Literatura Traduzida.Indd

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Literatura Traduzida.Indd Literatura traduzida e literatura nacional Literatura traduzida e literatura nacional org. Andréia Guerini Marie-Hélène C. Torres Walter Carlos Costa © 2008 Andréia Guerini, Marie-Hélène C. Torres, Walter Carlos Costa Produção editorial Debora Fleck Isadora Travassos Marília Garcia Valeska de Aguirre Editora-assistente Larissa Salomé Revisão Andréia Guerini Andréa Padrão Eduardo Carneiro Júlio Monteiro Walter Carlos da Costa Editoração eletrônica Tui Villaça CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L755 Literatura traduzida e literatura nacional / organização Andréia Gue- rini, Marie-Hélène C. Torres, Walter Carlos Costa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008. 210p. Inclui bibliografi a ISBN 978-85-7577-515-8 1. Tradução e interpretação. 2. Literatura brasileira – Traduções. 3. Tradução e interpretação – Brasil. I. Guerini, Andréia, 1966-. II. Tor- res, Marie-Hélène Catherine. III. Costa, Walter Carlos. 08-3056. cdd: 418.02 cdu: 81’25 Viveiros de Castro Editora Ltda. (21) 2540-0076 R. Jardim Botânico 600 sl. 307 [email protected] Rio de Janeiro - RJ cep 22461-000 www.7letras.com.br SUMÁRIO Literatura traduzida e literatura nacional .................................9 Os organizadores Literatura brasileira traduzida Exportar tradução literária do Brasil: como é possível?........................15 Luiza Lobo Tradução da cultura: literatura brasileira traduzida em francês.............31 Marie-Hélène C. Torres O papel da patronagem na difusão da literatura brasileira: o programa de apoio à tradução da Biblioteca Nacional...................... 39 Marcia A. P. Martins A recepção do sertão brasileiro pela cultura italiana: traduções das obras rosiana e euclidiana............................................. 53 Tatiana Fantinatti Do Brasil à Espanha: Ángel Crespo, tradutor de poesia brasileira........67 Ricardo Souza de Carvalho A tradução literária no Brasil As cartas de Guimarães Rosa: tradução e projeto literário....................77 Fernando Baião Viotti Baudelaire no Brasil: traduções............................................................89 Ricardo Meirelles Teoria da tradução Leopardi e o impacto da literatura traduzida na literatura nacional......105 Andréia Guerini O problema da temporalidade em tradução......................................113 Claudia Borges de Faveri Tradução de poesia Em busca de Castro Alves tradutor....................................................121 Álvaro Faleiros Padrão e desvio no pentâmetro jâmbico inglês: Um problema para a tradução...........................................................133 Paulo Henriques Britto Tradução de teatro Notas sobre o uso alexandrino na tradução do drama shakespeariano...................................................................145 Lawrence Flores Pereira Tradução, crítica e encenação: o exemplo de Antígona.......................159 Kathrin Holzermayr Rosenfi eld O processo de recriação de quatro solilóquios de Hamlet..................167 Luiz Angélico da Costa Machado de Assis tradutor e traduzido O lugar da tradução no contexto oitocentista brasileiro: a contribuição de Machado de Assis..................................................181 Helena Heloisa Fava Tornquist O Machado de Assis holandês de August Willemsen.........................195 Walter Carlos Costa Este livro é dedicado a August Willemsen, grande tradutor, escritor e divulgador das literaturas brasileira e portuguesa na Holanda, que faleceu subitamente em 2007. LITERATURA TRADUZIDA E LITERATURA NACIONAL A literatura traduzida ocupa um lugar importante no conjunto da produção literária mundial e tem desempenhado um papel de destaque na formação e renovação das diferentes literaturas nacionais. Apesar disso, tradicionalmente ela não tem recebido a devida atenção da história literá- ria. No Brasil, as histórias literárias costumam desconsiderar a literatura traduzida, salvo na explicação de certos movimentos, como a poesia con- creta, justamente porque essa corrente colocou a tradução no centro de sua poética, de modo que é praticamente impossível falar de concretismo sem se referir à prática tradutória de seus integrantes. Um estudo mais detido dos fatos literários, no entanto, mostra que o que está escancarado no con- cretismo não está menos presente em outras escolas e individualidades. Assim, a obra de autores dissímiles como Gregório de Mattos, Cas- tro Alves, Machado de Assis, Guimarães Rosa e Clarice Lispector guarda uma relação íntima com a tradução em seus mais variados aspectos. To- dos esses autores fi zeram sua formação em contato estreito com o texto traduzido, seguindo assim a tradição de muitos grandes autores em que, por exemplo, a tradução de clássicos gregos e latinos servia, entre outros, para não apenas incorporar novas formas literárias, mas também para re- novar a sua própria. O peso da literatura traduzida costuma variar segundo o grau de de- senvolvimento das literaturas nacionais e as conjunturas históricas especí- fi cas. Assim, nas literaturas em formação, caso da Alemanha no século xix, a literatura traduzida desempenhou um papel decisivo na defi nição dos traços distintivos de um novo, e mais complexo, sistema literário. Esse aspecto foi estudado por diferentes autores. Even-Zohar (1990) obser- va, por exemplo, que em países com uma literatura consolidada a tradu- ção como método de enriquecer culturas nem sempre exerce um papel im- portante, Segundo ele, nos sistemas culturalmente centrais, o subsistema literatura traduzida é periférico, enquanto que nos sistemas culturalmente periféricos o mesmo subsistema costuma ser central. Assim, quanto mais um sistema cultural é central e organizado, menos tende a procurar ele- mentos novos fora de si mesmo; quanto mais é periférico em relação ao centro cultural, mais é receptivo às atrações inovadoras. 9 No mundo contemporâneo, em que as trocas culturais se multipli- caram em todos os setores e direções, aparentemente a literatura traduzida possui mais importância nos países periféricos do que nos países centrais, já que os primeiros seriam sobretudo importadores e os segundos sobre- tudo exportadores. Um exame mais detido dos dados, no entanto, apre- senta resultados surpreendentes. Por um lado, revela que os Estados Uni- dos e a Inglaterra (onde autores do porte de Machado de Assis ainda são pouco conhecidos) exportam mais literatura do que importam, mas re- vela também que outros países centrais como a Alemanha, a França e o Japão estão entre os que mais traduzem literatura estrangeira, e não ape- nas do inglês. Por outro lado, alguns países periféricos conseguem expor- tar sua literatura, e não apenas a canônica. Assim, o Brasil, país essencial- mente importador de literatura, tem em Paulo Coelho um dos autores mais vendidos em todo o mundo. O Chile, outro país essencialmente importador, exporta autores como Isabel Allende e Antonio Skármeta. No intuito de discutir questões entre literatura traduzida e literatura na- cional, os dezesseis (16) textos aqui reunidos pretendem examinar o pa- pel da literatura traduzida nos fl uxos literários e culturais internacionais e até que ponto ela contribui para aumentar as transferências e diminuir as assimetrias. São resultado do Simpósio Literatura Traduzida/Literatura Nacional, realizado durante o X Congresso Internacional Abralic, que teve lugar de 30 de julho a 4 de agosto de 2006 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O livro é dividido em seis partes. A primeira trata de literatura bra- sileira traduzida e é composta pelos artigos de Luiza Lobo (ufrj), Marie- Hélène Torres (ufsc), Márcia Martins (puc-rj), Tatiana Fantinatti (uff) e Ricardo Souza de Carvalho (usp). Aqui se discute o relevante papel que a tradução desempenha no sistema literário nacional e internacional, as ques- tões ideológicas envolvidas no ato de traduzir, o papel da Biblioteca Nacio- nal no apoio à tradução e de como a literatura brasileira se apresenta em contextos internacionais, mais especifi camente na França e na Espanha. A segunda parte aborda a tradução literária no Brasil, com ênfase para o projeto literário de Guimarães Rosa pelo viés da tradução e as traduções de Baudelaire no Brasil. Nesse sentido, Fernando B. Viotti (ufmg) anali- sa a correspondência de Guimarães Rosa com seus tradutores para inves- tigar os caminhos variados pelos quais o escritor se envolveu no processo de tradução de seus livros. A partir dessa investigação, o autor discute a 10 dialética sob a qual se pautaram as ações, motivações e objetivos do escri- tor, e os fundamentos que o levaram a tomar a tradução como projeto li- terário de difusão mundial de sua obra. Já Ricardo Meirelles (usp), partin- do da reunião das traduções dos poemas do livro francês Les Fleurs du mal (1857), de Charles Baudelaire, analisa várias traduções do volume, levando em conta aspectos lingüísticos, históricos e culturais, construídos sempre dentro de seu momento ideológico e como peças importantes na forma- ção da cultura nacional. O terceiro capítulo discute questões de teoria da tradução a partir das perspectivas de dois importantes autores, Leopardi, com o artigo de Andréia Guerini (ufsc), e Schowb, de Claudia Borges de Faveri (ufsc), mas desconhecidos como teóricos da tradução. A quarta parte aborda questões referentes à tradução de poesia e é composta pelos artigos de Álvaro Faleiros e Paulo Henriques Britto. A par- tir do cotejamento de traduções de Castro Alves, de informações conti- das em cartas e sobretudo de observações do próprio autor, que acompa- nham suas traduções, Álvaro Faleiros (usp) parte
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