Um registro do que aconteceu nos 20 anos de Sambas de Enredo na Passarela do Samba

01 UMA DELIRANTE CONFUSÃO FABULÍSTICA • 2005 Josimar • Evaldo Ruy • Jorge Artur • P.C. • Jorginho

Era uma vez... Histórias escritas com arte E um sorriso de criança faz a gente acreditar... E de todas as partes contou no Brasil Era uma vez... O Sítio não tem fronteiras Em um mundo encantado, se prepare pra sonhar... Abrindo as porteiras pra imaginação Contos de fadas, rainhas e reis... Dona Benta recebe encantada Roupas que o povo não pode enxergar O povo dos contos de fadas Os sapatinhos dançando sozinhos Numa delirante confusão Um rouxinol a cantar Sereia menina, a bailarina... A turma do Sítio apronta Universo criado por um sonhador A Imperatriz faz de conta E o menino venceu a pobreza Emília cantando assim E fez da arte a linda princesa Vem viajar nessa história Com quem viveu grande amor É só dizer pirlimpimpim

Pega a viola, o repentista Conta em versos que o grande artista Da Dinamarca voou, foi além Como um cisne altaneiro Hans Christian Andersen

Foi Monteiro Lobato Um mestre de fato da literatura infantil NEM TODO PIRATA TEM A PERNA-DE-PAU, O OLHO DE VIDRO 02 E A CARA DE MAU • 2003 Darcy Nascimento • Brandãozinho da Imperatriz • Rubens Napoleão • Jorge Rita

(Cobiça...) (E hoje) Cobiça de ouro Hoje, a coisa ficou preta Madeira, pedra e animais (animais) Muito preta e com razão São faces do primórdio da História Pirata se queixando de pirata Que a Imperatriz refaz (no tempo) De terno e gravata na televisão Foi-se o tempo, longe está Pirateando CD, até a fé Pirataria de além-mar (de além-mar) O comércio e a nação Vejam só a covardia Parte dessa tirania Mas hoje eu quero ser Era destinada aos reis (aos reis, aos reis) Pirata do prazer Os corsários portugueses Dançando um baile com você Franceses, ingleses, holandeses Tudo que era saqueado Vem, meu amor, vem me beijar Protegido era levado Hoje eu tô que tô, e você tá que tá Ao domínio da Nação Vem, meu amor, vem me beijar Beijo escondido pra ninguém clonar Nem todo pirata tem a perna-de-pau Olho de vidro e a cara de mau! 03 GOYTACAZES... TUPY OR NOT TUPY, IN A SOUTH AMERICAN WAY! • 2002 Marquinho Lessa • Guga • Tuninho Professor

(Em Campos...) (Qual é?) Campos... Terra dos índios Goytacazes Macunaíma com Zé Pereira São ferozes, são vorazes É índio, é negro, é imperador Vida de antropofagia Mais tarde, essa mistura brasileira Na Europa, a notícia rolava A Tropicália originou Homem branco se assustava Tem Iracema em Ipanema, alegria geral Índio come gente... Quem diria! Eu sou também Carmen Miranda no meu Carnaval Um dia, com fome de amor... Ô, ô, ô, ô Nosso herói se apaixonou (Hoje o couro vai comer...) Um momento de magia Hoje o couro vai comer Peri beijou Ceci... Ao som do Guarani Auê, Imperatriz... Auê, auê Um gesto de brasilidade Nossa tribo canta meu país Com o tempo, um novo índio se vestiu de ousadia Pra valer Num ritual de liberdade

(E deu...) E deu tupy, or not tupy Eis a visão do artista Nessa nação tupiniquim Índio virou um anarquista CANA-CAIANA, CANA-ROXA, CANA FITA, CANA PRETA, AMARELA, PERNAMBUCO... 04 QUERO VER DESCER O SUCO, NA PANCADA DO GANZÁ! • 2001 Marquinho Lessa • Guga • Tuninho Professor

Cana-caiana Tem Carlos Cachaça, não leve a mal A cultura que o árabe propagou Taí verde-e-rosa em meu Carnaval... Apesar dos cruzados plantarem (Vem provar minha cachaça) A cana na Europa não vingou Mas conta a História que em Veneza Vem provar minha cachaça, amor, ô, ô, ô, ô O açúcar foi pra mesa da nobreza O sabor é verde-e-branco Virou negócio no Brasil, trazida de além-mar Passa a régua e dá pro santo E, nesta terra, o que se planta dá Que a Imperatriz chegou Gira o engenho pra sinhô, Bahia faz girar E, em Pernambuco, o escravo vai cantar

(Quero vê) Quero vê descê o suco até melá Na pancada doce do ganzá

Pinga... Olha a cana virando aguardente No mercado do ouro atraente Paraty espalhou a bebida Pra garimpar, birita tem Na Inconfidência foi preferida Pra festejar, o que é que tem? QUEM DESCOBRIU O BRASIL, FOI SEU CABRAL, NO DIA 22 DE 05 ABRIL, DOIS MESES DEPOIS DO CARNAVAL • 2000 Marquinho Lessa • Amaurizão • Guga • Chopinho • Tuninho Professor

Terra à vista! (Que terra) O grito de conquista do descobridor Terra... Abençoada de encantos mil A ordem do rei é navegar De Vera Cruz, de Santa Cruz... Brasil E monopolizar riquezas de além-mar Iluminada é a nossa terra Partiram caravelas de Lisboa O branco, o negro e o índio Com o desejo de comercializar As especiarias da Índia No encontro, a origem da Nação E o ouro da África (e aí) E hoje, a minha escola é toda raça Convida a "massa" e canta a nossa história Mas, depois, o rumo se modificou São 500 anos vivos na memória Olhos no horizonte, um sinal surgiu De luta, esperança, amor e paz Em 22 de abril, quando ele avistou Se encantou Eu quero é mais Viver feliz, oi (Tão linda) Sambando com a Imperatriz Tão linda, tão bela! Paraíso tropical Foi seu Cabral quem descobriu o Brasil Dois meses depois do Carnaval BRASIL, MOSTRA A SUA CARA EM... “THEATRUM RERUM 06 NATURALIUM BRASILIAE” • 1 9 9 9 César Som Livre • Waltinho Honorato • João Estevam • Eduardo Medrado

Ela, a Imperatriz na passarela Nobreza, beleza É samba, é arte, é linda tela Tem arte nesse teu cantar Vem colorindo o Carnaval Quem ouve, logo diz Sonhava Nassau Meu sonho é ser feliz Com uma Holanda tropical Pra sempre e sempre mais E nesse sonho ele então pediu Quero te ver, Brasil (quero te ver, Brasil) O samba é raiz Se raiz é História Brasil, mostra a sua cara Bate forte, bateria Sua beleza em forma rara No balanço e na alegria Esse seu jeito de viver (quero te ver, Brasil) Da Imperatriz

Artistas pintando flores, florestas Retratam paisagens em festa... E animais Homens felizes vivendo nas matas Imagens do meu país

As obras são imortais O tempo não apagou E a mão do destino traz Envolvidas em jóias musicais 07 QUASE NO ANO 2000 • 1998 Preto Jóia • Flavinho • Darcy do Nascimento • Guga

Vou viajar nas previsões Lá se vai mais um milênio, amor Do homem sonhador A devastação dói demais Que pensou voar, cruzar o mar Proteção para os mananciais Nas asas da imaginação Pras matas e os animais Fez o tempo avançar no tempo Através da criação E o futuro, então De máquinas sem sentimento Virá com mais vigor Que funcionam quando ele põe a mão Se a nossa terra Mas o homem que previa, ô, ô, ô... For tratada com amor Esqueceu a ecologia, ô, ô, ô... A natureza, o ar É novo tempo, é bom pensar A terra azul e o mar É tempo, amor, de libertar Fez o universo acordar O sentimento e a terra preservar

Robô, roubou a festa O cinema deu visão Imaginando o que seria A nova civilização (foi ilusão) 08 EU SOU DA LIRA, NÃO POSSO NEGAR... • 1997 Zé Katimba • Chopinho • Amaurizão • Tuninho Professor

Eu sou da lira, não posso negar (Ah, mulher) Preparei o ano inteiro Ah, mulher guerreira Versos para ofertar Solta os grilhões! Ah! Esse enredo delirante "Corta Jaca", que eu quero ver Um momento emocionante Repenica pra remexer Lindamente popular Tem cavaco e violão Eu quero cantar! O Rio de tempos atrás E a minha Escola Chiquinha escreveu Vai cantando esse refrão Em notas musicais Lalaiá, lalauê! Vem liberar, vem amar Imperatriz fazendo um baile Fazer a festa Pra você É a magia do teatro e dos salões

Piano me diz quem é A pioneira? Piano me diz quem é A maxixeira? "Rosa de Ouro" Nunca foi de brincadeira IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE HONROSAMENTE APRESENTA: 09 “LEOPOLDINA, A IMPERATRIZ DO BRASIL” • 1996 Jurandir • Dominguinhos do Estácio • Demarco • Carlinhos China

Atravessou o mar E de lá pra cá Temendo a invasão a Portugal Só céu e mar... E esperança Desembarcando aqui, toda a família real Do Eldorado encontrar O paraíso... E bonança O tempo passou D. Pedro precisava se casar (E ao chegar) E foi da Áustria, a escolhida E ao chegar, o seu olhar se encantou Carolina Josefa Leopoldina Linda aurora, fauna e flora Revela o amor por esse chão Clareia, Viena E a Pedro, impele em carta Num raro espetáculo de cor Independência da nossa nação (lá vem raiz) Pela vontade do rei Marialva, o marquês Ô, ô, ô, lá vem raiz A Europa deslumbrou A Leopoldina é Imperatriz É Carnaval, é samba verdadeiro Viena clareia Eu me orgulho de ser brasileiro O noivado se realizou Diamantes são presentes Junto a um rico medalhão Que fascina Leopoldina Que casa por procuração (de lá pra cá) MAIS VALE UM JEGUE QUE ME CARREGUE, QUE UM CAMELO QUE 10 ME DERRUBE LÁ NO CEARÁ • 1995 Eduardo Medrado • João Estevam • Waltinho Honorato • César Som Livre

Ecoam pelo ar O jegue escondido na História Estórias de tesouros escondidos Ajuda o sertanejo a tocar seu dia-a-dia Sou poeta da canção Trabalha, ara a terra sob o sol E embarco nesse sonho encantado E leva o fardo pesado Vou com destino ao Ceará De um povo sofredor Em busca de um novo Eldorado Mais vale a simplicidade (Eu levo) A buscar mil novidades Levo comigo a ciência E criar complicação Do país, a sapiência Esquecendo o bom e o útil Tudo eu quero relatar Renegar o que é nosso Nessa expedição bem brasileira Gera insatisfação Chegam mouros e camelos Não precisa se assustar O sertão não é só lamento Meu momento é aqui Balançou, não deu certo, não Faço a festa e lavo a alma Pois não passou de ilusão Hoje na Sapucaí Eles trouxeram o balanço do deserto Mas não é o gingado certo Pra cruzar o nosso chão 11 CATARINA DE MÉDICIS NA CORTE DOS TUPINAMBÔS E TABAJERES • 1994 Márcio André • Alvinho • Aranha • Alexandre da Imperatriz

Hoje, vou colorir toda a cidade Deu o tom de igualdade De alma pintada eu vou Fraternité, liberté Sou da corte a fantasia Trago o "novo mundo" de esplendor Sou índio, sou forte A magia da floresta levei Sou filho da sorte, sou natural Enfeitando esta festa cheguei Sou guerreiro Puro na emoção, simples na paixão Sou a luz da liberdade, Carnaval Sonho e poesia em ruão

Mon amour c'est si beau! Esse jogo, essa dança Tabajer, tupinambôs

E lá nas margens do Sena O Brasil, a imagem De nudez e coragem Índios, marujos, enfim Misturavam-se assim Na mais linda paisagem E a platéia no bis Com a Imperatriz a delirar Na França, o bom selvagem 12 MARQUÊS QUE É MARQUÊS, DO SASSARICO É FREGUÊS • 1993 Márcio André • Alvinho • Aranha • Alexandre da Imperatriz

Vou passar mais uma vez Sassaricando, mostrando que é freguês Na Avenida da ilusão O samba é raça, é paixão, viver feliz Carnaval, alegria geral no meu coração Desfilando na Imperatriz (eu vou) Vem de lá, da corte imperial (lá vem marquês) O marquês iluminado Eu vou no sassarico, eu vou Bicentenário Nessa que eu quero ir Palco do meu Carnaval (e assim) Balança, Sapucaí Assim, na serração da velha Nasceu a semente que embalou a multidão Baila, baila comigo, meu amor mascarado No jogo da sedução

Oh, joga água, amor, limão de cera Oh, vale tudo nesta brincadeira

O luxo das grandes sociedades Coloriu nos olhos do imperador E hoje essa folia Tem na Apoteose seu esplendor E como será, além do infinito O sonho desse povo tão bonito De verde-e-branco sambando vem o marquês (ê, ê) 13 NÃO EXISTE PECADO ABAIXO DO EQUADOR • 1992 Tuninho Professor • Jurandir • Edinho • Nilson Melodia

Vai (vai, vai, vai) Para proteger a vida Singrando os mares Vêm os seres te abraçar Fazer o teu rei feliz Sereia, mãe-d'água, saci, boitatá Em busca de novos ares Guerreiras a cavalgar Navega a Imperatriz Papagaio vira anjo E, dessa viagem bela Para o mundo perceber Uma aquarela Vai desfilar E eis a chama Éden, visão do paraíso Que vai fazer Emoção, sorriso Toda a paz na Terra É o fruto da paixão O clima tempera a água, os rios (E um dia hei de ver...) O verde, a fauna Fascínio de um imenso amor Beleza divina, fonte que irradia Abaixo do Equador

O canto do índio ecoou (ê, ô, ê, ô) Vem do ar, vem do ar E livre a floresta se encantou Eh! Mirá! 14 LIBERDADE! LIBERDADE! ABRA AS ASAS SOBRE NÓS • 1989 Niltinho Tristeza • Preto Jóia • Vicentinho • Jurandir

Vem, vem reviver comigo amor Liberdade!, liberdade! O centenário em poesia Abra as asas sobre nós Nesta pátria-mãe querida E que a voz da igualdade O império decadente, muito rico, incoerente Seja sempre a nossa voz Era fidalguia e por isso que surgem Surgem os tamborins, vem emoção A bateria vem, no pique da canção E a nobreza enfeita o luxo do salão Vem viver o sonho que sonhei Ao longe faz-se ouvir Tem verde-e-branco por aí Brilhando na Sapucaí Da guerra nunca mais Esqueceremos do patrono, o duque imortal A imigração floriu, de cultura o Brasil A música encanta, e o povo canta assim Pra Isabel, a heroína, que assinou a lei divina Negro dançou, comemorou, o fim da sina Na noite quinze e reluzente Com a bravura, finalmente O marechal que proclamou foi presidente