Os Árabes E Nós a Presença Árabe Na Literatura Brasileira
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VALTER LUCIANO GONÇALVES VILLAR OS ÁRABES E NÓS A PRESENÇA ÁRABE NA LITERATURA BRASILEIRA João Pessoa – PB 2012 Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Programa de Pós-Graduação em Letras OS ÁRABES E NÓS A PRESENÇA ÁRABE NA LITERATURA BRASILEIRA Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Letras, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito à obtenção do grau de Doutor em Literatura e Cultura. Área de concentração: Literatura e Cultura. Linha de Pesquisa: Memória e Produção Cultural. Orientadora: Profa. Dra.Wilma Martins de Mendonça. João Pessoa 2012 VALTER LUCIANO GONÇALVES VILLAR OS ÁRABES E NÓS - A PRESENÇA ÁRABE NA LITERATURA BRASILEIRA, tese defendida e APROVADA, com distinção e louvor, no dia 22 de setembro de 2012, como condição para obtenção do título de Doutor em Literatura Brasileira, pela Universidade Federal da Paraíba. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Profa. Dra Wilma Martins de Mendonça – Orientadora Universidade Federal da Paraíba -UFPB ________________________________________ Prof. Dr. Sinval Almeida Passos - Examinador Universidade Federal da Paraíba - UFPB _____________________________________________ Prof. Dr. Mamede Mustafa Jarouche - Examinador Universidade de São Paulo - USP _______________________________________________ Prof. Dr. Michel Sleiman - Examinador Universidade de São Paulo - USP _______________________________________________ Profa. Dra.Safa Alferd Abou Chahla Jubran- Examinadora Universidade de São Paulo - USP _______________________________________________ Prof. Dr. Geraldo Nogueira Amorim – Suplente Universidade Federal da Paraíba - UFPB ________________________________________ Prof. Dr. Sérgio de Castro Pinto – Suplente Universidade Federal da Paraíba - UFPB Ao professor Georges Bourdoukan, em nome das gentes árabes, dedico este trabalho. AGRADECIMENTOS À professora Wilma Martins de Mendonça, pela orientação, sabedoria e zelo na construção de todo o trabalho. Aos meus pais José Valter e Angelita; irmãos Marcos, Anselmo, Tânia e Analândia pela compreensão, suporte e incentivo em todo o processo. A minha esposa Denise Targino Villar pelo companheirismo, incentivo e duradouros dias de alegria. Aos amigos Lerrac, Severino, Mustafa, Araújo (Rená), Bernardo, Sofia (Margot), Benjamin (Pepe), pelo amor, zelo e apoio espiritual. Às irmãs Paula Valdice Monteiro Lima e Vanilce Monteiro Lima, pelo carinho, gentileza e compreensão dispensada em todo esse processo. Aos amigos Uirá Mendonça e Rafael Mendonça pelos sinceros sentimentos fraternais. Ao professor Nelson de Matos Noronha e a mestranda Messiane Brito, pela grande colaboração nesse trabalho. À Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Letras da UFPB, professora Sandra Luna, pela compreensão, disponibilidade e dedicação. À funcionária do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPB, Rosilene Marafon pela prestigiosa colaboração, atenção e gentileza em todos os momentos dessa caminhada. À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, pelo apoio financeiro, sem o qual não seria possível concluir o término desse trabalho em tempo hábil. Ao Programa de Pós-Graduação em Letras, especialmente aos professores Arturo Gouveia, Ana Marinho, Diógenes André, Elisalva Madruga, Liane Schneider, Genilda Azeredo, Luiz Mousinho, Sandra Luna e Zélia Bora, pelas aulas ministradas, pelas observações, pela simpatia e gentileza durante o convívio acadêmico. RESUMO O trabalho, OS ÁRABES E NÓS: a presença árabe na literatura brasileira, trata do estudo das configurações árabes, através da dicção de nossos poetas e escritores. Desta forma, direcionamos nossa atenção para aquelas manifestações escriturais que nos permitissem destacar os principais representantes dos períodos literários que compõem e formam a cronologia da história da Literatura Brasileira, a exemplo dos escrivães Pero Vaz de Caminha e o Piloto Anônimo; dos colonos Gabriel Soares de Souza e Pero de Magalhães Gandavo; dos barroquistas Bento Teixeira e Gregório de Matos; dos árcades Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga; dos românticos representantes de cada geração, os poetas Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves; do maior expoente do Realismo de nossa literatura, Machado de Assis; dos nossos diversos modernistas, entre eles, Jorge Amado, uma particularidade nesse universo representativo; dos autores contemporâneos Milton Hatoum e Georges Bourdoukan. Além desses principais autores, estendemos nossos estudos, embora com menor intensidade, para a presença dos imigrantes árabes no movimento Modernista de São Paulo e para outras manifestações artísticas, como a música, o cinema e a contribuição intelectual de algumas personalidades na construção das diversas imagens da representação árabe no imaginário da coletividade brasileira. Para esse objetivo, procuramos nos valer dos estudos de Edward Said, denominados de “orientalismo”, e da concepção literária de Antonio Candido, referente aos momentos da formação da Literatura Brasileira. Nessa macro-orientação, alguns outros autores foram se incorporando, a exemplo de Albert Hourani, Amin Maalouf, Jack Godoy, Miguel Asin Palácios, Silviano Santiago, Costa Lima, formando, por fim, um suporte teórico- metodológico interdisciplinar que nos permitiu enxergar um encadeamento entre o fato literário e os contextos culturais, sociais e históricos do mundo árabe, o que nos levou, inevitavelmente, a reconhecer o quanto as semelhanças entre os árabes e nós é predominante nesse harmonioso encontro entre a Literatura Brasileira e os parentes que moram e/ou vieram de terras distantes. SUMÁRIO INTRODUÇÃO FICÇÃO E HISTÓRIA: A relação entre o texto artístico e o processo social...................03 CAPITULO I O ROUBO DA HISTÓRIA ÁRABE.................................................................................17 CAPITULO II DA CARTA DE CAMINHA ÀS CARTAS DOS INCONFIDENTES...........................43 2.1 Caminha e os Colonialistas............................................................................48 2.2 Barroco: Bento Teixeira e sua prosopopeia...................................................58 2.3 Gregório de Matos: os árabes na “Boca do Inferno”.....................................63 2.4 Neoclassicismo: a fase de transição...............................................................71 CAPÍTULO III DAS MARCAS ORIENTAIS NO ROMANTISMO ÀS MARCAS OCIDENTAIS NO REALISMO 3.1 Os Românticos e as fontes árabes..................................................................79 3.2 Machado de Assis: O Oriente e o Ocidente machadiano............................113 CAPÍTULO IV MODERNISMO E REGIONALISMO 4.1 A recepção crítica ao Movimento Modernista do Nordeste....................................131 4.2 A Presença Árabe em São Paulo.............................................................................145 4.3 A Particularidade Árabe de Jorge Amado...............................................................154 CAPÍTULO V O MUNDO ÁRABE NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA 5.1 O Oriente de Milton Hatoum ..................................................................................183 5.2 Georges Bourdoukan: entre a História e a Ficção...................................................204 CONCLUSÃO A ARMADILHA DO OLHAR: o intelectual politicamente correto...............................219 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 240 I N T R O D U Ç Ã O V719a Villar, Valter Luciano Gonçalves. Os árabes e nós: a presença árabe na literatura brasileira/ Valter Luciano Gonçalves Villar. - - João Pessoa: [s.n.], 2012. 257f. : il. Orientadora: Wilma Martins de Mendonça. Tese (Doutorado) – UFPB/CCHLA. 1. Literatura brasileira. 2. Árabes - Literatura brasileira. 3. Literatura e cultura. UFPB/BC CDU: 869.0(81)(043) 3 FICÇÃO E HISTÓRIA A relação entre o texto artístico e o processo social Ele compreendia a conexão profunda, complexa e instigante entre palavras, textos, realidade e entidades políticas, sócio-históricas ou físicas. Edward Said Ao publicar seu segundo romance, de temática voltada para o mundo dos imigrantes, Milton Hatoum utiliza-se de um curioso elemento paratextual, com o claro objetivo de prevenir ao leitor de que sua obra, Dois irmãos (2000), é produto tão somente da imaginação, um fato ficcional, portanto. Essa advertência, configurada na página destinada às informações técnicas de composição do livro, representa a vitalidade da discussão sobre a difícil relação entre Ficção e História, iniciada desde os clássicos e, recorrentemente, retomada ao longo dos séculos, como se pode aferir da preocupação de Milton Hatoum. Os personagens e situações desta obra são reais apenas no universo da ficção; não se referem a pessoas e fatos concretos, e sobre eles não emitem opinião. 4 Discussão iniciada, a partir das elaborações de Platão, cuja perspectiva apontava a poesia como uma cópia de um mundo das realidades, que, por sua vez, seriam uma cópia do mundo das ideias. A discussão sobre o vínculo entre Literatura e História seria retomada por Aristóteles, o mais famoso entre os discípulos de Platão. Extremamente sistematizador, Aristóteles, numa perspectiva diferenciada do seu mestre, rediscute a relação entre Literatura e História, deixando um legado teórico que influencia o pensamento ocidental, até os dias de hoje. A sua Poética, redigida no século III a.C., leitura obrigatória de qualquer curso de Teoria Literária, é ainda um dos livros mais atuais acerca dessa discussão. Para Aristóteles,