Um Estudo Sobre As Representações Da Escravidão No Romance O Mulato, De Aluísio Azevedo

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Um Estudo Sobre As Representações Da Escravidão No Romance O Mulato, De Aluísio Azevedo UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA LEUDJANE MICHELLE VIEGAS DINIZ NAS LINHAS DA LITERATURA: um estudo sobre as representações da escravidão no romance O mulato, de Aluísio Azevedo UBERLÂNDIA 2008 1 LEUDJANE MICHELLE VIEGAS DINIZ NAS LINHAS DA LITERATURA: um estudo sobre as representações da escravidão no romance O mulato, de Aluísio Azevedo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. Orientadora: Prof. Drª Luciene Lehmkuuhl UBERLÂNDIA 2008 2 LEUDJANE MICHELLE VIEGAS DINIZ NAS LINHAS DA LITERATURA: um estudo sobre as representações da escravidão no romance O mulato, de Aluísio Azevedo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Prof. Drª Luciene Lehmkuhl – Orientadora (UFU) _____________________________________________ Prof. Drª Joana Luíza Muylaert de Araújo (UFU) _______________________________________________ Prof. Drª Maria Aparecida Resende Mota (UFRJ) 3 Os historiadores (e, de outra maneira, também os poetas) têm como ofício alguma coisa que é parte da vida de todos: destrinchar o entrelaçamento de verdadeiro, falso e fictício que é a trama do nosso estar no mundo. (Carlo Ginzburg. O fio e os rastros) 4 AGRADECIMENTOS Elaborar uma dissertação é tarefa difícil, ainda mais quando temos que “deixar” pessoas que amamos, o lugar que tem a nossas raízes e colocar os medos, os livros e os sonhos numa mala de viagem e embarcar rumo ao desconhecido. Esse percurso, que poderia ser bem mais complicado, foi facilitado pelo amor e pela atenção de muitas pessoas que, de acordo com as suas possibilidades, me ajudaram neste trabalho. Desse modo, mesmo sabendo que esta lista comportaria muito mais nomes, queria fazer alguns agradecimentos em especial. A Deus, por me fazer ver sentido na vida para além de qualquer dificuldade enfrentada. Ao meu pai, Walteneres, à minha mãe, Goretti, e à minha irmã, ou melhor, meu anjo da guarda, Lídia. Obrigada pelo apoio financeiro, afetivo e principalmente por acreditarem na escolha profissional que fiz, independentemente das compensações monetárias que ela possa proporcionar. Obrigada por aturarem, com a mesma atenção e o mesmo amor, minhas horas de estresse e alegria com esta dissertação. A vocês dedico a felicidade que sinto por terminar este trabalho, porque só vocês sabem verdadeiramente o que ele significa na minha trajetória de vida. A todos os demais membros da minha família, em especial: ao vovô Antônio, que, mesmo sem estudo escolar, escreveu lindos cordéis; à vovó Lourença, que vive me contando como preto antigamente apanhava de relho, e sempre dizendo “mímica tu é uma escrivona”; e ao meu tio Zé Branco, a quem sou grata por tudo que só ele sabe, principalmente pelas ligações que me fez quando eu estava em Uberlândia, as quais me causavam muita alegria. E por tratar de família, estendo estes agradecimentos à família que ganhei em Uberlândia: dona Dalva, seu Divino e especialmente à Marna, por ter me aceito em sua casa, pela companhia agradabilíssima, pelas horas de conversa, por me arrumar para ir aos encontros, pela amizade sincera. À minha querida orientadora, Luciene, agradeço pelo zelo profissional, atenção, preocupação e carinho que destinou a esta dissertação. Muito obrigada por ser uma profissional competente, e por dar suas idéias sem impô-las aos seus orientandos. Obrigada por simplesmente me mostrar caminhos e deixar que eu tivesse personalidade e compromisso ao fazer minhas próprias escolhas. Obrigada pela amizade pessoal e profissional construída. 5 Aos professores do Programa de Pós-Graduação da UFU, especialmente: ao Adalberto, pelas agradáveis reflexões feitas ao longo da disciplina ministrada; à Kátia, pelas colocações pertinentes feitas na banca de qualificação; à Maria Clara, pelo posicionamento crítico sobre este trabalho, na disciplina Seminário de Pesquisa; e à Lúcia Pascoal Guimarães (UERJ) pela ajuda na pesquisa nos arquivos cariocas. À professora Maria Aparecida Mota, por ter solicitamente aceitado participar da banca examinadora deste trabalho, bem como à professora Joana Muylaert, não só pelo aceite ao convite para participar da qualificação e da defesa, como principalmente pelas suas envolventes aulas, que muito contribuíram para aumentar o meu amor pela literatura e a minha responsabilidade no uso de textos literários como fontes de pesquisa. Aos professores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), instituição em que conclui minha graduação, por realizarem seu trabalho com vontade de fazer um curso de História cada vez melhor, acreditando no potencial de seus alunos. Agradeço especialmente à professora Elidacy, orientadora do meu trabalho monográfico e pessoa fundamental na elaboração do meu projeto de mestrado. Ao querido Márcio, pelo companheirismo, carinho e incentivo, principalmente, no difícil momento da qualificação. Aos meus amigos e irmãos da época do Santa Teresa – Ruth, Elaile, Patrícia, Carlinhos, Otávio e Yuri –, por terem chorado comigo quando não passei no vestibular para História, por comemorarem quando consegui passar, pela presença na defesa da minha monografia, pela comemoração quando fui aprovada na seleção para este mestrado, por me aturar anos falando de escravo... Enfim, por gostarem de mim do jeito que eu sou. A Vera, por ter sonhado este mestrado junto comigo, por ter me apresentado pessoas maravilhosas em Uberlândia e por sempre se mostrar feliz e interessada quando eu ligava para dizer que tinha terminado um capítulo. Aos meus amigos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Cristiane, Fabiana, Gilmar, Juliana, Tadeu, Roberta e Luciana –, pelas discussões historiográficas e principalmente pela amizade, que espero ter continuidade. A todos aqueles que tiverem interesse em ler este trabalho. 6 RESUMO No decorrer deste trabalho, discuto, a partir da relação história / literatura, as representações da escravidão presentes no romance O mulato, de Aluísio Azevedo. Analiso como a escravidão e os sujeitos a ela ligados são representados num momento em que os intelectuais, pensando em novas bases para a nação, problematizavam a sociedade em que viviam, articulando de modo complexo a discussão positivista, que legitimava seus discursos num padrão que não inviabilizasse o desenvolvimento de um projeto de nação, tendo em vista a miscigenação da população. Para esse estudo, dialogo com diferentes documentações: jornais, livros de memórias, cartas e principalmente a própria obra O mulato. Evidencio diferentes edições do texto, em especial a primeira, por apresentar elementos fundamentais para o entendimento da repercussão causada pelo livro, sobretudo a crítica à escravidão contida nessa edição e que assume proporções diversas nas edições posteriores. Palavras-chave: história – literatura – representações – escravidão. 7 ABSTRACT Throughout this paper, departing from the relation between history and literature, I discuss the representations of slavery present in the novel O mulato, by Aluísio Azevedo. I analyze how slavery and the subjects linked to it are represented in a moment when the intellectuals, thinking of new bases for the nation, inquired the society in which they lived, articulating in a complex way the positivist discussion, which legitimated their discourses in a pattern that could no make it impossible the development of a project of nation, considering the miscegenation of the population. For this study, I dialog with different documentations: newspapers, memory books, letters and mainly the very work O mulato. I evidence different editions of the text, especially the first one, which presents fundamental elements for the understanding of the book repercussion, particularly the critic to slavery in that edition, which assumes different proportions in the subsequent editions. Key-words: history – literature – representations – slavery. 8 LISTAS DE FIGURAS Fig.1 – Aluízio Azevedo. Fotografia, p&b. O mulato. 1. ed. Maranhão: Typografia do Paiz, 1881. In: MÉRIAN, Jean-Yves. Aluísio Azevedo, vida e obra: 1857-1915. Rio de Janeiro: Ed. Espaço e Tempo / Banco Sudameris-Brasil; Brasília: INL, 1988. p.181................................................................................................................................21 Fig. 2- AZEVEDO, Aluísio. Manuscrito de O mulato. (Acervo da Academia Brasileira de Letras - RJ)..................................................................................................................57 Fig. 3 - Echos da rua. O Pensador. São Luís, 10 de abr. 1881. p.3................................99 Fig. 4- NASCIMENTO, João Afonso. O que elles deviam ser ... O que elles são... Caricatura, p&b. A Flecha, 1879. p.3...........................................................................107 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................10 CAPÍTULO I – Aluísio e o público de literatura na São Luís oitocentista.......................................................................................................................21 1.1 Possibilidades e limites de leitura na “Atenas brasileira”.........................................22 1.2 O naturalismo e O mulato: a vontade de verdade impregnando o romance...........................................................................................................................35
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  • Apresentação Ao Livro Rui Barbosa E a Queima Dos Arquivos*
    Fundação Casa de Rui Barbosa www.casaruibarbosa.gov.br Apresentação ao livro Rui Barbosa e a queima dos arquivos* Francisco de Assis Barbosa IRREFLEXÃO, LEVIANDADE OU ALEIVOSIA - EIS O TRÍPTICO da malévola e reiterada acusação a Rui Barbosa em torno dos arquivos da escravidão, que de resto jamais existiram. O ato que mandou queimar todos os papéis, livros de matrícula e documentos relativos a escravos nas repartições do Ministério da Fazenda teve por finalidade eliminar os comprovantes de natureza fiscal que pudessem ser utilizados pelos ex-senhores para pleitear a indenização junto ao governo da República, já que a Lei de 13 de Maio de 1888 havia declarado extinta a escravidão, sem reconhecer o direito de propriedade servil. Nem poderia fazê-lo. O próprio Rui Barbosa, dissertando a respeito, deixara bem claro esse ponto, ao relatar o projeto da emancipação do elemento servil em 1884: "O princípio da indenização ficara repudiado para sempre, e rotos com ele os famosos títulos de senhorio da raça branca sobre a negra. Essa intuição iluminou em um relâmpago o futuro, e travou a pugna entre o ódio e a esperança"1. Assim, o ato de Rui Barbosa * Rui Barbosa e a Queima dos Arquivos. Américo Jacobina Lacombe, Eduardo Silva e Francisco de Assis Barbosa. Brasília: Ministério da Justiça; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1988, p. 11-26. 1 Obras Completas de Rui Barbosa. Vol. XIII, 1886. Tomo II, p. 288. Fundação Casa de Rui Barbosa www.casaruibarbosa.gov.br deve ser examinado à luz da mentalidade da época e das circunstâncias políticas que o cercaram, sem o que não estaríamos fazendo história.
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