Programa De Pós Graduação Em História NÃO FALE COM PAREDES
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Universidade Federal Fluminense Programa de Pós Graduação em História NÃO FALE COM PAREDES: CONTRACULTURA E PSICODELIA NO BRASIL IGOR FERNANDES PINHEIRO Niterói 2015 2 IGOR FERNANDES PINHEIRO Não Fale com Paredes: Contracultura e Psicodelia no Brasil Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em História. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Samantha Viz Quadrat. Niterói 2015 3 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá P654 Pinheiro, Igor Fernandes. Não fale com paredes: contracultura e psicodelia no Brasil / Igor Fernandes Pinheiro. – 2015. 238 f. ; il. Orientadora: Samantha Viz Quadrat. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2015. Bibliografia: f. 215-235. 1. Contracultura. 2. Alucinógeno. 3. Rock. 4. Juventude. 5. Brasil. I. Quadrat, Samantha Viz. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 306.1 4 Banca de defesa ______________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Samantha Viz Quadrat – orientadora (Universidade Federal Fluminense) ______________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Maria Mauad (Universidade Federal Fluminense) ______________________________________________________ Prof. Dr. Frederico Oliveira Coelho (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) Niterói 2015 5 Agradecimentos Agradeço a CAPES por fornecer recursos financeiros necessários que possibilitaram o desenvolvimento desta pesquisa. A minha orientadora Samantha Quadrat pelas sugestões e críticas fundamentais durante o percurso desta dissertação. Sempre colaborando e apoiando os caminhos percorridos durante a pesquisa, conferindo cada detalhe de forma atenta e paciente. Aos professores presentes no exame de qualificação e na banca de defesa, trazendo sugestões e críticas essenciais para o avanço e desenvolvimento da dissertação. Frederico Coelho, Ana Maria Mauad e Alessandra Carvalho receberam o tema com entusiasmo, proporcionando ensinamentos devidamente incorporados nessa dissertação. Agradeço aos funcionários do PPGH. A minha mãe, Márcia e ao meu pai, Luiz Carlos, dois jovens que foram embalados pela Jovem Guarda nos anos sessenta. Agradeço ao meu irmão Vinícius, o músico da família e a minha irmã Daniele. A Danielle pelas palavras admiráveis de todos os dias e apoio durante toda a trajetória percorrida na UFF. Aos músicos Daniel Cardona Romani, Luiz Paulo Bello Simas, Cândido Faria de Souza Filho e Eduardo Leal José Neto do Módulo 1000, especialmente ao Daniel que apoiou esta pesquisa e concedeu um depoimento, onde por mais de duas horas abordou a trajetória da banda que empresta o nome de seu LP ao título desta dissertação. A Renato Fronzi Ladeira, Cesar Fronzi Ladeira, Arnaldo Pires Brandão, Pedro de Mendonça Lima e Gustavo Schroeter da Bolha, especialmente ao Renato que contribuiu com depoimentos valiosos para esta pesquisa. A “Geração Bendita” composta por José Luiz Caetano da Silva, Fernando Gomes Corrêa Júnior, David John Giecco, Fernando José Teixeira de Almeida, Ramon Gomes Correa, Sérgio Nogueira Régly, Sebastião Luiz Caetano da Silva e José Carlos Corrêa da Rocha da banda Spectrum, assim como Carlos Bini, Carl Kohler, Meldy Lucien Mellinger e Carlos Doady, os “loucos” que produziram um filme hippie na provinciana Nova Friburgo dos anos setenta. Algumas destas pessoas já se foram, porém o sentimento desta geração ainda se perpetua. Agradeço a Sergio Augusto Bustamante, o Serguei, que me recebeu aos oitenta anos em sua casa psicodélica, o “Templo do Rock”, demonstrando grande entusiasmo pela pesquisa. 6 A Nelio Rodrigues, grande conhecedor do rock brasileiro, que também me recebeu em sua casa com grande simpatia e sapiência. A Hernani Heffner, da cinemateca do MAM, que me forneceu importantes informações sobre o filme “Geração Bendita”. A Antônio José Romão, que na reta final desta pesquisa me saudou com informações sobre a contracultura em Nova Friburgo. Obrigado a todos pela simpatia e trajetórias instigantes. Agradeço aos amigos da UFF, especialmente a Suelen e Nathália, grandes amigas durante a graduação e mestrado. A Gustavo Alonso e Leon Kaminski que leram versões preliminares desta dissertação trazendo importantes sugestões. Aos professores da UFF, historiadores e músicos que inspiraram esta pesquisa. Por fim, agradeço a toda família, amigos e pessoas que contribuíram para que esta dissertação tomasse forma a cada dia, obrigado a todos. 7 Eu quero ver o outro lado da realidade Espelho, Módulo1000 Não preciso de gente que me oriente Mal Secreto, Jards Macalé e Waly Salomão Eu tô ficando velho Cada vez mais doido varrido Roqueiro brasileiro Sempre teve cara de bandido! Vou botar fogo nesse asilo Respeite minha caducagem Porque essa vida é muito louca E loucura pouca é bobagem [...] Ôrra meu, Rita Lee 8 Resumo A proposta desta dissertação é trazer à tona agentes históricos que participaram de manifestações relacionadas ao rock, produzindo no Brasil músicas e comportamentos associados a contracultura e a psicodelia. O esforço empreendido tem como objetivo analisar atores históricos da música brasileira que não são privilegiados pela bibliografia, em detrimento de nomes consagrados presentes no imaginário e nas narrativas históricas referentes à canção no país. Desta forma, a dissertação direciona o foco para artistas no âmbito dos anos sessenta e setenta com ênfase no rock como estética musical e matriz comportamental, através de uma análise pertinente ao fenômeno histórico da contracultura e suas especificidades. Dialogando assim com os demais movimentos musicais presentes no Brasil durante este período, demarcando espaços integrantes deste processo histórico, assim como os demais atores históricos e instituições que dele participavam. A palavra psicodelia é empregada no sentido estético-musical alinhado à contracultura, capaz de realizar um som experimental, distorcido e subjetivo, cujos temas das composições, além de referenciar as drogas psicoativas, também podem conter discursos relacionados a pensamentos de liberdade, comportamento rebelde, estilo de vida jovem, diversão, natureza e temas políticos. O recorte temporal da dissertação tem ênfase no período que vai de 1965, quando ocorre a eclosão da Jovem Guarda no Brasil, ao ano de 1979, porém os comportamentos e as influências ocorridas durante os anos cinquenta e primeira metade da década de sessenta são referenciadas ao longo dos capítulos, assim como elementos posteriores aos anos setenta, influenciados por este contexto. Palavras-chave: Contracultura. Psicodelia. Rock. Juventude. Brasil. 9 Abstract The purpose of this thesis is to bring historical agents who participated in events related to rock, producing music in Brazil and behaviors associated with counterculture and psychedelia. The effort undertaken aims to give voice to historical personalities of Brazilian music that are not privileged in the bibliography at the expense of established names present in the image and historical narratives regarding the song in the country. Thus, the thesis directs the focus to artists under the sixties and seventies with an emphasis on rock as musical aesthetic and behavioral matrix, through a meaningful analysis to the historical phenomenon of the counterculture and its specificities. So talking with other musical movements present in Brazil during this period, marking spaces belonging to this historical process, as well as other historical actors and institutions that participated in it. Psychedelia will be the term used in the aesthetic and musical sense aligned to counterculture, capable of performing an experimental sound, distorted and subjective, whose themes of the compositions and reference the psychoactive drugs, may also contain discourses related to thoughts of freedom, rebellious behavior, young life style, fun, nature and political issues. The period of the thesis has emphasis on the period from 1965, when the outbreak occurs Jovem Guarda in Brazil, the year 1979, but the influences and behaviors occurred during the 1950s and early years of the sixties was referenced throughout the chapters, as well as subsequent elements to the seventies, influenced by this context. Keywords: Counterculture. Psychedelia. Rock. Youth. Brazil. 10 Lista de imagens Figura 01 “15 mil rockeiros curtiram o festival de Águas Claras” 76 Figura 02 Dia da Criação na coluna “Toque” 76 Figura 03 Som, Sol e Surf 79 Figura 04 “Camburock: prisões e strip-tease” 79 Figura 05 Módulo 1000 no filme “O despertar da besta” 84 Figura 06 Módulo 1000 no V Festival de Música Popular Brasileira da Record 84 Figura 07 Eduardo Leal e Daniel Cardona Romani 87 Figura 08 Módulo 1000 87 Figura 09 The Bubbles 92 Figura 10 The Bubbles no Quitandinha 92 Figura 11 The Bubbles nos bastidores do filme “Salário Mínimo” 100 Figura 12 A Bolha em 1972 100 Figura 13 Fernando José T. de Almeida (Nando) 102 Figura 14 José Luiz Caetano da Silva (Caetano) e Fernando José T. de Almeida (Nando) 102 Figura 15 2000 Volts 102 Figura 16 Prospecto do filme “É isso aí bicho” 115 Figura 17 Carlos Bini 115 Figura 18 Sergio Augusto Bustamante (Serguei) antes da carreira artística 122 Figura 19 Serguei realizando protesto na Avenida Rio Branco 122 Figura 20 Foto endereçada a Nelson Motta por Serguei em 1975 130 Figura 21 Capa do compacto simples “Pegue Zé”/ “De sol a sol” 130 Figura 22