerrida e que, com sua fidalguia, faz do samba seu passaporte, de seu sorriso, sua identidade, e abre caminhos reais, fazendo bambas por onde passa, deixando viva sua tradição, subindo hoje uma serra na busca de novos ares, vitórias e inspiração.

76 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Edson Pereira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

* A Capitã da Subindo para pertinho do Céu, rumo à Destaque de Harmonia Fanfarra de Serra da Estrela, a Capitã da Fanfarra Chão Noel de Noel, reflete sob o azul de seu fardão a cor forte de um desejo Tati Minerato monumental: mergulhar, na Sapucaí, (2018) neste passeio para contar a história de uma Cidade Imperial, tingida com o sangue azul da realeza do povo do samba do Morro dos Macacos e da Vila de Noel.

* Vila Princesa e o Diante da Coroa da Vila, que brilha Destaque de Harmonia Resgate das imponente no chão sagrado da Chão Memórias Sapucaí a subir uma serra para narrar e explorar a Cidade de Pedro, surge o Vera enaltecimento das memórias da Escola de Noel, representadas nas cores do Diretora das nosso Pavilhão e que apontam para Baianas um futuro de glória cada vez mais (2018) belo. Subamos a serra e resgatemos nossa história junto a encontros lá em Petrópolis, nós, força da negritude e herdeiros de Isabel.

77 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Edson Pereira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

02 Ao Girar da Nessa subida, a insígnia majestática da Baianas Vera Coroa, Sua nossa escola: a Coroa, símbolo do (2017) Alteza Vila nosso pavilhão, do nosso resgate e Isabel negritude. Vem a Vila se vestir com toda realeza, com luxo e riqueza para celebrar a nobreza do Morro dos Macacos, fazendo rodar de alegria a Coroa do Pavilhão, protegida pela sua negritude que, em noite de gala, traz os sombreiros da purificação pelas bençãos santificadas que vem do céu. Ordem de São Pedro, que sempre abençoa a escola com águas encantadas que lavam a Coroa ancestral da nossa escola. Hoje, a Coroa é a sagração da Unidos de Vila Isabel, o sangue azul no branco desse Pavilhão, para ir ao reencontro consigo mesma e com a imperial Cidade de Pedro, refletida no ouro da

própria Vila e sendo amparada pela sua ancestralidade.

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Fantasias

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03 Arautos de Santos anjos do Senhor, nossos Comunidade Harmonia Pedro zelosos guardadores, abençoem-nos (2018) com anunciação de São Pedro que, dos ceús, aquele que lava nossa Vila Isabel, vem acompanhar nosso cortejo serra acima, lembrando-nos da majestade do Bairro de Noel. São Pedro que, desde nosso primeiro desfile, abençoa com águas nossa escola e cujo nome serve de inspiração aos homens e a outros santos. Anunciem-no, então, santos anjos, e abençoem nosso desfilar e, lá na serra, uma cidade, a Cidade de Pedro, a ser erguida, também do santo, pelo nome, quase por direito...

04 O Pontífice do Nessa viagem encantada serra acima, Comunidade Harmonia Padroeiro Sumo Pontífice que nos concedeu um (2018) Padroeiro! Eis o Papa Leão XII que deu a São Pedro de Alcântara, nascido em Alcântara com o nome de Juan de Sanabria, o título de Padroeiro do Brasil em 1826, o santo de devoção da Família Real, homônimo de São Pedro e cujo nome inspirou os dos nossos imperadores. O Padroeiro São Pedro de Alcântara, eleito para ser nosso. O também Padroeiro da futura Cidade de Pedro, cidade também dele, pelo nome, por direito.

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05 Um Sonho a O sonho foi o princípio de tudo. A Comunidade Harmonia Desbravar razão de uma busca incessante por (2018) algo que se almejou construir. Se Brasil era o lugar perfeito para sonhar, pois desde o início, lá em Portugal, sabiam que aqui “tudo que se planta dá” e que lugar melhor para viver não há, Dom Pedro I ousou sonhar além, ao pernoitar, em 1822, em uma fazenda próspera da região serrana, a do Padre Correia, quando a caminho das Minas Gerais pelo Caminho do Ouro, fazenda que o encantou e que visitaria muitas outras vezes ainda.

* Sonha, Dom Brasil independente e Dom Pedro I Destaque de Harmonia Pedro I ainda sonhava em criar uma polis Chão além do litoral, na busca por um clima mais ameno e de importância Thiago real. Em 1830, adquiriu a Fazenda Avancci Córrego Seco, onde pretendia (2018) construir o sonhado palácio... em seu descanso merecido, sonha, então, Dom Pedro I! Sonha, Imperador, com palácios e festas! Com grandiosidade e com sua realeza reluzindo o dourado do ouro do caminho por onde pisas! Sonha, no ar mais ameno da Serra, com novas possibilidades, com uma futura cidade...

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06 No Império, a Sonhos de valsa, de danças em Comunidade Marcio Moura Cidade! Uma palácios, da nossa Versalhes! Sonhos (2018) Versalhes do Pai! Mas o sonho só caminhou Brasileira! para se tornar realidade mais tarde, já nas mãos do Filho Dom Pedro II. Contudo, foi, no sonho, o começo: a polis ganhando forma e lugar muito bem escolhidos sob as bênçãos dos Santos! A imperialidade vai se formando, o sonho do Pai de um grande baile de uma Versalhes brasileira, única pelas cores fortes que colorem nossa casa de brasilidade em formação, a nos embalar na Sapucaí! Embora já fosse aquela uma terra

coroada...

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* Protetora de No “Sertão dos Índios Coroados”, Destaque de Harmonia Raro Esplendor resplandece entre o verde das matas a Chão beleza indígena que marcou o caminho e selou com divino Paula esplendor o local onde a terra Bergamini abrigaria Petrópolis. Brilham as penas (2018) dos cocares em tons multicores da terra abençoada da futura cidade de Pedro.

07 No Caminho, Os E no caminho dessa subida rumo aos Comunidade Marcio Moura Índios Coroados mistérios da serra perto dos céus, (2018) antes de tudo, um paredão enorme a ser vencido. Uma Serra cujo cume se mostrava tão alto que se denominou Serra da Estrela. Naquelas terras, eles, os desde sempre temidos Índios Coroados, antes mesmo das primeiras viagens, lá estavam, coroando a serra e o espaço da futura cidade antes de ser novamente coroada pelo Império Brasileiro e pela Vila Isabel.

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08 Ao Império, E da época dos Índios Coroados até Comunidade Harmonia Água Imperial! hoje, brotando do meio das matas e (2018) das rochas, servindo aos indígenas e a todos os viajantes, a água é fruto abundante da terra. Todos dela se aproveitavam, e sua pureza, também até hoje, chama a atenção por quem por ali passava e passa. A água da terra de Petrópolis que se encontrava com as águas de São Pedro para se tornar mais pura ainda, uma benção ao calor do litoral que levou toda a Corte lá para cima e fez sorrir os lábios do Imperador.

09 Fauna Real E no meio da Mata Atlântica, que já Comunidade Harmonia fazia o começo e o futuro da Cidade (2018) de Pedro resplandecerem, a fauna é parte fundamental do cenário que alegra os olhos! O muriqui-do-sul, maior primata sul-americano, é um ícone deste cenário em Petrópolis e da necessidade de preservação da Mata Atlântica característica da serra, além de uma das peculiaridades encontradas pelos que subiam às fazendas da cidade.

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10 Amarelo-Ouro, Marca da Cidade de Pedro – e do Comunidade Harmonia das Matas Um Brasil –, o ipê amarelo é o símbolo (2018) Tesouro! da cidade. Das matas e dentre as histórias que se entrecruzam no passar do tempo imperial, o ipê sempre anunciou a primavera, colorindo ruas e caminhos, noites e destinos.

11 Revoada de E se já nos caminhos para o ouro das Comunidade Edu e Beto Panapanãs Minas Gerais, e, depois, por entre o (2018) sonho, a criação e a realização da Cidade de Pedro, na região de Petrópolis ainda se encontram espécies de insetos, especialmente borboletas, antes considerados extintos, colorindo num bailado alado que acompanha quem sobe a serra. As borboletas invadem os caminhos numa explosão colorida de alegria e frescor, oxigenam a atmosfera da mata, testemunhas da beleza singular dos traços petropolitanos.

84 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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* Asas do A anunciação do futuro em linhas de Destaque de Harmonia Progresso progresso é metaforizada em negras Chão Petropolitano asas que de forma retumbante colocam Petrópolis como molde do Tamara Justen futuro promissor e da vocação para o (2018) desenvolvimento da nação brasileira.

12 Imperial Colônia Petrópolis tem desde o início da sua Comunidade Harmonia Alemã história a marca alemã. Foi o major (2018) alemão Julio Koeler o responsável por dar vida ao plano de Dom Pedro II, de fazer nascer a Cidade de Pedro. A chegada da mão-de-obra estrangeira, que levou, em 1845, mais de dois mil colonos: o começo de uma colonização que germanizou as raízes de Petrópolis e que, com eles, moldou a cidade a ir se tornando uma casa para a cervejaria. Afinal, além de trabalhar, os alemães têm o enorme dom de festejar, “fermentando” os ares da cidade.

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* Lume Dourado O dourado da riqueza da Musa da Ala Harmonia modernidade que desponta contra o de Passistas preto das fumaças das viagens de trem que começam a subir a serra! Dandara Petrópolis enriquece de beleza e Oliveira avança por trilhas já conhecidas! (2018) Brilha dourado o futuro promissor, resplandecendo os antigos caminhos do ouro, agora modernizado!

13 A Luz Assentou Luz que assentou o dormente brilha Passistas Gabriel Castro o Dormente em amarelo ouro e firma os trilhos (2018) e Dandara do progresso no repicar da Oliveira Swingueira de Noel. O brilho daqueles que riscam o chão de poesia marca hoje o caminho para que os maquinistas do ritmo subam a serra ao som do progresso que veio pelas mãos do Barão e de outros gênios.

86 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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14 Som do Foi um Barão o responsável pelos Bateria Mestre Progresso planos, em 1852, da primeira estrada (2018) Macaco de ferro inaugurada posteriormente no Branco Brasil. A primogênita Estrada de Ferro Mauá, posteriormente Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, é símbolo de uma Petrópolis que se encontrava com o fiar do destino, com o progresso que vinha pelas mãos de maquinistas habilidosos, dando o tom da batida da locomotiva do desenvolvimento que nunca para e sempre avança. A imperialidade brilhava ainda mais ao se encontrar com a modernidade! E no bate-bate da evolução da cidade, a música parecia sair das mãos dos maquinistas que comandaram o caminhar daquelas locomotivas do destino e do desenvolvimento. Aqui na avenida, é a Locomotiva da Vila que, em ritmo acelerado, põe o público para viajar ao som da batida retumbante celebrando o pioneirismo petropolitano. Se o apito anunciava que o trem estava chegando, hoje ele avisa que quem chega é a Swingueira de Noel a todo vapor!

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15 Uma Ponte Do seio das terras da família real Comunidade Harmonia Entre Dois britânica para a Cidade Imperial (2018) Reinos brasileira! Impressionados com as belezas do lugar, os imigrantes ingleses foram grandes propulsores da hotelaria e do turismo em Petrópolis. A alma inglesa, encontrou lugar entre a realeza petropolitana, sendo mais um grupo que veio, como imigrante, número crescente ao longo do tempo, para as terras tupiniquins: novos ares majestáticos para celebrar ainda mais a imperialidade de Petrópolis.

16 Flores da Em 1835, o professor de caligrafia e Comunidade Harmonia Primavera desenho de Dom Pedro II, M. Louis (2018) Francesa Boulanger registrou: " O ar puro que se respira nessas montanhas e o seu frescor são os mesmos da primavera da Europa”. A região petropolitana, ao longo do seu desenvolvimento, sempre atraiu os olhares franceses que contribuíram com a cultura local e a nascente cidade. Traziam nas malas, vindos aos poucos, flores para nos alegrar: a exemplo do paisagista Jean Baptiste Binot, que foi encarregado, em 1854, de projetar os jardins do Palácio Imperial, sendo que até hoje o Orquidário Binot encontra-se em funcionamento. Na vida da Cidade Imperial, flores da Cidade Luz, e, até hoje, um relógio de flores a marcar a passagem do tempo, ponto turístico em Petrópolis...

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17 Quarteirão “Petrópolis, foi privilegiada pela Comunidade Harmonia Italiano vinda de inúmeros italianos, que (2018) deram um formato especial à cultura de lá”. Grande quantidade veio trabalhar principalmente na Companhia Petropolitana de Tecidos, criada em 1873, dando ainda mais charme à Cidade de Pedro, com tecidos e cortes italianos refinados. Mamma Mia! Uma pequena Itália costureira na serra fria da Estrela, enchendo-a de botões, tecidos e fios.

18 Até, dos Árabes, Mais mãos imigrantes para fazer a Comunidade Harmonia Mistérios para cidade progredir. Além das europeias, (2018) Petrópolis! até árabes estabeleceram-se em Petrópolis. Já no século XIX, Dom Pedro II, em visita ao Líbano, estimulou a imigração para o Brasil. Com ela, os mistérios, cultura e criação árabes também aportaram em Petrópolis: “Um dos marcos consensuais da presença árabe no Rio de Janeiro é o nascimento do gramático Manuel Said Ali, em 1861, de pais já estabelecidos em Petrópolis”. Riquezas e mais riquezas culturais para a Cidade de Pedro.

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19 Elegância no O ímpeto da nobreza do povo de Noel Velha-Guarda Cheila Rangel Futuro do é representado por suas maiores jóias. (2018) Pretérito São elas que cravejam a Coroa da Vila em títulos e momentos protagonizados no passado, que nos ligam a um futuro de uma história a ser escrita através das linhas da conquista regozijando sua identidade em nome do esplendor do carnaval. Se Petrópolis tem suas joias incontestáveis, nós temos o resplendor azul das nossas, visitantes ilustres da Cidade de Pedro.

* Baile dos Naipes O brilho do glamour das noites Destaque de Harmonia inesquecíveis ganha forma e cor nas Chão madrugadas de música e dança em cartadas geniais na história do Hotel Janaina Cassino. Os Naipes dançam na busca Santucci de uma jogada perfeita pela noite (2018) petropolitana.

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20 O Canto dos Os marinheiros que, com seu bravo Compositores Marcelo Marinheiros da canto, lutaram pelo respeito à (2018) Pedrosa Armada Constituição! Os revoltosos da Armada que, unidos, tentaram mudar os rumos da pátria e conseguiram transferir a capital fluminense para Petrópolis, graças a sua força. Hoje são eles que são celebrados, dando rumo ao mar de poesias da Vila Isabel.

21 Quando a O Atlântico da costa brasileira, com Comunidade Edu e Beto República seu azul esverdeado, testemunhou, na (2018) Cambaleou incipiente República, a Revolta da Armada, que trouxe Petrópolis ao centro da política nacional, devido a contestações, entre 1891 e 1894, sobre a legalidade dos governos. Do mar, a Marinha, insistindo no respeito à Constituição da novíssima República, armava-se contra as ilegalidades! E, nesse processo, Petrópolis vira capital! Mais testemunhos e notícias da importância da Cidade de Pedro.

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22 Eterna No mundo, o cinema ia aparecendo e Comunidade Harmonia Petrópolis eis que, em 1897, as primeiras (2018) imagens brasileiríssimas eram captadas em tela, para delírio de um público ávido por novidades, e a projeção se deu no Teatro Cassino Fluminense, em Petrópolis, em maio de 1897, o primeiro filme brasileiro: “Chegada do trem em Petrópolis”. Eternizada na história e na Sétima Arte, a Cidade de Pedro tornou-se um começo do nosso cinema: os rolos dos filmes desenrolando as belezas da cidade.

23 Nos Idos da O glamour da Cidade de Pedro no Comunidade Harmonia História – século XX! Ah, pelos corredores do (2018) Petrópolis e seu seu símbolo maior, o Hotel-Cassino Jogo de Quitandinha, as fichas e o jogo, entre Glamour cartas, corriam soltos desde sua inauguração, em fevereiro de 1944, até a proibição dos jogos no Brasil, em 1946. Nos jogos da história, Petrópolis sempre teve sorte: dados, cartas e fichas para brindar à cidade!

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24 Mais um Assinado em 17 de novembro de Comunidade Harmonia Aposento Para 1903, o Tratado pôs fim ao conflito (2018) Nossa Casa: Nas entre Bolívia e Brasil pela anexação Letras do do território do Acre, que ficou sob as Tratado, Veio o mãos brasileiras. No solo Acre petropolitano, a então ainda nova República já selava o destino do nosso Brasil varonil e seus contornos continentais. Petrópolis aparecia assim como centro de decisões importantes e os olhos do mundo a admiravam!

25 Santos em A beleza de Petrópolis sempre atraiu Comunidade Harmonia Petrópolis: também os olhares dos gênios e (2018) Dumont e Sua excêntricos. Outro morador ilustre, Encantada assim, foi Alberto Santos Dumont. Construiu uma casa inventiva e genial, em local difícil, para veraneios: A Encantada, em 1918, sua última residência, cheia de engenhocas. Mais um grande personagem que, na esteira da tradição iniciada por Pai e Filho, teve sonhos e foi atraído pela Cidade de Pedro.

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* Soberana do Tempo Entre gnômons, clepsidras e Destaque de Harmonia ampulhetas, ela reina e chega para Chão servir de condutora de nosso passeio pela história petropolitana Arícia Silva numa viagem pelo tempo, (2018) apresentando o caminho que devemos seguir para apreciar a história recente e o que se escreverá do futuro.

26 Tecnopetrópolis Desde sempre imponente, a Comunidade Harmonia Cidade de Pedro se conecta ao (2018) futuro e aponta novos caminhos, brilhando cada vez mais. Vislumbra o futuro abrigando, no Laboratório Nacional de Computação Científica, o maior supercomputador da America Latina, o Santos Dumont, fazendo nossa ciência decolar e atingir

patamares cada vez mais avançados. Siga sempre em frente, Cidade de Pedro!

* Asas da Liberdade Caminhando na direção da Destaque de Harmonia abolição, os negros e negras Chão lutavam contra o terror da escravidão fazendo reluzir, como Thais Bianca armaduras protetoras de ouro, suas (2018) tradições ancestrais! A força vinha e vem da ancestralidade para fazer prevalecer a liberdade, ontem, hoje e sempre. Asas para fazer a igualdade raiar no horizonte!

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27 Liberdade Como O segundo momento de destaque na Comunidade Marcio Moura Canção: Vozes história dessa viagem com o qual (2018) do Brasil encerramos nossa jornada! Em primeiro de abril de 1888, a 42 dias da assinatura da Lei Áurea, Petrópolis teve um domingo de festas no Pavilhão Hortícola (Palácio de Cristal) no qual a liberdade foi entoada! Após lutas e resistências de negros e negras ao longo da história, “A Princesa Imperial Regente, junto ao Conde D’Eu, seus filhos, o presidente do conselho e distintos membros do Ministério e de delegações estrangeiras, além da Imprensa em geral promulga a libertação dos escravos em Petrópolis”. A liberdade conseguida a duras penas pelos escravos petropolitanos era entoada no alto da serra! E, aqui embaixo, a Vila presta reverência à luta negra de hoje e de sempre, exaltando a tradição do samba também como resistência da negritude! O Morro dos Macacos conclama a todos e a todas à liberdade e à alegria, inspirando sua Coroa na negritude aguerrida, nos pés pretos que sambam o samba da tradição do bairro de Noel, nos corações dessa Escola que é para sempre real porque imperial no samba! A Vila construída abençoadamente para ser magistral, inspirada na Isabel Princesa! Uma Coroa para sempre ser lembrada nesta avenida que hoje homenageia outra coroa, a da Cidade Imperial. Em festa, a liberdade é reverenciada como um dos maiores legados. Canta, Vila, pois teus herdeiros nunca deixarão de lutar: eis o encontro da Gratidão com a liberdade e com a Princesa do nosso nome.

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Fantasias

Local do Atelier Rua Rivadávia Correa, 60 – Barracão 05 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba Diretor Responsável pelo Atelier Alessandra Reis Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Alessandra Reis Alessandra Reis Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Alessandra Reis Gomes Outros Profissionais e Respectivas Funções

Paula e Anderson - Espuma Junior - Placas Vitor - Vime Almir - Arames Jorge Abreu - Maquiagem Leandro Assis - Pintura Bira - Corte

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- André Diniz, Evandro Bocão, Professor Wladimir, Júlio Alves, Enredo Marcelo Valência, Dedé Augusto e Ivan Ribeiro. Presidente da Ala dos Compositores Marcelo Pedrosa Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 70 Machadinho Thalles Henrique (setenta) 81 anos 26 anos Outras informações julgadas necessárias

Vila... te empresto meu nome Fonte de tanta nobreza Por Deus e todos os Santos Honre a tua grandeza E subindo pertinho do céu A névoa formava um véu Lembrei de meu pai, minha fortaleza Esculpida em pedras, Pedros e coroados Os seus guardiões, protetores de raro esplendor Luar do Imperador

Meu olhar lacrimejou Em águas tão cristalinas Uma cidade divina Bordada em nobre metal, a jóia imperial

Petrópolis nasce com ar de Versalhes Adorna a imensidão A luz assentou o dormente Fez incandescente a imigração No baile de cristal, o tom foi redentor Em noite imortal, floresceu um novo dia Liberdade enfim raiou! Não vi a sorte voar ao sabor do cassino “Segundo o Dom” que teceu o destino Meu sangue azul no branco desse pavilhão O morro desce em prova de amor Encontro da gratidão

Viva a Princesa e o tambor que não se cala É o canto do povo mais fiel Ecoa meu samba no alto da serra Na Passarela os Herdeiros de Isabel

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Samba-Enredo

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A parceria mais vencedora e premiada do carnaval do Rio voltou a arrebatar a disputa da Escola do bairro que exala liberdade. Para isso fizeram a Princesa Isabel, que empresta o nome e alma ao chão e à agremiação da Vila, ciceronear a viagem à cidade imperial. Conclamando seus súditos, a princesa apela, sob sequência requintada de acordes, para que a Escola volte a honrar suas tradições. Ainda na primeira parte, já em tom menor, ela abusa das imagens ao subir a montanha. Emociona-se lembrando do pai, nomeia os guardiões da serra e não consegue conter as lágrimas, puras como as águas que banharam a criação da cidade. A melodia segue caminhos harmônicos sinuosos e divisões inesperadas, em especial no refrão central. A segunda parte começa melodicamente vanguardista, desafiando a métrica e o tempo, em encontro perfeito com a letra que retrata da inspiração de Versalhes à luz da modernização que chegava em trilhos a Petrópolis. Reencontra o lirismo ao falar do baile da abolição pra voltar a ganhar força ao abordar o século XX. A princesa admite que não vivenciou tantas inovações, mas admira do infinito o brotar da semente científica lançada por seu pai, “segundo, o Dom (Pedro) que teceu seu destino”. No fim do delírio dos poetas, o sangue azul da princesa tinge um manto branco, formando o pavilhão da Escola. Isabel se emociona ao ouvir tanto tempo depois um canto de “Viva a Princesa”! Percebe então que é a gente do bairro mais fiel aos seus ideais. Lugar em que negros, mestiços e brancos, de todas as classes sociais, do morro e do Boulevard, se misturam na vida e na Escola. O coro ecoa até a serra trazendo pra avenida outros que também se intitulam seus herdeiros, o povo da nobre Petrópolis.

Unidos, escutam o batuque e o canto das senzalas que em sentido histórico anti-horário se reabrem para agradecer por tudo que ela representa.

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Bateria

Diretor Geral de Bateria Mestre Macaco Branco Outros Diretores de Bateria Buda, Shell, Menguinho, Kleber, Pulguinha, Mariozinho, Cassiano, Jorge Pedro, Rafael, Alyson, Mangueirinha, P.V, Titinho, Pivete, Ivo Francis, Romulo, Cirilo, Thayane, Thalita e Geraldo. Total de Componentes da Bateria 275 (duzentos e setenta e cinco) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 13 13 16 0 0 Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique 50 50 36 0 40 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho 0 0 24 04 24 Outras informações julgadas necessárias

Xequerês – 05 Componentes

Bateria Fantasia: Som do Progresso O que representa: Pelos devaneios de um Barão, em 1852, foi idealizada a primeira estrada de ferro, inaugurada posteriormente no Brasil. A primogênita Estrada de Ferro Mauá, é símbolo de uma Petrópolis que se encontrava com o fiar do destino, com o progresso que vinha pelas mãos de maquinistas habilidosos, dando o tom da batida da locomotiva do desenvolvimento que nunca para e sempre avança. A imperialidade brilhava ainda mais ao se encontrar com a modernidade! E no bate- bate da evolução da cidade, a música parecia sair das mãos dos maquinistas que comandaram o caminhar daquelas locomotivas do destino e do desenvolvimento. Aqui na avenida, é a Locomotiva da Vila que, em ritmo acelerado, põe o público para viajar ao som da batida retumbante celebrando o pioneirismo petropolitano. Se o apito anunciava que o trem estava chegando, hoje ele avisa que quem chega é a Swingueira de Noel a todo vapor!

Rainha de Bateria: Sabrina Sato Fantasia: A Baroneza: Maria-Fumaça O que representa: Quando a caldeira produz o vapor usando a energia da batida da Swingueira de Noel e sua alegria, matéria do combustível da folia carnavalesca, a máquina transforma a energia num gingado inconfundível diante das curvas dos trilhos serra acima. Por onde ela passa o chão fica quente e a fumaça se espalha no ar de tanto sambar!

99 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Diretor Geral de Bateria – Mestre Macaco Branco: o percussionista Anderson Andrade, mais conhecido como “Macaco Branco”, nasceu em Vila Isabel, e como bom representante do bairro de Noel, começou ainda criança a frequentar a escola de samba. O amor pela música vem desde então, quando a latinha de refrigerante e o palito de churrasco formavam o tamborim improvisado. Seu interesse e vocação eram notórios e por isso ganhou de presente um instrumento de verdade. Logo começou a desfilar na bateria de escolas mirins, como a Herdeiros da Vila e Aprendizes do Salgueiro. Aos 14 anos fez sua estreia na bateria da escola de samba G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel, e um ano mais tarde já era o responsável pela ala de tamborins, além de dar aulas de percussão no projeto desenvolvido pela agremiação. Macaco Branco deu, aos 18 anos, um importante passo em sua carreira quando conheceu Márcia Alvarez, empresária, que reconheceu seu talento e o convidou para fazer parte da nova banda da cantora Martnália. Trabalhando ao lado da cantora, aprendeu a tocar outros instrumentos de percussão que ampliaram seu horizonte para além do universo das escolas de samba. Tal vivência foi fundamental para aprimoramento e lhe permitiu fazer shows ao lado de artistas como Alcione, Celso Fonseca, Emílio Santiago, , Márcia Castro, Maria Rita, Paulinho Moska e Zélia Duncan. Também participa de gravações de trilhas sonoras e do CD das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Atualmente o percussionista faz parte da banda do cantor Dudu Nobre, Pedro Luis, Hamilton de Holanda e Mart’nália, além de tocar junto à equipe do Samba de Santa Clara. Na carreira profissional, Macaco também atua dando aulas e workshops pelo Brasil a fora. O músico já ministrou cursos de percussão na Colômbia e ocupou o posto de diretor musical da Unidos de Vila Isabel e da Acadêmicos do Sossego, onde também atuou como mestre de bateria. Atualmente, Macaco ocupa o posto de mestre de bateria da Unidos de Vila Isabel. Sua estreia no cargo ocorrerá no Carnaval de 2019 tendo, antes disso, já atuado em diversas funções dentro da bateria, como ritmista, diretor de tamborim e diretor de marcação. Na nova função, coordenará os 275 ritmistas da agremiação.

100 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Harmonia

Diretor Geral de Harmonia Marcelinho Emoção Outros Diretores de Harmonia Valter Ferreira (Valtinho), Fernando Veiga (Faqui), Júlio César (Tio Júlio), Alexandre Azevedo (Popo), Edson Guilherme, Expedito Azevedo, Sérgio Fernando (Preto Velho), Wanderson Sodré, Chico Branco, Marco Antônio (Marcão), Ednelson dos Santos (Didi), Alair farias, Gilberto da Silva (Cabeça Rica), Luis Carlos Todinho (Kaka) e Cosme Marcio Total de Componentes da Direção de Harmonia 70 (setenta) componentes Puxador(es) do Samba-Enredo Tinga Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo Cavaco – Douglas e Léo Antunes Violão – Kayo Calado Outras informações julgadas necessárias

Cantores de Apoio: Gera, Rafael Tinguinha, Tem Tem Jr, Juan Briggs, Breno e Henrique

Direção Musical: Gustavinho Oliveira

Diretor Geral de Harmonia – Marcelinho Emoção: Começou na Tupy de Brás de Pina. Passou pela Harmonia do GRES , nos tempos áureos da escola. Foi para o GRES Beija-Flor, no ano em que a agremiação conquistou seu bicampeonato. A seguir, passou pelo GRES , onde vivenciou duas conquistas. No GRES Estação Primeira de Mangueira, no início da atual gestão, foi campeão. Em 2019, lidera pelo segundo ano consecutivo a Harmonia do GRES Unidos de Vila Isabel.

Intérprete Oficial – Tinga: Anderson dos Santos, o Tinga, é oriundo do GRCESM Herdeiros da Vila. De 2002 a 2004, fez parte do carro de som do GRES Unidos da Tijuca. Morador da comunidade do Morro dos Macacos, atuou como primeiro intérprete do GRES Unidos de Vila Isabel durante 10 anos, entre 2004 e 2013. Em 2014, Tinga tornou-se a voz oficial do GRES Unidos da Tijuca e em 2019 retorna para defender com sua voz marcante sua escola de origem.

Total de Componentes de Direção de Harmonia de Alas: 60 componentes (atuam exclusivamente na evolução e canto de uma ala específica).

101 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Evolução

Diretor Geral de Evolução Wilsinho Alves Outros Diretores de Evolução Valtinho, Edmilson, Faquir, Lucimar, Júlio, Toninho, Alexandre, Lúcia, Wânia, Edson, Marcelo, Expedito, Sérgio e Wanderson Total de Componentes da Direção de Evolução 50 (cinquenta) componentes Principais Passistas Femininos Vanessa Oliveira, Elaine Oliveira, Anna Karolina Machado, Jhennifer Campos, Karen Veiga e Vitória Lucylia Acher. Principais Passistas Masculinos Pedro Gaspar, Wendel Vieira, Hudson Gaspar, Eduardo Felipe, Clóvis Costa e Luiz Fernando. Outras informações julgadas necessárias

Diretor Geral de Evolução: Wilsinho Alves Wilsinho Alves possui vasta experiência no carnaval em diversas fases da cadeia produtiva do espetáculo, começando em 2002 no GRES . Na função de Diretor de Carnaval, debutou em 2007 no GRES Unidos de Vila Isabel, permanecendo na função até o carnaval de 2014. Para 2016, retornou ao GRES Unidos do Viradouro para assumir a Direção de Carnaval. Possui diversos prêmios no carnaval, notadamente os títulos de 2004 (Grupo de Acesso), 2006 (Grupo Especial, na função de Superintendente de Carnaval), 2013 (Grupo Especial, nas funções de Presidente e Diretor de Carnaval do GRES Unidos de Vila Isabel); prêmio Tamborim de Ouro de Melhor Escola em 2009 e 2012; e Estandarte de Ouro de Melhor Escola em 2012. Após uma passagem pelo GRES União da Ilha do Governador, Wilsinho Alves retorna para comandar a Direção de Carnaval da Unidos de Vila Isabel.

Coordenadora da Ala de Passistas: Dandara Oliveira – Oriunda de uma família de sambistas iniciou sua trajetória no mundo do samba aos 7 anos, sendo Princesinha da Bateria, Passista e Destaque de Chão até chegar ao atual posto, de Musa e Diretora da Ala de Passistas (em 2017 com Edson Cunha e, em 2018, com Gabriel Castro), na sua escola de coração: o GRES Unidos de Vila Isabel. Durante sua trajetória também esteve à frente do Bloco Sorri pra Mim e da Banda de Vila Isabel por alguns anos. Em 2005, recebeu o Estandarte de Ouro de Melhor Passista Feminino. Dandara une a arte aos conhecimentos da sua faculdade de fisioterapia, enriquecendo suas aulas de samba no pé dadas a personalidades como Sabrina Sato, Thaila Ayala, Natalia Guimarães, Yasmin Brunet e Gisele Bündchen. No carnaval de 2015 foi comentarista especialista de alas de passistas, musas e rainhas de bateria do site SRZD durante os ensaios técnicos. Para 2016, completou seus 20 anos de Marquês de Sapucaí e de Vila Isabel, tendo o reconhecimento da escola e amigos. Atualmente ministra aulas em domicílios, academias de ginástica, no Espaço Múltiplo Chateau Rouge e no projeto existente na quadra da Vila Isabel de Samba no Pé para crianças e adultos com o objetivo de compreensão e o respeito aos limites do corpo de cada um, atrelados ao conhecimento do samba, da postura e do condicionamento físico. Dandara ressalta para seus alunos que cada um constrói o seu samba, pois ele é subjetivo. As técnicas posturais e respiratórias se atrelam à personalidade de cada pessoa. Com esta história no mundo do samba, nada mais adequado que realizar trocas repassando o que sabe e agregando a si as experiências construídas com seus alunos e fazer destes encontros fontes de aprendizagem para todos os envolvidos.

102 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Evolução

Outras informações julgadas necessárias

Coordenador da Ala de Passistas: Gabriel Castro – Neto de Mestre Telinho da Mangueira e afilhado de batismo de João Nogueira, foi o diretor de passistas mais novo da história da Sapucaí aos 17 anos, em 2007. Recebeu do jornalista e colunista Hélio Ricardo Rainho o apelido de "Reizinho de Madureira" e é também o 2° Diretor/Coordenador mais premiado do carnaval, destacando-se entre eles: 01 Estandarte de Ouro, 03 S@mbaNet, 02 Troféu SRZD, 02 Troféu Jorge Lafond e 03 Troféu Jornal do Sambista.

Fantasia da Ala de Passistas: A Luz Assentou o Dormente O que representa: Luz que assentou o dormente brilha em amarelo ouro e firma os trilhos do progresso no repicar da Swingueira de Noel. O brilho daqueles que riscam o chão de poesia marca hoje o caminho para que os maquinistas do ritmo subam a serra ao som do progresso que veio pelas mãos do Barão e de outros gênios.

103 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval Luiz Guimarães Diretor Geral de Carnaval Moisés Carvalho e Wilsinho Alves Outros Diretores de Carnaval - Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Vera Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Luzinete Taparica Geisa Anacleto (oitenta) 83 anos 22 anos Responsável pela Velha-Guarda Cheila Rangel Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 74 Terezinha de Jesus Cardoso Marco Antônio da Silva (setenta e quatro) 86 anos 56 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) (Cantor), Sabrina Sato (Apresentadora), Camila Morgado (Atriz), Tati Minerato (Modelo), Mayara Costa (Miss RJ) e Família da ex-Vereador Marielle Franco (Marinete Franco – Mãe, Antônio Franco – Pai, Luyara Franco – Filha e Anielle Franco – Irmã) Outras informações julgadas necessárias

104 Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Patrick Carvalho Coreógrafo(a) e Diretor(a) Patrick Carvalho Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 15 07 08 (quinze) (sete) (oito) Outras informações julgadas necessárias

Fantasia: Um Devaneio Real O glorioso patrimônio petropolitano emana cultura e desperta paixão em quem o conhece. A cada página virada do livro da história, um personagem a encontrar. Uma história de princesas, imperadores, visionários e apaixonados. Múltipla em sua essência, mexe com a cabeça e com o coração de quem a visita. É justamente numa destas visitas que algo inacreditável acontecerá e mais um dos visitantes sentirá na pele o arrepio da realeza! Diante do Palácio Imperial, uma pintura no tempo, uma sensação de pertencimento que provoca e confunde sentidos toma conta de nosso convidado que visita pela primeira vez a Cidade de Pedro. Uma força o leva para o interior do paço e este passa a vivenciar uma viagem na qual não se diferencia ilusão de realidade, passado de presente, vivos de fantasmas... O nobre visitante percebe-se no interior do palácio e diante das figuras que saíram das páginas da História. O assombro é colossal diante das personagens importantes para a Cidade Imperial! E revelam-se vários ícones da cidade que nos encanta. O que poucos sabem é que, lá de pertinho do céu, no alto da Serra da Estrela, se consegue esta proeza e outras coisas inimagináveis! Nessa celebração, apresentando-se a história de Petrópolis, convidamos não só o visitante em questão, mas todos os que hoje assistem à Vila Isabel no fiar de seu carnaval, a adentrar o Palácio Imperial e todas as estórias da Cidade de Pedro!

Sobre o Coreógrafo Patrick Carvalho: o carioca de 34 anos é coreógrafo de comissão de frente no carnaval carioca há 9 anos. Patrick começou sua carreira na função atuando no GRES Alegria do Zona Sul, tendo passagens por escolas como o GRES Unidos de Vila Isabel, GRES União da Ilha do Governador, GRES e GRES Inocentes de Belford Roxo. Premiado como melhor coreógrafo pelo Tamborim de Ouro, Plumas e Paetês, Estrelas do Carnaval, entre outros, Patrick é uma das grandes referências do nosso país quando se trata de coreografias impactantes, expressivas e técnicas. O profissional viajou o mundo com o espetáculo “Brasil Brasileiro”, atuando ainda como coreógrafo nas cerimônias de abertura e encerramento das Paraolimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, além de ser professor e coreógrafo do quadro “Dança dos Famosos” do Programa Domingão do Faustão da Rede Globo de Televisão.

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FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Raphael Rodrigues 34 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Denadir Garcia 40 anos 2º Mestre-Sala Idade Jackson Senhorinho 33 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Bárbara Dionísio 19 anos Outras informações julgadas necessárias

1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Fantasia: Dos Céus à Terra, Espelhos D’Água

Criação do Figurino: Edson Pereira

Confecção: Atelier Geraldo Lopes

O que representa: Os céus são testemunhas da pureza das águas da Cidade de Pedro, que brotam do solo para a Vila bem-fadar. Gotículas preciosas que locupletam o manto branco e azul no balançar dos ventos e no girar da coroa. Estas, abrem caminho para que, no redemoinho do tempo, a majestade do povo de Noel veja sua felicidade em azul, preciosa, metáfora da abóboda celeste que chora emocionada de orgulho ao ver sua gente bailar, em noite estrelada, em louvor à magnificência petropolitana.

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FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Raphael Rodrigues: Aos oitos anos de idade se encantou com a dança de Mestre-Sala. Formado pela escola do Mestre Manoel Dionísio, recebeu, ao completar a maioridade, em 2005, o convite para ser o 1º Mestre-Sala do GRES Unidos de Vila Isabel. Em 2006, sagrou-se campeão e conquistou o Estandarte de Ouro concedido pelo júri do Jornal O Globo. Também com passagens pelos GRES Unidos do Viradouro e GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, foi campeão no GRES Estação Primeira de Mangueira em 2016. Na verde e rosa entre 2010 e 2016, tornou-se discípulo do lendário Mestre-Sala Delegado, passando a incorporar ao seu bailado alguns dos passos eternizados pelo mestre. De volta à Branco e Azul desde 2017, Raphael mostrará toda sua experiência e competência para garantir, ao lado de Denadir Garcia, a nota máxima no desfile de 2019.

Denadir Garcia: Denadir fez par com o Mestre-Sala Luiz Augusto por dez carnavais em escolas de samba como o GRES Renascer de Jacarepagua, GRES , dentre outros. Em 2011, foi para o GRES Unidos do Porto da Pedra e depois para o GRES São Clemente, fazendo par com o Mestre-Sala Bira em 2012 e com Fabrício Pires nos 5 anos seguintes, garantindo os 40 pontos em 2015. Para 2019, Denadir defenderá pela segunda vez o pavilhão do GRES Unidos de Vila Isabel ao lado do Mestre-Sala Raphael Rodrigues para juntos conquistarem os 40 pontos no desfile da Branco e Azul.

Coreógrafa do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Ana Formighieri – Coreógrafa, professora e bailarina, Ana é formada em dança pela UFRJ e pós-graduada em Conscientização do Movimento pela Faculdade Angel Vianna, tem formação técnica nas modalidades jazz, balé clássico e dança contemporânea. Fez parte da Cia Nós da Dança, sob direção de Regina Sauer, por 10 anos, participando como bailarina de shows e programas de televisão. Foi também assistente de ensaios na Focus Cia de Dança, de Alex Neoral e desde 2015 é integrante da comissão artística do Sindicato dos Profissionais de Dança do Rio de Janeiro. No carnaval, participou de comissões de frente como intérprete e também como assistente de coreógrafos. Já coreografou carros e alas em diferentes escolas do Grupo Especial e do Grupo de Acesso A. Há oito anos desenvolve um reconhecido trabalho de coreografia e preparação corporal/artística para casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Neste trajeto já conquistou importantes prêmios, notas máximas e reconhecimento junto aos casais com os quais vem trabalhando. Desde 2017, assume a preparação do primeiro casal do GRES Unidos de Vila Isabel e, na jornada intensa de cada carnaval, acredita que compartilhando a experiência da coreógrafa junto ao casal e toda a diretoria, harmonia e carnavalesco, unindo forças, se alcança o melhor resultado. Para isto, em 2019 o trabalho de Ana Formighieri com Denadir Garcia e Raphael Rodrigues, traz para a avenida uma apresentação que se fundamenta em uma dança que se preocupou em lapidar o talento do casal, buscando acabamento impecável e qualidade técnica sem deixar de se preocupar com a majestosa e tradicional forma de dançar o bailado do Mestre sala e da Porta Bandeira apresentando seu pavilhão!

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Fantasia: O Bailar No Jardim das Borboletas

Criação do Figurino: Edson Pereira

Confecção: Atelier Geraldo Lopes

O que representa: Nos bosques da história da Cidade de Pedro, entre ipês e manacás da serra; no fiar das cores que invadiam e invadem as idas e vindas à Petrópolis, o rodopiar dos rei e rainha de sua fauna acalantam a essência exuberante da natureza local, que, em si traduz, a Grandeza Real da Serra da Estrela. A natureza que colore e enobrece é marca petropolitana.

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G.R.E.S. PORTELA

PRESIDENTE LUIS CARLOS MAGALHÃES

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“Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”

Carnavalesca ROSA MAGALHÃES

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Enredo

Enredo “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá.” Carnavalesca Rosa Magalhães Autor(es) do Enredo Rosa Magalhães Autor(es) da Sinopse do Enredo Fábio Pavão e Rogério Rodrigues Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Rosa Magalhães Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 Tarsila: sua obra e AMARAL, Aracy Perspectiva 1975 Todas seu tempo Abreu.

02 Tarsila AMARAL, Maria Editora Globo 2004 Todas Adelaide

03 Brasil – Histórias, ARAÚJO, Alceu Editora Três 1973 Todas costumes e lendas Maynard

04 Artistas brasileiros BATISTA, Marta ECA USP (Tese 1987 Todas na escola de Paris, Rosseti. de Doutorado – anos 20. Digitalizada)

05 Escola de Samba, a CANDEIA Lidador 1978 Todas árvore que FILHO, Antônio & esqueceu a raiz. ARAÚJO, Isnard.

06 O motivo edênico CARVALHO, José Rev. bras. Ci. 1998 Todas no imaginário Murilo de. Soc. vol. 13 n. social brasileiro 38

07 A Busca da COELHO, Fundação 2018 Todas Identidade Gonçalves Universidade de Nacional no Edinaldo. Rondônia Modernismo (digitalizada) brasileiro: “Das palavras de Mário de Andrade às pinceladas de Tarsila do Amaral”.

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Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

08 Velhas histórias, COUTINHO, Ed. Uerj. 2002 Todas memórias futuras: Eduardo Granja o sentido da tradição na obra de Paulinho da Viola.

09 Depois da Festa: CUNHA, Olívia Ed. UFMG 2000 Todas Movimentos Maria Gomes da. Negros e Políticas de Identidade no Brasil

10 Clara Nunes FERNANDES, Ediouro 2007 Todas guerreira da utopia Vagner

11 Visão do paraíso: HOLANDA, Publifolha 2000 Todas motivos edênicos Sérgio Buarque de. no descobrimento e colonização do Brasil.

12 A paisagem como MORAES, UFPR 2013 Todas um discurso em Naymme Tatyane (Dissertação de Tarsila do Amaral, Almeida Mestrado) a construção de um diálogo entre o espaço social e pictórico na década de XX no Brasil: do Pau-brasil a Antropofagia.

13 Rediscutindo a MUNANGA, Vozes 1999 Todas mestiçagem no Kabengele. Brasil: Identidade nacional versus identidade negra.

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FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

14 A dança da PAVÃO, Fábio UFF (Tese de 2010 Todas identidade: os usos Oliveira Doutorado) e significados do samba no mundo Globalizado.

15 Samba são pés que RIBEIRO, Ana Uerj 2003 Todas fecundam o chão... Paula Alves (Dissertação de Madureira: Mestrado) sociabilidade e conflito em um subúrbio musical.

16 Tarsila do Amaral: SILVA, Dalmo Revista 2015 Pg.54-60 ensaio sobre Souza Extraprensa “Brasilidade”.

17 Paulo da Portela: SILVA, Marília & Edições Funarte 1980 Todas traço de união SANTOS, Lígia entre duas culturas.

18 Silas de Oliveira: ____ & Edições Funarte 1981 Todas do jongo ao OLIVEIRA samba-enredo FILHO, Arthur L.

19 O Brasil SOARES, Mariana PUC-SP 2014 Todas negromestiço de de Toledo. (Dissertação de Clara Nunes Mestrado) (1971-1982)

20 Catolicismo e STEIL, Carlos DP & A editora, 2001 p.09-40 cultura Alberto 2001

21 Candeia: Luz da VARGENS, João Martins 1987 Todas inspiração. Rio de Baptista Fontes/Funarte Janeiro

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FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

22 A Velha-Guarda da ____.& MONTE, Manati 2001 Todas Portela. Carlos.

23 O nacional e o WISNIK, José Editora 1982 Todas popular na cultura Miguel & Brasiliense brasileira SQUEFF, Ênio e.

Outras informações julgadas necessárias

Periódicos:

Jornal A Noite, edição de 12 de fevereiro de 1924, pg. 07. Jornal do Brasil, edição de 24 de fevereiro de 1924, pg. 15. Jornal O Imparcial, edição de 29 de fevereiro de 1924, pg. 05. Jornal O Imparcial, edição de 01 de março de 1924, pg. 06. Revista O Careta, edição de 15 de Março de 1924, pg. 37.

Sites:

https://sambaderaiz.org/albuns/clara-nacao-1982/ http://museudacancao.blogspot.com/2012/11/portela-na-avenida.html http://elekomulheresguerreiras.blogspot.com/2012/10/um-pouco-sobre-oya-iansa-e-danca.html http://www.gresportela.org.br/Historia/DetalhesAno?ano=1972 http://www.gresportela.org.br/Historia/DetalhesAno?ano=1975 http://www.gresportela.org.br/Historia/DetalhesAno?ano=1983 http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69091998000300004 http://tarsiladoamaral.com.br/obra/pau-brasil-1924-1928/ http://www.caetanopolis.mg.gov.br/ https://www.mg.gov.br/conheca-minas/folclore http://caetanopolis.blogspot.com/p/festival-cultural-clara-nunes.html http://jongodaserrinha.org/mestres-e-mestras-do-jongo/ https://www.iquilibrio.com/blog/espiritualidade/umbanda-candomble/tudo-sobre-iansa-oya/ https://ocandomble.com/2008/09/11/qualidades-de-oya-iansa/ https://www.juntosnocandomble.com.br/2011/03/iansa-onira-oia-onira.html

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HISTÓRICO DO ENREDO

Texto introdutório: Quando a arte encontra o povo

Embora os debates sobre a identidade brasileira, ou, como alguns preferem chamar, brasilidade, datem da primeira metade do século XX, desde que os europeus pisaram em nossas terras se encantaram pela natureza paradisíaca. Começando pela carta de Pero Vaz de Caminha, ao longo dos séculos a visão edênica sempre foi ressaltada na construção de nosso imaginário nacional. As densas florestas que se espraiavam pela vastidão de nosso território, repletas de exóticas aves coloridas, inevitavelmente permitiam sugerir associações com o bíblico jardim do Éden. A riqueza de nossas fauna e flora sempre fascinou o olhar estrangeiro, e, a partir do momento em que se formou a nação brasileira, a beleza da natureza, vista muitas vezes como uma dádiva divina, destacou-se entre os elementos usados para nos representar.

Assim, o primeiro elemento que podemos mencionar como componente de uma ideia de brasilidade é a natureza exótica. O povo é deixado de lado, e, durante séculos, por influência do romantismo, o indígena idealizado cumpriu o papel de personagem principal do imaginário nacional. É ele quem habita, de forma pura e ingênua, na melhor tradução do “bom selvagem”, o luxuriante verde de nossas matas. Mesmo os artistas da Semana de Arte Moderna paulista, em 1922, ao proporem uma ruptura com o passado, não conseguiram enxergar as classes populares em formação nos centros urbanos. De forma paradoxal, apesar de apontarem para o futuro, seus olhos permaneciam atados à valorização do indígena, buscando novas formas de representá-lo.

Quem começa a mudar este panorama é Tarsila do Amaral. Em 1924, ou seja, dois anos após a Semana de Arte Moderna, juntamente com alguns amigos, entre os quais se destacava o poeta francês Blaise Cendrars, a pintora passa o carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa em Minas Gerais. Desta experiência, surgiria uma série de telas que passariam a ilustrar o movimento Pau-brasil, permitindo um novo olhar sobre a brasilidade. No Rio, mais especificamente em Madureira, a pintora encontra uma Torre Eifell construída em pleno subúrbio carioca. O símbolo parisiense fora apropriado e carnavalizado pela população local, o que servirá de inspiração para a tela “Carnaval em Madureira”. Sobre essa obra, Coelho escreveu:

“Tarsila consegue, nessa obra, transpor não apenas essa festa popular para uma pintura, como também provocar uma reflexão sobre a própria cultura brasileira. O negro representado de forma não idealizada, com formas explorando os extremos, indica o primitivismo, o passado brasileiro, ao mesmo tempo em que a alegoria da torre metálica indica o moderno. Temos aqui o discurso da identidade nacional, formada a partir da assimilação do moderno”. (COELHO, 2018, P.10)

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Aliando técnica cubista e uma explosão de cores vibrantes, Tarsila retrata um país que estava em transformação, se modernizando. Para além do passado indianista, as grandes cidades presenciavam o aumento do fluxo migratório, vendo suas periferias crescerem, sobretudo, pela chegada de ex-escravos e seus descendentes. Sobre a sua experiência no interior de Minas Gerais, Tarsila escreveu: “Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras... Vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas”.

Em busca das raízes brasileiras, além da população suburbana, Tarsila resolveu pintar o que, desde a infância, sempre lhe foi ensinado que seria “feio e caipira”. Sua obra mostra o povo simples do interior, em telas que retratam, por exemplo, a religiosidade, a simplicidade da família e a bucólica paisagem interiorana. A técnica cubista e as cores vibrantes permanecem se destacando, mantendo uma unidade, ou seja, compondo um estilo que completa a fase de sua carreira associada ao movimento Pau-brasil.

Quando a cantora Clara Nunes veio ao mundo, em 1942, os debates sobre a brasilidade já haviam incorporado a necessidade de se retratar o povo, incluindo tanto expressões culturais quanto a sua produção musical. É como se a futura estrela tivesse emergido de uma das telas produzidas por Tarsila do Amaral, tal a sua identificação com a essência da brasilidade encontrada pela pintora. Mineira, nascida no que é hoje o município de Caetanópolis, as paisagens, a religiosidade e a simplicidade da população local poderiam ter inspirado uma bela obra de arte genuinamente brasileira. Desde menina, ela teve contato com o rico acervo cultural que fervilhava ao seu redor, unindo elementos das três raças nas Folias de Reis, Congadas, Pastorinhas ou mesmo nos rituais religiosos.

Ao tentar a sorte como cantora, durante muitos anos Clara Nunes teve dificuldades para alavancar sua carreira, buscando trilhar o caminho do sucesso em diferentes gêneros musicais. Ela demorou a entender que deveria seguir sua vocação popular, isto é, estava destinada a cantar o povo. Quando percebeu, encontrou no mesmo povo negro e suburbano um dia retratado por Tarsila, na mesma negritude cuja arte popular aflorava nos carnavais e nos quintais, o sentido único de sua brasilidade. “Sou porta-voz do povo, sou uma cantora do povo, sou essencialmente povo”, ela declarou certa vez. Finalmente, sua estrela brilhou de forma intensa, reverberando a energia das ruas e terreiros de Madureira.

Ao nos lembrarmos de Clara Nunes, mesmo trinta e cinco anos após sua morte, a imagem da cantora vestida de branco, inspirada na religiosidade afro-brasileira, é tão viva e presente quanto sua musicalidade mestiça. Ela era filha de Ogum com Iansã, tinha orgulho em saudar seus “Orixás de cabeça”, mas, na verdade, a Guerreira vivia sua espiritualidade de forma tão intensa que se torna difícil defini-la usando as categorias normalmente disponíveis. “Deus é um só para todos”, ela costumava repetir quando questionada sobre esse assunto. Vagner Fernandes, biógrafo da artista, é quem nos esclarece:

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“Clara se dizia umbandista, mas sua ligação com os cultos afros era tão forte e singular que, por várias vezes, ela própria se via confusa diante da definição de sua religiosidade. Vinha do Kardecismo, denominava-se umbandista, mas flertava com o candomblé. Clara era tudo. Era uma espiritualista por natureza. Acreditava no poder dos orixás, mas não deixava de lado as orações do catolicismo, e gostava de ir a missas. Clara era um caldeirão espiritual. Era a legítima brasileira, absolutamente sincrética, que “batia cabeça” e cantava ponto em terreiro, acendia velas para as almas, tomava passe em centro de mesa branca, comungava em igreja católica e se ajoelhava para rezar o Pai-Nosso ou a Ave-Maria diante da imagem de Nossa Senhora”. (FERNANDES, 2007, p. 119)

Quando nos empenhamos para compreender a religiosidade popular, é comum cairmos na armadilha de tentar classificar os elementos de devoção em “sagrados” ou “profanos”. Todavia, a coerência dos discursos do povo está no próprio sincretismo, pois, nas praças do interior e nas ruas empoeiradas dos subúrbios, as fronteiras entre esses pares dicotômicos são bem mais fluídas. É no dia a dia que o povo constrói sua fé, apropriando-se de diversos símbolos religiosos e costurando-os ao seu jeito, dando-lhes um sentido peculiar. Para se compreender Clara Nunes, é preciso se despir das rígidas categorias que engessariam a classificação nas chamadas religiões oficiais. Clara era católica, kardecista, umbandista e candomblecista. Clara Nunes era tudo isso ao mesmo tempo, como destacou Vagner Fernandes. Ela livremente se inspirava em todas as religiões e seguia os preceitos dos sacerdotes que respeitava, construindo ela própria o arcabouço simbólico de sua espiritualidade. Clara era assim, e isso, inevitavelmente, aproximava ainda mais a cantora e o povo. A brasilidade é mestiça e sincrética por natureza.

A procissão do samba é sagrada. Tão sagrada quanto qualquer reza. Tão sagrada quanto um ritual. É possível que os intelectuais - ou mesmo os artistas - que procuram compartimentar o saber popular, classificando-os de acordo com os seus próprios critérios pessoais, tenham dificuldades para compreender a riqueza do simbolismo construído pelo povo. Só ele é capaz de transformar uma Águia no Divino Espírito Santo. Só ele é capaz de transformar o manto azul de Nossa Senhora nas vestes de um Orixá, ou numa bandeira de escola de samba. Só ele pode dar um novo significado para a Torre Eifell, transformando-a em um coreto carnavalesco, como poderia ter sido num altar. E de certa forma foi exatamente isso que o povo fez. Transformou o símbolo parisiense em um altar popular. Um palco no meio da rua para festejar o carnaval e louvar o samba. Viva o povo de Madureira e sua criatividade! Viva Clara Nunes, e sua capacidade de representar a brasilidade!

“Na Madureira Moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”

Lançado em 1982, o álbum “Nação”, produzido pela EMI-Odeon, é o último da bem sucedida carreira de Clara Nunes. Com ele, mesmo sem abandonar o samba carioca, a cantora visita diversos gêneros, fazendo um apurado mapeamento das raízes negras de nossa música. Como de costume, o resultado final alcançou enorme sucesso. Todavia, há neste derradeiro trabalho da artista outro elemento que merece destaque. Produzida por Elifas

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Andreato, a capa do álbum vale-se da estética tropicalista para representar a proposta de cantar a diversidade musical de nossa nação, ressaltando, no uso de cores vibrantes e exibindo aves típicas da fauna brasileira, o passado edênico que sempre marcou nosso imaginário nacional. Desta forma, pelos aspectos musicais e visuais, “Nação” pode ser considerado uma síntese da vida e da obra de Clara Nunes, expressando a brasilidade que marcou sua trajetória como artista.

Para nós, que trazemos em nossa memória coletiva as marcas da escravidão e da exploração em suas mais variadas faces, a busca pela “brasilidade” sempre foi um elemento central nos debates acerca de nossa identidade. Na segunda década do século XX, os artistas modernistas, inspirados, sobretudo, pela nova arte produzida na França, irão se esforçar para romper com a estética do século anterior e buscar uma identidade própria. Em outras palavras, nossos artistas de vanguarda queriam uma arte livre do conservadorismo que os prendiam às amarras do passado. É neste contexto que fomentam o nacionalismo e a ideia de repensar o Brasil e sua cultura, e, como resultado, ao longo das décadas seguintes o modernismo seguiu inspirando movimentos que igualmente buscaram captar a essência brasileira. É o caso, por exemplo, do tropicalismo, incorporado por Elifas Andreato para ilustrar a já mencionada capa do álbum “Nação”.

Entretanto, até pelo seu caráter heterogêneo, caracterizado por diversas fases e, naturalmente, pelas idiossincrasias de cada um dos artistas envolvidos, faz-se necessário relativizar a ação do movimento modernista. Mesmo buscando uma ruptura com o passado romântico, a Semana de Arte Moderna, considerada um marco não apenas para as artes brasileiras, mas também para a forma de pensar o Brasil, basicamente se atém à valorização do indígena como símbolo nacional, apenas reduzindo sua idealização. Desta maneira, passa ao largo deste movimento de vanguarda as classes populares que já inchavam nossos maiores centros urbanos, habitando as periferias, subúrbios ou as franjas dos morros. Esta população, até então invisível, mexia um verdadeiro caldeirão cultural em ebulição, aguardando, podemos assim dizer, o momento certo para se tornar protagonista dos debates políticos e culturais. Neste sentido, quem encontra o povo, dando-lhe visibilidade como elemento central da brasilidade, é a pintora Tarsila do Amaral.

Em 1924, na companhia de amigos, como o francês Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral passa o carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa em Minas Gerais, em uma experiência que mudará seus paradigmas. Nas ruas de Madureira, em plena folia momesca, a pintora conheceu o coreto popular que reproduzia a Torre Eifell parisiense, uma construção idealizada pelo cenógrafo José Costa. Como num prenúncio do movimento Antropofágico, que surgiria alguns anos depois, a população suburbana se apropriou e ressignificou o símbolo francês, interpretando-o de forma carnavalizada. Esta é a inspiração para a obra “carnaval em Madureira”, também de 1924. A tela retrata esta mistura de elementos aparentemente destoantes, destacando, além da Torre e o carnaval, o morro, as pedras, as casinhas e, sobretudo, a população negra de Madureira. Assim, os modernistas alcançam a essência da brasilidade em suas obras. Finalmente, haviam descoberto o povo.

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De uma forma geral, podemos dizer que a obra de Tarsila do Amaral encontra a brasilidade em sua fase Pau-brasil, ou seja, após a experiência no carnaval carioca e no interior de Minas Gerais. É neste ponto que podemos estabelecer uma ponte que nos ajude a entender a presença desta brasilidade na obra da cantora Clara Nunes. Nascida no interior mineiro, em Paraopeba, numa região que, a partir de 1954, passou a ser o município de Caetanópolis, Clara teve uma infância tipicamente interiorana, vivenciando no dia a dia os folguedos populares. Seu pai, Manoel Pereira de Araújo, mais conhecido como Mané Serrador, participava de Folia de Reis. Ele morreu quando Clara ainda era uma criança de dois anos de idade, tão Jovem que não conseguiu registrar em sua mente nenhuma lembrança de seu progenitor, o que não a impediu de incorporar a herança cultural por ele deixada. Pouco depois, aos seis anos, a futura estrela perdeu também sua mãe, Amélia Gonçalves Nunes. Nada foi fácil para a jovem Clara, mas ela e seus irmãos mais velhos, que assumiram a responsabilidade de completar a criação da menina, perseveraram e superaram as muitas adversidades que surgiram. No dia em que completou quatorze anos de idade, ela ganhou como presente um emprego na fábrica de tecidos da cidade.

Fundada em 1872, a Fábrica de Tecidos Cedro & Cachoeira, a mais antiga de Minas Gerais e a segunda do país, era a principal fonte de emprego para os moradores da região. A própria chegada de seus pais ao então município de Paraopeba, anos antes de Clara nascer, foi motivada pela disponibilidade de uma vaga na unidade fabril. Praticamente todos os parentes de Clara trabalhavam nos teares da Cedro, o que também se estendia para os vizinhos e amigos. A lucratividade deste setor da economia estava em alta, de forma que, mesmo quando chegou a Belo Horizonte, com quinze anos, a futura estrela se sustentou exercendo a profissão que havia aprendido em sua cidade natal, trabalhando em outra fábrica de tecidos. Foi lá que Clara Nunes começou a trilhar o sonho de fazer sucesso cantando.

Como toda criança do interior mineiro, Clara teve uma forte educação católica, frequentando a igreja durante os rituais sagrados e festividades religiosas. Contudo, ela sempre teve a espiritualidade exacerbada, tendo seu primeiro contato com o Kardecismo ainda em Minas Gerais. Já no Rio de Janeiro, ela começa a frequentar terreiros de Umbanda, na verdade vários ao mesmo tempo, de diferentes vertentes religiosas, em diversas partes do Brasil. Ela ansiava por respostas espirituais para apaziguar suas incertezas diante dos problemas da vida cotidiana. Por intermédio de Pai Edu, de Olinda, Pernambuco, ela chegou a se assumir como filha de Oxum e Xangô, e, usando fios de conta dourados, passou a saudar a Rainha das águas doces. Todavia, na periferia do Rio de Janeiro, mais precisamente no alto do morro da Serrinha, na região de Madureira, Clara conhece Vovó Maria Joana. A identificação foi imediata. A presença da artista passaria a ser cada vez mais frequente naquele terreiro de Umbanda, sobretudo nas datas festivas. A velha mãe-de-santo não titubeou em afirmar: Clara era filha de Ogum com Iansã, promovendo uma nova reviravolta na vida espiritual da cantora. Nos anos seguintes, Clara continuou visitando outros pais e mães-de-santo, como Mãe Nitinha, no interior do Estado do Rio de Janeiro, mas jamais abandonou Vovó Maria Joana e o terreiro de Madureira.

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Não é exagero dizermos que o contato com Madureira, ou, mais precisamente, com o povo de Madureira, muda a vida de Clara Nunes. Após chegar ao Rio de Janeiro para tentar a sorte como cantora, ela custou a se afirmar no cenário musical. Durante anos, o risco de ver seu sonho se desintegrar na dura realidade do mercado fonográfico, assim como o de inúmeras meninas que tentam a sorte na cidade grande, era uma angustiante possibilidade. Praticamente ao longo de toda década de 1960, seu gênero musical característico permaneceu indefinido, enquanto ela flertava com a jovem guarda e participava ativamente dos festivais de canção, acumulando seguidos fracassos. Em mais uma tentativa, ela resolve investir no samba do morro, e, com o aval da gravadora, convida Adelzon Alves para assumir a produção de seu novo álbum.

Tendo como referência o sucesso de Carmem Miranda, Adelzon percebeu que era importante ir além dos aspectos musicais da cantora. Elaborado por Geraldo Sobreira, o novo visual de Clara inspirava-se nas vestes das religiões afro-brasileiras. A mineira passou a usar vestidos longos, rendas brancas, colares, fios de conta, pulseiras e turbantes, o que, no conjunto, seriam o equivalente aos “balangandãs” da pequena notável, mas construído a partir da imagem do “povo de Santo”. No tocante aos aspectos musicais, o “amigo da madrugada” leva Clara para conhecer as rodas de samba suburbanas, especialmente de Oswaldo Cruz e Madureira. Assim como os modernistas algumas décadas antes, é com o povo do subúrbio carioca que ela conhece a força da negritude. Em pouco tempo, torna-se amiga de compositores importantes, como Candeia, e, definitivamente, apaixona-se pela Portela.

Fundada em abril de 1923, o primeiro carnaval da história da Portela foi o de 1924, o mesmo em que Tarsila do Amaral visitou Madureira. Embora não haja registros, como centro das atividades carnavalescas de toda região, certamente nossos fundadores se fizeram presentes no coreto do bairro. Esses fundadores possuíam origens e histórias de vida distintas, alguns vindos das regiões centrais da cidade, fugindo das reformas urbanas, como foi o caso de Paulo da Portela, o mais famoso deles. Outros eram migrantes do interior do Estado do Rio ou de outras regiões do Sudeste, como Antônio Rufino dos Reis, natural do interior mineiro. Assim, nossa escola sempre foi uma genuína expressão desta brasilidade. Protegida por Santos e Orixás, o sincretismo sempre pulsou na mente e no coração de nossos componentes. A Portela, em suma, sempre reverberou a energia imanada por Clara Nunes. O enlace era inevitável.

Em 1972, Clara incluiu no álbum “Clara Clarice Clara”, o quinto de sua carreira, mas o primeiro produzido por Adelzon Alves, o samba-enredo Ilu Ayê, com o qual a Portela desfilou no carnaval daquele ano. O enredo, idealizado pelo amigo Candeia, juntamente com o Departamento Cultural da Portela, fazia uma bela exaltação à negritude. Nada mais adequado ao novo estilo que a artista pretendia emplacar. Nos anos seguintes, atendendo aos pedidos de Natal, Clara interpretou sambas-enredos na avenida. Foi o caso, por exemplo, do ano de 1975, em que a mineira cantou o empolgante “Macunaíma, herói de nossa gente”, de David Corrêa e Norival Reis, ao lado de Silvinho do Pandeiro e do próprio David. Em outras oportunidades, como na última vez em que brincou carnaval, em 1983, Clara foi apenas mais

122 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019 uma entre tantas portelenses, desfilando orgulhosa na avenida. Até hoje ela é exaltada como madrinha da Velha Guarda da Portela, ratificando os sólidos laços que unem a cantora e todos os segmentos de nossa escola. Após seu passamento, uma multidão de portelenses ocupou a cidade para saudá-la. A rua em que nossa quadra de ensaios está localizada passou a ser conhecida como “Rua Clara Nunes”, unindo para sempre a Águia e a Sabiá.

Sem dúvida, o símbolo mais forte desta união é a música “Portela na Avenida”, de Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte, sucesso na voz de Clara Nunes. Inspirada no altar que a cantora mantinha em casa para sua devoção pessoal, o manto azul de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, funde-se à bandeira da Portela e desfila sobre o altar do carnaval. Os sambistas são como fieis numa missa, fazem parte de uma procissão. A pomba branca do Espírito Santo se metamorfoseia na Águia altaneira. É feito uma reza. Um ritual. “Portela na Avenida” é uma síntese da devoção da Portela e de seus torcedores, mas também é um espelho da religiosidade da própria Clara Nunes. Mais que isso, é a brasilidade que pulsa tanto na alma da cantora quanto na dos portelenses. A música evoca a mais pura expressão do sincretismo, a maleabilidade da fé popular, a mistura de elementos aparentemente díspares, mas que ganham significado nas ruas de Madureira, como um dia, de forma perspicaz, Tarsila do Amaral percebeu. A vocação de Madureira para representar a brasilidade é eterna, assim como a obra plural de Clara Nunes se perpetuará através dos anos. E assim não importa o tempo, não importa quantas décadas se passaram, ou quantas ainda passarão. Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá.

Sinopse

A Portela vai apresentar no carnaval de 2019 uma homenagem à cantora Clara Nunes, ressaltando a diversidade e a atualidade de sua trajetória biográfica e seu vasto e plural repertório musical, constituído de sambas-canção, sambas-enredo, partidos-altos, marchas- rancho, forrós, xotes, afoxés, repentes e canções de influência dos pontos de umbanda e do candomblé. Para isso, pretende sair do lugar-comum das narrativas sobre sua vida ou de uma colagem de títulos de sua discografia. Nossa escola exalta a importância cultural de Madureira, das festas, terreiros e do contagiante carnaval popular, enfatizando a contribuição do bairro para a formação da identidade que caracterizou Clara Nunes: a brasilidade.

“O meu lugar, tem seus mitos e seres de luz. É bem perto de Oswaldo Cruz”*

Em 1924, no primeiro carnaval da Portela, fundada em abril do ano anterior, o coreto de Madureira, criado pelo cenógrafo José Costa, reproduzia a imponente Torre Eiffel. Visitando o bairro na companhia de alguns amigos, Tarsila do Amaral não apenas eternizou aquela imagem numa tela, como também mostrou para seus pares modernistas que as festas populares do nosso subúrbio incorporavam os mais diversos elementos culturais. Sem dúvida, Madureira sempre teve um ar moderno, como a própria trajetória de Clara Nunes,

123 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019 que parece ter emergido de uma obra modernista, como se fosse uma tela da Tarsila: a Mineira representa a mais plural expressão da brasilidade. Morena. Mestiça.

“Porque tem um sanfoneiro no canto da rua, fazendo floreio pra gente dançar, tem Zefa da Porcina fazendo renda e o ronco do fole sem parar”**

Clara nasceu no interior mineiro, num lugar que hoje se chama Caetanópolis. Ainda menina, trabalhou numa fábrica de tecidos para conseguir sobreviver, mas seu destino já estava traçado. Tinha como missão cantar o Brasil! Ao longo da infância, conheceu de perto as tradições culturais e as festas folclóricas interioranas, certamente recebendo influência de seu pai, Mané Serrador, mestre de canto de Folia de Reis e violeiro dos sertões das Gerais.

Sua brasilidade, como herança de sua origem, sempre valorizou a diversidade regional de nosso país. A voz de Clara fez ecoar os ritmos do povo, na saborosa confusão dos mercados populares, seja do nordeste ou de qualquer outro recanto desta nação.

Alçando voos mais ousados, Clara mudou-se para Belo Horizonte, onde participou de concursos, realizou os primeiros trabalhos artísticos e conquistou espaço nos meios de comunicação. Chegando ao Rio de Janeiro, seguiu fazendo sucesso e conheceu o misticismo que aflorava em Madureira, incorporando-o à sua identidade.

“Sou a Mineira Guerreira, filha de Ogum com Iansã”***

Até então, a artista cantava principalmente boleros e sambas-canções. Após ter contato com o ancestral universo afro-brasileiro de Madureira, a mineira se transformou igual ao céu quando muda de cor ao entardecer. E nunca mais foi a mesma: visitou os terreiros, quintais e morros de Oswaldo Cruz e Madureira, vestiu-se de branco, incorporou colares, turbantes e contas, cantou sambas e pontos de macumba. Seu repertório se expandiu. A imagem de Clara evocando os Orixás, irmanada ao povo de Santo, eternizou-se na memória de seus fãs. Ela se tornou a Guerreira que não temia quebrantos, dançando feliz pelas matas e bambuzais, sambando descalça nas areias da praia, unindo a essência negra de Angola ao subúrbio carioca. E assim, sua voz rapidamente se espalhou. Seu canto correu chão, cruzou o mar, foi levado pelo ar e alcançou as estrelas. Uma força da natureza que brilhou como um raio nos palcos e terreiros, iluminando o coração dos portelenses. Nada disso foi por acaso.

“Portela, sobre a tua bandeira esse divino manto. Tua Águia altaneira é o Espírito Santo no templo do samba”****

124 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Desde que foi fundada, a Portela tem uma presença significativa de elementos típicos do mundo rural, trazidos pelo povo simples do interior, sobretudo do interior de Minas Gerais, mesclados à negritude que vibrava em Madureira. Talvez tenha sido por isso que a identificação de Clara com a Portela foi imediata. Ela sempre ocupou posição de destaque nos desfiles, é madrinha da Velha Guarda e até puxou sambas-enredos na avenida. Ela e os portelenses, famosos e anônimos, sempre caminharam de mãos entrelaçadas, voando nas asas da Águia.

Um dia, inesperadamente ela partiu. Trinta e cinco anos se passaram desde então. A dor da saudade sempre reverberou no coração de todos, tornando-a uma estrela ainda mais cintilante.

Agora está na hora de a Guerreira reencontrar seu povo mestiço, para mais uma vez brilhar na avenida. Vestida com o manto azul e branco e a Águia a lhe guiar, voa minha Sabiá.

Até um dia!

Carnavalesca: Rosa Magalhães Sinopse: Fábio Pavão e Rogério Rodrigues

______* O Meu Lugar – Arlindo Cruz e Mauro Diniz ** Feira de Mangaio – Glorinha Gadelha e *** Guerreira – João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro **** Portela na Avenida – Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte

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JUSTIFICATIVA DO ENREDO

É cheiro de mato! É terra molhada! Lá vem trovoada! Em nossa “Comissão de frente”, as Guerreiras de Iansã abrem os caminhos da Portela. Elas se movimentam de forma ágil e determinada, convocando as energias da natureza. O barravento anuncia a essência da espiritualidade de Clara Nunes, manifestada a partir de sua “Orixá de cabeça”. “Sua filha voltou, minha mãe”. E assim, com as bênçãos de todos os Santos e guias, emanando o sincretismo tipicamente brasileiro, neste carnaval ouviremos novamente cantar a Sabiá.

A religiosidade afro-brasileira é marcante na obra de Clara Nunes. Sem dúvida, é um dos elementos que fazem esta mineira ser considerada uma das cantoras que mais bem retratou o povo brasileiro. O último álbum da carreira da artista, “Nação”, lançado em 1982, é uma autêntica exaltação da brasilidade que caracterizou a estrela, como podemos perceber pelo próprio título ou pela arte escolhida para a capa. No repertório, indo bem além do samba carioca, Clara visita diversos gêneros populares para exaltar a negritude e a vida simples do interior. Nosso “primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira”, em conjunto com os “Guardiões”, fazem referência à capa elaborada por Elifas Andreato, compondo um cenário mais amplo com o “carro Abre-alas”. Nele, os pássaros sobressaem na densa floresta tropical, entre troncos, galhos e flores coloridas. De fato, associar a natureza virgem à identidade brasileira, ou seja, como uma essência primeva da brasilidade, é algo que nos acompanha desde a formação de nosso país como Nação. No abre-alas da Portela, também se destacam sabiás e outras aves canoras, espalhadas pelas alegorias acopladas, e a nossa grande Águia altaneira, planando na Avenida Marquês de Sapucaí. Esta abertura de desfile, o primeiro setor da Portela para o carnaval de 2019, nós resumimos pelo nome de “Nação”, uma síntese da brasilidade da cantora Clara Nunes, exatamente em seu último álbum.

No segundo setor, a Portela mostra como a brasilidade, traço marcante para a identidade da cantora Clara Nunes, sempre esteve presente no subúrbio de Madureira. A referência que utilizamos é o universo retratado pela pintora Tarsila do Amaral. Em 1924, o quadro “Carnaval em Madureira” traz para as telas modernistas a presença do povo negro e suburbano. Juntamente com as paisagens de Minas Gerais, é o carnaval popular que faz aflorar a essência desta brasilidade nas obras da pintora. Assim, as primeiras alas da Portela retratam algumas fantasias típicas do carnaval de rua daquele ano, como “Pierrôs” (Ala 01), “Colombinas” (Ala 02), “Baianinhas e Malandros” (Ala 03) e “Palhaços” (Ala 04). Fundada em abril de 1923, o carnaval de 1924 é o primeiro da história da Portela, ainda como um bloco carnavalesco. Não há registros oficiais sobre a apresentação de nossa escola, mas, certamente, o coreto de Madureira fazia parte da rotina carnavalesca de nossos fundadores e primeiros sambistas, pois, com sua sempre inovadora arquitetura, aquela construção era o palco popular para onde convergiam os foliões suburbanos, atraindo as atenções de todos que habitavam ao seu redor. Esse fato é lembrado pela presença de nosso segundo casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, com uma fantasia que representa “O primeiro carnaval da Portela”.

126 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Durante muitos anos, a criação de uma tela que retratava uma Torre Eifell no coração do subúrbio carioca sempre intrigou aos críticos de arte. Contudo, hoje se sabe que não se tratava de uma divagação da mente criativa de Tarsila do Amaral. A pintora esteve em Madureira, acompanhada de amigos franceses, para ver a engenhosidade do povo suburbano e seu carnaval. A ala 05, “franceses em Madureira”, representa exatamente a presença dos franceses que acompanharam a pintora ao subúrbio em pleno carnaval. Contagiados pela folia suburbana, eles trajam cocares indígenas e roupas de marinheiro, entrando no clima da festa. Diante da Torre Eifell ressignificada pelos moradores da Zona Norte carioca, temos a certeza de que Madureira sempre foi um bairro verdadeiramente moderno. Na sequência, a ala “mulheres de Madureira” (Ala 06) remete às personagens retratadas no quadro, a representação da população local, negra e suburbana, pelos traços de Tarsila. Ela antecede à segunda alegoria, “Carnaval em Madureira”, que, reproduzindo a citada tela, promove um grande baile de carnaval com a presença de várias fantasias típicas da década de 1920. Nesta alegoria também estão os franceses que acompanharam a pintora, promovendo um verdadeiro choque entre culturas. Todo este setor compõe o que chamamos de “A brasilidade de Madureira”, mostrando que, de uma forma geral, o bairro contribuiu para que o movimento modernista definisse seus conceitos sobre a brasilidade, encontrando o povo negro, o carnaval e a capacidade popular de ressignificar o mundo ao seu redor. O que, como vamos ver mais adiante, muda a vida e a carreira da cantora Clara Nunes.

Desde a infância Clara Nunes incorporou elementos que compõe a brasilidade buscada pelos modernistas. Vale destacar que Tarsila do Amaral, além de pintar o carnaval e a população negra do subúrbio, também se inspirou no povo e nas paisagens do interior mineiro, mercados e feiras livres. A futura cantora nasceu em Paraopeba, em um distrito chamado de Cedro. Um lugar que, emancipado em 1º de Janeiro de 1954, passou a ser o município de Caetanópolis. As festas populares típicas do interior de Minas Gerais, folguedos que influenciaram Clara Nunes ao longo de toda sua vida, estão representadas pelas alas 07, 08, 10 e 11, respectivamente, “Folia de Reis”, “Burrinhas”, “Congada” e “Pastorinhas”. A mesma temática é abordada pelo terceiro casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira e pela ala 09, esta última reunindo nossos Compositores e o Departamento Feminino. Eles representam os “cantadores mineiros”, figuras importantes para o folclore local. O próprio pai de Clara, Mané Serrador, foi mestre de canto numa Folia de Reis. Foram nestas festas, sincréticas em sua essência, que Clara Nunes teve seu primeiro contato com a miscigenação cultural entre as três raças que compõem o povo brasileiro.

Na sequência, com a presença de um tripé, o grupo “Operárias”, complementado pela ala 12, “Tecelagem”, fazem referência ao primeiro emprego de Clara Nunes, ainda uma menina de 14 anos, que labutou numa fábrica de tecidos. Por sinal, esta fábrica, a Companhia Cedro & Cachoeira, surgida em 1872, era a principal fonte de emprego e renda da região. Seu pai havia nela trabalhado como marceneiro, e, de certa forma, este era o destino de todo jovem morador daquele pequeno munícipio. Todavia, os sonhos de Clara eram bem maiores. Os sonhos e a fé. Ao longo de sua infância e adolescência, ela recebeu grande influência da religiosidade católica, que tem fortes raízes no interior mineiro. Isso é retratado pelas alas 13 e 14, respectivamente, “Folia do Divino” e “Sagrado Coração”, e pela terceira alegoria, que,

127 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019 destacando o contraste entre a riqueza do barraco e a simplicidade das capelas, exalta a religiosidade do interior mineiro e sua influência sobre a artista. Todo este setor compõe o que chamamos de “A brasilidade mineira”, em que Clara Nunes, ainda jovem, incorporou a essência das tradições culturais populares e a religiosidade católica, aspectos fundamentais para sua identificação com o povo e a formação de sua brasilidade.

Com as bênçãos de Oxalá, o “pai de todos os Orixás”, representado pela ala 15, a Portela começa a mostrar a influência da religiosidade afro-brasileira sobre Clara Nunes. Após seguidos fracassos, Clara, tendo Adelzon Alves como produtor, investe na musicalidade do povo negro do subúrbio. Juntamente com um novo repertório, a mineira incorpora em seu visual elementos dos trajes usados pelo “povo de santo”, o que, aos poucos, passariam a compor a imagem da cantora que ficou eternizada na memória dos brasileiros: vestidos brancos, fios de conta, conchas e diversos outros elementos culturais afro-brasileiros. As alas 16 (Baianas) e 17, respectivamente, Yalorixás e Ekedis, mostram as duas principais figuras femininas em um terreiro, cujas vestimentas tradicionais inspiraram as criações de Geraldo Sobreira, estilista responsável pelo visual que Clara Nunes passaria a adotar. As Yalorixás, também conhecidas como Mães-de-Santo, são as sacerdotisas dos terreiros, e, entre outras funções espirituais, guiam a vida de seus filhos e filhas, orientando os caminhos a serem seguidos. As Ekedis, “zeladoras dos Orixás”, precisam atender as necessidades das entidades, por isso não entram em transe.

Ao longo de sua vida, Clara Nunes frequentou diversos terreiros, nas mais variadas partes do Brasil. Em Olinda, Pai Edu afirmou que a mineira era filha de Oxum com Xangô. Clara mudou sua forma de devoção, passando a usar fios de conta dourados e a entoar saudações para a Deusa das águas doces. Nossos passistas (ala 18) rendem homenagem exatamente a Oxum, Orixá associada à beleza e ao amor, que também ocupa o posto de protetora da Portela. Eles são seguidos pela ala 19, a nossa bateria, representando o Ijexá, ritmo que marca o toque festivo para Oxum nos carnavais de rua. Decerto, para muito além das festividades do “povo de santo”, Clara Nunes ajudou a tornar o Ijexá um ritmo conhecido, transformando-o em canções de enorme sucesso.

De todos os sacerdotes que influenciaram espiritualmente Clara Nunes, seguramente a mais representativa foi Vovó Maria Joana, do morro da Serrinha. Em seu álbum “Brasil mestiço”, lançado em 1980, a arte que ilustra a capa traz a cantora sobre o chão de terra batida do terreiro de Madureira, ao lado da líder espiritual e do “povo de santo”. É esta velha senhora, do alto de sua sabedoria, que confirma para Clara a devoção a Ogum e Iansã, seus “Orixás de cabeça”. Até o final de sua vida, esta foi uma das mais fortes marcas da artista. Ogum, Senhor da guerra, da agricultura e da metalurgia. Iansã, ou Oyá, Senhora dos ventos e das tempestades, valente e de temperamento forte. Em nosso desfile, eles são representados, respectivamente, pelas alas 20 e 21. Na sequência, nossa quarta alegoria, “Conto de areia”, destaca Oxalá, o pai de todos, no alto como destaque central. Em sua volta, trazemos oito Orixás do panteão africano: Ogum, Xangô, Oxossi, Omulu, Nanã, Yemanjá, Oxum e Iansã. Eles representam a força da religiosidade afro-brasileira não apenas para a construção da identidade visual e o repertório artístico de Clara Nunes, mas para a vida da cantora. Em

128 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019 nosso desfile, todo este setor compõe o que definimos como “A brasilidade de raiz africana”, a mais forte identificação entre Clara Nunes e a negritude, a fé compartilhada junto ao povo de Madureira.

Em suas idas e vindas a Madureira, criando laços de amizade e participando de várias rodas de samba em quintais, Clara Nunes se apaixona pela Portela. Ela gravou sambas-enredos que nossa escola levou para a avenida, cantou ao lado dos intérpretes oficiais, e, muitas vezes, foi apenas mais uma portelense desfilando feliz, despreocupada, brincando carnaval e lutando pela conquista do campeonato. Destacando os motivos africanos, a ala 22, “Ilu- Ayê”, assim como o grupo “Africanos”, que vem na sequência, fazem referência ao carnaval da Portela de 1972, cujo enredo foi desenvolvido por Candeia e pelo Departamento Cultural. O desfile foi uma homenagem à força da negritude, sendo o samba-enredo, composto por Cabana e Norival Reis, incluído pela cantora no álbum “Clara Clarice Clara”, lançado no mesmo ano. Trazendo motivos Indígenas, a ala 23, “Macunaíma, herói de nossa gente”, faz referência ao carnaval de 1975 da Portela, em que a cantora interpretou o samba-enredo na avenida. A ala 24, “Ressurreição das coroas – reisado, reino e reinado”, faz referência ao desfile de 1983, última aparição de Clara no carnaval. Na sequência, nossa Galeria da Velha Guarda (Ala 25) desfila prestando homenagem a sua eterna madrinha, ratificando os laços que os unirão para sempre.

E quando de repente, num breve instante inesperado, a Sabiá alçou voo rumo ao infinito, um verdadeiro “mar azul portelense” tomou as ruas da cidade em forma de devoção, o que é representado pela ala 26. Clara Nunes deixou o plano terreno e virou mais uma estrela, representada pela ala 27, “Onde canta a Sabiá”. Na vastidão da eternidade, será mais um corpo brilhante na “Constelação Portelense” (ala 28), que faz alusão aos grandes nomes de nossa escola que para sempre estarão em nossa memória.

Por fim, nossa quinta alegoria é uma homenagem ao altar sincrético que Clara Nunes mantinha em sua casa, o que serviu de inspiração para o samba “Portela na Avenida”, de Paulo Cesar Pinheiro, marido da cantora, e Mauro Duarte. O manto azul de Nossa Senhora Aparecida simbolicamente se une à bandeira da Portela, na forma de devoção popular. A Águia altaneira e o Divino Espírito Santo se tornam um só. As fronteiras entre “sagrado” e o “profano” se misturam, como foi ao longo de toda vida de Clara. Nas laterais, estão os componentes da Velha Guarda show e da Galeria da Velha Guarda, pastores que defendem as cores da Portela. No Centro, os “amigos de Clara Nunes”, pessoas importantes para a história da cantora, ao lado de sambistas que seguiram os passos da artista. É a procissão do samba, que reúne gente da cidade e da favela, encerrando o desfile da majestade do samba. A Sabiá partiu em direção as estrelas, onde continuará eternamente a nos iluminar. Todo este último setor, intitulado “Portela, sob a sua bandeira o divino manto”, apresenta a forte relação entre Clara Nunes e a Portela, uma devoção mútua que se perpetuará através dos anos. A Sabiá será eterna na memória do povo de Madureira, que para sempre a ouvirá cantar.

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ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR - NAÇÃO

Comissão de Frente RITUAL DO ENTARDECER (com elemento cenográfico)

Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira A EXUBERÂNCIA DAS AVES TROPICAIS

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Marlon Lamar e Lucinha Nobre SERES DE LUZ

Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira A EXUBERÂNCIA DAS AVES TROPICAIS

Alegoria 01 – Abre-Alas AS FORÇAS DA NATUREZA

2º SETOR – A BRASILIDADE DE MADUREIRA

Ala 01 – Comunidade 01 PIERRÔS

Ala 02 – Comunidade 02 COLOMBINAS

Ala 03 – Comunidade 03 BAIANINHAS E MALANDROS

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Yuri Souza e Camylla Nascimento O PRIMEIRO CARNAVAL DA PORTELA

Ala 04 – Comunidade 04 PALHAÇOS 130 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Ala 05 – Comunidade 05 FRANCESES EM MADUREIRA

Ala 06 – Comunidade 06 MULHERES DE MADUREIRA

Alegoria 02 CARANAVAL EM MADUREIRA

3º SETOR – A BRASILIDADE MINEIRA

Ala 07 – Explode Coração FOLIA DE REIS

3º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Emanuel Lima e Rosilaine Queiroz FESTAS FOLCLÓRICAS DE MINAS

Ala 08 – Comunidade 07 BURRINHA

Ala 09 – Departamento Feminino e Compositores CANTADORES MINEIROS

Ala 10 – Amor e Paz CONGADA

Ala 11 – Damas da Dodô PASTORINHAS

Tripé TECELAGEM Grupo Operárias OPERÁRIAS

Ala 12 – Coreografada 01 TECELAGEM

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Ala 13 – Comunidade 08 FOLIA DO DIVINO

Ala 14 – Comunidade 09 SAGRADO CORAÇÃO

Alegoria 03 MINAS DE TODOS OS SANTOS

4º SETOR – A BRASILIDADE DE RAÍZ AFRICANA

Ala 15 – Águia na Folia OXALÁ

Ala 16 – Baianas YALORIXÁS

Ala 17 – Feijão da Vicentina EKEDIS

Ala 18 – Passistas OXUM

Rainha de Bateria Bianca Monteiro OYÁ ONIRA

Ala 19 – Bateria IJEXÁ

Ala 20 – Sambart OGUM

Ala 21 – Impossíveis YANSÃ

Alegoria 04 CONTO DE AREIA

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5º SETOR – PORTELA, SOB SUA BANDEIRA O DIVINO MANTO

Ala 22 – Raízes da Portela ILU-AYÊ

Grupo Africanos AFRICANOS

Ala 23 – Comunidade 10 MACUNAÍMA, HERÓI DE NOSSA GENTE

Ala 24 – Mocotó RESSURREIÇÃO DAS COROAS – REISADO, REINO E REINADO

Ala 25 – Velha-Guarda ALMA E CORAÇÃO PORTELENSE

Ala 26 – Comunidade 11 MAR AZUL PORTELENSE

Ala 27 – Comunidade 12 ONDE CANTA A SABIÁ

Ala 28 – Comunidade 13 CONSTELAÇÃO PORTELENSE

Alegoria 05 ALTAR DO SAMBA

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Rosa Magalhães Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 AS FORÇAS DA NATUREZA Inspirada na capa do LP “Nação”, produzida por Elifas Andreato, esta alegoria remete à essência da brasilidade: o paraíso verde que encantou os colonizadores e sempre caracterizou nosso país, sobretudo diante dos olhares estrangeiros. As flores e a vegetação reproduzem uma floresta tropical repleta de araras, sabiás e outras aves canoras. A densa vegetação é completada pelas “composições coreografadas”, que fazem a mata ganhar vida. No alto, de forma * Esse é o desenho artístico do imponente, nossa Águia surge planando sobre a croqui original e serve apenas alegoria. como referência, pois foram realizadas modificações de estética e de cor na execução da Alegoria. Destaque Central: Carlos Reis Fantasia: O Canto da Natureza

Semidestaques: Monarco e Surica Fantasia: Raízes da Portela

Semidestaque (frontal direito): Shaiene Cezário Fantasia: As Cores da Mata

Semidestaque (frontal Esquerdo): Maria Alice Alves Fantasia: Florescer da Natureza

Semidestaque (Traseiro Esquerdo): Adriana Santos Fantasia: Flora Tropical

Semidestaque (Traseiro Direito): Maria Fernanda Fantasia: Natureza Exuberante

Composições: Seres das Matas

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Rosa Magalhães Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 CARNAVAL EM A alegoria reproduz a tela “Carnaval em Madureira”, MADUREIRA de Tarsila do Amaral. Com ênfase no carnaval da população suburbana, é com este trabalho que a pintora modernista encontrou o povo e a brasilidade. Em destaque, a imponente Torre Eiffel que, inspirada na criatividade popular, Tarsila reproduziu em sua obra. Deste quadro, também destacamos o morro, as casinhas e as pedras do morro de São José, um dos símbolos da região. Como originalmente a tela reproduzia um coreto, as composições representam figuras típicas do carnaval de rua, em especial da década de 1920, que promovem * Esse é o desenho artístico do um grande baile popular. A alegoria também ressalta a croqui original e serve apenas excentricidade promovida não apenas pela construção como referência, pois foram de uma Torre Eiffel em pleno subúrbio carioca, mas realizadas modificações de estética pelo choque de culturas gerado pela presença dos e de cor na execução da Alegoria. franceses que acompanharam Tarsila do Amaral na visita ao bairro, em 1924. Misturando elementos carnavalescos com a moda da Paris moderna, eles ocupam os veículos que compõem o corso e a frente da alegoria, completando o cenário da “moderníssima Madureira”. No fundo, existem referências a outras telas de Tarsila associadas ao movimento Pau-brasil, como o “Vendedor de frutas” , “a feira” e “a Feira II”, numa explosão de cores típicas desta fase da artista paulista.

Destaque Central: Carlos Ribeiro Fantasia: Arlequim

Destaque lateral Direito: Pipa Brasey Fantasia: Folia de Madureira

Destaque lateral Esquerdo: Lindalva Fantasia: Amor de Carnaval

Composições: Foliões do Mundo Inteiro

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Rosa Magalhães Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Tripé Interagindo com o grupo “Operárias”, este tripé faz referência ao primeiro emprego da jovem Clara TECELAGEM Nunes, como operária numa fábrica de tecidos da região onde nasceu. Os componentes desfilam como se manuseassem os teares sob as bobinas de linha, compondo os instrumentos que fizeram parte do ofício da futura artista.

Destaque lateral direito: Paulo Brito Fantasia: A Arte de Tecer

Destaque lateral esquerdo: Wagner Mendes

Fantasia: Fios e Tramas * Esse é o desenho artístico do croqui original e serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de estética e de cor na execução da Alegoria.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Rosa Magalhães Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 MINAS DE TODOS OS Nascida em Paraopeba, numa região que hoje é o SANTOS município de Caetanópolis, Clara Nunes sempre teve contato com a brasilidade do interior mineiro. Esta alegoria ressalta a religiosidade católica, que, mesclada às tradições populares, exerceu grande influência sobre a futura artista. O tradicional barroco, riqueza que faz as igrejas mineiras serem conhecidas no mundo inteiro, destaca-se em volta de uma típica igreja interiorana. As composições nas escadarias, aos pés da igrejinha, lembram o povo simples do interior. As composições nas laterais e no alto representam a * Esse é o desenho artístico do religiosidade. croqui original e serve apenas como referência, pois foram Destaque Central alto: Rosane Figueiredo realizadas modificações de estética Fantasia: Arte Sacra e de cor na execução da Alegoria. Destaque Central baixo: Marsília Lopes Fantasia: A Religiosidade Mineira

Destaque lateral direito: Ricardo Guedes Fantasia: Arcanjo Gabriel

Destaque lateral Esquerdo: Alan Taillard Fantasia: Arcanjo Miguel

Destaque frontal esquerdo: Glória Pires Fantasia: Amélia Gonçalves Nunes (Mãe de Clara Nunes)

Destaque frontal direito: Orlando Morais Fantasia: Mané Serrador (Pai de Clara Nunes)

Composições no interior do carro: Povo do Interior

Composições laterais e no alto: Imagens da Fé

137 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Rosa Magalhães Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 CONTO DE AREIA A religiosidade afro-brasileira sempre foi uma das características marcantes de Clara Nunes. Esta alegoria, que traz Oxalá como destaque principal, apresenta outros oito Orixás do panteão africano: Ogum, Oxossi, Xangô, Omulu, Nanã, Oxum, Yemanjá e Yansã. Cada um destes Orixás está associado ao seu animal específico, que sobressai entre os búzios e outros elementos que remetem à cultura africana.

Na frente e atrás da alegoria, as estátuas e a arquitetura * Esse é o desenho artístico do remetem a elementos culturais africanos. As croqui original e serve apenas composições, espalhadas pela alegoria e nos “queijos” como referência, pois foram laterais, são Iaôs. realizadas modificações de estética e de cor na execução da Alegoria. Destaque Central alto: Nil de Yomonjá Fantasia: Oxalá

Semidestaque frente: Teba Fantasia: Magia Africana

Semidestaques centro: Orixás (Ogum, Oxossi, Xangô, Omolu, Nanã, Oxum, Yemanjá e Yansã

Composições: Iaôs

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Rosa Magalhães Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 ALTAR DO SAMBA A música “Portela na Avenida”, de Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte, sucesso na voz de Clara Nunes, foi inspirada no altar que a cantora mantinha em casa para praticar sua devoção pessoal. Uma Santa negra com seu manto azul, uma Águia tão sagrada quanto o Divino Espírito Santo, as estrelas do céu encontrando as conchas do mar. Tudo isso é a cara da Portela, de Clara Nunes e do Brasil. É a própria essência sincrética e miscigenada da brasilidade. Nossa última alegoria faz referência a este altar pessoal da artista. Elementos católicos e afro-brasileiros se misturam, pois, para o povo, assim como para Clara, essas distinções são * Esse é o desenho artístico do bem menos rígidas do que para as teologias oficiais. O croqui original e serve apenas manto de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e o da como referência, pois foram Portela simbolicamente se misturam, sob as benções de realizadas modificações de estética nossa Velha Guarda. Na frente, os amigos de Clara Nunes e de cor na execução da Alegoria. reverenciam a grande homenageada, que retorna para mais uma vez encantar a avenida.

Destaque Central Baixo: Yolanda Bastos Fantasia: Clara Nunes

Semidestaques laterais baixos: Paulinho da Viola e - Fantasia: Estrelas da Portela

Destaque Central alto: Rogéria Meneguel Fantasia: Brilho das Estrelas

Destaque lateral direito: Neide Chaves Fantasia: Simbologia das Conchas

Destaque lateral Esquerdo: Carlos Martins Fantasia: A Magia do Mar

Semidestaque Esquerdo: Eliane Fantasia: Mistério do Mar

Semidestaque direito: Geruza Fantasia: O Canto das Ondas

Composições: Sincretismo

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01

Carlos Reis (Central) Hair Stylist Fantasia: O Canto da Natureza

Monarco e Surica (semidestaques) Músicos Fantasia: Raízes da Portela

Shaiene Cezário (Semidestaque frontal direito) Modelo Fantasia: As Cores da Mata

Maria Alice Alves (Semidestaque frontal esquerdo) Veterinária Fantasia: Florescer da Natureza

Adriana Santos (Semidestaque traseiro esquerdo) Empresária Fantasia: Flora Tropical

Maria Fernanda (Semidestaque traseiro direito) Advogada Fantasia: Natureza Exuberante

Alegoria 02

Carlos Ribeiro (Central) Advogado Fantasia: Arlequim

Pipa Brasey (Lateral direito) Cantora Fantasia: Folia de Madureira

Lindalva (Lateral esquerdo) Professora Fantasia: Amor de Carnaval

Tripé: Tecelagem

Paulo Brito (Direita) Empresário Fantasia – A Arte de Tecer

Wagner Mendes (Esquerda) Empresário Fantasia: Fios e Tramas

140 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 03

Rosane Figueiredo (Central alto) Atriz Fantasia: Arte Sacra

Marsília Lopes (Central Baixo) Aposentada Fantasia: A Religiosidade Mineira

Ricardo Guedes (Lateral direito) Empresário Fantasia: Arcanjo Gabriel

Alan Taillard (Lateral esquerdo) Empresário Fantasia: Arcanjo Miguel

Glória Pires (Destaque frontal esquerdo) Atriz Fantasia: Amélia Gonçalves Nunes (Mãe de Clara Nunes)

Orlando Morais (Destaque frontal direito) Músico Fantasia: Mané Serrador (Pai de Clara Nunes)

Alegoria 04

Nil de Yomonjá (Central) Pai de Santo Fantasia: Oxalá

Teba (Semidestaque frente) Modelo Fantasia: Magia Africana

Alegoria 05

Yolanda Bastos (Central baixo) Atriz Fantasia: Clara Nunes

Paulinho da Viola e Marisa Montes Músicos (laterais frontais) Fantasias: Estrelas Portelenses

141 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 05 (Continuação)

Rogéria Meneguel (Central alto) Ator Fantasia: O Brilho das Estrelas

Neide Chaves (Lateral direito) Autônoma Fantasia: Simbologia das Conchas

Carlos Martins (Lateral esquerdo) Cabelereiro Fantasia: A Magia do Mar

Eliane (Semidestaque esquerdo) Empresária Fantasia: O Mistério do Mar

Geruza (Semidestaque direito) Empresária Fantasia: O Canto das Ondas

Local do Barracão Rua Rivadávia Corrêa, 60. Galpão 06 – Cidade do Samba Diretor Responsável pelo Barracão Higor Machado Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe Roberto Romário Fábio Cristiano Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe Jucelino, Andrea e Glinston Gilmar Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Mario Sérgio Cal Outros Profissionais e Respectivas Funções

Luis - Borracheiro Mauro - Geradores Nino - Fibra e Empastelação Sandro - Vidraceiro Thiago - Decoração Alex - Espuma Carlos Henrique - Placas Serginho - Equipe de Motoristas João Batista e Dani Cavanellas - Coreógrafos do Carro 01

Diretores de carro: Elisa Fernandes, Val Gomes, Ricardo Costa, Luciano, Fábio Loyo e Elisabeth Sá.

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Rosa Magalhães D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

* A Exuberância Protetores do primeiro casal de Guardiões do Camille Salles das Aves mestre-sala e porta-bandeira, os 1º Casal e Tropicais guardiões fazem alusão à capa do Mestre-Sala e álbum Nação, último da carreira de Porta-Bandeira Clara Nunes, que inspira o primeiro (2018) setor da Portela em 2019.

01 Pierrôs Fazendo alusão à folia de Madureira Comunidade Departamento que inspirou Tarsila do Amaral, a 01 de Harmonia fantasia de pierrô era uma das mais (2002) tradicionais no carnaval de 1924. Os desenhos nas estampas remetem à padronização daquela década.

02 Colombinas Assim como os pierrôs, as Comunidade Departamento tradicionais colombinas enfeitavam 02 de Harmonia as ruas da cidade nos carnavais da (2002) década de 1920.

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Fantasias

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03 Baianinhas e Nesta ala, que reúne nossos Comunidade Departamento Malandros cadeirantes e demais portadores de 03 de Harmonia necessidades especiais, fazemos (2002) referência aos Malandros e Baianinhas, tradicionais figuras dos carnavais da década de 1920, em especial na região de Madureira.

04 Palhaços Com estampas que remetem à Comunidade Departamento década de 1920, os coloridos 04 de Harmonia palhaços eram figuras sempre (2002) presentes nos carnavais de rua daquele tempo.

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05 Franceses em O encontro do europeu com o Comunidade Departamento Madureira carnaval carioca, tal qual acontece 05 de Harmonia nos dias de hoje, promove um (2002) choque de culturas bastante peculiar. Na visão da Portela, os franceses que acompanharam Tarsila do Amaral até Madureira são contagiados pela alegria suburbana, integrando-se à folia usando roupas de marinheiro e cocares indígenas.

06 Mulheres de No quadro “Carnaval em Comunidade Departamento Madureira Madureira”, de 1924, em que 06 de Harmonia Tarsila eleva o povo suburbano à (2002) condição de elemento central nas discussões sobre a brasilidade, os personagens femininos são representados de maneira singular. Com cinco cores diferentes, esta fantasia faz referência às mulheres retratadas pela pintora modernista.

* Fantasia em cinco cores diferentes: amarelo, rosa, azul, vermelho e verde.

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07 Folia de Reis Nascida no interior mineiro, desde a Explode Egídio Cruz infância a jovem Clara Nunes viveu Coração intensamente a brasilidade que (1972) pulsava das expressões populares de sua região. Esta ala faz referência a Folia de Reis, com as fitas, estandarte e máscaras remetendo à vestimenta tradicional desta manifestação folclórica.

08 Burrinha Tendo origem nas Cavalhadas, as Comunidade Departamento brincadeiras de Burrinha eram 07 de Harmonia comuns no interior do Estado de (2002) Minas Gerais. Esta fantasia faz referência a este folguedo popular.

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09 Cantadores Nas manifestações folclóricas do Departamento Aldaleia Rosa Mineiros interior de Minas Gerais, os Feminino / Negra, Jane cantadores populares tinham papel Compositores Garrido, de destaque. O pai de Clara Nunes, (1932) Walter Alverca Mané Serrador, exerceu este papel e Arlindo numa Folia de Reis. Esta ala, que Matias reúne o Departamento Feminino e os compositores da Portela, retrata os “cantadores mineiros”.

10 Congada Representando outra manifestação Amor e Paz Rosane importante do folclore popular (2014) Figueiredo mineiro, esta fantasia, com destaque para as coroas e fitas, remete a Congada, expressão cultural comum na região de Caetanópolis. Clara, inclusive, gravou uma canção que faz referência a este folguedo, uma composição de Romildo e Toninho Nascimento.

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11 Pastorinhas Neste carnaval de 2019, a Damas do Departamento tradicional ala das Damas da Dodô de Harmonia Portela, um dos orgulhos da eterna (1966) Dona Dodô, representa as “Pastorinhas”, manifestação folclórica famosa do interior mineiro, especialmente em Caetanópolis, que ocupam as ruas da cidade no período de festejos natalinos.

* Operárias Interagindo com o “tripé Grupo João Batista e tecelagem”, este grupo encena, no Operárias Dani vai e vem dos teares, o trabalho das (2018) Canavellas operárias da fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, primeiro emprego de Clara Nunes, aos 14 anos de idade, ainda em Caetanópolis.

12 Tecelagem Destacando os fios e as bobinas de Coreografada João Batista e tecido, esta fantasia também faz 01 Dani referência à fábrica de tecidos que (2018) Canavellas Clara Nunes, e, na verdade, grande parte de seus parentes e vizinhos, trabalhavam. Mais tarde, já em Belo Horizonte, a futura estrela vai continuar a trabalhar numa fábrica de tecidos para manter-se na capital mineira, enquanto sonhava fazer sucesso como cantora.

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Fantasias

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13 Folia do Divino Fazendo referência à influência do Comunidade Departamento catolicismo sobre a jovem Clara 08 de Harmonia Nunes, a fantasia, numa alusão à (2002) riqueza do barroco, ressalta uma das festas mais tradicionais do interior mineiro. Destaque para a Pomba branca do Divino Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

14 Sagrado Coração Tradicional solenidade católica, Comunidade Departamento cultuada no dia seguinte ao Corpus 09 de Harmonia Christi e nas primeiras sextas-feiras (2002) de cada mês, a fantasia faz referência à riqueza do barroco no interior mineiro, com destaque para a figura do Santo e o Sagrado Coração como se estivesse entalhado na madeira.

15 Oxalá O Orixá maior, associado à criação Água na Folia Renata do mundo e dos seres humanos, (1997) Vasconcelos abre o setor da brasilidade que herdamos de nossas raízes africanas. Sincretizado com Jesus Cristo na tradição popular, suas imponentes vestes brancas tem como destaque a pomba no alto da cabeça.

149 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Fantasias

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16 Yalorixás Nossa tradicional ala das baianas faz Baianas Jane Carla referência às mães-de-santo, a líder (1932) espiritual nos terreiros de Umbanda e Candomblé. De todas as Yalorixás que influenciaram Clara Nunes, a mais representativa foi Vovó Maria Joana, do morro da Serrinha, em Madureira.

17 Ekedis A tradicional ala “Feijão da Feijão da Tia Surica Vicentina”, sob o comando de Tia Vicentina Surica, representa as Ekedes. São (2005) elas que cuidam das necessidades das entidades, por isso não entram em transe. Quando Clara Nunes resolve direcionar sua carreira para cantar os ritmos musicais de origem africana, seu visual foi inspirado nas vestes do “povo de santo”.

18 Oxum Exibindo a riqueza da Orixá Passistas Nilce Fran associada ao amor, a ala de passistas (1932) da Portela, com suas vestes douradas, representa Oxum, a protetora da Portela. Durante um momento de sua vida, Clara Nunes adorou a Rainha das Águas Doces como sua mãe.

150 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Fantasias

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19 Ijexá Batendo forte em seus tambores, a Bateria Nilo Sérgio bateria da Portela, comandada por (1932) Mestre Nilo Sérgio, representa o Ijexá, ritmo festivo dedicado a Oxum. Para além da religiosidade afro-brasileira, Clara Nunes gravou este gênero musical e ajudou a torná-lo popular em todo Brasil.

20 Ogum Orixá Guerreiro, especialmente Sambart Jerônimo importante por ser o protetor da (1988) Patrocínio cantora Clara Nunes, caracterizado pela cor azul. Entre suas ferramentas destaca-se a espada, forjada por ele próprio, uma vez que Ogum é também o senhor do ferro. A tradicional ala sambart encena sua dança na avenida.

21 Yansã Yansã, ou Oya, é a senhora dos Impossíveis Nilce Fran ventos e das tempestades, (2018) conhecida por seu temperamento forte, um dos “Orixás de cabeça” de Clara Nunes. No Candomblé, suas cores são o vermelho e o marrom. A ala dos impossíveis encena sua dança na avenida.

151 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Fantasias

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22 Ilu-Ayê Em suas idas e vindas até Raízes da Luciano Luck Madureira, Clara Nunes encontrou a Portela Portela. Com motivos africanos, esta (1995) fantasia faz referência ao carnaval de 1972 de nossa escola, Ilu-aiê, cujo samba ela gravou em um de seus álbuns.

* Africanos Ainda fazendo referência ao Grupo Departamento carnaval da Portela de 1972, este Africanos de Harmonia grupo destaca as ráfias e os totens (2002) africanos, que marcaram visualmente aquele desfile.

23 Macunaíma, Com motivos indígenas, esta Comunidade Departamento Herói de Nossa fantasia faz referência ao carnaval 10 de Harmonia Gente da Portela de 1975, “Macunaíma, (2002) herói de nossa gente”, em que, ao lado do compositor David Corrêa, Clara Nunes interpretou o samba na avenida.

152 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Fantasias

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24 Ressurreição das Com uma coroa em destaque, esta Mocotó Sergio Santana Coroas – fantasia faz referência ao carnaval (1972) Reisado, Reino e de 1983 da Portela, “Ressurreição Reinado das coroas – reisado, reino e reinado”, que marcou o último desfile de Clara Nunes. Um trabalho inesquecível de Edmundo Braga e Paulino Espírito Santo.

25 Alma e Coração Guardiões da memória portelense, Velha-Guarda Roberto Portelense nossos Velhas Guardas hoje (1932) Camargo desfilam reverenciando sua eterna madrinha Clara Nunes.

153 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

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26 Mar azul Um dia, de maneira inesperada, o Comunidade Departamento Portelense menino Deus chamou Clara Nunes. 11 de Harmonia Para reverenciar a artista, um “mar (2002) de portelenses” tomou as ruas da cidade. Até hoje, a relação entre a artista e os torcedores de nossa escola é de devoção. A fantasia é inspirada no trabalho de Viriato Ferreira, em 1981, ano em que a Portela levou para a avenida o enredo “Das maravilhas do mar fez- se o esplendor de uma noite”.

27 Onde Canta a Mirando à eternidade, a sabiá alçou Comunidade Departamento Sabiá voo rumo ao infinito, tornando-se 12 de Harmonia uma estrela cintilante. (2002)

28 Constelação “Nossas estrelas no Céu estão em Comunidade Departamento Portelense festa”, diz o nosso samba para 2019. 13 de Harmonia O firmamento azul e branco está (2002) repleto de estrelas. São portelenses que brilharam intensamente em vida, e, em algum lugar na vastidão do espaço, continuam a nos iluminar. Clara Nunes hoje é um dos mais brilhantes astros desta constelação.

154 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier Rua Rivadávia Correa, 60 – Barracão 06 – 4º andar Diretor Responsável pelo Atelier Nívea Martini e Alessandra Cadore Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Vânia Luciano Costa Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Luciano Costa, Vera, Proença, Paulinha, Washington Rogério, Robinho, Wagner, Luis Claudio, Luis Cavalcanti, Luciano Almeida e Anthony Outros Profissionais e Respectivas Funções

Vitor - Vime Almir e Junior - Arame Carlos Henrique - Placas Gilmar e Gilberto - Sublimação Guilherme - Sapato Guilherme Camilo - Maquiagem Alex - Espuma Gilmar - Pintura Devilson - Corte

Outras informações julgadas necessárias

As imagens dos croquis reproduzidas nas fichas são originais e servem apenas como referência, pois foram realizadas modificações na execução das fantasias, de acordo com materiais disponíveis no mercado.

155 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Jorge do Batuke, Valtinho Botafogo, Rogério Lobo, Beto Aquino, Enredo Claudinho Oliveira, José Carlos, Zé Miranda, D´Souza e Araguaci Presidente da Ala dos Compositores Jane Garrido, Valter Alverca e Arlindão Matias Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 100 Noca da Portela Thiago na Fé (cem) 86 anos 26 anos Outras informações julgadas necessárias

Axé... sou eu Mestiça, morena de Angola, sou eu No palco, no meio da rua, sou eu Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa serenar Que o mar... de Oswaldo Cruz a Madureira Mareia... a brasilidade do “Meu lugar” Nos versos de um cantador O canto das raças a me chamar De pé descalço no templo do samba estou É rosa, é renda, pra Águia se enfeitar Folia, furdunço, ijexá Na festa de Ogum Beira-Mar É ponto firmado pros meus orixás

Eparrei Oyá, Eparrei... Sopra o vento, me faz sonhar Deixa o povo se emocionar (refrão) Sua filha voltou, minha mãe

Pra ver a Portela tão querida E ficar feliz da vida Quando a Velha Guarda passar A negritude aguerrida em procissão Mais uma vez deixei levar meu coração A Paulo, meu professor Natal, nosso guardião Candeia que ilumina o meu caminhar Voltei à Avenida saudosista, Pro Azul e Branco modernista... eternizar Voltei, fiz um pedido à Padroeira Nas Cinzas desta Quarta-feira... comemorar

Nossas estrelas no céu estão em festa Lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá No canto de um Sabiá (refrão) Sambando até de manhã Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã

156 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

"Axé... sou eu Mestiça, morena de Angola, sou eu..."

O samba da Portela para o carnaval de 2019 é cantado na primeira pessoa, ou seja, pela própria Clara Nunes. Na visão de nossos compositores, ela retorna à Terra, em pleno carnaval, e se apresenta aos portelenses para acompanhar o desfile em sua homenagem.

"No palco, no meio da rua, sou eu Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa serenar Que o mar... de Oswaldo Cruz a Madureira Mareia... a brasilidade do "Meu lugar”..."

Clara vê o coreto, o “palco no meio da rua”, e se lembra de quantas vezes cantou junto ao povo do samba. O “Mar de gente” que ocupa as ruas do subúrbio, feliz em brincar carnaval no “Meu Lugar”, usando um termo eternizado por Arlindo Cruz e Mauro Diniz para caracterizar Madureira, é a essência da brasilidade que sempre pulsou neste bairro, o que não fugiu ao olhar da pintora Tarsila do Amaral.

"Nos versos de um cantador O canto das raças a me chamar..."

A mesma brasilidade é cantada pela população simples do interior mineiro, que, nas festas populares, exalta o encontro cultural das três raças que formou o nosso povo.

"De pé descalço no templo do samba estou É rosa, é renda, pra Águia se enfeitar Folia, furdunço, ijexá Na festa de Ogum Beira-mar É ponto firmado pros meus orixás..."

Humildemente, Clara reverencia o “povo de santo”, de quem herdou alguns de seus ritmos característicos e os enfeites que ornamentaram seu visual. Ela era de Umbanda, mas sua espiritualidade misturava diversas crenças.

"Eparrei Oyá, Eparrei... Sopra o vento, me faz sonhar Deixa o povo se emocionar (refrão) Sua filha voltou, minha mãe..."

Emocionada, saudando sua mãe Oyá, Senhora dos ventos e das tempestades, Clara anuncia que está de volta.

157 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

"Pra ver a Portela tão querida E ficar feliz da vida Quando a Velha Guarda passar A negritude aguerrida em procissão Mais uma vez deixei levar meu coração..."

Clara reencontra a Portela. Ela se encanta ao rever a Velha Guarda, segmento da qual é madrinha, ficando feliz ao ver novamente a procissão do samba, isto é, a mesma negritude aguerrida desfilando na avenida.

"A Paulo, meu professor Natal, nosso guardião Candeia que ilumina o meu caminhar..."

Ela se recorda dos ensinamentos de Paulo, nosso principal fundador. Lembra-se de Natal, nosso grande líder e guardião, que a convidou para puxar sambas-enredo na avenida. Ela se lembra de Candeia, militante da causa negra, amigo que tanto a inspirou em sua fase de maior sucesso como cantora. Ele é um dos autores do enredo de 1972 da Portela, cujo samba ela gravou no álbum que alavancou sua carreira.

"Voltei à Avenida saudosista, Pro Azul e Branco modernista... eternizar..."

Clara volta à avenida com saudade da velha Portela, mas fica feliz ao encontrar uma escola renovada, que se moderniza e se perpetua através dos anos.

"Voltei Fiz pedido à Padroeira Nas Cinzas desta Quarta-feira... comemorar..."

Seguindo sua fé sincrética, ela fez um pedido a Padroeira para ganhar o carnaval!

"Nossas estrelas no céu estão em festa Lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá No canto de um Sabiá (refrão) Sambando até de manhã Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã."

Por fim, irmanada ao povo, Clara e todas as estrelas da constelação portelense estão em festa. Nossa escola desfila sob a benção de todos os Santos e Orixás. O Sabiá canta feliz diante do público, saudando seus “Orixás de cabeça”. “Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã”.

158 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria Nilo Sérgio Outros Diretores de Bateria Nilson (responsável pelo repique), Daniel (responsável pelas caixas), Jorge André (responsável pelas marcações), Paulo Neto e Richard (responsáveis pelos chocalhos), Raul (responsável pelos tamborins), Arsênio (responsável pelas cuícas), Pablo (responsável pelas terceiras), Sidclay (responsável pelos agogôs), Douglas, Vitinho e Demétrios. Total de Componentes da Bateria 274 (duzentos e setenta e quatro) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 11 11 13 - - Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique 100 - 36 - 30 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho 01 24 24 - 24 Outras informações julgadas necessárias

Bateria Fantasia: Ijexá

Rainha de bateria: Bianca Monteiro Fantasia: Oya Onira O que representa: Qualidade de Iansã, igualmente guerreira, mas que, por ser uma mãe de água doce, é muito próxima a Oxum. Destaca-se pelo uso de cores mais suaves e pela simbologia da borboleta.

Nilo Sérgio - Herdeiro de Mestre Marçal, Nilo Sérgio é três vezes vencedor do prêmio Estandarte de Ouro de Melhor Bateria, em 2010, 2012 e 2013, além de ter ganhado o prêmio de Revelação em sua estreia. Desde o carnaval de 2006 é Mestre de bateria da Portela, sagrando-se campeão em 2017.

159 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia Chopp, Leo Brandão, Nilce Fran, Márcio Emerson, Jorge Barbosa, Servolo Alves e Walter Moura Outros Diretores de Harmonia Alan Aniceto, Alexandre de Melo Costa, Alexandre José, Alaxandre Marcelino, Alexsander Campos, Almir Bueno, Anderson Marques, André Casentino, Andre Luiz Siqueira, Andreia Neves, Angela Gago da Costa, Camila dos Santos Lúcio, Carina Obelar, Carla Teixeira, Carlos Ary, Cesar de Souza, Charles Azevedo, Claudio Roberto, Cleber dos Santos, Cristiane Montemurro, Daniele Andrade Mendes, Danielle Assad, Edilário Alex dos Santos, Edison Jacob, Edivaldo Macario, Fabrício Neves, Fausto Antunes, Gilberto Rio Branco Junior, Glauco Monteiro, Guilherme Rodrigues, Haynna Barboza Salgado, Igor Casini, Iza Vila Nova, José Carlos Paes, José Luiz da Costa, José Osier de Melo Almeida, Josenado de Barros, Julio Cesar Gonçalves, Jussara Costa dos Santos, Kaio Monteiro Pimentel, Leandro Germano, Leonardo Fartura, Luiz Carlos da Silva, Luiz Carlos da Silva, Luiz Eduardo Freitas, Lorene da Silva G. Campos, Marcelo Fernandes, Marcelo Luis Kletter Gonçalves, Marcelo Nogueira Pereira, Marcelo Pereira Ribeiro, Marcius Osni Marcolino, Maria José F. dos Santos, Moacyr Antônio, Monica Nogueira, Nelson da Silva Cardoso, Nivaldo Meirelles, Norimar dos Santos, Paulo Campos, Paulo de Almeida, Paula Nogueira, Regina Célia Galvão, Renato Tadeu da Silva, Rhuanderson Santos de Albuquerque, Ricardo Machado, Rita de Assis, Rogério Cardoso Freitas, Selma de Jesus, Tearruce Macedo, Valdemir Pinto do Nascimento, Vinicius Cruz Pacheco, Vitor Bruno, Vitor Leite e Waldir Cabral. Total de Componentes da Direção de Harmonia 80 (oitenta) componentes Puxador(es) do Samba-Enredo Gilsinho (intérprete oficial), Niu Souza, Edinho, Clebinho, Felipe Tinoco, Luiz Paulo, Fabinho e Rafael Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo Cavaco – Gabriel, Felipe Sorriso e Julio Violão – Igor Outras informações julgadas necessárias

Locutor: Boca

Gilsinho: Filho de Jorge do Violão, músico da Velha-Guarda da Portela, Gilsinho começou sua carreira em São Paulo, passando por escolas como Vai-Vai, Barroca da Zona Sul e Vila Maria. No Carnaval carioca, estreou na Portela, em 2006, permanecendo como primeiro intérprete de nossa agremiação até 2013. Nesse período, além de conseguir forte identificação com a Escola, foi agraciado, em 2012, com o prêmio Estandarte de Ouro. Após breve passagem pela Unidos de Vila Isabel, retornou para a Portela no Carnaval de 2016, contribuindo para a conquista do título portelense de 2017.

160 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução Chopp, Leo Brandão, Nilce Fran, Márcio Emerson, Jorge Barbosa, Servolo Alves e Walter Moura, Fábio Pavão, Junior Schal, Marcos Aurélio Fernandes e Claudinho Portela. Outros Diretores de Evolução - Alan Aniceto, Alexandre de Melo Costa, Alexandre José, Alaxandre Marcelino, Alexsander Campos, Almir Bueno, Anderson Marques, André Casentino, Andre Luiz Siqueira, Andreia Neves, Angela Gago da Costa, Camila dos Santos Lúcio, Carina Obelar, Carla Teixeira, Carlos Ary, Cesar de Souza, Charles Azevedo, Claudio Roberto, Cleber dos Santos, Cristiane Montemurro, Daniele Andrade Mendes, Danielle Assad, Edilário Alex dos Santos, Edison Jacob, Edivaldo Macario, Fabrício Neves, Fausto Antunes, Gilberto Rio Branco Junior, Glauco Monteiro, Guilherme Rodrigues, Haynna Barboza Salgado, Igor Casini, Iza Vila Nova, José Carlos Paes, José Luiz da Costa, José Osier de Melo Almeida, Josenado de Barros, Julio Cesar Gonçalves, Jussara Costa dos Santos, Kaio Monteiro Pimentel, Leandro Germano, Leonardo Fartura, Luiz Carlos da Silva, Luiz Carlos da Silva, Luiz Eduardo Freitas, Lorene da Silva G. Campos, Marcelo Fernandes, Marcelo Luis Kletter Gonçalves, Marcelo Nogueira Pereira, Marcelo Pereira Ribeiro, Marcius Osni Marcolino, Maria José F. dos Santos, Moacyr Antônio, Monica Nogueira, Nelson da Silva Cardoso, Nivaldo Meirelles, Norimar dos Santos, Paulo Campos, Paulo de Almeida, Paula Nogueira, Regina Célia Galvão, Renato Tadeu da Silva, Rhuanderson Santos de Albuquerque, Ricardo Machado, Rita de Assis, Rogério Cardoso Freitas, Selma de Jesus, Tearruce Macedo, Valdemir Pinto do Nascimento, Vinicius Cruz Pacheco, Vitor Bruno, Vitor Leite e Waldir Cabral Total de Componentes da Direção de Evolução 84 (oitenta e quatro) componentes Principais Passistas Femininos Viviane Silveira, Thamires Matos, Fernanda Coelho, Ana Paula e Amanda Oliveira Principais Passistas Masculinos Anderson Costa, Felipe Nascimento, Flávio Portella, Renan Brito e Reynnan Souza Outras informações julgadas necessárias

Coordenadora da Ala de Passistas: Nilce Fran

Nilce Fran: Passista consagrada na Portela, com passagem pela Estação Primeira de Mangueira, em 2012 foi vencedora do prêmio Estandarte de Ouro de Melhor Passista Feminino.

161 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval - Diretor Geral de Carnaval Fábio Pavão, Claudinho Portela, Marcos Aurélio Fernandes e Junior Schal Outros Diretores de Carnaval - Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Jane Carla Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Dulcinea Oliveira Lívia Cardoso (oitenta) 81 anos 32 anos Responsável pela Velha-Guarda Roberto Camargo Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 100 Sebastião José de Lima Dayse Lúcia Jermias (cem) 91 anos 62 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) Monarco, Surica, Mariene de Castro, Carlinhos de Jesus, Marisa Monte, Paulinho da Viola, Sheron Menezes, Maria Rita, Glória Pires e Orlando Moraes Outras informações julgadas necessárias

Diretor Financeiro: Felipe Guimarães

Assistentes da Direção de Carnaval: Marcos Vinícios e Nívea Martini

Assistentes da Carnavalesca: Alessandra Cadore e Mauro Leite.

Almoxarifado: Ed e Dudu

Técnico de Segurança do trabalho: Felipe Sorriso

Secretárias barracão: Rosana Rosa e Eliane Paiva

Secretária quadra: Jaqueline Gomes

162 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Carlinhos de Jesus Coreógrafo(a) e Diretor(a) Carlinhos de Jesus Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 15 11 04 (quinze) (onze) (quatro) Outras informações julgadas necessárias

Ritual do entardecer

É cheiro de mato! É terra molhada! É o horizonte rajado de vermelho e laranja colorindo o pôr do sol.

Em nossa “Comissão de Frente”, as Guerreiras de Iansã, em gestos fortes e corajosos, ora em ataque e defesa, ora em adoração e proteção, sacodem seus eruexins como poderosos escudos, limpando e abrindo os caminhos da Portela. Elas se movimentam de forma ágil e determinada, convocando as energias da natureza. O barravento anuncia a essência da espiritualidade de Clara Nunes, manifestada a partir de sua “Orixá de cabeça”. “Sua filha voltou, minha mãe”. E assim, com as bênçãos de todos os santos e guias, emanando o sincretismo tipicamente brasileiro, neste carnaval ouviremos novamente cantar a Sabiá.

Uma cena litúrgica, um ritual ancestral de renascimento para evocar a essência da filha de Oya. A filha que fazia da sua voz uma oblação aos ancestrais quando batia no peito, opulenta e orgulhosa, para declarar o sagrado nome e a força dos seus pais. Teve como crisma o título de Guerreira, concedido apenas aos fortes e sem temores. É um título da bravura, porém, com graça e ternura. São essas mesmas características que constroem as “Guerreiras de Iansã”, mulheres destemidas e respeitosas, guardiãs do sagrado altar e do etéreo nele guardado. É lá que está, sob a égide da Deusa dos ventos, toda a essência dessa voz que era iluminada por um sorriso que cantou o amor, a religiosidade e a paz.

Em respeito e devoção à Sabiá, as Guerreiras, no êxtase profundo do seu ritual, curvam-se para a cantora Mariene de Castro, que surge vestida nas cores que deu origem ao nome Yansã, “mãe do entardecer”. A Orixá que tem o poder da transformação e do renascimento das borboletas, que são o encantamento da magia e do amor. Ela reverencia e canta com louvor, para o público da Sapucaí, a frase que definiu Clara Nunes: “Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã.”. Sua voz é o sopro que transcende o plano terreno. O seu cantar é a comunicação com o sagrado. É a Portela chamando sua filha para ser celebrada. Canta meu sabiá, a Sapucaí é sua!

163 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

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Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Em um respeitoso show, Mariene de Castro trouxe a musicalidade de Clara. Hoje, traz o sorriso iluminado, o rodopiar da saia e as coisas da terra. Ela traz consigo todas as vozes que já interpretaram a mineira para mantê-la viva. Tons e timbres diferentes que se unem ao canto de Mariene, transformando-o em prece para reverenciar Clara Nunes.

Mariene é a imagem em movimento da alegria, que tem como inspiração a explosão de vida que foi Clara Nunes. Os Ogans, em respeito ao seu pai Ogum, saúdam o manto azul da Portela que se estende pela avenida. Emanam energia, fé e força para que a lembrança da Guerreira inunde a Marques de Sapucaí, fazendo nossa emoção transbordar de lembranças desse ser de Luz.

Voa meu sabiá. Epahei!

Carlinhos de Jesus: Coreógrafo consagrado no carnaval e no cenário artístico carioca, Carlinhos de Jesus é seis vezes vencedor do prêmio Estandarte de Ouro, tendo conquistado títulos por escolas como Mangueira e Beija-Flor. Em 2019, ele estreia como coreógrafo da comissão de frente da Portela.

164 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Marlon Lamar 24 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Lucinha Nobre 43 anos 2º Mestre-Sala Idade Yuri Souza 24 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Camylla Nascimento 30 anos 3º Mestre-Sala Idade Emanuel Lima 26 anos 3ª Porta-Bandeira Idade Rosilaine Queiroz 34 anos Outras informações julgadas necessárias

1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Nome da fantasia: Seres de Luz Criação do figurino: Rosa Magalhães Confecção: Fernando Magalhães O que representa: Neste Carnaval de 2019, a porta-bandeira Lucinha Nobre representa a cantora Clara Nunes. O Mestre-sala Marlon Lamar, a Águia da Portela. Eles são “seres de luz”, entidades que iluminam uma legião de seguidores apaixonados. O elegante bailar de nosso casal alude ao enlace entre a escola de samba e a cantora, uma união que se perpetuará através dos anos, para muito além do plano terreno. Juntamente com os guardiões e com o carro abre-alas, eles compõem um cenário inspirado na capa do LP “Nação”, último da carreira de Clara.

Ensaiadora: Camille Sales Apresentador: Rhuanderson Albuquerque

165 Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Nome da fantasia: O Primeiro Carnaval da Portela Criação do figurino: Rosa Magalhães Confecção: João Vitor O que representa: O carnaval de 1924, ano em que a pintora Tarsila do Amaral visitou o coreto de Madureira, foi o primeiro após a fundação de nossa escola. Com motivos carnavalescos, a fantasia de nosso segundo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Camylla Nascimento e Yuri Souza, lembra este fato e tem o título de “O primeiro carnaval da Portela”.

Apresentador: Edilásio

3º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Nome da fantasia: Festas Folclóricas de Minas Criação do figurino: Rosa Magalhães Confecção: João Vitor O que representa: Nosso terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representa as “festas folclóricas de Minas”. A fantasia da Porta-bandeira Rosilaine Queiroz é inspirada nas Pastorinhas. A do Mestre-sala Emanuel Lima, na Folia de Reis. Eles aludem às tradições culturais herdadas por Clara Nunes ao longo de sua infância.

Apresentador: Cleber dos Santos

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G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR

PRESIDENTE DJALMA CARNEIRO LEÃO FALCÃO

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“A Peleja Poética entre Rachel e Alencar no Avarandado do Céu”

Carnavalesco SEVERO LUZARDO FILHO 169

Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo “A Peleja Poética entre Rachel e Alencar no Avarandado do Céu” Carnavalesco Severo Luzardo Filho Autor(es) do Enredo Severo Luzardo Filho Autor(es) da Sinopse do Enredo Severo Luzardo Filho e Daniel Targueta Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Severo Luzardo Filho Assistentes do Carnavalesco: Guilherme Estevão e Juanjo Caballero Dudu Azevedo Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 “O Nosso José de Alencar José Aguilar 1960 Todas Cancioneiro”

02 “Iracema” José de Alencar José de Aguilar 1959 Todas

03 “Ao correr da José de Alencar José Aguilar 1960 Todas pena”

04 “Como e porque José de Alencar Companhia 1959 Todas sou romancista” Aguiar Editora

05 “O Sertanejo” José de Alencar Ediouro 2007 Todas

06 “O Guarani” José de Alencar Ática 2003 Todas

07 “Teatro completo” José de Alencar Serviço Nacional 1977 Todas de Teatro 08 “Carta a Machado José de Alencar Correspondência 1938 Todas de Assis”

09 “As Três Marias” José Olympio 1979 Todas

10 “O Quinze” Rachel de Queiroz Siciliano 1997 Todas

171 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

11 “O Não Me Rachel de Queiroz ARX 2004 Todas Deixes: suas histórias e sua cozinha”

12 “Memorial de Rachel de Queiroz José Olympio 2007 Todas Maria Moura”

13 “O nosso Ceará” Rachel de Queiroz Fundação 1996 Todas Democrito Rocha

14 “Geographia” Rachel de Queiroz Manuscrito 1922 Todas

15 “Tantos anos” Rachel de Queiroz Siciliano 1998 Todas

16 “As terras ásperas” Rachel de Queiroz Siciliano 1993 Todas

17 O homem e o Rachel de Queiroz Siciliano 1995 Páginas 75 e 76 tempo

Outras informações julgadas necessárias

OUTRAS OBRAS CONSULTADAS: ACIOLI, Socorro. Rachel de Queiroz. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007. 135p.

ADERALDO, Mozart Soriano. Velhas receitas da cozinha nordestina. Impressa Universitária da UFC, Fortaleza Ceará. 1981/1982.

AGUIAR, Cláudio. Rachel de Queiroz, cronista. Revista da Academia Cearense de Letras. Fortaleza, v. 115, n. 71, p. 108-117, 2010.

ALVES, Januária Cristina. "Abecedário do Folclore Brasileiro". SP: Edições SESC, 2018

ARARIPE JÚNIOR, T. A. “José de Alencar: perfil literário”. In: Obra crítica de Araripe Júnior. Rio de Janeiro: MEC/Casa de Rui Barbosa, v. I, 1958.

ARAÚJO, Belchior José Rocha. "Processos criativos de moda e sua relação com a sustentabilidade : um estudo sobre Lindenbergue Fernandes". Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Instituto de cultura e Arte, Curso de Design de Moda, Fortaleza, 2018.

172 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

AZEVEDO, Sânzio de. Rachel de Queiroz e a poesia. In: COUTINHO, Fernanda (org.). Rachel de Queiroz: uma escrita no tempo. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2010. p. 87-98.

BARBOSA, Lourdinha L. Protagonistas de Rachel: caminhos e descaminhos. 2ªed. Fortaleza: SECULT/CE, 2011. 120p.

BEHR, Miguel von. Quixadá: terra dos monólitos. São José dos Campos: Somos Editora, 2007. 303p.

BEZERRA, Valéria Cristina. “A recepção crítica de José de Alencar: a avaliação de seus romances e a representação de seus leitores”. 2012. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, Campinas, 2012.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.

BUENO, Eduardo. "Náufragos, traficantes e degradados: as primeiras expedições no Brasil”. RJ: Objetiva, 1998.

CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981. ______. Literatura e Sociedade. São Paulo: Nacional, 1967.

CASCUDO, Luís da Câmara. 1955. “O folclore na obra de José de Alencar. In: ALENCAR, José de. Til. Romance brasileiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, p. 3-10. V. XI.

CORDEIRO, Celeste. Antigos e modernos no Ceará Provincial. São Paulo: Annablume, 1997.

COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil vol. 5. 4. ed. São Paulo: Global, 1997.

FARIA, João Roberto. José de Alencar e o teatro. São Paulo: Perspectiva; Editora da Universidade de São Paulo, 1987.

HALLEWEL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: Edusp, 2005.

MENESES, Antonio Bezerra de. "Notas de viagem". Imprensa Universitária do Ceará. Fortaleza, 1965

ROCHA, Delfina. Sabores e Saberes do Ceará: Arte Culinária e Fotografia. Fortaleza: editora D. M. Rocha, 2003. 1° Edição.

SILVA, Cristina M. da. Entre exílios, veredas e aventuras: o romance da vida social em Rachel de Queiroz. 2005. 197p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2005.

SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas cidades, 1988.

TROIGROS, Claude. Prefácio. In: SENAC. Culinária Nordestina: encontro de mar e sertão. São Paulo: Editora SENAC, 1998.

173 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

SITES VISITADOS:

SETOR 1: http://cearaemfotos.blogspot.com/ http://eelepe.blogspot.com/p/igreja-matriz-de-almofala-completa-300.html http://www.ao.com.br/download/urutau.pdf http://www.oestadoce.com.br/arteagenda/historias-e-lendas-universais http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/monolitos-sao-a-sintese-do-semi-arido- 1.14175 http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/26924/15966

SETOR 2: http://cearanordeste.blogspot.com/2011/07/sao-jose-do-porto-dos-barcos.html https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/download/3903/2881 https://www.youtube.com/watch?v=M93zWe4kbZQ https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4308131/mod_resource/content/1/Geografia%20dos%20sabor es%20ensaio%20sobre%20a%20din%20-%200.pdf http://www.uece.br/mpgnt/dmdocuments/MARQUES,T.M.P.pdf

SETOR 3: http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/telejornais/jornal-nacional/festas-juninas.htm https://g1.globo.com/ceara/sao-joao/2017/noticia/ceara-entra-no-calendario-nacional-de-festejos- juninos-do-ministerio-do-turismo.ghtml https://g1.globo.com/ceara/sao-joao/2017/noticia/ceara-entra-no-calendario-nacional-de-festejos- juninos-do-ministerio-do-turismo.ghtml http://tvbrasil.ebc.com.br/expedicoes/conteudo/reisados-do-sertao-do-ceara http://blogs.diariodonordeste.com.br/cariri/cultura/professor-explica-tradicao-do-reisado-no-cariri/ http://blogs.diariodonordeste.com.br/cariri/cultura/folia-de-reis-toma-conta-das-ruas-do-cariri- cearense/ http://www.labpac.faed.udesc.br/e%20festa%20de%20boi_izaura%20lila%20l%20ribeiro.pdf http://tribunadoceara.uol.com.br/diversao/musica-2/um-pingo-de-historia-do-maracatu-de-fortaleza/ http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/02/milhares-de-fieis-homenageiam-padre-cicero-em- juazeiro-do-norte-ce.html https://www.ico.ce.gov.br/informa.php?id=208 https://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/tag/Festa%20De%20S%C3%A3o%20Pedro%20Dos%20Pesc adores http://www.arquidiocesedefortaleza.org.br/atualidades/noticias/arquidiocese/missa-e-procissao- maritima-marcam-o-encerramento-de-festa-no-mucuripe/ http://www.arquidiocesedefortaleza.org.br http://www.opovo.com.br/app/acervo/entrevistas/2014/03/05/noticiasentrevistas,3197472/rachel-de- queiroz-veno-ao-sertao-para-ser-feliz.shtml

174 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Enredo

Outras informações julgadas necessárias

SETOR 4: https://oglobo.globo.com/boa-viagem/na-literatura-brasileira-um-guia-das-belezas-de-norte-sul- do-pais-22581417 http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/04/primeiro-acude-do-pais-cedro-busca-titulo-de- patrimonio-mundial.html http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/09/maior-plantacao-de-rosas-do-brasil-fica-no- ceara-na-serra-de-ibiapaba.html https://www.youtube.com/watch?v=u0mJ31eQW1U http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/09/trilha-no-parque-de-ubajara-no-ceara-leva- rios-cachoeiras-e-gruta.html http://www.ufc.br/cultura-e-arte/equipamentos-culturais/2040-casa-de-jose-de-alencar https://lidesealgomais.wordpress.com/2013/02/25/um-olhar-sobre-a-iracema-e-outros- monumentos-da-av-beira-mar-2/ http://www.ctac.gov.br/tdb/portugues/teatro_josedealencar1.asp

SETOR 5: http://hotsite.diariodonordeste.com.br/especiais/fios-de-tradicao/rendas-do-mar/origem http://www.nayanerodrigueslingerie.com.br/quem-somos/ https://www.lilianpacce.com.br/marca/lindebergue-fernandes/ http://linovillaventura.com.br/villaventura/?page_id=2 http://www.dfhouse.com.br/gallery/almerinda-maria/ http://www.artesol.org.br https://especiais.opovo.com.br/industriatextil/ http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6267/1/2013_dis_jljsoares.pdf

175 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Severo Luzardo

Na atualidade, Severo Luzardo Filho é um dos mais importantes figurinistas brasileiros, consagrado com trabalhos premiados nacional e internacionalmente. Possui um raro domínio cromático, adquirido através da especialização com um cientista alemão em psicodinâmica das cores. Detém um trabalho artesanal como característica marcante bem como a qualidade de extremo rigor na confecção dos seus figurinos.

Assinou diversos trabalhos na TV Globo, incluindo novelas de sucesso como "Flor do Caribe", a minissérie "O Tempo e o Vento" e participou da equipe de figurino de "Laços de Sangue", novela na qual recebeu o Prêmio EMMY.

No cinema nacional, seu premiado "Pequeno Segredo", foi escolhido para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Participou de produções internacionais como Robot, ganhando vários prêmios em festivais ao redor do mundo.

Seu trabalho meticuloso, emergindo na essência dos personagens, nos revelam figurinos que encantam e traduzem a brasilidade no fazer característico de sua trajetória.

Novelas como "Terra Prometida", "O Rico e o Lazaro", "Escrava Mãe", "Belaventura" e "Jesus", hoje fazem sucesso em diversos países, mostrando a diversidade e o fazer artístico de Luzardo.

Como carnavalesco atinge 42 anos de profissão, coroando desfiles memoráveis com mais de 13 campeonatos e 50 prêmios.

Para o coordenador do Centro de Referência do Carnaval da UERJ, Felipe Ferreira, o reconhecimento é merecido:

— "É um dos carnavalescos mais talentosos. Tem uma capacidade de expressão plástica formidável e trabalha muito bem com cores e volumes — destaca o professor e autor do “Livro de ouro do carnaval brasileiro”.

No seu terceiro ano na escola de samba União da Ilha do Governador, Severo Luzardo Filho conseguiu traduzir os anseios e desejos da comunidade, aliando sua plástica e estética refinada ao brincar descontraído e irreverente do folião insulano.

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HISTÓRICO DO ENREDO

INTRODUÇÃO

A União da Ilha do Governador partilha o desejo de levar para a Avenida em 2019 uma proposta lúdica e prazerosa que aproxima cultura popular e educação. Bordaremos com palavras, versos e memórias a celebração do encontro entre dois expoentes da literatura brasileira no enredo “A PELEJA POÉTICA ENTRE RACHEL E ALENCAR NO AVARANDADO DO CÉU”.

O Ceará está intimamente fincado no chão de Rachel e Alencar, lugar por onde andaram e de onde extraíram elementos essenciais para a construção de seus escritos. Pisaduras na história com prosa, crônicas e lirismo. Um emaranhado de conhecimentos e sabores, desde o litoral até o sertão.

As linhas que tramam seus livros revelam saberes passados de pai para filho e assombrações que povoam o imaginário popular dessa terra cercada de mar, mas com o chão emoldurado pela seca. Fé embalada em oração e festejada ao som da sanfona e do cordel.

A Ilha vai desfilar “causos” aninhados nas páginas amareladas pelo tempo. Cenas de uma terra ornada pelas várzeas da caatinga ou por imensas campinas que se dilatam por horizontes infindo.

Ceará vem de “cemo” que, nos ensina Alencar, significa “cantar forte, clamar”. A jandaia faz ecoar nosso canto rumo aos verdes mares e borda no azul do firmamento o matiz de um encontro inédito.

Em cada brincante, cores que pincelam os sonhos, com o sotaque próprio de um povo que luta pelo sorriso e pela felicidade. Alegria compartilhada -- “Sou brasileiro, sou cabra da peste, sou do Nordeste, sou do Ceará”.

SINOPSE

Setor 1 – “O Baú do Imaginário Matuto”

Era uma vez o desejo de contar histórias. Histórias únicas, impregnadas de sorrisos e abraços. Histórias que trouxessem notícias do Brasil e sua gente.

Esse universo múltiplo, de caras e figuras em constante movimento, passeia pelo sertão afora, percorre caminhos e lendas, conhece outros lugares, experimenta sabores diferentes, voa nas asas das palavras e, ao som do sanfoneiro, dança as cirandas da vida.

177 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Assim foram surgindo as primeiras narrativas de uma peleja poética entre Rachel e Alencar. Personagens vivos numa folia colorida, contadas no avarandado do céu. Quem quiser escutar, que se aprochegue, se assim lhe agradar.

- Rachel, nobre escritora. Sensível como uma flor. Você ficará sabendo o peso de um escritor. Remexa todos os livros e conhecerá meu valor.

- Oh, ilustre menestrel, cujo nome é Alencar. Que às tradições é fiel e faz o baú do imaginário desabrochar, um universo de lendas, magia entre o homem e seu lugar.

- "Desenhavam-se a cada instante na tela das reminiscências, as paisagens do meu pátrio Ceará. Cenas estas que eu havia contemplado com olhos de menino dez anos antes, ao atravessar essas regiões em jornada e, coloriam-se ao vivo com as tintas frescas da palheta cearense." (JOSÉ DE ALENCAR, "O nosso cancioneiro")

- "Em frente, todos os novos caminhos para mim eram um mistério." (RACHEL DE QUEIROZ, "Memorial de Maria Moura")

Personagens lendários desviando caminhos para seguir em frente. Uma linda princesa (transformada numa serpente de escamas de ouro), esquecida em seu castelo com torres douradas, guardando joias, pedrarias, barras de prata e moeda aos montes para o herói audacioso que resolva lhe “quebrar” o encanto. Nas asas do vento criador, a esfinge de Quixadá e o velho Guajará passeiam, ao som do Urutaú, por trilhas nunca antes descobertas. Sons de tambores permeiam os contos do Dragão e o tesouro enterrado em Ipu.

- "O Urutaú no fundo da mata solta as suas notas graves e sonoras, que, reboando pelas longas crastas de verdura, vão ecoar ao longe como o toque lento e pausado do ângelus" (ALENCAR, ”O Guarani”)

- “Iam para o destino, que os chamara de tão longe, das terras secas e fulvas de Quixadá, e os trouxera entre a fome e mortes, e angústias infinitas, para os conduzir agora, por cima da água do mar, às terras longínquas onde sempre há farinha e sempre há inverno...” (RACHEL, "O Quinze")

- "Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu" (ALENCAR,”O Guarani”)

Setor 2 – “As crônicas de fogo e gelo”

Terra de maturação, na qual o tempo engedra caldo e doçura. Fruto prazeroso do fazer coletivo: cultivar, plantar, colher. Sua comida congrega visitantes e reúne amigos. O perfume dos seus doces aproxima os vizinhos, evocando aromas e sabores, enchendo a boca de água e os olhos de sonhos. 178 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

- Rachel, doce menina, se entendes de comidas, do sertão não faça rolo. Eu gosto de macaxeira, pamonha de milho e bolo. Buchada, sarapatel, batida, alfenim e tijolo.

- Aprecio bolo mole, carne de sol, panelada. Rapadura, sarrabulho, caranguejo, farofada. Galinha à cabidela, baião-de-dois, cuscuz do norte e cocada.

- "Compunha-se esta de uma naca de carne de vento e alguns punhados de farinha, que trazia no alforje. De postres um pedaço de rapadura, regado com água da borracha." (ALENCAR - "O Sertanejo")

- "Só comparo o Nordeste à Terra Santa. Homens magros, tostados, ascéticos. A carne de bode, o queijo duro, a fruta de lavra seca, o grão cozido em água e sal. Um poço, uma lagoa é como um sol líquido, em torno do qual gravitam as plantas, os homens e os bichos." (RACHEL, "O Não me deixes: suas histórias e sua cozinha")

-"Os lenhadores voltavam do mato carregados de feixes, enquanto os companheiros conduziam à bolandeira cestos de mandioca, ainda da plantação do ano anterior, para a desmancharem em farinha durante o serão. "(ALENCAR - "O Sertanejo")

"Pegamos os fardos de pano, o sal que dura sem fim. E os sacos com os mantimentos dos comboieiros comerem em caminho: feijão, farinha, e meia manta de carne seca." (QUEIROZ, "Memorial de Maria Moura")

Os materiais percorrem as mãos impregnadas de vivências que vão descobrindo formas e cores. Artesanato repleto de brasilidade. O olhar atento de quem cria, o sentido aguçado de quem constrói.

- Rachel, no artesanato, vidros com cores de areias, arupemba de palha, balaio da carnaubeira. Louça feita de barro, bodoque e algibeira.

- Alencar, o Mestre Noza, era um artista fiel, fazendo a literatura, cumprir social papel. Inter-relacionou xilogravura e cordel.

- “Às vezes sobe aos ramos da árvore e da lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios de crautá, as agulhas de juçara com que tece a renda...” (ALENCAR, “Iracema”)

- “No bolso, pouco dinheiro e um pedaço de fumo. Um chapelão de palha bem trançado e fino, que era a especialidade do mulherio do lugar, mas nenhuma delas se apurava no tecido dos chapéus para vender em quantidade, em alguma feira."[...]"Encomendei à nossa velha louceira, toda a louça de barro, as panelas, potes e alguidares.”(RACHEL DE QUEIROZ, "Memorial de Maria Moura")

179 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Setor 3 – “Fica então um bom desejo, que seja lindo seu festejo”

No dedilhar da viola caipira, vamos construindo a folia de brincar. Sagrado e profano andam juntos para bordar rio e mar. A música traz o convite para embarcar no tempo: passado e futuro. A fé aguça o desejo de conhecer novos desafios. Encantamento. Contar a história por meio da palavra e da imagem.

- Rachel dama de fé, as festas folclóricas que tanto animam o sertão são feitas no Ceará, incluindo as do chitão. Reisado e maracatu e Padim Ciço Romão.

- Alencar, meu bom senhor, quadrilhas, cirandas e boi de chifre dourado, são festas bem conhecidas de meu povo rogado. Procissão de São Pedro com barcos enfeitados.

“Logo depois vinham os Reis com as suas cantigas, as suas romarias noturnas, as suas coletas para o jantar do dia seguinte[...] Ao Espírito Santo armavam-se as barraquinhas, e faziam-se leilões de frutos e de aves.“(ALENCAR, “Ao correr da pena”)

"Alguns dizem que o padre está debaixo do chão: os incréus, os materialistas. Porque a gente que tem fé conta que Meu Padrinho, vendo a choradeira do povo, ressuscitou ali mesmo, sentou-se no caixão, sorriu, deu bênção, depois deitou-se outra vez e seguiu viagem dormindo, até à igreja do Perpétuo Socorro." (RACHEL, "O Padre Cícero Romão Batista")

"Então entraram, cada uma de seu lado, duas quadrilhas adereçadas com roupas muito lindas, uma de verde e amarelo, que era a dos pernambucanos, e outra de encarnado e branco, que era a dos lusitanos. Correram primeiro as lanças; depois jogaram as canas e alcanzias, fazendo várias sortres como costumam." (ALENCAR, “O sertanejo”)

“Dançam o congo e suas pantomimas guerreiras, dançam-se as sortes em redor das fogueiras de São João.”(RACHEL, "O Senhor São João")

“A donzela vinha radiante de formosura e graça. Debuxava-lhe o talhe airoso um vestido de lhama de ouro, justo e de estreita roda.” (ALENCAR, “O Sertanejo”)

“Lá pela minha zona, que já é sertão autêntico, o único festejo popular que apaixona e consome dinheiro e energias é o boi. Essa sim, tem ainda muita força no coração do povo. Tem burrinhas com saia de rendas, tem bois com chifre dourado, babaus enfeitados com fitas de gorgorão, e os trajos dos velhos são quase tão caprichados quanto os cordões de carnaval dos cariocas." (QUEIROZ, "O Senhor São João")

"Aproveitemos a estiada da manhã, e vamos, como os outros, acompanhando a devota romaria, assistir à festividade de São Pedro” (ALENCAR, “O Sertanejo”)

180 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Setor 4 – “Ser tão arretado de bom”

São tantas horas de sertão rachado, tantos mares desbravados, tantos caminhos trilhados para conhecer novos mundos. A beleza encanta nas trilhas onde tudo leva para qualquer lugar. Florestas enfeitiçadas pela lua, águas doces cristalinas pelos raios do sol ardente, mares verdes como joias de pedras raras. Natureza generosa que nos convida a dar a volta ao mundo girando o globo na própria mão. Viajar de barco, de avião, de ônibus, de trem para desvendar os mistérios durante o percurso.

- Rachel que orgulho tenho, dos fósseis de Cariri ao pé da Ibiapaba. Bichos, flores e frutos, tantas belezas raras. Grande Açude do Cedro, queda d'água abençoada.

- Gosto também, Alencar, de balonismo nos céus, com cores agigantadas. Famosa do litoral, a bela Canoa Quebrada. Parque de Água doce, praias de água salgada.

“Esta imensa campina, que se dilata por horizontes infindos, é o sertão de minha terra natal. Aí campeia o destemido vaqueiro cearense, que à unha de cavalo acossa o touro indômito no cerrado mais espesso, e o derriba pela cauda com admirável destreza...” (ALENCAR, “O sertanejo”)

“Eu também me fazia contar coisas do meu Cariri natal, que era ali tão exótico e distante quanto as agulhas de Cárpatos.”(RACHEL, "As Três Marias")

“Veio pelas matas até o princípio da Ibiapaba, onde fez aliança com Irapuã, para combater a nação pitiguara. Eles vão descer da serra às margens do rio em que bebem as garças.” (ALENCAR, “Iracema”)

“E o Cedro grandioso grita, a se remirar no seu paredão alto, nos seus mosaicos, nos correntões que pendem em marcos de granito.”(RACHEL, "Mandacaru")

“A praia ficara deserta; e nas águas tranquilas da baía, apenas as nereidas murmuravam, conversando baixinho sobre o acontecimento extraordinário que viera perturbar os seus calmos domínios.” (ALENCAR, “Ao correr da pena”)

"Essa ligação de amor que o nordestino tem com a sua terra... Pensando bem, será mesmo de amor? Ou antes: será só amor? Talvez maior e mais fundo, espécie de mágica entre o homem e o seu chão, simbiose da terra com a gente. Vem na composição do sangue. Aquela terra salgada que já foi fundo do mar tem mesmo o gosto do nosso sangue.” (RACHEL, "As terras ásperas")

Setor 5 – “A beleza arrochada no aprumo”

Um pouco de cera para o couro, um pouco de linha para costurar a vida. Um pouco de mistério nos desenhos que se movem ao caminhar. Milhares de finos fios movimentam- se como tramas de nossos sonhos. O giro do bilro sustenta o equilíbrio e o desejo de novas formas. 181 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

- Raquel aqui te digo, o Mestre mais conhecido é Espedito Seleiro. Gibão e mais aparatos que ornamentam o vaqueiro. Moda característica do couro brasileiro.

- O aprumo, amigo Alencar, é moda feita com amor. Moda de dormir, moda de praiar. No salão nobre ou na pista, o artista a desfilar, com riquíssimos atrativos, conquista o além-mar.

"Vestia o moço um trajo completo de couro de veado, curtido à feição de camurça. Compunha-se de véstia e gibão com lavores de estampa e botões de prata; calções estreitos, bolas compridas e chapéu à espanhola com uma aba revirada à banda e também pregada por um botão de prata.“(ALENCAR, “O sertanejo”)

“Olhei para mim mesmo, ali, sentado no chão, a roupa de brim pardo, as grossas botas reiúnas, o lenço no pescoço. Tudo surrado e encardido...”(RACHEL, "Memorial de Maria Moura")

“Ao lado pendia-lhe do talim bordado a espada com bainha também de ouro e copos cravejados de diamantes, como o argolão que prendia-lhe ao pescoço a volta de fina cambraias, cujas pontas caíam sobre os folhos estofados da camisa.” (ALENCAR, “O sertanejo”)

“Na grande mesa de jantar onde se esticava, engomada, uma toalha de xadrez, duas xícaras e um bule, sob o abafador bordado.” (RACHEL, "O Quinze")

“Preso por um airão de ouro, o longo véu de alva e finíssima renda, todo semeado de raminhos de alecrim e flor de laranja, com lizes de ouro, descia-lhe até os pés, e arfando às auras matutinas.” (ALENCAR, “O Sertanejo”)

"Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda, tão claro que, ao meio dia, aparece uma renda de arabesco de sol nos ladrilhos vermelhos.” (RACHEL, "Telha de vidro")

“Ao ombro esquerdo traziam eles alvas toalhas do mais fino esguião lavradas de labirinto com guarnições de renda, trabalhos estes em que as filhas do Aracatí já primavam naquele tempo, e que lhes valeu a reputação das mais mimosas rendeiras de todo o norte”. (RACHEL, “O Sertanejo”)

- Nossa gente tece o mundo, e o mundo se enredou. Com rendas de fino trato, que a rendeira criou. Borda o pano e a vida, que tanto a Ilha cantou.

E assim desfilam peões com couros coloridos pelos salões, damas de rendas formosamente belas pelas areias. Avançam e seguem em frente traduzindo um novo sentido para as histórias desse povo que luta pelo sorriso e pela felicidade. Gente forte, gente guerreira, um sem fim de personagens e suas andanças pelo reino da folia.

“Acabaram com a Praça Onze, mas viva o carnaval da Ilha. Acima de tudo, viva a Ilha.”(QUEIROZ, "Saudades do Carnaval")

182 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

Em 2019, o G.R.E.S União da Ilha do Governador faz partir seu canto forte das águas da Baía de Guanabara rumo aos verdes mares de esmeralda do Ceará. A bordo de sua jangada, o insulano pincela no mais azul do firmamento o matiz perfeito para um encontro aparentemente improvável pelo tempo, mas que somente a magia do carnaval pode tornar possível. Um encontro entre dois grandes expoentes da literatura brasileira e também legítimos representantes da cultura cearense: os escritores Rachel de Queiroz e José de Alencar – pela primeira vez juntos e cujas obras servem de inspiração para o enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”.

Intimamente ligada à sua terra, seus costumes e sua gente, a escritora cearense e imortal Rachel de Queiroz dedicou boa parte de sua vasta obra literária para enaltecer sua terra natal. O Ceará era sua gênese e também força motriz para observar o mundo ao redor. E, nesse solo ora rachado, ora verdejante, perpassado pelas muitas páginas a nós legadas, bifurca a árvore genealógica de Rachel, frondando-se para outro expoente da literatura brasileira: o também cearense José de Alencar, com quem curiosamente tinha parentesco distante, por parte de mãe. O Ceará está intimamente fincado no chão de Rachel e Alencar, lugar por onde andaram enquanto viveram e de onde extraíram os elementos essenciais para a construção de seus escritos.

A escolha da União da Ilha do Governador em cantar e exaltar o Ceará sob a perspectiva pelo legado literário deixado por Alencar e Rachel não é em vão. Estamos diante de um estado com excelência nos índices de educação e modelo de educação no país; um estado que protege sua diversidade cultural preservando as tradições e seus valores sociais; e que faz uso sustentável de seus recursos naturais de forma a ativar a economia e se introduzir na rota do futuro com criatividade e inovação. Exaltar a obra de Alencar e Rachel é, portanto, mais do que cantar forte o estado do Ceará. É entender a literatura como arte que reflete as representações culturais de um povo e ajuda na compreensão do mundo. Dentro dessa perspectiva, as páginas desses dois ilustres escritores ajudam a universalizar o acesso à cultura do Ceará, suas histórias e costumes.

Escola de samba é, antes de tudo, ESCOLA. Instituição cultural que tem a missão e o dever de propagar CULTURA do povo e para o povo. Cultura é educação e também LIBERTAÇÃO de sua gente. E justamente este o papel que o G.R.E.S UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR assume para o carnaval de 2019, escolhendo o CEARÁ como pano de fundo para exaltar, acima de tudo, a ARTE.

183 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Desenvolvimento do Enredo Dividido em cinco setores, o enredo "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu" descortina um painel visual que faz de figurinos e elementos cenográficos o material plástico para apresentar o Ceará em sua versão mais pluralizada, sempre sob a ótica das obras desses dois imortais escritores. A seguir, a divisão setorizada do enredo e sua respectiva abordagem:

PRIMEIRO SETOR - "O BAÚ DO IMAGINÁRIO MATUTO" As Lendas do Ceará estão intimamente fincadas no chão de Rachel de Queiroz e José de Alencar, lugares por onde andaram enquanto viveram e de onde extraíram os elementos essenciais para a construção de seus escritos. Pisaduras de prosa, crônicas e lirismo – o amálgama que gerou o povo cearense revela lendas e histórias incríveis que se mantêm vivas por meio de narrativas passadas de geração em geração. É a mesma oralidade que faz eternizar, através do tempo, lendas e quimeras de lugares que serviram de cenário nas mais diversas obras de nossos dois escritores. A União da Ilha do Governador abre o baú desse imaginário matuto do cearense e faz pulular um universo múltiplo de personagens vivos numa folia colorida.

SEGUNDO SETOR -- "AS CRÔNICAS DE FOGO E GELO" As origens do povo cearense revelam um recorte da formação do povo brasileiro – índios, brancos e negros. Gênese de um povo contado em "Iracema", de José de Alencar. Um emaranhado de conhecimentos e sabores promovidos pela diáspora humana quando do povoamento do Ceará, do litoral ao sertão. A culinária cearense, tão cara a Rachel de Queiroz ("Sou muito melhor cozinheira do que escritora", disse ela) é um verdadeiro caleidoscópio de sabores. A hibridação das culinárias portuguesa, africana e indígena deu início a uma cozinha com cara e gosto do Ceará, repleta de misturas e intimamente relacionada com o que a costa e a terra dispõem. Do fogo quente o melado passa para o gelo, e assim surgem sabores diferenciados como o alfenim. Assim também ocorre com o artesanato cearense, fruto de uma inegável herança das três raças que formam esse povo tão colorido e criativo. A peleja poética entre Rachel e Alencar segue no segundo setor do desfile da União da Ilha, com um mergulho profundo nos sabores e nas artes produzidas no Ceará.

TERCEIRO SETOR – "FICA ENTÃO UM BOM DESEJO, QUE SEJA LINDO SEU FESTEJO" As histórias de Alencar e Rachel se aninham na alegria e devoção de um povo. Ser cearense é, antes de tudo, acreditar e ter muita fé, com festejos e romarias que reúnem milhares de pessoas. Tantos foram os personagens de Rachel e Alencar que tinham em comum a fé. Crença que resiste a muito mais do que pequenas provações diárias – fome, sede ou a tristeza de ver o rebanho morto. Tantos suplicando por chuva! Existe uma alegria grande entranhada no cearense, algo pungente e que emociona. Para apresentar este painel, as alas que abrem o setor celebram os festejos do estado, enquanto as que encerram se debruçam sobre a religiosidade inquestionável de sua gente, que tem na figura de Padre Cícero Romão, o Padim Ciço, seu maior expoente. Trata-se, enfim, de um olhar para a alegria e a fé do Ceará, sob a perspectiva de nossos dois escritores. 184 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

QUARTO SETOR -- "SER TÃO ARRETADO DE BOM" A geografia do Ceará se moldou no superlativo desses dois expoentes da literatura brasileira. Ceará ornado pela galharia da caatinga ou nas imensas campinas que se dilatam por horizontes infindos, banhados pelos verdes mares bravios. Paisagens do "pátrio Ceará" alencarino, que se desenham pinceladas com as cores da palheta cearense. Lugares com laços de afetividade onde Rachel e Alencar fincaram sua âncora de existência no mundo. Terra que tem o gosto do sangue que corre nas veias do cearense. A peleja poética segue no quarto setor do desfile, quando a União da Ilha do Governador promove um passeio pelos mais diferentes e exóticos lugares de cada canto do Ceará citados nas telas de reminiscências eternizadas nos livros dos nossos escritores. "O Ceará está muito ligado a mim para que eu possa me imaginar fora dele. Ou pior, sem ele", escreveu Rachel.

QUINTO SETOR – "A BELEZA ARROCHADA NO APRUMO" Maria Moura vestida de chapéu e trajo de couro curtido em suas andanças pelo sertão; as rendas bordadas pelas três Marias; o gibão do sertanejo ou o trançado de Iracema – ler os livros de Alencar e Rachel é contar a história da moda cearense e, ao mesmo tempo, contar a formação de seu povo. É também se emaranhar nas mais diferentes tramas e personagens descritos, tal qual um bordado, em suas dezenas de obras a nós legadas. Encerrando seu desfile, a União da Ilha do Governador promove um verdadeiro desfile a céu aberto com o que de mais expoente há na produção têxtil do estado. O Ceará está na moda – roupas, vestes e figurinos saem das páginas de Alencar e Rachel e ganham vida na Passarela do Samba. Do bilro, as tramas do fio tecem a rota do Ceará em direção ao futuro. É o cearense bordando sua história no mundo. Renda-se, pois, ao belo Ceará e seus alvos fios de algodão tramados pelas mãos das mulheres rendeiras. Preserva-se a tradição, mas com tecnologias sustentáveis para um futuro melhor.

185 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR “O BAÚ DO IMAGINÁRIO MATUTO”

Comissão de Frente “O MILAGRE DA FÉ”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Phelipe Lemos e Dandara Ventapane A PRINCESA ENCANTADA DE JERICOACOARA

Ala 01 – Ala Melodia (Comunidade) A ESFINGE DE QUIXADÁ

Ala 02 – Ala de Performance (Comunidade) O VELHO GUAJARÁ

Destaque de Chão Vivian Cister LENDAS GUARANIS

Ala 03 – Ala Loucos pela Ilha (Comunidade) O PASSARO URUTAÚ

Alegoria 01 O DRAGÃO DE IPU E O TESOURO HOLANDÊS

2º SETOR “AS CRÔNICAS DE FOGO E GELO”

Ala 04 – Ala Sacode Quem Pode SABORES DO SERTÃO

Ala 05 – Ala Sou mais minha Ilha (Comunidade) ALFENIM: O PERFUME DOS MEUS DOCES

186 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Ala 06 – Ala Beleza Pura (Comunidade) CAMARÃO CEARENSE

Destaque de Chão Ewa Doromoniec ARTISTAS DO SERTÃO

Tripé FEIRAS E MERCADOS

Destaque de Chão Débora Ribeiro ADORNOS NATIVOS

Ala 07 – Ala Batuke Baton (Comunidade) ARTESANATO DE PALHA

Ala 08 – Ala Show da Ilha (Comunidade) ARTESANATO CERÂMICO

Ala 09 – Ala Guerreiros da Ilha (Comunidade) ARTE EM CORDEL

Destaque de Chão Destaque de Chão Juliana Souza Lucia Tina TRIBUTO A DIM BRINQUEDIM TRIBUTO A ZÉ TARCISIO

Alegoria 02 A “ARTE” QUE FAZ HISTÓRIA

3º SETOR “FICA ENTÃO UM BOM DESEJO, QUE SEJA LINDO SEU FESTEJO”

Ala 10 – Ala Solidariedade FESTA DO CHITÃO

Ala 11 – Ala Empolgação da Ilha (Comunidade) REISADO

187 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Rodrigo França e Winnie Lopes FOLGUEDOS CEARENSES

Ala 12 – Ala das Baianas MARACATU

Ala 13 – Ala Bira Dance Performance (Comunidade) ROMEIROS DA FÉ

Rainha de Bateria Gracyane Barbosa ANJO SAGRADO DO SERTÃO

Ala 14 – Ala Bateria PADIM CIÇO

Destaque de Chão Dani Sperle FLORISTA DA QUADRILHA

Ala 15 – Ala de Passistas QUADRILHAS JUNINAS

Ala 16 – Ala Passo Marcado (Comunidade) CIRANDAS

Ala 17 – Ala Os Incas (Comunidade) BOI BUMBÁ

Destaque de Chão Destaque de Chão Chris Tavares Graciele Bracco Chaveirinho PROCISSÕES DE ARTE E DE FÉ PRECE PARA SÃO PEDRO

Alegoria 03 A PROCISSÃO MARÍTIMA DE SÃO PEDRO

188 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

4º SETOR “SER TÃO ARRETADO DE BOM”

Ala 18 – Ala Tropical FÓSSEIS DE CARIRI

Ala 19 – Ala dos Compositores GUARDAS FLORESTAIS DA SERRA DA IBIAPABA

Ala 20 – Raízes (Comunidade) AÇUDE DE CEDRO

Ala 21 – Ala Águias da Ilha (Comunidade) A BICA DO IPU

Ala 22 – Ala Sorriso e Alegria (Comunidade) JERICOACARA

Ala 23 – Ala Sambatuque (Comunidade) CANOA QUEBRADA

Destaque de Chão Destaque de Chão Priscila Mathias Geovana Vinhaes RELÍQUIAS DO CARIRI RELÍQUIAS DO TEMPO

Alegoria 04 CARIRI

5º SETOR “A BELEZA ARROCHADA NO APRUMO”

Ala 24 – Ala Alegrilha A MODA DE ESPEDITO SELEIRO

Ala 25 – Ala Falcão da Ilha (Comunidade) RENDAS DE FINO TRATO

Ala 26 – Ala Fênix da Ilha (Comunidade) BORDANDO SONHO 189 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Destaque de Chão Rebeca Rolszt MODA DE NAYANE RODRIGUES

Ala 27 – Ala Angels da Ilha (Comunidade) MODA DE DORMIR

Ala 28 – Ala Velha Guarda MODA DE IVANILDO NUNES

Destaque de Chão Sanne Belucci BELEZA CEARENSE

Alegoria 05 FIOS DA VIDA TECENDO O MUNDO

Ala 29 – Ala Prata da Casa MODA DE LINDEBERGUE FERNANDES

190 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Severo Luzardo Filho Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 O DRAGÃO DE IPU E O Na linguagem tupi, Ipu significa “certa qualidade de TESOURO HOLANDÊS terra muito fértil, que forma grandes coroas ou ilhas no meio dos tabuleiros e sertões”. Mas é uma terra que também guarda mistérios e segredos. Por lá corre a lenda de que um holandês, de nome desconhecido, venceu o dragão que habitava os verdes e bravios mares do Ceará. O holandês correu pelos campos de Ipu e enterrou o tesouro então guardado pelo dragão aos pés de São Sebastião, no local onde séculos depois foi construída a igreja matriz da cidade, dedicada ao santo flechado. A ideia era colocar o tesouro sob a proteção do santo mártir de Cristo. O tesouro é parte *Essa imagem é de um croqui da riqueza guardada numa gruta guardada por seres original e serve apenas como mitológicos, além do dragão – dizem que lá habita referência, pois foram realizadas uma serpente com olhos de fogo. Há quem assegure modificações de estética na que o tesouro ainda existe e que o verdadeiro dono execução da alegoria. dessa riqueza é São Sebastião, onde até hoje fazem procissão e mobiliza fiéis.

É neste contexto que chega o abre-alas da União da Ilha, uma alegoria acoplada que representa uma versão estilizada da Catedral de São Sebastião. Para representar a lenda, a posição frontal do abre-alas revela o tesouro protegido pelo dragão e outras criaturas fantásticas. Ao centro, a imagem de São Sebastião e seu peito crivado, sob cujos pés toda a riqueza um dia fora enterrada. A escultura do santo foi concebida por um renomado artista cearense: Assis Filho. A estética geral da alegoria dialoga com o universo rústico da figura do sertanejo – por isso, a predominância da arte em madeira e do artesanato na palha de carnaúba. As franjas e demais tingimentos dessa palha foram elaborados pelo Memorial da Carnaúba do Ceará.

191 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Severo Luzardo Filho Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 O DRAGÃO DE IPU E O COMPOSIÇÕES: TESOURO HOLANDÊS Composições femininas: "Auras celestiais" – (Continuação) Representa o brilho reluzente da fé na Catedral de São Sebastião

Composições masculinas: "Invasores holandeses" – As invasões da Coroa holandesa marcam a história do estado do Ceará. Tudo para buscar as riquezas do tesouro escondido.

DESTAQUES: *Essa imagem é de um croqui Semi Destaques: Carmen Tot e Stefani Tot - original e serve apenas como "Guardiã do tesouro" – A guardiã zela pela riqueza referência, pois foram realizadas escondida em Ipu: o ouro puro e as pedras preciosas modificações de estética na protegidas pelo temido dragão de Ipu. execução da alegoria. Destaque central frontal: Cristiano Moratto - "O fascínio do dragão encantado" – As labaredas do dragão, que protegem o tesouro, provocam o fascínio que inspira a fantasia do nosso destaque central.

Destaque central superior: Leandro Fonseca - "O dragão do tesouro de Ipu" – O feroz dragão que, segundo reza a lenda, guardava o tesouro aos pés da Igreja de São Sebastião é representado pelo destaque central superior.

192 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Severo Luzardo Filho Nº Nome da Alegoria O que Representa

* TRIPÉ 01 “Simbora, fio, que hoje é dia de feira! Só compra quem tiver dinheiro. Quem não tiver não sente nem o cheiro”. A União da FEIRAS E MERCADOS Ilha se inspira nas feiras livres do Ceará, um dos cenários retratados por Rachel de Queiroz em “Memorial de Maria Moura”, para homenagear os mercados populares que unem o melhor da culinária e do artesanato produzidos no estado. Tem de tudo nessa banca cearense montada na Sapucaí: cestas, chapéu, arte em palha, vasos, louças, camarões e temperos. Além disso, este elemento cenográfico é adornado com seis estandartes, que representam importantes mercados da capital Fortaleza: Mercado São Sebastião; Mercado Central; Mercado da Farinha; Mercado dos Pinhões; a Feirinha Beira-Mar; e o Centro de Artesanato do Ceará (Ceart).

DESTAQUES: Destaque de chão frente tripé: Ewa Doromoniec - "Artistas do sertão" - Toda pujança da arte produzida no sertão do Ceará, verdadeira herança cultural brasileira, nos faz encher os olhos e é representada pela musa que desfila à frente do tripé "Feiras e mercados".

Destaque de chão atrás tripé: Débora Ribeiro – “Adornos nativos” - Em “Iracema”, José de Alencar nos mostra que os índios selvagens confeccionavam seus próprios colares, símbolos de vitória e consagração. Eram adornos feitos de sementes – e, muitas vezes, dos dentes de inimigos vencidos em batalhas. Uma espécie de troféu de valentia que ornava, com três voltas no peito, “cingindo o colo” dos vencedores. Esta fantasia inaugura a sequência de alas que valorizam o artesanato cearense, também com grande influência indígena.

Destaque central frontal: Renata Soares – "Riqueza do artesanato" - Do litoral ao sertão, o artesanato do Ceará vai se transformando com os costumes e histórias de cada canto do estado. Não há quem não se encante com a riqueza e a multiplicidade da cultura cearense, que se revela manifestada nas mais diversas formas e cores.

Destaque superior de tripé: Ricardo Ferrador – "Crônicas de fogo e gelo": Através da fusão das tradições indígena, africana e europeia, que coexistiram na época da colonização, o artesão cearense manuseia com destreza o couro, argila, fibras vegetais, madeira e areia colorida, entre outros, para produzir o artesanato com a criatividade, o calor e a essência do Ceará. Como canta nosso samba: "É doce, é fogo, sabor e prazer"!

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Severo Luzardo Filho Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 A "ARTE" QUE FAZ Uma das maiores tradições da cultura cearense, o HISTÓRIA artesanato encanta turistas e viajantes de todo o mundo pela singularidade de sua riqueza. O artesão cearense desenvolveu um amplo know-how que lhe permite manusear materiais como couro, palha, argila, madeira, entre outros. Em tom lúdico e carnavalesco, o conjunto cenográfico da segunda alegoria da União da Ilha faz um grande apanhado do que é produzido no artesanato cearense, uma das maiores tradições

culturais do estado. Na parte frontal, o grande boi em *Essa imagem é de um croqui referência aos bois de cerâmica, muito comuns nas original e serve apenas como feiras cearenses, com clara inspiração no boi-bumbá. referência, pois foram realizadas A arte de modelar o barro e transformá-lo em cerâmica é uma das principais atividades do artesão cearense. modificações de estética na execução da alegoria. A estética artística desenvolvida no Ceará direciona a decoração cenográfica desta alegoria, que reverencia o artesanato local. Mantas e redes especialmente produzidas na cidade de Jaguaruana, interior do Ceará, adornam as laterais do carro alegórico, além das famosas garrafas de areias coloridas, símbolo do artesanato cearense que traz “paisagens sob irradiação do sol e da lua”, como definiu Rachel; ou “o morro das areias que dá alegrias”, como descreveu Alencar. Na parte traseira da alegoria, exalta-se a figura do cangaceiro, muito presente nas inúmeras histórias em cordel, a partir da imagem de um grande chapéu de couro.

Merecem destaque duas referências artísticas do Ceará que contemplam a cenografia desta alegoria. A primeira está na parte frontal: a referência à obra “O regador, ou regando pedras”, do artista plástico cearense Zé Tarcísio, considerada um marco na transição da arte moderna para a arte contemporânea. No topo da alegoria, um painel exclusivo do também artista cearense Dim Brinquedim, que exalta a alegria multicolorida do povo cearense retratada em arte.

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02 A "ARTE" QUE FAZ COMPOSIÇÕES: HISTÓRIA “Arte em xilogravura" – Muito comum nas feiras de (Continuação) artesanato do Ceará, a literatura de cordel é um gênero literário popular no Brasil, tradicionalmente ilustrado com xilogravuras e apresentado em papéis rústicos. Os cordelistas contam histórias que reúnem informações importantes sobre a história da cultura cearense e a típica seca nordestina, salvaguardando a identidade e a memória cultural, herança de preservação das tradições através da palavra igualmente zelada pelos

indígenas, praticantes da oralidade. *Essa imagem é de um croqui original e serve apenas como Convidados: Na escada frontal da Alegoria, teremos referência, pois foram realizadas artistas de diversas artes, consagrados no Ceará e no modificações de estética na mundo. execução da alegoria. DESTAQUES: Destaque de chão: Juliana Souza - "Tributo a Dim Brinquedim"- A peleja poética da União da Ilha estende sua homenagem a artistas populares do Ceará, como Dim Brinquedim, que constrói brinquedos, esculturas e telas cheias de cores e gosto de infância. Tudo parece se tornar arte e brincadeira em suas mãos!

Destaque de chão: Lucia Tina – "Tributo a Zé Tarcísio": Outra importante referência das artes plásticas do Ceará é Zé Tarcísio. Pintor, gravador, escultor, cenógrafo, figurinista e colecionador, Zé Tarcísio é um renomado artista contemporâneo que já expôs em mostras internacionais na Europa, Estados Unidos e outros países da América do Sul, além de várias capitais brasileiras.

Destaque frontal: Elinor Vilhena – "Poema a Patativa do Assaré" - Poeta popular cearense, Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, escreveu oito livros e mais de mil poemas sobre a vida e os sentimentos do homem sertanejo.

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02 A "ARTE" QUE FAZ Destaque lateral direito: Luciana Melani – "Teia HISTÓRIA de cordéis" - Indiscutível a riqueza que a literatura de (Continuação) cordel representa para a cultura cearense e nordestina – e isso envolve uma teia de manifestações artísticas, como a escrita o uso do grafismo e a simbologia que envolve essa prática tão comum nas feiras e mercados populares.

Destaque lateral esquerdo: Markety – "Cores mágicas de histórias de cordel" - Cangaceiros,

padres e demônios ganham cores e vida a cada recorte *Essa imagem é de um croqui das historietas gravadas na literatura escrita em versos original e serve apenas como chamada popularmente de cordel, o que faz reforçar referência, pois foram realizadas sua importância no imaginário popular do cearense. modificações de estética na execução da alegoria. Destaque central: Hermínia Paiva – "Poesia em cordel" - Desfolhando as leituras de cordel, adormecemos inebriados com a poesia popular que conta histórias de castelos, príncipes, princesas, florestas, feitiços, dragões e heróis. O cordelista segue a vida poetizando os momentos em versos de pura magia e encantamento.

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03 A PROCISSÃO MARÍTIMA As páginas de José de Alencar e da obra imortal de Rachel de DE SÃO PEDRO Queiroz nos conduzem para um Ceará de muita fé e devoção. Diversas passagens desses dois escritores fazem emergir de seus livros a religiosidade de um povo sofrido, mas que crê em milagres. Em tom lúdico e carnavalesco, a terceira alegoria da União da Ilha retrata crença do cearense destacando a principal procissão marítima do estado: a Festa de São Pedro dos Pescadores em Fortaleza, homenagem ao padroeiro dos pescadores. A procissão de barcos e jangadas reúne todo ano milhares de fiéis que agradecem pelas bênçãos na pesca. Uma grande embarcação conduz outras jangadas numa barqueata em louvor ao Apóstolo santo. No topo, uma representação da Capela de São Pedro dos Pescadores, localizada na Avenida *Essa imagem é de um croqui Beira-Mar, em Fortaleza. Completam o quadro cenográfico original e serve apenas como desta alegoria seres do mar, botos e, claro, muitos pescadores. referência, pois foram realizadas O contexto da alegoria, foi inspirado em uma escultura da obra modificações de estética na do artista plástico Willi de Carvalho, que interpreta com maestria as provas de fé do povo brasileiro. execução da alegoria. COMPOSIÇÕES: Composições Casais: “Romeiros” Romeiros se reúnem, numa só oração, para pedir ao santo padroeiro dos pescadores que os ajude a navegar nos verdes mares de José de Alencar. Sob o sol da fé, rezam o terço e rogam a São Pedro para livrá-los das intempéries e dos perigos. E que a fartura do mar se estenda por toda nossa vida!

Composição masculina: "Pescadores e devotos de São Pedro" - A Festa de São Pedro dos Pescadores se repete desde a década de 1930 em Fortaleza. Todo mês de junho, a Igreja de São Pedro dos Pescadores e o calçadão da Avenida Beira- Mar recebem quermesses, apresentações de quadrilhas e musicais em louvor ao santo que pescou peixes, antes de ser "pescador de homens" quando se tornou um dos doze apóstolos de Cristo. Como a fé é maior que a igreja, vários devotos escapolem pela calçada e assistem a celebração do lado de fora, numa missa ao ar livre.

Composição feminina: "Poema a São Pedro" - Tamanha é a devoção dos pescadores cearenses a São Pedro que seus fiéis homenageiam o santo padroeiro com cânticos e até poemas. Em festa, louvam assim os devotos: "No São Pedro é celebrado / Nossos festejos divinos / Que trazem muita alegria / Pro nosso Ceará querido!”

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03 A PROCISSÃO MARÍTIMA DESTAQUES: DE SÃO PEDRO Destaque de chão: Chris Tavares – "Procissões de arte e (Continuação) de fé"- Fé e arte se fundem, como sinônimo de beleza, na procissão marítima de São Pedro, em Fortaleza.

Destaque de chão: Graciele Bracco Chaveirinho – "Prece para São Pedro" - A força de São Pedro guia devotos cearenses a clamar por dias melhores não só na pesca, como também na lida diária. Rezam em prece: "Glorioso São Pedro, Tu que sabes de todos os segredos do céu e da terra, ouve a minha oração e atende a prece que vos dirijo".

Destaque central frontal: Kamila Reis – "Testemunhos da fé": Na procissão de São Pedro, todos clamam em uníssono, num ato de fé pela paz, prosperidade e a união do homem *Essa imagem é de um croqui pescador. Tem cantorias, danças, barqueata e muita festa, num original e serve apenas como verdadeiro testemunho de fé representado pelo nosso referência, pois foram realizadas destaque. modificações de estética na Semi Destaque lateral esquerdo: Rodrigo – "Os execução da alegoria. significados carregados de magia": A pesca garante o sustento de muitas famílias que vivem ao longo do litoral de José de Alencar. E o bom pescador sabe a hora das cheias, entende os segredos e os lamentos do mar. São os significados carregados de magia, representados nesta fantasia.

Semi Destaque lateral direito: Beth Ribeiro – "A fé de Pedro": "Rede na praia, barco no mar, e a tua igreja a navegar" – assim cantam os devotos de São Pedro dos Pescadores. A admiração pelo santo ganha forma na religiosidade do povo cearense.

Destaque central superior: Augusto Melo – "São Pedro: quando o imaginário ascende à palavra": Um dos apóstolos e seguidores de Jesus, Pedro era pescador e tinha um barco que usava para navegar pelo mar da Galileia. Certo dia, recebeu a missão de Cristo: "Tu serás o pescador de homens". E, desde então, foi alçado ao posto de padroeiro dos pescadores, como os de Fortaleza e demais municípios do litoral cearense. São Pedro é considerado ainda o fundador da Igreja Cristã em Roma e foi o primeiro Papa a se ter registro na história do Catolicismo.

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04 CARIRI Das páginas dos livros de José de Alencar e da obra imortal de Rachel de Queiroz, emergem frases que falam sobre a beleza e do Ceará. Num dos ensaios mais raros de Rachel ("Caderno de Geographia", de 1922), a escritora descreveu as belezas da geografia do seu estado, sobretudo o sertão do Cariri, que sempre lhe foi muito familiar. Em seus escritos, a autora fala sobre a formação da Terra e o surgimento dos primeiros animais: os dinossauros. Pouco é sabido, mas a Chapada do Araripe, localizada no Cariri, preserva uma riqueza geológica, arqueológica e *Essa imagem é de um croqui paleontológica, com um precioso patrimônio fossilífero original e serve apenas como referente ao período cretáceo no Brasil. Pesquisadores referência, pois foram realizadas escavam incalculáveis registos de uma biodiversidade modificações de estética na pretérita dos primeiros habitantes do planeta em solo cearense. Não à toa Rachel, em outro livro ("As três execução da alegoria. Marias"), assim definiu essa região: "Eu também me fazia contar coisas do meu Cariri natal, que era ali tão exótico e distante quanto as agulhas de Cárpatos". Dentro desse contexto de exotismo que o Cariri evoca, a quarta alegoria da União da Ilha traz referências – já apontadas por Rachel de Queiroz – sobre uma das maravilhas da geografia cearense: o Geoparque Araripe, um dos mais completos e ricos depósitos de fósseis do planeta e o mais raro patrimônio paleontológico do país. Na frente da alegoria, está a representação do Santanaraptor placidus, fóssil raro de um dinossauro hoje exposto no Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri. Ossadas e folhas de carnaúba completam, numa leitura carnavalizada, o conjunto cenográfico dessa alegoria. Na segunda parte do carro, outras duas referências merecem destaque. A primeira é o pássaro mesozoico Enantiornithes, considerada a ave mais antiga do Brasil, cujo fóssil foi encontrado em estado raro de conservação entre as pedreiras calcárias da Bacia do Araripe. Com asas proeminentes, plumagem espessa e sua longa cauda, a espécie era menor do que um beija-flor. Outra referência é o verde da rica vegetação da Floresta Nacional do Araripe, considerado um oásis no meio do sertão. São, na visão de Alencar descrita no livro "Como e por que sou romancista", "as matas seculares que vestiam as serras (...) e através destas também esfumavam-se outros painéis, que me representavam o sertão".

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04 CARIRI COMPOSIÇÕES (Continuação) "Pássaros em passeio" – Na crônica "Os Passarinhos", do seu livro "O Homem e o tempo", Rachel de Queiroz escreve a respeito dos cantos dos vários pássaros que "passeiam" por sua fazenda Não Me Deixes, no Cariri, coração do sertão cearense. A fazenda, inclusive, serviu como modelo para o primeiro censo de fauna e flora do bioma caatinga. Por isso, a União da Ilha convoca os pássaros de Rachel para passear, numa revoada multicolorida, pela Marquês de Sapucaí. Como canta nosso samba: "A natureza cantada em meus versos / *Essa imagem é de um croqui Traduz a beleza desse meu lugar". original e serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de estética na DESTAQUES: execução da alegoria. Destaque de chão: Priscila Mathias "Relíquias do Cariri" - As cidades do sertão cearense "se aninham", como descreveu Rachel de Queiroz, no meio de suas belezas naturais. São as relíquias do Cariri, como as ossadas fossilizadas e eternizadas pelo tempo.

Destaque de chão: Geovana Vinhaes "Relíquias do Tempo" - Em “Como e por que sou romancista”, Alencar afirmou que “Os estudos de história preenchiam o melhor de meu tempo, e de todo me atraíam”. É o que estudam os pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca), sempre em busca de verdadeiras relíquias naturais deixadas pelo tempo.

Destaque lateral esquerdo: Michelle Lao – "Arara azul" - Essa ave de "bico adunco" (recurvado), como as descritas por Alencar em "Iracema", inspira a fantasia do destaque lateral esquerdo da quarta alegoria. Supõe-se que tais aves teriam evoluído a partir de aves do período Cretáceo.

200 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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04 CARIRI Destaque lateral direito: Naldo Ilha – "Pássaro da (Continuação) Serra" - Rachel conta, em seus escritos, que sempre foi uma preocupação dela soltar pássaros. Um deles é a saíra, de tom azul exuberante, que não se adapta à gaiola, muito comum na Serra de Baturité. No nosso desfile, a ave desfila solta, lépida e faceira pela Marquês de Sapucaí.

Destaque central: Victória Castelhano – "Soldadinho do Araripe": O soldadinho-do-araripe (Antiolphia bokermanni) é uma das aves mais características da *Essa imagem é de um croqui Chapada do Araripe – e também uma das ameaçadas do original e serve apenas como planeta. Essa espécie se destaca pelo contraste de referência, pois foram realizadas plumagem: dorso e peito esbranquiçados; as pontas das modificações de estética na asas pretas; e o topete na cabeça vermelho. Ele sobrevoa execução da alegoria. o horizonte do Araripe, "azul e constante como a linha do mar", conforme descrito por Rachel de Queiroz em "As três Marias".

05 FIOS DA VIDA TECENDO O A mulher rendeira faz parte do imaginário popular MUNDO cearense e é, desde muito, transmissora de um conhecimento geracional – passa sua arte de tramar os fios em bilros de geração em geração. Este conhecimento permeia não só a história de muitas famílias de mulheres cearenses, bem como personagens importantes da literatura de Rachel de Queiroz e José de Alencar - como Guta, Maria José e Glória, as protagonistas do romance “As três Marias” (QUEIROZ) ou a Dona Flor de “O sertanejo”

(ALENCAR). *Essa imagem é de um croqui original e serve apenas como referência, pois foram realizadas modificações de estética na execução da alegoria.

201 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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05 FIOS DA VIDA TECENDO O Suas mãos criam, dão forma, transformam, impõem MUNDO relevos e acrescentam cores. Tecem, bordam, moldam, (Continuação) costuram e impressionam. A última alegoria da União da Ilha do Governador presta, portanto, uma grande e merecida homenagem à figura da mulher rendeira e bordadeira, que sintetiza toda a moda cearense retratada no último setor do nosso desfile. Ponto a ponto, a trama da renda e o traçado dos fios alinham o Ceará como a terra que veste não só sua gente, mas também o mundo. O estado é reconhecido internacionalmente pela modernização do cultivo do algodão, uma das fontes de exportação e também matéria-prima do bordado. O conjunto escultórico desta alegoria é composto por: à *Essa imagem é de um croqui frente, uma mulher rendeira e sua filha bordando em uma original e serve apenas como máquina de bilro a fim de demonstrar que o ofício de referência, pois foram realizadas tecer e emaranhar os fios passa de geração em geração. modificações de estética na No centro, um grande globo terrestre giratório que execução da alegoria. representa o mundo tecido pelos fios das rendeiras e bordados cearenses. Nas laterais, figuras femininas emergem entre tramas e linhas rendadas e simbolizam, de forma lúdica, a projeção mundial da moda do Ceará. Contemplam a alegoria pás de moinho ou cataventos que produzem energia limpa e renovável – o estado se destaca por ser o maior produtor nacional de energia eólica, segundo o IBGE. São os bons ventos que sopram e reposicionam o Ceará rumo ao progresso. Passado (a tradição dos bilros); presente (o perpassar do conhecimento entre as bordadeiras); e futuro (a energia limpa e renovável) sintetizam o conceito desta alegoria que encerra nosso desfile.

COMPOSIÇÕES: "Poesias rendadas em alvos fios" – A arte de tramar rendas tem relevante influência indígena. A virgem Iracema, por exemplo, já utilizava os alvos fios do crautá e as agulhas da juçara para sua tecelagem descrita no clássico romance de José de Alencar. Hoje a habilidade da tessitura cearense é dotada de beleza e qualidade inigualáveis, que vestem os filhos de sua terra e elevam o Ceará ao cenário mundial da moda.

202 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Severo Luzardo Filho Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 FIOS DA VIDA TECENDO O COMPOSIÇÕES: MUNDO Convidados: Na parte frontal da Alegoria, teremos (Continuação) personagens da Moda, consagrados no Ceará.

Baluartes da Escola – "Memórias do Ceará": Membros mais antigos e eternos guardiões de uma escola de samba, os ilustres componentes da velha- guarda e do Departamento Feminino protegem suas raízes, preservam a memória e mantêm vivas as tradições. Na peleja poética da União da Ilha, ambas as alas zelam pelo saber imemorial das rendeiras cearenses, donas do conhecimento adquirido com o passar dos anos – verdadeira memória viva cultural.

*Essa imagem é de um croqui DESTAQUES: original e serve apenas como Destaque de chão: Sanne Belucci – “Beleza cearense” referência, pois foram realizadas – José de Alencar definiu, em “Ao correr da pena”, modificações de estética na beleza como uma “poesia sublime”. Chega, portanto, na execução da alegoria. Avenida um poema da União da Ilha do Governador, beleza devidamente arrochado no aprumo da moda cearense.

Destaque central: Marilda Lafitte – "Artesã dos fios do amor": Em suas páginas, Rachel se diz extremamente orgulhosa de suas origens cearenses. Cita a "simbiose da terra com sua gente" como, por exemplo, a relação das artesãs pelo ofício da renda: "No afã de alinhar mais o trocado do ponto de filó, e sai tão fina, tão delicada, tão perfeita". São fios de amor que se entrelaçam e fazem tramar o dia a dia das mulheres rendeiras com fios finos. "Menina rendeira me ensina a bordar / No céu emoção, no chão simpatia".

Destaque central superior: Nacho Mohammed – "Nossa gente tece o futuro": O cearense relatado nas páginas dos nossos dois nobres escritores hoje tece o mundo, enredando o estado do Ceará na trama de um futuro promissor. Ponto a ponto, o cearense se aninha em rendas de fino trato, num trabalho de extrema delicadeza e sabedoria. Assim as rendeiras bordam o pano e também bordam a vida, que tanto a União da Ilha exaltou com o enredo "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu".

203 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01: Destaque central frontal: Cristiano Moratto Designer de Moda Fantasia: “O fascínio do dragão encantado”

Destaque central superior: Leandro Fonseca Empresário Fantasia: “O dragão do tesouro de Ipu”

Semi Destaques: Carmen Tot Estilista Semi Destaques: Stefani Tot Arquiteta Fantasia: “Guardiã do tesouro”

Elemento Alegórico (Tripé) 01: Destaque central frontal: Renata Soares Enfermeira Fantasia: “Riqueza do artesanato”

Destaque superior de tripé: Ricardo Ferrador Bancário Fantasia: “Crônicas de fogo e gelo”

Alegoria 02: Destaque frontal: Elionor Vilhena Educadora Física Fantasia: “Poema a Patativa do Assaré”

Destaque lateral direito: Luciana Melani Modelo Fantasia: “Teia de cordéis”

Destaque lateral esquerdo: Markety Estilista Fantasia: “Cores mágicas de histórias de cordel”

Destaque central: Hermínia Paiva Estilista Fantasia: “Poesia em cordel”

Alegoria 03: Destaque central frontal: Kamila Reis Empresária de Dubai Fantasia: “Testemunhos da fé”

Semi Destaque lateral esquerdo: Rodrigo Cabelereiro Fantasia: “Os significados carregados de magia”

Semi Destaque lateral direito: Beth Ribeiro Empresária Fantasia: “A fé de Pedro”

Destaque central superior: “Augusto Melo” Empresário Fantasia: “São Pedro: quando o imaginário ascende à palavra

Alegoria 04: Destaque lateral esquerdo: Michelle Lao Jornalista Fantasia: “Arara azul”

204 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Destaque lateral direito: Naldo Ilha Modelo Fantasia: “Pássaro da Serra”

Destaque central: Victória Castelhano Pedagoga Bilíngue Fantasia: “Soldadinho do Araripe”

Alegoria 05: Destaque central: Marilda Lafitte Produtora Fantasia: “Artesã dos fios do amor”

Destaque central superior: Nacho Mohammed Empresário Fantasia: “Nossa gente tece o futuro

Local do Barracão Rua Rivadavia Corrêa, nº. 60 – Galpão nº. 02 – Gamboa – Rio de Janeiro Diretor Responsável pelo Barracão Luiz Carlos Riente Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe Jhow Washington Castelinho Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe Max Muller Cassio Murilo Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Fuka Fábio Outros Profissionais e Respectivas Funções

Adriano - Aderecista de Alegorias (01, 03 e 05) Anderson Douraro - Aderecista de Alegorias (02, 04 e Tripé 01) Claudinho Guerreiro - Comprador / Ateliê de composições Edu Chagas - Diretor de Atelier e Almoxarifado Vitor - Vime e palhas Claudinho Sousa - Laminação e reprodução de fibra de vidro Batista - Hidráulicos Sergio Lopes - Trabalhos em espuma Andre Fuentes - Efeitos especiais Moisés - Almoxarifado Magrão - Empastelação e emasse Guilherme - Assistente de Carnaval / Projeto / Arte finalização Cristiano Morato - Coordenação de destaques Cezinha - Movimentos motorizados Adson (Mega) - Movimentos Manuais / Esculturas com Movimentos Chibata - Portaria Silvio / Dudu e Terrinha - Serviços Gerais Guilherme - Brigadista Renata - Cozinha

205 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Severo Luzardo Filho D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

01 A Esfinge de Quixadá, terra afetiva de Rachel de Ala Melodia Anna Paula e Quixadá Queiroz e cenário do livro “O (Comunidade) Eduardo Quinze”, é conhecida por sua 2004 paisagem de formações rochosas, Estandarte de tendo como símbolo principal a Ouro Esfinge de Pedra. Acreditam os moradores que a montanha de pedra, em formato de grande esfinge, é uma fantástica obra moldada em tempos imemoriais. Quem a moldou foi uma antiquíssima civilização,

dotada de uma espantosa tecnologia capaz de esculpir montanhas inteiras sob as mais variadas formas.

02 O Velho Guajará Os mangues descritos por José de Ala de Rita e João Alencar em “Iracema” guardam um Performance segredo inviolável. É lá onde mora o (Comunidade) Velho Guajará, lenda viva da região 2014 de Itarema (CE), inicialmente habitada pelos antigos índios tremembés. Contam que o Velho Guarajá, também conhecido como “Pai do Mangue”, faz rápidas aparições em forma de um grande pássaro e seu assobio característico. A fantasia da ala traz na cabeça a representação da ave, uma das aparições do Guarajá, com elementos da indumentária indígena. No centro desta ala, surge o grande tuxaua, divindade mentora do espírito do Guajará, com seu espectro coberto de palha.

206 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Severo Luzardo Filho D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

03 O Pássaro O Urutaú, citado no romance “O Ala Loucos Luiz Carlos e Urutaú Guarani”, de José de Alencar, é um Pela Ilha Cíntia pássaro emblemático e misterioso. (Comunidade) Dono de olhos esbugalhados, 1996 semelhantes aos de uma coruja, a Estandarte de ave é uma espécie de mensageira Ouro dos altos céus, enviada pelos índios ancestrais guaranis para pressagiar, com seus cantos de “notas graves e sonoras”, desejos de boa sorte aos que aqui estão.

04 Sabores do Para Alencar e Rachel, o sabor do Ala Sacode Jorge Sertão Ceará tem lugar: é o sertão, terra Quem Pode onde a comida reúne visitantes e 1984 amigos em torno da mesa forrada de chitão. É uma cozinha rústica e com sotaque próprio. Rachel, inclusive, se declarava melhor cozinheira do que escritora. Por essa razão, o figurino desta ala traz algumas representações da culinária típica do Ceará descritas no livro “O Não Me Deixes: suas histórias e sua cozinha”, de Rachel de Queiroz, como a galinha cabidela, queijo coalho, milho e o bolo de fubá, com elementos da vestimenta do sertão descrita na obra “O sertanejo”, de Alencar.

207 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Severo Luzardo Filho D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

05 Alfenim: O A mesa do nordestino, já apontou Sou Mais Rosa e perfume dos Rachel de Queiroz, é pródiga em Minha Ilha Carlinhos meus doces doces, com uma dieta rica em (Comunidade) Fuzileiro açúcar. Além da clássica rapadura, 2006 uma das variantes do açúcar no Ceará são os alfenins, um doce delicado e frágil de cor branca, que se apresenta em formas esculpidas de bonecas, anjos, aves e flores. “Tudo muito doce, ao gosto do nordestino”, definiu nossa escritora ao descrever o perfume dos doces que embalou seus escritos sobre o amor à culinária.

06 Camarão A gastronomia da região litorânea Ala Beleza Maria Lúcia Cearense cearense em nada se compara com a Pura rústica comida do sertão. Nela há (Comunidade) uma grande variedade de pratos com 2014 frutos do mar, devido à sua extensa costa marítima. Entre pratos típicos do litoral, destacam-se os preparados com camarão, cuja produção o Ceará é líder nacional. O figurino desta ala faz alusão ao costume atual da pesca desta delícia marítima, uma herança das tribos dos primeiros habitantes dessa terra como os índios potiguaras, descritos por Alencar em “Iracema” como “comedores de camarão”. O nome da ala remete a uma receita imortalizada na culinária desse estado: "camarão cearense".

208 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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07 Artesanato de Em “Iracema”, a personagem-título Ala Batuke de Catia Palha carregava sua colheita dentro de Batom urus, cestos de palha de carnaúba (Comunidade) com alça, hoje muito comuns da 2013 região do Cariri. A arte de trançar fibras é uma herança deixada pelos índios. A criatividade com uso da palha tem sido, há décadas, o principal meio de sobrevivência de artesãos cearenses. Verdadeiros artistas que dão vida a peças úteis, como bandejas, chapéus e esteiras, entre uma infinidade de artigos. O figurino desta ala traz elementos produzidos por uma rede de artesãs cearenses, como descansos de prato e rosas trançadas na palha.

08 Artesanato A cerâmica é uma arte originária dos Ala Show da Juçan e Fátima Cerâmico índios e desenvolvida Ilha posteriormente pelos negros. A (Comunidade) Fazenda Não Me Deixes, na cidade 2012 de Quixadá, onde Rachel viveu boa parte de sua vida, guarda uma coleção de panelas, jarros e potes de cerâmica, objetos que revelam uma das formas de arte popular mais desenvolvidas no estado do Ceará. A arte de modelar o barro é uma das principais atividades do artesão cearense. O artesanato cerâmico é presente também em uma das obras mais emblemáticas de Rachel, “Memorial de Maria Moura”: “Encomendei à nossa velha louceira toda louça de barro, as panelas, os potes e alguidares”.

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Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Severo Luzardo Filho D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

09 Arte em Cordel Muitas histórias de cordel são Ala Guerreiros Dudu talhadas na madeira, nas palavras de da Ilha Rachel, pelo “santeiro anônimo que (Comunidade) lhe esculpe religiosamente o vulto 2014 num palmo de raiz de cajazeira”. Um dos expoentes dessa arte no Ceará é Inocêncio Medeiros da Costa, mais conhecido como Mestre Noza. Ele é autor de inúmeras xilogravuras talhadas na madeira de imburana que ilustram histórias da cultura cearense, especialmente sobre Padre Cícero Romão, o Padim Ciço. A ala presta também uma homenagem a Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Cordel, esse artista fiel, que fez a literatura cumprir seu social papel, inter-relacionando xilogravura e cordel.

210 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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10 Festa do Chitão “Havia festas nos ares”, anuncia o Ala Mauricio protagonista de “O sertanejo”, de Solidariedade José de Alencar. Uma das mais (1974) populares no Ceará é a Festa do Chitão, muito predominante na cidade de Cedro. A festa surgiu nos idos de 1940, quando um comerciante local organizou um evento para acelerar as vendas do chitão estocado em suas lojas. Para retratar a alegria desse importante festejo cearense, o figurino da ala mescla elementos nordestinos característicos como a chita e fitas coloridas.

11 Reisado Uma das festas mais populares do Ala Leila e Michele Ceará, o Reisado é muito presente Empolgação da na cultura do sertão do Cariri. O Ilha folguedo é uma tradição secular que (Comunidade) representa o cortejo dos Reis Magos. 2015 Na leitura cearense, o Reisado ganha contornos sertanejos em função da Estandarte de cultura do gado – são “os Reis do Ouro 2016 Couro”. A festa encantou Alencar em um dos seus livros autobiográficos, “Ao correr da pena”. Disse ele: “Logo depois vinham os Reis com as suas cantigas, as suas romarias noturnas, as suas coletas para o jantar do dia seguinte”.

211 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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12 Maracatu Fortaleza, capital do Ceará e cidade- Ala das Tia Bené natal de José de Alencar, abriga um Baianas dos mais celebrados festejos do (1953) estado: o Maracatu de Fortaleza, que acontece todo 25 de março. O ritmo contagiante da percussão e o rico colorido dos trajes reais anunciam a cerimônia de coroação da antiga nobreza africana. Reis e rainhas se encontram para brincar ao som do batuque em homenagem aos seus ancestrais negros. O Maracatu surgiu no século 18 para encenar a glória real da corte africana, reconstituindo a coroação dos reis do Congo. Após a abolição da escravatura, o ritual ganhou as ruas, tornando-se um folguedo. No cortejo de nossa peleja poética entre Rachel e Alencar, as rainhas do Maracatu são representadas pelas grandes damas do samba, as nossas baianas matriarcas. As tradicionais senhoras da União da Ilha trazem toda a realeza africana em sua nobre indumentária, magnificamente trajadas em ouro e vermelho, promovendo com seu rodopiar um verdadeiro cortejo na Avenida.

212 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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13 Romeiros da Fé Rachel de Queiroz relatou que a Ala Bira Dance Bira Dance cidade de Juazeiro do Norte foi Performance comparada a Meca ou a Jerusalém, (Comunidade) por ser “a capital de um culto, a 1988 residência permanente de um santo e em torno desse santo girava toda a vida daqueles milhares de homens”. O santo em questão é Padre Cícero Romão Dias, o Padim Ciço, sacerdote católico cearense que não foi canonizado pela Igreja e, ainda assim, é tido como um mito, um verdadeiro salvador por sua imensa legião de fiéis espalhados pelo Brasil. Esses romeiros da fé fazem sua peregrinação religiosa na Avenida em uma ala coreografada, com quatro figurinos, para pedir bênçãos no carnaval da peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu.

213 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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14 Padim Ciço "Vou pedir a Padim Ciço / Abençoe Ala Bateria Mestre Keko e nosso povo / Essa fé vai nos guiar"! 1953 Marcelo Santos Os ritmistas da nossa escola Estandarte de homenageiam Padre Cícero Romão Ouro 1978, Batista, popularmente conhecido 1981, 1985, como Padim Ciço, um dos símbolos 1989 e 2017 da religiosidade nordestina. Nascido em Crato, Cícero tornou-se conhecido no sertão do Cariri pelos seus feitos milagrosos (mesmo não reconhecidos pela Igreja Católica). Sua figura mítica até hoje reúne milhares de fiéis e peregrinos em torno da estátua erguida em sua homenagem na cidade de Juazeiro do Norte. Padim Ciço virou lenda e personagem de inúmeros cordéis, que estampam os três figurinos da bateria da Ilha: Padre Cícero, o sacerdote do povo (ritmistas); os beatos – roupa de celebração (diretores principais); e coroinhas (diretores auxiliares). Em um de seus momentos como poeta, Rachel de Queiroz dedicou versos a Padre Cícero. No poema “Meu Padrinho”, disse ela: “Meu padrinho – só ele! – soube entender o caso do Nordeste / Meu padrinho conhece a alma do cangaceiro”. Em outra crônica, Rachel escreveu: “Por mim, quero crer que o Padre Cícero, ‘Meu Padrinho’ como o chamávamos todos, foi um santo. Como santo obrava milagres, dava luz aos cegos, matava as pragas das roças, achava coisas perdidas, valia os navegantes no mar”.

214 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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15 Quadrilhas Pegue seu par e venha dançar Ala de Andrea Juninas quadrilha com os passistas da União Passistas da Ilha! O Ceará é um dos estados 1953 com maior número de grupos de quadrilhas juninas, com destaque para o São João de Maracanaú, que reúne todo ano milhares de espectadores. A dança dos nossos brincantes transforma o chão da Avenida num céu pintado de balões. Então, não se avexe não! Venha pular fogueira e se encantar tal qual Alencar descreveu em “O sertanejo”: “Então entraram, cada uma de seu lado, duas quadrilhas adereçadas com roupas muito lindas”.

16 Cirandas Entre a variedade de festas populares Ala Passo Sandra e do Ceará, estão as cirandas, dança Marcado Ricardo tipicamente nordestina e muito (Comunidade) comum nas comunidades pesqueiras 1998 do litoral do estado. Caracteriza-se pela formação de uma grande roda, geralmente nas praias ou praças, onde os integrantes dançam ao som de um ritmo lento e repetido. A indumentária desta ala é inspirada nas grandes rodas de festas e traz a inspiração da alegria originária deste universo das cirandas de roda, como citou Rachel em uma de suas crônicas, “A Rosa e o fuzileiro”: “E bem no meio do campo de jogo, um grupo de garotas teimosamente anacrônicas gira numa ciranda, cantando que à mão direita tem uma roseira que dá rosa em mês de maio”.

215 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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17 Boi Bumbá A infância de Rachel de Queiroz, na Ala Os Incas Amanda e fazenda Junco, em Quixadá, é repleta (Comunidade) Fernando de experiências culturais que marcaram 2002 a imaginação da escritora. Uma delas, descrita em seu livro de memórias “Tantos anos”, é o bumba meu boi, que leva para as ruas suas brincadeiras de improviso e encanto. As apresentações estão inseridas no ciclo natalino. A brincadeira da morte e ressurreição do boi já se tornou um costume bastante cultivado em várias cidades do estado. Assim descreveu Rachel sobre o folguedo: “Lá para minha zona, no município de Quixadá, que já é sertão autêntico, o único festejo popular que apaixona e consome dinheiro e energias é o boi. (...)Essa sim, tem ainda muita força no coração do povo”.

18 Fósseis de Cariri Rachel e Alencar demonstravam, em Ala Tropical Ricardo seus livros, verdadeiro fascínio pela (2003) Ribeiro geografia e biodiversidade do Ceará. O estado guarda muitas belezas naturais, como o Geoparque Araripe, no Cariri, um dos mais completos e ricos depósitos de fósseis do planeta. São plantas, anfíbios, insetos, répteis e até dinossauros fossilizados há milhões de anos. É o mais raro patrimônio paleontológico do Brasil. “[O Cariri é] região fresca, alimentada pelas fontes que descem da Chapada do Araripe, espécie de barreira natural, de belíssima visão, ergue-se como uma segunda linha do horizonte, azul e constante”.

216 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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19 Guardas A tradicional ala de compositores da Ala dos Joelson Florestais da União da Ilha do Governador Compositores Serra da homenageia os guardiões da Serra (1953) Ibiapaba da Ibiapaba, um verdadeiro “oásis de clima temperado no meio do agreste clima do sertão”, como definiu Rachel de Queiroz no livro “O Nosso Ceará”. Lá são preservadas algumas espécies da fauna e flora das tradicionais florestas de Mata Atlântica, reservando belas paisagens ao visitante.

20 Açude do Cedro “Ouvindo poesias de Rachel”, como Ala Raízes Cidália canta nosso samba-enredo, (Comunidade) encontramos os versos de “Cedro”, 1972 poema sobre o primeiro açude a ser construído no Brasil, ainda nos tempos do Império, a mando de Dom Pedro II. Construído em 1877 para combater a seca na região de Quixadá, o Açude do Cedro é considerado a primeira grande obra hídrica brasileira. Escreveu Rachel: “E o Cedro grandioso grita, a se remirar no seu paredão alto, nos seus mosaicos, nos correntões que pendem em marcos de granito (...) Pesca meus peixes! Bebe e venera em mim a memória gloriosa de S. M. o Imperador!”

217 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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21 A Bica de Ipu As belezas cearenses também saltam Ala Águia da Carla e Bianca das páginas dos livros de José de Ilha Alencar. No município de Ipu está (Comunidade) localizada a cachoeira imortalizada 2013 pelo escritor no seu clássico “Iracema”. A Bica de Ipu é uma queda d’água localizada aos pés da Mata de Ibiapaba. A cachoeira foi muito utilizada por Iracema e outros índios tabajaras como local de banho e descanso em meio ao escaldante calor da região. Disse Alencar sobre a famosa Bica: “Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas”.

22 Jericoacoara José de Alencar definiu o litoral do Ala Sorriso e Marinete e Ceará como “verdes mares que Alegria Heloísa brilhais como líquida esmeralda aos (Comunidade) raios do Sol nascente, perlongando 2013 as alvas praias ensombradas de coqueiros”. Assim é Jericoacoara, Estandarte de um dos destinos mais procurados Ouro 2016 pelos turistas e amantes de esporte, como surf e windsurf. As redes sobre a água são outra marca registrada deste cenário fascinante, verdadeira dádiva da natureza.

218 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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23 Canoa quebrada No desafio da peleja poética do nosso Ala Ruth desfile, Rachel de Queiroz destaca Sambatuque outra beleza litorânea do Ceará: (Comunidade) Canoa Quebrada, “visão do clássico 2009 paraíso tropical – areias alvas, dunas, coqueiros, vegetação de beira-mar”. Antigo esconderijo hippie, Canoa Quebrada hoje recebe milhares de turistas. O local é de uma beleza indiscutível: as praias com falésias avermelhadas são fascinantes. Para a escritora, o litoral de Canoa Quebrada é a mais perfeita tradução do que é ser cearense: “Aquela terra salgada que já foi fundo do mar tem mesmo o gosto do nosso sangue”.

24 A Moda de Além de livros e poemas, Rachel de Ala Alegrilha Eliana Espedito Seleiro Queiroz foi autora de peças de teatro, 1979 como “Lampião” (2005), um libelo à vida de Virgulino Ferreira da Silva, um dos mais valentes e destemidos cangaceiros das quebradas do sertão. Essa figura lendária também inspira a arte em couro de um dos maiores expoentes da moda cearense: o mestre Espedito Seleiro. Seu estilo único reinventa o universo dos vaqueiros e cangaceiros através do resgate das cores e formas que se destacam em meio à paisagem do semiárido cearense. O figurino dessa ala, aprovado pelo próprio Espedito, conta com couro vegetal produzido por uma rede de artesãs cearenses.

219 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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25 Rendas de fino Iracema, conta Alencar, costumava Ala Falcão da Ellen trato tecer rendas de algodão com Ilha agulhas extraídas da juçara. A arte (Comunidade) de trançar fios naturais teve 2001 influência indígena e hoje é uma das principais fontes de faturamento do artesanato cearense. O algodão, inclusive, foi o primeiro produto de exportação do estado, considerado o “ouro branco” das lavouras. Hoje ele é eternizado nas mãos de artistas, as queridas rendeiras do litoral, que entrelaçam nos fios uma das identidades culturais do Ceará. O figurino desta ala conta com um trançado de algodão feito exclusivamente para o carnaval da União da Ilha.

26 Bordando sonhos No poema “Renda da terra”, Rachel Ala Fênix da Junior de Queiroz se mostra encantada Ilha com a arte do bordado, também (Comunidade) muito característica no Ceará, 2013 sobretudo na região de Icó. Disse a autora: “No afã de alinhar mais o trocado / do ponto de filé / e sai tão fina, tão delicada, tão perfeita / que vocês, meus irmãos do Sul / mandam buscá-la aqui, na barraquinha anônima das várzeas”. O bordado de filé da cidade de Jaguaribe é famoso no mundo todo. O figurino desta ala contém mantas de filé bordadas exclusivamente para o desfile por uma cooperativa de artesãs de Jaguaribe.

220 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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27 Moda de Dormir “O sono é uma voluptuosidade do Ala Angels da Rebeca Rolszt paraíso”, definiu José de Alencar em Ilha “Ao correr da pena”. Pois chega à (Comunidade) Sapucaí a mais perfeita 2018 voluptuosidade do paraíso, assim definida pelo nosso escritor: cem mulheres vestindo lingeries cearenses, muito caracterizadas pelo trabalho de renda costurada com tules e tecidos tecnológicos, tudo em modelagens sensuais. Passado e presente se emaranham nos fios alvos para exaltar a beleza feminina do Ceará, segundo maior polo de fabricação de lingeries do Brasil. Os desenhos exclusivos de Nayane Rodrigues para este desfile exaltam a beleza da mulher brasileira. Afinal, como continua Alencar: “Que melhor se pode fazer neste tempo de repouso e descanso do que sonhar?”.

28 Moda de A velha guarda da União da Ilha Ala Velha Jurema Ivanildo Nunes desfila na Marquês de Sapucaí com Guarda roupas desenhadas pelo estilista (1953) Ivanildo Nunes, um dos expoentes da moda cearense atual. Ivanildo alia design e arte a técnicas avançadas de richelieu, bordados e as valiosas rendas de bilro, muito característico do artesanato local. O traje desta elegante ala foi criada e produzida pelo próprio artista exclusivamente para nosso desfile.

221 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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29 Moda de Finalizando o desfile, esta ala que Ala Prata da Direção de Lindebergue não se configura fantasiada e Casa Carnaval Fernandes avaliada no regulamento do quesito, (2018) congrega os foliões colaboradores e amigos da Escola. Lindebergue Fernandes um dos nomes mais importantes da moda autoral cearense, usa o artesanato local para retratar a pluralidade deste Estado tão rico culturalmente. O figurino é assinado pelo próprio Lindebergue e traz seu trabalho característico de moda

contemporânea, casual e urbana com a releitura moderna de estampas bem tradicionais. Trata-se de um figurino leve e alegre, duas marcas da União da Ilha do Governador, que transparece simpatia no chão da Marquês de Sapucaí ao olhar para o céu e testemunhar a emoção desse encontro divinal entre Rachel e Alencar, como canta nosso samba- enredo: "No céu emoção, no chão simpatia". Neste fim de desfile também teremos pessoas pedindo Paz para o Estado do Ceará, representadas aqui, pelos dois clubes de futebol do Ceará com maior expressão no cenário Nacional: Ceará Sporting Club e Fortaleza Esporte Clube.

222 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Fantasias

Local do Atelier Rua Rivadavia Corrêa, nº 60 – Barracão nº. 02 – Gamboa – Rio de Janeiro Diretor Responsável pelo Atelier Sonia Santos, Dudé, Tâni Garcia, Rita de Cássia, Felipe, Ana Oliveira, Claudinho Guerreiro e Edu Chagas Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Ana Oliveira Sonia Santos, Dudé, Tâni Garcia, Rita de Cássia, Felipe, Ana Oliveira, Sergio Lopes e Claudinho Guerreiro Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Sonia Santos Edna Outros Profissionais e Respectivas Funções

Claudinho Guerreiro - Chefe do Atelier de Composições Edmilson - Chefe do Atelier de Fantasia Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira Marquinhos - Penas Artificiais Anderson - Corte em Máquina Cassio e Savio - Pintura de Arte em Fantasias Janice - Bordados de “Barra Mansa”

Outras informações julgadas necessárias

Nossos profissionais tiveram premiações da crítica especializada, conforme abaixo:

Sonia Santos – Premiações de Melhor: Fantasia: Plumas e Paetês - 2008 Estandarte de Ouro - 2008 / 2013 Samba-Net - 2003 / 2004 / 2008

Rita de Cássia - Premiações de Melhor Fantasia: SRZD - 2009 Estandarte de Ouro - 2012 Plumas e Paetês - 2013 Samba-Net – 2001

223 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Autor(es) do Samba- Myngal, Marcelão da Ilha, Roger Linhares, Marinho, Cap. Enredo Barreto, Eli Doutor, Fernando Nicola e Marco Moreno Presidente da Ala dos Compositores Joelson de Souza Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 100 Celso Jorge – Jau Luiz Carlos – Luizinho das (cem) 68 anos Camisas - 20 anos Outras informações julgadas necessárias

O sol Onde aquece a inspiração é luz Meu sonho É vida, vento, brisa à beira-mar Ouvindo poesias de Rachel Suspiro nas histórias de Alencar E hoje desfolhando meu cordel Das lendas que ouvi no Ceará É doce é fogo, sabor e prazer Aroma no ar, plantar e colher Eu moldei no barro As recordações que vivi com você

Violeiro toca moda à luz do luar Sanfoneiro puxa o fole e convida a dançar Vou pedir a Padim Ciço Abençoe nosso povo Essa fé vai nos guiar

Chão rachado, meu sertão Peço a Deus pra alumiar Terra seca que não seca a esperança Arretada vocação de te amar O sal da terra segue o meu destino Sangue nordestino sempre a me orgulhar A natureza cantada em meus versos Traduz a beleza desse meu lugar Linda morena vestiu-se de amor Teceu a vida com fios dourados Eu, de chapéu de couro de gibão Enfeitei o meu coração E na moda desfilo ao seu lado

Vixe Maria! A Ilha a cantar Trançando em meus versos a minha alegria Menina rendeira, me ensina a bordar No céu emoção, no chão simpatia

224 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Outras informações julgadas necessárias

O G.R.E.S União da Ilha do Governador traça um painel multicolorido do estado do Ceará sob a perspectiva das mais de dezenas de obras escritas por dois ilustres filhos desse chão: os imortais José de Alencar e Rachel de Queiroz. A escola promove um encontro imaginário de ambos no avarandado do céu para que tracem, entre si, uma peleja poética repleta das mais belas passagens por eles descritas em suas páginas. Nossos compositores desfolham os livros de Rachel e Alencar para contemplar, no samba-enredo, o essencial da literatura de ambos numa linguagem alegre, comunicativa e popular, alinhada com o histórico de sambas da União da Ilha do Governador. O samba da Ilha de 2019 propõe esse recorte do Ceará contado pelas palavras dos nossos ilustres escritores, num encontro inédito que se dá nesse mais alto avarandado celeste. As palavras de Rachel de Queiroz e José de Alencar hoje inspiram nossos menestréis. O objetivo da letra do nosso samba é extrair a alma e a essência do enredo – o Ceará, suas lendas, histórias e a força de quem não perde a fé e a esperança. Alencar e Rachel são nomes em cujas veias corre o sangue quente dessa terra, berço da saga de um povo valente. Nessa justificativa, expusemos a defesa de cada trecho do samba-enredo da União da Ilha para 2019, de forma a construir uma narrativa baseada na letra do samba, contextualizando o enredo, bem como seus setores e o desfile propriamente dito. Eis, pois, a defesa do nosso samba-enredo para o carnaval 2019:

O SOL ONDE AQUECE A INSPIRAÇÃO É LUZ MEU SONHO É VIDA, VENTO, BRISA À BEIRA-MAR Iniciamos o samba da União da Ilha contextualizando as belezas do Ceará, tal qual José de Alencar descreveu como "telas de reminiscências" (em "Como e porque sou romancista") desenhadas nos sonhos de sua infância; ou Rachel de Queiroz e sua definição do que é um "paraíso tropical": "areias alvas, dunas, coqueiros, vegetação de beira-mar" (em "O meu Ceará").

OUVINDO POESIAS DE RACHEL SUSPIRO NAS HISTÓRIAS DE ALENCAR E HOJE DESFOLHANDO MEU CORDEL DAS LENDAS QUE OUVI NO CEARÁ Seguindo fidedignamente a sinopse, os compositores introduzem neste trecho do samba-enredo o primeiro setor do desfile da União da Ilha do Governador, sobre lendas e estórias mantidas na oralidade do cearense (muitas delas em forma de cordel) que perpassam diversas passagens das obras de Rachel e Alencar. Neste trecho, um dado curioso: nossos compositores lembram que Rachel de Queiroz, além de exímia escritora, também era poetisa em suas horas vagas ("Ouvindo poesias de Rachel").

225 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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É DOCE É FOGO, SABOR E PRAZER AROMA NO AR, PLANTAR E COLHER EU MOLDEI NO BARRO AS RECORDAÇÕES QUE VIVI COM VOCÊ O fim da primeira parte do nosso hino faz referência ao segundo setor do desfile, um painel multifacetado da culinária e da arte produzida no Ceará e que foram citadas nas páginas de Rachel e Alencar, em mais de dezenas de livros publicados. O verso "É doce, é fogo, sabor e prazer" sugere o prazer, em especial, de Rachel de Queiroz pela cozinha cearense. Declarou ela: "Sou muito melhor cozinheira do que escritora". Já o "plantar e colher" faz referência à herança indígena da colheita, presente na obra imortal de Alencar, "Iracema". "Eu moldei no barro / As recordações que vivi com você" são versos referentes à arte da cerâmica, muito comum no sertão descritos em obras como "Memorial de Maria Mora" (Rachel); "O quinze" (Rachel) e "O sertanejo" (Alencar). Também diz respeito ao apreço de Rachel de Queiroz pela louçaria de cerâmica, uma de suas coleções mais raras e especiais deixadas na fazenda O Não Me Deixes, em Quixadá, espécie de refúgio afetivo de nossa escritora.

VIOLEIRO TOCA MODA À LUZ DO LUAR SANFONEIRO PUXA O FOLE E CONVIDA A DANÇAR VOU PEDIR A PADIM CIÇO ABENÇOE NOSSO POVO ESSA FÉ VAI NOS GUIAR O refrão do meio do nosso samba introduz, de maneira poética, o terceiro setor do nosso desfile, sobre os festejos religiosos ("Violeiro toca moda à luz do luar / Sanfoneiro puxa o fole e convida a dançar") e as várias manifestações de fé do povo cearense, com destaque para a figura de Padre Cícero Romão, o Padim Ciço, figura icônica do imaginário religioso do Ceará que até hoje mobiliza multidões em procissão anual na cidade de Juazeiro do Norte. Não à toa Rachel de Queiroz dedicou ao Padim poemas e crônicas, a quem carinhosamente chamava de "Meu padrinho". Disse ela, em um dos seus escritos: "Por mim, quero crer que o Padre Cícero, 'Meu Padrinho' como o chamávamos todos, foi um santo. Como santo obrava milagres, dava luz aos cegos, matava as pragas das roças, achava coisas perdidas, valia os navegantes no mar".

CHÃO RACHADO, MEU SERTÃO PEÇO A DEUS PRA ALUMIAR TERRA SECA QUE NÃO SECA A ESPERANÇA ARRETADA VOCAÇÃO DE TE AMAR Com o samba ainda contextualizado no terceiro setor, entra em cena o árido sertão cearense, descrito em obras como "O sertanejo" (Alencar) e "O quinze" (Rachel). A seca é motivo que, há anos, assola o sertanejo e é motivo tantos pedidos e súplicas de um povo que só quer um pouco de água vinda do céu para fazer verdejar as campinas. Uma gente que não perde a esperança em dias melhores e que sempre tem vocação para amar sua terra natal, o glorioso Ceará.

226 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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O SAL DA TERRA SEGUE O MEU DESTINO SANGUE NORDESTINO SEMPRE A ME ORGULHAR A NATUREZA CANTADA EM MEUS VERSOS TRADUZ A BELEZA DESSE MEU LUGAR Aqui chegamos ao quarto setor da escola, sobre a geografia cearense que se moldou na literatura de Rachel e de Alencar. Uma curiosidade: a menção ao "sal da terra" e ao "sangue nordestino" nos dois primeiros versos deste trecho é referência a uma declaração muito emotiva de Rachel de Queiroz sobre seu amor pelas belezas de sua terra: "Aquela terra salgada que já foi fundo do mar tem mesmo o gosto do nosso sangue", disse ela no livro "O nosso Ceará". Paisagens do "pátrio Ceará", como definiu Alencar, estão dentro da "natureza cantada em meus versos" que "traduz a beleza desse meu lugar".

LINDA MORENA VESTIU-SE DE AMOR TECEU A VIDA COM FIOS DOURADOS EU, DE CHAPÉU DE COURO E GIBÃO, ENFEITEI O MEU CORAÇÃO E NA MODA DESFILO AO SEU LADO Aqui chegamos ao último setor do nosso desfile, sobre o modo de se vestir do cearense, que borda nos fios do tempo a história do seu povo. Moda essa também muito retratada nos personagens de Rachel de Queiroz e José de Alencar. A mulher rendeira, que borda sua vida com os conhecimentos passados de geração em geração (arte introduzida pelos indígenas como atestado em “Iracema” e também muito presente em diversas passagens do livro “As três Marias”, de Rachel de Queiroz); o chapéu de couro e gibão que tanto o sertanejo de Alencar como Maria Moura de Rachel utilizaram em suas andanças pelo sertão cearense; as linhas alvas de puro algodão que fazem bordar a renda – tudo faz com que a moda desfile ao lado da literatura de nossos dois escritores como nos dias de hoje, quando o Ceará se posiciona no mercado com um dos grandes expoentes do mercado têxtil mundial, dada sua vocação nata para a arte do bordado, trançado e do manejo de diferentes matérias-primas desse segmento (algodão, fibras naturais, couro etc.)

VIXE MARIA! A ILHA A CANTAR TRANÇANDO EM MEUS VERSOS A MINHA ALEGRIA MENINA RENDEIRA ME ENSINA A BORDAR NO CÉU EMOÇÃO, NO CHÃO SIMPATIA O refrão principal do nosso samba-enredo arremata o espírito de ser do cearense, evocando uma de suas expressões mais populares: "Vixe Maria"! Esse trecho conclui as referências ao último setor do desfile, sobre a moda produzida no estado, na metáfora "Trançando em meus versos a minha alegria / Menina rendeira me ensina a bordar". O último verso faz o link entre o avarandado do céu, ponto de partida do nosso enredo – um encontro emocionante entre dois grandes escritores brasileiros –; e no chão, simpatia: a simpatia característica do insulano que todo ano desfila graça e alegria no chão da Marques de Sapucaí.

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FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria Mestre Keko Araújo e Mestre Marcelo Santos Outros Diretores de Bateria Augusto Cesar, Mauricio, Wallace Martins, Marco Russo, Jorge, Marcelão, Santana, Chiclete, Cidicley, Yan, Mumu e Daniella Total de Componentes da Bateria 280 (duzentos e oitenta) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 14 14 15 - - Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique 90 - 36 - 36 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho - 20 22 - 20 Outras informações julgadas necessárias

Triângulos – 13 Triângulos tocando solo em uma das “bossas” da Bateria.

Mestre Marcelo Santos: A infância do Mestre de bateria Marcelo Santos foi toda na Ilha do Governador. O amor pelo carnaval foi passado de geração para geração. Primeiro seu avô fez parte da agremiação, em seguida, o seu pai, Antônio Tinico, tornou-se diretor de bateria por muitos anos.

Desde pequeno Marcelo frequentava os ensaios de bateria, e aos 15 anos participou do seu primeiro desfile na Marquês de Sapucaí.

Cria da casa, Marcelo completa em 2019, 16 anos na bateria da Agremiação Insulana, onde recebeu ao longo desse tempo os ensinamentos dos Mestres Riquinho (que o colocou pela primeira vez como diretor de bateria) e do consagrado mestre Ciça, que foi para ele um divisor de águas em sua carreira. Após a saída de Mestre Ciça, Marcelo foi efetivado como no Mestre de Bateria da União da Ilha, ao lado de Keko Araújo.

Mestre Keko Araújo por Keko Araújo: "Keko Araújo, Minha história com o samba... "

Tudo começou aproximadamente aos 08 anos de idade, quando por influência do meu pai, um chamado Gérson Araújo, pude fazer os meus primeiros "batuques" nas festinhas de aniversário e encontros onde toda a família se reunia. Desde criança até a idade adulta, a música sempre se fez presente em minha vida!

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Aos 12 anos, após saber da existência de uma "Escolinha de ritmistas" na quadra do G.R.E.S. União da Ilha do Governador, fui sozinho até lá e pedi para fazer um teste. Para a minha surpresa, fui aprovado e passei a integrar o grupo seleto de ritmistas da agremiação comandada pelo famoso Mestre Paulão, o qual devo toda a minha carreira. Lá, através da minha habilidade, tive a oportunidade de ser o primeiro repique da Escola, gravar diversos CDs de sambas de enredo e fazer muitos shows de samba em todo o Brasil.

Em um determinado momento, inconformado com o fim da "Escolinha de ritmistas", insisti junto à agremiação para continuar com o projeto. Afinal, eu era a prova viva das oportunidades que ali surgiam. Assim, além de ser ritmista da União da Ilha também assumi o papel de instrutor da Escolinha com a missão de descobrir novos talentos em nossa comunidade, assim como aconteceu comigo. Um desses talentos se tornou o 1° repique da agremiação e hoje faz parte da comissão de diretores da minha bateria, o Wallace Martins (Bigode), motivo do meu orgulho!

A carreira profissional de músico percussionista foi crescendo a cada dia... Durante um momento de descontração com uns amigos, na sede do Bloco Carnavalesco "O cordão da Bola Preta", fui convidado para dar aquela famosa "canja" no pandeiro. O que para mim naquele momento, não passava de uma grande brincadeira, teve como consequência um convite, feito pelo sambista "Ném", para fazer parte do grupo de músicos do famoso "Pagode da Tia Doca", em Madureira. Lá fiquei por 01 ano e meio, aproximadamente, e tive o privilégio de tocar com a verdadeira "nata" do samba: Almir Guineto, Arlindo Cruz, Sombrinha, Reinaldo, Dudu Nobre, entre outros.

O "Pagode da Tia Doca" era e ainda é um lugar de referência para escutar o verdadeiro samba de raiz e encontrar os "bambas"! E por essa razão, o meu trabalho ganhou mais visibilidade e sem qualquer pretensão, após uma das apresentações do Dudu Nobre, recebi pessoalmente o convite do cantor para fazer uma participação, apenas na parte de samba enredo do seu show, durante a gravação que ele e sua banda fariam no programa "Domingão do Faustão" da rede Globo. Logicamente, aceitei de imediato e o que era para ser apenas uma participação já dura mais de 12 anos... Ser músico profissional da banda do sambista Dudu Nobre foi literalmente um presente em minha vida, pois além de crescimento profissional, também percebi que cresci muito pessoalmente! Na banda, tive e tenho oportunidade de fazer shows em diversos lugares do Brasil e do mundo e, consequentemente, conhecer e aprender sobre diversos tipos de cultura. Isso realmente não tem preço!

Pouco tempo após ingressar como músico na banda do Dudu Nobre, também passei a fazer parte do grupo de samba de raiz que fundei com amigos próximos: o “Samba do Amigo Meu” (cujo nome é de minha autoria).

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Paralelamente aos trabalhos acima mencionados, criei e fui instrutor do projeto "Tocando Ideias" (Escolinha de percussão, cordas, artes e idiomas) na colônia de pescadores z-10, na Ilha do Governador, direcionado para crianças e adolescentes, no qual um dos objetivos principais do projeto é dar a esses jovens a mesma oportunidade que um dia eu tive. O projeto foi além do q eu esperava e o nosso ponto alto foi fazer a abertura do show da renomada cantora de axé e técnica do programa The Voice, da Rede Globo: Claudia Leitte.

Em 2013, vale destacar, que fui convidado pelo Mestre Odilon para ser um dos diretores da bateria do G.R.E.S. União da Ilha do Governador, que o mesmo comandou juntamente com o Mestre Riquinho. Foi uma grande honra ser diretor de bateria de um dos mestres mais respeitados no mundo do samba.

Agarrei a oportunidade que Mestre Odilon me deu com “unhas e dentes” e me dediquei ao máximo, pois queria arrancar dele todo o conhecimento que fosse possível a nível de samba de enredo.

No ano seguinte, Mestre Odilon saiu do cargo e Mestre Thiago Diogo assumiu o comando da bateria do G.R.E.S. União da Ilha do Governador. Durante o seu comando permaneci Diretor de bateria e pude agregar mais conhecimento à minha carreira.

A cada carnaval que passava eu me entregava de corpo e alma e me comprometia com total responsabilidade a desenvolver a função de Diretor com excelência.

Eis que em 2014, sai o Mestre Thiago Diogo e mais uma vez, lá estava eu... Diretor de bateria de um dos maiores ícones do Carnaval do Rio de Janeiro: Mestre Ciça, o novo comandante da “Baterilha”.

Durante os 04 anos que Mestre Ciça permaneceu no comando, tive a oportunidade de me especializar nas afinações dos instrumentos e ser o grande responsável, durante todo esse tempo, por essa parte crucial da bateria de uma Escola de Samba: afinar os instrumentos da Bateria.

O meu aprendizado, aperfeiçoamento e realização, como Diretor de Bateria, seguia evoluindo positivamente a cada ano que passava, até que em 2017, após uma apresentação impecável da “Baterilha” na Marquês de Sapucaí, conseguimos as notas máximas dos jurados; e, além disso, o tão sonhado ESTANDARTE DE OURO.

Por fim, após o carnaval de 2018, com a ida do Mestre Ciça para o G.R.E.S Viradouro, a União da Ilha do Governador buscou uma solução caseira para o comando da “Baterilha”, denominado pelo ex-Presidente Ney Filardi e o atual presidente Djalma Falcão, os ‘Pratas da casa”. Assim, juntamente com Marcelo Santos, lá estava eu, escolhido para ser MESTRE DE BATERIA da minha escola de coração.

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Posso afirmar que hoje vivo um momento ímpar, especial, difícil de descrever... É como se estivesse sonhando... Afinal, quem diria que aquele menino pobre sem oportunidades, que aos 12 anos de idade foi para a "Escolinha de ritmistas" na quadra do G.R.E.S. União da Ilha do Governador, seria hoje um dos Mestres de Bateria de uma Escola de Samba do Grupo Especial? Certamente, o dia 23/04/2018, dia da minha apresentação no comando da “Baterilha”, ficará marcado para sempre em minha vida. O dia em que comemoramos o dia de “São Jorge” no Rio de Janeiro, será, a partir de então, um dia pra lembrar que vale a pena ter fé em Deus, acreditar, lutar, trabalhar e se dedicar quando se tem um sonho. Com a bênção de Deus e a força de São Jorge Guerreiro eu realizei o meu! Portanto, você também pode realizar o seu...Acredite...Vá e vença!

Keko Araújo. #BaterILHA #UmPeloOutro

RAINHA DE BATERIA – – FANTASIA: “Anjo sagrado do sertão” – À frente da bateria, que evoca a figura icônica de Padre Cícero Romão, o Padim Ciço, chega a rainha de bateria da União da Ilha do Governador. Esbanjando graça e beleza, Gracyanne Barbosa veste a estilização carnavalesca de um anjo sagrado do sertão, dentro do contexto religioso a que se dedica o terceiro setor do nosso desfile. Os anjos fazem parte das profecias atribuídas a Padre Cícero – são mensageiros que levam os pedidos dos romeiros para o altar do Santíssimo. Apesar de não ter sido canonizado pela Igreja Católica, Padim Ciço, carinhosamente chamado de “Meu padrinho” por Rachel, é tido como santo por sua extensa legião de devotos espalhada pelo Brasil.

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Harmonia

Diretor Geral de Harmonia Dudu Azevedo Outros Diretores de Harmonia Nem, Edu, Leo, Luis, Rosa, Maria Lucia, Catia, Juçan, Dudu, Leila, Jota, Nancy, Paulinho, Amaury, Simone, Sandra, Fernando, Cidália, Carla, Mainete, Ruth, Ellen, Cris, Roberto, Vinicius, Anna Paula, Carlos Eduardo, Zé Carlos, Mario, Cintia, Augusto, Rosivaldo, Fernando, Ricardo, Antonia, Nivea, Fatima, Vagner, Geraldo, Michele, Sirlei, Claudemir, Paulinho Dada, Ricardo, Gracimar, Alenio, Amanda, Renato, Aridelson, Carlos Henrique, Leo, Bianca, Heloisa, Henrique, Renata, Garrincha, Domenica, Leandro, Junior, Edemilson, Bruno, Vaguinho, Lima, Felipe, Marcelo, Mazinho, Para, Russo e Washington Total de Componentes da Direção de Harmonia 70 (setenta) componentes Puxador(es) do Samba-Enredo Intérprete: Ito Melodia Auxiliares: Marquinhus do Banjo, Nando Pessoa, Flávio Martins, Roger Linhares e Doum Guerreiro Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo Violão de Sete Cordas – Rodrigo Cavaco – Neno Martins e Cesinha (Pique Novo) Outras informações julgadas necessárias

Literalmente quando citamos o substantivo feminino HARMONIA, estamos nos referindo a equilíbrio, simetria, cadência, conformidade, coesão, entre outras palavras que nos levam a combinações que ocasionam sensação agradável, aprazível. Ao citar a frase contida em nosso samba "VIXE MARIA! A ILHA A CANTAR, TRANÇANDO EM MEUS VERSOS A MINHA ALEGRIA", estamos definindo com propriedade como se desenvolverá o quesito HARMONIA no desfile da União da Ilha do Governador. A consonância perfeita no canto entre os componentes da Escola e o carro de som, a alegria de cantar e dançar, transmitindo uma sensação agradável e aprazível, estiveram intrinsecamente ligadas a atuação conjunta de 70 pessoas, Diretores do Departamento de Harmonia e Evolução, que desde o mês de Agosto, antes mesmo da escolha do samba enredo de 2019, já se reuniam com os diversos segmentos da Escola, preocupados em demonstrar a importância da dedicação e empenho ao canto do Samba. A partir de Outubro, o samba enredo foi incessantemente ensaiado, seja na quadra ou nos ensaios técnicos de rua, onde os mesmos dirigentes e líderes se esmeraram visando a perfeita integração entre todos os componentes e os intérpretes, visando a realização de um desfile vibrante, com muita garra e alegria. Visto a impossibilidade de qualquer Escola de samba reunir num só dia de ensaio a totalidade de seus componentes que desfilarão na Marquês de Sapucaí, o Departamento de Harmonia e Carnaval da União da Ilha buscou em dias distintos e alternados integrar os componentes, fazendo com que todos entendessem o grau de complexidade que o quesito exige. O perfeito entrosamento de todos os segmentos da Escola foi atingido e proporcionará um desfile seguro e coeso, que contagiará a todos os que assistirem ao desfile da Tricolor Insulana.

"VIXE MARIA! A ILHA A CANTAR TRANÇANDO EM MEUS VERSOS A MINHA ALEGRIA"

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Harmonia

Outras informações julgadas necessárias

Ito Melodia: Acraílton Forde, mais conhecido como Ito Melodia é um dos intérpretes mais queridos pelo público da Marquês de Sapucaí. Não há quem não reconheça o carisma e o talento desse grande intérprete. Filho de Aroldo Melodia, intérprete da Ilha por 36 anos e de quem herdou o grito de guerra “Segura a Marimba!”. Ito é conhecido pelo público pela performance cantando, dizem que ele ‘‘incorpora’’ quando está atuando nos palcos, não tem quem fique parado com a garra e a energia desse grande talento, quando solta a voz..."Caramba"!

Começou a frequentar a quadra e as rodas de samba na União da Ilha ainda criança, acompanhando o pai.

Em 1992, Ito começou a ser preparado para substituir o pai.

Em 1996, foi alçado à condição de intérprete principal da União da Ilha, dividindo o cargo com Aroldo Melodia para cantar o samba enredo “A Viagem da Pintada Encantada”. No ano seguinte, já com Aroldo aposentado, Ito foi o protagonista, conduzindo a escola com o Samba “Cidade Maravilhosa – O Sonho de Pereira Passos”.

Ito Melodia consolida sua carreira e sua identidade ano a ano, na sua Escola do coração e se consagra como a identidade, da União da Ilha do Governador.

Vencedor de cinco estandartes de ouro: 2002, 2010, 2011, 2016 e 2017. Tamborim de Ouro: 2011 e 2015 Samba-Net: 2014 Estrela do Carnaval: 2013

Diretor Musical: Mário Jorge Bruno Técnico de Gravação e Mixagem e Produtor Musical.

Já trabalhou com os maiores nomes do Samba e da MPB tais como: Martinho da Vila; , Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Bezerra da Silva, , Alcione, Marisa Monte, , Nelson Gonçalves, , Nana Caymmi, Roupa Nova, e muitos outros.

Mario Jorge participa da Gravação dos discos das Escolas de Samba desde 1982 e compõe a Produção do CD desde 2003. Foi julgador de Bateria de 1996 a 2002.

É Sócio Gerente do Estúdio Companhia dos Técnicos onde gravam os maiores artistas do país.

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Evolução

Diretor Geral de Evolução Dudu Azevedo – Diretor Geral de Carnaval Outros Diretores de Evolução Russo, Pará, Mazinho, Marcelo, Felipe, Paulinho, Lima, Marco Antonio, Roberto Afonso, Edinho, Claudio, Ana, Raphael, Trindade, Marinho, Beto Mascarenhas, Euclides, Alan, Caio, Toko, Tania, Vicente, Rafael Costa, Marcus Guedes, Acacio, Gil, Careca, Carlito, Mario Alexandre, Rogerio Lourenço, Thayse Lourenço, Bruno, Gabriela Cony e Maria Jacira Total de Componentes da Direção de Evolução 34 (trinta e quatro) componentes Principais Passistas Femininos Dara Oliveira, Juliany Dantas, Ana Lívia e Soraya Santos Principais Passistas Masculinos William Costa, Victor Igor, Giliard Pinheiro e Alao Ribeiro Outras informações julgadas necessárias

A definição literal da palavra EVOLUÇÃO, nos remete a: "Ação ou efeito de evoluir, aperfeiçoamento, crescimento, desenvolvimento".

Com muita alegria os componentes da União da Ilha pisarão a Marquês de Sapucaí com movimentos contínuos e evolução espontânea, num processo crescente, extraindo da frase de nosso samba enredo “VIOLEIRO, TOCA MODA À LUZ DO LUAR, SANFONEIRO PUXA O FOLE E CONVIDA A DANÇAR...” o que o quesito EVOLUÇÃO sugere: a dança.

As reuniões, os ensaios sejam os de quadra ou os técnicos (na rua), ensejaram a oportunidade da realização de um trabalho de conscientização junto a todos os componentes, desde os casais de Mestres Salas e Porta Bandeiras, Baianas, Alas, Passistas, enfim, todos os segmentos da Escola, demonstrando a importância da criatividade na dança, em movimentos contínuos, da cadência, da regularidade e progressão, elementos básicos necessários e fundamentais para a realização de um grande desfile e o cumprimento do que exige o quesito EVOLUÇÃO. Este trabalho desenvolvido em conjunto com os Diretores de Harmonia e Evolução, contempla ainda na Harmonia, todos os líderes das Alas de Comunidade e os Presidentes das Alas Comerciais, totalizando um grupo de 84 pessoas, imbuídas do propósito de executar no desfile da União da Ilha do Governador os mesmos procedimentos bem sucedidos nos ensaios realizados.

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Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval Djalma Falcão (Presidente) Diretor Geral de Carnaval Dudu Azevedo Outros Diretores de Carnaval - Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Tia Bené Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Wilma (Dona Tereza) Rosinei (oitenta) 80 anos 55 anos Responsável pela Velha-Guarda Jurema de Castro Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 60 Elsa Castro João Carlos (sessenta) 76 anos 52 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) Cacau Potrassio. Notáveis pela Cidade do Ceará: Assis Filho, Zé Tarcisio, José Luis Lira, Dim Brinquedim, Suyane Moreira, Gonçalo, Michelsen Diogenes, Pinheiro Junior, Dinalva, Willi de Carvalho, Espedito Seleiro, Ivanildo Nunes, Lindebergue Fernandes, Morgana Camila, Rebeca Sampaio e Elano. Outras informações julgadas necessárias

A Diretoria da União da Ilha do Governador por várias razões, tem o compromisso de preservar e difundir a nossa cultura, oportunizando aos moradores do bairro e os componentes da Escola diversas ações e eventos educativos e culturais. A prova cabal dessa assertiva é o nosso enredo "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu".

Através do trabalho de pesquisa desenvolvido por nosso carnavalesco, foram estabelecidos contatos com entidades de serviços, cooperativas, designers e artesãos do Estado do Ceará que permitiram o intercâmbio, visando a utilização e promoção dos produtos artesanais da região, contribuindo para a geração de emprego e renda.

235 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Outras informações julgadas necessárias

As alegorias e fantasias da União da Ilha serão vitrine especial para cerca de 12 mil peças artesanais, confeccionadas com exclusividade pelos artistas Cearenses para o desfile da Escola. Assim sendo, a União da Ilha do Governador fortalece a importância do samba/carnaval como ferramenta fundamental na cadeia produtiva e no desenvolvimento sócio, econômico e cultural, através dos desfiles das Escolas de Samba.

Diretor de Carnaval: Dudu Azevedo Carioca e integrado ao Samba pelas mãos de pai e mãe, adquiri conhecimentos em eventos internacionais, inicialmente como ritmista e após como Coordenador do Grupo Rio Samba Show com participações em vários países, mais principalmente nas cidades de Kobe, Shiga, Osaka e Tokyo, no Japão. Em nível nacional os conhecimentos vieram de eventos no Terreirão do Samba, nos Concursos de Rei Momo e Rainha do Carnaval, assim como os trabalhos desenvolvidos em Escolas de Samba como Unidos do Viradouro/Diretor de Harmonia, Acadêmicos do Salgueiro/Diretor de Carnaval e Acadêmicos do Grande Rio/Diretor de Harmonia e após Diretor de Carnaval. Estes trabalhos me fizeram entender a importância do que é trabalhar em grupo, agregar pessoas e dividir responsabilidades. Desde a minha juventude ouço que "a cada dia se aprende uma lição" e o que agora citarei, confirma o dito popular. Tudo que aprendi, os diversos eventos que participei, as viagens internacionais, a direção de carnaval nas agremiações coirmãs, acrescentaram e agregaram valores ao meu conhecimento, porém nada comparável ao momento que vivo com Diretor de Carnaval e Harmonia da União da Ilha do Governador. Do Presidente ao Carnavalesco, da equipe de Barracão "as Tias" da Ala de Baianas, da Velha Guarda a Ala de Compositores, Passistas, Presidentes de Alas, Departamento de Harmonia e Evolução, enfim, todos segmentos desta grande agremiação Insulana, me ratificam mais ainda o que é trabalho em grupo/família. As tarefas, que cabem ao Diretor de Carnaval: O elo entre a técnica de desfile e a emoção, a capacidade de antecipar possíveis erros, o relacionamento da parte administrativa da Escola e os seus segmentos, foram devidamente executadas, sempre atendendo a uma dinâmica e assiduidade de todos os envolvidos. Remeto-me a um trecho do samba enredo para definir o momento vivido e assegurar sucesso no trabalho realizado, que certamente contribuirá para atingir o propósito maior, pró União da Ilha.

"O Sol Onde aquece a inspiração é luz, Meu sonho É vida, vento, brisa a beira mar

A ILHA é uma Escola referência em alegria e simpatia, onde mesmo realizando um desfile competitivo, nossos componentes com seriedade "brincam Carnaval".

O SOL... INSPIRAÇÃO... SONHO... UNIÃO - CAMPEÃO!

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Severo Luzardo Filho e Leandro Azevedo Coreógrafo(a) e Diretor(a) Leandro Azevedo Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 14 07 07 (quatorze) (sete) (sete) Outras informações julgadas necessárias

Comissão de Frente – “O MILAGRE DA FÉ” “Por mim, quero crer que o Padre Cícero, ‘Meu Padrinho’ como todos o chamavam, foi um santo. Como santo obrava milagres, dava luz aos cegos, matava as pragas das roças, achava coisas perdidas, valia os navegantes no mar” (QUEIROZ, in “O Padre Cícero Romão Batista” livro de crônicas).

Ceará vem de “cemo”, que, nos ensinou José de Alencar, significa “cantar forte, clamar”. Terra onde “o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio”. A União da Ilha do Governador abre seu desfile para o carnaval de 2019 transformando a Marquês de Sapucaí nesse rio cearense onde vai desaguar o verdadeiro “milagre da fé”.

Canta nosso samba-enredo: “Vou pedir a Padim Ciço / Abençoe nosso povo / Essa fé vai nos guiar”. Romeiros, pescadores e sertanejos – personagens retratados tanto por José de Alencar como por Rachel de Queiroz em sua vasta obra literária – fazem um cortejo na Avenida em procissão. Todos clamam por uma salvação dos céus. São fiéis que carregam consigo a esperança mais pueril e que anseiam por dias melhores em sua lida diária. “Pedem a Deus para alumiar”, como continua nosso hino.

Para esse povo, só existe um único salvador: Padre Cícero Romão, o Padim Ciço, que até hoje vive no verso dos cantadores, na oração dos necessitados, na memória de cada cearense. Padre Cícero não foi canonizado pela Igreja e ainda assim é tido como “santo” por sua imensa legião de fiéis. Ciço é o messias, que virá à Terra esta noite para uma missão divina: devolver a seu povo a esperança e a alegria de viver.

Ao ver a tristeza de sua gente sofrida e guerreira, nosso milagreiro Padim Ciço chega à Marquês de Sapucaí, concede sua bênção e promove verdadeiros milagres. A água volta a banhar o solo rachado do sertão. Surgem flores, borboletas e pássaros que colorem com matiz a aridez do sertão. O milagre faz renovar a fé.

É neste espírito que a União da Ilha do Governador vai desembocar na Marquês de Sapucaí apresentando o Ceará de José de Alencar e Rachel de Queiroz em seu desfile para o carnaval 2019, saudando o público e pedindo passagem. Vixe Maria!

237 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

“Dentão”, o tripé

Um dos peixes típicos do Ceará abre o desfile da União da Ilha do Governador no carnaval 2019. O dentão, também conhecido como vermelho, corta a correnteza do rio que se forma na Marquês de Sapucaí carregando mistérios e muita devoção.

A estrutura do peixe, de 15 metros de comprimento, apresenta uma versão lúdica e carnavalizada que mistura o tom vermelho, característico do dentão, com elementos do arquétipo rústico retratado em muitos dos personagens de Alencar e Rachel. Os tons dourados nos remetem à fé do povo cearense, movidos pela crença inabalável em Padim Ciço. O conjunto cenográfico do tripé reproduz, em tom carnavalesco, aspectos da geografia que se molda no Ceará.

No topo do tripé, temos a jangada, embarcação emblemática do Ceará, conduzida por duas crianças, símbolos da renovação da fé e esperança. A “afouta jangada”, como descrita por Alencar, com sua grande vela aberta, vai conduzir a União da Ilha rumo à tão sonhada vitória.

Leandro Azevedo

A União da Ilha do Governador irá contar com Leandro Azevedo, como coreógrafo da comissão de frente para o desfile de 2019.

Nascido e criado no bairro, Leandro é graduado em Educação Física pela Universidade Estácio de Sá; ator, bailarino, coreógrafo e professor de dança de diversos ritmos: Samba, Bolero, Fox, Salsa, Zouk e Tango, entre outros. Além disso, esteve em Pequim, nas Olimpíadas de 2008, integrando a equipe de dança que representou o Brasil.

Participou do quadro "Dança dos Famosos" da TV Globo. Além de dançar com as atrizes Mara Manzan e Stephany Brito em duas edições, sagrou-se campeão pela primeira vez em 2006 com a atriz Juliana Didone e bicampeão em 2013 com a atriz Carol Castro.

Há mais de seis anos esteve à frente de alas coreografadas da agremiação insulana e direção artística no ano passado. Em 2018, foi também o coreógrafo da comissão de frente da Alegria da Zona Sul, sendo julgado com excelentes notas.

238 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Phelipe Lemos 29 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Dandara Ventapane 27 anos 2º Mestre-Sala Idade Rodrigo França 30 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Winnie Lopes 28 anos Outras informações julgadas necessárias

PRIMEIRO CASAL DE MS E PB – A PRINCESA ENCANTADA DE JERICOACOARA

A União da Ilha do Governador começa a desfolhar seu cordel das lendas do Ceará com o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Dandara Ventapane. A fantasia do casal remete a uma das histórias mais emblemáticas de Jericoacoara, paraíso litorâneo cearense e uma das paisagens desenhadas nas “telas de reminiscências” de José de Alencar descritas no livro “O nosso cancioneiro”.

O imaginário medieval, de castelos e reinos encantados, acompanha a formação mítica de Jericoacoara. Conta o lendário local que, por debaixo do cenário de branco infinito das areias, existe uma cidade subterrânea repleta de tesouros banhados a ouro e torres de castelo. Nesta cidade, mora uma princesa de nome desconhecido, cujo corpo é metade mulher, metade serpente de escamas ricas e douradas. Contam que a princesa vivia presa no local onde hoje se avista o Farol de Jericoacoara. Para quebrar o encanto – e a princesa voltar a ter um corpo de mulher – era necessário um guerreiro de alma corajosa se submeter à corajosa missão de adentrar o palácio. Reza a lenda que até hoje a princesa aguarda esse homem.

239 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

A vestimenta do casal reproduz a lenda da Princesa Encantada de Jericoacoara. Ela veste o figurino que aproxima sua imagem à iconografia da donzela metade mulher, metade serpente. Ele, um príncipe medieval que nos remete à própria história de Jericoacoara. Explica-se: antes de Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil, uma comitiva de desbravadores espanhóis já havia desbravado a costa brasileira. A expedição de Vicente Pinzón, codescobridor da América junto com Cristóvão Colombo, desembocou no Rio Curu (que banha o estado do Ceará) e decidiram partir dali rumo ao Noroeste e Norte do país. No caminho, avistaram um vale de montanhas brancas, de pontas arenosas, tão formosas e bem feitas que, segundo eles, se assemelhavam a “um bico de cisne branco mergulhando o Oceano”. Decidiram chamar aquela terra de "RuestroHermoso" – ou Face Linda – hoje conhecida como Jericoacoara. Ali Vicente Pinzón mandou fincar uma cruz com os brasões da coroa espanhola do reino de Castela. Por essa razão, o figurino do mestre-sala faz alusão ao Reino da Espanha, inclusive com a predominância das cores vermelho e dourado, trazendo em sua capa o brasão do reino de Castela.

Phelipe Lemos: Phelipe Lemos é um dos talentosos mestres-salas da nova geração. Com passagens pela Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense, Phelipe desfilará pela União da Ilha pelo terceiro ano consecutivo, sendo o quarto ano ao lado de Dandara Ventapane. O tempo de dança juntos, ratifica a palavra da Escola de Samba: UNIÃO. É com esta União que o Casal se apresentará na Marquês de Sapucaí.

Premiações: Estandarte de Ouro: 2013 / 2014 / 2016 SRZD: 2014 / 2016 Samba-Net: 2014 Carnavalesco: 2011 Gato de Prata: 2013 / 2014 / 2016

Dandara Ventapane: Dandara Ventapane, bailarina por formação, graduada em Dança pela UFRJ. Iniciou no bailado de Porta-bandeira em 2013, na Escola campeã do ano, GRES Unidos de Vila Isabel, como terceira porta-bandeira. Em 2015 se torna primeira porta bandeira ao lado de Diego Machado na Vila Isabel e no ano seguinte começou a dançar com Phelipe Lemos, seu atual mestre-sala. Juntos, chegam a União da Ilha em 2017, conquistando 39,9 em sua estreia. Ao lado de Phelipe ganhou prêmio de melhor Casal do Carnaval, pelo site SRZD em 2016 e 2017 e Tamborim de Ouro em 2017. Dandara Ventapane vem de uma família musical onde o Samba é o que impulsiona a todos da família. Além de ser porta-bandeira, a neta do consagrado sambista Martinho da Vila também canta com sua tia Mart'nália e seu irmão Raoni, por esse imenso Brasil.

240 Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

SEGUNDO CASAL DE MS E PB – FOLGUEDOS CEARENSES

Os folguedos da infância de José de Alencar no Ceará, citados em seu livro “Como e porque sou romancista”, inspiram o figurino do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira da União da Ilha do Governador, Rodrigo França e Winnie Lopes. Os folguedos populares são brincadeiras que se desenvolvem com a presença brincantes, cujos saberes são herdados e repassados de geração a geração por meio da oralidade. O casal rodopia as páginas de memórias do nosso escritor ao sabor do vento!

Rodrigo França Começou a dançar pela Unidos do Porto da Pedra, através do projeto infantil de Casais de Mestre- Sala e Porta Bandeira. Rodrigo até hoje faz parte da Unidos do Porto da Pedra, hoje como primeiro mestre-sala da agremiação. Desde 2014, é o segundo Mestre-Sala da União da Ilha. A partir de 2015, iniciou a parceria com a porta bandeira Winnie.

Winnie Lopes Começou aos 6 anos na Miúda da Cabuçu, passou por algumas Escolas e em 2014, assumiu o cargo de segunda porta-bandeira da Inocentes de Belford Roxo. Em 2015 iniciou na União da Ilha, ao lado de Rodrigo França. Em 2018 desfilou grávida de seu primeiro filho.

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G.R.E.S. PARAÍSO DO TUIUTI

PRESIDENTE RENATO RIBEIRO MARINS

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“O Salvador da Pátria”

Carnavalesco JACK VASCONCELOS 245

Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo “O Salvador da Pátria” Carnavalesco Jack Vasconcelos Autor(es) do Enredo Jack Vasconcelos Autor(es) da Sinopse do Enredo Jack Vasconcelos Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Jack Vasconcelos, André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 Fortaleza: Uma BRUNO, Artur; Fortaleza: 2015 Todas Breve História FARIAS, Airton de Edições Demócrito Rocha

02 Geografia estética GIRÃO, Raimundo Fortaleza: 1979 Todas de Fortaleza Edições BNB

03 Fortaleza Belle PONTE, Sebastião Fortaleza: 2014 Todas Époque: reforma Rogério Edições urbana e controle Demócrito Rocha social (1860-1930)

04 Humor, vergonha e SILVA, Marco Fortaleza: Museu 2009 Todas decoro na cidade de Aurélio da do Ceará, Fortaleza (1850- SECULT 1890)

05 Sociabilidade e VIEIRA, Carla M. Fortaleza: INESP 2015 Todas lazer: Fortaleza no início do século XX

06 O Theatro José de VIEIRA, Carla M. Fortaleza: 2011 Todas Alencar no início SECULT do Século XX: modernidade e sociabilidade (1908-1912)

Outras informações julgadas necessárias

247 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

“O SALVADOR DA PÁTRIA”

Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino, barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da resistência!

Não posso provar, mas tenho total convicção da autenticidade de tudo o que a ele atribuíram…

Não se sabe muito bem de qual paragem veio aquele cabra, ou melhor, bode. Dizem que era retirante da grande seca no sertão cearense imortalizada pela escritora Rachel de Queiróz, em O Quinze. Naqueles tempos de República quase balzaquiana, o Governo interceptava as procissões de fugitivos da miséria. Com medo de uma invasão furiosa, devido à fome que consumia aqueles esquecidos teimosos em se fazerem lembrar, pastorava o povaréu num campo de concentração antes que chegassem até a cidade. Porém, como o sertanejo é, acima de tudo, um forte, quando viu a terra ardendo e sentiu a baforada do Zé Maria no cangote o bode bumbou até Fortaleza com a coragem e a cara.

Penou, mas chegou.

Sentiu a brisa fresca do litoral acariciar aquela carcaça sofrida, castigada. Deixou para trás o passado capiongo, quando foi comprado por José de Magalhães Porto, representante do industrial Delmiro Gouveia, correspondente da empresa britânica que comercializava couros, peles, sementes de algodão e borracha, a Rossbach Company, localizada na Rua Dragão do Mar, Praia do Peixe. Dali virou mascote com direito à liberdade de ir e vir que, aliás, era bem praticada. Apreciava o movimento de barcos e jangadas enquanto perambulava entre os pescadores e seguia o aroma dos tabuleiros das merendeiras, tanto que os populares da região logo se afeiçoaram ao bichim. Dizem até ter remoçado em sua nova vida à beira-mar.

Ao cair da tarde, arribava pra Praça do Ferreira sassaricar com os artistas e intelectuais, herdeiros da Padaria Espiritual, no Café Java. Os boêmios acreditavam ser o poeta Paulo Laranjeira, reencarnado depois que o cabrão reagiu ao ouvir uma composição feita pelo desencarnado em homenagem a sua decepção amorosa. Desde então, o bode caiu nos braços da boemia. Bebericava, pitava, serestava pelas ruas, vielas e mafuás, botando boneco noite a fora.

De tanto vai e vem passou a ser chamado de Ioiô. 248 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

E lá se ia o bode Ioiô bater seus cascos Belle Époque alencarina adentro, sem a menor cerimônia, entre as modas copiadas do estrangeiro pelas “pessoas de bem” da sociedade. Passeou de bonde elétrico, frequentou o Theatro José de Alencar, participou de saraus literários e até comeu a fita inaugural do Cine Moderno.

Sentiu as Mademoiselles ispilicutes exalando um perfume de civilidade europeia quando saíam da Maison Art-Nouveau em direção ao Passeio Público. Doce aroma que era constantemente interrompido pelo peculiar cheirinho de certo bode que dava rabissaca pro Código de Conduta imposto que, dentre muitas medidas disciplinadoras, proibia animais soltos nas ruas. Um Dândi sertanejo tão incômodo como as camadas pobres e marginalizadas as quais o poder desejava esconder por debaixo dos tapetes chiques para não atrapalharem o savoir-vivre nas avenidas, confeitarias, jardins, clubes e salões. Assim, velhos hábitos considerados de gente subdesenvolvida deveriam ser substituídos por novos costumes, os bons modos. Tanto cidade quanto população careciam ser modificadas, remodeladas num choque de aformoseamento. Afinal, para a elite, as maravilhas do mundo moderno não harmonizavam com a matutice do povo.

Povo, aliás, que já era mamulengo nas mãos dos poderosos, há muito tempo. A política republicana havia herdado antigos sistemas coloniais que se consolidaram em influentes famílias tradicionais e no domínio dos coronéis latifundiários, pois a prática do “manda quem pode e obedece quem tem juízo” era um tiro certeiro. Cabia à população ser tratada como gado trazido em cabresto curto, quais as aves de rapina direcionavam para onde quisessem, e cativos em currais eleitorais para que ela mesma sustentasse o sistema que a prejudicava.

Com um cenário governamental mais parecido com um covil repleto de animais nocivos ao interesse público e a feérica intervenção de aculturamento, a insatisfação popular só crescia. Até que a resposta do povaréu veio em forma de protesto no mais inesperado momento: nas eleições. Ao abrir a urna eleitoral se ouviu o berro do povo escrito nos votos que elegeram o bode Ioiô para vereador na Câmara Municipal de Fortaleza.

Um deboche com os poderosos. Molecagem porreta! Sem ter feito campanha um animal ruminante era eleito pelo povo como seu representante! E, de fato, há muito já era um símbolo da identificação sertaneja que a elite (ameaçada pelas cédulas de papel) queria suprimir.

Contam que o fuá já estava instalado quando os poderosos articularam um golpe para que o bode Ioiô sofresse um impedimento e não assumisse o cargo ao qual foi eleito legitimamente, em processo democrático. Porém, a justificativa jurídica de incompatibilidade de espécie não livrou os políticos daquele vexame retumbante e só alimentou o monstro: Ioiô saiu da vida pública para entrar na história.

249 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

O bode mitou. Até hoje seus admiradores o defendem como ícone de empoderamento popular, representatividade dos marginalizados. Segue comandando a revolução do inconformismo seja nas lembranças dos memorialistas, nos cordéis, nos livros, na sala de um museu ou pelos blocos carnavalescos. Ioiô é a imagem da resiliência de um povo que faz graça até da própria desgraça e, com esse jeitinho inigualável, nos revela o genuíno salvador da nossa pátria: o bom humor.

[Isso aqui, Ioiô, foi um pouquinho de Brasil].

Jack Vasconcelos Carnavalesco

250 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

“O SALVADOR DA PÁTRIA”

O Brasil tem histórias que a própria História desconhece. A saga de um bode que fugiu da seca e foi eleito vereador de uma das mais importantes capitais nordestinas na primeira metade do Século XX parece um fato creditado na conta do improvável. Coisa de contador de lorota, diria um desavisado. Mas a verdade é que Ioiô não só existiu como se tornou símbolo da gaiatice e da pilhéria, marcas importantes na formação do povo cearense.

É essa história de luta e resistência que o Paraíso do Tuiuti irá levar para a Avenida no Carnaval de 2019. Para isso, a escola resolveu direcionar o olhar não apenas para a paisagem e para os tipos sociais que compõem toda a história que envolve Ioiô. Mas aproxima a lupa sobre o pano de fundo político que levou o danado do caprino a se tornar tão amado a ponto de ser escolhido como legítimo representante do povo. Trata-se de uma metáfora sobre democracia, representatividade e o direito de erguer símbolos aderentes ao imaginário popular.

E o brasileiro segue sempre em busca de dias melhores. Muitas vezes, tal esperança é depositada em uma única figura, capaz de devolver a dignidade ao povo. Um “messias” – verdadeiro! – que um dia irá acabar com todos os males desta terra tão desigual. Um salvador que traz consigo todas as virtudes de um predestinado. Mas... e se esse “semideus” for, na verdade, um simples caprino? O franzino bode concentrou em si toda a ânsia de protesto do povo fortalezense contra a política coronelista reinante na República Velha. E é a partir desse fato aparentemente banal que o Paraíso do Tuiuti vem orgulhosamente apresentar: “O SALVADOR DA PÁTRIA”.

Contado em forma semelhante às fábulas clássicas, o enredo foi baseado nas narrativas construídas por historiadores como Raimundo Girão e memorialistas, como Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez. São letras e vozes bordados de certo rigor histórico, mas também tramados de afeto, riso e encantamento. Assim, a capital cearense se abriu de forma espirituosa para ser palco desse grande acontecimento ao receber em seu seio banhado pelas águas atlânticas um dos seus mais diletos filhos: o Bode Ioiô.

No primeiro setor do enredo, apresenta-se o berrante personagem “picando mula” do sertão. Visualmente, as fantasias apresentam o recurso de retalhos que exprimem a vida fragmentada dos que deixam seus lugares de origem para tentar a sorte em outra localidade. A precariedade da existência recebe o colorido dos restos de memórias que ficam pelo caminho. Neste quadro inicial do enredo, o sentimento a ser expressado é do calor abrasador e da secura do sertão, aliados aos mosaicos de vida dos que seguem para compor uma nova história na capital Fortaleza.

251 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

A chegada à cidade é apresentada por meio do choque cromático no qual se destacam os “verdes mares bravios” do litoral que banha a costa fortalezense, salpicados de cores de frutas, iguarias, peixes, mariscos e crustáceos vendidos nos mercados. Atmosfera bem diferente da qual Ioiô encontrava no árido sertão. Desta vez, a estiagem e a solidão da travessia davam lugar à fartura e o vai e vem dos transeuntes, que se misturavam às construções da época e ao deslizar das jangadas que cruzavam a antiga praia do Peixe, hoje Praia de Iracema.

Em seguida, a vida noturna é apresentada em azul turquesa e detalhes em preto e prata. Alguns tons cítricos destacam objetos presentes na narrativa das fantasias, mas as cores referentes à noite são predominantes. A atmosfera da vida boêmia entre os cafés e os bares da cidade fazem de Ioiô um “dândi sertanejo”, isto é, um cavalheiro errante que bate seus “cascos” madrugada a dentro. E assim, o bode se torna uma espécie de rei da noite cearense, sempre em companhia de intelectuais e belas “cabritas” apaixonadas pelos seus inconfundíveis aroma e charme.

O cenário dessa grande epopeia acontece em uma Fortaleza metida a Paris. O modelo de civilização francês legou à cidade uma série de construções opulentas, como o Passeio Público (Praça dos Mártires), o Theatro José de Alencar, além de modas e costumes meio que adaptados para caberem no clima e no estilo de vida de uma cidade um tanto quanto “quente” demais para os padrões citadinos chiques impostos pela chamada Belle Époque. A mistura de cores mais “sóbrias”, como o branco e o prata, aos tons mais cítricos, faz com que este setor conjugue o frescor do ar parisiense com a “frescura” da brisa alencarina. Projeto de cidade que tentou jogar para debaixo do tapete, sem sucesso, a diversidade e o colorido das manifestações populares, que resistiram bravamente nas periferias.

É nesta Fortaleza que falava um francês com sotaque mais pra Quixeramobim do que para Montmartre que se deu a eleição de 1922. A escolha dos representantes se deu aos moldes da Velha República, época dos chamados “votos de cabresto” e “currais eleitorais”. Apenas homens alfabetizados votavam, o que reduzia muito a participação política do povo. Mas como em todo sistema há uma brecha, o bode Ioiô já havia se tornado uma espécie de consenso como opção de voto de protesto. Tamanha foi a surpresa ao se abrirem as urnas! “Tava o bode ali sentado, aclamado vencedor”! Nesta fase da trama, a boa e velha chita e os estampados entram para compor o clima de teatro de mamulengos, no qual os poderosos estão sempre no comando das cordas, e o povo lá, dançando conforme o xote. No final das contas, Ioiô nem berrar, berrou... Sequer assumiu a vaga conquistada pela vontade popular. Acontece nas melhores democracias... (#SóQueNão).

A moral dessa história é que... a luta continua! Ioiô morreu em 1931, mas sua carcaça e seu legado estão preservados no Museu do Ceará e no coração do cearense. O bom humor sempre há de ser uma das armas contra a intolerância, a imposição pelo medo e a ignorância. Neste desfile, Ioiô é uma espécie de Davi na luta contra o gigante Golias. Um legítimo Salvador da Pátria capaz de nos reconectar com a alegria e com a esperança. Louvado no Carnaval, no cordel e na memória popular, Ioiô é o símbolo de um país que, apesar de insistir em velhas práticas políticas, sempre saberá rir de si mesmo.

Ioiô é resistência! Viva Ioiô! 252 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR – ABERTURA – A FUGA DA SECA

Comissão de Frente “VENDEU-SE O BRASIL NO PALANQUE DA PRAÇA”

1º Casal de Mestre-Sala e Guardiões Guardiões Porta-Bandeira “PAISAGENS “PAISAGENS Marlon Flores e Daniele Nascimento DA SECA” DA SECA” “SOB O SOL ESCALDANTE”

Pede-Passagem “EXALTAÇÃO AO SALVADOR DA PÁTRIA”

Ala 01 – Comunidade “O BODE PICANDO A MULA DO SERTÃO”

Ala 02 – Velha-Guarda “A FORÇA DO SERTANEJO”

Alegoria 01 – Abre-Alas “A TRAVESSIA DO SERTÃO”

Ala 03 – Comunidade “MARVADA FOME” (mesmo figurino com cabeça em 04 tons)

Ala 04 – Carla Meirelles “RETIRANTES DA SECA DO 15” (figurino masculino e feminino com 01 componente trazendo estandarte com a figura do Bode)

Ala 05 – Baianas “MÃES DO ALAGADIÇO”

253 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

2º SETOR – A VIDA DE IOIÔ À BEIRA-MAR

Ala 06 – Comunidade “O MASCOTE”

Ala 07 – Comunidade “VENDEDORES DA PRAIA DO PEIXE”

Ala 08 – Comunidade “VENDEDORES DO MERCADO”

Musa Lívia Andrade “O PASSEIO DO BODE À BEIRA-MAR”

Alegoria 02 “FORTALEZA: O OÁSIS CAPITAL”

3º SETOR – BAFO DE BODE PERFUMANDO A BOEMIA

Ala 09 – Comunidade “ALMA DE POETA”

Ala 10 – Comunidade “CAFÉ JAVA”

Destaque de Chão Alex Coutinho (com 02 crianças: Vitor Hugo e Poliana) “NOITE BODEJANTE”

Ala 11 – Passistas “BODE NOTURNO”

Rainha de Bateria Madrinha de Bateria Carol Marins Denise Dias “SEDUÇÃO NOTURNA” “ESTRELA DA MADRUGADA”

Ala 12 – Bateria “DÂNDI SERTANEJO”

254 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

Ala 13 – Comunidade “BOÊMIO BONEQUEIRO”

Ala 14 – Comunidade “SERESTANDO AO LUAR”

Musa Musa Renata Vargas Tininha “PAIXÃO BOÊMIA” “NOITE ESTRELADA”

Tripé “O BODE NOTURNO”

4º SETOR – A FORMOSA CAPITAL

Ala 15 – Mauro Júnior e Ricardo Testa (Coreografada) “BUMBA-MEU-AUTOMÓVEL”

Ala 16 – Comunidade “O TEATRO”

Ala 17 – Comunidade “LULUS ISPILICUTES”

Ala 18 – Comunidade “AFORMOSEAMENTO ALENCARINO”

Ala 19 – Comunidade “CINE MUDERNO”

Musa Musa Mayara Nascimento Mayla Jéssika “BORBOLETA DO PASSEIO “MARIPOSA ARRETADA” PÚBLICO”

Alegoria 03 “AFORMOSEAMENTO ALENCARINO: NASCE A “MUDERNA” FORTALEZA”

255 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

5º SETOR – VELHA REPÚBLICA, UM NOVO SALVADOR

Ala 20 – Thiago Borgue (Coreografada) “A FARRA”

Ala 21 – Rodrigo Avellar (Coreografada) “RELANDO O POVO”

Ala 22 – Comunidade “MAMULENGO DO CORONEL”

Ala 23 – Comunidade “POVO NO CABRESTO”

Ala 24 – Comunidade “VIDA DE GADO”

Musa Mylla Ribeiro “O CRAMUNHÃO DO DINHEIRO”

Alegoria 04 “A FAUNA ELEITORAL”

6º SETOR – O BODE DA RESISTÊNCIA

Ala 25 – Comunidade “FOLIA NO MUSEU”

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Wesley Cherry e Rebeca Tito “UM CORDEL PARA IOIÔ”

Ala 26 – Comunidade “IOIÔ ME REPRESENTA”

Ala 27 – Comunidade “BODE FOLIÃO”

256 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

Ala 28 – Comunidade “INTERVENÇÃO PELO BOM HUMOR”

Ala 29 – Tio Fábio (Coreografada) “A PELEJA ENTRE O BODE DA RESISTÊNCIA E A COXINHA ULTRACONSERVADORA”

Musa Mariana Ribeiro “A FLOR DA RESISTÊNCIA”

Alegoria 05 “O AUTO DE IOIÔ: A RESISTÊNCIA”

257 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jack Vasconcelos Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Pede Passagem: Abrindo o cortejo desta fabulosa epopeia caprina, EXALTAÇÃO AO desfila imponente o busto do homenageado adornado SALVADOR DA PÁTRIA com o símbolo maior do Paraíso do Tuiuti, a coroa imperial. Em meio a imagens alusivas ao sertão, o elemento cenográfico faz uma louvação ao totem cearense, representando o ponto inicial da saga de Ioiô.

Destaque: Renata Marins – Um Sol pra Cada Um

01 Abre-Alas: A alegoria traz esculturas quimeras do sertão, bichos A TRAVESSIA DO SERTÃO livremente inspirados na obra do pintor cearense Chico da Silva. Em estilo de xilogravura, as imagens representam em preto e branco o delírio provocado pela fome em uma paisagem árida, mas que não se furta de produzir vida. Em contraste, elementos da flora sertaneja são apresentados em cores quentes. Uma profusão de mandacarus humanos desfila sobre a alegoria, que traz no alto do último módulo uma imagem inspirada no quadro “Retirantes”, de Vitalino, com uma devida licença poética: a presença de Ioiô em meio aos flagelados da seca.

Destaque Central: Klayton Eler – Sol da “Muléstia”

Composições femininas (sobre os tripés e parte frontal do primeiro acoplamento do abre-alas): Terra Ardente

Composições (coreografados): Mandacarus

258 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jack Vasconcelos Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 FORTALEZA: O OÁSIS Representa a paisagem litorânea e refrescante da CAPITAL capital cearense, diferente da aridez do sertão. Uma cabeça estilizada de dragão está na frente da alegoria, lembrando o célebre “Dragão do Mar”, como ficou conhecido o jangadeiro Chico da Matilde, bravo pescador que entrou para a história ao se tornar um líder abolicionista e símbolo de resistência popular cearense. A alegoria apresenta as fachadas do casario antigo típico da virada do Século XIX para o Século XX, presente até hoje no entorno do complexo cultural

denominado “Dragão do Mar”, no bairro Praia de Iracema. Nas laterais estão presentes as típicas jangadas que se impõem diante do vai e vem das ondas dos verdes mares bravios fortalezenses. São elementos típicos da região da antiga praia do Peixe, primeiro ponto de pouso do nobre Ioiô, que começava a bater os cascos em direção à glória.

Composições em volta do casario: Pregoeiros da Praia do Peixe (diversos figurinos)

Composições masculinas na parte lateral inferior: Jangadeiros

Destaque Central: Marcinho – Verdes Mares

Destaques laterais: Fábio Lima e Luíz Vigneron - Pérolas de Iracema

Composições femininas sobre o casario: A Freguesia de Iracema

259 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jack Vasconcelos Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Tripé Como uma entidade da noite e da boemia, o bode Ioiô O BODE NOTURNO se apresenta em meio aos bares, cafés e rodas de viola. Entre pingas e serenatas à luz das estrelas, a figura carismática caprina transitava com desenvoltura pela agitada Praça do Ferreira, coração da capital cearense, sendo adotado como mascote pelos intelectuais da época.

Destaque central baixo: Marcelo de Almeida – Dama da Noite

Destaque central alto: Dida – Meia-noite em Fortaleza

260 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jack Vasconcelos Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 AFORMOSEAMENTO O modelo civilizatório francês foi adotado por diversas ALENCARINO: NASCE A cidades ao redor do mundo, e com Fortaleza não seria “MUDERNA” FORTALEZA diferente. A capital brejeira do Século XIX dava lugar às novidades arquitetônicas, artísticas e sociais do Novo Século. Foi nessa capital inserida na chamada Belle Époque que Ioiô batia os cascos e se engalfinhava pelos espaços públicos, como no famoso Passeio Público, no centro de Fortaleza, onde a elite exibia as últimas modas importadas da capital francesa. Enquanto isso, a grande massa de habitantes da cidade, muitos fugitivos da seca, era cada vez mais escondida para os bairros e regiões periféricas da cidade. Se o Centro apresentava os ornamentos orgânicos

típicos da art nouveau, a periferia se vestia de chita e se equilibrava nos casebres improvisados. A parte traseira da alegoria traz o povaréu com suas manifestações populares, reprimidas nos logradouros remodelados, com muito colorido e diversidade cultural.

Destaque Central Alto: Cláudio Hillary – Lalique Cearense

Destaque Central Médio: Carla Close – O Esplendor da Art Nouveau Fortalezense

Semi-destaques laterais baixo: Marcelo Rubens e Ricardo de La Rosa – Florais do Agreste

Semi-destaques (frontal) – Casal: Gleici Damasceno e Wagner Santiago – À Moda de Paris

Composições: Formosuras da Paris Alencarina

Destaque Lateral Alto Esquerdo Traseiro: Ferrula Muniz – Dama da Periferia

Destaque Lateral Alto Direito Traseiro: Anderson Souza – Dama da Periferia

Personagens da parte traseira (coreografados): Operários, Lavradores, Aguadeiras, Cangaceiros, Loucos, Rei e Rainha do Maracatu, Caboclinhos, Caboclo de Lança e Pajens e Bode

Composições Laterais Traseiras: Querendo ser Chique

261 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jack Vasconcelos Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 A FAUNA ELEITORAL Nas eleições de 1922, veio a grande surpresa: o presepeiro e popular Bode Ioiô esteve entre os nomes escolhidos para a Casa Legislativa da cidade. O caprino conquistaria uma cadeira no parlamento municipal, não fosse a regra que determinava que animais não poderiam ocupar tais vagas. Bode não podia, mas outros bichos... vá lá! Na mesa diretora, aves de rapina, bichos peçonhentos e outras espécies da fauna política brasileira da Velha República tinham lugar cativo. Até membros de outros poderes queriam aparecer mais que os integrantes da casa legislativa. Enquanto isso, Ioiô, nem berrar, berrou! À frente desse zoológico político, o povo feito gado carregava os privilégios e as artimanhas para que seus representantes mantivessem os privilégios do sistema coronelista. Na parte traseira da alegoria, a vida da população cercada como bovinos prontos para o abate se mostrava como de fato era: um grande curral eleitoral cujo destino é determinado pelos mais poderosos na injusta e cruel cadeia alimentar brasileira.

Performance central alto: Maninha Linhares – Ioiô, a Esperança Caprina

Destaque central médio: Roberta Zimmermann Scheer – Meritíssimo Pavão

Destaque central baixo: Jorge Amarelloh – Ardilosa Rapina

Semi-destaques (em torno da urna): Rodrigo Brabo, Léo Jesus, Gustavo Fernandes e Pedro Machado – Carcarás

Semi-destaques laterais frente: Elvira Couchy e Rosa Thomas – A República que Nasceu Velha

Composições Laterais (coreografadas): Mamulengos do Coronel

Composições traseiras do fundo: Mimosas

262 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Jack Vasconcelos Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 O AUTO DE IOIÔ: A A última alegoria do desfile ressalta o bom humor, RESISTÊNCIA marca tão presente na alma do povo cearense, como meio de vencer o autoritarismo e chegar ao coração do povo. A alegoria traz como esculturas centrais o bode Ioiô dando um coice no quadrúpede repressor, uma espécie de “Jumento de Tróia”, bicho belicoso que o povo costuma receber de “presente” a cada eleição. Nas varandas, personagens do humor e das artes cearenses se misturam a intelectuais e artistas contemporâneos, cujas mensagens e reflexões chegam

aos corações e mentes de milhões de brasileiros. Nas laterais, bonecas satirizam os discursos prontos de parte dos que querem manter tudo como “nos tempos da Velha República dos coronéis”. Até que um dia, quem sabe, haverá de surgir um novo Salvador da Pátria para que a esperança novamente reacenda na alma dos que acreditam num país mais justo e respeitoso com a diversidade e a arte do nosso povo. “Ninguém Solta a Mão de Ninguém”.

Destaque central: Samile Cunha – A Fascistinha do Brasil

Destaque Central Baixo: Yakira Queiroz – Bodejante

Composições laterais: Bonecas Viralizadas

Convidados (varandas): Arte e Resistência

Personagens: Povo e Diversidade

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Renata Marins Psicóloga e Primeira Dama da Escola Klayton Eler Professor e Empresário Dida Cabelereiro Marcelo de Almeida Figurinista Cláudio Hilary Maquiador Carla Close Empresária Gleici Damasceno Estudante de Psicologia Wagner Santiago Tatuador e Grafiteiro Maninha Linhares Historiadora Roberta Zimmermann Scheer Arquiteta Jorge Amarelloh Bailarino e Coreógrafo Samile Cunha Professor e Figurinista Yakira Queiroz Instrutora de Maquiagem

Local do Barracão Rua Rivadavia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 03 – Cidade do Samba – Gamboa, RJ Diretor Responsável pelo Barracão Júlio César e Renan Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe Gilberto Robinho Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe Wendell Azevedo Fábio Carvalho “Filé” Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Natanael Ferreira Antônio Outros Profissionais e Respectivas Funções

Paulinho da Luz - Iluminador artístico - Tripé Comissão de Frente - Pede Passagem Fernando Kieer - Aderecista chefe da alegoria 01 Jefferson Siqueira - Aderecista chefe da alegoria 02 e Tripé Rogério Azevedo - Aderecista chefe da alegoria 03 e 04 Luizinho - Aderecista chefe das alegorias 05 Chiquinho - Esculturas em espuma Marlon Cardoso - Chefe da equipe de movimentos e esculturas Marquinho Neon - Iluminação em neon Rogério de Souza - Assistente de pintura de arte

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Fantasias

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* Paisagens da A seca castiga e forma no sertão Guardiões do Fábio Costa Seca uma paisagem árida e causticante. 1º Casal de No caminho, Ioiô e os migrantes Mestre-Sala e foram “do sertão até o mangue” se Porta Bandeira deparando com imagens de carcaças (2019) de bois que se fundem com a vegetação castigada pelo Sol e pela estiagem.

01 O Bode Picando ... e lá se foi o bodinho franzino Comunidade Direção de a Mula do Sertão picando mula do sertão, deixando de (2018) Carnaval lado a secura da terra e a aridez da vida severina em uma marcha pela sobrevivência. A seca de 1915, foi tão rigorosa, que acabou inspirando o famoso romance intitulado O Quinze, escrito por Rachel de Queiroz. A falta de água castigou impiedosamente o interior cearense, forçando a migração de muitos retirantes para a capital Fortaleza. A fantasia traz Ioiô “bumbando” em tons terrosos e foscos, lembrando a quentura que assolou o estado naqueles tempos de estiagem.

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02 A Força do “O sertanejo é, antes de tudo, um Velha-Guarda Dona Vitorinha Sertanejo forte!” Assim escreveu Euclides da (1952) Cunha, na obra clássica Os Sertões. E é com a força desse povo sofrido e esperançoso que desfila a Velha- Guarda na parte inicial do desfile, dando destaque à raiz da escola. É homenageado também todo o povo que veio do sertão para tentar uma vida melhor nos centros urbanos. Afinal, o bairro de São Cristóvão, berço do Tuiuti, abriga um grande número de migrantes vindos do Nordeste e que hoje faz parte da base comunitária da escola.

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03 Marvada Fome “Companheira” inseparável dos Comunidade Direção de fugitivos da seca, a “marvada” fome (2018) Carnaval atravessou o caminho do bode Ioiô rumo ao oásis, a capital Fortaleza. Em busca de uma vida melhor, Ioiô “vazou” da fome, defrontando-se com um cenário em cores incendiárias, com a morte à espreita. Em tons que variam entre o

vermelho, o laranja e o amarelo, os chapéus das fantasias buscam proporcionar a sensação visual de calor abrasador que assola a terra.

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04 Retirantes da A ala traz um dos componentes com Carla Meirelles Carla Meirelles Seca do 15 um estandarte com a figura do bode, (2018) – Coreógrafa lembrando de forma carnavalesca e jocosa a presença do caprino em meio ao cortejo de retirantes.

(Figurino masculino e feminino, com 01 componente trazendo estandarte com a figura do bode)

05 Mães do Representam as mulheres de fibra e Baianas Tia Sandra Alagadiço coragem que foram retidas em (1952) Maria campos de concentração, como na região do Alagadiço, na periferia de Fortaleza. Com uma trouxinha de roupa na cabeça, uma criança no braço e esperança no coração, as mães do Alagadiço se impuseram diante da realidade árida na tentativa derradeira de vencer a fome e a miséria. Também utilizando a técnica de confecção de tapetes de retalho, as baianas simbolizam a bravura e a resistência feminina diante das condições adversas da seca.

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06 O Mascote Ao chegar à Fortaleza dos “verdes Comunidade Direção de mares bravios”, como escreveu José (2018) Carnaval de Alencar, Ioiô foi vendido à companhia inglesa Rossbach Company, que negociava diversos produtos, entre eles couro de animais. Mas com carisma - e um bocadinho de sorte - Ioiô escapou da panela e livrou-se do destino cruel de virar pele de gibão. Ao contrário, o “bodim” tornou-se uma espécie de mascote da firma de importação e exportação, podendo desfrutar da brisa à beira-mar da capital. A fantasia inaugura uma série de alas nas quais as cores passam a afirmar a mudança de paisagem do sertão causticante e árido para os refrescantes verdes mares fortalezenses.

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07 Vendedores da A antiga Praia do Peixe (ao lado da Comunidade Direção de Praia do Peixe atual Praia de Iracema) era um dos (2018) Carnaval pontos do litoral da cidade onde desembarcavam as jangadas com os pescados que abasteciam as cercanias dos bairros da Aldeota e do Centro, além da venda para outras localidades. Esse foi um dos cenários e alguns dos personagens com os quais o bode se deparou na sua chegada a Fortaleza. Em três figurinos, a ala traz vendedores de lagosta, de camarão e

de peixes representando a fartura que brotava do mar e intensificava o contato entre Ioiô, que batia os cascos nos mafuás da cidade, e os citadinos fortalezenses.

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08 Vendedores do Frutas, doces e mariscos estavam Comunidade Direção de Mercado entre os produtos oferecidos nas (2018) Carnaval vendas próximas à Praia de Iracema. Um desses mercados, o dos Pinhões, que inicialmente era um voltado apenas ao comércio de carne, atraía uma diversidade de vendedores de outros produtos para a região da Praia de Iracema, que já era um importante entreposto e local de grande circulação. Nessas andanças no meio do povo, o enxerido Ioiô foi se ambientando com os costumes da vida cotidiana de Fortaleza.

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* O Passeio do Musa #1 Lívia Andrade Bode à Beira- (2018) Mar

09 Alma de Poeta E já estamos na região boêmia de Comunidade Direção de Fortaleza, onde cafés e bares (2018) Carnaval frequentados pela elite dominavam a cena. Segundo o escritor Juarez Leitão, o bode seria a reencarnação de Paulo Laranjeira, poeta e seresteiro muito querido na cidade no final do Século XIX. O músico compôs uma valsa intitulada “Teu Desprezo”, em meio a uma profunda desilusão amorosa que o levou ao suicídio. Dezoito anos depois da tragédia, eis que, em uma noite regada a muita cachaça na Praça do Ferreira, chega o bode Ioiô, que ao ouvir a valsa “Teu Desprezo” cantada pelos intelectuais da época, teve um ataque apoplético e danou-se a se bater no chão. Daí surgiu o mito de que o bode Ioiô era a reencarnação de Paulo Laranjeira, dada a reação imprevisível e passional diante da música entoada pelos boêmios locais.

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10 Café Java As cafeterias eram ponto de Comunidade Direção de encontro de intelectuais e poetas, (2018) Carnaval que debatiam sobre política, artes e a vida em geral. Lá, trocavam prosas e versos entre um gole e outro de café ou pinga. Na antiga Fortaleza, um desses locais de concentração de notáveis foi o Café Java. Localizado na Praça do Ferreira, coração econômico e afetivo da capital cearense, o estabelecimento foi berço de um dos maiores movimentos literários e artísticos do Ceará, chamado de “Padaria Espiritual”, ocorrido no final do Século XIX e início do Século XX. O lugar era um dos preferidos dos escritores e também do bode boêmio, que passou a circular por lá. A fantasia relembra no chapéu a decoração em estilo oriental javanês, que dava um ar exótico ao local, bem ao gosto dos poetas românticos.

* Noite Bodejante Destaque de Alex Coutinho Chão (2018)

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11 Bode Noturno Se durante o dia Ioiô pastava nas Passistas Alex Coutinho dependências da firma que lhe (1952) e Jorge proporcionou o chão de capim Amarelloh necessário para o descanso, à noite era a hora de “farra medonha”, como se diz no Ceará. Subindo da Praia de Iracema até a Praça do Ferreira, o berrante bode ia trocar prosas com seus colegas e ruminar

poesias, cantigas e modinhas. Batia os cascos de felicidade ao encontrar o ruidoso grupo, admirando a inteligência dos “cabras” e a formosura das “cabritas” que circulavam nas cercanias do Café Java.

* Sedução Noturna Rainha de Carol Martins Bateria (2018)

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* Estrela da Madrinha da Denise Dias Madrugada Bateria

12 Dândi Sertanejo Admirador da beleza e do Bateria Mestre pensamento elevado, o dândi é um (1952) Ricardinho cavalheiro em essência. Modelo de homem civilizado entre fins do Século XIX e início do Século XX, incorpora a figura de um pensador, um “flaneur” que ocupa o tempo com prazeres que elevam o espírito. Elegante e ao mesmo tempo brejeiro, Ioiô, na visão gaiata cearense, incorporava o típico dândi sertanejo que transitava no círculo de intelectuais pela cidade de Fortaleza. A fantasia da bateria é inspirada na gaiatice cearense do cantor Falcão, em tons e elementos um tanto quanto “berrantes”, que ironizam a figura do dândi tradicional e incorporam o universo gaiato da construção mítica do bode Ioiô, o totem cearense.

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13 Boêmio Fortaleza era uma festa! Nos cafés e Comunidade Direção de Bonequeiro botequins no entorno da Praça do (2018) Carnaval Ferreira, a Montmartre fortalezense, os grupos boêmios se jogavam em noites intermináveis de prosas, músicas e paixões. E se não havia absinto, como em Paris, uma boa pinga resolvia o problema! Na cena noturna, surge a figura do boêmio “bonequeiro”, que na linguagem cearense significa fazer algazarra, arrumar confusão, ou ainda se esbaldar em alguma ocasião de festa ou de encontro.

14 Serestando ao Em noites enluaradas e estreladas, a Comunidade Direção de Luar cena urbana noturna de Fortaleza era (2018) Carnaval cantada com serestas, violões, cantigas e... muita dor de cotovelo. E Ioiô estava lá, no meio dos músicos, perfumando de bafo de bode as tertúlias, que nada mais são do que uma reunião de amigos com música e discussões literárias. E a serenatas brasileiras eram a trilha ideal para embalar os sonhos e dissabores amorosos regados a um bom papo e intermináveis doses de cachaça.

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* Paixão Boêmia Musa #2 Renata Vargas (2018)

* Noite Estrelada Musa #3 Tininha (2018)

15 Bumba-Meu- A “muderna” Fortaleza de Ioiô Mauro Júnior e Mauro Júnior e Automóvel crescia com ares de metrópole Ricardo Testa Ricardo Testa (Coreografada) aderente às novidades civilizatórias (2018) do Século XX. Rapidamente, as estreitas ruas da capital seriam cruzadas por calhambeques e outros veículos motorizados que passaram a cortar as vias da cidade, abrindo caminhos para a expansão fortalezense. Na fantasia, os componentes “bumbam” seus automóveis misturando os típicos chapéus dos chauffeurs da época aos elementos visuais de inspiração nordestina.

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16 O Teatro Inaugurado em 1910, o Theatro José de Comunidade Direção de Alencar logo se tornou um dos símbolos (2018) Carnaval do aformoseamento cearense. Em meio à fachada em ferro inglês e vitrais, o Theatro foi batizado em homenagem ao escritor cearense, autor de romances indigenistas de grande sucesso, como “Iracema” e “O Guarani”. Além da Praça do Ferreira, o Theatro José de Alencar tornou-se também ponto de encontro de artistas, escritores, poetas, boêmios, enfim, de toda a elite intelectual da época que adotou o Bode Ioiô como mascote e que não se furtava de contar com a presença do carismático caprino em diversas ocasiões e festividades.

17 Lulus Ispilicutes Na Fortaleza metida a Paris, não Comunidade Direção de poderiam faltar as Lulus, cadelinhas que (2018) Carnaval chamavam a atenção de Ioiô em suas peregrinações pela cidade, que passava a se olhar formosa e bela. O adjetivo “ispilicute” é ligado à figura feminina, e até hoje é bastante usado no Ceará para qualificar meninas mais “pra frente”, ou ainda “bonitinhas”, “vaidosas”. O termo só foi popularizado, de fato, durante a presença de militares norte-americanos no Ceará. As garotas mais avançadas para a época se arrumavam e se perfumavam para passar em vista pelos oficiais, que diziam uns aos outros: “she is pretty cute” (cuja tradução é “ela é muito bonita”). O povo da terra de Alencar logo tratou de adaptar a expressão e adotou “ispilicute” como palavra para qualificar as meninas mais afoitas na arte de receber galanteios, que aconteciam nos espaços públicos da cidade.

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18 Aformoseamento Na Fortaleza da primeira metade do Comunidade Direção de Alencarino Século XX, o bode Ioiô desfrutou das (2018) Carnaval novidades urbanas que foram se instalando na cidade graças a uma política de aformoseamento urbano bem ao estilo belle époque, com suas formas e elementos decorativos. Foram idealizados e construídos espaços arejados, com projetos paisagísticos e iluminação especial para o período noturno. Um desses locais de circulação e sociabilidade foi o Passeio Público (ou Praça dos Mártires), inaugurado no final do Século XIX, e que chamava a atenção pelos formosos jardins, luminárias e gradis em ferro.

19 Cine “Muderno” A “muderna” Fortaleza se apresentava Comunidade Direção de não apenas nos espaços públicos, mas (2018) Carnaval também nas maravilhas do Século XX, entre elas o cinema. Na abertura de uma das salas de exibição, o Cine “Muderno”, ocorrida no ano de 1921, Ioiô roubou a cena: convidado para a cerimônia, o bode comeu a fita de inauguração do espaço de arquitetura art déco enquanto o então governador Justiniano de Serpa proferia um discurso mais extenso do que deveria. Mais conhecido a cada dia, Ioiô pavimentava, mesmo que involuntariamente, certa popularidade que iria se refletir nas urnas, no ano seguinte, 1922.

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* Borboleta do Musa #4 Mayara Passeio Público (2018) Nascimento

* Mariposa Musa #5 Mayla Jéssika Arretada (2018)

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20 A Farra Era no tempo da República Velha... O Thiago Borgue Thiago Borgue (coreografada) período eleitoral no Brasil do início (2018) (coreógrafo) do Século XX era marcado por diversas formas de manipulação do voto. Por disporem de mais recursos, os senhores de posses faziam a farra com seus dotes financeiros, ajudando a eleger os que estavam alinhados com a manutenção dos privilégios e das fortunas dos coronéis, interferindo diretamente no processo eleitoral. Adversários das famílias tradicionais eram difamados, correntes de informações falsas se espalhavam pelos espaços públicos de encontro dos citadinos fortalezenses, enfim, a farra eleitoral corria solta e agitava a cidade nos períodos de escolha dos seus representantes.

21 Relando o Povo Na estrutura de poder dominante, a Rodrigo Rodrigo (coreografada) grande massa tinha que dançar Avellar Avellar conforme a música. Ou melhor, (2018) (Coreógrafo) conforme o forrobodó em um ritmo descompassado dos senhores de posses que davam as cartas na política local. Era a velha prática do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. No lugar de defenderem os interesses do povo, os representantes “relavam”

o couro dos que mais precisavam da mão do poder público. E assim, mais uma vez, o sertanejo continuava condenado à miséria e à fome que o Estado insistia em não combater.

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22 Mamulengos do Enquanto o povo passava fome, o Comunidade Direção de Coronel coronel enchia o “bucho”. Na (2018) Carnaval realidade social dos tempos de Ioiô, as lideranças políticas e econômicas manipulavam a população como mamulengos em um teatro mambembe. Por meio de coerção ou troca de favores, o coronel garantia votos para si, familiares ou correligionários, sempre tirando proveito das benesses do sistema político. A barriga proeminente da fantasia representa a fartura restrita aos donos de terra, enquanto a grande massa passava fome.

23 Povo no Cabresto O chamado “voto de cabresto” era Comunidade Direção de uma prática comum no jogo (2018) Carnaval político coronelista da Velha República. Mecanismo de acesso aos cargos eletivos por meio de compra de votos e pelo abuso do poder econômico, o cabresto representa o domínio da elite sobre o povo. Com o controle das rédeas do poder, coronéis e políticos subjugavam o cidadão, que era guiado de acordo com os conchavos e as alianças de ocasião.

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24 Vida de Gado Donos de “latifúndios” políticos Comunidade Direção de tinham seu rebanho certo. Massa (2018) Carnaval conquistada no pasto eleitoral que possibilitava dominar regiões inteiras. Gente que para o sistema político vigente tinha valor de bicho no mercado pecuário sufragista. Marcado como gado pronto pro abate social, o povo seguia o caminho do descaso como vaca de presépio, sem direito nem de ruminar as próprias angústias, esperando eternamente por um Salvador da Pátria.

* O Cramunhão do Musa #6 Mylla Ribeiro Dinheiro (2018)

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25 Folia no Museu Para quem duvidou da existência e Comunidade Direção de das peripécias de Ioiô, o Salvador da (2018) Carnaval Pátria, o “bichim” tá lá exposto no Museu do Ceará. Morto em 1931, o caprino foi empalhado e hoje faz a festa dos que vão ao antigo casarão que abriga o museu para ver de perto o totem cearense. A fantasia reproduz a fachada e o frontão triangular do prédio neoclássico, misturado ao colorido de fitas e franjas presentes em diversos folguedos do Ceará, como o maracatu e o bumba-meu-boi.

26 Ioiô me Ioiô é a cara do brasileiro. Comunidade Direção de Representa Sobreviveu à seca, driblou os (2018) Carnaval campos de concentração, conquistou prestígio, “botou boneco” com os boêmios, enfim, caiu nas graças do povo. População que se vê representada na gaiatice e na resistência do cultuado caprino. Hoje, a memória do mimoso bode é reverenciada em plena Avenida, com a irreverência e a alegria própria do povo cearense. #SomosTodosIoiô.

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27 Bode Folião Atualmente, o legado de Ioiô se Comunidade Direção de manifesta no Carnaval de rua de (2018) Carnaval Fortaleza, que apresenta dois blocos bastante populares: o Bloco dos Bodes e o Iracema Bode Beat. O espírito moleque cearense transborda no Carnaval com muita cor e animação. Assim o povo chama para si a verdadeira salvação da pátria: a alegria, a mais revolucionária das manifestações.

28 Intervenção pelo Ioiô deixou um legado de pilhéria e Comunidade Direção de Bom Humor molecagem, marcas da chamada (2018) Carnaval “cearensidade”. E por que não uma intervenção pelo bom humor? Abaixo à repressão! Viva a gaiatice! Palhaços se tornam os “generais” da banda, promovendo um reencontro com o espírito alegre, folião e debochado brasileiro. A ordem é marchar armados de riso e sonho, acreditando “nas flores vencendo o canhão”.

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29 A Peleja entre o Ioiô é hoje uma ideia! Saiu da vida Tio Fábio Tio Fábio Bode da para entrar para a história e seu (2018) (coreógrafo) Resistência e a legado revive na disputa de poder Coxinha que vem marcando a recente Ultraconservadora história política brasileira. Mais do (Coreografada) que nunca, o caprino se faz presente como herói da resistência popular contra a coxinha ultraconservadora, que mira a própria arma contra “tudo que está aí”. Seguindo na eterna busca pelo Salvador da Pátria, percebe-se que muita coisa continua como há cerca de um século. Mas a luta continua!

E há de surgir sempre um novo Ioiô, irreverente e popular, como forma de “bodejar” contra o sistema. Viva o Salvador da Pátria!

* A Flor da Musa #7 Mariana Resistência (2018) Ribeiro

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Fantasias

Local do Atelier Rua Rivadávia Corrêa, nº. 60 – Barracão 03 – Cidade do Samba – Gamboa, RJ Diretor Responsável pelo Atelier Léo Morais Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Flávia Jacob - Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Léo Morais e Fernando Kieer Gomes Sapateiro Outros Profissionais e Respectivas Funções

Fernando Kieer - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 05, 07,08 e 13.

Flávia Jacob - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 20, 21, 22 e 28.

Jefferson Siqueira - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 04, 06,09 e 23.

Lúcia Morais - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 01, 10, 12,15 e 24.

Ana Cláudia - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 03, 16,17,25,26 e 29.

Felipe Rocha - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 11, 14,18,19 e 27.

Chiquinho - Chefe do atelier responsável pela reprodução das peças de espuma das fantasias das alas da escola 01, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 11, 12, 13, 14, 20, 21, 22, 23, 24, 27 e 29.

Marquinhos - Reprodução de penas artificiais

Fábio Carvalho - Pintura de arte das fantasias (Filé)

Outras informações julgadas necessárias

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Cláudio Russo, Moacyr Luz, Jurandir, Dona Zezé e Aníbal Enredo Presidente da Ala dos Compositores Aníbal Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Jurandir Gabriel Russo (oitenta) 78 anos 24 anos Outras informações julgadas necessárias

Vendeu-se o Brasil num palanque da praça E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue E o homem servil verteu lágrimas de sangue Do nada um bode vindo lá do interior Destino pobre, nordestino sonhador Vazou da fome, retirante ao Deus dará Soprou as chamas do Dragão do Mar Passava o dia ruminando poesia Batendo cascos no calor dos mafuás Bafo de bode perfumando a boemia Levou no colo Iracema até o cais Com luxo não! Chão de capim! Nasceu “muderna” Fortaleza pro “Bichim”

Pega na viola, diz um verso pra Ioiô O salvador! O salvador! (da pátria)

Ora, meu patrão! Vida de gado desse poro tão marcado Não precisa de “dotô” Quando clareou o resultado Tava o bode ali sentado aclamado vencedor

Nem berrar, berrou! sequer assumiu! Isso aqui Ioiô, é um pouquinho de Brasil!

O meu bode tem cabelo na venta O Tuiuti me representa Meu paraíso escolheu o Ceará Vou bodejar, la iá la iá

288 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

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Defesa do Samba

A história do Bode Ioiô é um retrato fidedigno da realidade do povo brasileiro, história de luta e resistência com pitadas generosas de humor, e este ponto é extremamente importante, o brasileiro faz chacota de sua própria tragédia particular. A composição, que dará voz aos nossos componentes, demonstra muito bem os aspectos supracitados: O drama da vida difícil no sertão nordestino, a resistência na capital que vislumbrava ser “muderna” e a desesperança ao fazer graça e levar à eleição um candidato intrinsecamente afeito ao que há de mais popular. Melodia e letra dialogam com empatia e, depois do começo que leva a reflexão de todos, permeiam sinuosamente numa crescente até o desfecho apoteótico que convida, ao canto forte e vibrante, aquele que mais nos representa: O povo brasileiro!

Vendeu-se o Brasil no palanque da praça E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça... Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue E o homem servil verteu lágrimas de sangue... Vocês que fazem parte desta massa, sabem como poucos que a história se repete e a saga de nosso heroico personagem não é um caso isolado, é mais um movimento desesperado da população desafortunada em busca da redenção, O derradeiro berro ante a lágrima de sangue que escorre indignada à servidão dos mais humildes com o espólio do Brasil: Dos sertões do Deus me livre ao lodo do canal do Mangue.

Do nada um bode vindo lá do interior Destino pobre, nordestino sonhador Vazou da fome retirante ao Deus dará Soprou as chamas do Dragão do Mar O pequeno, franzino e sofrido Ioiô, pobre retirante sertanejo, do nada e antes de tudo, pica a mula do interior nordestino e com sol a pino vaza da fome e da seca do XV, imortalizada por Rachel de Queiroz em “O Quinze”, para beber da fonte do grande símbolo da resistência cearense ao chegar à capital do estado na Rua Dragão do Mar.

Passava o dia ruminando poesia Batendo cascos no calor dos mafuás Bafo de bode perfumando a boemia Levou no colo Iracema até o cais E o Cabra, ou melhor, o Bode, poeta encarnado, aprende rapidinho a bater os cascos nas vielas e nos mafuás da noite “alencarina”. Inaugura o Cine, fecha os cafés, perfuma a boemia com seu bafo e sobra até pra Iracema, aquela dos lábios de mel, à beira do cais.

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Com luxo não! Chão de capim! Nasceu “muderna” Fortaleza pro “Bichim” O fausto e o luxo da civilidade não intimidavam o bodinho, que combatia o perfume francês das ispilicutes espevitadas com aquele cheirinho peculiar. O incômodo que causava nos defensores da reforma urbana era o mesmo que as camadas pobres e marginalizadas sofriam. Ergue-se em volta de nosso Dândi Sertanejo um marco, um bastião, uma Fortaleza “Muderna...”.

Pega na viola diz um verso pra Ioiô O salvador! O salvador da Pátria! Sassaricando, o Bode seresteiro, com a liberdade de ir e vir, num vai e vem frenético passa a ser chamado de Ioiô e inúmeros artistas, violeiros e repentistas rendem homenagem ao “Bichim”... Salvador da Pátria!

Ora meu patrão Vida de gado desse povo tão marcado Não precisa de “dotô” Quando clareou o resultado Tava o bode ali sentado, Aclamado vencedor O povo, em sua marcada vida de gado, se sente cansado de ser mamulengo nas mãos dos doutores do poder. Os patrões, latifundiários do voto de cabresto, jamais poderiam imaginar naquele Bode, alguém nocivo as suas aspirações política de controle da população, mas quando clareou o resultado, Ioiô foi aclamado vencedor, vereador de Fortaleza! Um deboche com os poderosos!

Nem berrar, berrou! Sequer assumiu! Isso aqui Ioiô é um pouquinho de Brasil! Mas como diz o ditado: Um bom cabrito não berra e o nosso ruminante porreta aprende de vez que isso aqui é um pouquinho de Brasil. Antes de assumir, sofre um golpe, logo ele que foi eleito democraticamente é impedido juridicamente pela alegação de incompatibilidade de espécie. Vê se pode! Vê seu Bode?

O meu Bode tem cabelo na venta O Tuiuti me representa Meu Paraíso escolheu o Ceará Vou bodejar lá iá lá iá O Bode mitou! Hoje é uma ideia, símbolo do empoderamento popular, vive no meu paraíso, na memória cearense, perambula batendo cascos nos cordéis, livros e museus... Habita todo aquele que tem cabelo na venta e se sente inconformado ao fazer graça da própria desgraça. Do Ceará, ele bodeja alto na Avenida Marquês de Sapucaí! Lá iá! Lá iá!

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Sobre os compositores:

A parceria permanece a mesma do antológico samba de 2018, que conduziu a escola ao emblemático desfile e alcançou diversas premiações no carnaval carioca.

Claudio Russo: Compositor consagrado da nova geração do samba carioca e ganhador de diversos prêmios, como o Estandarte de Ouro em 2007, 2015 e 2017, Tamborim de Ouro de 2007 e 2018. É integrante da ala de compositores do Paraíso do Tuiuti desde 2015, e em 2016 foi um dos compositores que emprestaram o talento ao samba campeão que levou a escola a elite do carnaval e ao inesquecível samba de 2018.

Moacyr Luz: Convidado especial desta parceria profundamente ligada ao Paraíso do Tuiuti. Este mestre do samba carioca, possui treze CDs gravados, inclusive o recém-lançado: Natureza e Fé!

Trazendo em cada trabalho importantes referências à Música Brasileira. Na sua carreira de compositor, mais de 100 músicas gravadas por diferentes intérpretes da MPB, como, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Beth Carvalho, Leny Andrade, e Leila Pinheiro. Moacyr também é ganhador de diversos prêmios no carnaval, inclusive o Estandarte de Ouro de 2015 em parceria com Cláudio Russo e Teresa Cristina.

Jurandir: Compositor das antigas, como ele mesmo se define, Jurandir se filiou a Ala de Compositores em meados da década de 90 e de lá pra cá foi coroado com seis expressivos sambas. Jurandir também foi por diversas vezes premiado, inclusive com o estandarte de ouro em 1989 e 1996.

Dona Zezé: Moradora do Morro do Tuiuti, Dona Zezé é a matriarca de uma família de componentes e torcedores da escola, sempre esteve muito ligada à rotina da agremiação e no ano 2000 passou a integrar a Ala de Compositores do Paraíso do Tuiuti. A compositora é vencedora dos sambas de 2004, 2011, 2018 e agora em 2019.

Aníbal: O médico apaixonado por samba tornou-se o Dr. Aníbal. Compositor por diversas vezes campeão na escola (2008, 2009, 2010, 2012 e 2018) também teve grandes vitórias em outras agremiações, mas manteve seu amor e sua fidelidade à escola de São Cristóvão, e este ano coroa, novamente, esta grande parceria.

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Bateria

Diretor Geral de Bateria Mestre Ricardinho Outros Diretores de Bateria Denílson, Rodrigo Siqueira, Tadeu Ferreira, Yuri Martins, Luis Cláudio, Luygui, Fabiano Serafin, Leonardo Jorge, Carlos Antônio, Denílson Gonçalves, Waldney, Luciano da Silva, Rodrigo Fidalgo, Jeferson Oliveira e Rita (Secretária) Total de Componentes da Bateria 250 (duzentos e cinquenta) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 10 10 12 0 0 Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique 96 0 42 0 18 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho 0 14 24 0 24 Outras informações julgadas necessárias

A Bateria do Paraíso do Tuiuti – Batizada pelo nome de “SuperSom da Tuiuti” a tradicional bateria do Paraíso do Tuiuti, comandada pelo Mestre Ricardinho, um dos mais antigos na função dentre os Mestres de Bateria do Carnaval Carioca, é considerada de ritmo forte sem esquecer a perfeita harmonia entre o samba, a cadência e a manutenção rítmica de todos os instrumentos. No carnaval de 2018 a bateria da Azul e Amarelo do bairro de São Cristóvão, embalou os componentes e foi de fundamental importância no desempenho do samba-enredo na Marquês, conquistando assim notas máximas no quesito. Ensaiando desde o mês de agosto, as convenções e bossas foram cuidadosamente preparadas e exaustivamente treinadas para que o ritmo pudesse servir de perfeita sustentação ao componente do Tuiuti evoluir de maneira plena e confortável na Avenida, aproveitando a leveza e alegria espontânea do samba-enredo, bem como as variações melódicas que esta obra de 2019 possui. Cada integrante da “SuperSom” tem a plena consciência de que a bateria de uma escola de samba exerce fundamental importância no desfile em acalentar o sonho de uma comunidade inteira rumo ao seu objetivo!

Fantasia da Bateria - No Carnaval de 2019 a “SuperSom” estará fantasiada de Dândi Sertanejo

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Mestre Ricardinho – Apaixonado por Carnaval desde a adolescência, Mestre Ricardinho, iniciou sua trajetória na folia aos 15 anos e imediatamente se identificou com a batida do surdo, a leveza das caixas, o desenho feito pelos tamborins e o molho oriundo dos chocalhos. Não teve dúvidas de que ali havia encontrado seu espaço! Professor por formação, Ricardinho não se contentou em apenas deter a arte da percussão e, no ano de 1998, decidiu dividir seus conhecimentos a quem, assim como ele um dia, sonhava em aprender a tocar um instrumento e sentir a emoção de entrar na Marquês de Sapucaí integrando uma bateria. Já se passaram 20 anos e, neste tempo, centenas de pessoas têm o orgulho de dizer que são chamadas de ritmistas porque alguém como o Mestre Ricardinho esteve em seu caminho.

Como Mestre, Ricardinho iniciou sua trajetória no próprio Paraíso do Tuiuti no ano de 2002, permanecendo até 2006. Nos Carnavais de 2007 e 2008 comandou as baterias do Arranco do Engenho de Dentro e Acadêmicos do Cubango, respectivamente. Retorna ao Paraíso do Tuiuti para os Carnavais de 2009 e 2010. Após dois anos de dedicação a projetos pessoais, volta ao Carnaval em 2013 na Unidos do Jacarezinho. Mas como “o bom filho à casa retorna” em 2014 a Direção do Paraíso do Tuiuti novamente contrata o Mestre para, juntos, conquistarem, em 2016, o Título de Campeão da Série A e a sonhada ascensão ao Grupo Especial. Em 2018, Ricardinho completou seu décimo segundo desfile no comando da “SuperSom”, nesse período conquistou todos os prêmios que sua bateria poderia receber, além de sempre ser pontuado com as notas máximas dos julgadores. Para o carnaval de 2019, o tarimbado Mestre da “SuperSom” promete mais uma bela atuação de seus comandados, vislumbrando o sonhado 40 pontos no quesito.

Rainha de Bateria (Carol Marins) – Toda Rainha deve conhecer e vivenciar o cotidiano dos seus súditos! Isso certamente se aplica a bela Carol Marins, de 23 anos. Oriunda do seio da comunidade esteve presente desde pequena acompanhando sua escola e participou ativamente do processo de transformação e amadurecimento que o Paraíso do Tuiuti passou nos últimos anos. Carol pisou na Sapucaí pela primeira vez ainda criança e desde então nunca deixou seu coração azul e amarelo de lado. No ano de 2012, foi o primeiro destaque da escola. Em 2013 pela primeira vez em cima de uma alegoria como composição. Nos Carnavais de 2014 e 2015 desfilou como Destaque Central do Abre-Alas. Mas nada se compara à emoção do sonho realizado em 2016: Reinar à frente da “SuperSom da Tuiuti” com a altivez e elegância que uma Rainha precisa. E a beldade provou além de tudo ser “pé quente” já que naquele ano o Tuiuti sagrou-se Campeã da Série A! No Carnaval de 2018, Carol Marins completou seu quarto desfile reinando à frente dos ritmistas comandados pelo Mestre Ricardinho. Para 2019, ela não tem dúvidas em arriscar: “Vai dar Bode na cabeça...” (Carol Marins).

Fantasia da Rainha de Bateria – Sedução Noturna

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

“Madrinha de Bateria (Denise Dias) – Até então musa do Paraíso do Tuiuti para o carnaval de 2019, Denise Dias recebeu o convite e, prontamente, aceitou ser promovida de musa à debutante ao cargo de madrinha de bateria da escola. Estreante no cargo, a atriz e modelo aguarda ansiosamente sua primeira aparição à frente da Bateria SuperSom na segunda-feira, dia 04 (quatro) de fevereiro, na Marquês de Sapucaí. “Recebi o convite e o coração bateu mais forte do que nunca”, afirmou Denise que irá desfila ao lado da rainha Carol Marins.” Fantasia da Madrinha de Bateria – Estrela da Madrugada

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Harmonia

Diretor Geral de Harmonia André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares Outros Diretores de Harmonia Aline Santos, Sequinho, Manoel, Alessandra Mutuá, Cláudia Girafa, Igor Modesto, Shirley Muriel, Alexandre “Brutus”, Gabriela Silva, Carlinhos, Lilia Patrícia, Arthur Diego, Jurema, Léo Castro, Luci Reis, André Jalles, Michel Casemiro, Vânia, Rafael Marques, Chico Azevedo, Márvio, Guilherme Lúcio, Luiz Augusto, Léo Neto, Régis, Renato Freitas, Isadora Barros, Juciara, PC Pagode, Andréia Laurindo, Magno, Carlos Gomes, Vanderlei Chagas, Thiago Niterói, Fernando Costa, Carla, Jackeline Klüiver, Marcelo Mutuá, Nélson Luiz, Fernando Azevedo, Solange Nunes, Paulo Roberto, Rudnei Santos, Ronny Fernando e Victor Cavalcante Total de Componentes da Direção de Harmonia 50 (cinquenta) Diretores de Harmonia Puxador(es) do Samba-Enredo Intérpretes Oficiais: Celsinho Mody e Grazzi Brasil Auxiliares: Igor Vianna, Hudson Luiz, Douglas Ananias, Diogão Pereira e Léo Reis Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo Cavaco Base e Solo: Tico do Cavaco e Vinícius “Chocolate” Violão 7 Cordas e Direção Musical: Rafael Prates Outras informações julgadas necessárias

Direção de Harmonia Cantar a história do Bode Ioiô, retrato fiel da luta e resistência do povo brasileiro, é uma linda e emocionante viagem ao drama da vida difícil do nordestino até a eleição de um candidato intrinsecamente afeito ao que há de mais popular – o voto. Com a alegria, característica mais do que marcante desse povo tão sonhador, e a leveza do samba-enredo de 2019 do Paraíso do Tuiuti, a Direção de Harmonia pretende realizar de maneira harmônica, integrando a tríade: ritmo, canto e dança, ao desfile de seus componentes na Sapucaí. No intuito de alcançar tal feito, o Departamento de Harmonia da escola foi levemente reformulado para o Carnaval de 2019. Após o aclamado e apoteótico desfile de 2018, a Direção da Escola aposta mais uma vez na fórmula que deu certo. Rodrigo Soares e André Gonçalves, remanescentes da Comissão de Carnaval passada, contam com a juventude do Diretor Júnior Cabeça para 2019.

Rodrigo Soares: Carioca, de 41 anos, e amante do carnaval, é formado em uma das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro, a Unidos da Tijuca, onde iniciou sua trajetória no carnaval de 1992, como componente, permanecendo até o desfile de 2013 exercendo a função de diretor de harmonia. Trazendo em sua bagagem os títulos de 2010 e 2012 pela escola do Borel e a passagem vitoriosa no acesso à elite do carnaval carioca pelo Império da Tijuca (2013), participou também da recente e reconhecida mudança ocorrida na forma de desfilar da tricolor de Caxias, entre os anos de 2014 a 2016. Em 2017 e 2018, passou a integrar a equipe da Direção de Carnaval da LIERJ (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro). Para 2019, acumulará os cargos de Diretor de Carnaval da entidade, responsável pela organização e realização do Carnaval da Série A e do Paraíso do Tuiuti.

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Harmonia

Outras informações julgadas necessárias

André Gonçalves: Experiente no quesito harmonia, André Gonçalves iniciou sua trajetória em 2000 como intérprete da Tradição, tradicional escola do carnaval carioca, permanecendo no carro de som da mesma até 2003. Em 2011, foi convidado pelo então eleito Presidente do Império Serrano para assumir a função de Diretor Financeiro. Em meados de 2014, recebe o convite para ingressar na Direção do Paraíso do Tuiuti e, em 2016, já como Diretor da agremiação, participa da conquista do título de campeão da Série A. Em 2018, passa a integrar a equipe da Comissão de Carnaval, conquistando o vice-campeonato com histórico desfile aclamado pela crítica como a “Campeã do Povo”. Para 2019, André é um dos dois remanescentes da Comissão de Carnaval do Paraíso do Tuiuti, quando tentará repetir a façanha de 2018 ou, quem sabe, alcançar voo mais alto.

Júnior Cabeça: Com experiência no quesito Harmonia, Júnior teve seu início na Unidos do Viradouro, aonde transitou nos cargos de Diretor de Tamborins (por 03 anos), passando posteriormente a compor o carro de som por 02 (dois) anos, e finalmente, alcançando o de Diretor de Carnaval e Harmonia. Entre 2001 a 2010, passou por diversas agremiações sempre trabalhando no quesito Harmonia, como: Imperatriz Leopoldinense (5 anos); União da Ilha do Governador (3 anos) e Unidos de Vila Isabel (2 anos). Desde 2011, exerce jornada dupla como de Diretor de Carnaval e Harmonia, distribuídos entre Unidos do Viradouro e Unidos do Porto da Pedra, aonde por essa última gabaritou notas máximas nos últimos quatro carnavais. Sua trajetória rendeu títulos por algumas escolas tanto na Séria A quanto no Grupo Especial.

Intérpretes: O grande trunfo do Paraíso do Tuiuti para 2019 é seu time de intérpretes oficiais. Presentes no histórico carnaval de 2018, dois nomes remanescentes conduzirão os microfones oficiais, cantando com emoção, força, simpatia e alegria na dosagem certa, o samba-enredo da escola Azul e Amarelo de São Cristóvão.

Celsinho Mody – “Pegada de Africano!” Com seu grito de guerra, que já está na boca do povo de todo o Brasil, promete levar na melodia de sua voz, toda a irreverência e alegria em sua segunda passagem no templo do carnaval carioca, a Marques de Sapucaí!

Nascido e talhado em berço sambistas criado entre rodas de samba e barracões na cidade de São Paulo, é considerado a maior revelação do Carnaval da Pauliceia nos últimos anos. Sua história como cantor iniciou precocemente, e, com apenas 11 anos de idade, já era a voz da escola de samba Prova de Fogo. Em uma ascensão meteórica, despertou a atenção da tradicional Unidos do Peruche cantando ao lado da consagrada cantora Eliana de Lima. É o mais jovem compositor a assinar um samba-enredo na multi-campeã e centenária Mocidade Camisa Verde e Branco, onde se tornou o mais jovem intérprete oficial.

Atualmente, carrega com orgulho o posto de intérprete oficial da atual bicampeã do Grupo Especial Paulistano, o Acadêmicos do Tatuapé. Na azul e branco da zona leste vive um grande momento na sua premiada carreira conquistando em 2017, além do título de Campeão do Carnaval, todos os prêmios disponíveis de melhor intérprete conferido aos profissionais e artistas do Carnaval Paulistano.

Tamanha aclamação rendeu o convite de ser uma das vozes oficiais do Paraíso do Tuiuti no histórico carnaval de 2018. Para 2019 dar bode na avenida, não tem medo de errar e repete como um mantra o jargão: “eu acredito!”.

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Harmonia

Outras informações julgadas necessárias

Grazzi Brasil - “Simbora Tuiuti” “Bate outra vez com esperanças o meu coração, pois já vai terminando o verão, enfim...”. A plateia ainda se reacomodava às poltronas do Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, no início do segundo ato do musical, produzido em homenagem ao maior poeta do nosso samba, Cartola, quando Grazzi Brasil deu início a uma verdadeira catarse ao interpretar a obra imortal do gênio. Este foi um dos vários momentos marcantes da carreira da mulher que tem no seu DNA a música. Neta de violinista, cresceu em meio a discos de ícones da MPB. No início de sua trajetória musical, a então menina paulistana de 10 anos de idade, percebeu que o samba a acompanharia por sua vida. Após muita luta, em 2012, Grazzi grava seu primeiro disco, “Nas cordas de um cavaquinho”. Na sequência atuou como backing vocal do grupo Pixote, cantou no Japão, participou como protagonista, arrancando aplausos e levando às lágrimas o público em tributos a sambistas como Clara Nunes, , , Jovelina Pérola Negra e Candeia. Nos últimos anos, a cantora ganhou reconhecimento nacional ao participar e avançar às fases finais dos programas televisivos “Astros”, do SBT, “Ídolos”, da Rede Record e “The Voice”, Rede Globo, elogiada pelos maiores nomes do cenário musical.

O Carnaval não poderia prescindir de tamanho talento vocal. E, em 2017, Grazzi Brasil é convidada a integrar o time de cantores da tradicional escola de samba paulistana Vai Vai. Bastou para moça receber o cobiçado Prêmio de Revelação do Carnaval com uma interpretação memorável à Mãe Menininha do Gantois. Em 2018, além de intérprete oficial da “escola do povo” Paulistana, atuou brilhantemente na interpretação do consagrado e elogiadíssimo samba do Paraíso do Tuiuti, arrebatando corações e levando o povo da Marquês de Sapucaí às lágrimas ao entoar “Meu Deus, meu Deus...” solo e a capela no desfile das campeãs. Em 2019, Grazzi promete escrever mais uma vez sua passagem marcante na história do Carnaval Carioca e, quem sabe... bem, deixamos para contar o capítulo final dessa história na avenida.

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Evolução

Diretor Geral de Evolução André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares Outros Diretores de Evolução Décio Bastos, Bira Reis, Léo Augusto, Alexandre Maximus, Mazinha, William Klüiver, Alexandre Dias, Luiz Roberto AVC, Carla Meirelles, Ribamar, Thiago Borgue, Rodrigo Avellar, Ricardo Testa, Mauro Júnior, Sandra Maria, Tio Fábio, Handerson Big e Dedeco Total de Componentes da Direção de Evolução 20 (vinte) Diretores de Evolução Principais Passistas Femininos Mari Ribeiro e Débora Bonam Principais Passistas Masculinos Vitor Hugo e Edmar Andrade Outras informações julgadas necessárias

Fazer o componente se divertir na Sapucaí, sem esquecer que o mesmo desempenhe seu papel na consecução de um desfile competitivo, é o principal objetivo da Direção de Harmonia e Evolução do Paraíso do Tuiuti. A apresentação da escola precisa acontecer de forma fluída e solta. A escola foi preparada para que cada componente simplesmente se “solte” no desfile, de forma alegre e descontraída. Isso não significa que as alas performáticas ou coreografadas, existentes no corpo da escola, estejam alheias a esta metodologia, pelo contrário, a liberdade e leveza estarão latentes no desfile, sempre em sintonia com ritmo do samba e o andamento da bateria, já que o tema passeia na crítica, mas também com espontaneidade.

O Paraíso do Tuiuti em 2019, pretende realizar mais um autêntico desfile de “Escola de Samba” incentivando a evolução começando pelos segmentos tradicionais, como sua elegante velha guarda que, praticamente, abre o desfile, o rodopiar marcante de suas mães baianas, a arte do samba no pé em sua essência através do requebrado da ala de passistas, posicionadas na privilegiadíssima posição à frente da bateria, seguido pelos componentes de alas e carros alegóricos.

Ala de Passistas No Paraíso do Tuiuti, escola que guarda de forma clara a tradição do samba na sua maior essência, a ala de passistas requer atenção especial. Com ensaios iniciados em agosto, a exigência principal para que um homem ou mulher se torne membro do seleto grupo de passistas do Tuiuti é deter a arte do samba no pé com garbo e elegância. Para a escola, a pessoa para ser passista precisa “dizer no pé” como as cabrochas de outrora. A ala é comandada por dois experientes diretores: Alex Coutinho e Jorge Amarelloh.

298 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

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Evolução

Outras informações julgadas necessárias

Alex Coutinho – Desfila na escola desde 2002, sendo convidado para ser o responsável da Ala de Passistas no Carnaval de 2008. É o responsável pelo desenvolvimento do elenco feminino da ala. Fundou o projeto “Samba no pé aos passos do paraíso” que consiste em formar futuros passistas a desenvolver o dom de sambar e defender essa nobre arte. O Diretor é atualmente uma referência em matéria de samba, sendo convidado a ministrar WorkShop em diversas cidades do país e do exterior, tais como: São Paulo, Manaus, Buenos Aires, Moscou e Londres.

Jorge Amarelloh – Responsável em recrutar e formar o elenco masculino da ala, Jorge chegou ao Paraíso do Tuiuti em 2010. Desde então, acumulou prêmios. Para o diretor, o passista não pode perder a essência do “malandro sambista”, tão cultivada no imaginário popular.

Fantasia da Ala de Passistas - Em 2019, a ala de passistas está representando Bode Noturno.

299 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

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Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval Renato Marins “Renatinho” Diretor Geral de Carnaval André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares Outros Diretores de Carnaval - Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Tia Sandra Maria Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Maria das Dores Tatiane Dias (oitenta) 81 anos 34 anos Responsável pela Velha-Guarda Jorge Honorato Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Maria das Dores Nascimento Dona Regina (oitenta) 80 anos 54 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) Ciro Alencar (Estilista), Thereza Nardelli (Tatuadora e Criadora da arte “Ninguém Solta a Mão de Ninguém”), Gerson Linhares (Historiador), Mônica Iozzi (Atriz e Apresentadora), Rafael Losso (Ator), Conceição Evaristo (Escritora), Silvero Pereira (Ator e Ativista), (Estilista e Ativista LGBT), Marcelo Dias (Coordenador Nacional do Movimento Negro Unificado Rio de Janeiro, membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RJ), Sônia Guajajara (Líder e Ativista de causas indígenas), Almir França (Estilista e Ativista LGBT), Jurema Werneck (Médica, Ativista em temas relacionados a raça, gênero, orientação sexual e direitos humanos, Diretora da Anistia Internacional), Mauro Nunes D’Oxóssi (Babalorixá do Ilê Axé Ofá, Ba’Wosan de Apapa e Imorè (Lagos Nigéria), Enfermeiro Sanitarista, Funcionário concursado do Ministério da Saúde e, tendo também, trabalhado por mais de 25 anos em várias partes do mundo pela Organização Humanitária Internacional dos Médicos Sem Fronteiras. Mauro é mais um grande aliado na luta pela libertação dos objetivos sagrados), Lívia Andrade (Atriz e Apresentadora), Gleici Damasceno (Campeã do “Big Brother Brasil – 2018”) e Wagner Santiago (Participante do “Big Brother Brasil – 2018”)

300 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

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Informações Complementares

Outras informações julgadas necessárias

Comissão de Carnaval – Atenta às necessidades que os preparativos de um desfile de excelência exigem, o Paraíso do Tuiuti adotou a filosofia de que várias cabeças pensam melhor que uma. Então, para o Carnaval de 2019, a escola optou por reformular os processos de construção do desfile, fortalecendo a disciplina e organização, dividindo “para somar” o trabalho da Direção de Carnaval em seis mãos, mantendo a figura da Comissão de Carnaval. Formada pelos experientes Rodrigo Soares, André Gonçalves e Júnior Cabeça, a Comissão ficou responsável por todo trabalho de produção no barracão, ensaios de segmentos e comunidade. Desde agosto, o desfile do Paraíso do Tuiuti vem sendo pensado, planejado e estruturado em conjunto com o carnavalesco Jack Vasconcelos nas suas diversas esferas, artísticas e técnicas, para que o público reconheça que diante dele está passando uma Escola de Samba, na acepção da palavra com todos os seus elementos tradicionais.

301 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Filipe Moreira e Élida Brum Coreógrafo(a) e Diretor(a) Filipe Moreira e Élida Brum Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 15 05 10 (quinze) (cinco) (dez) Outras informações julgadas necessárias

Título da apresentação da Comissão de Frente: “Vendeu-se o Brasil num Palanque da Praça”.

Defesa da Comissão de Frente: No parlatório das praças deste gigante Brasil, personagens típicos do poder político brasileiro tentam deslegitimar a eleição do Bode Ioiô, o verdadeiro representante do povo. Num jogo de cena em que o palanque, neste caso exemplificado pelo coreto das antigas praças, é o palco de articulações não lá muito éticas, o protagonista do enredo sofre diversos tipos de pressão para não assumir a cadeira que lhe é de direito. Mas os personagens populares lutam ao seu lado.

A rua, o espaço público, ainda é o lugar mais importante das discussões e é onde o jogo de poder fica mais evidenciado. Na disputa pelos nichos eleitorais, salve-se quem puder! No vale-tudo pela ocupação das cadeiras em disputa, o povo muitas vezes fica alijado do processo de decisão. Ao final da peleja, o Bode é eleito, aclamado e sai nos braços do povo. Mas o poder está nas mãos dos mesmos atores que legislam em causa própria e dos seus compadrios. E, a população mais uma vez, fica ao Deus-dará, esperando eternamente a chegada do Salvador da Pátria.

Coreógrafo – Filipe Moreira Primeiro bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Paulistano, nascido em 1981, iniciou seu currículo artístico em 2000 obtendo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro o cargo de primeiro bailarino, tendo assim oportunidade dançar todo o repertório clássico do Theatro. Convidado para representar o Brasil em vários países do mundo, tais como Estados Unidos da América, México, Colômbia, Peru, Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador. Trabalhou também como coreógrafo e coordenador de algumas muitas obras de ballet. Sua iniciação no carnaval carioca foi no corpo de bailarino de algumas comissões de frente das coirmãs Acadêmicos do Salgueiro, Unidos da Tijuca e Mocidade Independente de Padre Miguel. Atuou também nas funções de assistente e coordenador. Com esse invejoso currículo, experiente bailarino recebeu do Paraíso do Tuiuti o convite para, em 2019, ser o responsável do quesito mais aguardado do desfile da escola. Reconhecido pela crítica especializada por sua versatilidade, excelência técnica, física e interpretativa, o Paraíso do Tuiuti confia no talento e expertise do bailarino a missão de novamente arrebatar o público que acompanhará o desfile na Marquês de Sapucaí.

302 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Coreógrafa – Élida Brum Segunda solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Carioca, iniciou seus estudos de dança na Escola de Dança Maria Olenewa, onde se formou no ano de 1999. Em 2000, ingressou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro onde atuou como bailarina solista em grandes ballets de repertório da companhia, como “O Lago dos Cisnes”, “Giselle”, “O Quebra-Nozes”, “A Bela Adormecida”, “La Bayadère”, “Onegin”, “Floresta Amazônica”, “Raymonda”, entre outros. Na TV, foi contratada pela Rede Globo onde trabalhou como dublê de dança da cantora Sandy durante o seriado “Sandy e Júnior”. No carnaval carioca, atuou como bailarina em várias comissões de frente, com atuação destacada e premiada com o título do carnaval carioca, em 2017, com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Em 2019, junto a seu partner e marido da vida real, Élida terá a missão de mais uma vez emocionar o público e garantir as notas máximas no quesito Comissão de Frente do Paraíso do Tuiuti.

303 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Marlon Flores 24 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Danielle Nascimento 42 anos 2º Mestre-Sala Idade Wesley Cherry 23 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Rebeca Tito 17 anos Outras informações julgadas necessárias

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Fantasia do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira – Sob o Sol Escaldante Em tons vivos e solares, desfilam os protetores do pavilhão azul e amarelo, exibindo com todo o garbo a bandeira da agremiação. Com um figurino que representa a inclemência do Sol, o primeiro casal baila desfraldando a bandeira com as cores e os matizes do astro-rei, que lá “de riba” derrama seus raios sobre a terra árida do sertão cearense.

Marlon Flores - Com o samba correndo em suas veias, Marlon traz em seu DNA a nobre arte do bailado do Mestre-Sala. Filho de grande Mestre-Sala Marcelinho, que teve sua carreira sedimentada na São Clemente, o então menino Marlon nunca teve dúvidas de que seus passos no Carnaval seriam semelhantes aos de seu pai. Ainda com 07 (sete) anos ingressou no Projeto Manoel Dionísio. Já no Carnaval de 2002 foi convidado a defender as cores da escola mirim Mangueira do Amanhã, permanecendo até 2007. Sua estreia defendendo as cores de uma escola de samba “adulta” foi curiosamente em 2006 na São Clemente, a mesma que seu pai defendeu no passado. Em 2012 foi convidado a ser o 2° mestre-sala da Unidos do Viradouro na Série A. Seu desempenho foi reconhecido pela diretoria da agremiação o alçando no ano seguinte à condição de 1° mestre-sala, posto ocupado até 2015 trazendo excelentes notas para a escola. Nos Carnavais de 2016 e 2017 honrou o segundo pavilhão da Portela. Sua forma elegante e leve de evoluir, assim como a maneira de cortejar sua porta-bandeira fez com que o Paraíso do Tuiuti o convidasse no Carnaval de 2018, junto com Danielle Nascimento, a ser o responsável para defender o quesito. Com excelente resultado na recém-parceria alcançou notas máximas de todos os julgadores. Para 2019, Marlon promete mais empenho e dedicação para manter as notas auferidas no carnaval passado.

304 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

Danielle Nascimento – Nascida e criada por quem entende de Samba, por quem fez história no Carnaval. Daniele é filha de Vilma Nascimento, o “Cisne da Passarela” e neta de Natal da Portela. Descobriu seu amor pela arte de ser porta-bandeira aos 13 (treze) anos de idade, através da ala mirim da escola de samba Tradição. Em 1993 já começava da desfilar como 1° porta-bandeira, sagrando-se campeã do Grupo de Acesso. Defendeu o pavilhão do “Condor” até 2007. Em 2008 recebeu o convite do Império Serrano, sendo novamente campeã da divisão de acesso do Carnaval. Nos anos seguintes, defende os pavilhões da Portela e do Império Serrano novamente. Entre 2011 e 2013 decide se afastar da Passarela do Samba para se dedicar ao seu maior projeto de vida, a maternidade. Recebe novamente o convite da Portela para retornar sua vitoriosa carreira e com orgulho defende o pavilhão da Azul e Branco de Madureira, permanecendo entre 2014 e 2017. No último Carnaval desempenhou papel fundamental na conquista do título de Campeã para a Águia após longo jejum com seus 40 (quarenta) pontos conferidos pelos jurados. Diante de tamanha história o Paraíso do Tuiuti a contratou para junto com Marlon Flores defenderem o pavilhão da Azul e Amarelo de São Cristóvão no Carnaval de 2018. Resultado: mais uma vez notas máximas e muita comemoração pelo desfile histórico da escola. Com tamanho currículo e responsabilidade, Daniele sabe que repetir o desempenho requer muito suor e lágrimas, porém o destino final são os 40 (quarenta) pontos.

Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Paisagens da Seca A seca castiga e forma no sertão uma paisagem árida e causticante. No caminho, Ioiô e os migrantes foram “do sertão até o mangue” se deparando com imagens de carcaças de bois que se fundem com a vegetação castigada pelo Sol e pela estiagem.

305 Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

“2.º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Fantasia do 2.º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira – Um Cordel para Ioiô As fantasias utilizam o grafismo característico das xilogravuras usadas nos tradicionais livrinhos de Cordel para fazer homenagem às publicações sobre a história do Bode Ioiô, que foram também responsáveis pela propagação das peripécias do nosso personagem.

Wesley Cherry – Iniciou sua carreira no projeto de mestre-sala e porta-bandeira do G.R.E.S. União do Parque Curicica. Apesar de sempre se identificar com o bailado do mestre-sala, Wesley passeou por outros segmentos no Carnaval: foi ritmista, diretor de harmonia e até intérprete, mas nenhum deles o fez tão completo como no papel de cortejar a porta-bandeira defendendo o pavilhão de uma agremiação. Desde então passou por escolas como o próprio Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Engenho da Rainha e Unidos de Bangu. Em 2018 retornou ao Paraíso do Tuiuti defendendo o segundo Pavilhão ao lado de Rebeca Tito, com quem repetirá a dobradinha em 2019.

Rebeca Tito – Já aos 4 (quatro) anos de idade iniciou sua jornada no samba como passista da escola mirim Tijuquinha do Borel. Conheceu o projeto “Madureira toca, canta e dança”, que é vinculado à Portela, se apaixonando ainda aos 5 (cinco) anos pela arte do “Padedê com Bandeira”. Deu então ponta pé inicial no segmento. Com passagem pelas escolas mirins Inocentes da Caprichosos e Filhos da Águia, sua estreia em uma escola “adulta” foi na Unidos de Vila Kennedy, permanecendo por 3 (três) anos. A primeira vez que Rebeca teve a responsabilidade de empunhar o primeiro pavilhão foi na Unidos de Maricá com, apenas, 13 (treze) anos de idade. No Carnaval de 2015 foi convidada a participar do concurso de terceira porta-bandeira do Paraíso do Tuiuti. Sua performance segura a fez conquistar a vaga. Em 2016 foi promovida ao posto de segunda porta-bandeira da escola, cargo ocupado com segurança e elogios até os dias atuais.”

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G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA

PRESIDENTE ARAMIS SANTOS

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“História pra ninar gente grande”

Carnavalesco LEANDRO VIEIRA

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo “História pra ninar gente grande” Carnavalesco Leandro Vieira Autor(es) do Enredo Leandro Vieira Autor(es) da Sinopse do Enredo Leandro Vieira Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Leandro Vieira Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 "Memórias org. Felipe Edições Sesc São 2015 Todas sertanistas: cem Milanez Paulo anos de indigenismo no Brasil

02 Povos Indígenas no Beto Ricardo e Instituto 2006 Todas Brasil 2001-2005 Fany Ricardo Socioambiental

03 História dos índios org. Manuela Companhia das 1992 Todas no Brasil Carneiro da Cunha Letras/ Secretaria Municipal de Cultura/ Fapesp

04 Caminhos e Sérgio Buarque de Companhia das 1994 Todas fronteiras Holanda Letras

05 1808 - Como uma Laurentino Gomes Planeta 2008 Todas rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil

311 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

06 A Elite do Atraso, Jessé Souza Leya 2017 Todas da Escravidão à Lava Jato

07 Os bestializados: o José Murilo de Companha das 1997 Todas Rio de Janeiro e a Carvalho Letras República que não foi

08 Rebelião escrava João José Reis Companhia das 2003 Todas no Brasil – A Letras história do levante dos males em 1835

Outras informações julgadas necessárias

312 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

O enredo do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira é um olhar possível para a história do Brasil. Uma narrativa baseada nas páginas ausentes. Se a história oficial é uma sucessão de versões dos fatos, o enredo que proponho é uma outra versão. Com um povo chegado a novelas, romances, mocinhos, bandidos, reis, descobridores e princesas, a história do Brasil foi transformada em uma espécie de partida de futebol na qual preferimos torcer para quem ganhou. Esquecemos, porém, que na torcida pelo vitorioso, os vencidos fomos nós.

Ao dizer que o Brasil foi descoberto e não dominado e saqueado; ao dar contorno heroico aos feitos que, na realidade, roubaram o protagonismo do povo brasileiro; ao selecionar heróis dignos de serem eternizados em forma de estátuas; ao propagar o mito do povo pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma princesa e não do resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo.

De forma geral, a predominância das versões históricas mais bem-sucedidas está associada à consagração de versões elitizadas, no geral, escrita pelos detentores do prestígio econômico, político, militar e educacional – valendo lembrar que o domínio da escrita durante período considerável foi quase que uma exclusividade das elites – e, por consequência natural, é esta a versão que determina no imaginário nacional a memória coletiva dos fatos.

Não à toa o termo “DESCOBRIMENTO” ainda é recorrente quando, na verdade, a chegada de Cabral às terras brasileiras representou o início de uma “CONQUISTA”. E, ao ser ensinado que foi “descoberto” e não conquistado, o senso coletivo da nação jamais foi capaz de se interessar ou dar o devido valor à cultura indígena, associando-a “a programas de gosto duvidoso” ou comportamentos inadequados vistos como “vergonhosos”.

Comemoramos 500 anos de Brasil sem refazermos as contas que apontam para os mais de 11.000 anos de ocupação amazônica, para os mais de 8.000 anos da cerâmica mais antiga do continente, ou ainda, sem olhar para a civilização marajoara datada do início da era Cristã. Somos brasileiros há cerca de 12.000 anos, mas insistimos em ter pouco mais de 500, crendo que o índio, derrotado em suas guerras, é o sinônimo de um país atrasado, refletindo o descaso com que é tratada a história e as questões indígenas do Brasil. Não fizeram de CUNHAMBEMBE – a liderança tupinambá responsável pela organização da resistência dos Tamoios – um monumento de bronze. Os índios CARIRIS que se organizaram em uma CONFEDERAÇÃO foram chamados de BÁRBAROS. Os nomes dos CABOCLOS que lutaram no DOIS DE JULHO foram esquecidos. Os Índios, no Brasil da narrativa histórica que é transmitida ainda hoje, deixaram como “legado” cinco ou seis lendas, a mandioca, o balanço da rede, o tal do “caju”, do “tatu” e a “peteca”.

313 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Levando em conta apenas pouco mais de 500 anos, a narrativa tradicional escolheu seus heróis, selecionou os feitos bravios, ergueu monumentos, batizou ruas e avenidas, e assim, entre o “quem ganhou e quem perdeu”, ficamos com quem “ganhou.” Índios, negros, mulatos e pobres não viraram estátua. Seus nomes não estão nas provas escolares. Não são opções para marcar “x” nas questões de múltiplas escolhas.

Deram vez a outros. Outros que, por certo, já caíram nas suas provas. Você aprendeu que os “BANDEIRANTES” – assassinos e saqueadores – eram os “bravos desbravadores que expandiram as fronteiras do território nacional”. DOM PEDRO, o primeiro, você decorou que era o “herói” da Independência, sem que as páginas dos livros contassem a camaradagem de um “negócio de família” tão bem traduzido pela frase do PAI do Imperador, que a ele orientou: “ponha a coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça”. Convém esclarecer aqui que os “aventureiros” citados por DOM JOÃO éramos nós, brasileiros, e que a “independência” proclamada – ou programada – foi para evitar que tivéssemos aqui “aventureiros” como Bolívar ou San Martin, patriarcas bem-sucedidos das independências que não queriam por aqui.

Como CABRAL, o “ladrão”, que “roubou” o Brasil lá pelas bandas de mil e quinhentos, ou PEDRO I, que através de um acordo “mudou duas ou três coisas para que tudo ficasse da mesma forma”, tem também o Marechal, o DEODORO DA FONSECA, homem de convicções monarquistas – amigo pessoal do Imperador PEDRO II – autor da proclamação de uma República continuísta – sem participação popular – traduzida em golpe e que, na ausência de líderes, mandou pintar um retrato do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o TIRADENTES, na tentativa de produzir um personagem pra chamar de “seu”.

Se a República foi golpe, conclui-se que golpe no Brasil não é novidade. Nem é novidade que a natureza dos golpes ainda estejam mal contadas. A rodovia CASTELO BRANCO corta São Paulo com nome de batismo em homenagem ao primeiro general do GOLPE DE 1964. Para cruzar a Baía da Guanabara em direção a Niterói, lá está a ponte PRESIDENTE COSTA E SILVA, o mesmo que fechou o Congresso Nacional e aditou o AI-5 suspendendo todas as liberdades democráticas e direitos constitucionais. Em Sergipe, em dias de jogos, a bola rolava no estádio PRESIDENTE MÉDICI, o general dos “ANOS DE CHUMBO”, do uso sistemático da tortura e dos violentos assassinatos. Nas ruas – por terem lido um livro que “ninou” e não ensinou falando da suspensão dos direitos humanos, da corrupção e dos assassinatos cometidos no período – aparecem faixas para pedir intervenção militar, décadas depois da redemocratização.

Sem saber quem somos, vamos a toque de gado esperando alguém pra fazer a história no nosso lugar, quiçá uma “princesa”, como a ISABEL, a redentora, que levou a “glória” de colocar fim ao mais tardio término de escravidão das Américas. Nunca esperaremos ser salvos pelos tipos populares que não foram para os livros. Se “heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referências, fulcros de identificação” a construção de uma narrativa histórica elitista e eurocêntrica jamais

314 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019 concederia a líderes populares negros uma participação definitiva na abolição oficial. Bem mais “exemplar” a princesa conceder a liberdade do que incluir nos livros escolares o nome de uma “realeza” na qual ZUMBI, DANDARA e LUIZA MAHIN assumissem seu real papel na história da liberdade no Brasil.

O fato é que a atuação de gente comum, ou mesmo a incansável luta negra organizada em quilombos, em fugas, no esforço pessoal ou coletivo na compra de alforrias e em revoltas ou conspirações, já enfraqueciam o sistema escravocrata àquela altura. Entretanto, ensinar na escola o nome de “CHICO DA MATILDE”, jangadeiro, mulato pobre do Ceará (líder da greve que colocou fim ao embarque de escravos no estado nordestino, levando-o à abolição da escravatura quatro anos antes da princesa ganhar sua “fama” abolicionista) não serviria à manutenção da premissa de que as conquistas sociais resultam de concessões vindas “do alto” e não das lutas. A história de CHICO DA MATILDE era inspiradora demais para o povo. Não à toa, seu nome não está nos livros.

Esses nomes não serviram para eles. Para nós, eles servem. Para nós, sentinelas dos “ais” do Brasil, heróis de lutas sem glórias ainda deixados “de tanga” ou preso aos “grilhões”, eles são as ideias que usaremos para “gestar” o que virá. “Engravidados” de novas ideias, jorrará leite novo para “amamentar” os guris que virão. Sabendo outra versão de quem é o Brasil, – não a que nos “ninou” para quando fôssemos adultos – sabendo que CABRAL “invadiu” e que, ao invés de quinhentos e dezenove anos, somos brasileiros há quase doze mil anos. Conhecendo CUNHAMBEBE, a CONFEDERAÇÃO DOS CARIRIS, cientes da participação dos CABOCLOS na luta do 02 DE JULHO NA BAHIA, e sabendo que os índios lutaram e resistiram por mais de meio século de dominação, talvez se orgulhem da porção de sangue que faz de TODOS NÓS, sem exceção, índios. Sabendo que a “bondosa” princesa Isabel deu vez a “Chico da Matilde”, “Luiza Mahin” e “Maria Felipa”, é possível que reconheçam em si a bravura que vive à espreita da hora de despertar e aí, talvez, o “gigante desperte sem ser para se distrair com a TV”.

Cientes de que nossa história é de luta, teremos orgulho do Brasil. Alimentados de leite novo e bom, varreremos de nossos “porões” o complexo de “vira-latas” que fomenta nossa crença de inferioridade. Veremos tanta beleza na escultura de ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA quanto no quadro que eterniza o sorriso da Monalisa. Nos orgulharemos do “tupi” que falamos – mesmo sem saber. Daremos mais cartaz ao SACI do que à “bruxa”. Brincaremos mais de BUMBA MEU BOI, CIRANDA E REISADO. Nossas crianças enxergarão tanta coragem no CANGACEIRO quanto no “cowboy”. Vibraremos quando SUASSUNA estrear em “ROLIÚDE” sem tradução para o SOTAQUE de João Grilo e Chicó. Não estranharemos caso o Mickey suba a ESTAÇÃO PRIMEIRA, troque “my love” por “minha nêga” e mande pintar o “parquinho” da Disney com o VERDE E O ROSA DA MANGUEIRA.

Leandro Vieira.

315 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

De forma setorizada, segue a justificativa conceitual que direciona e apresenta de forma completa a abordagem geral distribuída ao longo da organização do desfile.

PRIMEIRO SETOR: “MAIS INVASÃO QUE DESCOBRIMENTO”

A Estação Primeira de Mangueira entra na avenida celebrando os índios, os povos originários do Brasil, que recuperam na verde e rosa seu protagonismo como os primeiros habitantes do país, detentores de uma vasta cultura, fundamental para a construção da identidade nacional. É nesse contexto que a escola advoga de forma contrária a ideia do amplamente divulgado termo “descobrimento”, símbolo de uma versão histórica impregnada de eurocentrismo.

A utilização do termo ‘descobrimento´ está ligada ao etnocentrismo dos portugueses e também dos europeus. Por entenderem o mundo tendo por centro sua própria etnia, seu próprio povo, os portugueses desconsideraram que os indígenas já conheciam o território. Eles foram os primeiros europeus a conhecerem a localidade. O descobrimento refere-se, então, aos povos da Europa, e não aos povos que já habitavam o continente americano.

A história oficial data o “descobrimento” em 22 de abril de 1.500. Mas como “descobrir” um território que já era ocupado há milhares de anos? A Mangueira conta então “a história que a história não conta”. Desvenda os resquícios arqueológicos da ocupação indígena em nosso território muito antes da chegada dos portugueses, com ênfase na cerâmica secular dos índios tapajós e da civilização marajoara. O Abre-alas reforça a presença de ocupação humana anterior ao “descobrimento oficial”, com indícios da existência dessas civilizações muito antes da chegada de Cabral, como evidenciam, por exemplo, as pinturas rupestres da Serra da Capivara, com cerca de 50 mil anos. É a exuberância e relevância histórica e artística de um país que existia muito antes de ser batizado Brasil. São argumentos contrários à narrativa oficial que conta, ou dá mais visibilidade e importância à história do território nacional a partir de 1.500.

SEGUNDO SETOR: “HERÓIS DE LUTAS INGLÓRIAS”

O enredo da Mangueira não apenas busca questionar alguns mitos cristalizados pela história “oficial”, mas também jogar luz em personagens fundamentais que não são devidamente reconhecidos. “Heróis” que não estampam as capas dos livros e, nem mesmo, são mencionados com frequência em suas páginas. Heróis de lutas inglórias, pois não foram vencedores e a história, tradicionalmente, dá voz a quem “vence”. Ao contrário do que se aprende nos anos escolares, os índios não foram pacíficos com sua exploração pelos portugueses e europeus de forma geral. Havia formas de resistência como as fugas, as guerras, a manutenção de sua cultura e, até mesmo, o suicídio. Alguns se organizaram de forma surpreendente, lideranças surgiram e, apesar da quase total dizimação, suas derrotas não anularam a importância de suas lutas. 316 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Longa distância ainda a separa do conhecimento leigo dos episódios das guerras e dos nomes dos heróis indígenas. Este quadro acaba por refletir o descaso com que é tratada a história indígena do Brasil que, fora dos núcleos especializados, tem pouquíssimo espaço. Para a narrativa da abordagem proposta pelo enredo, o setor em questão lança luz em revoltas indígenas ocorridas nos séculos XVI, XVII, XVIII – prova de luta sistemática e resistência ao longo de pelo menos três séculos –e nos nomes de suas principais lideranças.

É nesse contexto, que a abordagem conceitual do setor apresenta personagens como CUNHAMBEBE e SEPÉ TIARAJU, que lideraram movimentos de resistência indígena, como a CONFEDERAÇÃO DOS ÍNDIOS TAMOIOS e a GUERRA GUARANÍTICA, respectivamente. Apresenta também episódios marcantes da história indígena, como a CONFEDERAÇÃO DOS INDÍOS CARIRIS e a GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DA BAHIA, e a presença dos CABOCLOS QUE LUTARAM NO DOIS DE JULHO. A intenção é desmistificar o mito do índio como preguiçoso e pacífico, reforçando seu papel crucial para a formação social e política do Brasil, com participação efetiva em vários movimentos que eclodiram no território brasileiro.

O setor encerra falando sobre o genocídio indígena no país, reforçando a ideia de que o Brasil foi “invadido” e não, “descoberto”, em um processo de extermínio da cultura, das crenças e mesmo a extinção completa de várias etnias. A “visão” final do setor traz o controverso ‘Monumento às bandeiras’, de São Paulo, que exalta a figura dos bandeirantes, apontados como “heróis” quando, na verdade, trata-se de um Monumento aos genocidas, responsáveis pelo assassinato de milhares de índios.

TERCEIRO SETOR: “NEM DO CÉU, NEM DAS MÃOS DE ISABEL”

Da mesma maneira que a história da luta e da resistência indígena é quase nula nas páginas da história brasileira tradicional, as questões ligadas à luta negra pela liberdade foram diminuídas de maneira a dar a Princesa Isabel à notoriedade da abolição. O fim da escravidão no Brasil, de um modo geral, é apresentado como uma ação do Estado brasileiro que culminou com a assinatura da Lei Áurea em 1888, resguardando pouco, ou nenhum espaço, para o registro do papel desempenhado pelas lutas dos negros como principal forma de pressão pelo fim da escravidão.

De um modo geral, não são difundidos os nomes daqueles cujos feitos pressionaram para a eliminação do trabalho escravo; para as rebeliões que amedrontaram o sistema escravagista; para a formação de quilombos; para a compra de alforrias por irmandades negras, para a organização intelectual do movimento abolicionista, entre outras situações.

É a partir dessas “páginas ausentes” que o terceiro setor do desfile da Estação Primeira de Mangueira se debruça e a sequência de alas deixa de lado o contorno estético indígena apresentado até aqui para ganhar ares africanizados. A partir disso, os nomes de JOSÉ PIOLHO, TEREZA DE BENGUELA, ESPERANÇA GARCIA, MANOEL CONGO, MARIANNA CRIOULA, ACOTIRENE, LUÍS GAMA, entre outros, começam a se

317 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019 descortinar ao longo do desfile. A escola não apenas reforça o protagonismo negro, mas também aponta para uma efetiva participação feminina, quase nunca contada pela história. Muitos são os nomes de mulheres que protagonizaram lutas individuais e feitos heroicos defendendo seu povo. A “luz” ficou na Princesa Isabel, mas é valioso reforçar que foram personagens femininos de origem popular, legítimas representantes da raça negra que, efetivamente, construíram a história da libertação dos escravos no país.

Em termos conceituais o setor destaca quatro biografias negras fundamentais através do uso cênico de três construções alegóricas: “O TRONO PALMARINO’ resgata a importância histórica de ZUMBI DOS PALMARES e destaca ainda a figura de sua esposa, DANDARA, reforçando o papel feminino na luta pela liberdade e questionando não apenas o aspecto eurocêntrico, mas também machista da história “oficial”. Por sua vez, a estética alegórica de “A MALÈ DE SOBRENOME MAHIN” lança luz na figura de outra mulher de atuação fundamental, LUISA MAHIN, referenciando também o papel dos malês – negros islamizados - que protagonizaram uma importante rebelião em busca da libertação dos escravos em Salvador.

O setor é encerrado com a visão africanizada de ‘O DRAGÃO DO MAR DE ARACATI´. Leitura estética permissiva que dá contorno simbólico a FRANCISCO JOSÉ DO NASCIMENTO, o jangadeiro cearense que conseguiu a libertação dos escravos no Estado, quatro anos antes do feito “heroico” da Princesa Isabel.

QUARTO SETOR: “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”

O setor traz um conjunto de fantasias de ala de linguagem anedótica, chargista e em tom de caricatura. Apresenta personagens consagrados pela narrativa “oficial”, todavia, contornados por um viés que descontrói a imagem heroica intencionalmente difundida no imaginário coletivo através dos séculos.

Como se sabe, heróis são símbolos de identificação coletiva. Personalidades reconhecidas através de seus feitos, por um território, ocorrendo entre eles, uma identificação. A priori, existem dois tipos distintos de herói: os que nascem de forma espontânea, a partir do reconhecimento popular de seus feitos emblemáticos, e aqueles de menor impacto, desprovidos de tanto heroísmo, dependentes quase como regra de “um empurrãozinho” para a promoção da figura. É nesse último perfil que se encaixa a seleção de personagens históricos apresentados ao longo das alas e na alegoria que encerra o setor.

Assim, em sequência, as alas vão eliminando o contorno heroico dado a personalidades como o “descobridor” PEDRO ÁLVARES CABRAL, o imperador PEDRO I e ao MARECHAL DEODORO DA FONSECA, até chegar à exemplar figura do alferes JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, o lendário TIRADENTES, símbolo máximo de como os mitos podem ser inventados a partir de uma construção seletiva e programada.

318 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Concluindo a abordagem, a alegoria batizada de “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA” reforça o objetivo do enredo de desmistificar o contorno heroico de personagens tradicionais e segue desconstruindo figuras como o missionário PADRE JOSÉ DE ANCHIETA; o patrono do exército, DUQUE DE CAXIAS, o segundo presidente republicano FLORIANO PEIXOTO, o Bandeirante BORBA GATO e a própria figura da PRINCESA ISABEL, apresentando uma outra versão possível da história “oficial”, questionando seus mitos, dialogando com acontecimentos recentes e apontando que a história é um organismo vivo, que está sendo permanentemente atualizado.

QUINTO SETOR: “DOS BRASIS QUE SE FAZ UM PAÍS”

O encerramento do desfile da ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA exalta a identidade popular como um valor patriótico. O conceito artístico e estético do setor aponta que a beleza e a arte que emanam do POVO são as principais riquezas potentes do país. A sequência de alas quer dar ênfase ao material humano brasileiro, e para tal, o setor dispensa o tradicional contorno cênico representado pelo uso de alegorias, para fazer, única e exclusivamente do contingente humano a expressão artística do encerramento do desfile.

As alas possuem tom de celebração e, em sequência, exaltam artistas que vieram das camadas mais pobres, como o negro ALEIJADINHO; a cultura popular, seus mitos e lendas, representantes máximos do sabor indígena e negro como o MATITA PERÊ; o povo NORDESTINO, quase sempre estigmatizado e vítima de preconceito e, por fim, as COMUNIDADES, os MORADORES DE MORROS E FAVELAS, homens e mulheres, heróis anônimos e silenciosos, a verdadeira identidade miscigenada do povo brasileiro. O país que é negado à representatividade. Os descendentes dos heróis que deveriam “estar no retrato”.

O desfecho é VERDE E ROSA, cores simbólicas para exaltar as lutas vitoriosas das multidões de “favelados” - homens e mulheres pobres, moradores de comunidades espalhadas pelo Brasil – que encontram personificação em tipos como CAROLINA DE JESUS – célebre escritora brasileira moradora da favela do Canindé - zona norte de São Paulo - e detentora de uma vida marcada pelo sustento de seus três filhos como catadora de papéis; JAMELÃO – o negro pobre que foi engraxate e vendedor de jornal, voz símbolo do Morro da Mangueira e uma das mais bem sucedidas carreiras artísticas do país; e MARIELLE FRANCO, mulher, negra, nascida no Complexo da Maré - conjunto de favelas localizadas na Zona Norte carioca – e que, graças a seu empenho pessoal, venceu a miséria, chegou à universidade e elegeu-se a combativa vereadora que defendia as causas das mulheres, dos negros e dos moradores da periferia, função que exerceu até ser assassinada em 2018. É o Brasil assumindo a identidade do morro. É a Mangueira refletindo o Brasil.

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ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR: “MAIS INVASÃO QUE DESCOBRIMENTO”

Comissão de Frente “EU QUERO UM PAÍS QUE NÃO TÁ NO RETRATO”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Matheus Olivério e Squel Jorgea “DONOS DA TERRA”

Tripés “EXUBERÂNCIA INDÍGENA”

Ala 01 – Nação Mangueirense A CERÂMICA TESTEMUNHA DE UM BRASIL MILENAR

Ala 02 – Coração Verde e Rosa A CERÂMICA MARAJOARA

Grupo de Musas “ESPLENDOR INDÍGENA”

Alegoria 01 – Abre-Alas “MAIS INVASÃO DO QUE DESCOBRIMENTO”

2º SETOR: “HERÓIS DE LUTAS INGLÓRIAS”

Ala 03 – Ala dos Compositores O VERDE DAS MATAS

Ala 04 – Ala Aliados e Ala Carcará CUNHAMBEBE

Ala 05 – Explode Mangueira CONFEDERAÇÃO DOS ÍNDIOS CARIRIS 320 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Ala 06 – Ala Seresteiros e Ala Estrela Iluminada SEPÉ TIAJARU

Ala 07 – Sempre Mangueira SALVE OS CABOCLOS DE JULHO

Ala 08 – Apaixonados pela Mangueira O GENOCÍDIO INDÍGENA NO BRASIL

Alegoria 02 “O SANGUE RETINTO POR TRÁS DO HERÓI EMOLDURADO”

3º SETOR – “NEM DO CÉU, NEM DAS MÃOS DE ISABEL”

Ala 09 – Velha-Guarda ORGULHO NEGRO

Ala 10 – Comunidade NEGRO QUILOMBOLA

Alegoria 03 “O TRONO PALMARINO”

Ala 11 – Passistas TEREZA DE BENGUELA E JOSÉ PIOLHO

Rainha da Bateria Evelyn Bastos “A FORÇA NEGRA DE ESPERANÇA GARCIA”

Ala 12 – Bateria SAPIÊNCIA NEGRA

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2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Renan Oliveira e Débora de Almeida “MANOEL CONGO E MARIANNA CRIOULA”

Grupo de Musas “TANTOS NOMES PARA UMA SÓ LUTA”

Ala 13 – Baianas IRMANDADES NEGRAS

Ala 14 – Ala Pantera / Ala Realidade e Ala Vendaval O LEVANTE MALÊ

Elemento Alegórico “A MALÊ DE SOBRENOME MAHIN”

Ala 14 – Ala Pantera / Ala Realidade e Ala Vendaval O LEVANTE MALÊ

Ala 15 – Escola 1 “TRIBUTO AO ABOLICIONISTA NEGRO LUÍS GAMA”

Alegoria 04 “O DRAGÃO DO MAR DE ARACATI”

4º SETOR: “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”

Ala 16 – Ala Mimosa / Ala Au Au Au VERSÃO ANEDÓTICA PARA PEDRO ÁLVARES CABRAL

Ala 17 – Ala Acauã e Ala Amigos do Embalo VERSÃO HERÓICA PARA PEDRO I

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Ala 18 – Avante Mangueira VERSÃO JOCOSA PARA PEDRO I

Ala 19 – Sambar com a Mangueira O MARECHAL REPUBLICANO QUE NÃO TIROU A MONARQUIA DA CABEÇA

Ala 20 – Escola 02 O RETRATO DE TIRADENTES

Alegoria 05 “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”

5º SETOR: “DOS BRASIS QUE SE FAZ UM PAÍS”

Ala 21 – Ala Moana e Ala Gatinhas e Gatões A ARTE DO NEGRO ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA (ALEIJADINHO)

Ala 22 – Eternamente Mangueira “SALVE MATITA PERÊ!”

Ala 23 – Raiz Mangueirense “VIVA O POVO NORDESTINO”

Destaques de Chão Rosemary e Mônica Benício

Ala 24 – Somos Mangueira “SÃO VERDE E ROSA AS MULTIDÕES”

Bandeira de Encerramento

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Tripés Ladeados, os dois elementos cenográficos apontam “EXUBERÂNCIA uma abertura da escola mergulhada em universo de INDÍGENA” inspiração estética e conceitual indígena. O conjunto escultórico ergue em tom alegórico a imagem de dois índios brasileiros tingidos de dourado a fim de dar- lhes contorno heroico e majestoso. De um lado, a figura feminina. Do outro, a masculina. Ambos, anúncio de que a Estação Primeira abordará o assunto de maneira a exaltar a contribuição dos povos originários junto à parte inicial do enredo que começa a se revelar.

As ilustrações aqui apresentadas são apenas referências para facilitar o acompanhamento de nosso desfile.

01 “MAIS INVASÃO DO QUE Ainda mergulhada na ambientação de caráter indígena, DESCOBRIMENTO” a estética geral do Carro Abre-Alas proposta pela Estação Primeira remete ao Brasil anterior ao dito “descobrimento”. Selvagens. Primitivos. Crianças grandes. Os europeus que chegaram às Américas partiram do princípio de que os índios eram seres sem cultura ou história, e essa presunção acabou por legitimar a ideia de que o Brasil teria hoje “apenas” a marca dos Quinhentos e Dezenove anos tão bem difundida e enraizada no imaginário nacional. Com o intuito de lançar luz em aspectos que demostram a ocupação social do território hoje chamado de Brasil, a alegoria é construída a partir da escolha de elementos estéticos dotados de simbolismo. No alto, a imagem de um rosto indígena ganha destaque em meio à cenografia geral.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 “MAIS INVASÃO DO QUE Complementando o conjunto escultórico, uma onça e DESCOBRIMENTO” seu filhote dão contorno bucólico à apreciação do (Continuação) conjunto alegórico que remete a um ambiente tropical. O visual geral é verde e parte da cenografia sugere a formação de grutas rochosas onde se observam a reprodução de pinturas rupestres. Essas pinturas mencionam os vestígios de arte - com cerca de 50 mil anos – encontrados na Serra da Capivara - no Sudeste do estado do Piauí - e servem de argumento para a oposição da ideia de que a pertinência do conhecimento da história brasileira só deve se dar a partir de 1.500.

COMPOSICÕES GERAIS: ÍNDIOS DO BRASIL - Todo conjunto alegórico é ocupado por desfilantes vestidos de índio. A base estética do figurino tem como referência a exuberância plumária que caracteriza a cultura que nos inspira, bem como a predominância de uma combinação cromática que As ilustrações aqui apresentadas resulta em um colorido de gosto tropical. são apenas referências para facilitar o acompanhamento de nosso desfile. BALUARTES: Localizados na parte lateral da alegoria – no interior das “grutas” que compõem a cenografia geral – os baluartes da Estação Primeira vestem figurino tradicional com predominância de verde. Simbolicamente, representam a Estação Primeira que se embrenha na selva brasileira para revelar um passado indígena dotado de orgulho.

DESTAQUE CENTRAL ALTO: “EXUBERÂNCIA INDÍGENA” - Ednelson Pereira veste rico figurino de inspiração indígena para celebrar a história, a cultura e a vida em sociedade dos povos originais.

DESTAQUE CENTRAL BAIXO: “TRIBUTO ÀS SOCIEDADES INDÍGENAS” – Fábio Lima veste figurino de livre inspiração indígena para celebrar as diversas tribos que se espalhavam do interior ao litoral antes da chegada de Pedro Álvares Cabral.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 “O SANGUE RETINTO POR Batizado de “HERÓIS DE LUTAS INGLÓRIAS” – TRÁS DO HERÓI ou seja, a luta que não resulta em êxito – o segundo EMOLDURADO” setor do desfile da Mangueira revela os nomes - e as lutas – de lideranças e tribos indígenas envolvidas em um amplo e complexo processo de resistência, todavia, levados ao ostracismo, vítimas de uma construção histórica excludente. Para encerrar a abordagem do contexto indígena no enredo proposto, a alegoria “O SANGUE RETINTO POR TRÁS DO HERÓI EMOLDURADO” lança luz em um controverso monumento, símbolo eficaz para a exemplificação do fato das versões históricas oficiais - e seus respectivos “heróis” - serem construídas a partir da eleição de “pontos de vista” no qual os vencedores são enaltecidos em detrimento dos vencidos, independente dos meios utilizados para a justificativa de seus fins. Ao centro da alegoria, o conjunto escultórico menciona um dos mais famosos monumentos As ilustrações aqui apresentadas históricos construídos no Brasil: o Monumento às são apenas referências para facilitar Bandeiras. As bandeiras - ou “entradas” - foram o acompanhamento de nosso desfile. expedições empreendidas à época do Brasil Colonial, com fins tão diversos quanto a exploração territorial, a busca de riquezas, e a captura de indígenas ou de africanos escravizados. Os Bandeirantes, ou seja, os homens à frente dessas expedições, foram responsáveis por massacres, estupros, escravização e incêndios em um número sem fim de aldeias indígenas brasileiras. Compreender como esses homens alcançaram “contorno heroico” e tornaram-se merecedores de um monumento no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é entender um pouco de como a narrativa histórica - e a construção de seus mitos - é fundamental para a representatividade de ideais no imaginário popular. Data dos anos 30, quando a oligarquia paulista precisava de argumentos para unir sua população em torno de um sentimento comum, sendo os bandeirantes então escolhidos como símbolos de uma causa maior.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 “O SANGUE RETINTO POR A máxima do herói bandeirante passou a ser usada como TRÁS DO HERÓI ideário paulista, ensinada nos livros, retratada com EMOLDURADO” romantismo em quadros encomendados que passaram a (Continuação) apresentá-los como os “desbravadores” dos sertões brasileiros durante os séculos XVII e XVIII. Assim, a história dos mais de 300.000 índios capturados e escravizados pelas bandeiras, bem como sua vida de miséria e doença, caíram no ostracismo. O que a construção estética da alegoria sugere é exatamente isso. Na parte “superior”, a menção escultórica ao monumento tingido de dourado, símbolo de poder. Na parte “inferior”, índios e bichos tingidos de vermelho revelam um visual que sugere “caos”, morte, terror e “extermínio”. É o sangue por trás, ou abaixo, do “herói emoldurado”. O tal “país que não está no retrato”. Destaque para as inscrições grafitadas no monumento. Simbolicamente, é o “presente” denunciando o “passado omitido dos heróis emoldurados”.

DESTAQUE CENTRAL BAIXO: “O BANDEIRANTE As ilustrações aqui apresentadas ANHANGUERA” – O bandeirante Anhanguera ganha são apenas referências para facilitar contorno permissivo e carnavalesco através da figura do o acompanhamento de nosso desfile. destaque “Santinho”. “Diabo velho” em tupi guarani, Anhanguera – “Anhanga”, diabo + “ûera”, velho - é o apelido compartilhado por dois bandeirantes - pai e filho - ambos chamados Bartolomeu Bueno da Silva. Diante da alcunha dada pelos índios, imagina-se que pai e filho não foram humanos dóceis no trato com os indígenas encontrados nos caminhos que percorreram ao longo dos séculos XVII e XVIII. Ateando fogo em aldeias e ao custo do aprisionamento humano, as expedições por eles lideradas deixaram sangrentas marcas na memória dos povos indígenas do Brasil. Curiosamente, para a história oficial, o nome “Bartolomeu Bueno da Silva” entrou para a galeria de homens ilustres, símbolo de progresso e valentia, sendo pai e filho merecedores de uma vasta gama de homenagens públicas.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 “O SANGUE RETINTO POR De forma alheia aos assassinatos por eles cometidos, em TRÁS DO HERÓI homenagem a seus nomes, está erguida uma estátua do EMOLDURADO” artista italiano Luigi Brizzolara em frente ao Museu de Arte (Continuação) de São Paulo (MASP). Pai e filho também dão nome a uma retransmissora afiliada da rede Globo em Goiás e Tocantins, além de batizarem ruas, praças e avenidas, entre elas, uma das mais importantes rodovias do Estado de São Paulo, a “Rodovia Anhanguera”.

COMPOSIÇÕES GERAIS: O GENOCÍDIO INDÍGENA – O figurino dos homens e das mulheres que compõem a alegoria remete à estética indígena, sendo o uso da cor vermelha e a presença de uma caveira como adereço de mão, menções diretas ao “sangue derramado” e à morte dos índios, vítimas das bárbaras ações dos bandeirantes.

03 “O TRONO PALMARINO” Emoldurando o visual geral da ala que revela o contingente negro associado à resistência quilombola, o conceito geral da alegoria apresenta-se como um altar que se eleva em direção ao trono do território quilombola de maior expressividade no Brasil: O QUILOMBO DOS PALMARES. Para tal, a estética geral é de clara influência africana. O conjunto escultórico, associado aos artigos rústicos que decoram a cenografia proposta, reforça o sabor africanizado da construção alegórica que serve de espaço para que os ilustres mangueirenses Tia Suluca, e Alcione encarnem as figuras de AQUALTUNE, ZUMBI e DANDARA respectivamente. A grandeza do momento dispensa o gigantismo alegórico. As ilustrações aqui apresentadas A ideia geral é a grandiosa representatividade simbólica. são apenas referências para facilitar Recentemente, ZUMBI DOS PALMARES tem passado por o acompanhamento de nosso desfile. um revisionismo nada histórico que busca desqualificar os feitos do mais representativo herói adotado como referência pela comunidade negra. Ser representado por um negro octogenário, símbolo de sabedoria e realeza, é levar adiante sua memória preservando sua dignidade junto ao imaginário popular.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “O TRONO PALMARINO” DANDARA DOS PALMARES, personificada pela cantora (Continuação) Alcione – que ostenta visual que reforça o empoderamento negro – é, por si só, uma versão alegórica de imensa grandeza. Basicamente deixado de lado pela marca do machismo que se perpetua na sociedade brasileira, o nome de Dandara não é reconhecido, ou sequer estudado nas escolas, fazendo com que sua existência ganhe contorno quase mítico, ou ainda, fictício. Lamentavelmente, nem mesmo os movimentos negro e feminista mencionam Dandara com a frequência e com as bases históricas que deveriam. Sabe-se que foi esposa de Zumbi dos Palmares, o último dos líderes do famoso Quilombo. Não se tem informação se Dandara nasceu no Brasil ou no continente africano, mas sabe-se que, ainda menina, chegou à Serra da Barriga. Lá, além de participar dos embates físicos, ajudava na elaboração de estratégias para a As ilustrações aqui apresentadas resistência coletiva. De sua história de luta, sabe-se ainda que são apenas referências para facilitar cometeu o suicídio em 6 de fevereiro de 1694, quando foi o acompanhamento de nosso desfile. presa. Jogou-se de uma pedreira direto para um abismo. Preferiu a morte a voltar a ser escrava. Já AQUALTUNE EZGONDIDU MAHAMUD DA SILVA SANTOS é uma personagem que ainda merece ser descoberta para que sua biografia seja popularizada. Ela é a avó de Zumbi e sua liderança no Quilombo no mais famoso quilombo das Américas é anterior a dele. Princesa africana, filha de um importante Rei do Congo, viveu no século XVII e, em 1665, liderou uma força de dez mil homens para combater a invasão de seu reino numa sangrenta batalha entre o Reino de Congo e Portugal. Derrotada, foi trazida para o Brasil em um navio negreiro onde foi vendida como escrava reprodutora no porto de Recife. Ao ficar grávida, foi vendida para o engenho de Porto Calvo, no Sul de Pernambuco, onde tomou conhecimento de Palmares. Nos últimos meses de gestação, organizou uma fuga junto com outros escravos para o quilombo, onde teve sua ascendência reconhecida, tornando-se o governo de um dos territórios quilombolas. Começou, então, ao lado de Ganga Zumba, seu filho, a organização de um Estado Negro, que abrangia povoados distintos, confederados sob a direção suprema de um chefe. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e Ganga Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo. Aqualtune, com seus conhecimentos políticos, organizacionais e de estratégia de guerra, foi fundamental para a consolidação do Estado Negro, a República de Palmares.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “O TRONO PALMARINO” DESTAQUE/ PERSONALIDADE: “AQUALTUNE (Continuação) EZGONDIDU MAHAMUD DA SILVA SANTOS” – Encarnada pela lendária baiana da mangueira - irmã do mestre-sala Delegado - a avó de Zumbi é personificada pelo corpo majestoso de Tia Suluca. Ocupando o trono que compõe a parte frontal da alegoria, sua figura lança luz no nome da mulher que, apesar da importância histórica para a luta negra, segue no ostracismo. Como dito, era filha do Rei do Congo, Dom Antônio Manimulaza I, mais conhecido como Mani-Kongo e foi trazida para o Brasil como escrava. Aqui, participou ativamente na luta que deu contorno permanente ao Quilombo que mais tarde seria comandado por seu neto de maior notoriedade. Sobre sua morte, as versões são As ilustrações aqui apresentadas são apenas referências para facilitar controversas: Uns dizem que morreu idosa durante uma o acompanhamento de nosso desfile. invasão das expedições paulistas a sua aldeia, queimada pelos representantes do Estado Brasileiro como parte do projeto de destruição de Palmares. Outros dizem que fugiu e morreu de velhice. Independente do ocorrido, certo mesmo é que a luta iniciada por Aqualtune em Palmares permaneceu até novembro de 1695, quando a Bandeira Paulista liderada por Domingos Jorge Velho pôs fim no mais famoso território quilombola nacional.

DESTAQUE/ PERSONALIDADE: “ZUMBI E DANDARA DOS PALMARES” - Encarnados respectivamente por NELSON SARGENTO E ALCIONE, ZUMBI E DANDARA são apresentados ao público de forma poética e emblemática: Ele, por um negro octogenário símbolo de sabedoria e realeza. Ela, por uma mulher negra bem-sucedida, uma das maiores vozes do Brasil, símbolo do poder e da realeza da mulher negra no Brasil. Ambos estão localizados na parte traseira e superior da alegoria, ocupando seus lugares nos tronos que dão contorno épico às lideranças de Palmares.

COMPOSIÇÕES GERAIS: Os demais desfilastes que compõem a alegoria vestem figurinos múltiplos que remetem à diversidade de tradições negras e aos ritos originais do continente africano.

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* Elemento Alegórico Junto da ala que lança luz na revolta dos negros malês, a “A MALÊ DE SOBRENOME cenografia geral do elemento alegórico apresenta-se MAHIN” como um trono para o desfile daquela que seria coroada a “RAINHA DA BAHIA” caso o mencionado levante tivesse alcançado seu objetivo. De contorno africanizado, ostentando peças decorativas de associação imediata ao universo negro, a pequena escadaria dá acesso ao trono de LUIZA MAHIN.

Sobre o levante dos malês convém destacar que se tratou de uma rebelião de caráter racial, pelo fim da escravidão e a imposição do catolicismo como religião, ocorrida em Salvador, no mês de Janeiro do ano de 1835. Reprimido com violência, o levante foi “sufocado” pelas tropas da Guarda Nacional, pela polícia, e por civis que, portando armas de fogo, se apavoraram ante o possível sucesso da rebelião negra. Apesar de massacrada, a Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e rebelião que envolvia a manutenção do regime escravocrata, ameaça constante durante o Período Regencial e estendida ao governo de As ilustrações aqui apresentadas D. Pedro II. são apenas referências para facilitar o acompanhamento de nosso desfile. DESTAQUE/PERSONALIDADE: ”LUIZA MAHIN” – A cantora mangueirense Leci Brandão encarna a personalidade combativa de uma das lideranças femininas intimamente envolvidas com o levante malê, LUIZA MAHIN. A história pessoal de Leci por si só já justifica a escolha: mulher, negra, ativista da causa LGBT e forte liderança junto aos movimentos de resistência popular, a primeira mulher a ingressar na ala de compositores da verde e rosa é símbolo da resistência combativa em prol da causa negra. Ao encarnar LUIZA MAHIN, Leci dá representatividade histórica à personalidade negra que esteve envolvida na articulação das principais revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX, entre elas a Revolta dos Malês, em 1835, e da Sabinada, de 1837 a 1838.

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04 “O DRAGÃO DO MAR DE Encerrando o setor que rompe o silêncio existente ARACATI” sobre a efetiva participação do negro na história do Brasil, dando nome e visibilidade aos feitos ainda carentes de ampla divulgação, a alegoria apresenta contorno épico e permissivo para apresentar uma simbólica e importante personalidade negra. Todos sabem que a abolição da escravidão no Brasil se deu oficialmente em 1888 com a assinatura da Lei Áurea através de um feito “heroico” de ISABEL DE ORLEANS E BRAGANÇA, a Princesa Isabel. Todavia, o que poucos sabem, é que, cinco anos antes, a província do Ceará aboliu a escravatura e libertou todos os seus escravos, sobretudo pelo processo As ilustrações aqui apresentadas desencadeado a partir da postura de um negro, pobre, são apenas referências para facilitar trabalhador do mar, batizado FRANCISCO JOSÉ DO o acompanhamento de nosso desfile. NASCIMENTO.

Conhecido como “Chico da Matilde”, natural de Aracati, foi um jangadeiro pobre, tendo trabalhado desde infância a bordo de embarcações a fim de contribuir para o sustento da mãe, a Matilde que dá sobrenome ao seu apelido. Foi nas atribuições realizadas no mar, a bordo das rudimentares jangadas que faziam o translado de negros para os navios que realizavam o chamado tráfico interprovincial, que Francisco José tomou conhecimento da realidade do tráfico de escravos. A partir de 1874, na maturidade, tornou-se prático da Capitania dos Portos do Ceará e, em 30 de Agosto de 1881, fechou o porto de Fortaleza a fim de impedir o embarque de escravos para outras províncias. Conduzindo sua jangada em direção às embarcações que entravam no Porto do Mucuripe, Chico comunicava o rompimento do tráfego negreiro no estado, bem como fazia de sua residência local de acolhimento para escravos foragidos. Foi sua maneira combativa e voraz diante de seu posicionamento nas águas cearenses, fez com que Chico da Matilde ganhasse a alcunha popular de “o Dragão do Mar.”

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04 “O DRAGÃO DO MAR DE Suas atitudes contribuíram para o crescimento da ARACATI” campanha abolicionista e proliferou o surgimento de (Continuação) núcleos abolicionistas em vilas e cidades cearenses. O número de alforrias tornou-se crescente e em 24 de maio de 1883, Chico estava na sessão da assembleia que libertou os escravos de Fortaleza. Em 25 de março do ano seguinte, portanto, quatro anos antes da Princesa Isabel, todos os escravos da província do Ceará conquistaram, enfim, sua liberdade, sendo a província pioneira na abolição da escravatura.

Em termos estéticos a alegoria apresenta-se como uma lúdica, permissiva e carnavalesca releitura épica do visual sugerido pela alcunha “O DRAGÃO DO As ilustrações aqui apresentadas MAR”. O visual geral exalta a estética negra e a são apenas referências para facilitar embarcação central que marca a construção o acompanhamento de nosso desfile. cenográfica é cercada por um dragão de estética

africanizada, ostentando cinco cabeças e visual dotado de contorno simbólico.

DESTAQUE CENTRAL: O “DRAGÃO” NEGRO – Eduardo Leal veste figurino de inspiração afro para celebrar a simbólica alcunha de “dragão” dada ao negro Francisco José do Nascimento.

COMPOSIÇÕES GERAIS: “ORGULHO NEGRO” – Discriminados, perseguidos e “coisificados” durante o Brasil colonial e imperial, o negro e sua luta pela conquista de sua liberdade foram diminuídos quando transpostos para os livros de história oficial. Presentes no imaginário nacional como carentes ou maltrapilhos, a estética proposta para as composições gerais da alegoria apresenta uma versão africanizada que vai na contramão disso. Trata-se de uma versão épica para a estética negra caracterizada pelo luxo e pela exuberância que traduzem o valor real do combate e da luta de um povo na busca de sua liberdade.

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05 “A HISTÓRIA QUE A A alegoria que encerra o setor que desmistifica o heroísmo de HISTÓRIA NÃO CONTA” figuras tradicionais apresentadas nos livros de história revela- se como uma escrivaninha de livros. Alguns, abertos em páginas de conteúdo específico, revelam a história biográfica de heróis contraditórios, construídos em narrativas passadas – caso do Padre Jesuíta José de Anchieta, do segundo presidente Republicano Floriano Peixoto, do patrono do exército Duque de Caxias, da Princesa Isabel - ou ainda, em narrativas mais recentes, que contestam práticas realizadas e buscam “reescrever” histórias a partir de pontos de vista militarizados – como a negação da existência de algo batizado como ditadura no Brasil (de 1964 a 1985). Aos olhos, o trabalho cenográfico recria uma variação de livros, ora enfileirados, ora abertos, a fim de debruçar-se na apresentação de uma versão possível de uma história do Brasil tão urgente e necessária, história essa que vem sendo permanentemente atualizada e reescrita, contada e recontada. Sobre os personagens e as passagens históricas que ganham As ilustrações aqui apresentadas contorno carnavalesco na referida alegoria, convém destacar são apenas referências para facilitar os aspectos contraditórios das personalidades “heroicas” o acompanhamento de nosso desfile. apresentadas de maneira lúdica através da construção estética apresentada em desfile.

SOBRE O PADRE JOSÉ DE ANCHIETA - O padre José de Anchieta ficou conhecido por seu papel na catequização indígena. A catequese na língua tupi, com uso de teatro e músicas lhe valeu reconhecimento: Padre Anchieta foi beatificado, canonizado e é considerado co-padroeiro do Brasil. A história, entretanto, também nos revela outro José de Anchieta. A ação de “levar a fé” aos indígenas desconsiderava o fato de que eles já tinham suas religiões e a catequização passava pela demonização e combate dos costumes tradicionais indígenas. Se José de Anchieta não era adepto da violência para a conversão dos indígenas, por outro lado, concordava com a pregação contra a vontade deles, e mesmo com a declaração de guerra a quem se negasse a ouvir a palavra do deus cristão. No poema Dos Feitos de Mem de Sá, ele saúda a vitória sangrenta dos portugueses contra os índios Tupinambás na Confederação dos Tamoios (1554- 1567), compara os indígenas a animais e selvagens e condena os Tupinambás e seus costumes. Nele, deixa nítido o tipo de indígena aceito: “manso”, passivo e cristão, sob costumes europeus. Catequizar os índios era diferente de dar voz e reconhecimento a eles.

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05 “A HISTÓRIA QUE A SOBRE O “MARECHAL DE FERRO” FLORIANO HISTÓRIA NÃO CONTA” PEIXOTO - Foi vice-presidente do governo de Deodoro (Continuação) da Fonseca, no início da República. Assumiu o poder após a renúncia de Deodoro, desprezando que a constituição previa a convocação de eleições caso o presidente renunciasse antes da metade do mandato. Ao mesmo tempo em que tomou uma ou outra medida de cunho popular – como o tabelamento dos preços da carne e dos aluguéis – decretou Estado de Sítio, em 1892. Em seu governo, houve a prisão, o desterro, a deportação e o fuzilamento de oposicionistas, que se rebelaram no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A violência contra a oposição foi denunciada por Lima Barreto no romance Triste Fim de Policarpo Quaresma. Floriano não gostava de festa. Tentou transferir de forma autoritária o carnaval de 1892 para o mês de junho, alegando que ajuntamentos populares no verão eram

As ilustrações aqui apresentadas propícios à propagação de epidemias. Nada de folia! A são apenas referências para facilitar população não se fez de rogada: brincou em fevereiro e o acompanhamento de nosso desfile. em junho, ignorando a proibição da festa no verão e fazendo dois carnavais.

SOBRE O PATRONO DO EXÉRCITO, O “PACIFICADOR” DUQUE DE CAXIAS” – Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, foi um general conservador com muito poder no século XIX. Patrono do exército brasileiro, ganhou o título de "O Pacificador", por liderar tropas em diversas revoltas e guerras na América Latina. Mas, para os brasileiros pobres do Império, devia se chamar "Passa e Fica a Dor". Para Caxias e os poderosos do Império, pacificar era calar pobres, negros e índios, garantindo a tranquilidade da casa-grande. Foi assim com balaios e quilombolas mortos no Maranhão (1838-1841), com os lanceiros negros massacrados na Farroupilha gaúcha (1835-1845) e com negros e indígenas mortos na Guerra do Paraguai (1864-1870). Sua estratégia era simples: para as elites, negociação; para os trabalhadores, bala de canhão. Não era paz que ele levava. Paz sem voz, é medo.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “A HISTÓRIA QUE A SOBRE A REDENTORA PRINCESA ISABEL - Governou o HISTÓRIA NÃO CONTA” Brasil no fim da monarquia, durante um breve período do (Continuação) século XIX, enquanto seu pai, o Imperador Pedro II viajara para a Europa. Recebeu o país em meio a um turbilhão de reinvindicações de todos os setores da sociedade adeptos ao Movimento Abolicionista para dar fim à escravidão, que já perdurara mais de 300 anos. Revoltas lideradas por negros e negras, como Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, aconteciam em todas as partes do país, quilombos eram formados para proteger, resistir e manter a cultura dos negros e negras que fugiam do trabalho forçado, províncias como Ceará já haviam decretado a abolição aumentando as expectativas para o restante do país aderir também. Em meio às pressões de todos os lados, Isabel assinou a Lei Áurea no dia 13 de maio de 1888 pondo fim à escravidão no Brasil, não por pena e redenção dos escravizados, e sim pela força e pelas lutas da população negra.

OBS: Os textos acima foram redigidos por professores em As ilustrações aqui apresentadas exercício a convite do carnavalesco da Estação Primeira de são apenas referências para facilitar Mangueira e são parte do material impresso nos “livros” da o acompanhamento de nosso desfile. alegoria. Seguindo a sequência acima, os autores(as) dos textos respectivamente são: Danielle Jardim da Silva (professora da Escola Municipal ); Luiz Antonio Simas – (Historiador, professor e escritor); Tarcísio Motta (Professor do Colégio Pedro II) e Thais Souza Bastos (Historiadora e Professora de Educação Infantil no EDI M.O. Sergio Dutra dos Santos).

DESTAQUE/PERSONALIDADE: HILDEGARD ANGEL – Na parte frontal da alegoria, os livros abertos falam sobre o golpe civil-militar que derrubou o governo constitucional de João Goulart em 1964. Justificado pelos golpistas como necessário para evitar o comunismo em tempos de Guerra Fria e combater a corrupção, o golpe instaurou gradualmente um regime ditatorial no Brasil, através de 17 Atos Institucionais e mais de 100 atos complementares. O regime acabou com as eleições diretas para a presidência da República e governos estaduais, suspendeu direitos políticos e garantias civis, dissolveu partidos políticos, impôs o bipartidarismo, decretou recesso do Congresso mais de uma vez, extinguiu o habeas- corpus para delitos políticos, impôs a censura prévia a jornais, livros, filmes, músicas e peças de teatro.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “A HISTÓRIA QUE A Segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade, de HISTÓRIA NÃO CONTA” 2014, o período deixou um saldo de 434 mortes e (Continuação) desaparecimentos, especialmente após o estabelecimento do AI-5, em 1968. Assassinatos como o do estudante Stuart Angel Jones e o do jornalista Wladimir Herzog jamais foram punidos, em virtude da Lei de Anistia de 1979, que não apenas permitiu a libertação de presos políticos e a volta de exilados, como também perdoou os crimes cometidos por agentes da repressão durante a longa noite do autoritarismo no Brasil.

Nesse contexto de falta de punição, a ditadura militar brasileira acaba sendo uma das páginas mais mal compreendidas da história recente do Brasil, ao ponto de ainda hoje, parte da população brasileira - e alguns representantes do governo - exaltarem o período e os nomes de homens associados a práticas de tortura.

As ilustrações aqui apresentadas são apenas referências para facilitar Nesse contexto, em meio a um livro aberto, está a figura o acompanhamento de nosso desfile. de Hildegard de Angel. Ela é a memória do irmão Stuart Angel - preso, morto e dado como desaparecido durante o regime militar - e da mãe, , morta em um acidente suspeito após lutar contra os desmandos truculentos dos militares que governavam o país - para que jamais sejam esquecidas as práticas criminosas e autoritárias, bem como os assassinatos e as práticas desumanas ocorridas durante o período.

DESTAQUE/PERSONALIDADE – SERGINHO DO PANDEIRO - Na parte frontal da alegoria, o sambista Serginho do Pandeiro exibe seu virtuosismo sobre os livros. É a Mangueira “em pessoa" que se debruça sobre a História do Brasil.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Leandro Vieira Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “A HISTÓRIA QUE A DESTAQUE CENTRAL MÉDIO: ISABEL, A HISTÓRIA NÃO CONTA” “HEROÍNA” – Ludmila Aquino encarna simbólica versão (Continuação) da figura da Princesa Isabel. “O branco” de sua veste majestosa, quase angelical, contrasta com o “sangue” que tinge suas mãos e mancha seu vestido alvo. Trata-se de uma desmistificação lúdica, permissiva e carnavalesca, da figura da princesa apontada como a heroína que pôs fim ao trabalho escravo no Brasil. O visual geral sugere a falta de empatia e a indiferença da princesa que representa o Estado que levou a escravidão brasileira a ser a mais tardia prática de servidão abolida nas Américas. Não por bondade, assinou a Lei Áurea em meio às pressões dos ingleses e atendendo aos interesses das elites latifundiárias cafeeiras, que viam o trabalho assalariado mais lucrativo que a força de trabalho escravizada.

DESTAQUE CENTRAL ALTO: O “HERÓI” BORBA GATO – Vestindo preto, Nabil Habib encarna sombria

As ilustrações aqui apresentadas versão do sertanista Borba Gato. Apresentado como herói são apenas referências para facilitar nos quadros encomendados pela elite paulistana, “o nobre o acompanhamento de nosso desfile. herói nacional”, “o desbravador” responsável por levar “a civilização” aos rincões do Brasil e delimitar suas

fronteiras, foi na realidade um explorador do interior do país à caça de indígenas para escravização, que massacrou aldeias, estuprou mulheres e atuou na destruição de quilombos.

DESTAQUES LATERAIS FRONTAIS: “BARONESAS” – As destaques laterais que compõem a parte frontal da alegoria apresentam figurinos que remetem ao gosto estético das elites brasileiras consagradas com o título de barão, ou baronesa. Trata-se de uma menção ao fato recorrente do poder econômico ser determinante para a cristalização heroica dos personagens que merecem ter seu “retrato” resguardado para a posterioridade ou serem transformados em estátua, ou ainda terem a memória perpetuada, independente dos “meios”, mas justificados pelos “fins”.

COMPOSIÇÕES GERAIS: “A VELHA HISTÓRIA” – As composições gerais apresentam-se como releituras carnavalizadas dos trajes das elites detentoras do poder econômico, político e social.

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Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Ednelson Pereira Empresário

Fábio Lima Cabelereiro

Santinho Empresário

Eduardo Leal Empresário

Ludmila Aquino Jornalista

Nabil Habbib Empresário

Local do Barracão Rua Rivadavia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 13 – Cidade do Samba – Gamboa Diretor Responsável pelo Barracão Robson Saturnino Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe Devalcy Fabrício Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe José Teixeira e Flávio Polycarpo Leandro Assis Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Tom Santos Outros Profissionais e Respectivas Funções

Leandro - Movimentos Especiais

Renato - Laminação

Batista - Hidráulico

Júlio Cerqueira e Equipe - Responsáveis por adereço

Wellington e Equipe - Responsáveis por adereço

Renato José e Equipe - Responsáveis por adereço

Leandro “Parintins” e Equipe - Responsáveis por adereço

Cléia e Equipe - Responsáveis por adereço

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Leandro Vieira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

01 A Cerâmica O Descobrimento” do Brasil entra para Nação Robson, Testemunha de as páginas da “história oficial” datado Mangueira Márcio um Brasil em 22 de abril de 1500, quando a (2013) e Milenar esquadra comandada por Pedro Álvares Henry Cabral chega às terras do atual Sul da Bahia. Entretanto, um questionamento simples lança luz na questão que serve para o direcionamento conceitual e estético das primeiras alas do desfile que se inicia: como pode o Brasil ter sido “descoberto” se antes da chegada dos portugueses - e durante milhares de anos - o território brasileiro já era ocupado? O fato é que a utilização do termo “descobrimento” está ligado ao etnocentrismo dos europeus e, por

entenderem o mundo tendo por centro seu próprio povo, os portugueses desconsideraram que os indígenas já existiam no território invadido. Em função dessa visão, pouco, ou quase nada sabe-se a respeito das sociedades indígenas existentes antes da chegada de Cabral, uma vez que, a partir da lógica de que o Brasil teria hoje quinhentos e dezenove anos, a vida social e artística anterior a isso seria então um conteúdo desprezível. Debruçada em contar “a história que a história não conta” e interessada em apresentar “o avesso do mesmo lugar” como sugere o samba que cantamos, as duas primeiras alas do desfile lançam luz na arqueologia brasileira para evidenciar uma das mais antigas indicações de ocupação indígena em nosso território: A CERÂMICA TAPAJÔNICA.

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Leandro Vieira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

01 A Cerâmica O grupo indígena Tapajó localizava- Nação Robson, Testemunha de se na foz e ao longo do afluente da Mangueira Márcio um Brasil margem direita do Amazonas, o Rio (2013) e Milenar Tapajós. Foi nessa região - mais Henry (Continuação) especificamente na região de Santarém - que surgiu, HÁ OITO MIL ANOS, uma das mais antigas cerâmicas do continente americano, indicadora de uma sociedade organizada. Marco civilizatório de beleza e importância reconhecida pelas artes e pela arqueologia mundial, a cerâmica foi o que restou para testemunhar a história de ocupação de um dos mais antigos grupamentos indígenas no território nacional. Para apresentar o tema, o figurino que dá contorno visual à ala faz uso da estética das estatuetas de barro policromado produzidas pelos índios tapajós em associação à tradição plumária que caracteriza as tribos da região a fim de inaugurar a abordagem estética e revelar uma das mais antigas e belas expressões da arte brasileira anterior a 1.500.

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02 A Cerâmica Vizinha do povo Tapajó, a civilização Coração Verde Selma Marajoara marajoara adquiriu um conhecimento e Rosa e profundo do ambiente inóspito (2013) Rogério traduzido pela selva densa e tropical. Foi uma sociedade de organização complexa e dotada de habilidades artísticas sofisticadas que habitou a atual região norte do Pará entre os anos 400 e 1400. Trata-se de uma importante página da cultura brasileira encerrada cerca de cem anos antes da chegada dos “descobridores” que começaram a contar nossa história a partir de 1.500. Dos marajoaras restou pouco, mas o avanço da ciência contornou pistas exíguas e fez dos utensílios de barro por eles produzidos o testemunho de uma sociedade milenar, considerada uma das primeiras organizações sociais do país. Para abordar a existência milenar da mencionada sociedade indígena, a fantasia da ala faz uso da arte plumária em associação à universalmente consagrada estética das urnas marajoaras com a representação de figuras antropomorfas. Destaque para o uso do vermelho e do preto na coloração da “cerâmica”, menção a policromia marajoara que obtinha na natureza os pigmentos para o tingimento de seus artigos: o preto, obtinham do jenipapo, do carvão ou da fuligem. O tom vermelho, do urucum.

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* Esplendor À frente do Abre-Alas, o figurino Grupo de Direção de Indígena das musas reforça a ambientação Musas Carnaval indígena que caracteriza a abertura (2013) do desfile da Estação Primeira de Mangueira. Elas são a exuberância da cultura indígena traduzida através da beleza promovida pela exibição do corpo semidesnudo, do esplendor da arte plumária e do colorido tropical.

03 O Verde das A tradicional ala veste seu mais Ala dos Rody Matas característico figurino – o terno – Compositores ostentando estampa indígena e (1939) contorno estético com predominância da cor verde. Simbolicamente, é a Estação Primeira de Mangueira que se embrenha no verde das matas brasileiras em busca do passado ancestral, dos nomes e das ações de resistência dos povos indígenas que a história oficial não popularizou de forma ostensiva ao preconizar a difusão da versão “do vencedor” em detrimento da versão “do vencido”.

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04 Cunhambebe Apesar da quase total dizimação, as Ala Aliados Nilza derrotas indígenas frente à invasão (1958) portuguesa não deveriam anular a e e importância histórica do processo Ala Carcará Selma de resistência organizado pelo índio (1992) brasileiro. Apenas recentemente, através de teses ainda pouco divulgadas, a questão da resistência indígena tem tido a abordagem merecida, mas longa distância ainda a separa do conhecimento leigo. Este quadro reflete o descaso com que é tratada a história indígena do Brasil, não sendo tal desprezo condizente com o papel central que os povos autóctones exerceram na história brasileira. Buscando salvaguardar a memória e ampliar a popularidade das lutas e dos nomes indígenas ainda pouco difundidos no imaginário coletivo brasileiro, a ala CUNHAMBEBE apresenta a figura do chefe indígena que organizou e comandou a Confederação dos índios Tamoios ainda no século XVI. Temido pelos inimigos ao mesmo tempo em que era glorificado por todas as Tribos Tupinambás, Cunhambebe foi o organizador e primeiro grande comandante da resistência dos Tamoios que passaram a combater os escravistas coloniais portugueses que vinham ao território recém conquistado.

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04 Cunhambebe Para construir a figura da Ala Aliados Nilza (Continuação) personalidade mencionada, o (1958) figurino da ala faz uso de aspectos e e plásticos bem difundidos no Ala Carcará Selma imaginário coletivo no que tange à (1992) estética indígena consagrada: o uso de cocares e a arte plumária construída a partir do uso de penas de pássaros tropicais. Para o adereço de mão, destinou-se a compreensão de um curioso dado biográfico ligado à figura de Cunhambebe: Praticante do canibalismo, ao ser questionado com espanto por um dos europeus que mantinha como prisioneiro sobre a prática de comer carne humana, o índio brasileiro teria respondido não ser humano, e sim, um felino selvagem.

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05 Confederação A ala apresenta contorno estético Explode Aurea dos Índios indígena de predominância verde para Mangueira e Cariris apresentar a reunião dos índios (2013) Deise CARIRIS em torno de um ideal comum. Ocupantes de extensas áreas no Nordeste, foram responsáveis por uma intermitente disputa contra a dominação dos colonizadores portugueses e a presença e ocupação dos europeus em suas terras. Inteligentemente agrupados - para estarem em maior número - organizaram uma confederação que reuniu os índios das tribos Crateús, Cariús, Cariris e Inhamuns para lutarem juntos contra a ação de portugueses que escravizavam e vendiam índios como mercadoria. Longe da ideia do “bom selvagem” pacífico, o conflito deflagrado pelos indígenas durou mais de meio século e a repressão ao quilombo dos Palmares teria sido adiada para que seus combatentes pudessem auxiliar no ataque aos ditos “bárbaros” que destruíam milhares e milhares de cabeças de gado e aterrorizavam centenas de colonos. A revolta começou com ataques generalizados contra vilas e fazendas e foi massacrada pela convocação de um efetivo de caráter militar deslocado de todo o Nordeste brasileiro, responsável pelo completo extermínio de algumas tribos e pelo completo desmantelamento das demais envolvidas.

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06 Sepé Tiaraju Em tons de branco, preto e Ala Seresteiros Daise Volta vermelho o figurino indígena dá (1973) contorno estético à figura de SEPÉ e e TIARAJU. Ainda pouco difundido Ala Estrela Isabel Reis no imaginário nacional, SEPÉ foi Iluminada um índio guerreiro guarani que se (2005) tornou líder das milícias indígenas na batalha contra as tropas luso- espanholas na chamada Guerra Guaranítica. O conflito ocorreu por conta do Tratado de Madrid, que exigia a retirada da população guarani da região que ocupavam há cerca de um século e meio. Num ato de bravura heroica, Sepé Tiaraju chamou para si a responsabilidade da defesa do povo guarani diante da cobiça das cortes europeias nas terras indígenas. Em carta a ele atribuída, comunicava à Coroa Espanhola: “Esta terra tem dono e não é nem português nem espanhol, mas Guarani.” Assassinado em combate, de lança em punho, guerreando na batalha de Caiboaté - na entrada da cidade de São Gabriel – Sepé tentou em vão evitar a chacina dos índios guaranis durante a invasão às aldeias pelos dois maiores exércitos europeus unidos no objetivo de massacrar os indígenas revoltosos.

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07 Salve os Caboclos Mistificado como indolente pela Sempre Barbara de Julho narrativa oficial, ou seja, preguiçoso Mangueira e e desprovido de força física para o (2013) David trabalho, a figura do índio no Brasil ainda hoje sofre com a carência do entendimento de sua participação efetiva e seu papel fundamental para a formação social e política do Brasil. Muito dessa visão se deve à carência e a não divulgação efetiva de passagens históricas onde a participação indígena resultaria em representatividade coletiva. No contexto revelado pelo enredo da Estação Primeira, convém então exaltar a participação indígena numa importante batalha popular ainda hoje colocada à sombra da “Independência” proclamada por Pedro I. Na Bahia, a luta pela emancipação veio antes da brasileira, e só se concretizou quase um ano depois do tão bem difundido “sete de Setembro” de 1822. Ao contrário da pacífica proclamação às margens do Riacho do Ipiranga, só ao custo de vidas e acirradas batalhas, o território brasileiro emancipou-se de Portugal.

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07 Salve os Foi nessa luta, especificamente em Sempre Barbara Caboclos de dois de Julho de 1823, que a Mangueira e Julho! participação indígena foi (2013) David (Continuação) fundamental. Identificado simbolicamente como o "verdadeiro brasileiro" ou o “dono da terra” - que somou esforços aos combatentes formando batalhões de índios usando armas tribais - na Bahia, a celebração do DOIS DE JULHO, é uma das poucas atividades de caráter patriótico realizadas no Brasil onde a figura do CABOCLO INDÍGENA recebe homenagens ostensivas. Ainda assim, a participação do índio brasileiro é pouco, ou nada, disseminada no imaginário coletivo brasileiro no que diz respeito ao entendimento do processo de Independência. Para revelar essa página da história indígena no território brasileiro, a ala, em tons de rosa, recria o modelo dos cocares tradicionalmente usados pelos caboclos baianos. Como adereço de mão, um simbólico “arco e flecha”, símbolo de arma rudimentar, bem difundida no imaginário coletivo como artigo utilizado em batalhas e lutas indígenas.

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08 O Genocídio Por tudo que foi apresentado como Apaixonados Laura, Indígena no Brasil justificativa nas alas anteriores, o pela Tininha que foi ensinado como Mangueira e “descobrimento” de fato foi (2013) Nany “invasão.” Como exemplificado, a esta invasão seguiu-se a implantação da barbárie e do genocídio. Encontrar outro povo, outro idioma, outra maneira de gerir costumes, não significou um obstáculo. Portando armas, impuseram um Deus, dizimaram, destruíram. Séculos depois, a narrativa de formação da identidade nacional a partir do “encontro” de culturas acabou dando contorno romanceado ao que foi de fato um dos maiores massacres da história brasileira, potencializando a construção de uma sociedade carente do entendimento dos valores indígenas. Com a efetivação da colonização, os portugueses abriram caminho para o interior e nesse movimento de “entrada” não pouparam pólvora. Ao longo dos séculos, e ainda hoje, o extermínio indígena é uma página obscura da história brasileira. Para abordar a questão, o figurino da ala apresenta uma lúdica visão permeada pelo macabro simbolismo da morte.

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09 Orgulho Negro O grupo de senhores e senhoras que Velha-Guarda Dona Gilda formam a Velha-Guarda da Estação (1953) Primeira de Mangueira inaugura o setor que lança luz nos nomes de personalidades heroicas associadas à luta negra pela liberdade. Não à toa, o tradicional figurino utilizado pela velha-guarda ostenta estampa de inspiração afro onde a combinação do verde com o rosa salta aos olhos. É o anuncio que, a partir desse momento do desfile, a Estação Primeira está imersa de forma orgulhosa em sua porção mais negra.

10 Negro Inaugurada junto ao advento da Comunidade Paulo, Quilombola escravidão, a resistência negra à Patrícia, condição submissa foi, desde o Ciro princípio, uma diretriz básica da e premissa humana de homens e Alessandra mulheres trazidos para o Brasil na condição escrava. Desde o início do século XVI, já havia registros de fugas de cativos que juntavam forças para se esconder. Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais multiplicaram-se os quilombos na região, assim como ocorreria em Goiás, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nesse contexto, a formação dos chamados QUILOMBOS tornou-se uma prática comum entre os séculos XVI e XIX, sendo o território abrigo para o resgate da cosmovisão africana e dos laços de família perdidos com a escravização.

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10 Negro Para apresentar a ideia de um Comunidade Paulo, Quilombola território quilombola, o grande Patrícia, (Continuação) contingente que forma a ala Ciro apresenta figurino misto e estética e de contorno africanizado a fim de Alessandra prestar tributo à negritude e à luta daqueles que resistiram ao longo de séculos de exploração escrava.

11 Tereza de A ala de passistas da Estação Passistas Queila Mara Benguela e José Primeira de Mangueira apresenta (1928) Piolho figurino de estética africanizada para celebrar a figura de duas lideranças negras menos difundidas no imaginário coletivo no que diz respeito à organização de quilombos, entretanto, não menos importantes no que diz respeito ao entendimento de que a formação de núcleos de resistência negra espalharam-se por diferentes regiões do país. Para tal, os passistas masculinos ganham ares majestosos com a intenção de celebrar e dar contorno mítico à figura de JOSÉ PIOLHO.

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11 Tereza de “Rei”, fundador e liderança do Passistas Queila Mara Benguela e José quilombo do Piolho – também (1928) Piolho conhecido como QUILOMBO DO (Continuação) QUARITERÊ, localizado entre o rio Guaporé, atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia, e onde hoje está a cidade de Cuiabá – José liderou a vida comunitária de negros e índios fugidos da exploração branca no Vale do Guaporé durante o século XVIII. Com seu assassinato por soldados do estado, sua esposa, TEREZA DE BENGUELA – representada pelas passistas femininas da Mangueira – assume a liderança dos quilombolas reunidos. Sobre ela a história não sabe se nasceu no continente Africano ou no Brasil, muito menos a data em que ela veio ao mundo. Sabe-se, contudo que, proclamada rainha, sua liderança marcou definitivamente a resistência do maior quilombo do Mato Grosso, resistindo às ações de bandeirantes de 1730 a 1795, quando o espaço foi atacado e destruído.

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* A Força Negra Evelyn Bastos veste figurino de Rainha de Valéria de Esperança inspiração afro para personificar o Bateria Garcia espírito guerreiro, viril e juvenil de um nome ainda pouco difundido no Evelyn Bastos imaginário das heroínas brasileiras: ESPERANÇA GARCIA. Mulher negra, escravizada, que, aos dezenove anos, denunciou por escrito as violências que sofria e testemunhava em uma fazenda localizada no Piauí, a 300 km de onde hoje está localizada em Teresina. Sabe-se pouco sobre Esperança Garcia e nada sobre os desfechos causados pela sua carta escrita em 06 de Setembro de 1770. Apesar de sua importância histórica, sua biografia ainda é um desafio para historiadores contemporâneos. Há evidências que teria nascido em Algodões – no Piauí - quando pertencia aos jesuítas, e aprendera a escrever ainda criança, sob a tutela destes, que foram expulsos do Piauí em 1760, quando a escravizada tinha apenas nove anos de idade. A falta de informações consistentes sobre Esperança é consequência principalmente de sua condição de mulher, negra e escravizada. O destaque de sua biografia está na corajosa atitude de escrever uma carta ao governador do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus tratos sofridos por ela, seus filhos e companheiras.

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* A Força Negra de Na carta, Esperança relata seus Rainha de Valéria Esperança Garcia espancamentos – “um colchão de Bateria (Continuação) pancadas” segundo palavras da mesma – e em um filho – “uma Evelyn Bastos criança que lhe fez extrair sangue pela boca”. Como curiosidade, 247 anos depois de ter escrito ao governador, a remetente da carta recebeu do Conselho Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB-PI - o título simbólico de primeira mulher advogada do Piauí, a pedido da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB que entendeu que o texto de Esperança Garcia podia ser sim, sinônimo de petição.

12 Sapiência Negra O silêncio existente sobre a efetiva Bateria Mestre Wesley participação do negro na história do (1959) Brasil, seus atos de bravura, e o merecido destaque aos nomes de suas lideranças, retrata um dos aspectos mais perversos do racismo na sociedade brasileira. No ensino oficial é negado o protagonismo negro, e erroneamente, aprendemos que as grandes lideranças, ou até mesmo os grandes feitos realizados em benefício da “causa” negra, foram protagonizados quase que exclusivamente por brancos pertencentes às classes mais abastadas da sociedade.

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12 Sapiência Negra Como os negros sempre estiveram em Bateria Mestre Wesley (Continuação) situação política, social e econômica (1959) desigual em relação aos brancos, poucas histórias a seu respeito foram registradas com um enfoque capaz de legitimar e difundir sua luta. Pra piorar, a condição escrava reforçou o estereótipo do negro incapaz de gerir seu destino e submisso aos desmandos de seus senhores. O fato é que o negro no Brasil resistiu e o que o conjunto de fantasias do setor onde os ritmistas da Estação Primeira de Mangueira estão inseridos revela são os NEGROS DOTADOS DE SABEDORIA. Os negros organizadores de rebeliões e fugas. Os negros que organizaram e administraram quilombos. Os negros que se agruparam em irmandades, que, a partir da promulgação da Lei do Ventre Livre (1871), passaram a abrir pecúlio na Caixa Econômica com o objetivo de usar os recursos na compra de suas alforrias e foram, através do uso de sua sabedoria individual, o motivo pelo qual quando a abolição aconteceu, inúmeros escravos já experimentavam a condição de liberto. Vestidos à moda dos sacerdotes africanos, os ritmistas da Estação Primeira honram a memória dos negros que foram os gurus da sabedoria de seu povo. Os sons de seus tambores são o elo de união com o passado e o combustível que incendeia o orgulho de um morro majoritariamente ocupado por negros.

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* “Tantos Nomes O grupo coletivo formado por mulheres da Grupo de Tania Bisteka para Uma só comunidade veste figurino de contorno Musas Luta” estético africanizado para celebrar a luta de (2013) mulheres negras que ainda não tiveram seus nomes popularizados no imaginário que cristaliza heróis e heroínas do povo brasileiro. As musas vestem a personificação do espírito guerreiro que ocupou os corpos de mulheres negras, nos diferentes períodos que marcam os séculos de trabalho escravo no Brasil. Elas podem ser o espírito de ACOTIRENE - uma das primeiras mulheres a habitar os povoados quilombolas da Serra da Barriga, a matriarca do Quilombo dos Palmares, onde exercia a função de mãe e conselheira. – Podem ser ainda, AQUALTUNE – a filha do Rei do Congo, a princesa que foi vendida como escrava para o Brasil onde iniciou ao lado de Ganga Zumba a organização de um Estado negro, que abrangia povoados distintos confederados sob a direção suprema de um chefe. Uma delas pode ser o espírito de ZEFERINA, angolana sequestrada do continente africano e trazida para o Brasil onde organizou a resistência negra na região de Salvador (Bahia), sendo a fundadora do Quilombo do Urubu. ADELINA CHARUTEIRA, escrava nascida no Maranhão e ativa participante da campanha abolicionista da capital maranhense. Uma pode ser o espírito do nome ainda desconhecido de MARIA ARANHA, a líder do Quilombo de Mola, no Tocantins onde venceu os ataques escravistas. São MARIAS, FELIPAS, JOANAS, TEREZAS, e tantos outros nomes de mulheres negras que protagonizaram lutas individuais e feitos heroicos em defesa dos ideais de liberdade de seu povo.

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13 Irmandades Ainda no contexto da organização de Baianas Nelci Negras meios para viabilizar práticas de (1958) resistência, o surgimento das irmandades negras no Brasil escravocrata setecentista aparece como um grande acontecimento que proporciona ao africano e seus descendentes um espaço de significativa autonomia. Para além de questões ligadas a sincretismos e fatores religiosos – o mais bem difundido papel das irmandades no imaginário nacional - em muitos casos, os negros que pertenciam a irmandades conseguiam produzir quantias financeiras que resultavam na compra da alforria junto a seus senhores. Há relatos de mulheres negras que, além de acumularem quantias suficientes para comprarem suas alforrias pessoais, foram capazes também de alforriar os filhos e o próprio marido. Nos séculos XVIII e XIX, muitos dos negros libertos eram membros de mais de uma irmandade, e o trabalho pessoal desses membros foi responsável pela compra de milhares de alforrias Brasil à fora. O dinheiro para tais negociações vinha basicamente das contribuições e das taxas de seus associados, das heranças deixadas pelos irmãos, e pelo trabalho de ganho, sobretudo das mulheres negras. É com foco no trabalho feminino das mulheres negras que as baianas da Estação Primeira ganham contorno tradicional e majestoso. Apresentam-se como uma rica negra de ganho, vestida com a indumentária tradicional das negras de tabuleiro bem-sucedidas, que ostentam as famosas “joias de crioula” e personificam o poder da negritude bem- sucedida.

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14 O Levante Malê “Malê” é o termo usado no Brasil, Ala Pantera Guanaira, do século XIX, para designar os (1978) negros muçulmanos- Hauçás, Tapas, Bornus - que sabiam ler e escrever Ala Realidade Perci em língua árabe. Muitas vezes mais (1986) instruídos que seus senhores, e, e e apesar da condição de escravos, constantemente, negavam-se à Ala Vendaval Clarisse submissão. Não à toa, organizaram (1982) uma revolta no centro de Salvador, iniciada pelo ataque dos malês ao Exército, que pretendiam libertar os escravos dos engenhos e tomar o poder. Como o figurino da ala menciona, durante a revolta os escravos devotos à religião islâmica, ocuparam as ruas com roupas predominantemente brancas e amuletos, os quais acreditavam que estavam protegidos contra os ataques dos adversários. Um dos fatores determinantes para o fracasso da revolta foram as armas usadas pelos escravos, tal qual lanças e porretes, dentre outros objetos cortantes, enquanto a polícia estava munida de armas de fogo. Vale destacar que os Malês, povo guerreiro, ousado e instruído, tinha como principais objetivos libertar os escravos de origem islâmica, exterminar a religião católica e implantar um governo negro.

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14 O Levante Malê Junto da ala, o elemento alegórico Ala Pantera Guanaira, (Continuação) “A MALÊ DE SOBRENOME (1978) MAHIN” traz a Mangueirense Leci Brandão personificando a líder malê Ala Realidade Perci LUÍSA MAHIN. Mulher negra, (1986) pertencente à nação nagô, da tribo e e Mahin – origem de seu sobrenome. Mulher negra, africana - originária Ala Vendaval Clarisse do Golfo do Benin, noroeste (1982) africano – Luísa Mahin nasceu livre e veio para a Bahia como escrava. Como negra africana, livre, pagã, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Tornou-se livre e sobreviveu trabalhando com quituteira pelas ruas de Salvador. Apontada como uma das mais célebres lideranças das revoltas negras que abalaram a Bahia nas primeiras décadas do século XIX, Luísa esteve intimamente ligada à articulação da revolta dos malês. Não à toa, caso o levante tivesse obtido êxito, Luísa teria sido reconhecida como “Rainha da Bahia”. Dentro da permissividade poética possibilitada pelo carnaval, Luísa Mahin desfila em seu trono de estética africanizada junto à ala que apresenta os negros revoltosos envolvidos com o levante.

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15 “Tributo ao Ainda hoje, as questões ligadas à luta Escola 1 Ingrid Abolicionista negra pela liberdade foram diminuídas de (2018) Negro Luís maneira a dar a Princesa Isabel a notoriedade da abolição. O fim da Gama” escravidão no Brasil de um modo geral é apresentado como uma ação do Estado brasileiro culminada com a assinatura da Lei Áurea pela princesa em 1888. Pouco se fala sobre o papel desempenhado pelas lutas dos negros como principal forma de pressão pelo fim da escravidão e, menos ainda, é mencionada de forma ampla a participação ativa de negros intelectuais em meio ao movimento abolicionista pré 1888. O fato é que isso ocorreu e é por isso que o figurino da ala exalta a estética negra e presta homenagem ao negro Luís Gama ao estampar sua imagem no estandarte que serve como adereço de mão. Advogado e jornalista Luís Gonzaga Pinto da Gama era filho de um fidalgo português e da africana Luísa Mahin, mencionada anteriormente. Nascido em 1830, Luís Gama foi vendido como escravo, de forma ilegal, pelo seu pai, aos 10 anos. Intelectual autodidata, sua vida foi quase que integralmente dedicada à luta pela emancipação do povo negro. De imediato, sua biografia já mereceria reconhecimento público, todavia, o que a historiografia e a história da literatura burguesa fizeram foi desprezar a figura do revolucionário abolicionista. Símbolo do movimento pela abolição em São Paulo, o advogado autodidata se esforçava para tratar dos casos de escravizações legais e de abolições individuais e coletivas do estado.

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15 “Tributo ao A respeito da profissão que abraçou, Escola I Ingrid abolicionista Gama confessou aos leitores (2018) Negro Luís paulistanos, em vinte de novembro de Gama” 1869, que advogava “de graça, por (Continuação) dedicação sincera à causa dos desgraçados”. Segundo consta, Gama teria sido o responsável direto pela liberdade de aproximadamente quinhentos escravos.

16 Versão Anedótica A ala inicia o setor cujo a estética geral Ala Mimosas Chininha para Pedro das fantasias inaugura o tom chargista, (1963) e Álvares Cabral e em alguns momentos anedóticos, de e Guezinha personagens consagrados nos livros Ala Au Au Au oficiais de história do Brasil. Trata-se (1986) da desmitificação através do riso da

visão eurocêntrica e elitista que constrói a figura heroica de personagens controversos. É nesse contexto brincalhão que o figurino da ala revela a jocosa versão para a figura de Pedro Álvares Cabral. Apresentado pela visão eurocêntrica como um herói que se lançou nos mares na busca da descoberta de novas terras - ensinado nas escolas como o “descobridor” do Brasil - o personagem ganha contorno caricaturado em versão dotada de picardia carnavalesca que o associa ao "ladrão" tão bem difundido no imaginário popular através do uniforme de presidiário.

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17 Versão Heroica D. Pedro I foi o primeiro herói nacional Ala Acauã Nilcemar para Pedro I brasileiro, ou melhor, foi o primeiro de (2001) e nossos heróis a ter uma imagem heroica construída. Sua figura imponente em trajes e Regina militares, montado em um cavalo alazão e Ala Amigos do cercado por um grande número de guardas, Embalo eternizada no quadro "O brado do (1971) Ipiranga", de Pedro Américo, ainda permanece no imaginário quando pensamos no sete de setembro. A obra, encomendada por Dom Pedro II, apresenta uma série de mitos em relação à cena, sobretudo, na omissão dos fatos que envolvem o acordo de pai para filho, manifestado no conselho do monarca Dom João para o filho que se auto proclamaria Imperador do Brasil: “Se o Brasil for se separar de Portugal, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”. As críticas à narrativa vão desde as mais específicas, como aquelas que sugerem que o próprio Dom Pedro estaria com forte diarreia em 7 de Setembro de 1822, até às mais estruturais, que denunciam o reducionismo sobre a data. O que não se discute é que o processo de independência se deu por interesses econômicos das elites locais, sendo a maior parte da população pouco ou nada beneficiada. Para apresentar essa ideia de construção mítica, o figurino da ala constrói a imagem de Dom Pedro a partir da combinação de cores que sugerem nobreza em associação com a opulência dos tons dourados. Na mão, o adereço é a estilização do cavalo alazão que entrou para a versão histórica construída no lugar da mula de carga desprovida de charme - porém forte para subir os caminhos íngremes do percurso – que, de fato, levava o imperador quando foi pronunciada a célebre frase “Independência ou Morte”.

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18 Versão Jocosa Posterior à ala que apresenta o Avante José Estevam, para Pedro I visual heroico construído para Pedro Mangueira Marcelo I, revelando inclusive dualidade com (2013) e a versão anterior, o figurino que Tetê I agora se apresenta como uma versão chargista, anedótica, satírica e mais condizente com a realidade dos fatos que motivaram a proclamação da Independência brasileira. A estética geral da fantasia que veste a ala, constrói a figura de Pedro I de forma jocosa, remetendo a ideia de uma independência bucólica e prosaica, mais brasileira e menos épica, muito mais próxima ao “acordo de pai para filho” do que um feito, de fato, heroico. Se na ala anterior o adereço de mão revelava o charmoso cavalo alazão, nessa, o lugar de destaque fica para a mula “brincalhona”, desprovida de contorno mítico, testemunha real de um feito desprovido da bravura que foi divulgada e cristalizada no imaginário nacional. A ala apresenta-se como uma risonha versão para o imperador, desconstruindo através do bom humor o heroísmo que, por tanto tempo, nos foi ensinado através da propagação de imagens construídas a partir de mentirosa fabricação dotada de patriotismo.

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19 “O Marechal Diferente do que foi aprendido nas salas Sambar com a Simone, Republicano que de aula, a República não foi uma ideia Mangueira Jussara Não Tirou a que agradava a população brasileira e (2013) e Monarquia da sua proclamação não foi um brado tão Luciana Cabeça” heroico. Os republicanos tentavam a todo custo disseminar suas ideias pelo

país, porém o trabalho realizado era em vão. Quando enfim perceberam que não conseguiriam, por fins pacíficos, acabar com o Império, tiveram a grande ideia de um golpe militar. Para que isso acontecesse, precisariam do apoio de um líder de prestígio da tropa militar. Foi aí que então resolveram se aproximar do Marechal Deodoro da Fonseca em busca de apoio. O que grande parte das pessoas não sabe é que foi tarefa difícil convencer o Marechal a

dar o golpe, tendo em vista que o mesmo era amigo pessoal do Imperador Pedro II, devia-lhe favores, era um dos maiores defensores do regime Monárquico e dizia querer acompanhar o caixão do velho Imperador. Convencido a aproximar-se da proclamação em função de boatos sem fundamentos, Deodoro era contrário ao movimento republicano como deixa claro em cartas trocadas com seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca, em 1888, afirmando que, apesar de todos os seus problemas, a Monarquia continuava sendo o “único sustentáculo” do país e a República sendo proclamada constituiria uma “verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros, preparados para ela.

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19 “O Marechal Nascia assim uma República de Sambar com a Simone, Republicano que forte apoio conservador, longe de Mangueira Jussara Não Tirou a um caráter popular e revolucionário, (2013) e Monarquia da elitista e continuísta em vários Luciana Cabeça” sentidos. Os interesses populares (Continuação) ficaram de fora e o povo, como escreveu Aristides Lobo no Diário Popular, “assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que aquilo significava”. Para apresentar a dualidade existente entre o Marechal “republicano”, que era simpático e defensor das ideias monárquicas, o figurino da ala segue no tom chargista e anedótico que caracteriza a estética do setor fazendo uso de uma construção artística cheia de conteúdo simbólico: Nas costas, o Marechal leva a estilização do brasão que é símbolo da República. Na cabeça, a coroa, símbolo da Monarquia.

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20 O Retrato de Os principais nomes ligados à República Escola 02 Grin Werneck Tiradentes brasileira recém-proclamada - Deodoro (2018) da Fonseca e Floriano Peixoto - não eram figuras conhecidas além dos círculos militares. A pouca participação popular tornava difícil a consagração de um mito importante para a aceitação do novo regime entre os populares. Se “heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referências, fulcros de identificação”, como escreveu o historiador José Murilo de Carvalho, era importante, para a implementação da narrativa do regime republicano, a figura de um novo herói a fim de fazer frente ao imaginário monárquico recém derrubado. Se nenhum dos primeiros nomes ligados à República tinha as características necessárias para ser elevado à condição de símbolo de uma “nova era”, Tiradentes, morto um século antes da proclamação - único dos inconfidentes mineiros condenado à morte - surpreendentemente, caiu como uma luva para o papel de herói. Foi a partir disso que o mito em torno de sua figura foi criado. O alferes mineiro, que passou quase um século na obscuridade como o traidor da monarquia, foi ressuscitado no imaginário popular a partir da encomenda de retratos cuidadosamente planejados. Como não havia registros de sua imagem e seus pensamentos, a República teve liberdade para criá-los: tornou-se um idealista pela liberdade do Brasil e suas representações passaram a se assemelhar com as da figura de Cristo — cabelos longos, castanhos, olhar cândido e vestes humildes, tal qual revela a fantasia que compõe o visual da ala batizada de “O RETRATO DE TIRADENTES”.

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21 A Arte do Negro Após apresentar passagens Ala Moana Paulo Ramos Antônio históricas que resultam em valores (1980) Francisco Lisboa que exaltam os nomes e as lutas de e e (Aleijadinho) notáveis personagens populares - Ala Gatinhas e Zélia índios e negros em sua maioria Gatões esmagadora - e desconstruir algumas (1974) versões que exaltam personalidades consagradas a partir da invenção controversa de feitos nem sempre heroicos, a sequência de alas que encerra o desfile se propõe a exaltar e promover o reconhecimento da identidade popular como valor patriótico. O setor que se inaugura a partir daqui abre alas para “os Brasis que se faz um país” como é cantado no samba que narra nossa apresentação. Trata-se de uma ode ao povo e à cultura que descende de negros e índios com o intuito de hipervalorizar a valorização de sua história nem sempre exaltada. Para começar essa exaltação aos brasileiros de origem humilde que deram – e dão – rica contribuição na construção do país, abrimos o setor exaltando a obra e a figura de Antônio Francisco Lisboa. Filho de um português com uma escrava africana, é considerado internacionalmente a maior expressão da arte brasileira.

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21 A Arte do Negro Assim como a figura de Machado de Ala Moana Paulo Ramos Antônio Assis, a construção de “sua imagem (1980) Francisco Lisboa social” difundida no imaginário e e (Aleijadinho) nacional omitiu sua origem étnico- Ala Gatinhas e Zélia (Continuação) racial, mudando-lhe a cor em suas Gatões representações pictóricas, de tal (1974) modo que muitos, mesmo lendo e estudando sobre determinadas personalidades negras brasileiras de séculos passados, o imaginem como branco. Independente das narrativas construídas, Aleijadinho – seu nome consagrado no universo das artes plásticas - é um representante da capacidade intelectual e artística do povo brasileiro de origem humilde e mestiça, gênio das artes no Brasil e indiscutivelmente, orgulho do povo brasileiro. Para apresentar o trabalho do negro Antônio Francisco Lisboa, o visual geral da ala remete de forma estilizada à estética das estátuas dos Profetas erguidas no adro do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos - em Congonhas do Campo - obra-prima do referido artista.

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22 “Salve Matita Após exaltar o nome de um Eternamente Robson Perê!” brasileiro de origem humilde de Mangueira universal notoriedade, exaltamos (2013) agora a cultura popular através da figura dos mitos e das lendas que traduzem o riquíssimo universo cultural brasileiro. O Saci-Pererê, também conhecido como saci- cererê, matimpererê ou matita perê, é um personagem bastante conhecido do folclore brasileiro. Tem sua origem entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde se espalhou pelo território brasileiro ganhando contorno africanizado entre os negros trazidos para o Brasil na condição de escravos. Trata-se de um personagem riquíssimo da cultura indígena e negra brasileira, destacado no desfile como símbolo da cultura nacional de caráter popular. Para remeter ao mito, em destaque na construção estética da ala, sua mais famosa e popular representação: a figura negra, de apenas uma perna, que usa gorro vermelho e habita as verdes matas brasileiras.

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23 “Viva o Povo Território de um povo lutador, o Raiz Sandra, Nordestino” nordeste brasileiro é tradicionalmente Mangueirense André um celeiro de homens e mulheres de (2013) e fibra. Historicamente, uma área Gugu carente em função da histórica ocupação social do território brasileiro e das condições climáticas associadas à sua geografia, o nordestino é a personificação de um povo heroico em função de sua luta secular para transpor barreiras impostas pela imensa concentração de renda que caracteriza a sociedade brasileira. Se isso não fosse o bastante, o preconceito contra os nordestinos reflete um dos mais célebres desvios de conduta radicalmente impregnado no imaginário coletivo brasileiro. Esse “desvio” encontra raízes no racismo, especialmente porque mulatos, negros e descendentes de índios, compõem grande parcela da população dos estados nordestinos. Na contramão da visão pejorativa, os nordestinos seguem sendo uma das maiores forças de trabalho para o progresso do país e sua contribuição no campo da arte e da cultura nacional são bens de valor e grandeza que não podem ser mensurados. Para exaltar e dar vivas ao povo nordestino, o figurino da ala celebra em tom festivo a estética da arte popularmente associada ao nordeste brasileiro no imaginário coletivo.

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* - À frente da ala "SÃO VERDE E Destaques de Direção de ROSA AS MULTIDÕES" a notável Chão Carnaval mangueirense Rosemary personifica a Estação Primeira que abraça as Rosemary lutas diárias de homens e mulheres, e moradores de comunidades, morros Mônica e favelas espalhados pelo território Benício brasileiro. Ao seu lado, a presença de Mônica Benício - viúva da vereadora Marielle Franco - mantém viva a memória da célebre biografia da mulher negra, nascida e criada na favela da Maré, camelô até os 18 anos, e que, a partir de sua pré disposição para sobrepor as duras barreiras sociais, chegou ao ensino superior, formou-se em Ciências Sociais, tornou-se mestra em Administração Pública, até eleger-se uma combativa vereadora defensora das causas das minorias e dos direitos dos oprimidos.

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24 “São Verde e Basicamente ocupada por mulatos, Somos Valéria, Rosa as negros, e pelo imenso contingente Mangueira Catarina Multidões” humano deslocado das regiões (2013) e Norte/nordeste, as favelas e comunidades espalhadas pelo Brasil concentram uma Antonio imensa força coletiva vista de maneira pejorativa em função da condição social de baixa renda. Todavia, é em meio às adversidades que um número sem fim de brasileiros mostra seu valor ao sobrepor diariamente as duras barreiras traduzidas pelas limitações impostas pelo preconceito social. Multidões de homens e mulheres, heróis de lutas silenciosas, detentores de pequenos feitos individuais, mas não menos significativos. Descendentes das mesmas histórias de resistência que caracterizam as lutas - tanto indígena, quanto negra – em busca de representatividade. Para exaltar esses “heróis de barracões” – “barracão” é um termo correlacionado a “barraco” e é uma das mais populares designações das habitações populares nos morros e favelas do Brasil – a Mangueira toma partido de suas simbólicas cores para vestir de verde e rosa e fazer delas a representação vitoriosa das multidões de “favelados”, homens e mulheres pobres, moradores de comunidades espalhadas pelo Brasil. Em meio à ala tremulam as bandeiras que estampam o rosto de personalidades oriundas de favelas brasileiras, símbolos de lutas individuais que resultam numa representatividade significativa para um país onde as oportunidades para os “herdeiros” de índios e negros ainda seguem sendo uma das mais evidentes marcas de nossa desigualdade.

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Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Leandro Vieira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

24 “São Verde e Em verde e rosa, os rostos de Somos Valéria, Rosa as CAROLINA DE JESUS - escritora Mangueira Catarina Multidões” brasileira conhecida por seu livro (2013) e (Continuação) “Quarto de Despejo: Diário de uma Antonio Favelada”, moradora da favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, e detentora de uma vida marcada pelo sustento de si e de seus três filhos como catadora de papéis; JAMELÃO – o negro pobre que foi engraxate e vendedor de jornal, voz símbolo do Morro da Mangueira e uma das mais bem sucedidas carreiras artísticas do país; CARTOLA – o negro pedreiro que só fez o curso primário, passou parte da vida lavando automóveis e é apontado como um dos maiores poetas da Música Popular Brasileira; e MARIELLE FRANCO, mulher, negra, nascida no Complexo da Maré - conjunto de favelas localizadas na Zona Norte carioca – e que, graças a seu empenho pessoal, venceu a miséria, chegou à universidade e elegeu-se a combativa vereadora que defendia as causas das mulheres e dos negros, função que exerceu até ser assassinada em 2018. (OBS: Junto da ala desfilam bandeiras de formato agigantado com as mesmas personalidades citadas acima em destaque). * Junto da ala desfilará bandeiras de formato agigantado com as personalidades mencionadas acima.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Leandro Vieira D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

* Bandeira de Uma bandeira do Brasil nas cores * Direção de Enceramento verde e rosa encerra a apresentação Carnaval da Escola. O símbolo máximo do patriotismo recebe as cores de uma das mais populares comunidades carentes do território nacional. Simbolicamente, é o morro que

abraça a luta em defesa da representatividade popular e determina que “são verde e rosa as multidões”, tal qual sugere o samba que cantamos. É o Brasil assumindo a identidade do morro. É a Mangueira assumindo a identidade do Brasil.

375 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Fantasias

Local do Atelier Rua Rivadavia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 13 – Cidade do Samba – Gamboa Diretor Responsável pelo Atelier Leandro Vieira e Júlio Cerqueira Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Sirley, Eliana, Russa, Luís, Vanessa Equipe do Barracão Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Augusto, Rogério, Gustavo e Júlio Alberto Outros Profissionais e Respectivas Funções

Leandro Assis - Pintura de Arte

Vitor Negromonte - Vime

Élcio - Arame

Outras informações julgadas necessárias

As ilustrações aqui apresentadas são apenas imagens de referência para o mero acompanhamento do desfile. São interpretações de livre e rudimentar contorno artístico sem a intenção de se revelarem a exata tradução do figurino que desfila e sim fazer menção aos contornos artísticos das linhas gerais que direcionam o figurino.

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Danilo Firmino, Márcio Enredo Bola, Silvio Moreira Filho (Mama), Ronie de Oliveira Presidente da Ala dos Compositores Rody Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 40 Nelson Sargento Danilo Firmino (quarenta) 93 anos 28 anos Outras informações julgadas necessárias

Brasil, meu nego deixa eu te contar A história que a história não conta O avesso do mesmo lugar Na luta é que a gente se encontra Brasil, meu dengo a Mangueira chegou Com versos que o livrou apagou Desde 1500 Tem mais invasão Do que descobrimento Tem sangue retinto pisado Atrás do herói emoldurado Mulheres, Tamoios, Mulatos Eu quero um país que não tá no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara A tua cara é de Cariri Não veio do céu Nem das mãos de Isabel A liberdade É um dragão no mar de Aracati Salve os caboclos de julho Quem foi de aço nos anos de chumbo Brasil, chegou a vez De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês

Mangueira, tira a poeira dos porões Ô, abre alas Pros seus heróis de barracões Dos brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões (São verde e rosa as multidões)

377 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

JUSTIFICATIVA DA LETRA DO SAMBA-ENREDO

Em tempos de pouca escuta, uma conversa afetiva – mas contundente – com o Brasil. Esse é o fio condutor do samba-enredo da Mangueira, que apresenta personagens e passagens da nossa história escondidos por trás da história oficial. Ou, "a história que a história não conta", como diz um verso da letra.

Brasil, meu nego deixa eu te contar A história que a história não conta O avesso do mesmo lugar Na luta é que a gente se encontra Brasil, meu dengo a Mangueira chegou Com versos que o livro apagou

Interpelando constantemente o Brasil, como se faz num diálogo, e com uma melodia que sugere os espaços e a sinuosidade da fala, o samba começa localizando o avesso do mesmo lugar – ou seja, o outro lado da nossa história – no tempo presente, na coletividade e nos espaços de luta: "na luta é que a gente se encontra". O verso é uma espécie de contraponto a um certo caráter estático, individual e de passado que comumente se atribui à história. Tanto esse chamado à atualidade do enredo quanto essa constante interpelação ao país estão presentes em outros momentos do samba. Vocativos como "meu nego", "meu dengo", reforçam o tom afetivo da conversa.

Desde 1500 Tem mais invasão Do que descobrimento Tem sangue retinto pisado Atrás do herói emoldurado Mulheres, Tamoios, Mulatos Eu quero um país que não tá no retrato

Além da menção às constantes inversões feitas na história ("tem mais invasão do que descobrimento"), a estrofe elenca negros, índios e mulheres como a síntese das personagens que a narrativa oficial não contempla. São os que nunca estão no retrato, os que jamais são laureados. Esteticamente, vale destacar a antítese presente em "invasão"/"descobrimento", a metonímia do retrato como aquilo a que se dá visibilidade no país e a ênfase reivindicatória que a melodia confere ao último verso.

378 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Brasil, o teu nome é Dandara E a tua cara é de Cariri Não veio do céu Nem das mãos de Isabel A liberdade É um dragão no mar de Aracati

A estrofe faz referência a uma das principais líderes quilombolas, à Confederação dos Cariris e a Chico da Matilde, o Dragão do Mar, jangadeiro cearense de Aracati que foi expoente na luta pela abolição. A repetição sonora do "R" brando em "Dandara", "Cara", "Cariri", "Dragão" e "Aracati" e a quase identidade de som entre "Cara" e "Cariri" são convidativas ao canto por darem leveza e balanço à estrofe. Esse movimento tem seu ponto alto na divisão rítmica e melódica do verso derradeiro, que remete o ouvinte ao próprio movimento do mar.

Salve os caboclos de julho Quem foi de aço nos anos de chumbo Brasil, chegou a vez De ouvir as Marias, Mahins Marielles, Malês

Depois de convidar o país a conhecer a sua verdadeira história, o samba chega num momento de convocação: "Brasil, chegou a vez". É quando aparecem os caboclos de julho, marco da independência popular na Bahia, os que se insurgiram contra os quase trinta anos de ditadura militar e algumas das mulheres de origem popular, que, cada uma a seu tempo, lutaram em favor dos menos favorecidos: Maria Felipa, capoeirista que participou da luta pela independência na Bahia, Luiza Mahin, líder da revolta dos Malês, e Marielle Franco, defensora dos direitos de negros, pobres e mulheres. Aqui cabe destacar dois recursos utilizados: a aliteração – com a repetição da sílaba "ma" – e o uso de plurais nos nomes das mulheres citadas, o que expande para além da individualidade as personagens engajadas nas lutas. Essa transição de figuras conhecidas para anônimos das batalhas também serve como ponte para o refrão que encerra o samba.

Mangueira Tira a poeira dos porões Ô, abre alas Pros seus heróis de barracões Dos brasis que se faz um país De Lecis, Jamelões são verde-rosa as multidões

A ideia aqui é reiterar que o passado – e o que se diz dele – precisa ser revisitado ("tira a poeira dos porões"), e que cabe ao carnaval, seus foliões e trabalhadores fazerem isso ("ô, abre alas pros seus heróis de barracões"). Há aqui, ainda, um espelhamento externo/interno: a escola que se propõe a jogar luz em personagens esquecidos pela história também olha para os seus, os ditos "heróis de barracões", entendendo-se por barracões tanto o local de confecção de alegorias como as moradias de favelas. É na pluralidade (os "brasis") que está a essência do país, é na arte e nos artistas populares ("Lecis", "Jamelões") onde estão muitas das nossas sínteses. Tudo isso ecoando nas múltiplas vozes que cantam junto com a Mangueira ("são verde-rosa as multidões") – a história está mais viva do que nunca.

379 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

JUSTIFICATIVA DA MELODIA DO SAMBA-ENREDO

O nosso samba se inicia em tom Maior na tonalidade de Fa# (Fá sustenido)

Resgatando a estrutura de sambas antigos, com uma cadência maior do que nos dias de hoje estamos acostumados.

O andamento será entre 144 e 146 bpms, dependendo da largada inicial com a bateria.

A melodia deste samba, traz não somente o resgate de sambas antigos, como o ingrediente da mistura de nossa MPB E de sambas de quadras.

Um tipo de melodia espaçada, onde as palavras se encaixam em seu cantar, as nuances do grave ao agudo se fazem de forma natural, e acompanhadas pela harmonização cuidadosa feita pelo carro de som da Mangueira.

Ainda na primeira parte, temos elementos de explosão e se faz presente o ecoar do canto da escola em trechos como: "Brasil...meu dengo a Mangueira chegou..."

Apesar da forma dolente que a melodia se inicia, ela traz a valentia de um canto de resistência e força, sendo imponente em cada vez que a palavra Brasil é citada.

Algumas variações melódicas são encontradas, como a ida para o Relativo na parte do "eu quero um país que não tá no retrato"

Um de seus diferenciais, é que não há o chamado "Refrão do meio", pois ele finaliza a primeira parte com clareza, e dá o seu recado, dando a entender que a bateria possa fazer uma virada, e um descanso nesta parte citada acima.

Daí em diante ele segue com a sua melodia dolente, não obstante da força que a mesma possui.

Na chamada segunda parte, ele preserva e relembra as melodias de sambas antigos e cadenciados, se mantendo em tom Maior em toda a sua execução, passeando pelo anti relativo no momento que diz:

"Salve os caboclos de julho... quem foi de aço nos anos de chumbo"

Já partindo para o seu crepúsculo, o samba da Mangueira harmonicamente, sobe ao quarto grau, onde está subdominante, traz um momento de emoção muito grande, sem que seja preciso gritar ou ter o chamado Refrão de explosão. Em mais uma cadência agora com o recado da própria letra, ele finaliza para o "Mangueira... tira a poeira dos porões..."

Neste momento temos o chamado momento de auge da obra, onde a letra junta-se a melodia e há um completo casamento de sentidos.

Tirar poeira dos porões, seria também reviver grandes canções e grandes sambas com estruturas diferentes de tudo que vemos hoje passar pela marquês de Sapucaí, porém sendo acompanhados por uma bateria moderna de Mangueira e pelo carro de som, fazendo seu papel harmônico com as influências atuais.

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Bateria

Diretor Geral de Bateria Mestre Wesley Assumpção Outros Diretores de Bateria Alexandre Marrom, Jaguara Filho, Mestre Birinha, André Carta Marcada, Richardson (Mestre Xaxo), Zé Campos e Gago Total de Componentes da Bateria 252 (duzentos e cinquenta e dois) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação Surdo-Mor 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 20 24 0 0 20 Caixa Timbal Tamborim Tan-Tan Repinique 70 20 30 0 28 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho 10 10 20 0 0 Outras informações julgadas necessárias

Uma das maiores tradições da Estação Primeira de Mangueira é que a sua Bateria é comandada por seus meninos, que nascidos e criados em Mangueira são os legítimos herdeiros de Mestre Waldomiro Tomé Pimenta, Homero José dos Santos (Seu Tinguinha), Lúcio Pato e China Florípedes. Foram eles que criaram a batida do surdo sem resposta, que junto com os tamborins fazem a tradição de nossa bateria “Tem que Respeitar meu Tamborim”. Esse ano nossa bateria tem a sua frente mais um filho de Mangueira Mestre Wesley Assumpção.

A partir do momento que foi indicado para assumir o posto de primeiro diretor de bateria, em maio do ano passado, Mestre Wesley estruturou sua diretoria também composta por filhos de Mangueira, alguns inclusive que já ocuparam o cargo de Primeiro Diretor de Bateria, reunindo assim uma equipe técnica categorizada com o objetivo de trabalhar para o sucesso do Carnaval 2019.

Buscando recuperar a batida tradicional de nossa Estação Primeira, Mestre Wesley e sua diretoria optaram por fazer uma mudança no andamento da bateria, e, desta forma resgata a identidade da bateria, trazendo de volta o pulsar tradicional de nossa marcação.

Ainda com a perspectiva de mudanças, algo que será visível é a formação da bateria com a volta do naipe de tamborins para encabeçar a bateria junto com a “cozinha” e, com isso, no entendimento de Mestre Wesley, bateria ficará mais bem equalizada e os desenhos e convenções do naipe soarão mais limpos. Destaque-se que no naipe de tamborins todos os tocadores estarão tocando com o mesmo tipo de baquetas e com a afinação do instrumento mais homogênea para que sejam ainda mais perceptíveis os desenhos na melodia do samba.

Nas vezes que for feita a bossa de batida marcial, ao retornarem, todos os surdos atacam no contratempo. Após “Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês”.

381 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Bateria

Outras informações julgadas necessárias

QUEM É MESTRE WESLEY ASSUMPÇÃO.

Oriundo da Mangueira do Amanhã, Wesley esteve presente na primeira formação na ala da bateria de nossa escola mirim Mestre Wesley, como é conhecido, se destacou entre os demais ritmistas pelo seu jeito único e diferenciado de tocar repique, seu instrumento de origem. Com toda essa qualidade não demorou muito para tornar-se um diretor e assim aconteceu. Wesley, à frente da bateria mirim, logo passou a ser um dos coordenadores e diretor dos projetos sociais que a escola oferecia e, em consequência disso, foi escolhido para ser o mestre dos ritmistas que participaram do concurso PÈ NO FUTURO. Chegou até a final, um importante feito e de destaque, tornando esta experiência uma vitrine para que muitas pessoas observassem seu trabalho e, devido a isso surgiram vários convites de várias bandas e músicos solo convidando-o a fazer parte de suas bandas. Wesley até aceitou alguns desses convites, mas seu destino estava traçado mesmo como diretor de bateria e assim foi fazer parte do quadro de diretores técnicos da escola, uma conquista pessoal e fundamental e para a carreira, que pretendia seguir. Com esta trajetória exitosa é que Mestre Wesley Assunção comandará, em 2019, seus ritmistas da Ala da Bateria da Mangueira. Bom trabalho Mestre Wesley e seus ritmistas

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Harmonia

Diretor Geral de Harmonia Edson Góes Outros Diretores de Harmonia Dimichel Velasco, Renato Kort, Dalton Ferreira, José Carlos, Paulo Asprila, João Carlos, Bernard Oliveira, Moreira, Fábio Vinícius, Vladimir Rodrigues, Nilso, Marcelo Radar e Ricardo SPQP. Total de Componentes da Direção de Harmonia 14 (quatorze) componentes Puxador(es) do Samba-Enredo MARQUINHOS ART`SAMBA, Bico Doce, Leandro Santos, PSE Diminuta, Douglas Diniz e Lequinho Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo Violão de 6 e 7 cordas – Thiago Almeida Cavaquinho – Digão Cavaquinho afinação de Bandolim – Luiz Paulo Outras informações julgadas necessárias

Diretor Musical – Alemão do Cavaco

Todo o trabalho que a Harmonia da Estação Primeira de Mangueira desenvolveu teve como objetivo proporcionar o perfeito entrosamento entre o ritmo e o canto. Assim, tão logo, o Samba Enredo foi escolhido, demos início aos ensaios de canto, aos quais logo acrescentamos a participação da Bateria. Dessa forma, o carro de som, a bateria e a comunidade começaram a trabalhar a interpretação do samba.

Em paralelo aos ensaios gerais, nosso carro de som trabalhou em estúdio, desenvolvendo um arranjo capaz de contemplar a harmonia musical pertinente ao fortalecimento da interpretação do samba, respeitando os desenhos dos tamborins e as bossas. Enfim, todo o trabalho foi feito para alcançar uma excelência em sua apresentação com o objetivo de que somados o carro de som, a bateria e toda a escola, o nosso chão, da Estação Primeira, possa mostrar na Sapucaí os frutos de todos esses meses de ensaio, contribuindo para fazer ecoar no desfile a voz daqueles que durante tantos anos foram desconsiderados pela história oficial.

Ensaios Técnicos de Rua nos permitiram avaliar que todos nossos esforços para desenvolver esse trabalho estavam dando resultado, uma vez que, a cada dia nos sentíamos brindados pelo empenho de cada componente em dar o seu melhor e apresentar nosso samba de forma a emocionar a todos.

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Evolução

Diretor Geral de Evolução Conselho de Carnaval Outros Diretores de Evolução Comissão de Carnaval Total de Componentes da Direção de Evolução 15 (quinze) componentes Principais Passistas Femininos Evelyn Bastos, Kamila Roberta, Luciana Pereira, Andrielli e Victória Rodrigues Principais Passistas Masculinos Pablo Luís, Douglas Cardoso, Luís Claudio e Alan Pereira Outras informações julgadas necessárias

“Vai passar nessa avenida um samba popular” (Chico Buarque)

Sim, lá vem a Estação Primeira de Mangueira, trazendo seu povo, seu chão. Vem alegre, garbosa e feliz se apresentar no desfile da Sapucaí e vem bem, vem Mangueira contando a história que por tanto tempo, não nos foi ensinada e na cabeça de muitos jamais deveria ser contada. Mas essa Mangueira nascida, habitada por um povo simples e tão pobre que intrigou o poeta em como esse povo, em meio a tantas dificuldades, podia cantar. E esse povo não apenas canta, mas vem nos encantar contando a História que a História não conta. Vem mostrar o avesso do mesmo lugar.

Para apresentar essa História, cada componente da Estação Primeira dará vida a tantos personagens e, como se vindos do passado, para nos acordar, veremos na Sapucaí, os índios Tupinambás, Tamoios, Cariris, os Caboclos, as Dandaras, as Marias Felipas, as Luizas Mahins, os Chicos da Matilde, e aqueles brasileiros anônimos, “heróis de barracões”, ou seja, aqueles brasileiros que com seu esforço diário, fizeram e fazem esse país.

Quanto orgulho, quanta responsabilidade ao dar vida a todos esses que durante anos ficaram a margem da historiografia oficial, tirar o sangue retinto de traz dos retratos de “heróis” e mostrar os verdadeiros heróis de nosso povo, nossa gente.

Assim, nossos componentes sabedores do seu papel não mediram esforços para estarem prontos no grande dia. Incontáveis ensaios foram feitos, na quadra, na rua, ensaios de segmentos específicos, tais como: - Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Comissão de Frente, Ala de Passistas, Bateria e Alas da Comunidade e, em cada um deles, se estimulava a apresentação das alas e dos participantes de nosso desfile, de forma integrada, no qual a participação de cada um nos permite construir o todo de nossa proposta de desfile: os versos que o livro apagou.

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Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval Aramis Santos Diretor Geral de Carnaval Conselho de Carnaval Outros Diretores de Carnaval Comissão de Carnaval Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Nelci Gomes Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Nadaje Jualiana Ribeiro (oitenta) 79 anos 18 anos Responsável pela Velha-Guarda Ermenegilda Dias (Dona Gilda) Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 70 Dona Ilka Carlinhos (setenta) 92 anos 65 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) Nelson Sargento, Alcione, Rosemary, Leci Brandão, Junior, Péricles entre outros Outras informações julgadas necessárias

385 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Priscilla Mota, Rodrigo Negri e Leandro Vieira Coreógrafo(a) e Diretor(a) Priscilla Mota e Rodrigo Neri Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 15 06 09 (quinze) (seis) (nove) Outras informações julgadas necessárias

“EU QUERO UM PAÍS QUE NÃO TÁ NO RETRATO”

Desde 1500, exaltamos aqueles que conhecemos na escola, nas salas de aula. Como a abordagem do enredo sugere, heróis que não estão à “altura” daqueles que não fugiram à luta. Estes, desprivilegiados pelas páginas que resguardam a memória da história contada.

É sabido que tem “sangue retinto pisado atrás do herói emoldurado” como canta o samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira. E, é assim que a imagem construída de ícones históricos como a Princesa Isabel, o bandeirante Domingos Jorge Velho, o Marechal Deodoro da Fonseca, o imperador D. Pedro I, o missionário José de Anchieta e o “descobridor” Pedro Álvares Cabral se “desmoldura” para revelar o tamanho da grandeza de seus “feitos”. No “avesso deste lugar”, registraremos a grandeza de negros e índios que ficaram à sombra destes, resguardando a importância deles para as futuras gerações.

Não estaremos mais deitados em “berço esplêndido”, ouvindo “histórias pra ninar gente grande” contada por gente pequena. A Mangueira carrega a esperança no futuro, e uma nova história começa a ser contada em verde e rosa.

OUTRAS INFORMAÇÕES JULGADAS NECESSÁRIAS:

Direção e Coreografia – Priscilla Mota e Rodrigo Negri Cenografia – Penha Lima Figurinista - Leandro Vieira Confecção de Figurinos - Atelier Avant Premiere Produção – KBMK Produções Culturais Preparação Teatral - Victor Maia Visagismo e Maquiagem – Beto Carramanhos

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Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

SOBRE OS COREÓGRAFOS - Priscilla e Rodrigo se lançam em um dos maiores desafios da carreira: defender um dos pavilhões mais tradicionais do carnaval carioca. Depois de 12 anos de avenida, 3 títulos conquistados e os mais importantes prêmios do carnaval, eles se vestem de verde e rosa para unir inovação com tradição, criatividade com versatilidade e acima de tudo emoção com encantamento.

Primeiros Solistas do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, os bailarinos Priscilla Mota e Rodrigo Negri se consagraram no Carnaval através do trabalho criativo e envolvente que marcou suas comissões de frente. Formada em balé clássico, jazz, tap dance e dança contemporânea, a dupla ganhou fama no cenário carnavalesco ao apresentar soluções irreverentes e ousadas no quesito que abre o desfile das escolas de samba. Nos últimos anos, Priscilla e Rodrigo, que já foram agraciados com a Medalha de Mérito Artístico do Conseil International de La Danse Cid, da Unesco, pela positiva contribuição à dança, receberam dezenas de prêmios pela atuação no Carnaval, entre eles o Estandarte de Ouro, honraria concedida pelo Jornal O Globo, em 2010, quando emprestaram seu talento à Unidos da Tijuca, ano em que fizeram seu elenco realizar uma eletrizante troca de roupas, que impressionou a todos. O feito ainda rendeu o título, em eleição também promovida pelo Globo, de “melhor comissão de frente da história”. Em 2018, ganharam na categoria inédita o Estandarte de Ouro de Inovação. O bom desempenho no Carnaval culminou numa série de convites para os coreógrafos. que já abrilhantaram grandes eventos no Brasil e no exterior. Entre os projetos dos quais participaram, estão ações especialmente elaboradas para a Liga Mundial de Vôlei, o Prêmio anual da Confederação Brasileira de Futebol, o Mundial de Judô, a Copa das Confederações, as Olimpíadas do Conhecimento, a Festa de Peão de Barretos, Salão do Automóvel, entre outros. No extenso currículo, Priscilla e Rodrigo ainda incluem apresentações exclusivas para o ex-presidente Lula e para a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama. O talento da dupla também encanta marcas mundialmente famosas, como Coca-Cola, Bradesco, Renault, Polishop e Omega, que já contrataram os dois para grandes eventos. Foram os responsáveis pelo entretenimento das áreas VIPs da FIFA, durante a Copa do Mundo do Brasil. Nos Jogos Olímpicos Rio de 2016, fizeram coreografia especial que foi apresentada ao longo dos Jogos em 30 apresentações. Criaram o show de Ivete Sangalo para o Rock in Rio e tourne “À Vontade”. Seu grupo totaliza mais de 500 apresentações nacionais e internacionais, que se refletem nos desfiles através do bom entrosamento de toda a equipe que compõe a comissão de frente.

VISAGISMO – Responsabilidade de Beto Carramanhos: Profissional, há 30 anos, especializado na área de beleza, Beto é consagrado por assinar o visagismo dos maiores musicais produzidos no Brasil, como: Cinderella, Kiss me Kate, Noviça Rebelde, O mágico de Oz, Família Adams, entre outros.

Além disso, é apresentador do quadro "Tapa no Visual", no programa Mais Você e "Acredita na Peruca “do Multishow.

PREPARAÇÃO TEATRAL – Responsabilidade de Victor Maia: Ator e coreógrafo com vasta experiencia em carnaval, participou desde a primeira comissão de Priscilla e Rodrigo até 2018. Atua no Cenário do Teatro Musical como ator e preparador corporal, além de ser o coreógrafo do quadro "Lata Velha" no Caldeirão do Hulk.

387 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Matheus Olivério 31 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Squel Jorgea 33 anos 2º Mestre-Sala Idade Renan Oliveira 28 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Débora de Almeida 32 anos Outras informações julgadas necessárias

“DONOS DA TERRA”

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira apresenta-se de acordo com a estética indígena que dá o tom da abertura do desfile proposto pela agremiação. Ambos apresentam versão carnavalesca que sugere a figura indígena em releitura adequada à tradicional indumentária dos casais que defendem os pavilhões das agremiações nos desfiles das escolas cariocas. Estão inseridos em um contexto de valorização heroica e construção épica do índio brasileiro na fase anterior à chegada de Cabral ao território nacional.

Como um xamã, num ritual mágico e sagrado, a Porta-Bandeira e seu pavilhão mantém um forte laço como se fosse um só. Cortejado, festejado e protegido pelo Mestre-Sala, que defende com maestria a altivez da ancestralidade “de sua tribo”, reluz o pavilhão da Estação Primeira em meio a abertura do desfile.

DADOS SOBRE O CASAL:

Matheus ingressou na verde e rosa com apenas 8 anos na ala das crianças. Fez parte dos projetos sociais de educação da Vila Olímpica da Mangueira, onde se tornou instrutor e se dedicou ao ensino do samba no pé a crianças e adultos. Premiado com Estandarte de Ouro, entre outros prêmios, de melhor passista, Matheus passa a defender o segundo pavilhão da Escola por 10 anos, onde amadurece e se aprimora no aprendizado do bailado tradicional do Mestre-Sala para, em 2017, receber a maior honra da sua vida, que é defender o primeiro pavilhão da sua Escola, a Estação Primeira de Mangueira, a quem ele chama de mãe.

Squel Jorgea ingressou no carnaval ainda criança na ala das baianinhas. Estreou ainda menina como Porta-Bandeira. É Primeira Porta-Bandeira há 18 anos. Com vasta experiência e profissionalismo, Squel, agraciada com o Estandarte de Ouro, defende com orgulho e grande paixão o pavilhão da Estação Primeira de Mangueira há 6 anos.

Matheus e Squel são tio e sobrinha, filho e neta do lendário partideiro e mestre de harmonia Xangô da Mangueira. O casal tem como marca o bailado tradicional da arte da dança de Mestre- Sala e Porta-Bandeira, preservando e buscando honrar a Majestade do seu pavilhão.

388 Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

DADOS SOBRE A ORIENTADORA DO CASAL - Ana Paula Lessa é ex- bailarina, coreógrafa e professora de dança na Escola de Dança Maristela Lobato. Há 6 anos na Estação Primeira de Mangueira, ela desenvolve um trabalho de refinamento artístico, respeitando o bailado tradicional do casal e característico do quesito.

SOBRE O SEGUNDO CASAL

“MANOEL CONGO E MARIANNA CRIOULA”

O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira está inserido no setor que lança luz nos feitos heroicos de biografias de personalidades negras que ainda não alcançaram merecida difusão no imaginário coletivo: Manoel Congo e sua companheira, Marianna Crioula. Importantes símbolos da resistência dos negros contra a escravidão na região do Vale do Café – no Rio de Janeiro - foram líderes da maior rebelião de escravos já ocorrida na região, em 1838, motivada pela revolta contra a morte de um escravo do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, espancado pelo capataz de uma de suas fazendas. A fuga em massa orquestrada pela dupla teria contado com a adesão de cerca de 300 ou 400 negros de diversas fazendas da região de Paty do Alferes-RJ.

Manoel Congo e Marianna Crioula provavelmente viveram como casal, tanto que os dois foram posteriormente delatados como o “rei” e “rainha” do grupo de sublevados. Ele foi descrito como “um negro forte e habilidoso, de pouca fala e sorriso escasso.” Ferreiro por ofício - atividade que requeria treinamento e habilidade – gozava de status superior entre os outros escravos e maior valor econômico perante os senhores.

Marianna era costureira e mucama de Francisca Elisa Xavier, esposa do capitão-mor Manuel Francisco Xavier. Foi descrita como sendo a “preta de estimação” bem como, uma das escravas mais dóceis e confiáveis de sua patroa.

Juntos, foram os organizadores daquela que é apontada como a maior fuga de escravos da região Fluminense. A nível de conhecimento, após ser capturado e condenado, no dia 6 de setembro de 1839, Manuel Congo subiu ao cadafalso no Largo da Forca, em Vassouras, para cumprir sua “pena de morte para sempre”. Foi enforcado e ficou sem sepultamento. Marianna Crioula foi absolvida - certamente a pedido de sua proprietária - entretanto, foi obrigada a assistir à execução pública do seu companheiro morto na forca.

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G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

PRESIDENTE WANDYR TRINDADE

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“Eu sou o Tempo. Tempo é Vida”

Carnavalesco ALEXANDRE LOUZADA

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Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo “Eu sou o Tempo. Tempo é Vida” Carnavalesco Alexandre Louzada Autor(es) do Enredo Alexandre Louzada Autor(es) da Sinopse do Enredo Alexandre Louzada Elaborador(es) do Roteiro do Desfile Alexandre Louzada e André Luís Junior Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

01 Antiga Musa: A BRANDÃO. J. Faculdades de 2005 Todas Arqueologia da Lins. Letras da UFMG Ficção

02 Mitologia Grega BRANDÃO, Vozes 1986 Todas Junito.

03 Mito e Tragédia - Vozes 1996 Todas

04 Tragédia e - Vozes 1996 Todas Comédia

05 O Som e a Fúria FAULKNER, Companhia das 2017 Todas William; tradução Letras Paulo Henriques Brito

06 Os Deuses do GRAZIOSI, Cultrix 2016 Todas Olimpo Bárbara.

07 O Livro de Ouro BULFINCH, Harper Collins 2018 Todas da Mitologia Thomas

08 HOMO DEUS HARARI, Yuval Companhia das 2017 Todas Noah Letras

09 21 Lições para o - Companhia das 2018 Todas Século 21 Letras

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FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas Livro Autor Editora Edição Consultadas

10 HOMO SAPIENS - Companhia das 2017 Todas Letras

11 Ser e Tempo HEIDEGGER, Editora 2006 Todas Martin. Universitária São Francisco

12 Teogonia: A HESÍODO; Estudo Iluminuras 2007 Todas Origem dos Deuses e Tradução Jaa Torrano

13 Os trabalhos e os HESÍODO; Iluminuras 2006 Todas dias Introdução, tradução e comentários Mary de Camargo Neves Lafer

14 Ilíada HOMERO; ARX 2003 Todas Tradução de

15 Odisséia - Cultrix 1997 Todas

16 Mitologia SEARS, Kathlen Gente 2015 Todas

Outras informações julgadas necessárias

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Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

Apresentação

Mais um carnaval se apresenta. É o tempo que passa e novamente estamos aqui, carregando no peito a estrela da Mocidade Independente de Padre Miguel, que leva em seu nome a eterna juventude. Para a Mocidade, que será sempre jovem, o tempo é fonte de inspiração no carnaval de 2019. Eu sou o tempo, nós somos o tempo. Já pensou nisso? Todos construímos os nossos momentos e embalamos as nossas histórias nos braços de algo intocável, incontrolável e, por vezes, imensurável. Passa rápido, devagar, não volta, não perdoa e queremos sempre mais. Tempo é vida; a vida é o tempo. Por isso, relaxe e embarque nesse sonho com a gente. Venha aproveitar esses momentos e monte o quebra-cabeças da sua própria história. Deixe a sua mente bailar, no ar, em novos tempos. É tempo de Mocidade!

Sinopse do Enredo

Eu sou o Tempo. Tempo é Vida.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

As batidas do meu coração marcam o compasso no tambor do samba, quando ecoa o apito da partida do trem da vida, nos trilhos do tempo, caminho infinito, riscado no espaço pela cauda de luz da estrela-guia, que cria um vácuo de sonho que a ciência desafia e que invade a morada de Cronos, a antimatéria que brilha, magia, e que se comprime e se expande, se dobra, retrocede e avança, num vai e vem que se esvai e se lança numa viagem louca, do presente ao passado e, numa reviravolta, de volta para o futuro.

Tempo que aqui se define ou que nasce indefinido, num tempo quando o tempo sequer existia no mundo, fruto do Caos, num dado momento, quando o Céu se encontrou com a Terra e concebeu o titã implacável, senhor da razão e do destino, o tempo que se mede desmedindo.

Tempo que a humanidade buscou entender acompanhando a dança dos astros, bailando entre a luz e a treva, dia e noite se repetindo e se reinventado constantemente, luas e marés mutantes, pois nada é igual ao que era antes, antes de tudo mudar. Tempo de florescer, de plantar e de colher, tempo de hibernar e de buscar onde se aquecer, tempo a brotar em épocas, ritos em profusão, oferendas, estações, declarações de fé em solstícios e equinócios, sagrações da primavera em cada alvorecer.

Tempo de descobrir, marcar, calcular. Quanto tempo o tempo tem? Tempos remotos de se observar o Sol a riscar de sombra a haste sobre a terra, horas que se desenham, nas gotas da clepsidra, tempo que orna e transborda. Tempo que ocioso passeia, de cima para baixo, e que se revira nas ampulhetas - o tempo que desliza nas areias, vira-virando o mistério. 397 Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Tempos idos medidos em calendários antigos, civilizações e impérios – apogeu e queda. Tempo que do universo é o regente e que em ciclos se divide no lado de cá do ocidente, envolto em enigmas entre o povo Maia, tempo que se faz serpente. Tempo viril, “yang”, que fecunda as terras do oriente, regando de chuva o seu chão. Tempo que se faz festejado, tão aguardado, tempo mítico dragão.

Tempo que gira perverso: eis que é tempo de inventar o tempo e de se aprisionar dentro dele. Engrenagens em movimento, tic-tac, relógios, máquinas do tempo pra lá e pra cá em um pêndulo. Som das horas a despertar, o galo que já cantou. Tempo que urge, a pressa, é cedo, é tarde, é hora de trabalhar, tempo que corre, dispara, tempo que é dinheiro, aposta, notícia, tempo de vida, o tempo que de fato não para.

Tempo que jaz no tempo, repousado nas camadas de tempos passados. O tempo redescoberto, preservado em museus e livros, frases então reveladas, arquivo do tempo. Tempo que brilha em mentes a frente do próprio tempo e, tal qual uma equação, viaja anos- luz na imensidão. Ciência equilibrada em teorias que em dobras do tempo, faz o longe quase perto e se teletransporta. Ou não? Tempo virtual, memória atemporal que a tecnologia armazena no ar, nas nuvens. O que antes era ficção científica, hoje é realidade. Tempo que se congela estéril na ilha glacial, Aíôn, guardião da eternidade, faz da grande geladeira a nossa herança, a esperança de preservação.

Tempo, indomável tempo, de Kairós, o fragmento, único como o sopro divino, tempo de Deus que não é medido, tempo para ser vivido, sem pressa, sem medo, vida que segue, tempo indesvendável, tempo que é segredo e árvore sagrada.

O toque da inspiração vem num estalo de tempo: a arte se faz imortal e se eterniza na memória, de geração a geração, de voltas e reviravoltas, na tela do carnaval ou em uma explosão de cor no meio desse povo, assim como a nossa escola, que atravessou os trilhos do tempo e se imortalizou na história. Tempos de glórias, descritos por seus poetas nos seus lindos sambas, das paradinhas inesquecíveis, dos seus gênios artistas que lançaram tantas cores nos seus tantos carnavais. Ela, a eterna juventude, Mocidade Independente, que carrega a estrela, que é o cosmo, como emblema, o verde da brotação que se renova e o branco da paz de espírito. É possível parar o tempo na síncope do batuqueiro. Hoje o trem que transporta o futuro, que recuperou o tempo perdido, na vanguarda, redemoinho, acelera e retorna orgulhoso, na certeza de novas conquistas - e conduz a sua gente à mais infinita alegria!

Vira-tempo no templo do samba, eis que chega o nosso momento. Uma voz ecoa na noite: “Vamos lá! A hora é essa!” Coloque a fantasia, ouça o som da bateria.

É tempo de desfilar!

Carnavalesco Alexandre Louzada

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JUSTIFICATIVA DO ENREDO

Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

“Mãos dadas”, Carlos Drummond de Andrade

A humanidade governa o mundo, porque é capaz de tecer uma teia intersubjetiva de significados: leis, forças e entidades, que existem unicamente na imaginação. O poder infinito da mente nos permitiu criar ficções que dão significado a esse mundo. Criamos deuses, corporações, cidades, Impérios; criamos a escrita, o dinheiro e a ideia do tempo.

O tempo, diferente de todos os outros conceitos, é uma das grandes criações humanas, representação que permite apenas aos homens organizar o presente, o passado e o futuro.

Heidegger, em O Ser e o Tempo, lembra que habitamos no horizonte do tempo, herdamos tradições do passado, nos projetamos no futuro, somos moldados na temporalidade. O ser é dependente do tempo, e o fato de sermos criaturas humanas finitas nos traz imensa responsabilidade. Conscientes do fim, devemos buscar, na arte, a autenticidade, a responsabilidade de cada momento vivido.

Nosso desfile é um convite a vencer a temporalidade e guardar, na memória, esse tempo de celebração da vida, precisamos fazer de cada minuto um momento mágico.

Primeiro Setor Tempo Mítico: do Caos a Cronos

Os gregos antigos tratavam o tempo como uma divindade a partir de três conceitos: Cronos, Aíôn e Kairos.

Cronos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim.

Conta Hesíodo, na Teogonia, que, no início, era o caos, um espaço aberto no vazio, um abismo profundo e silencioso.

Da nulidade do caos, nasce Gaia, a terra e Urano, o céu. Juntos, terra e céu geram o tempo, Cronos, o rei dos titãs, deus do tempo inexpugnável, regente de todos os destinos, aquele que tudo devora.

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Como tinha medo de ser destronado por causa de uma maldição de um oráculo, Cronos engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos, exceto Zeus, que Reia conseguiu salvar, enganando Cronos ao enrolar uma pedra em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a troca.

Cronos, o senhor da razão, vai sendo desvelado, decifrado, dividido. Entender e vencê-lo sempre foi um dos maiores desafios da humanidade.

Segundo Setor Primeiros marcadores do tempo: tão natural como a luz do dia

Os povos primitivos sempre veneraram o Sol, anunciador da renovação de cada manhã, responsável direto pela vida na Terra, pelos fenômenos meteorológicos, pelas estações do ano. O Sol e a Lua, “guardiã das marés”, se tornaram os marcadores primordiais do tempo.

Além disso, a sucessão de períodos quentes e frios, intercalados por períodos mais amenos, levou a percepção da existência de um ciclo natural e permanente.

No mundo recente, em que as coisas carecem de nomes, passamos a chamar de primavera a estação da abundância e das flores; de verão, os dias de luz com a festa do sol; de outono, a época das folhas amareladas; e de inverno, o tempo da natureza adormecida.

As civilizações antigas, ao perceberem a dança dos astros, o bailado entre a luz e a treva, o dia e a noite se repetindo constantemente, os ciclos de temperatura variáveis, foram desenvolvendo as primeiras noções de tempo válidas até hoje.

Terceiro setor: Os calendários das civilizações: tempo de plantar e de colher

Os povos antigos, já conscientes das estações do ano, sentiram necessidade de orientar a própria vida em termos econômicos e sociais. Precisavam se preparar para a guerra, oferecer sacrifícios, realizar rituais. Perceberam que era importante demarcar sua história no presente e no futuro e precisavam entender o passado e aprender com ele. Foram criando, cada um a seu tempo e maneira, mecanismos e calendários para se situar na história.

Os dispositivos, para medir o tempo, incialmente utilizavam os recursos naturais do nosso planeta. Provavelmente, o primeiro deles tenha sido o relógio de sol. O fato desse relógio não funcionar à noite fez com que recursos como a clepsidra, um mecanismo movido a água e a ampulheta que é movida a areia, fossem desenvolvidos. A clepsidra, do grego (kleptein), ocultar e (hydôr), água, é um mecanismo movido à força hidráulica que funciona por gravidade, capaz de medir pequenos espaços de tempo.

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Especialistas divergem sobre a organização dos primeiros calendários uma vez que cada civilização se reconhece como a primeira a lançar tal feito. O fato é que, embora se fale de tempo, é difícil afirmar qual civilização “cronologicamente” teve a inciativa de criar o primeiro calendário, haja vista que alguns foram desenvolvidos antes de outros, mas efetivamente só foram adotados por seus povos muito tempo depois.

O consenso é que as civilizações criaram esses projetos baseados na luz do sol ou mesmo articulando a influência da lua a um ano solar. Esses calendários, marcados por uma precisão relativa, e ao mesmo tempo, por um apelo mítico simbólico, eram fundamentais para enquadrar, com rigor, a época do plantio e da colheita.

Os egípcios, por exemplo, elaboraram um calendário baseado no sol, cujo objetivo principal era preparar a terra para a época de plantio nas imediações do Rio Nilo.

Os povos mesopotâmicos, por sua vez, desenvolveram um calendário lunissolar, estruturado a partir da noção do mês lunar com o ano solar. Tal qual o calendário egípcio, a função primordial dos povos da Mesopotâmia era a observação dos períodos da colheita.

Já os chineses elaboraram um calendário lunissolar baseado nas fases da lua e, posteriormente, no ano solar de 12 meses. Pleno de simbolismos, o artefato chinês consagrava o ano do dragão como o momento em que as forças “yin e yang” traziam harmonia para o universo.

Os Maias, por outro lado, criaram um complexo sistema de calendários baseado na lua, no sol e no Planeta Vênus. Extremamente simbólico, nesse calendário, cada mês recebia o nome de um animal, e o tempo era visto de forma circular, ou seja, um evento ocorrido no passado se repetiria ao infinito.

Quarto setor: O Tempo não para: os mecanismos dos tempos modernos

No Renascimento, ocorreram quatro invenções revolucionárias: a bússola, a prensa, a pólvora e o relógio mecânico.

Com as descobertas de Galileu Galilei, os relógios mecânicos, principalmente de pêndulo e de bolso, foram sendo aperfeiçoados e se tornaram símbolo da alta aristocracia que ostentava joias raras para registrar a passagem do tempo.

Várias lendas dão conta do surgimento de diversos tipos de relógio. Contam que, na Alemanha, por volta do século XVII, na região da Floresta Negra, o relógio cuco surge da observação da natureza.

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Um artesão, enquanto fabricava relógios entalhados em carvalho, ouvia os pássaros nativos, sempre cantando no mesmo horário. Por conta disso, ele resolveu usar a imagem do pássaro- cuco saindo do relógio a cada hora exata.

Uma outra lenda dá conta de que Santos Dumont, o pai da aviação, comentou com o amigo Louis Cartier sobre a dificuldade de, em pleno voo, ver seu relógio de bolso. Cartier apresentou uma solução para Santos Dumont, utilizando uma pulseira de couro. Nascia assim o protótipo do relógio de pulso moderno. 1

William Faulkner, escritor americano, em O Som e a Fúria, nos lembra que o relógio, “mausoléu de toda esperança e todo desejo”, deveria ser usado não para lembrarmos o tempo, mas para podermos esquecê-lo de vez em quando; assim, mais tarde, não gastaríamos todo o fôlego, tentando conquistá-lo.

O fato é que vivemos uma vida de urgência constante. Temos todo tempo do mundo, mas não temos tempo para nada. Vivemos apressados, atrasados, aprisionados pelo tempo, nos tornamos escravos de nós mesmos. Nos vangloriamos tanto em estar super ocupados, produzindo muito e sempre, que esquecemos o tempo de paz e de sossego.

Em uma das primeiras cenas de Tempos Modernos, de Chaplin, um relógio gigante serve de alerta a uma sociedade que já não mais observa o tempo de “plantar nem colher”, mas o tempo de produzir incessantemente, tempo que faz do próprio homem nada mais do que um mecanismo de produção.

O Cronos mitológico, que devora seus filhos, simboliza o quanto estamos subjugados a esse senhor da razão, sem tempo para nada, deixando de viver a vida de forma tranquila. Apesar de desenvolvermos tantos mecanismos para dominá-lo, apesar de compreendê-lo cada vez mais, nos tornamos, progressivamente, escravos desse senhor cruel. Mas, existe uma forma de vencê-lo?

Quinto setor: O tempo sagrado: Aíôn -a memória e a eternidade

Com o tempo, Zeus, filho sobrevivente, volta para cumprir a profecia e destrona seu pai Cronos. Zeus é arte e tecnologia - únicas forças capazes de ludibriarem o tempo. Entre seus tantos filhos, Zeus é pai de Aíôn e Kairos. Os dois, netos de Cronos, vão apresentar uma nova dimensão do tempo.

(Nota: Há quem afirme que o relógio de pulso fora criado muitos anos antes na Alemanha, porém concordam que o pai da aviação teve um papel importante na popularização desse tipo de relógio.).

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Aíôn é o tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, é tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, tempo da memória e da eternidade.

Quando Albert Einstein, com sua Teoria da Relatividade, rompe com os padrões estabelecidos de tempo, desconstrói a ideia do tempo linear, cronológico. O tempo para Einstein (passado, presente e futuro) é apenas uma ilusão. O presente serve apenas como ponto de referência para um observador, dependendo de seu movimento. Einstein, como o deus Aíôn, desconstrói, à luz da ciência, a ideia de um tempo delimitado em números, intervalos, horas. O físico nos faz reacessar o tempo com novas perspectivas, o tempo não é necessariamente linear, nem tudo é finito.

Quando uma biblioteca como a da Alexandria consegue, durante anos, manter 700 mil papiros, ela de fato consegue a artimanha de vencer a temporalidade e revitalizar uma história que poderia ter se perdido.

Os museus, tal qual as bibliotecas, ao conservarem um acervo histórico, se convertem também em guardiões da cultura - curadores de um legado que nos aponta caminhos no futuro. A múmia mais antiga da história da humanidade data de 7000 a 8000 mil anos atrás e é atribuída ao povo Chinchorro, da América do Sul. Compreendê-la é ter a chance de vislumbrar uma trajetória quase esquecida, é abrir uma janela no passado e mostrar que o tempo nem sempre tudo destrói - esse é o triunfo de Aíôn sobre Cronos.

A Modernidade aponta novos caminhos para lutar contra a ideia da finitude.

A era digital, assim como as bibliotecas e os museus, armazena informações de uma grandeza incalculável, acredita- se que de forma eterna.

O conceito de computação em nuvem ou nuvem de informação refere-se ao processo de armazenamento de dados, através de serviços que poderão ser acessados de qualquer lugar do mundo. Essa nova ferramenta tecnológica ludibria o tempo que acreditava tudo poder devorar. Um gigantesco armazém fortificado no interior de uma montanha de gelo na Noruega, tal qual uma arca de Noé moderna, armazena todos os tipos de sementes que devem ser conservadas para a preservação da biodiversidade. O Svalbard Global Seed Vault é um bunker que espera proteger a diversidade da flora para as futuras gerações. Recentemente, foram devolvidas as sementes recolhidas em Alleppo para serem replantadas nas regiões afetadas pela guerra da Síria. É a tecnologia lutando contra o tempo para conservação da vida na Terra.

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Sexto setor: A hora é essa - Kairos: o tempo apoteótico

O último filho de Zeus, Kairos, assim como seu avô Cronos e seu irmão Aíôn, também representa as facetas do tempo. Ao contrário de Cronos, personificação do tempo mensurável e de Aíôn, a eternidade e a memória física, Kairos é o tempo subjetivo, o momento oportuno, a centelha de felicidade.

Representado por um atlético jovem com asas nos pés que tinha como principal característica transitar, por todo mundo, em uma velocidade vertiginosa, Kairos tinha um único tufo de cabelo na cabeça - representação da oportunidade a ser agarrada.

Kairos é a hora do beijo, a hora do nascimento, o tempo que não se mede, é presente do futuro e do passado, a lembrança que faz a alegria retornar na imaginação. Sua contraparte no Candomblé, Irôko, o orixá do tempo divino, está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas. Sua representação remete à árvore primordial, primeira dádiva da terra aos homens. Irôko costuma carregar igbas - cabaças responsáveis pela preservação da memória dos fundamentos dos orixás. Para Irôko, a exemplo de Kairós, mais importante que a hora exata é a manifestação e a eternidade do momento.

Por nos fazer esquecer do tempo linear, essas entidades têm o poder de nos transformar em deuses. Kairos é apoteose, hora em que cada um esquece a sua condição e se transforma no que quiser. As religiões chamam de momento kairótico - a lembrança que se cristaliza na memória e traz imediatamente a sensação de felicidade.

Em 1979, a Mocidade Independente de Padre Miguel conquistava seu primeiro título com o enredo “O descobrimento do Brasil”, de Arlindo Rodrigues. A ala representando os navegantes da Escola de Sagres, se tornou um daqueles momentos inesquecíveis. Como esquecer o mar em perfeita harmonia com as cores da Mocidade. Virou lenda, história, momento que desafia o tempo e permanece na memória coletiva.

Muitos outros momentos como esse se cristalizaram nos corações Independentes.

Em 1985, a Mocidade desfilou seu enredo futurista, “ZIRIGUIDUM 2001, um carnaval nas estrelas”, levou o samba para o espaço sideral e fez literalmente o “universo sambar”. O carnavalesco Fernando Pinto trouxe alegorias representando o sistema solar, baianas com asas, capacetes e antenas.

Ovacionada na Praça da Apoteose, a escola de Padre Miguel fechou seu desfile, deixando o público com a certeza de ter realizado uma apresentação histórica. O samba antológico, cantado até hoje por gerações que sequer haviam nascido na época, aponta que, mesmo que tenha passado 34 anos, a emoção desse campeonato é sentida por muitos até hoje. Esse é o tempo de Kairos, não são meses, nem anos, mas o momento mágico e inesquecível do que se viveu! 404

Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Em 1991, a Mocidade, com o enredo sobre as águas, desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Lílian Rabello, lutava pelo bicampeonato. Inebriada pelo “Vira Virou”, outro carnaval antológico do ano anterior, os corações Independentes se emocionaram com a comissão de frente e seus mergulhadores com escafandros em uma evolução que parecia ser feita debaixo d’água. A Alegoria “Planeta Água”, um globo terrestre com um feto boiando no líquido uterino, também marcou a história do carnaval carioca. Foi “uma overdose de alegria, num dilúvio de felicidade”, foi um momento sagrado.

É tempo de concluir...

O tempo cronológico indomável foi sendo decifrado, dividido, compreendido. A tecnologia e a arte, patronas de Zeus, trouxeram novas armas para vencer a finitude. O mito de Aíôn nos ajuda a repensar a memória física seja dos museus, das bibliotecas, das nuvens de informação e dos bunkers com sementes que se propõem a ser guardiões de um legado importante para a humanidade.

O amor, outra arma para vencer o tempo, através de Kairos, nos ensina que existem momentos que se cristalizam na alma e se tornam inesquecíveis. Eles presentificam emoções passadas e nos fazem esquecer as horas.

Cronos tem pressa - 75 minutos para desfilar. Cronos é o início, o meio e o fim. Aíôn é a uma fantasia guardada com carinho, objeto que vence a temporalidade. Kairos é Aladim voando na avenida, é o tempo inesquecível da felicidade, é o coração acelerado, lembranças eternas de um momento mágico!

O desfile da Mocidade nos convida a pensar que, mais do que conquistar o tempo, precisamos ter paz de espírito; mais do que dinheiro, tempo é vida; e um último segredo: “não é contando o tempo, que se ganha a vida, é justamente esquecendo as horas que você se lembra de aproveitar a vida…. e a vida, sim, é mais importante que tudo! Podem acreditar... eu sou o Tempo: tempo é vida!”

André Luís Junior

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ROTEIRO DO DESFILE

Comissão de Frente A MÁQUINA DO TEMPO DO CARNAVAL: “EU CONTO O TEMPO PARA TE VER PASSAR”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Marcinho Siqueira e Cristine Caldas A CENTELHA DIVINA

Ala 01 – Baianas EVOLUÇÃO: NO INÍCIO, ERA CAOS

Alegoria 01 CRONOS: SENHOR DA RAZÃO E SUA FÁBRICA DO TEMPO

Ala 02 – Grupo Performático / Comunidade O SOL E A LUA: O BAILADO DOS ASTROS NO “RAIAR DE UM NOVO DIA”

Ala 03 – Ala Sensação PRIMAVERA: “EU COLHI A FLOR DA IDADE”

Ala 04 – Comunidade VERÃO: “DIA DE LUZ, FESTA DO SOL”

Ala 05 – Ala do Sol OUTONO: TEMPO DE RENOVAÇÃO

Ala 06 – Ala Mostrando Minha Identidade INVERNO: OS ESPÍRITOS DA NATUREZA ADORMECIDA

Destaque de Chão (Musa da Comunidade) Andressa Marinho ESTRELAS DO INFINITO

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Alegoria 02 URANO: NO RAIAR DE UM NOVO DIA, A DANÇA DO UNIVERSO

Ala 07 – Ala Maiorais do Samba CLEPSIDRA: FLUIDEZ DO TEMPO

Ala 08 – Comunidade CALENDÁRIO EGÍPCIO: TEMPO DO SOL

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Jeferson Pereira e Bruna Santos OS ASTROS E A MESOPOTÂMIA

Ala 09 – Comunidade CALENDÁRIO MESOPOTÂMICO: TEMPO DA COLHEITA

Ala 10 – Ala Estrela de Luz CALENDÁRIO CHINÊS: TEMPO QUE TRAZ EQUILÍBRIO

Ala 11 – Comunidade CALENDÁRIO MAIA: ANIMAIS E O TEMPO CÍCLICO

Alegoria 03 CALENDÁRIOS: DEIXA O TEMPO MARCAR

Ala 12 – Comercial RELÓGIOS RENASCENTISTAS: O TEMPO É UMA JOIA RARA

Ala 13 – Comunidade RELÓGIO CUCO: O TEMPO COMO INSPIRAÇÃO DA NATUREZA

Ala 14 – Comunidade SANTOS DUMONT: NOVOS TEMPOS, NOVAS TECNOLOGIAS...

407 Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Destaque de Chão – Musa Tássia Flores NO CAMPASSO DO TEMPO

Ala 15 – Passistas A PRESSA: O TEMPO VOA...

Rainha da Bateria Camila Silva BELA TENTAÇÃO

Ala 16 – Bateria TEMPO É DINHEIRO: VAMOS DAR CORDA NA ALEGRIA

Ala 17 – Comunidade ESCRAVOS DO TEMPO: PRISIONEIROS DE NÓS MESMOS

Ala 18 – Comunidade TEMPOS MODERNOS: O TEMPO QUE NOS CONSOME E NOS DESFIGURA

Alegoria 04 TEMPOS MODERNOS: O CONTRATEMPO DA ILUSÃO

Ala 19 – Ala Impossíveis EINSTEIN: O TEMPO É RELATIVO

Ala 20 – Comunidade BIBLIOTECAS: GUARDIÃS DA CULTURA

Ala 21 – Grupo Performático / Comunidade MÚMIAS E MUSEUS: GUARDIÕES DA ETERNIDADE

Ala 22 – Comunidade MEMÓRIA NAS NUVES: GUARDIÕES MODERNOS DA INFORMAÇÃO 408

Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Ala 23 – Comercial SEMENTES: “RELICÁRIO DA MEMÓRIA” DA BIODIVERSIDADE

Destaque de Chão – Musa Lexa CRISTAL GELADO DA VIDA

Alegoria 05 CONGELANDO O TEMPO: RELICÁRIO DA MEMÓRIA CULTURAL E BIOLÓGICA

Ala 24 – Grupo Performático / Comunidade IRÔKO: O ORIXÁ DO TEMPO DIVINO

Ala 25 – Ala Vivo Mocidade O COSMO E A ESTRELA: A LUZ QUE GUIA UM AMOR ATEMPORAL

Ala 26 – Comunidade MOCIDADE 1979: DESCOBRIMENTO DO BRASIL – “QUEM ME DERA O PONTEIRO VOLTAR”

Ala 27 – Comunidade MOCIDADE 1985: AVANÇANDO NO TEMPO – “TEMPO QUE FAZ A VIDA VIRAR SAUDADE”

Ala 28 – Comunidade MOCIDADE 1991: AS ÁGUAS VÃO ROLAR – “NUNCA É TARDE PARA SONHAR”

Ala 29 – Compositores SEMENADO A POESIA

Alegoria 06 MOCIDADE: NOS TRILHOS DA VIDA

409 Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Alexandre Louzada Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 “CRONOS: SENHOR DA Cronos, rei dos titãs, senhor do tempo, rege os destinos e RAZÃO E SUA FÁBRICA DO tudo transforma. Através de um túnel do tempo, Cronos, TEMPO” em sua cosmogonia, cria as estrelas, símbolo da Mocidade, constelação de nossas vitórias. Pegasus, o cavalo alado da mitologia, símbolo da imortalidade, reforça a fugacidade da vida, mostra que tudo passa, menos o tempo! As engrenagens da alegoria representam a fábrica do tempo: inexpugnável, sequencial, cronológico. Todo Independente tem uma relação com Cronos, traz no peito a marca do tempo, a eterna juventude que se chama Mocidade!

Destaque Central Baixo: Elza Soares Fantasia: Estrela Maior, a Luz que Inebria

Semi-destaques sobre as asas frontais: Mensageiros do Universo

Composições Masculinas: Fabricantes do Tempo

Composições Performáticas nos pêndulos: Fabricantes do Tempo

02 “URANO: NO RAIAR DE UM Urano, o Deus grego do Céu, pai de Cronos, NOVO DIA, A DANÇA DO simbolicamente traz o sol e a terra em suas mãos. UNIVERSO” Os povos primitivos perceberam a dança dos astros e planetas, o bailado entre o dia e a noite, notaram os ciclos de temperatura variáveis. Por conta disso, desenvolveram noções de tempo, válidas até hoje, baseadas na observação da natureza e dos seus fenômenos que se sucedem de forma permanente.

Destaque Central Baixo: Regina Marins Fantasia: Senhora da Via Láctea

Destaque Central Alto: Rodrigo Leocádio Fantasia: Urano, Patriarca do Infinito

Composições: Galáxias

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Alexandre Louzada Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “CALENDÁRIOS: DEIXA O As civilizações antigas sentiram necessidade de TEMPO MARCAR” orientar a vida em comunidade, precisavam se preparar para a colheita, oferecer sacrifícios, realizar rituais. Com objetivo de situar esses povos no tempo, foram criados os primeiros calendários, com forte apelo mítico simbólico, esses mecanismos se baseavam, principalmente, na observação do espaço, no olhar atento à lua e ao sol. Estruturado a partir da conjunção do mês lunar com o ano solar, os sumérios, povos da mesopotâmia, foram um dos precursores na criação dos calendários. Os

Maias, por outro lado, criaram um complexo sistema de calendários simbólicos em que cada mês recebia o nome de um animal. Os chineses, em seu calendário, consagravam o ano do dragão, símbolo da fertilidade, como o momento em que as forças “yin e yang” traziam harmonia para o universo. Marque a data de hoje no seu calendário para você nunca mais esquecer desse dia!

Destaque Central Baixo: Elaine Lima Fantasia: Estrela Fugaz

Destaque Central Alto: Marcos Leroy Fantasia: Tempo Mítico do Dragão – Calendário Chinês

Semi-destaques laterais frontais: Calendário Lunissolar

Composições: Sacerdotes Maias

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Alexandre Louzada Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 “TEMPOS MODERNOS: O Vivemos em uma época de contradições. Temos todo CONTRATEMPO DA tempo do mundo, mas não temos tempo para nada. ILUSÃO” Estamos sempre apressados, atrasados e impacientes. Nos vangloriamos em estar super ocupados, produzindo muito, mas nos esquecemos do tempo do descanso e da paz interior. Depois de inventarmos inúmeros artifícios para poupar o tempo e facilitar nossas vidas, nos tornamos escravos da tecnologia. Como se fôssemos “engolidos” pelas engrenagens, como previsto por Chaplin em Tempos Modernos, permitimos que a automação coloque fim a vários

empregos, ao mesmo tempo que, destruímos as relações pessoais. As gaiolas representam o tempo que nos aprisiona e nos consome. A alegoria nos convida a pensar sobre as ilusões e os contratempos da Modernidade.

Destaque Central Baixo: Leandro Palma Fantasia: Tempos Modernos

Destaque Central Médio: Daiana Soliman Fantasia: Engrenagens do Tempo

Destaque Central Alto: Amaro Fantasia: Desmedido Coração

Semi-destaques laterais: Homens-máquinas

Composições nas gaiolas: Prisioneiros do Tempo

Composições Performáticas: Autômatos

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Alexandre Louzada Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “CONGELANDO O TEMPO: A Modernidade aponta novos caminhos para lutar RELICÁRIO DA MEMÓRIA contra a ideia da finitude. CULTURAL E BIOLÓGICA” Um gigantesco armazém fortificado no interior de uma montanha de gelo na Noruega armazena cópias de documentos importantes do mundo inteiro, além de todos os tipos de sementes que devem ser conservadas para a preservação da biodiversidade. O Svalbard Global é um bunker que espera proteger a memória cultural do mundo e preservar a diversidade da flora para as futuras gerações. Os alces, símbolo Viking da imortalidade, compõem o cenário da Noruega.

É a tecnologia lutando contra o tempo para conservação da vida na Terra, triunfo de Aiôn sobre Cronos.

Destaque Central Médio: Chichita Ballore Fantasia: Congelando para a Eternidade

Destaque Central Alto: Ingrid Marrone Fantasia: Guardiã da Vida

Composições: Aurora Glacial

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo) Alexandre Louzada Nº Nome da Alegoria O que Representa

06 “MOCIDADE: Quem embarca nos trens da estação “Mocidade de NOS TRILHOS DA VIDA” Padre Miguel” sabe que esse espaço mágico, conduz a uma viagem no tempo, travessia que nos leva para além da realidade e nos transforma em deuses da folia. Todo coração Independente sabe que “a hora é essa”, hora de vencer o tempo, resgatar as lembranças guardadas na memória, vivenciar os momentos apoteóticos da escola. Para eternizar esse desfile, a Velha Guarda, representação máxima da tradição e do amor à Mocidade, mesmo “já não caminhando tão depressa” aponta os caminhos rumo à apoteose. Assim, Cronos, aquele que tudo destrói, é ludibriado por kairos, o tempo da lembrança e da felicidade.

Destaque Central Baixo: Tia Nilda Fantasia: Guardando a nossa Identidade

Destaque Central Alto: Rafaela Louzada Fantasia: Relicário Independente

Destaque Central Alto: Roger Linhares (Filho do saudoso Toco) Fantasia: Olha Aí, o Teu Guri

Composições Especiais: Velha-Guarda Fantasia: Eterna Mocidade

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01 Central Baixo: Elza Soares Cantora Fantasia: Estrela Maior, a Luz que Inebria

Alegoria 02 Central Baixo: Regina Marins Empresário Fantasia: Senhora da Via Láctea

Central Alto: Rodrigo Leocádio Hair Stylist Fantasia: Urano, Patriarca do Infinito

Alegoria 03 Central Baixo: Elaine Lima Empresária Fantasia: Estrela Fulgaz

Central Alto: Marcos Leroy Maquiador Fantasia: Tempo Místico do Dragão

Alegoria 04 Central Baixo: Leandro Palma Empresário Fantasia: Tempos Modernos

Central Médio: Daiane Soliman Empresária Fantasia: Engrenagens do Tempo

Central Alto: Amaro Empresário Fantasia: Desmedido Coração

Alegoria 05 Central Baixo: Chichita Ballore Empresária Fantasia: Congelando para a Eternidade

Central Alto: Ingrid Marrone Empresária Fantasia: Guardiã da Vida

Alegoria 06 Central Alto: Tia Nilda Baianada da Mocidade Fantasia: Guardando a Nossa Identidade

415 Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 06 Central Alto: Rafaela Louzada Chef de Cozinha Fantasia: Relicário Independente

Destaque Central Alto: Roger Linhares Cantor Fantasia: Olha Aí, o Teu Guri

Local do Barracão Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 10 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba Diretor Responsável pelo Barracão José Roberto Neri Ramos Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe Vilson Robinho Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe Alex Salvador Alex Salvador Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe Márcio de Oliveira Silva Roosevelt Outros Profissionais e Respectivas Funções

Gabriel Haddad - Projetos Artísticos, Gráficos e Técnicos das Alegorias

Luciano Furtado - Aderecista Chefe

Bolinha e equipe - Laminação e Fibra / Empastelação

Alex Salvador e equipe - Movimento

Tom (Empresa KnowHow) - Iluminação / Efeitos Especiais

Ricardo - Técnico em Segurança de Trabalho

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas) Alexandre Louzada D A D O S S O B R E A S F A N T A S I A S D E A L A S Nome da O que Nome da Responsável Nº Fantasia Representa Ala pela Ala

01 Evolução: No No início era o caos, o vazio Ala das Tia Nilda Início, era Caos primordial anterior à criação. O Baianas Caos cria Gaia, a mãe de Cronos, o (1958) tempo. As baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel representam, simbolicamente, o início de tudo, o momento em que a ordem ainda não havia sido imposta aos elementos do mundo. Tudo era escuro como as trevas, mas em EVOLUÇÃO constante até a criação do mundo.

02 O Sol e a Lua: O Do caos, nasce a luz, o Sol, estrela Grupo Harmonia Bailado dos central do sistema solar, responsável Performático / Astros no “Raiar direto pela vida na terra, pelos Comunidade de um Novo Dia” fenômenos meteorológicos, pelas (1958) estações do ano. O Sol e a Lua, “guardiã das marés”, se tornaram os marcadores primordiais do tempo. As civilizações antigas, ao perceberem a dança dos astros, o bailado entre a luz e a treva, o dia e a noite se repetindo constantemente, foram desenvolvendo as primeiras noções de tempo válidas até hoje.

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03 Primavera: “Eu Primavera, etimologicamente, é o Ala Sensação Waldir Castro Colhi a Flor da primeiro verão, estação da (1973) Idade’ abundância, das flores e das cores. Simbolicamente, é a estação da esperança e da renovação. Os povos antigos, ao observarem a sucessão de períodos quentes e frios, intercalados por períodos mais amenos, desenvolveram a percepção do ciclo das estações do ano. A expressão “completar primaveras” significa fazer aniversário, como afirma nosso samba é “colher a flor da idade”, celebrar a vida

04 Verão: “Dia de A estação da luz, do calor, da vida Comunidade Harmonia Luz, Festa de pulsando. Os dias são mais longos, (1958) Sol” as noites mais curtas. Populações privadas do calor, durante boa parte do ano, festejam o verão como a estação da felicidade e da saúde. Calendários agrícolas, na antiguidade, demarcavam a chegada do verão como uma das datas mais importantes do ano.

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05 Outono: Tempo Outono, estação que sucede o verão, Ala do Sol João Luiz de Renovação as folhas amareladas começam a (2018) cair em sinal de que tudo precisa de renovação, os frutos amadurecem porque tudo está em constante mudança. Em tempos antigos, era época de agradecer pela colheita e se preparar para o inverno que chegaria.

06 Inverno: Os A estação mais fria do ano é a época Ala Mostrando Ale e Espíritos da em que a natureza está adormecida. Minha Marquinho Natureza Os povos antigos usavam os dias de Identidade Adormecida inverno para programar o plantio na (2018) primavera e o tempo de fertilizar o solo. Esses povos invocavam os espíritos da natureza para pedir proteção para os próximos anos.

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07 Clepsidra: A clepsidra ou relógio de água é um Ala Maiorais Valdir Mallet Fluidez do antigo sistema criado pelo homem do Samba Tempo para medir o tempo. Trata-se de um (1963) dispositivo movido à força hidráulica que funciona por gravidade. Embora existam registros de "clepsidra" na história de diversos povos, a origem do termo vem de duas palavras gregas (kleptein – ocultar; e hydôr - água). Acredita- se que os gregos, mais do que criar o mecanismo, foram responsáveis por aperfeiçoar seu funcionamento

durante séculos. A fantasia traz jarros de água em alusão a esse relógio.

08 Calendário Muitos anos antes de Cristo, os Comunidade Harmonia Egípcio: Tempo egípcios desenvolveram uma (1958) do Sol sociedade que nos legou muitos conhecimentos na astronomia e na engenharia. Observando os astros, eles elaboraram um calendário solar composto de 12 meses, cada um com 30 dias. Imagina-se que a razão dos egípcios de criarem tal calendário deva-se à necessidade de se preparar para a época de plantio nas imediações do Rio Nilo.

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09 Calendário Os povos da Mesopotâmia também Comunidade Harmonia Mesopotâmico: sentiram necessidade de organizar a (1958) Tempo da vida, particularmente as atividades Colheita agrícolas, em função do tempo. Por conta disso, desenvolveram um calendário lunissolar, articulando o mês lunar com um ano solar. O calendário era bastante preciso para a época, uma vez que era fundamental não apenas para orientar a vida econômica e social dos povos da Mesopotâmia como também deveria enquadrar, com rigor, a época do plantio e da colheita.

O dourado da fantasia remete ao sol, símbolo sagrado do povo. As outras cores da fantasia fazem referência ao anoitecer já que o calendário era lunissolar.

10 Calendário Calendário lunissolar e astronômico, Ala Estrela de Alexandre Chinês: Tempo baseado nas fases da lua. Luz Abreu que Traz Cada ano recebe o nome de um dos (1988) Equilíbrio 12 animais do horóscopo chinês (galo, cão, porco, rato, búfalo, tigre, gato, dragão, serpente, cavalo, cobra e macaco). A cada 3000 anos, ocorre o ano do Dragão - momento em que a sabedoria chinesa acredita que as energias yin e yang encontram harmonia e a transferem para o universo.

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11 Calendário A Civilização Maia criou um Comunidade Harmonia Maia: Animais e complexo sistema de calendários (1958) o Tempo Cíclico baseado na lua, no sol e no planeta Vênus. O tempo para os Maias era visto de forma circular, de modo que um evento ocorrido no passado se repetiria ao infinito, tal qual as estações do ano. Extremamente simbólico, nesse calendário, cada mês recebia o nome de um animal. A presença de cabeças estilizadas de animais ajuda a compor a fantasia.

12 Relógios O relógio mecânico foi uma das Comercial Harmonia Renascentistas: grandes invenções renascentistas. A (1958) O Tempo é uma partir das descobertas de Galileu Joia Rara Galilei, relógios de pêndulo e de bolso foram sendo aperfeiçoados e se tornaram símbolo da alta aristocracia, como joias raras para registrar a passagem do tempo. Catedrais europeias como Notre- Dame, em Estrasburgo, na Alemanha, ostentam relógios renascentistas ricamente ornados de dourado.

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13 Relógio Cuco: O O relógio cuco surgiu na Alemanha, Comunidade Harmonia Tempo Como por volta do século XVII, na região (1958) Inspiração da da Floresta Negra. Natureza Um artesão, enquanto fabricava relógios entalhados em carvalho, ouvia os pássaros nativos sempre cantando no mesmo horário. Por conta disso, ele resolveu usar a imagem do pássaro-cuco saindo, a cada hora exata, para cantar.

14 Santos Dumont: Conta a lenda que Santos Dumont, o Comunidade Harmonia Novos Tempos, pai da aviação, comentou com o (1958) Novas amigo Louis Cartier sobre a Tecnologias... dificuldade de, em pleno voo, ver seu relógio de bolso. Cartier apresentou uma solução para Santos Dumont: utilizando uma pulseira de couro, fez o protótipo do relógio de pulso moderno.

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15 A Pressa: O Vivemos uma vida de urgência Ala de George Tempo Voa... constante. Temos todo tempo do Passistas Louzada mundo, mas não temos tempo para (1958) nada. Vivemos apressados e atrasados. Os passistas da Mocidade Independente de Padre Miguel representam essa loucura da vida moderna. As engrenagens e os relógios criados para nos ajudar, acabam nos consumindo. As asas da fantasia nos lembram que o tempo voa. Os passistas têm pressa... de ir para o samba e pressa para ver sua escola desfilar com todo tempo do mundo.

16 Tempo é Nos tempos modernos, fomos todos Bateria Mestre Dudu Dinheiro: Vamos transformados em bonequinhos de (1958) Oliveira dar Corda na cordas, robôs que buscam aumentar Alegria a performance do trabalho em menos tempo para gerar mais lucro. Repetimos a máxima “Tempo é dinheiro”, mas esquecemos que tempo é vida. A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel nos alerta para não perdermos o melhor do tempo que é viver com tranquilidade.

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17 Escravos do A mitologia nos lembra que Cronos Comunidade Harmonia Tempo: “devora” seus filhos - essa imagem (1958) Prisioneiros de representa o quanto nos subjugamos Nós Mesmos ao tempo. O homem que se julga livre do jugo da escravidão; discorre sobre a liberdade, muito embora não perceba o quanto é escravizado pelo tempo. Sem tempo para nada, deixamos de viver a vida de forma tranquila; quando nos damos conta, o tempo passou. A fantasia, com correntes gaiolas, elementos de tortura, é a representação da prisão “criada” por

esse senhor inexorável e cruel: o tempo.

18 Tempos Nos tempos modernos, ficamos com Comunidade Harmonia Modernos: O a imagem criada pelo cinema, em (1958) Tempo que Nos que um operário se despersonaliza Consome e Nos em face de uma indústria impiedosa Desfigura que visa apenas ao lucro e faz dele alguém sem rosto, caveira cuja função é trabalhar sempre e vencer o tempo. O mesmo fogo que transforma o aço das fábricas nos desfigura. Ser moderno deveria ser sinônimo de ser humano... o segredo do tempo não está nas horas que passam, mas no tempo que fica...

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19 Einstein: O Contrariando a ideia do tempo Ala Maria Tereza Tempo é linear, cronológico, o físico alemão Impossíveis Relativo Albert Einstein afirma que o (1969) conceito de tempo (passado, presente e futuro) é apenas uma ilusão. Para ele, a ideia de presente só possui significado como ponto de referência para um observador, dependendo de seu movimento. Seguindo as leis da relatividade, acontecimentos, em lugares muito distantes entre si, podem estar no futuro para determinada pessoa, e no passado para outra. Por isso, não faz

sentido dividir o tempo em passado, presente e futuro. Einstein, em nossa perspectiva, personificação do Deus Aíôn, desconstrói a ideia de um tempo contínuo, retilíneo e traz um novo olhar à ideia do tempo. A fantasia brinca com a imagem do físico divertido, cheio de partículas e teorias.

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20 Bibliotecas: Os documentos, os papiros e os Comunidade Harmonia Guardiãs da livros guardados em bibliotecas são (1958) Cultura um registro atemporal que nos ajuda a entender nosso passado e, consequentemente, nos prepara para o futuro. Mesmo antes do advento dos livros, os registros feitos em argila e compilados em bibliotecas antigas ajudaram a compreender as civilizações assíria, babilônica e persa. A Biblioteca de Alexandria, no Egito, por exemplo, chegou a ter 700 mil papiros. Manter a história viva, seja através

de livros ou de documentos, é um dos caminhos para se vencer o tempo.

21 Múmias e Assim como as bibliotecas, os Grupo Harmonia Museus: museus, através de seus acervos, Performático / Guardiões da preservam a história das Comunidade Eternidade civilizações. (1958) Uma múmia, usada aqui como representação do museu, simboliza a eternidade. Atualmente, o mais antigo cadáver humano mumificado (naturalmente) tem cerca de 6000 anos. Seja de forma natural ou não, as múmias representam mais uma artimanha de ludibriar o tempo. Os museus, ao conservarem um acervo histórico, se convertem em guardiões da história. É nesse momento em que Aiôn, o Deus da Eternidade, trapaceia seu avô Cronos!

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22 Memória nas O conceito de computação em Comunidade Harmonia Nuvens: nuvem ou nuvem de informação (1958) Guardiões refere-se ao processo de Modernos da armazenamento de dados através de Informação serviços, que poderão ser acessados de qualquer lugar do mundo. Essa nova ferramenta da era digital, bem como as bibliotecas e os museus, armazena informações de uma grandeza incalculável - acredita- se que de forma eterna. Mais uma vez, a tecnologia ludibria o tempo que pensa tudo poder devorar.

23 Sementes: O Svalbard Global Seed Vault é um Ala Comercial Harmonia “Relicário da gigantesco armazém fortificado no (1958) Memória” da interior de uma montanha de gelos Biodiversidade eternos na Noruega. Nesse bunker, são preservados todos os tipos de sementes, tudo aquilo que deve ser conservado para a preservação da biodiversidade. Como uma “Arca de Noé”, o Global Seed espera proteger a diversidade da flora para as futuras gerações. É a tecnologia lutando contra o tempo para a conservação da vida na Terra.

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24 Irôko: O Orixá Irôko é um orixá cultuado no Grupo Harmonia do Tempo Divino Candomblé do Brasil, ligado à Performático / longevidade, à durabilidade das Comunidade coisas. (1958) A representação desse orixá remete à árvore primordial - primeira dádiva da terra aos homens. Irôko é a própria representação da dimensão do Tempo, tal qual sua contraparte mitológica Kairós, ele é o tempo divino, infinito, tempo da oportunidade. Irôko tem como arma o ferro que

aponta as direções do tempo. A fantasia apresenta a palha, símbolo da resistência e cabaças, conhecidas como igbás, responsáveis pela preservação da memória dos fundamentos dos orixás.

25 O Cosmo e a Cosmo - do grego antigo Ala Vivo Marcos Estrela: A Luz organização, harmonia - é termo que Mocidade Vinícius que Guia um designa o universo em seu conjunto. (2008) Amor Atemporal Pitágoras, o primeiro a utilizar o vocábulo, entendia o cosmo como Universo, se referindo ao firmamento de estrelas. Nosso universo é Independente, guiado pela estrela de luz. Nossa paixão eterna e atemporal é a Mocidade, capaz de gerar um amor que vai além do tempo. Esse é o momento simbólico de encontro entre o Tempo e a Mocidade Independente de Padre Miguel.

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26 Mocidade 1979: Tem momentos que desafiam o Comunidade Harmonia Descobrimento tempo e permanecem na memória (1958) do Brasil- coletiva. Em 1979, a Mocidade “Quem me Dera Independente de Padre Miguel o Ponteiro conquistava seu primeiro título com Voltar” o enredo “O descobrimento do Brasil”, de Arlindo Rodrigues. A ala estilizada representa os navegantes da Escola de Sagres. Esse foi um daqueles momentos inesquecíveis - o mar e as cores da Mocidade entraram em perfeita sintonia. Virou lenda, história, recordação! Vitória de Kairós, o tempo inesquecível da felicidade sobre Cronos, o tempo mensurado.

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27 Mocidade 1985: Quando a Mocidade, em 1985, Comunidade Marcos Avançando no desfilou seu enredo futurista, (1958) Vinícius Tempo- “Tempo “Ziriguidum 2001 - um carnaval que Faz a Vida nas estrelas”, levou o samba para o Virar Saudade” espaço sideral e fez literalmente “o universo sambar”. O carnavalesco Fernando Pinto trouxe alegorias representando o sistema solar, baianas com asas, capacetes e antenas. Ovacionada na Praça da Apoteose, a escola de Padre Miguel fechou seu desfile, deixando o público com a certeza de ter realizado uma apresentação histórica. O samba antológico é cantado até hoje por gerações que sequer haviam nascido na época. Trinta e quatro anos se passaram. Não tem tempo que apague a emoção desse campeonato. A fantasia faz uma releitura desse carnaval e nos lembra que Kairós vai muito além do tempo em si, ele é momento mágico e inesquecível do que se viveu!

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Fantasias

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28 Mocidade 1991: O enredo sobre as águas, Comunidade Harmonia As Águas vão desenvolvido pelos carnavalescos (1958) Rolar - “Nunca é Renato Lage e Lílian Rabello, quase Tarde para 30 anos depois, ainda arranca Sonhar” suspiros daqueles que se lembram da comissão de frente com mergulhadores e seus escafandros cuja evolução fazia todos acreditarem que eles estavam debaixo d’água. Tentáculos de polvo compõem o clima do mar. Foi “uma overdose de alegria, num dilúvio de felicidade”, a fantasia faz uma releitura desse momento “sagrado”, inesquecível.

29 Semeando a Um enredo sobre o tempo presta sua Ala dos Domenil Poesia devida homenagem àqueles que, Compositores “semeando a poesia”, fazem, dos (1958) sambas, verdadeiras obras de arte. Os compositores, através de obras magistrais, são capazes de ludibriar Cronos, vencer a temporalidade e emocionar gerações. Se o tempo é o compositor do destino, esses poetas encantam nossas vidas e trazem na alma a Identidade Independente. Os grandes nomes da escola são lembrados na fantasia dos compositores.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier Rua Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 10 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba Diretor Responsável pelo Atelier Anderson Alves Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe Dailze de Fátima Anderson Alves, Bruno Marques, João Ramiro, Guilherme Ferreira, Murilo Moura, Leandro de Souza e Layone Ventura Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe Anderson Alves, Bruno Marques, João Ramiro, Sr. José Guilherme Ferreira, Murilo Moura, Leandro de Souza, Layone Ventura. Outros Profissionais e Respectivas Funções

Bill Oliveira - Arte Finalista dos Figurinos

Alexandre Abreu - Arame

Alex Salvador e equipe - Pintura de Arte

João Carlos - Placas de Acetato

William - Espuma

Outras informações julgadas necessárias

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Jefinho Rodrigues, Diego Nicolau, Marquinho Índio, Jonas Enredo Marques, Richard Valença, Roni Pitstop, Orlando Ambrósio e Cabeça do Ajax Presidente da Ala dos Compositores Domenil Santos Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade) 110 Nilton da Caranga Richard Valença (cento e dez) 75 anos 26 anos Outras informações julgadas necessárias

Olha lá, menino tempo Tenho tanto pra contar Era eu guri pequeno Pés descalços, meu lugar Quando um “toco” de verso (ôôô) Semeou a poesia (ê laiá)

Eu colhi a flor da idade Vi na minha mocidade O raiar de um novo dia

Baila no vento, deia o tempo marcar Nas viradas dessa vida vou seguir meu caminhar Ah! Quem me dera o ponteiro voltar E reencontrar o mestre na Avenida

Desmedido coração No contratempo dessa ilusão Ora machuca, ora “cura dor” Do meu destino, compositor Tempo que faz a vida virar saudade Guarda minha identidade Independente relicário da memória Padre Miguel, o teu guri já não caminha tão depressa Mas nunca é tarde pra sonhar Vamos lá, a hora é essa!

Senhor da razão, a luz que me guia Nos trilos da vida, escolhi amar Estrela maior, a luz que inebria Eu conto o tempo pra te ver passar

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Outras informações julgadas necessárias

JUSTIFICTIVA DO SAMBA-ENREDO

A MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL, em 2019, se debruça sobre o tempo: seu tempo, nosso tempo.

Os gregos antigos tratavam o tempo como uma divindade a partir de três conceitos: Cronos, Aiôn e Kairós.

Cronos refere-se ao tempo cronológico, sequencial, mensurado, associado ao movimento linear da vida.

O narrador do samba, já tendo vivido muito tempo, olha para dentro de si, “guri pequeno, pés descalços”, se lembra e se reencontra com sua Mocidade - sua paixão, amor que nem o tempo poderá apagar.

Esse narrador da Velha Guarda revisita sua memória:

OLHA LÁ, MENINO TEMPO TENHO TANTO PRA CONTAR ERA EU, GURI PEQUENO PÉS DESCALÇOS, MEU LUGAR QUANDO UM “TOCO” DE VERSO (ÔÔÔ) SEMEOU A POESIA (Ê LAIÁ) EU COLHI A FLOR DA IDADE VI NA MINHA MOCIDADE O RAIAR DE UM NOVO DIA

As palavras “toco”, “semear”, “colher a flor”, “raiar de um novo dia” remetem à natureza, ao ciclo da vida, às estações do ano, ao tempo de plantar e colher.

No meio dessas palavras que brotam, mais do que demarcar o tempo cronológico, que passa e tudo transforma, a expressão “toco de verso” é referência e homenagem àquele que marcou a história da Mocidade, ANTÔNIO DO ESPÍRITO SANTO, o TOCO, artífice das palavras, exímio compositor da escola.

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BAILA NO VENTO, DEIXA O TEMPO MARCAR NAS VIRADAS DESSA VIDA, VOU SEGUIR MEU CAMINHAR DESMEDIDO CORAÇÃO NO CONTRATEMPO DESSA ILUSÃO ORA MACHUCA, ORA “CURA DOR” DO MEU DESTINO, COMPOSITOR

Como todos nós, dependentes dos relógios que MARCAM O TEMPO, dos PONTEIROS que controlam nossas vidas e nos aprisionam NO CONTRATEMPO DA ILUSÃO, o narrador, NAS VIRADAS DA VIDA, SEGUINDO O SEU CAMINHAR, reflete sobre esse “Deus titânico”, tempo que, como o VENTO, leva, traz, ORA MACHUCA, ORA “CURA DOR” *.

É o tempo que compõe, traz ritmo, faz e desfaz nossas histórias... do nosso destino é o “compositor”. Quando chega a saudade, a mitologia nos apresenta Aiôn, neto de Cronos, tempo da eternidade, arte que faz a vida não se perder nas páginas do tempo.

TEMPO QUE FAZ A VIDA VIRAR SAUDADE GUARDA MINHA IDENTIDADE INDEPENDENTE RELICÁRIO DA MEMÓRIA

Vencer o tempo cronológico através dos museus, das bibliotecas, das nuvens de informação ou dos bunkers, que guardam as sementes para serem plantadas no futuro, como O Svalbard Global Seed Vault da Noruega *¹, é um artifício para preservar identidades “em relicários da memória, arte de vencer o tempo físico e buscar a eternidade através da tecnologia.

Nesse ir e vir, obviamente nosso narrador se refere, com muita frequência, à sua Mocidade, e seu desejo de voltar no tempo, ouvir as paradinhas do Mestre André.

AH! QUEM ME DERA O PONTEIRO VOLTAR E REENCONTRAR O MESTRE NA AVENIDA

O samba, que se inicia com o “menino tempo” e termina com o “senhor da razão”, mostra que o tempo, mais do que companheiro da travessia, é a própria vida; e vivê-la com qualidade deveria ser nosso maior ensinamento.

Nosso narrador “Velha Guarda” dialoga com Padre Miguel, aqui transformado em uma das personificações do tempo, aquele que se assenhora de nossa emoção e de nossa razão. Reconhecer que o tempo não para é perceber não apenas que o “guri já não caminha tão depressa”, mas saber que permanecemos jovens enquanto tivermos a capacidade de sonhar.

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Outras informações julgadas necessárias

PADRE MIGUEL, O TEU GURI JÁ NÃO CAMINHA TÃO DEPRESSA MAS NUNCA É TARDE PRA SONHAR VAMOS LÁ, A HORA É ESSA

Como no grito de guerra “Independente”, nos damos conta de que “a hora é essa” Mocidade, hora de vencer o tempo, de resgatar as lembranças da “estrela maior, dessa paixão que inebria”. Vivenciar os momentos apoteóticos da escola, eternizar cada desfile magistral é o triunfo de Kairós, deus do tempo oportuno, sobre Cronos.

Cada um que embarca nos trens da estação “Mocidade de Padre Miguel” sabe que é conduzido, NOS TRILHOS DA VIDA, por uma LUZ QUE GUIA - viagem real, viagem no tempo, travessia que nos leva para além da realidade e, por algumas horas, nos transforma em deuses da folia.

A Mocidade, este ano, escolheu, mais do que horas, contar o Tempo, um enredo sobre as infinitas facetas desse Senhor da razão, tempo de plantar e colher, tempo que aprisiona nos ponteiros do relógio, mas, sobretudo, tempo de esquecer as horas e viver a felicidade. Contamos as histórias do tempo para revivermos nossa história, proporcionar o encontro entre a infância e a maturidade através do olhar da Mocidade.

Tempo é vida... Dá tempo de ser feliz! A hora é essa!

EU CONTO O TEMPO PRA TE VER PASSAR... MOCIDADE

OBSERVAÇÕES:

* O termo “cura dor” evidencia o poder do tempo em solucionar conflitos e trazer tranquilidade. Por outro lado, “curador “se refere a tudo aquilo que tem o poder de cuidar, preservar e manter algo. No recorte do enredo, o tempo, através dos netos de Cronos, Aiôn guardião da eternidade física e Kairos, guardião dos momentos felizes, é capaz de preservar fatos, objetos ou lembranças e nos fazer ver que nem tudo é finito. O tempo se comporta logo como curador.

*¹ Svalbard Global Seed Vault é um gigantesco armazém fortificado no interior de uma montanha de gelo eterno, na Noruega. Nesse bunker, são preservados todos os tipos de sementes, tudo aquilo que deve ser conservado para a preservação da biodiversidade.

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Bateria

Diretor Geral de Bateria Mestre Dudu Oliveira Outros Diretores de Bateria Alan, Gom, Bixo, Eugênio, Hebert, Leandro, Milton e Lázaro Total de Componentes da Bateria 265 (duzentos e sessenta e cinco) componentes NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS 1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá 13 13 14 0 0 Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique 82 0 36 0 36 Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho 1 10 24 0 36 Outras informações julgadas necessárias

Rainha da Bateria – Camila Silva Fantasia: Bela Tentação

Nossa rainha Camila Silva representa a tentação da humanidade em busca de riquezas. Em harmonia com a fantasia da bateria, “Tempo é dinheiro”, demonstra a cobiça do ser humano em apreciar cada vez mais riquezas conquistadas e/ou invejadas no dia-a-dia. “Deveríamos nos preocupar mais em guardar as boas lembranças e não apenas em acumular dinheiro” - é o recado de nossa Rainha!

Justificativa da Fantasia da Bateria Fantasia: Tempo é Dinheiro: Vamos dar Corda na Alegria

Nos tempos modernos, fomos todos transformados em bonequinhos de cordas, robôs que buscam aumentar a performance do trabalho em menos tempo para gerar mais lucro. Repetimos a máxima “Tempo é dinheiro”, mas esquecemos que tempo é vida. A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel nos alerta para não perdermos o melhor do tempo que é viver com tranquilidade.

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Harmonia

Diretor Geral de Harmonia Wallace Capoeira Outros Diretores de Harmonia Dino Madeira, Alemão e Sandro Total de Componentes da Direção de Harmonia 52 (cinquenta e dois) componentes Puxador(es) do Samba-Enredo Wander Pires Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo Diretor Musical e Cavaco – André Félix Violão – Rafael Paiva Cavaco – Leandro Paiva e Jota Junior Percussão – Celso do Pandeiro Outras informações julgadas necessárias

Apoio – Carro de Som (Voz): • Roni Caetano • Rodrigo Santos • Benson • Valdir Junior • Débora Cruz • Viviane Santos • Milena Wainer

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Evolução

Diretor Geral de Evolução Marco Antonio Marino Outros Diretores de Evolução Wallace Capoeira e Gabriel Azevedo Total de Componentes da Direção de Evolução 53 (cinquenta e três) componentes Principais Passistas Femininos Luanda Araújo e Raquel Oliveira Principais Passistas Masculinos Michel Rhuim e Brayan Laurind Outras informações julgadas necessárias

Coordenador da Ala de Passistas – George Louzada

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Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval Marco Antonio Marino Diretor Geral de Carnaval Marco Antonio Marino Outros Diretores de Carnaval - Responsável pela Ala das Crianças - Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos Ala das Crianças - - - Responsável pela Ala das Baianas Tia Nilda Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade) 80 Edméia Fonseca Gleice Borges (oitenta) 82 anos 28 anos Responsável pela Velha-Guarda Hermano Mulato (Seu Mulato) Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade) 65 Maria Emília Fábio Coelho (sessenta e cinco) 90 anos 42 anos Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.) Camila Silva (Modelo e Atriz), Lexa (Cantora), Maria Borges (Modelo Internacional) e Elza Soares (Cantora) Outras informações julgadas necessárias

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Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente Jorge Texeira e Saulo Finelon Coreógrafo(a) e Diretor(a) Jorge Texeira e Saulo Finelon Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos Comissão de Frente 15 * * (quinze) Outras informações julgadas necessárias

* OBS.: O corpo de baile da comissão de frente é composto por 21 bailarinos (15 componentes masculinos e 06 componentes femininos).

Em todas as apresentações teremos somente 15 componentes aparentes, ou seja, os demais estarão dentro do Elemento Cenográfico.

Representação da Comissão de Frente

A máquina do tempo do Carnaval: “eu conto o tempo para te ver passar” Tempo, tempo, tempo. Há tempo de plantar, tempo de colher, tempo de sambar e de viver, tempo de sonhar. Nos devaneios, o cientista, um misto de carnavalesco e sambista, sonha com uma máquina singular que faça “avançar no tempo” e também “o ponteiro voltar”.

Que máquina é essa que traz o passado diante dos olhos? Que mecanismo é esse que traz lembranças da Mocidade, “nos trilhos da vida”, na travessia de Padre Miguel até os palcos do mundo? E agora avançamos no tempo, o que vemos? Homens ou carros? Máquinas para homens ou homens máquina?

A Comissão de Frente da Mocidade Independente de Padre Miguel encena uma viagem de reencontro com o passado até a previsão de um futuro em que, cada vez mais, o homem vai perdendo a autonomia e se aproximando da automação.

A apresentação nos convida a revisitar o passado e repensar os contratempos do futuro. Não queremos ser máquinas, queremos continuar estrelas, Independentes e cheios de luz. A Mocidade, em 2019, conta a história do tempo, o embate do homem com Cronos, o deus que tudo destrói.

Nessa caminhada, a escola reencontra sua própria história, relicário da memória. Todo Independente já traz no peito a marca da temporalidade, no nome, a eterna juventude: Mocidade! O carnaval é nossa máquina do tempo, magia que nos faz avançar, retroceder, nos faz rever, prever e viver a história de forma plena.

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Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Jorge Texeira é formado em Educação Artística, pela Faculdade de Formação Profissional Integrada, e em Música, pela Escola de Música Villa-Lobos. Iniciou na dança, em 1987, na Escola de Dança Hortência Mollo. Diretor Artístico da Cia. Brasileira de Ballet e Fundador do Conservatório Brasileiro de Dança e da ONG Ciranda Carioca, Jorge Texeira se destaca ao utilizar metodologia própria de ensino, o que lhe rendeu prêmios, como: “Moção de Congratulações”, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro; “Melhor Espetáculo” e “Menção Honrosa”, pela Prefeitura de Cabo Frio; “Moção Aplauso”, pela Prefeitura do Carmo; “Prêmio Cultura Nota 10”, pela Secretária de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro; “Prêmio Dedicación”, pelo XIII Certamen Internacional de Danzas, “Danzamérica 2007”, na Argentina; “Prêmio de Melhor Maitre”, pelo V Fest Dance 3; Prêmio “Especial de Melhor Grupo”, em 2008 e 2009, no Festival de Dança de Joinville. Atuou como professor convidado de companhias profissionais, como: Studio de Ballet Tatiana Leskova, Cia. de Ballet da Cidade de Niterói, Cia. de Dança, Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e Ballet Nacional Dell Sódre (Montevidéu); prestou consultoria e supervisão de cursos de ballet clássico nas escolas: Ballet da Ilha de Vila Velha, Espírito Santo; Escola de Dança da Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, Minas Gerais; Escola Municipal de Bailados de Ourinhos, Ourinhos, São Paulo. Hoje atua como Diretor Artístico e Pedagógico da Escola Municipal de Bailados de Ourinhos e é professor/ensaiador convidado do Ballet Nacional de Sodré, em Montevidéu, Uruguai, sob a direção de Julio Bocca. Tem sido premiado com seus alunos nos principais festivais de dança do mundo, tais como: Youth América Grand Prix, New York, EUA; Prix de Lausanne, Suiça; International Ballet Competition, Beijing, China; New York Ballet Competition, EUA; Mônaco Danse Fórum, Mônaco; USA/IBC International Ballet Competition, Jackson. Orgulha-se de ter formado bailarinos que atuam em grandes companhias, pelas Américas e Europa. Desde 2007, assina como coreógrafo a Comissão de Frente de Escolas de Samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, atualmente no G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel. No ano de 2011, recebeu o Prêmio Plumas e Paetês, pela Melhor Comissão de Frente do Grupo B do Carnaval Carioca.

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Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Saulo Finelon iniciou seus estudos de ballet, em 1994, na Escola de Danças Maria Olenewa. Ingressou no Grupo Thalhe, em 1995, passando a ter aulas com o professor Jorge Texeira. Em 1996, foi aprovado para a Cia de Ballet da Cidade de Niterói, onde atuou como solista do ballet “Caminhada”, do coreógrafo Rodrigo Moreira. Em 1997, foi aprovado em audição pública para o Corpo de Baile do TMRJ, atuando como solista em vários espetáculos, tais como “Suíte em Blanc”, de Lifar; “Divertssments No 5”, de Ballanchine; “Les Pressages”, de Massine; “Daphinis e Cloé” de Fokine; “Amigos de Copélia”, de Henrique Martinez. Ensaiou sob a orientação de Jean Yves Lourmaux (etóile da Ópera de Paris), então diretor do TMRJ, o primeiro papel de Príncipe Desirée, do ballet “A Bela Adormecida”, de Marius Petipa. Em 2001, atuou como solista em: “As Quatro Estações”, com música de Verdi e coreografia de Gustavo Malojoli; “A Megera Domada”, de John Cankro, no papel de Inocêncio; “O Quebra-Nozes”, de Dallal Achcar. Integra o elenco da Cia Brasileira de Ballet como bailarino convidado, desde a sua reestreia, em 2001. Em 2002, foi aprovado como Bailarino Estatutário do TMRJ. A partir de 2003, passou a atuar como assistente/ensaiador do professor Jorge Texeira, nas companhias de Ballet da Escola Petite Danse e na Cia Brasileira de Ballet. Atuou como assessor artístico do Conservatório Brasileiro de Dança, desde a sua inauguração, em 2007, até 2011. Desde 2004, é modelo exclusivo das grifes internacionais de artigos de dança e fitness “Só Dança”, “Kerche&Kerche” e “Trinys”, atuando como bailarino/modelo em desfiles do evento “Fashion Rio”. No filme “A Dona da História”, de Daniel Filho, dançou com as atrizes Débora Falabella e Fernanda Lima. Nos anos de 2008, 2009 e 2010, participou, como bailarino convidado da Cia. Brasileira de Ballet, de diversas turnês internacionais, pelas seguintes cidades: Mônaco, Miami e Nova York (EUA), Beijing (China) e Córdoba (Argentina). Desde 2007, é assistente do coreógrafo Jorge Texeira, nas coreografias Comissão de Frente de Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, como Portela, Grande Rio e, atualmente, para a Mocidade Independente de Padre Miguel. No ano de 2011, recebeu o Prêmio Plumas e Paetês, pela Melhor Comissão de Frente do Grupo B do Carnaval Carioca.

OBS: Jorge Teixeira e Saulo Finelon são os coreógrafos campeões do carnaval carioca de 2017 com a Mocidade Independente. Foram os criadores da coreografia que embalou o voo mágico do Aladdin pela Sapucaí!

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade Marcinho Siqueira 26 anos 1ª Porta-Bandeira Idade Cristiane Caldas 34 anos 2º Mestre-Sala Idade Jeferson Pereira 21 anos 2ª Porta-Bandeira Idade Bruna Santos 21 anos Outras informações julgadas necessárias

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Nome da Fantasia: A Centelha Divina

Criação do Figurino: Alexandre Louzada

Confecção: Atelier Aquarela Carioca

Representação: O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel representa a centelha divina, encontro cósmico de partículas, momento em que todas as forças favoráveis do universo se reuniram para tornar possível a realidade. A ciência chamou esse fenômeno de Big Bang; a religião, de Deus; a mitologia, de Cosmogonia. Simbolizando o milagre da vida, o encontro atemporal que cria o universo, nosso casal encena a explosão cósmica, a concepção do mundo.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Nome da Fantasia: Os Astros e a Mesopotâmia

Criação do Figurino: Alexandre Louzada

Confecção: Murilo Moura

Representação: O segundo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel representa a importância dos astros para a sociedade mesopotâmica. A astrologia, como conhecemos hoje, é tributária dos povos que habitaram essa região. A construção do conceito de tempo está ligada diretamente a essa paixão em observar o céu e tentar entender seus mistérios. O sol e a Lua, serviram de inspiração para que esses povos desenvolvessem um dos primeiros calendários do mundo, com 12 meses, 30 dias, algo bastante preciso para época. O roxo, símbolo do poder entre os povos da Mesopotâmia, na fantasia, também representa o anoitecer. O dourado, representação para o sol, também compõe a fantasia.

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