Carla Camurati Capa.Pmd 1 19/5/2008, 10:21 Carla Camurati

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Carla Camurati Capa.Pmd 1 19/5/2008, 10:21 Carla Camurati Carla Camurati capa.pmd 1 19/5/2008, 10:21 Carla Camurati 1 Luz Natural Carla Camurati miolo.pmd 1 12/9/2008, 16:28 Governador Geraldo Alckmin Secretário Chefe da Casa Civil Arnaldo Madeira Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Diretor-presidente Hubert Alquéres Diretor Vice-presidente Luiz Carlos Frigerio Diretor Industrial Teiji Tomioka Diretora Financeira e Administrativa Nodette Mameri Peano Núcleo de Projetos Institucionais Vera Lucia Wey 2 Fundação Padre Anchieta Presidente Marcos Mendonça Projetos Especiais Adélia Lombardi Diretor de Programação Rita Okamura Coleção Aplauso Perfil Coordenador Geral Rubens Ewald Filho Coordenador Operacional e Pesquisa Iconográfica Marcelo Pestana Projeto Gráfico Carlos Cirne Editoração Cláudia Rodrigues Assistente Operacional Andressa Veronesi Tratamento de Imagens José Carlos da Silva Carla Camurati miolo.pmd 2 12/9/2008, 16:28 Carla Camurati Luz Natural 3 por Carlos Alberto Mattos São Paulo - 2005 Carla Camurati miolo.pmd 3 12/9/2008, 16:28 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mattos, Carlos Alberto Carla Camurati : luz natural / por Carlos Alberto Mattos. – São Paulo : Imprensa Oficial do Estado de São Paulo : Cultura – Fundação Padre Anchieta, 2005. 312p.: il. - (Coleção aplauso. Série perfil / coordenador geral Rubens Ewald Filho). ISBN 85-7060-233-2 (Obra completa) (Imprensa Oficial) ISBN 85-7060-347-9 (Imprensa Oficial) 1. Atores e atrizes cinematográficos – Brasil – Crítica e interpretação 2. Camurati, Carla 3. Cineastas - Brasil 4. Cinema – Produtores e diretores – Brasil I. Ewald Filho, Rubens. II. Título. III.Série. 05-2906 CDD 791.430 280 922 81 4 Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil : Atores e produtores cinematográficos : Biografia e obra 791.430 280 922 81 Foi feito o depósito legal na Biblioteca Nacional (Lei nº 1.825, de 20/12/1907). Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Rua da Mooca, 1921 - Mooca 03103-902 - São Paulo - SP - Brasil Tel.: (0xx11) 2799-9800 Fax: (0xx11) 2799-9674 www.imprensaoficial.com.br e-mail: [email protected] SAC 0800-123401 Carla Camurati miolo.pmd 4 12/9/2008, 16:28 Para Antonio Carla Camurati 5 A Sebastião Pinheiro (in memoriam) Carlos Alberto Mattos Carla Camurati miolo.pmd 5 12/9/2008, 16:28 6 Carla Camurati miolo.pmd 6 12/9/2008, 16:28 Apresentação Carla, Carlas... Entre a menina que provava os doces feitos pelo avô na cozinha do Copacabana Palace, a jovem e vacilante aluna de Biologia Marinha, a estrela loura que exibia o belo corpo nos filmes néon- realistas paulistas da década de 1980 e a diretora que se firmou como um nome de proa do cine- ma brasileiro após o sucesso de Carlota Joaquina 7 – Princesa do Brazil, umas tantas mulheres dife- rentes parecem se suceder na trajetória de Carla Camurati. Da mesma forma, o ar de menina que ela conserva na maneira de se mover, menear a cabeça e adoçar o sorriso nem sempre permite adivinhar a profis- sional firme que não teme as decisões difíceis e sabe sustentá-las com persistência, sentido de rea- lismo e lúcida autocrítica. Carla Camurati miolo.pmd 7 12/9/2008, 16:28 Neste depoimento autobiográfico, Carla relata detalhadamente aqueles momentos delicados em que mudou radicalmente o curso de sua vida. Um deles foi a resolução, um tanto súbita, de trocar a faculdade de Biologia por um curso de teatro, que tomou durante uma pausa para café numa lanchonete de Ipanema. Outro foi a op- ção por abandonar o estrelato na televisão, no auge de uma fase de sucesso, a fim de se lançar como diretora de cinema. A aventura contada neste livro começa na Itá- 8 lia, com uma bela história de amor e gastro- nomia entre seus avós paternos, arrematada com a emigração para o Brasil. Carla viveu a infância entre Botafogo e Copacabana, desco- briu cedo o prazer de trabalhar e o gosto pela independência. Descobriu também que a bele- za podia ser uma desvantagem para quem dese- ja se estabelecer no mundo pela inteligência e pelo justo merecimento. Suas reações contra a imagem de bonitinha são de fazer cair o queixo – e marcaram a personalidade de Carla para o resto da vida. Carla Camurati miolo.pmd 8 12/9/2008, 16:28 Na juventude, ela foi professora de arte para crianças, vendedora de butiques, recenseadora do IBGE, secretária de produtor cultural. Começou a fazer teatro no colégio. Continuou dividindo o palco com gente como Cazuza, Bebel Gilberto e Pedro Cardoso. Fez seis novelas, algumas minisséries e programas especiais na televisão, num período em que talvez tenha sofrido tanto quanto aprendeu e se divertiu. Posou aqui e ali como modelo, fez um certo número de fotonovelas, freqüentou com iguais desenvoltura e espontaneidade as capas de revistas femininas e os ensaios de nus da Playboy. Não se 9 importava nem um pouco de ser musa sexual e na- moradinha cult do Brasil. A desinibição com que participou dos filmes eróti- co-intelectuais de José Antonio Garcia e Ícaro Martins – O Olho Mágico do Amor, A Estrela Nua, Onda Nova – parecia selar o destino de uma atriz ousada, mas refém de papéis unidimensionais. Eis então que Carla ressurgia na pele de personagens densos e encantadoramente radicais, como a poe- ta Patrícia Galvão (Eternamente Pagu) e a guerri- lheira Iara Iavelberg (Lamarca). Carla Camurati miolo.pmd 9 12/9/2008, 16:28 A intérprete tinha uma bendita deformação pro- fissional: observava atentamente o ofício dos diferentes diretores para os quais atuava. Nos trabalhos para a televisão, criticava – nem sem- pre silenciosamente – a dramaturgia em que a aprisionavam, assim como as opções de criação que lhe pareciam inadequadas. Os mais íntimos de seu convívio a estimulavam a assumir as réde- as de sua própria carreira, o que acabou aconte- cendo em 1987, com a direção do curta A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal. 10 Naquela pequena fábula sobre os limites da fan- tasia, talvez estejam contidos todos os sinais mais importantes que caracterizariam a nova diretora: uma visão lúdica do mundo, a teatralização como forma de driblar as armadilhas do naturalismo, uma amável descrença nos mecanismos da ilusão, a aposta no poder das imagens em detrimento do discurso verbal. Também estão presentes ali algumas obsessões pelas quais é fácil reconhecer o seu estilo: o uso de sombras chinesas em algum momento do filme, um pendor para a extravagância nos figurinos e na caracterização Carla Camurati miolo.pmd 10 12/9/2008, 16:28 corporal, a exploração da profundidade de campo para compensar a exigüidade dos espaços cênicos ou limitações de produção. Os filmes de Carla Camurati, mesmo os mais dis- cretos, têm cometido uma ousadia atrás da ou- tra. Carlota Joaquina atreveu-se a recontar a saga da Família Real portuguesa no Brasil do início do século 19 em tons de chanchada histórica. La Serva Padrona constituiu o primeiro filme-ópera jamais realizado no País, enfrentando com relativo sucesso toda uma tradição de indiferença pelo 11 gênero. Copacabana desafiou a ditadura da juvenilidade com uma comédia doce-amarga sobre a velhice na grande cidade. Lançado no mercado de maneira pouco conven- cional, num momento de crise financeira, institucional e de auto-estima do cinema brasilei- ro, Carlota Joaquina foi o principal responsável pela virada do jogo. Carla passou a ser chamada de musa da retomada, cortejada como exemplo de determinação na reconquista de prestígio e viabilidade para seu ofício. Ela, mais uma vez, não Carla Camurati miolo.pmd 11 12/9/2008, 16:28 se deixou cativar pelo canto das sereias, mas soube desdobrar os louros da vitória em benefício de uma atividade diversificada. Sua empresa, a Copacabana Filmes e Produções, formou uma equipe coesa e exercitou-se com êxito na distribuição do documentário Janela da Alma, assim como na produção de Espelho d’Água – Uma Viagem no Rio São Francisco e na realização de um festival internacional de cinema infantil. Projetos esses que partiram de escolhas pessoais de Carla, motivadas por um misto de afetividade e entusiasmo, que é o seu motor criativo. 12 Elogios e reconhecimento fazem muito bem a ela, como a qualquer um, mas estão longe de alterar sua postura avessa a todo glamour e a toda presunção. A naturalidade com que Carla vê a si própria preside todas as suas relações. Ela é tida como uma companheira leal, uma amiga atenta e uma profissional notoriamente séria. Reconhece ser controladora e muito senhora de suas opiniões, pelo menos até que lhe conven- çam do contrário. Carla Camurati miolo.pmd 12 12/9/2008, 16:28 Nas páginas seguintes, Carla Camurati brinda o leitor com um depoimento franco, onde não se exime de contar inseguranças, dilemas pessoais, casos amorosos. Repassa sua vida e carreira com um talento especial para pinçar na memória e con- tar saborosamente as histórias mais curiosas e sig- nificativas. Reflete sobre cinema, teatro, televisão, política, beleza, vida, envelhecimento e morte – com sinceridade sempre e com muito humor na maior parte do tempo. Sorrir parece ser o seu melhor cosmético, já que aos produtos químicos ela só recorre em último caso. Tudo o que é natu- 13 ral conta com o privilégio da sua preferência. Esse livro resulta de 20 horas de conversas grava- das, em oito encontros, no período de novembro de 2003 a março de 2004. Carla me recebia ora na sua produtora, ora em seu apartamento, ambos na Gávea, a poucos quarteirões de distância um do outro. Testemunha de vários desses momentos foi o pequeno Antonio, seu primeiro filho, que aos poucos meses de idade fazia questão de exibir um amplo e irresistível sorriso sempre que não estivesse entretido com a mamada ou com o incansável folhear de livrinhos coloridos. Carla Camurati miolo.pmd 13 12/9/2008, 16:28 Alguns encontros foram adiados, desmarcados ou interrompidos em função das múltiplas ocu- pações de Carla.
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