Crianças Brincando Na Rua E Em Uma Pré-Escola Na Cidade Da Praia (Cabo Verde)
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO CULTURAS INFANTIS: CRIANÇAS BRINCANDO NA RUA E EM UMA PRÉ-ESCOLA NA CIDADE DA PRAIA (CABO VERDE) Autora: Dijanira Noemy Vieira Lopes dos Santos Orientadora: Profª. Dra. Ana Lúcia Goulart de Faria Campinas – SP 2010 iii © by Dijanira Noemy Vieira Lopes dos Santos, 2010. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade de Educação/UNICAMP Bibliotecário: Rosemary Passos – CRB-8ª/5751 Santos, Dijanira Noemy Lopes dos. Sa59c Culturas infantis: crianças brincando na rua e em uma pré-escola na cidade da Praia (Cabo Verde) / Dijanira Noemy Lopes dos Santos. -- Campinas, SP: [s.n.], 2010. Orientador: Ana Lúcia Goulart de Faria. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. 1. Brincadeiras. 2. Jardim de infância. 3. Infâncias. 4. Língua crioulo - Cabo Verde. 5. África. I. Faria, Ana Lúcia Goulart de. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título. 10-270 /BFE Título em inglês: Peer culture in the early years: children playing on the street and at a preschool in Praia City (Cape Verde) Keywords: Play; Kindergarten; Childhood; Creole language – Cape Verde; Africa Área de concentração: Ciências Sociais na Educação Titulação: Mestre em Educação Banca examinadora: Profª. Drª. Ana Lúcia Goulart de Faria (Orientadora) Profª. Drª. Tizuko Morchida Kishimoto Profª. Drª. Cristina Bruzzo Profª. Drª. Dulce Maria Pompeu de Camargo Profª. Drª. Maria Carolina Bovério Galzerani Data da defesa : 03/12/2010 Programa de pós-graduação : Educação e-mail : [email protected] DEDICATÓRIA Pa nhas mininus, nôs pikinóti: Tiago , Silas , Isaque , Dara e Ismael . v AGRADECIMENTOS À Prof.ª Ana Lúcia Goulart de Faria pelo interesse pelo meu projeto e por orientá-lo, por ter pos- sibilitado que, em seu nome, o FAEPEX disponibilizasse verba para minha viagem a Cabo Ver- de, sem a qual seria difícil a coleta de dados. Ao CNPQ pela bolsa que permitiu o mestrado. À Mara por ler as partes desta dissertação, desde a qualificação com carinho, soube colocar as sugestões que enriqueceram e ajudaram a nortear o trabalho; também á Rosali, Fabiana, Peterson e Marta cujas contribuições foram importantes no seu delineamento e conclusão. A todas do gru- po de pesquisa em Educação Infantil, filiado ao GEPEDISC, coordenado pela Prof.ª Dra. Ana Lúcia G. Faria. Às professoras Dulce Camargo, Cristina Bruzzo e Tizuko Kishimoto pelas contribuições no exa- me da qualificação e defesa. Meu apreço às entrevistadas e aos entrevistados: Berta Mendes, Nha Dunda, Ernestina Brito, Fá- tima Bettencourt, Prof.ª Lina, Terezinha Araújo, José Pedro Graça, e Tomé Varela da Silva. Em especial, às nossas crianças e suas mães nos bairros de Ponta D´Água, Várzea, Brasil e do Jardim “Sementes de Girassol” na Várzea que se deixaram observar do seu jeito, pelo tempo que me dispensaram e com alegria participaram encenando brincadeiras e dando informações. Igualmente, destaco pessoas que com morabéza , em conversas informais, deram-me informações importantes que se encontram nesse estudo, dentre elas destaco: Senhorinha Vaz, Humberto Lima (IIPC), Manuel António (IIPC), Dulce Pires e Carlina (Instituto Pedagógico da Praia), Zinha Monteiro, Francisco Monteiro, Filomena (Jardim Semente de Girassol), Augusto (Câmara Muni- cipal da Praia), Daniel Lopes, Amilton Lopes, Lenira Garcia, Ada Vieira Lopes, Virginia Vieira Lopes, Loyde Cabral, Eliana Graça, Noémia Santos, Euclides Santos, Cleonice Cabral, Teté A- lhinho, Lionilda Sá Nogueira (Universidade de Cabo Verde), Alcinda (Biblioteca Nacional de Cabo Verde), Olivinho (Rádio Educativa) e Júlia Nha Iva. vi RESUMO Este estudo etnográfico teve como propósito a observação e reflexão sobre as brincadeiras de crianças nas ruas, como também as realizadas no cotidiano de um jardim infantil na cidade da Praia, capital de Cabo Verde - África. A pertinência deste estudo se insere no coletivo de produ- ções acadêmicas com criticas ao colonialismo, que vem sendo empreendidas no Brasil e em nível internacional sobre infâncias e crianças, pequenas e grandes, fundamentadas nos referenciais teó- ricos da Sociologia da Infância na busca incessante de notar as crianças como sujeitos de direito, produtoras de cultura, e protagonistas da construção social, histórica e cultural. A pesquisa en- volveu crianças de diversas idades, com enfoque para as de zero a seis anos. Dentre os procedi- mentos metodológicos adotados para análises constam: documentos escritos, entre eles, poemas e textos literários, no intuito de compreender a infância caboverdiana a partir das múltiplas repre- sentações sociais; entrevistas (história oral) com homens e mulheres caboverdianos sobre suas infâncias; observações nos espaços da rua e de um jardim de infância, para devidas anotações no caderno de campo; e imagens fotográficas e filmagens. Ao longo da investigação foi possível observar que a rua constitui-se também como espaço de educação, onde crianças de idades dife- rentes interagem reproduzindo, inventando, imitando e produzindo as culturas infantis. Essas ações se entrecruzam com o pertencimento de origem – língua materna (crioulo caboverdiano), música, gastronomia, dança, contexto geográfico, e outros artefatos ressignificados num encontro entre o novo e o legado deixado por gerações anteriores. Com isso verifica-se que culturas infan- tis denotam uma hibridação nas diversas formas em que meninos e meninas apropriam-se de re- pertórios de brinquedos e brincadeiras, universalmente conhecidos. A rua torna-se, então, um dos lugares privilegiado de socialização de crianças pequenas em Cabo Verde, estejam elas partici- pando ou não, de jogos e de brincadeiras na interação com os pares, crianças maiores e adultos, e também, sozinhas. A presença de crianças com menos de seis anos, bebês, confirmou a hipótese inicial de que elas estariam na rua, ainda que no colo de alguém. O espaço da rua, de acordo com a pesquisa, se evidencia como espaço da resistência para os pequenos que por vezes, em jogos e brincadeiras são preteridos pelas crianças maiores em virtude da idade, tamanho ou destreza físi- ca, mas que nem por isso deixam de usufruir desse espaço. Com relação ao jardim de infância, a pesquisa revelou que, com crianças dos quatro aos cinco anos, a cultura se manifesta na constru- ção de ações com significados partilhados, mesmo sob o controle dos adultos, demonstrando a coexistência de relações de poder, conflitos, solidariedade entre os pares nas suas reproduções e criações. Em suma, é possível, a partir deste estudo na África, afirmar concordando com pesqui- sas realizadas em outros continentes, que é na produção das culturas infantis que as crianças entre elas, e com os adultos e adultas formulam e mostram sua interpretação da sociedade que as cer- cam. Palavras-chave: Brincadeiras, Jardim de Infância, Infâncias, Língua Crioulo - Cabo Verde, África vii ABSTRACT The purpose of this ethnographic study is to observe and reflect on the games that are played by children in the streets, as well as those played in a kindergarten in Praia, capital city of Cape Verde, Africa. The pertinence of this study is based on the group of academic productions that criticize the colonialism that has been carried out in Brazil, and around the world, related to childhood and children, young or older, based on theoretical references of Sociology of Child- hood in the continuous search to identify the children as right-holders, who produce culture and who play a leading role in social, historical, and cultural construction. This survey has included children of different ages, especially those between zero and six years old. The methodological procedures adopted for the analysis are: written documents such as poems and literary texts, in order to understand Cape Verdean childhood from the several social representations; interviews (oral history) with Cape Verdean women and men about their childhood; observations in the street and in a kindergarten, written down in the notebook; and pictures and films. Throughout the survey, it was possible to observe that the streets are also an educational place where children of different ages can interact, reproduce, create, imitate, and produce childhood cultures. These actions cross mutually with original belonging – mother tongue (cape Verdean creole), music, gastronomy, dance, geographical context, and other re-significant artefacts where new things meets the legacy of past generations. Therefore, it is possible to verify that childhood cultures denote an interbreeding in the different ways that girls and boys catch hold of the universally known repertories of toys and plays. The street becomes a privileged place for young children socialization in Cape Verde, even participating or not, a place of games and plays, a place to in- teract with the partners, older children and adults, and also alone. The presence of children under six (babies) has confirmed the initial hypothesis: that they would be in the streets, even carried by someone else. According to the survey, the street is a place of resistance for those small ones that sometimes are excluded by older children due to their age, height, or physical skill. However this does not stop them from enjoying this space. With regard to kindergarten, the survey has proved that, in relation to children between four and five years old, the culture is revealed in the con- struction of actions with shared meanings, even when controlled by adults, revealing the co- existence of relations of