“Levam Má Bô”: (Homo)Sexualidades Entre Os Sampadjudus Da Ilha De São Vicente De Cabo Verde
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL “Levam má bô”: (homo)sexualidades entre os sampadjudus da Ilha de São Vicente de Cabo Verde. Francisco Paolo Vieira Miguel Brasília, 28 abril de 2014. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL “Levam má bô”: (homo)sexualidades entre os sampadjudus da Ilha de São Vicente de Cabo Verde. Francisco Paolo Vieira Miguel Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, como requisito à obtenção do título de Mestre em Antropologia. Orientadora: Andréa de Souza Lobo Brasília, 28 abril de 2014. “Levam má bô”: (homo)sexualidades entre os sampadjudus da Ilha de São Vicente de Cabo Verde. Francisco Paolo Vieira Miguel [email protected] Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, como requisito à obtenção do título de Mestre em Antropologia. Orientadora: Andréa de Souza Lobo Banca examinadora: Drª Andréa de Souza Lobo (Presidente) Drª Juliana Braz Dias (Examinadora Interna) Drº Peter Henry Fry (Examinador Externo) Brasília, 28 de Abril de 2014 Ao menino Alex, de oitos anos, brutalmente assassinado no Rio de Janeiro pelo próprio pai porque não era o “homem” que este desejava que ele fosse. Agradecimentos A minha família, que quase sempre me ofereceu o apoio material e emocional de que precisei em minha trajetória acadêmica: à minha mãe e ao meu pai, por terem apoiado minhas escolhas profissionais e terem fornecido as garantias financeiras necessárias não só para meus estudos em outra cidade, como para a minha viagem de campo; aos meus irmãos que, nas vezes em que conversamos sobre meus interesses acadêmicos, estiveram sempre dispostos a ouvir e a refletir comigo; à minha avó Leônia, que sempre me deu apoio financeiro e emocional e foi uma ótima parceira para conversas e viagens; aos meus tios Ricardo e Rogério, que tornaram minha estadia e meus deslocamentos na capital federal mais facilitados, assim como ao tio Cesar e à tia Renata, por quem sempre fui acolhido como um filho em seu lar; À professora Andréa de Souza Lobo, minha orientadora, pelos cursos que ministrou com uma dedicação exemplar; por ter aceitado embarcar comigo neste empreendimento; por ter me ensinado com muita tranquilidade, qualidade e seriedade como produzir uma monografia; por ter me aberto as portas do mundo africano e pela dedicação e atenção pessoal que dispensou a mim; Ao CNPq e ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília, por terem me concedido uma bolsa de estudos; e aos seus professores, que contribuíram para a minha formação como antropólogo, principalmente aos professores Wilson Trajano Filho, Stephen Grant Baines, Carla Costa Teixeira, Guilherme José da Silva e Sá, Marcela Stockler Coelho de Souza, Carlos Emanuel Sautchuk, Daniel Schroeter Simião e Juliana Braz Dias, pelas disciplinas que ministraram e/ou pelas leituras dos meus trabalhos; ao secretários Rosa, Jorge, Branca, Idamar e Cris, por terem tornado a burocracia acadêmica algo menos complicado; Aos professores Rodrigo de Moraes Rosa, por ter me apresentado ainda no ensino médio o instigante mundo das ciências sociais. E ao professor José Reginaldo dos Santos Gonçalves, pelas sólidas bases da minha formação antropológica e por ter me ensinado os primeiros e fundamentais passos da pesquisa acadêmica; Aos colegas da Katacumba, como um todo, por compartilharem de perto as delícias e as dores da pós-graduação na diáspora: em especial, à Raysa, por ter sido uma grande companheira de ideias, conversas e bagunças e ao Alexandre, pelas suas revisões sempre críticas dos meus textos e por ter sido um grande companheiro intelectual e de festas; à Graci, à Julia Sakamoto e ao Bruner, pelas horas divertidas e de trabalho divididas nas salas esfumaçadas da Katacumba; Ao Wester, com quem dividi não só um lar por quase dois anos, mas todas as alegrias e os dilemas da juventude, e com quem aprendi muito; À Andrea e ao Marcos pelos ombros, ensinamentos e a possibilidade do convívio alegre e engrandecedor; Aos meus queridos amigos do Rio, que mantiveram nossa amizade inabalável apesar da distância: Ao Raphael, amigo de década; à Rebecca, a amiga mais sensível; ao Hugo, a quem devo muito do que sou e com quem para sempre quero estar; à Camila, minha cara metade fêmea; ao Robson, amigo de algumas horas difíceis e outras nem tanto; à Gabriela, por quem nutro muitíssimo carinho; à Ana, amiga que é a arquiteta que eu já quis ser; à Amanda, a etnóloga mais querida da minha vida; ao Everton, por todas as conversas em que aprendi muito sobre antropologia e sobre identidade; ao Lucas, que me ajudou enormemente em meu empreendimento no campo de gênero; e à Carol, amiga de longa data e de trocas musicais; Ao Igor, que chegou quase no fim da trajetória, mas que virou minha vida de cabeça para baixo; E a todas as pessoas em Cabo Verde que dividiram comigo suas vidas, suas experiências, suas anedotas, suas comidas, seus tetos, seus dilemas, suas dores, suas esperanças e seus desejos: Rosita, Elvis, Kiki, Victor, Paulo, Lucy, Edimar, Zé Rui, Lilica, Janete, Rui, Hernanes, Elton, João, Anita, Patrick, Elvio, Edinha, Amarys, Deri, Belíssima, Walter, Steph, Golite, Tita, Luisa, Carlos, Maritzia, Talina e Claudia, meu muito obrigado! O Eu é o conteúdo da relação e a relação mesma; defronta um Outro e ao mesmo tempo o ultrapassa; e este Outro, para ele, é apenas ele próprio. (Fenomenologia do Espírito, Hegel) Resumo Esta dissertação tem como objetivo principal contribuir nos esforços de construção de uma Antropologia da (Homo)sexualidade em Cabo Verde, África. Tendo como foco central a homossociabilidade, o movimento gay e as experiências homoeróticas dos homens na cidade do Mindelo, esta pesquisa etnográfica junto aos crioulos procura problematizar não somente a vida (homo)sexual dos mesmos e suas repercussões, mas atentar também para o emergente movimento LGBT local. As perspectivas e as práticas dos homens crioulos, gays e não-gays, contribuem para compreender não somente os pontos de vista nativos, como para compreender mais uma experiência de elaboração cultural de um fenômeno universal como o homoerotismo. Busco defender que se o homoerotismo e o movimento LGBT possuem seus dilemas globais, eles esbarram na semântica específica deste arquipélago atlântico, produzindo o que chamei de um ―Sistema Hipocrisia‖, permeado por silenciamentos e contradições. Palavras-chave: Cabo Verde; Mindelo; Homossexualidade; Movimento LGBT Abstract This thesis aims to contribute in efforts to build an Anthropology of (Homo)sexuality in Cabo Verde, Africa. Focusing the (homo)socialiability, the gay movement and homoerotic experiences of men in the city of Mindelo, this ethnographic research in conjunction with the Creoles aims to question not only the homosexual life of the Creoles and its repercussions, but also pay attention to the emerging local LGBT movement. The perspectives and practices of the Creole men, gay and non-gay, contribute not only to understand their points of view, as to understand another cultural experience of drafting a universal phenomenon as homoeroticism. I argue that if the homoeroticism and the LGBT movement have their global dilemmas, they bump the specific semantics of this Atlantic archipelago, producing what I have called a "Hypocrisy System", permeated by silences and contradictions. Key-words: Cape Verde; Mindelo; Homosexuality; LGBT movement Sumário Introdução ....................................................................................................................... 1 Percurso etnográfico ..................................................................................................... 1 ―Homossexualidade‖ em África ................................................................................... 9 Uma sociedade crioula ............................................................................................... 15 Análise sistêmica ........................................................................................................ 21 Perfomatividade queer ................................................................................................ 25 Capítulo I – História e mito do cosmopolitismo ........................................................ 32 A Santa Inquisição, a lei e o silêncio arquipelágico ................................................... 34 Colonização da Ilha de São Vicente e a gênese dos sampadjudus ............................. 39 Uma africanidade rejeitada desde o século XX... ....................................................... 57 Até hoje ....................................................................................................................... 62 Breve cartografia do Mindelo ..................................................................................... 72 ―Águas Quentes‖ da Laginha e a história recente da velha guarda gay...................... 75 Capítulo II – A crítica à “hipocrisia”.......................................................................... 82 ―Sistema Hipocrisia‖ ................................................................................................... 83 Do pa dodu .............................................................................................................