Universidade Federal De Pernambuco Centro De Artes E Comunicação Departamento De Letras Programa De Pós-Graduação Em Letras
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Solange Carlos de Carvalho A LÍNGUA E O FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE ÉTNICA DOS XUKURU DA SERRA DE ORORUBÁ EM BUSCA DO SENTIDO DO SER Recife 2018 SOLANGE CARLOS DE CARVALHO A LÍNGUA E O FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE ÉTNICA DOS XUKURU DA SERRA DE ORORUBÁ EM BUSCA DO SENTIDO DO SER Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Letras. Área de concentração: Linguística Orientadora: Profª Drª Stella Virgínia Telles Recife 2018 Catalogação na fonte Bibliotecária Delane Mendonça de Oliveira Diu CRB4-849/86 C331l Carvalho, Solange Carlos de A língua e o fortalecimento da identidade étnica dos xukuru da serra do ororubá em busca do sentido do ser / Solange Carlos de Carvalho. – Recife, 2018. 299 f.: il. Orientadora: Stella Virgínia Telles de Araújo Pereira Lima. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Artes e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Letras, 2018. Inclui referências, apêndices e anexos. 1. Revitalização da língua ancestral. 2. Fortalecimento da identidade étnica. 3. Demarcação de terras. 4. Direitos e garantias. 5. Recife. I. Lima, Stella Virgínia Telles de Araújo Pereira (Orientadora). II.Titulo. 410 CDD (22.ed.) UFPE (CAC 2018-213) SOLANGE CARLOS DE CARVALHO A LÍNGUA E O FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE ÉTNICA DOS XUKURU DA SERRA DO ORORUBÁ EM BUSCA DO SENTIDO DO SER Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para a obtenção do Grau de Doutor em LINGUÍSTICA. APROVADA EM 28/8/2018. __________________________________ Profª. Drª. Stella Virginia Telles de Araújo Pereira Lima Orientadora – LETRAS - UFPE __________________________________ Profª. Drª. Maria Cristina Hennes Sampaio LETRAS - UFPE __________________________________ Profª. Drª. Maria Virgínia Leal LETRAS - UFPE __________________________________ Prof. Dr. Flavio Henrique Albert Brayner EDUCAÇÃO - UFPE __________________________________ Profª. Drª. Katia Nepomuceno Pessoa PEDAGOGIA-LICENCIATURA - UFPE/CARUARU Dedico este estudo a minha única filha, sangue do meu sangue, minha obra mais perfeita, a quem sempre dediquei o melhor de mim e, ciente da incompletude do ser, devo ser exemplo nas trilhas do conhecimento, cuja linha de chegada, nessa existência, jamais alcançaremos, contudo é por ela que respondo segura à indagação: Por quem os sinos dobram? Adriana Carlos é a minha resposta. Por ela removi as pedras do caminho, venci os medos e me conscientizei de que fomos lançados neste mundo para fazer a diferença. AGRADECIMENTOS Ao Ser supremo “Eu Sou” o qual, independente da minha fé, É, alfa e ômega, princípio e fim, e não há qualquer “ser aí” no mundo que se aproxime de sua Grandeza. Sou grata a Deus, Jeová, pelo que sou e pela história de vida que construí durante essa jornada do meu doutoramento e cuja sabedoria alcançada seria nada se não fora a sua força, a sua luz, a sua vida na minha vida. À Fundação Joaquim Nabuco por ter me concedido o tempo necessário à construção deste estudo, tempo este bem aproveitado para debruçar-me sobre os postulados e constructos teóricos que me guiaram até a conclusão deste estudo. À Profª Drª Stella Telles, por sua expertise na temática e sua proficuidade na condução das pesquisas que subsidiaram os conteúdos abordados na Tese, e, sobretudo pela tranquilidade, própria de sua personalidade zen, que interferia positivamente na minha concentração ao longo da jornada. Aos professores da Pós-Graduação cujos ensinamentos foram enriquecedores, servindo para o meu amadurecimento intelectual, sobretudo à Professora Cristina Sampaio, pelos momentos interativos de suas instigantes aulas de Filosofia da Linguagem, e em outras afins, cujo foco no pensamento heideggeriano nas questões do ser e na dialogia bakhtiniana contribuíram fundamentalmente nos rumos que meus estudos científicos tomaram. Ao colega Flávio Benites, pelas orientações paralelas, em seu conhecimento especializado sobre as etnias indígenas, bem como seus esclarecimentos e revisão técnica do capítulo das reflexões filosóficas e as contribuições profícuas de sua esposa Rosely Tavares quanto ao olhar socioantropológico sobre os Xukuru. A meu esposo Jefferson Pessoa pela paciência com que aturou os momentos de stress no enfrentamento das barreiras que tive que enfrentar para finalizar o estudo e pelas providências em me disponibilizar os livros clássicos de filosofia, sociologia e, sobretudo, os de antropologia, basilares à construção de um estudo interdisciplinar como este. A minha filha Adriana que compreendeu as minhas ausências como mãe e avó, no último ano de construção deste estudo, na certeza de que Ariane, minha neta, era um refrigério nos intervalos do labor, e a seu esposo Ricardo Dutra, no apoio estrutural, ao disponibilizar-me seu escritório para utilização do computador, internet e impressora, em momentos de grande necessidade. A meu irmão Mário Carlos, pela interação nas questões filosóficas que atravessaram minha pesquisa, cujas reflexões suscitadas somaram positivamente na construção de minhas análises e também por realizar o trabalho de escuta em minhas repetidas descobertas antropológicas. Aos colegas de trabalho César Mendonça, Manoel Zózimo e Cláudia Braga e Uiara Lima que dispensaram tempo para me ouvir quando as ideias estavam em fase de construção. O primeiro nas conjecturas sobre a cultura e diagramação e arte gráfica do cordel, construído como produto das leituras para esta Tese; o segundo, Zózimo, nas questões filosóficas tão necessárias a algumas construções de sentido; Claudia, pelas leituras e discussões profícuas das temáticas desenvolvidas na Tese e Uiara, pelas palavras confortantes instigando-me a exercer a autoconfiança em tudo que abarquei de conhecimento nessa trajetória. Ao Profº Dr. Pedro Filho, colega da Faculdade Luso-Brasileira, onde leciono, desde 2009, pela companhia nas primeiras viagens a Pesqueira e a Cimbres para início da pesquisa empírica do estudo, responsável por grande parte das fotografias e gravações audiovisuais. Aos xukurus que gentilmente me receberam em suas aldeias, sobretudo aos que participaram da pesquisa fornecendo informações pertinentes à compreensão de seu grupo étnico, em especial ao xukuru Sérgio Lopes, o qual nos hospedou em sua casa, no conhecido casarão da aldeia Guarda, acompanhando-nos em quase todas as nossas incursões nas Terras Indígenas dos Xukuru, aos eventos, sempre com boa vontade e bom humor, inclusive proporcionando o nosso encontro com o cacique Marcos, oportunidade de falar da proposta da Tese a fim de obter a autorização para a realização da pesquisa. Estendemos nossa gratidão a sua esposa Ana Albuquerque, de quem alcançamos confiança e, à medida que nos familiarizávamos, mais informação nos concedia sobre as experiências de seu pai e seus filhos Diego e Luana, pela presteza e cuidado com que me acolheram durante a minha estadia em sua residência. Por fim, aos amigos chegados (Christiane, Rudenilson, Raquel e Erivânio, Júlio, Rosinha, Márcia e Roberto e Shirleide) pela disposição em me ouvir, sobretudo Christiane e Márcia que se disponibilizaram a ler temas fora de suas áreas somente para, de alguma maneira, colaborar com meu processo de construção de conhecimento e a Shirleide, pelo apoio estrutural nos momentos finais de entrega da tese, bem como a todos os que colaboraram direta ou indiretamente com o estudo, e também àqueles que, por motivos de força maior, não se prontificaram a colaborar ou a sequer me emprestar o ouvido nas horas de extrema solidão intelectual, pois tal atitude me forçou a sair da “caverna platônica” e realizar o trabalho de escuta daquilo que ainda não compreendia e desvelar o que ainda se encontrava encoberto durante a gestação desta Tese de Doutorado. RESUMO Este estudo versou sobre o acontecimento do Ser Xukuru, um grupo indígena, localizado na Serra de Ororubá, em Pesqueira-PE, que vivencia um processo de fortalecimento da identidade étnica, cuja busca pela revitalização da língua ancestral perdida foi uma das iniciativas, não chegando a se configurar um drama existencial, mas um ponto de maior visibilidade e redução de preconceitos. Assim, o foco do estudo foi o acontecimento do Ser Xukuru, por entendermos que todo ente privilegiado é um ser em construção. Para melhor entender esse ser étnico o qual, como os demais povos indígenas do Nordeste, não manteve a língua, e por isso fora vítima de apagamento, partimos de sua historicidade do impacto da violência simbólica que sofreram os povos indígenas do Nordeste no período colonial e como passaram a ser estudado no pós-colonialismo. Fundamentamos o estudo, quanto percurso etno-histórico, na visão crítica de Oliveira (1998, 1998, 2011) sobre olhar socioantropológico em relação aos indígenas do Nordeste, pontuando com a perspectiva de Bourdieu (1989; 2007a; 2007b), no que respeita as relações assimétricas e de poder; entre outros olhares sobre o doloroso processo de autoidentificação étnica para a Retomada dos aldeamentos, a exemplo de Silva (1995; 1998; 2004); Souza (1998). Quanto às questões do Ser, contamos com os postulados teórico-metodológicos de Heidegger (2005; 2012; 20115) e sua ontologia da facticidade. No âmbito da língua, apoiamos o estudo nos postulados de Labov (2008); Gnerre (1991); atentamos ainda para as concepções hetorodoxas sobre as línguas em extinção e morte de uma língua em