RODA DE CAPOEIRA É CAMPO DE MANDINGA...”: Experiências Dos Capoeiristas Do Recife Para Afirmação Do Jogo Da Capoeira Na Cidade, Nos Anos De 1980
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA LINHA CULTURA E MEMÓRIA “RODA DE CAPOEIRA É CAMPO DE MANDINGA...”: experiências dos capoeiristas do Recife para afirmação do jogo da Capoeira na cidade, nos anos de 1980. RECIFE, 22 DE FEVEREIRO DE 2016. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA LINHA CULTURA E MEMÓRIA “RODA DE CAPOEIRA É CAMPO DE MANDINGA...”: experiências dos capoeiristas do Recife para afirmação do jogo da Capoeira na cidade, nos anos de 1980. Texto apresentado por Izabel Cristina de Araújo Cordeiro à Banca Examinadora para defesa de tese em História, com orientação do professor Antonio Paulo Rezende. RECIFE, 22 DE FEVEREIRO DE 2016. Catalogação na fonte Bibliotecário Rodrigo Fernando Galvão de Siqueira, CRB-4 1689 C794r Cordeiro, Izabel Cristina de Araújo. “Roda de capoeira é campo de mandinga...” : experiência dos capoeiristas do Recife para afirmação do jogo da capoeira na cidade nos anos de 1980 / Izabel Cristina de Araújo. – 2016. 184 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Antonio Paulo Rezende. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-Graduação em História, Recife, 2016. Inclui referências. 1. História de Pernambuco. 2. Educação – Aspectos sociais. 3. Capoeira (Pernambuco). 4. Cultura afro-brasileira. I. Rezende, Antonio Paulo (Orientador). II. Título. 981.34 CDD (22.ed.) UFPE (BCFCH2016-41) Izabel Cristina de Araújo Cordeiro “RODA DE CAPOEIRA É CAMPO DE MANDINGA...”: experiências dos capoeiristas do Recife para afirmação do jogo da Capoeira na cidade, nos anos de 1980 Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em História. Aprovada em: 22/02/2016 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Antonio Paulo de Morais Rezende Orientador (Universidade Federal de Pernambuco) Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins Guillen Membro Titular Interno (Universidade Federal de Pernambuco) Prof. Dr. José Bento Rosa da Silva Membro Titular Interno (Universidade Federal de Pernambuco) Prof.ª Dr.ª Joana D Arc de Sousa Lima Membro Titular Externo (Universidade Federal de Pernambuco) Prof. Dr. Muniz Sodre de Araujo Cabral Membro Titular Externo (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Dedico este estudo a minha Vovó Nila, por me despertar para o encanto das histórias e aos capoeiristas, Mestre João Pequeno e Doutor Decânio, que em nossos maravilhosos encontros me fizeram compreender em suas atitudes e palavras, a força que uma escola de Capoeira tem na vida das pessoas. Laroiê!!! “QUANDO EU VENHO DE LUANDA, EU, NÃO VENHO SÓ...” Enfim cheguei ao momento mais importante de um trabalho gestado há tanto tempo e tecido por muitas mãos. Aquele momento dedicado a retribuição, aos agradecimentos. Como diz a cantiga acima, eu não venho e nunca estive só nesse tempo, apesar dos momentos de aparente solidão, senti-me acompanhada da força de meus ancestrais. Seria impossível falar aqui de todas as pessoas que me fortaleceram nessa caminhada, por isso desde já peço desculpas se não mencionar alguém. Segue minha eterna gratidão: Ao Mestre Bimba e Mestre Pastinha, dois exemplos de resistência e força na continuidade da missão de transmitir a Capoeira às novas gerações. A minha mãe, pelo amor incondicional, pelo acalanto de todas as horas. Ao meu pai (in memorian) pelo amor e exemplo de dignidade. As minhas filhas Gabriela (Gabizinha) e Izabela (Belinha), que tanto amo e me educam na difícil e misteriosa missão de ser mãe. Ao meu companheiro querido e mestre na Capoeira, Mago, por esta amorosa e incrível parceria na vida. Ao meu irmão, minhas irmãs, minha sogra, cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas pela diversão nos encontros de família e a afirmação da força que tem esse coletivo. Ao meu orientador, Antonio Paulo Rezende, pela confiança e pelo sutil, elegante e respeitoso acompanhamento da tese. Aos mestres, mestras e capoeiristas daqui de Recife, de outras partes do Brasil e do mundo, que compartilharam suas histórias, dentre eles e elas, Mestre Pirajá, Mestre João Mulatinho, Mestra Isa, Mestre Acordeon, Mestre Nenel, Dona Nalvinha, Boinha, Mestre Itapoan, Mestre Camisa, Mestre Nestor Capoeira, Mestra Suellen, Mestre Jogo de Dentro, Mestre Plínio, Professora Martinha, Contramestra Dani, Contramestre Aranha, Formado Mão, entre tantos outros e outras. Ao Mestre Itapuã Beiramar e a Professora Jujuba pela disponibilidade em me abrigar e me acompanhar nas pesquisas feitas no Rio de Janeiro. Aos camaradas do Centro de Capoeira São Salomão daqui de Recife e da Itália, pela consolidação do nosso terreiro e pela inspiração cotidiana dos escritos, especialmente Contramestra Dani, professor Cabrito, Pisca, Simona Guerreira e minha turma de formatura: Contramestre Aranha, Contramestre Matuto, Contramestre Soneca, Arruda e Mão. Aos meus alunos e alunas, minhas crianças da Escola Arco Íris, que me renovam na transmissão das tradições da Capoeira. As capoeiristas e simpatizantes do Projeto É Cor de Rosa Choque que me ajudam e me fortalecem para ser do meu jeito na Capoeira, principalmente Contramestra Dani, Aninha, Carol Índia Branca e Monica Santana. Aos alunos e alunas da Filhos de Bimba Escola de Capoeira, pela sempre afetuosa recepção em Salvador, especialmente ao Mestre Nenel, Dona Nalvinha e Abelha. Aos professores e professoras que tanto me ensinaram neste Programa de Doutorado em História: Antonio Paulo de Moraes Rezende, Isabel Cristina Martins Guillen, José Bento da Rosa e Silva, Edson Silva, Regina Beatriz Guimarães Neto, Antonio Jorge Siqueira, Flavio Weinstein Teixeira e Daniel Vieira. Aos amigos e amigas que fiz e me entusiasmaram no curso do doutorado da UFPE, Thiago Nunes, Raquel Borges, Israel Ozanan, Joana D’arc Lima, Maria do Rosário da Silva, Erinaldo Cavalcanti, Ana Maria de Souza, Geovanni Cabral, Mario Santos, Raimundo Inácio Araújo, Pablo Porfírio, Márcio Vilela, Rosilene Farias, entre tantos outros. As secretárias Sandra e Patrícia pela simpatia e carinho, sempre a disposição para ajudar na melhor condução de nossas vidas acadêmicas. Aos membros da banca examinadora que aceitaram com carinho o convite para participar desse ritual acadêmico, Isabel Cristina Martins Guillen, Joana D’arc Lima, José Bento Rosa e Silva e especialmente Muniz Sodré de Araújo Cabral que se deslocou do Rio de Janeiro para atender a esse chamado. Aos amigos e amigas de sempre pelas alegrias compartilhadas que me dão saúde para continuar na luta, com amor e axé. Aos colegas da ESEF/UPE pela colaboração no ambiente de trabalho e aos alunos e alunas desta instituição que me motivam para sempre ensinar e aprender. A todas as pessoas que de alguma forma participaram e ou participam de minha vida e me ajudam na convivência a ser uma pessoa melhor. RESUMO A Capoeira, prática polissêmica e multifacetada, reconhecida pelo IPHAN, desde 2008, como Patrimônio Imaterial do Brasil é uma das expressões populares de inserção internacional, que mais resguarda os saberes e fazeres das culturas que formaram o povo brasileiro. Rompendo barreiras sociais, culturais e políticas foi também reconhecida pela UNESCO, em 2014, como Patrimônio da Humanidade. Todo o processo de inventário, registro e reconhecimento que a Capoeira vem recebendo nos últimos anos não rompem com os preconceitos e formas de descriminação que ainda sofrem os capoeiristas no Brasil. Daí a importância de pesquisar, conhecer e dar visibilidade as experiências dos capoeiristas, contadas a partir de suas memórias e histórias de vida. É nesse sentido que este trabalho de tese se coloca, buscando sistematizar, a partir do diálogo de fontes orais e escritas, referências históricas da presença dos capoeiristas na cidade do Recife. O recorte temporal escolhido é a década de 1980, momento em que no emaranhado dos processos de redemocratização e afirmação dos grupos culturais no Brasil, os capoeiristas do Recife lançaram mão de várias táticas e astúcias para legitimar o jogo da Capoeira na cidade. O presente texto, tecido com as referências teóricas e metodológicas da história e outras ciências humanas e sociais, narra algumas experiências dos capoeiristas do Recife que levaram a Capoeira a ser reconhecida e utilizada em espaços formais da cidade, como uma luta, esporte, dança e objeto e veículo de educação. Experiências estas que acabaram por construir espaços para outras formas de sociabilidade, contribuindo para referendar modos de se fazer gente, presentes na cultura negra em Recife. Palavras chaves: Capoeira, patrimônio imaterial, educação e cultura negra. ABSTRACT Capoeira, a polysemic and multifaceted practice, acknowledged by IPHAN as Intangible Heritage of Brazil in 2008, is one of the world-renowned popular expressions that most protect the knowledge and practices of the cultures that contributed to the birth of the Brazil. Breaking the social, cultural and political barriers, wh it has also been recognized as World Heritage by UNESCO in 2014. The process of inventory, recording and recognition reserved to Capoeira in recent years did not put and end to the prejudices and forms of discrimination that still affect the capoeiristas in Brazil. Hence the importance of searching, knowing and making known the experiences of capoeiristas, starting from their memories and life stories. That is why this thesis arises, seeking to systematize historical references of the presence of capoeira in Recife, by interweaving oral histories and written witnesses. The period analysed is the 1980s, when in the tangled process of democratization and affirmation of cultural groups in Brazil, the capoeiristas in Recife resorted to various tactics and gimmicks to legitimize the game of Capoeira in the city. This dissertation, indited using the theoretical and methodological basis of history and other humanities and social sciences, reports some experiences of capoeiristas in Recife that allowed the Capoeira to be acknowledged and introduced in formal places of the city, as a fight, as a sport, as a dance and as an educational object and tool. Experiences that eventually created opportunities for other forms of sociability present in the black culture in Recife, thus providing more opportunities for people to become good citizens.