Volume I Volume
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Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I VOLUME O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2009 1 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ - UENP CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – PDE CADERNO PEDAGÓGICO LITERATURA E TECNOLOGIA Organizadores: Ana Paula Regonatti Helena Aparecida Batista Maria do Carmo Martins Alves Vanderléia da Silva Oliveira CORNÉLIO PROCÓPIO – PARANÁ 2010 2 APRESENTAÇÃO A leitura da literatura faz-se urgente em sala de aula e é necessária para que os alunos leiam o texto de forma significativa, posto que a obra literária amplia horizontes e exerce uma função social. Também é fato corrente que, atualmente, os jovens têm uma carga enorme de incentivos para o conhecimento do mundo internet, televisão, cinema, revistas, para citar apenas alguns - os quais quase sempre trazem um conhecimento superficial. Somado a isso, eles trazem de casa um desinteresse pelas atividades mais trabalhosas para a construção do conhecimento, motivadas por fatores como a falta de hábito e valorização dessas atividades no lar, além de outras questões sociais. Assim, fica a escola com toda a responsabilidade pelo desenvolvimento de tais atividades. Todavia, os professores, muitas vezes, têm dificuldades em desenvolver esses trabalhos, em função dos fatos apontados e também por causa de uma carência em sua formação. Diante desta breve consideração, três professoras vinculadas ao PDE- 2009 aceitaram a proposta de formular uma produção didática, no formato caderno pedagógico, com o tema norteador Literatura e tecnologia, de modo a atender a uma das etapas do programa de formação. Assim, cerca de um ano após iniciado nosso primeiro contato, elas apresentam o material desenvolvido, que propõe a abordagem do texto literário articulada a diversos recursos midiáticos, numa perspectiva de relação entre a produção literária e a tecnologia disponível para que o professor fomente leitura em sala de aula. Trata-se de uma proposta que entende os recursos midiáticos – mídia impressa, eletrônica e digital – como instrumentos capazes de oferecer ao professor possibilidades pedagógicas, a partir da devida seleção destas mídias e dos conteúdos a serem abordados. Portanto, a certeza de que as escolas estão sendo equipadas com vários recursos tecnológicos (TV, vídeo, TV multimídia, rádio, projetores, computadores, acesso à internet, laboratórios de informática etc.) e que é necessário incorporar estas tecnologias ao currículo e às práticas em sala de aula, motivou as autoras a buscarem um repertório teórico-prático que apontassem caminhos para integrarem estes recursos à leitura de obras literárias. É inegável que os meios de comunicação, em conjunto com a informática sofreram avanços consideráveis no final do século XX, o que resultou na atualidade em tecnologias da informação e comunicação (as chamadas TIC), que superam expectativas, fornecendo ao professor múltiplas possibilidades em suas práticas educacionais. Aqui, as 3 professoras deram ênfase no uso do meio digital, da TV e do cinema, ao lado de estratégias em sala de aula no trato com o texto oral, escrito, visual, sempre a partir da leitura literária. É preciso esclarecer que não houve preocupação em discutir a polêmica em torno do chamado fim da literatura e do livro impresso, do domínio do e-book, dos hipertextos, dos suportes de publicação e, sobretudo, de autoria, produção e recepção literária na rede. O destaque se dá na questão metodológica, ou seja, o de como lidar com a leitura literária na escola, num momento em que nossos alunos se voltam para a predominância de uma sociedade marcadamente visual e digital. Neste sentido, as três unidades partem da abordagem do texto literário, apontando modos de sistematizar práticas de leitura e escrita, amparadas por suportes denominados tecnológicos. O tema Literatura e tecnologia, portanto, sugere o trabalho com texto literário, particularmente os gêneros crônica, conto e romance, a fim de indicar caminhos para uma sistematização da leitura literária em sala de aula que seja capaz de gerar leitores críticos e reflexivos, além de bons produtores de textos. No percurso da produção deste caderno, destaco que as autoras fizeram abordagens teóricas sobre conceito de leitura, sobre literatura e suas funções, vinculando- as ao espaço escolar, além de investigação sobre gêneros textuais e metodologias de ensino. Do mesmo modo, foram respeitados os princípios norteadores estabelecidos pelas Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica, do Paraná, tendo em vista o desejo de que este caderno possa servir de apoio aos docentes da rede básica que se interessam por propostas reais de letramento literário. Ao final, o resultado evidencia três unidades que se complementam. Na primeira delas, intitulada Gênero crônica e a utilização de recursos tecnológicos: uma proposta de uso de blogs e wikis para dar visibilidade à produção da escrita na escola, o leitor encontrará uma resposta para as indagações de Helena assim resumidas: “Vivemos numa sociedade de múltiplas linguagens e de ferramentas várias de escrita e leitura, mecanismos que nos levam a pensar: Como ensinar a ler e escrever neste contexto? Que tipo de habilidade deve ser implementada e estimulada na escola?”. A resposta para estas indagações, a autora revela a partir de uma unidade em que não apenas elege o gênero crônica como objeto de trabalho, mas também demonstra ao professor que o aluno deve escrever para muitos interlocutores e a Wiki e o Blog são caminhos para esta produção. Para os avessos à rede e a era da Web, a autora ainda instrui dando os passos para lidar com estes instrumentos, evidenciando que podemos sim transitar com facilidade e desenvoltura nos mesmos ambientes que nossos alunos o que, certamente, também nos insere no mundo deles. 4 Na sequência, Maria do Carmo, denominando sua unidade de Televisão e literatura: nos bastidores da fantasia, se pergunta: “O grande desafio do professor de Língua Portuguesa, nos dias atuais, é a tarefa de formar leitores. Afinal, quem forma o leitor? Como se forma um leitor? Que meios utilizar para formar leitores?”. Ao fazer estas perguntas, busca respostas nas chamadas produções de cultura de massa, as telenovelas, tentando compreendê-las para também compreender o gosto dos alunos. Nesta dinâmica, propõe atividade de leitura que os levem a compreender a estética do texto literário, considerando que “somente eles e por meio deles é possível discutir ideias, valores, atitudes, ideologias, modos de ver e sentir as pessoas e suas relações consigo e com o mundo”. Para isso, tece interessante retrospectiva sobre o chamado romance-folhetim amplamente produzido no século XIX, praticamente precursores das telenovelas, e sobre a teledramaturgia brasileira do século XX. Ao final, investe num trabalho de leitura que sistematiza a chamada sequência expandida, proposta por Cosson, em Letramento Literário (2006), sugerindo várias atividades utilizando-se de recursos midiáticos. Ana Paula, por sua vez, investe numa proposta que utiliza o método recepcional proposto por Bordini e Aguiar (1993), na unidade denominada Leitura literária em sala de aula: experiência com o método recepcional e recursos tecnológicos. A autora, “acreditando que o professor de Literatura deve agir como mediador entre o leitor e a obra literária, influenciando na formação de leitores críticos e competentes”, propõe o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas para a leitura de textos literários. Ela se apoia, nas práticas sugeridas, em recursos tecnológicos presentes no espaço escolar, mas muitas vezes subutilizados. Adotando a temática da “morte”, ela apresenta uma sistematização que envolve vários gêneros textuais e várias possibilidades de leitura e produção de texto. No conjunto, as três unidades apresentam a mesma preocupação: a de fomentar a leitura literária de modo diferenciado, ou seja, distanciada de uma perspectiva diacrônica e sem sistematização e propósito. É preciso entender que a literatura, pelo seu potencial humanizador, é rico instrumento para compor um acervo cultural amplo e sólido de nossos alunos. Em vista disso, fazer uso da tecnologia em sala de aula para abordagens de leitura literária significa “atualizar” o ensino de literatura, lançando mão de recursos que aproximem e estimulem o aluno, dando sentido às práticas de leitura e escrita. É com este desejo que a presente produção foi concebida. Boa leitura! 5 Vanderléia da Silva Oliveira Professora orientadora 6 UNIDADE 2 TELEVISÃO E LITERATURA: NOS BASTIDORES DA FANTASIA Maria do Carmo Martins Alves 7 1. CONVERSA COM O PROFESSOR O grande desafio do professor de Língua Portuguesa, nos dias atuais, é a tarefa de formar leitores. Afinal, quem forma o leitor? Como se forma um leitor? Que meios utilizar para formar leitores? A leitura que se faz na decifração de códigos, leis, decretos, atas, manuais de instruções, registros, receitas e outros é aquela necessária à sobrevivência. Mas e a leitura literária? Sabemos das exigências para a atuação da juventude na sociedade. Conhecemos os recursos utilizados para seleção e o quanto são segregadores e discriminatórios. Todavia, também entendemos que estes jovens que hoje ocupam os bancos escolares, o fazem por orientação dos pais e por acreditarem ser por meio da escola o caminho mais seguro e de maior credibilidade que conhecem. Está aí a grande responsabilidade do professor. Estamos